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Giovana de M.

Busnello dos Santos


8º D – 1.2020
DIREITO ELEITORAL
Prof. Paulo Casseb

Os partidos políticos conforme vemos hoje, ao redor de todo o


mundo, têm sua origem histórica na Inglaterra dos séculos XVII e XVIII. Os partidos
políticos começam a surgir devido às correntes políticas e, na Europa, assim como a
Inglaterra, começam a surgir em diversos outros países, e posteriormente à sua
independência, também nos Estados Unidos da América.

Já no Brasil, somente em meados do Século XX é que tivemos a


consolidação da figura de partidos políticos, juntamente com o surgimento da chamada
democracia partidária. Com referida democracia, surgiu a esperança de uma ampliação
da participação popular na tomada das decisões políticas, visto que, até então o regime
era o de democracia indireta, onde a participação do povo fora mínima.

Ocorre que, ao contrário do esperado os programas apresentados


pelos partidos acabaram em sua maioria levavam a um conglomerado de ideias e
princípios genéricos, não apresentando nenhum plano concreto, ou mais detalhado do
que poderia de fato ser feito pelo partido.

Temos três regimes partidários possíveis, sendo eles:


Unipartidarismo, Bipartidarismo e Pluripartidarismo. O Unipartidarismo geralmente se
manifesta em regimes ditatoriais, ou não democráticos, como foi o Partido Comunista
da URSS, e o Partido Nacional Socialista do Nazismo.

No bipartidarismo, como dedutível através de sua nomenclatura,


é possível a existência de apenas partidos, e estes acabam por se alternar no poder,
dividindo o cenário político dos eleitores.

Por fim, temos o pluripartidarismo, que é o modelo adotado no


Brasil, já previsto no primeiro artigo da Constituição Federal. É plenamente possível e
permitida a convivência de diversos partidos, de diversas posições e ideias.

Quanto à natureza jurídica de Partidos Políticos já houveram


diversos e intensos debates, restando definido que estes gozam de Personalidade
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Jurídica, sob regime de Direito Privado, não equiparando-se sequer a entes da
administração indireta, mas justamente pelo fato de serem ligados de forma direta ao
exercício pleno da democracia, existem algumas particularidades, como a prevista no
artigo 17, III, da CF, qual seja, o dever de prestação de contas do partido político à
Justiça Eleitoral, inclusive de recursos públicos.

Temos no artigo 17, da CF/88 que é livre a criação, extinção,


fusão, incorporação de partidos políticos, desde que não haja uma afronta à soberania
nacional, ou à democracia. Referido dispositivo estabelece também o dever de respeito
aos direitos fundamentais, o caráter nacional dos partidos, veda a obtenção de recursos
financeiros de governos ou entidades estrangeiras, e ainda estabelece o dever da
prestação de contas à Justiça Eleitoral.

Uma vez que o §1º, do artigo 17, da CF/88, confere autonomia


interna aos partidos, há o entendimento de que não pode uma Lei Ordinária estabelecer
qualquer organização à eles, uma lei pode apenas estabelecer normas sobre a relação
entre os partidos, preservando a autonomia interna dos mesmos.

Devido à sua natureza jurídica, a criação dos partidos políticos,


deve respeitar as exigências do registro civil das pessoas jurídicas. Devido ao caráter
federal à eles atribuídos, o registro é feito na capital federal, conforme estabelecido pelo
artigo 17, I, da CF, momento no qual obterá um CNPJ.

Para a criação de um partido político é necessário possuir a


comprovação, por meio de assinaturas, de pelo menos 101 eleitores, estes devem ter a
possibilidade de exercer plenamente seus direitos políticos, e dentre eles tenham
domicílio em pelo menos 1/3 dos estados do país.

O partido deve estabelecer um programa, que será publicado no


Diário Oficial da União. Devem ser criados órgãos de direção no âmbito estadual,
municipal, e serem realizados registro nos TREs dos estados por solicitação do
presidente regional do partido. Com o registro realizado abre-se a possibilidade do
recebimento de recursos públicos a que tem direito, inclusive fazer jus a propaganda
eleitoral no rádio/TV por ocasião dos períodos eleitorais.
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É previsto em lei a fidelidade partidária. Não é possível que um
cidadão se candidate sem que esteja filiado a algum partido. Desde 2007 há um
reconhecimento oficial por parte do Judiciário da possibilidade de perda do mandato por
infidelidade partidária.

No ano de 2006 fora realizada uma consulta formulada ao TSE


sobre a situação dos eleitos que tivessem abondado o partido, se o respectivo mandato
seria ou não do partido político, em resposta o TSE firmou que devido ao fato de a
filiação partidária ser condição de elegibilidade, o mandato era do partido, e portanto, o
abandono do partido implicaria em infidelidade partidária, o que sujeitaria o indivíduo a
perda do mandato eletivo.

