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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA

CURSO DE DIREITO – DISCIPLINA DIREITO ELEITORAL


PROFESSOR EMMANUEL ROBERTO GIRÃO PINTO

UNIDADE VII – PARTIDOS POLÍTICOS

1. NOÇÕES PRELIMINARES – há partido político toda vez que uma organização de pessoas,
inspiradas por ideias ou movidas por interesses, busca tomar o poder, normalmente pelo emprego de
meios legais, e nele conservar-se para a realização dos fins pugnados (Paulo Bonavides).
O Estatuto do partido político é o conjunto de normas que fixam os objetivos, a estrutura interna, a
organização e o funcionamento do partido político.
Legenda partidária – é a denominação abreviada do partido político, exigida pela Lei nº 9.096/95 (art.
15, I). É formada pela primeira letra (ou mais de uma) de cada uma das partes sucessivas de seu nome.
Formam-se tais designações pelo processo que, na língua portuguesa, se conhece como acrônimo, isto é,
pela “palavra formada pela primeira letra (ou mais de uma) de cada uma das partes sucessivas de uma
locução ou pela maioria das partes. Exemplo: Democratas = DEM; PROS = Partido Republicano da
Ordem Social; Democracia Cristã = DC.
Pluripartidarismo – Regime político que admite a formação legal de vários partidos. A CF considera o
pluripartidarismo político um dos fundamentos da República Federativa do Brasil (art. 1º, V).
Partidos nanicos são os pequeníssimos partidos, que em determinada eleição, hajam conseguido eleger
pequeno número de representantes, em especial, à Câmara dos Deputados.
2. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS (art. 17, CF)
a) é livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados: 1) a soberania
nacional; 2) o regime democrático; 3) o pluripartidarismo; e 4) os direitos fundamentais da pessoa
humana.
b) Preceitos a serem observados: 1) ter caráter nacional; 2) proibição de recebimento de recursos
financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; 3) prestação de contas à
Justiça Eleitoral; 4) funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
- A ação do partido tem caráter nacional e é exercida de acordo com seu estatuto e programa, sem
subordinação a entidades ou governos estrangeiros (art. 5º, Lei 9.096/95).
funcionamento parlamentar – é o direito dos membros de um partido se organizar em bancada, sob a
direção de Líder, de sua livre escolha, atuando à frente dos cargos que lhe couberem, em respeito ao
princípio da proporcionalidade partidária, erigido na Constituição Federal). Exprime a possibilidade de
o partido atuar no Legislativo, usufruindo de todas as prerrogativas regimentais concedidas às legendas.
3. AUTONOMIA PARTIDÁRIA – consiste no poder de elaborar e alterar os seus próprios estatutos,
sempre com a participação direta dos membros que o integram, observando, evidentemente, as regras
legais quanto ao processo e sua ulterior formalização. A autonomia projeta-se, portanto, em duas
dimensões: na capacidade de auto-organização por seus filiados e no autogoverno que se afirma no
periódico revezamento de seus dirigentes e candidatos, em prazos certos, através dos sufrágios de seus
próprios filiados.
- o art. 17, § 1º da CF assegura aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna,
organização e funcionamento, devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade e disciplina
partidárias. Em face desse princípio constitucional, é vedada qualquer possibilidade de controle
ideológico do Estado sobre os partidos políticos. A lei tem muito pouco a fazer em matéria de estrutura
interna, organização e funcionamento dos partidos. Estes podem estabelecer livremente: os órgãos
internos que lhes aprouverem; as regras sobre seu funcionamento; o sistema para designação de seus
candidatos: convenção mediante delegados eleitos apenas para o ato, ou com mandatos, escolha de
candidatos mediante votação da militância; seus órgãos dirigentes e o tempo de duração dos seus
mandatos.