Posteriormente a Justiça Eleitoral editou a Resolução


22.610/2007, dispondo sobre a perda de mandato por abandono do partido. Na
mencionada resolução há a previsão de hipóteses que não configuram a perda do
mandato nestas hipóteses em que o eleito abandona o partido. A Resolução dispõe
ainda, o que seria justa causa para abandono do partido.

O STF se posicionou quanto ao tema, definindo seu


entendimento para que a de mandato por infidelidade partidária apenas acontece nos
casos de mandatos decorrentes de eleições proporcionais, quais sejam as de deputados
federais, deputados estaduais, deputados distritais e vereadores.

No que diz respeito às convenções partidárias, temos uma


reunião realizada dentro do partido político, para a escolha dos seus dirigentes e pré
candidatos às eleições. Estas convenções partidárias devem ocorrer de 20 de julho a 05
de agosto, dentro desse período o partido deve escolher os pré-candidatos, já o prazo
final para o requerimento de uma candidatura é até o dia 15 de agosto do ano das
eleições.

Já as tão faladas coligações partidárias tratam-se de uma


possibilidade de estratégia política, para que os partidos, em busca de seus interesses se
coliguem com outros partidos, com os quais guardem afinidade, unindo forças.

Atualmente só é possível fazer coligações para eleições


majoritárias, como as de senadores, e cargos do poder executivo municipal, estadual ou
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federal. As coligações equivalem a partidos temporários, formados a partir da união de
mais de um partido. Enquanto existir a coligação os partidos não atuam isoladamente,
mas apenas em coligação, devendo, inclusive, haver um nome para ela.

Vemos, portanto, que nosso ordenamento tem enorme


preocupação com as questões relacionadas a partidos políticos, bem como seus
respectivos registros e formas de integração entre eles.

Tal preocupação se deve ao fato de que o momento onde mais


exercemos a democracia é na votação, elegendo candidatos que estejam em partidos
políticos que apresentem propostas que como cidadãos entendemos necessárias e
positivas.

Temos vigentes diversos dispositivos, regulamentando cada


passo de um registro de partido, da formação de uma coligação, de candidaturas, e etc,
afinal, uma constituição que fora formulada com o reestabelecimento da democracia,
guarda em si todo o cuidado para que esta seja cada vez mais prezada e resguardada.

Candidaturas

Adentrando no tema de candidaturas, vemos que os pré-


candidatos devem ser registrados perante a justiça eleitoral. Estes registros devem ser
realizados pelos partidos, sendo solicitados à justiça eleitoral até as 19h, do dia 15 de
agosto do ano da eleição, e visam assegurar a lisura das eleições.

O alistamento eleitoral permite que Poder público tenha um


controle de quem vota, quantos votam, se aquele cidadão já votou, e etc. Outro motivo
para este registro é a verificação de se os candidatos preenchem os requisitos para
lançarem as candidaturas, se são inelegíveis, e ainda se incidem nas hipóteses do art. 15,
da CF, de perda e suspensão dos direitos políticos.

Existem modelos diferentes do adotado no Brasil, onde não é


vedada a candidatura de uma mesma pessoa para diferentes cargos, mas o artigo 88, do
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Código Eleitoral Brasileiro, estabelece o nosso modelo, no qual não é permitido que
uma pessoa se candidate à mais de um cargo eletivo na mesma eleição.

Nas eleições que seguem o sistema majoritário (no caso as para


o senado e poder executivo), os partidos podem apresentar apenas um candidato para
cada vaga do respectivo cargo, e é proibida a apresentação de pré-candidatos por
coligações para essas vagas.

Já nas eleições que seguem o sistema eleitoral proporcional,


aqui os partidos ou coligações (pois neste sistema estas podem lanças candidaturas)
podem lançar uma quantidade de candidatos acima ao número de vagas, mas há um
limite legal. O art. 10, da 9.504/97, estabelece o percentual de até 150%, do número de
vagas à serem preenchidas, como limite máximo de candidaturas por partidos ou
coligação, e menciona que, caso o Estado tenha de 8 a 12 vagas à serem preenchidas, o
partido, ou coligação) pode lançar até 200% do número de cargos.

Ainda quanto aos registros, devemos adentrar na conhecida


teoria da discriminação positiva, que surge nos EUA com o nome de “afirmative
action”, como uma forma de se atingir a tão buscada igualdade. Trata-se de uma política
pública a fim de efetivar o princípio da igualdade, por meio de uma concessão
temporária de benefícios para grupos sociais que por muito tempo foram discriminados,
para que estes, um dia, atinjam uma posição de igualdade em relação aos grupos que
historicamente foram beneficiados.

Esta teoria foi retratada no âmbito eleitoral por meio dos


parágrafos 3º e 5º, art. 10, da 9.504/97, é teoria da ação afirmativa, onde número de
vagas resultante das mencionadas regras, cada partido ou coligação preenchera o
mínimo de 30% para candidatura de cada sexo, e por óbvio, o máximo de 70%.

Por exemplo, no Estado de São Paulo, temos 70 vagas para


deputado federal, portanto, 150% deste número totaliza a possibilidade de 105
candidaturas, destes 105, necessariamente 30% deverá ser preenchido por um sexo, para
evitar a exclusão do sexo feminino.

De rigor mencionar que no parágrafo 5º, do art. 10, da Lei das


Eleições, prevê que caso os partidos, ou coligações não indicarem o número máximo de
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candidatos de um determinado sexo previsto em lei, os órgãos de direção dos partidos
poderão preencher as vagas remanescentes até 30 dias antes do pleito por mulheres, o
que já foi questionado, mas a Justiça Eleitoral analisou a questão e entendeu pela
impossibilidade de preenchimento de candidatos homens.

O TSE também já se posicionou quanto à renúncia de candidatas


femininas, após o registro de candidatas mulheres, quando inviável a substituição, não
viola o limite mínimo de 30% previsto, fato este que causa uma certa estranheza, pois,
diante do cenário atual, sabemos que muitas coisas são feitas, apenas para preencher
requisitos, por vezes deixando de atingir os motivos pelos quais estes são necessários.

Quanto ao procedimento, lembrar que um registro de uma


candidatura gera um procedimento judicial. Caso esta candidatura não seja questionada,
o procedimento corre como um processo de controle do judiciário eleitoral, mas uma
vez questionado, vira uma verdadeira ação litigiosa.

Atualmente, o requerimento é realizado de maneira eletrônica,


perante ao órgão competente e a verificação da sanidade do registro é feita pelo TSE no
caso de candidatura a presidente da república, e vice presidente da república, pelos
TREs nos casos de senadores, governadores, vice governadores, deputados federais,
deputados estaduais e deputados distritais, e por fim, pelos juízes eleitorais os de
prefeitos, vice prefeitos, e vereadores.

Junto do requerimento, devem acompanhar duas declarações,


quais sejam, o Demonstrativo de regularidade de atos partidários, e o RRC
(requerimento de registro de candidatura), bem como a relação atualizada de bens do
candidato (o IR não é necessário), uma fotografia recente, no caso de vices e senadores
também a foto dos suplentes, todas certidões criminais, a prova de alfabetização, a
prova de desincompatibilização, e um documento oficial de identificação, além dos
demais documentos exigidos por lei. Para os cargos de chefia do poder executivo, há
ainda a obrigação da apresentação das propostas de governo.

Referida prova de desincompatibilização é específica para os


casos contemplados pelo art. 14, VI, da CF, segundo o qual, o chefe do poder executivo,
que pretende disputar a eleição subsequente, deve renunciar, pelo menos 6 meses antes
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da eleição, para que haja a mencionada desincompatibilização, a não ser que queira
disputar a reeleição do próprio cargo. Algumas instruções eleitorais têm dispensado a
apresentação da desincompatibilização junto com o pedido, por questão de ordem
prática.

O requisito da prova da alfabetização se dá pelo fato de que


alfabetos podem votar, mas são inelegíveis. Ela pode ser comprovada por um
comprovante de escolaridade, mas caso o candidato não possua, é possível se admitir a
CNH, ou até mesmo uma declaração de próprio punho do candidato elaborada perante
um funcionário da justiça eleitoral, de forma reservada e discreta – importante que isto
seja feito com extrema discrição, para que não haja nenhum tipo de constrangimento -,
pode ser obtida também pela leitura de um texto, ou uma redação. Uma vez que
analfabetos podem votar, mas são inelegíveis.

Quanto à quitação eleitoral, que é uma exigência da lei das


eleições, é possível obtê-la pelo próprio banco de dados da justiça eleitoral, sem ela,
teremos o indeferimento do registro. Nela deve ser demonstrado que o candidato está no
pleno gozo dos direitos políticos (art. 14, parágrafo 3º, II, da CF - votar e poder ser
votado), portanto ele deve comprovar que votou nas eleições anteriores. Nela é preciso
comprovar também, que caso tenha sido convocado pela Justiça Eleitoral, que
compareceu, bem como a inexistência de multas aplicadas de forma definitiva pela
justiça eleitoral - caso haja uma multa e esteja quitada, ou tenha sido estabelecido um
parcelamento, é afastada, bem como se houver o perdão da multa. Ainda é necessário a
apresentação das contas de campanha eleitoral, caso este tenha participado de eleições
anteriores.