Fidelidade partidária é uma característica medida pela obediência do filiado ao programa, diretrizes e
deveres definidos pelo partido político, ou ainda pela migração do filiado de um partido político para
outro. O TSE entende que, por vigir no Brasil o sistema representativo, o mandato eletivo pertence ao
partido político (Consultas nº 1.398/07 e 1.407/07). Assim, o titular de mandato que mudar de partido
poderá perder o cargo em procedimento próprio estabelecido na Resolução n.º 22.610/07 do TSE.
4. NATUREZA E FINALIDADE DO PARTIDO POLÍTICO – são pessoas jurídicas de direito
privado (art. 44, Código Civil). Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma
da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral (art. 17, § 2º, CF).
- O partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a assegurar, no interesse do regime
democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos fundamentais definidos
na Constituição Federal (art. 1º, Lei 9.096/95).
5. O REGISTRO DOS PARTIDOS POLÍTICOS – após adquirirem personalidade jurídica, na forma
da lei, os partidos políticos registrarão seus estatutos no TSE.
- Só é admitido o registro do estatuto de partido político que tenha caráter nacional, considerando-se
como tal aquele que comprove, no período de dois anos, o apoiamento de eleitores não filiados a
partido político, correspondente a, pelo menos, 0,5% (cinco décimos por cento) dos votos dados na
última eleição geral para a Câmara dos Deputados, não computados os votos em branco e os nulos,
distribuídos por um terço, ou mais, dos Estados, com um mínimo de 0,1% (um décimo por cento) do
eleitorado que haja votado em cada um deles. (art. 7º, § 1º, Lei 9.096/95).
- Só o partido que tenha registrado seu estatuto no TSE pode participar do processo eleitoral, receber
recursos do Fundo Partidário e ter acesso gratuito ao rádio e à televisão, nos termos fixados na Lei
9.096/95.
- Somente o registro do estatuto do partido no TSE assegura a exclusividade da sua denominação, sigla
e símbolos, vedada a utilização, por outros partidos, de variações que venham a induzir a erro ou
confusão.
6. O PROCEDIMENTO DE CRIAÇÃO DE UM PARTIDO:
6.1. Registro no Cartório do Registro Civil (art. 8º, Lei 9.096/95) - O requerimento do registro de
partido político, dirigido ao cartório competente do Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua
sede, deve ser subscrito pelos seus fundadores, em número nunca inferior a 101 (cento e um), com
domicílio eleitoral em, no mínimo, 1/3 (um terço) dos Estados, e será acompanhado de: a) cópia
autêntica da ata da reunião de fundação do partido; b) exemplares do Diário Oficial que publicou, no seu
inteiro teor, o programa e o estatuto; c) relação de todos os fundadores com o nome completo,
naturalidade, número do título eleitoral com a Zona, Seção, Município e Estado, profissão e endereço da
residência.
- O requerimento indicará o nome e a função dos dirigentes provisórios e o endereço da sede do partido
no território nacional.
- Satisfeitas as exigências mencionadas, o Oficial do Registro Civil efetua o registro no livro
correspondente, expedindo certidão de inteiro teor.
- Adquirida a personalidade jurídica, o partido promove a obtenção do apoiamento mínimo de eleitores e
realiza os atos necessários para a constituição definitiva de seus órgãos e designação dos dirigentes, na
forma do seu estatuto.
6.2. Registro do Estatuto no TSE (art. 9º, Lei 9.096/95) - Feita a constituição e designação referidas no
item anterior os dirigentes nacionais promoverão o registro do estatuto do partido junto ao TSE, através
de requerimento acompanhado de: a) exemplar autenticado do inteiro teor do programa e do estatuto
partidários, inscritos no Registro Civil; b) certidão do registro civil da pessoa jurídica; c) certidões dos
cartórios eleitorais que comprovem ter o partido obtido o apoiamento mínimo de eleitores.
- A prova do apoiamento mínimo de eleitores é feita por meio de suas assinaturas, com menção ao
número do respectivo título eleitoral, em listas organizadas para cada Zona, sendo a veracidade das
respectivas assinaturas e o número dos títulos atestados pelo Escrivão Eleitoral.
- O Escrivão Eleitoral dá imediato recibo de cada lista que lhe for apresentada e, no prazo de quinze
dias, lavra o seu atestado, devolvendo-a ao interessado.
- Protocolado o pedido de registro no TSE, o processo respectivo, no prazo de 48 horas, é distribuído a
um Relator, que, ouvida a Procuradoria-Geral, em 10 dias, determina, em igual prazo, diligências para
sanar eventuais falhas do processo.
- Se não houver diligências a determinar, ou após o seu atendimento, o TSE registra o estatuto do
partido, no prazo de 30 dias.
7. DELEGADO DE PARTIDO – é a pessoa credenciada pelo partido na Justiça Eleitoral para
representá-lo nos assuntos de seu interesse. Os delegados credenciados pelo órgão nacional
representam-no perante quaisquer tribunais ou juízes eleitorais; os credenciados pelos órgãos estaduais
somente podem representá-lo perante o respectivo TRE de seu estado e seus juízes eleitorais; já os
credenciados pelo órgão municipal, apenas perante o juiz eleitoral da respectiva jurisdição. Há, ainda,
delegados credenciados pelos partidos, durante o alistamento eleitoral, para acompanhar os processos de
inscrição, para promover a exclusão de qualquer eleitor inscrito ilegalmente ou assumir a defesa de
eleitor cuja exclusão esteja sendo feita e para examinar, sem perturbação do serviço e em presença dos
servidores designados, os documentos relativos ao alistamento eleitoral, podendo deles tirar cópias ou
fotocópias (CE, art. 66).
8. PRERROGATIVAS DOS PARTIDOS POLÍTICOS – os partidos políticos têm direito a recursos
do fundo partidário (art. 38, Lei 9.096/95) e acesso gratuito ao rádio e televisão.
8.1. O Fundo Partidário - é o Fundo especial de assistência aos partidos políticos, constituído pelas
multas e penalidades eleitorais, recursos financeiros legais, doações espontâneas privadas e dotações
orçamentárias públicas.
- Rateio dos recursos - Do total do Fundo Partidário: 5% (cinco por cento) serão destacados para
entrega, em partes iguais, a todos os partidos que atendam aos requisitos constitucionais de acesso aos
recursos do Fundo Partidário; e 95% (noventa e cinco por cento) serão distribuídos aos partidos na
proporção dos votos obtidos na última eleição geral para a Câmara dos Deputados. Para efeito do rateio,
serão desconsideradas as mudanças de filiação partidária em quaisquer hipóteses (art. 41-A, Lei
9.096/95).
- o partido político pode receber doações de pessoas físicas e jurídicas para constituição de seus fundos,
na forma da lei. As doações devem ser, obrigatoriamente, efetuadas por cheque cruzado em nome do
partido político, por depósito bancário identificado diretamente na sua conta ou mecanismo disponível
em sítio do partido na internet que permita inclusive o uso de cartão de crédito ou de débito e que atenda
aos seguintes requisitos: a) identificação do doador; e b) emissão obrigatória de recibo eleitoral para
cada doação realizada.
- o partido político registrado no TSE tem direito à utilização gratuita de escolas públicas ou Casas
Legislativas para a realização de suas reuniões ou convenções, responsabilizando-se pelos danos
porventura causados no evento.
8.2 A propaganda partidária gratuita – os partidos políticos tinham direito ao acesso gratuito ao rádio e
à televisão por meio da propaganda partidária gratuita prevista no artigo 45 da Lei nº 9.096/95, no
entanto, este dispositivo foi revogado pela Lei nº 13.487/2017, mas retornou por intermédio da Lei nº
14.291, de 03/01/2022, que novamente alterou a Lei dos Partidos Políticos, nos seguintes termos:
- Art. 50-A. A propaganda partidária gratuita mediante transmissão no rádio e na televisão será
realizada entre as 19h30 (dezenove horas e trinta minutos) e as 22h30 (vinte e duas horas e trinta
minutos), em âmbito nacional e estadual, por iniciativa e sob a responsabilidade dos respectivos órgãos
de direção partidária.