Por fim, há uma publicação feita pela Justiça Eleitoral, da lista


de candidatos, o que está previsto no art. 97, do Código Eleitoral, para que os
interessados tenham ciência da referida lista. A Lista de candidatos deve ser feita logo
após o pedido de registros e é determinada pelo juiz eleitoral (nos casos de prefeitos,
vice prefeitos e vereadores), ou pelo presidente do tribunal competente (no caso das
demais candidaturas), e deve ocorrer no DJE, podendo ocorrer também no cartório
eleitoral, nas eleições municipais.
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Esta publicação é de suma importância, visto que, além de dar
publicidade, também é termo inicial de alguns prazos, quais sejam: de 48h para o
candidato escolhido em convenção, formular pedido individual de registro, no caso de
omissão do partido; de 5 dias para qualquer candidato, partido, coligação ou mesmo MP
apresentar o pedido de impugnação de alguma candidatura, mediante petição
fundamentada; de 5 dias para que qualquer eleitor possa dar a noticia de inelegibilidade
de um candidato, mediante petição fundamentada. No caso do candidato individual, que
sofreu pela omissão do partido, somente a partir da nova publicação, caso seja deferida
sua candidatura, que serão contados os mesmos prazos.

Procedimentos dos Registros de Candidaturas, com e sem impugnação.

Ainda quanto aos registros de candidatura, adentramos agora a


tramitação do registro. Existem duas formas:

1) Se não houver impugnação:

Temos aqui, o que é considerado pela doutrina como jurisdição


voluntária. Há também quem fale que este processo é um exercício da função de
controle das eleições que cabe à Justiça Eleitoral, ainda que ao final haja uma decisão
judicial. A questão é que, não há conflito.

O requerimento é apresentado a Justiça Eleitoral, esta analisará


se todos os requisitos foram cumpridos, se o candidato é elegível, e todas as demais
formalidades. Caso a documentação exigida não esteja completa, a Justiça Eleitoral
intimará quem fez o registro, para que este apresente o que está faltando, no prazo de
72h, prazo previsto pelo TSE e legislação eleitoral.

Caso não haja qualquer impedimento, será deferido o registro no


julgamento. Caso não tenha sido possível cumprir as exigências da lei, será indeferido o
pedido, e quem o formulou, poderá recorrer desta decisão.
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Qualquer cidadão poderá levar a justiça Eleitoral uma questão
de inexigibilidade, o que decorre dos direitos políticos, e não acarreta na mudança para
um procedimento contencioso, diferentemente dos casos de impugnação.

2) Se houver impugnação:

A partir da publicação da lista de candidatos, inicia-se o prazo


de 5 dias para a impugnação do pedido. Esta impugnação tem natureza de ação judicial,
conhecida como Ação de Impugnação de Registro de Candidatura, onde o autor pede
que o registro do candidato impugnado, não seja deferido. O autor desta ação indicará
os meios de prova que pretende produzir.

Haverá a notificação do candidato para que apresente defesa,


também indicando as provas que pretende produzir (caso seja sobre a questão
documental, ele já junta todos os documentos).

Ao final da produção probatória, as partes apresentarão


alegações finais no prazo de 5 dias, e haverá o julgamento, julgando a procedência -
indeferimento do registrou - ou a improcedência - que acarreta no deferimento do
registro.

Quanto à legitimidade ativa, quem pode propor esta ação são os


partidos políticos, candidatos, coligações e o Ministério Público, previstos no rol
taxativo que se encontra na lei das inexigibilidades. Ou seja, aqui, o cidadão não pode
propor esta ação. Vale ressaltar que, podem ser propostas várias ações dobre o mesmo
registro, que tramitarão em conjunto, e a sentença, ou acórdão, será um só para todas
elas.

São legitimados para figurar o polo passivo o candidato, o


partido político, ou a coligação, conforme art. 4º da lei das Inexigibilidades. O prazo
para apresentar a defesa é de 7 dias.

Frise-se que esta ação é totalmente diferente da ação se destinam


a cassação do registro, esta é antes a isso, é justamente para impugnar o registro em si,
se ela for procedente, o candidato não terá seu registro.
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Com o julgamento, temos a conclusão do procedimento.

Nos casos de candidatos aos cargos de eleição majoritária, no


poder executivo – presidente da república e vice presidente da república, governadores e
vice governadores, prefeitos e vice prefeitos -, há uma chapa uma e indivisível. A
Constituição da República previu o princípio da chapa uma e indivisível, ou seja, as
eleições para poder executivo não se fazem isoladamente, para garantir uma
consonância entre o titular e aquele que o substituirá quando, e caso, se fizer necessário.
Como a chapa é uma e indivisível, o indeferimento de um (titular ou vice) inviabiliza o
registro de outro.