§ 1º As transmissões serão em bloco, em cadeia nacional ou estadual, por meio de inserções de 30
(trinta) segundos, no intervalo da programação normal das emissoras.
§ 2º O órgão partidário respectivo apresentará à Justiça Eleitoral requerimento da fixação das datas de
formação das cadeias nacional e estaduais.
§ 10. É vedada a veiculação de inserções sequenciais, observado obrigatoriamente o intervalo mínimo
de 10 (dez) minutos entre cada veiculação.
§ 11. As inserções serão veiculadas da seguinte forma:
I - as nacionais: nas terças-feiras, quintas-feiras e sábados;
II - as estaduais: nas segundas-feiras, quartas-feiras e sextas-feiras.
Art. 50-B. O partido político com estatuto registrado no TSE poderá divulgar propaganda partidária
gratuita mediante transmissão no rádio e na televisão, por meio exclusivo de inserções, para:
I - difundir os programas partidários;
II - transmitir mensagens aos filiados sobre a execução do programa partidário, os eventos com este
relacionados e as atividades congressuais do partido;
III - divulgar a posição do partido em relação a temas políticos e ações da sociedade civil;
IV - incentivar a filiação partidária e esclarecer o papel dos partidos na democracia brasileira;
V - promover e difundir a participação política das mulheres, dos jovens e dos negros.
§ 1º Os partidos políticos que tenham cumprido as condições estabelecidas no § 3º do art. 17 da
Constituição Federal terão assegurado o direito de acesso gratuito ao rádio e à televisão, na proporção de
sua bancada eleita em cada eleição geral, nos seguintes termos:
I - o partido que tenha eleito acima de 20 (vinte) Deputados Federais terá assegurado o direito à
utilização do tempo total de 20 (vinte) minutos por semestre para inserções de 30 (trinta) segundos nas
redes nacionais, e de igual tempo nas emissoras estaduais;
II - o partido que tenha eleito entre 10 (dez) e 20 (vinte) Deputados Federais terá assegurado o direito
à utilização do tempo total de 10 (dez) minutos por semestre para inserções de 30 (trinta) segundos nas
redes nacionais, e de igual tempo nas emissoras estaduais;
III - o partido que tenha eleito até 9 (nove) Deputados Federais terá assegurado o direito à utilização
do tempo total de 5 (cinco) minutos por semestre para inserções de 30 (trinta) segundos nas redes
nacionais, e de igual tempo nas redes estaduais.
§ 2º Do tempo total disponível para o partido político, no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser
destinados à promoção e à difusão da participação política das mulheres.
§ 3º Nos anos de eleições, as inserções somente serão veiculadas no primeiro semestre.
§ 4º Ficam vedadas nas inserções:
I - a participação de pessoas não filiadas ao partido responsável pelo programa;
II - a divulgação de propaganda de candidatos a cargos eletivos e a defesa de interesses pessoais ou de
outros partidos, bem como toda forma de propaganda eleitoral;
III - a utilização de imagens ou de cenas incorretas ou incompletas, de efeitos ou de quaisquer outros
recursos que distorçam ou falseiem os fatos ou a sua comunicação;
IV - a utilização de matérias que possam ser comprovadas como falsas (fake news);
V - a prática de atos que resultem em qualquer tipo de preconceito racial, de gênero ou de local de
origem;
VI - a prática de atos que incitem a violência.
§ 5º Tratando-se de propaganda partidária no rádio e na televisão, o partido político que descumprir o
disposto neste artigo será punido com a cassação do tempo equivalente a 2 (duas) a 5 (cinco) vezes o
tempo da inserção ilícita, no semestre seguinte.
9. DA CLÁUSULA DE BARREIRA - também conhecida como patamar eleitoral, barreira
constitucional, cláusula de exclusão ou cláusula de desempenho é um dispositivo legal que restringe ou
impede a atuação parlamentar de um partido que não alcança um determinado percentual de votos.