Quanto ao julgamento à ação de impugnação aos registros de


candidaturas de candidatos às eleições proporcionais, o julgamento é feito de maneira
individualizada. Mas antes desta análise, a justiça Eleitoral faz um julgamento geral a
respeito dos atos dos partidos que escolheram os candidatos, da composição e
preparação das chapas, uma vez que é dever dos partidos registrar tudo isso e apresentar
no DRAP. Os atos de escolha afetam todos os registros de todos os candidatos daquele
partido.

A legislação prevê, na lei complementar 64/90, que após a


apresentação das alegações finais, para efetivar a celeridade processual, o julgamento
deve ocorrer em 3 dias, com termo inicial na conclusão dos autos. Da decisão prolatada
cabe recurso, com prazo de 3 dias, sendo que tanto as partes, quanto o MPE podem
recorrer (ainda que não tenha participado como parte).

Em se tratando de eleições municipais, o processo é julgado


pelo juiz eleitoral, da sentença proferida por este, cabe recurso ao TRE, que julga a
matéria, e contra a decisão deste, cabe recurso ao TSE, nas hipóteses previstas nos
incisos I e II, do parágrafo 4º, do artigo 121, da CF e ainda, caso esta decisão envolva
matéria constitucional, ofensa direta a CF, caberá Recurso Extraordinário ao STF.

Em se tratando de eleições Estaduais, o processo é julgado


originariamente pelo TRE, da decisão deste, nos casos em que a CF autoriza, cabe
recurso ao TSE, se a matéria for inexigibilidade é Recurso Ordinário, se a matéria for
outra, como por exemplo a apresentação de documentos necessários, será Recurso
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Especial, caso esta decisão envolva matéria constitucional, ofensa direta a CF, caberá
Recurso Extraordinário ao STF.

Em se tratando de eleições nacionais, o processo é julgado


originariamente pelo TSE, caso esta decisão envolva matéria constitucional, ofensa
direta a CF, caberá Recurso Extraordinário ao STF.

Há um prazo, previsto no art. 16, parágrafo 1º, da Lei das


Eleições, para que todos os pedidos sejam julgados até 20 dias antes das eleições, e caso
ele não seja respeitado, cabe inclusive representação no CNJ, ocorre que, no cenário
prático, vemos que muitas vezes não é possível que este prazo seja cumprido, gerando
problema de incerteza, insegurança.

A lei das eleições postula que o candidato que esteja com o


registro sub judice, pode praticar os atos como se este fosse deferido, mas, caso no final
do processo este seja indeferido, não há o que fazer.

Quanto à substituição de candidatos, prevê o artigo 13, da Lei


das Eleições, que é facultada aos partidos e coligações, substituir candidato que for
inelegível, que renunciar, falecer, ou tiver seu registro indeferido ou cancelado. Esta
substituição pode ser feita até o prazo final após a data final para a efetivação do pedido
de registro (15 de agosto), desde que ele ocorra até 10 dias do fato que gerou a
substituição.

No caso de decisão judicial que reconheça a inexigibilidade do


candidato, o prazo para o pedido de substituição começa a contar da intimação da
decisão. Ainda assim, poderá ser formulado apenas até 20 dias antes das eleições. Ou
seja, devem ser respeitados dois prazos diferentes, de forma simultânea. No caso de
falecimento, o candidato pode ser substituído a qualquer tempo das eleições, desde que
10 dias após o falecimento.

Temos, portanto, que tanto a Constituição Federal, Quando as


leis complementares, como a Lei das Eleições, a Lei da inexigibilidades, preveem
formalidades acerca dos Registros de Candidatura, uma vez que, conforme já
mencionado no resumo da semana 2, as eleições representam o momento de maior
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exercício da democracia, é o momento no qual o cidadão pode votar, ou mesmo ser
votado.

Levando em conta a importância do exercício dos direitos


políticos em uma República, em um Estado que adota um regime democrático, de rigor
as diversas formalidades e cautelas com o processo para que seja deferida ou não uma
candidatura. Um processo que ocorre conforme todas as formalidades, e tem cautela em
analisar todos os requisitos, nos leva à uma estabilidade, uma vez que, após eleitos os
candidatos, dificilmente ocorrerão cassações de mandatos.