- A Emenda Constitucional nº 97/2017, alterou o Art. 17, § 3º, da Constituição Federal estabelecendo
que somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na
forma da lei, os partidos políticos que alternativamente:
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos
válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2%
(dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das
unidades da Federação.
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o
mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não
sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso
gratuito ao tempo de rádio e de televisão.
9.1 Da Implantação Gradual à clausula de barreira – a cláusula de barreira será aplicada gradualmente
nos termos do Art. 3º, da CF: O disposto no § 3º do art. 17 da Constituição Federal quanto ao acesso dos
partidos políticos aos recursos do fundo partidário e à propaganda gratuita no rádio e na televisão
aplicar-se-á a partir das eleições de 2030.
Parágrafo único. Terão acesso aos recursos do fundo partidário e à propaganda gratuita no rádio e na
televisão os partidos políticos que:
I - na legislatura seguinte às eleições de 2018:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 1,5% (um e meio por cento) dos
votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 1%
(um por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos nove Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das
unidades da Federação;
II - na legislatura seguinte às eleições de 2022:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 2% (dois por cento) dos votos
válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 1% (um
por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos onze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das
unidades da Federação;
III - na legislatura seguinte às eleições de 2026:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 2,5% (dois e meio por cento) dos
votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de
1,5% (um e meio por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos treze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das
unidades da Federação.
10. VEDAÇÕES AOS PARTIDOS POLÍTICOS – É vedado ao partido político ministrar instrução
militar ou paramilitar, utilizar-se de organização da mesma natureza e adotar uniforme para seus
membros (art. 6º, Lei 9.096/95);
- É vedado, a partido e candidato, receber direta ou indiretamente doação em dinheiro ou estimável em
dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qualquer espécie, procedente de (art. 24, Lei 9.504/97):
I - entidade ou governo estrangeiro;
II - órgão da administração pública direta e indireta ou fundação mantida com recursos provenientes do
Poder Público;
III - concessionário ou permissionário de serviço público;
IV - entidade de direito privado que receba, na condição de beneficiária, contribuição compulsória em
virtude de disposição legal;
V - entidade de utilidade pública;
VI - entidade de classe ou sindical;
VII - pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior.
VIII - entidades beneficentes e religiosas;
IX - entidades esportivas;
X - organizações não-governamentais que recebam recursos públicos;
XI - organizações da sociedade civil de interesse público.
- em 17/09/2015, o STF julgou procedente a ADI 4650 para declarar a inconstitucionalidade parcial sem
redução de texto do artigo 24 da Lei n.º 9.504/97, na parte que autoriza, a contrario sensu, a doação por
pessoas jurídicas a campanhas eleitorais com eficácia ex tunc, salvaguardadas as situações concretas já
consolidadas até o momento do julgamento.
11. O ACESSO AOS PARTIDOS POLÍTICOS – os partidos políticos são acessíveis a todos os
cidadãos, sem discriminação de raça, sexo, classe social, categoria profissional, credo religioso e
procedência geográfica, desde que não estejam incursos em impedimentos de natureza constitucional.
- Os filiados de um partido político têm iguais direitos e deveres (art. 4º, Lei 9.096).
- o magistrado ou membro dos Tribunais de Contas só pode exercer atividade político-partidária, se
desvincular-se, definitivamente, do cargo. A filiação será extinta se for anterior à investidura no cargo.
11.1. Da filiação partidária (arts. 16 a 22, Lei 9.096) - Só pode filiar-se a partido o eleitor que estiver
no pleno gozo de seus direitos políticos.
- Considera-se deferida, para todos os efeitos, a filiação partidária, com o atendimento das regras
estatutárias do partido. Deferida a filiação do eleitor, será entregue comprovante ao interessado, no
modelo adotado pelo partido.
- Para concorrer a cargo eletivo, o eleitor deverá estar filiado ao respectivo partido pelo menos seis
meses antes da data fixada para as eleições, majoritárias ou proporcionais (art. 18, Lei 9.096/95 c/c art.
9º, Lei 9.504/97 com a redação dada pela Lei 13.165/2015). O partido pode estabelecer prazo maior,
mas não pode alterá-lo no ano da eleição.
11.2 Da Relação de Filiados - Deferido internamente o pedido de filiação, o partido político, por seus
órgãos de direção municipais, regionais ou nacional, deverá inserir os dados do filiado no sistema
eletrônico da Justiça Eleitoral, que automaticamente enviará aos juízes eleitorais, para arquivamento,
publicação e cumprimento dos prazos de filiação partidária para efeito de candidatura a cargos eletivos,
a relação dos nomes de todos os seus filiados, da qual constará a data de filiação, o número dos títulos
eleitorais e das seções em que estão inscritos.
- Nos casos de mudança de partido de filiado eleito, a Justiça Eleitoral deverá intimar pessoalmente a
agremiação partidária e dar-lhe ciência da saída do seu filiado, a partir do que passarão a ser contados os
prazos para ajuizamento das ações cabíveis.
- Os prejudicados por desídia ou má-fé poderão requerer, diretamente à Justiça Eleitoral, a observância
do que prescreve a lei no tocante às alterações relacionadas à filiação partidária para arquivamento,
publicação e cumprimento dos prazos de filiação partidária.
- Acesso às informações - Os órgãos de direção nacional dos partidos políticos terão pleno acesso às
informações de seus filiados constantes do cadastro eleitoral.
11.3. Da desfiliação partidária - Para desligar-se do partido, o filiado deve fazer comunicação escrita ao
órgão de direção municipal e ao Juiz Eleitoral da Zona em que for inscrito. Decorridos dois dias da data
da entrega da comunicação, o vínculo torna-se extinto, para todos os efeitos (art. 21, § único, Lei
9.096/95).
11.4. Do cancelamento imediato da filiação – ocorrerá nos casos de: a) morte; b) perda dos direitos
políticos; c) expulsão; d) outras formas previstas no estatuto, com comunicação obrigatória ao atingido
no prazo de 48 horas da decisão; e e) filiação a outro partido, desde que a pessoa comunique o fato ao
juiz da respectiva Zona Eleitoral.
- Da coexistência de filiações partidárias – até 2013, quem se filiasse a outro partido deveria fazer
comunicação ao partido e ao juiz de sua respectiva Zona Eleitoral, para cancelar sua filiação; se não o
fizesse no dia imediato ao da nova filiação, ficava configurada dupla filiação, sendo ambas
consideradas nulas para todos os efeitos. Com o advento da Lei n.º 12.891/2013, que alterou o artigo
22 da Lei 9.096/95, havendo coexistência de filiações partidárias, prevalecerá a mais recente, devendo
a Justiça Eleitoral determinar o cancelamento das demais.
12. PERDA DE MANDATO POR INFIDELIDADE PARTIDÁRIA – a Lei 13.165/2015 alterou a
Lei 9.096/95, criando o artigo 22-A que estabelece que perderá o mandato o detentor de cargo eletivo
que se desfiliar, sem justa causa, do partido pelo qual foi eleito. No parágrafo único esclarece que,
consideram-se justa causa para a desfiliação partidária somente as seguintes hipóteses:
I) mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;
II) grave discriminação política pessoal;
III) mudança de partido efetuada durante o período de 30 (trinta) dias que antecede o prazo de filiação
exigido em lei para concorrer à eleição, majoritária ou proporcional, ao término do mandado vigente.
Essa hipótese trata da chamada janela partidária, período em que se permite a desfiliação partidária
sem o risco de perder o mandato.
- Essa matéria era disciplinada pela Resolução n.º 22.610/2007 do TSE, sendo que, com a nova lei, foi
excluída a hipótese de criação de partido novo como justa causa para a desfiliação partidária
- O STF decidiu, por unanimidade, que a perda do cargo por mudança de partido político não atinge
os mandatos obtidos pelo sistema majoritário, julgando procedente Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI nº 5081), formulada pelo Procurador Geral da República contra dispositivos
da Resolução TSE nº22.610/2007. Assim, os detentores de cargos majoritários (Presidente da República,
Vice-Presidente da República, Governador e Vice-Governador, Prefeito, Vice-prefeito e Senador)
podem se desfiliar do partido pelo qual se elegeu sem o risco de perder o mandato.