Do estudado nesta semana, o único ponto que gera uma


inquietação, justamente, por, querendo ou não, afastar a estabilidade, é a questão do
prazo dos julgamentos não ser possível de se respeitar a finco, ocorre que, como é de
notório saber, o Judiciário brasileiro encontra-se sobrecarregado, e cada vez mais,
surgem mais demandas. Não há que se falar em meios alterativos de resolução de
conflito, visto que, as Ações de Impugnação de Registro de Candidatura, tem por objeto
uma tutela exclusiva da justiça eleitoral, esbarrando em um direito indisponível.

Propaganda política

Historicamente, sempre foi um veículo importante de circulação


de informações sobre os candidatos para o povo, ocorre que, também representa uma
grande preocupação por poder ser um veículo para a demagogia.

Entre as causas da ruína da democracia direta Ateniense, os livros


apontam a falsa propaganda que ocorria na assembleia do povo, com a presença dos
demagogos.
Há a necessidade de que o eleitorado conheça quem são os
candidatos, saiba quem esta participando das eleições e quais são suas ideias básicas, não é
possível elimina-la em um regime democrático, mas evidentemente, é necessário que haja
um limite, o que é feito através da legislação, visto que, historicamente, sempre houve uso
da propaganda abusiva, em benefício de maus candidatos, ou regimes arbitrários no que
tangem as propagandas pós eleições.
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O modelo Brasileiro de propaganda política:

Era um gênero, que possuía 2 espécies: (i) a propaganda política


partidária; e (ii) a propaganda política eleitoral. Com o decorrer de tempo, e as diversas
alterações legislativas, não temos mais a propaganda eleitoral partidária.

Propaganda política partidária

Os partidos divulgavam seus programas e propostas futuras, para


que a sociedade o conhecesse, mostrando, por meio da TV e dos rádios, de forma gratuita
aos partidos.
Recentemente a partidária foi extinta, pela lei 13.487/2.017,
quando foi criado o fundo especial de campanhas.
Horário no radio e TV, como há renuncia fiscal, e o fundo
partidários ambos são públicos, fora então criado mais um financiamento público,
restringindo o privado. O dinheiro que foi economizado com o fim da propaganda
partidária, seria utilizado com o fundo especial.
Em 2.019, quase foi recriada, por alegarem que era
inconstitucional, visto que o art. 17 da CF/88, faz alusão à propaganda partidária em rádio
e TV, a partir da emenda nº 97/2017, pois ela inseriu o parágrafo 3º, que diz:

“Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos


políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o
pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e
observados os seguintes preceitos:
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso
gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos
políticos que alternativamente:(Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 97, de 2017)
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo,
3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um
terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por
cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos
em pelo menos um terço das unidades da Federação.(Incluído pela
Emenda Constitucional nº 97, de 2017)” (grifei)
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Esta previsão visou estabelecer a criação aos partidos de aluguel,
não seria qualquer partido que teria acesso ao financiamento público do fundo partidário, e
os horários na TV, apenas os que preenchessem os requisitos acrescentados pela Emenda
Constitucional de n° 97/17.
Isso pode dizer respeito à qualquer modelo de acesso gratuito para
fim de democracia, mas colocado de uma maneira genérica, e não uma explicita previsão
constitucional da propaganda partidária.

A propaganda política eleitoral:


Sua base legal disciplinadora é a Lei das eleições (arts. 36 – 57-J, da
lei 9.504/97), e o próprio código eleitoral (arts. 240 – 256).
Ela tem início no dia 16 de agosto – houve uma redução
considerável, devido à lei 13.165/2.015 (a minirreforma eleitoral) do tempo de duração da
propaganda eleitoral, que antes começava no dia 6 de julho, o que gera menos custo a
União, devido ao tempo de televisão e rádio, e também uma redução de custos de
divulgação aos candidatos e partidos, reduzindo a necessidade de doações privadas.
Quanto a gratuidade das propagandas no Rádio e TV, assim é para
os candidatos e partidos, não para a sociedade, visto que as empresas de TV e Rádio tem
direito à uma compensação fiscal por cederem os horários para as propagandas eleitorais, o
que está previsto no art. 99, da lei das Eleições, elas tem um abatimento no Imposto de
Renda de pessoas jurídicas.
“Art. 99. As emissoras de rádio e televisão terão direito a compensação
fiscal pela cedência do horário gratuito previsto nesta Lei.
§ 1º O direito à compensação fiscal das emissoras de rádio e televisão
estende-se à veiculação de propaganda gratuita de plebiscitos e referendos
de que dispõe o art. 8o da Lei no 9.709, de 18 de novembro de 1998,
mantido também, a esse efeito, o entendimento de que:(Redação dada
pela Lei nº 13.487, de 2017)
I – (VETADO)(Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
II – a compensação fiscal consiste na apuração do valor correspondente
a 0,8 (oito décimos) do resultado da multiplicação de 100% (cem por
cento) ou de 25% (vinte e cinco por cento) do tempo, respectivamente,
das inserções e das transmissões em bloco, pelo preço do espaço
comercializável comprovadamente vigente, assim considerado aquele
divulgado pelas emissoras de rádio e televisão por intermédio de tabela
pública de preços de veiculação de publicidade, atendidas as disposições
regulamentares e as condições de que trata o § 2o-A;(Redação dada
pela Lei nº 12.350, de 2010)
III – o valor apurado na forma do inciso II poderá ser deduzido do
lucro líquido para efeito de determinação do lucro real, na apuração do
Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), inclusive da base de
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cálculo dos recolhimentos mensais previstos na legislação fiscal (art.
2o da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996), bem como da base
de cálculo do lucro presumido.(Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010)
§ 2o (VETADO)(Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
§ 2o-A. A aplicação das tabelas públicas de preços de veiculação de
publicidade, para fins de compensação fiscal, deverá atender ao
seguinte:(Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010)
I – deverá ser apurada mensalmente a variação percentual entre a soma
dos preços efetivamente praticados, assim considerados os valores devidos
às emissoras de rádio e televisão pelas veiculações comerciais locais, e o
correspondente a 0,8 (oito décimos) da soma dos respectivos preços
constantes da tabela pública de veiculação de publicidade; (Incluído pela
Lei nº 12.350, de 2010)
II – a variação percentual apurada no inciso I deverá ser deduzida dos
preços constantes da tabela pública a que se refere o inciso II do §
1o.(Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010)
§ 3o No caso de microempresas e empresas de pequeno porte optantes
pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e
Contribuições (Simples Nacional), o valor integral da compensação
fiscal apurado na forma do inciso II do § 1o será deduzido da base de
cálculo de imposto e contribuições federais devidos pela emissora,
seguindo os critérios definidos pelo Comitê Gestor do Simples Nacional
(CGSN).(Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010)”

Trata-se de uma das principais causas da perda de arrecadação, por


se tratar de uma renúncia fiscal feita pela União, para as empresas de TV e rádio.
Ou seja, atualmente, temos 3 mecanismos de financiamento
público das propagandas eleitorais no Brasil, quais sejam: o Fundo Partidário, o Fundo
Especial de Campanha, e o Horário na TV e Rádio.
Caso haja abuso de propaganda eleitoral, a lei das eleições, com a
redação dada pela 12.891/2013,chegou a prever a responsabilidade solidaria ao pagamento
de multas por este abuso, entre os candidatos e os seus partidos políticos. Mas a lei
13.165/2015, reduziu referida responsabilidade solidária, praticamente inviabilizando-a,
porque estabeleceu que as sanções aplicadas à candidatos, não se estendem ao partido,
mesmo que este tenha se beneficiado, salvo se o partido tenha participado deliberadamente
da propaganda ilícita, caso não seja comprovado, não haverá a responsabilização solidária.
Quanto aos materiais que podem ou não ser utilizado, é
estabelecido pela lei das eleições,
Com o passar do tempo, nota-se uma maior preocupação com a
poluição visual, com as questões urbanísticas. Em 2.013 (com a lei que alterou a lei das
eleições neste mesmo ano) foi proibido o uso de cavaletes, que em razão das proibições
anteriores, estavam espalhados por todo lugar. Vedou-se também o uso de outdoor (de
Giovana de M. Busnello dos Santos
8º D – 1.2020
papel e Eletrônico), o que ocorreu muito antes na Cidade de São Paulo, devido à Lei
Cidade Limpa.
Com a minirreforma eleitoral de 2.015, vieram mais restrições, fora
proibido a utilização de placas exibindo imagens, expressões, frases que pudessem revelar a
campanha eleitoral, e o uso de bonecos, tanto nos bens públicos, quanto em propriedades
privadas, e bens de uso comuns (como parques, cinemas, clubes). Quanto à bens
particulares, como veículos, janelas das casas, fachadas dos imóveis, também ficaram
proibidas as exibições de placas, só era permitido adesivos e papeis, o que também foi
proibido na 13.488/2017. Ou seja, hoje, somente é permitido o uso de adesivos, de até 0,5
m2, em bens particulares, além de bandeiras móveis, e mesas para distribuição de material,
da forma da lei. – visando a redução de custos.
A propaganda eleitoral irregular, além de gerar a imposição de
multa, conforme a gravidade pode levar ao desequilíbrio das eleições, e gerar a própria ação
de investigação judicial por abuso de poder econômico, ou político, e pode sofrer como
consequência a cassação do registro, ou mesmo a inelegibilidade por 8 anos.
A lei das eleições autoriza a utilização de carros de som, e mini trio
elétrico para propaganda eleitoral, desde que nos limites de 80 decibéis de nível de pressão
sonora, medidos a 7m de distancia do veículo, sem contar que não pode circular a menos
de 200m de hospitais, prédios do judiciário, e outros. Estes meios somente podem ser
utilizados durante passeatas, carreatas, comícios, não podem ficar circulando pelas vias
livremente. Não pode haver uso excessivo destes veículos, sob pena de incorrer em abuso
do poder econômico. Caso circule no dia da eleição, é crime eleitoral.
A Minirreforma, também trouxe a especificação de que
estas especificações abrangem também veículos não motorizados.
O art. 43, da lei eleitoral regulamenta a propaganda na imprensa
escrita. Cada candidato somente poderá veicular o numero máximo de 10 anúncios na
versão impressa do jornal, e 10 na versão online. Caso estes limites sejam descumpridos,
haverá multa ao candidato, e ao veículo de imprensa, sob pena de abuso de poder
econômico.
É vedada a propaganda eleitoral antecipada, ou seja, tudo que for
veiculado antes de 16 de agosto. Ocorre que atualmente, é muito difícil a caracterização de
propaganda antecipada, só não pode o pedido explicito de votos (pelo candidato ou
terceiros), fora isso, tudo é válido, inclusive pedido implícito.
Giovana de M. Busnello dos Santos
8º D – 1.2020
Nos cargos majoritários, principalmente no executivo, há uma
chapa uma indivisível, obrigatoriamente, na propaganda do candidato a titular, deve figurar
o nome do vice, e nas campanhas do cargo majoritário do legislativos, deve figurar o nome
dos suplentes – de nome claro, legível, e de tamanho não inferior a 30% do nome do
titular.
A competência para julgar a representação do descumprimento do
inicio do prazo é do TSE para as que se referem as eleições para cargos nacionais, TREs
para as que se referem as eleições para cargos estaduais, e dos Juízes Eleitorais para as que
se referem as eleições para cargos municipais.