- A Emenda Constitucional nº 111/2021 incluiu o § 6º ao artigo 17, da Constituição Federal,
estabelecendo que: Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os Deputados Distritais e os
Vereadores que se desligarem do partido pelo qual tenham sido eleitos perderão o mandato, salvo nos
casos de anuência do partido ou de outras hipóteses de justa causa estabelecidas em lei, não
computada, em qualquer caso, a migração de partido para fins de distribuição de recursos do fundo
partidário ou de outros fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio e à televisão. Deste modo, se o
Partido Político do qual o detentor do mandato eletivo se desfiliou sem justa causa anuir à sua saída não
haverá cassação.
13. A EXTINÇÃO DOS PARTIDOS – esta decorrerá de: a) do processo de fusão que implique no
surgimento de outro partido; b) por deixar de subsistir em fase de incorporação por outro partido que
prossegue com a sua precedente condição e com o esforço recebido; c) a extinção ex officio decidida
pelo próprio partido, em expressa manifestação formalizada nestes termos e dirigida ao TSE, pleiteando
o cancelamento.
O TSE, após trânsito em julgado de decisão, determinará o cancelamento do registro civil e do estatuto
do partido contra o qual fique provado: a) ter recebido ou estar recebendo recursos financeiros de
procedência estrangeira; b) estar subordinado a entidade ou governo estrangeiros; c) não ter prestado,
nos termos desta Lei, as devidas contas à Justiça Eleitoral; e d) que mantém organização paramilitar.
Observações: o processo de cancelamento é iniciado pelo TSE, à vista de denúncia de qualquer eleitor,
de representante de partido ou representação do Procurador-Geral Eleitoral.
- o partido, em nível nacional, não sofrerá a suspensão das cotas do Fundo Partidário, nem qualquer
outra punição como consequência de atos praticados por órgãos regionais ou municipais.

PARTIDOS REGISTRADOS NO TSE


SIGLA NOME Nº
1 MDB MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO 15
2 PTB PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO 14
3 PDT PARTIDO DEMOCRÁTICO TRABALHISTA 12
4 PT PARTIDO DOS TRABALHADORES 13
5 DEM DEMOCRATAS 25
6 PC do B PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL 65
7 PSB PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO 40
8 PSDB PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA 45
9 PTC PARTIDO TRABALHISTA CRISTÃO 36
10 PSC PARTIDO SOCIAL CRISTÃO 20
11 PMN PARTIDO DA MOBILIZAÇÃO NACIONAL 33
12 CIDADANIA CIDADANIA (ANTIGO PPS) 23
13 PV PARTIDO VERDE 43
14 AVANTE AVANTE (ANTIGO PT do B) 70
15 PP PROGRESSISTAS 11
16 PSTU P. SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO 16
17 PCB PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO 21
18 PRTB PARTIDO RENOVADOR TRABALHISTA BRASILEIRO 28
19 DC DEMOCRACIA CRISTÃ (ANTIGO PSDC) 27
20 PCO PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA 29
21 PODE PODEMOS (ANTIGO PTN) 19
22 PSL PARTIDO SOCIAL LIBERAL 17
23 REPUBLICANOS REPUBLICANOS (ANTIGO PRB) 10
24 PSOL PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE 50
25 PL PARTIDO LIBERAL 22
26 PSD PARTIDO SOCIAL DEMOCRÁTICO 55
27 PATRIOTA PATRIOTA (ANTIGO PEN) 51
28 PROS PARTIDO REPUBLICANO DA ORDEM SOCIAL 90
29 SOLIDARIEDADE SOLIDARIEDADE 77
30 NOVO PARTIDO NOVO 30
31 REDE REDE SUSTENTABILIDADE 18
32 PMB PARTIDO DA MULHER BRASILEIRA 35
33 UP UNIDADE POPULAR 80

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