Quanto à propagandas em meios eletrônicos

Elas são permitidas, mas assim como todas as demais, há


limitações, impostas pelas leis. Elas somente podem ser realizadas no site do candidato,
cujo endereço eletrônico deve ser comunicado à Justiça Eleitoral, no site da coligação ou
partido político, cujo endereço eletrônico também deve ser comunicado à Justiça
Eleitoral. Por meio de mensagens eletrônicas (como e-mails) através de um cadastro obtido
de forma gratuita. Elas também podem ocorrer através de blogs, redes sociais, sites de
mensagens instantâneas, e aplicações de internet assemelhadas. As Fake News, notícias
falsas, são vedadas.
A violação destas limitações acarreta em uma pesada multa (de R$
5mil – 30 mil, ou em valor equivalente ao dobro da quantia despendida, se o cálculo
superar o limite da multa).
O impulsionamentode conteúdo pela internet somente é permitido
se contratado pelo próprio candidato, pelo seu partido, coligação ou representante da
coligação, bem como o provedor deve conter pelo menos uma filial, ou sede principal, no
Brasil, e deve contar com um canal de comunicação com os usuários.

Portanto, as diversas alterações quanto as regrar eleitorais que


abrangem as propagandas políticas, que vem ocorrendo, ganham, cada vez mais, um grande
espaço na mídia.
É de saber notório que o sucesso nas eleições está
diretamente ligado à realização de campanhas, o que demanda um alto investimento
econômico, para que haja a produção de material de propaganda, seja realizada
Giovana de M. Busnello dos Santos
8º D – 1.2020
divulgação nas mídias, realização de eventos públicos, entre diversas outras
despesas.
Temos que o legislador tem o dever de disciplinar o
financiamento das campanhas eleitorais de forma a evitar as mazelas conhecidas –
como exemplo, o popular caixa dois -, de modo a resguardar as garantias
constitucionais.
E justamente pelas mazelas, que infelizmente, se tornaram
recorrentes em nosso país, além dos diversos interesses envolvidos (do mercado, da
população, da mídia, empresas, e muitos outros) o assunto propaganda eleitoral é
muito delicado.
Para que referido dever do legislador seja cumprido em
conformidade com todo o sistema jurídico arrimado sobre a CF/88, as normas de
financiamento de campanha devem resguardar os princípios angulares da
organização do Estado Brasileiro, como a igualdade, a democracia e a república.
Ou seja, as diversas alterações, culminando em limitações às
formas, tempo, e etc. das campanhas, vemos que há uma constante busca para a
preservação dos valores e princípios já estabelecidos, de forma concomitante a
coibição da pratica de abusos, sem que um afaste o outro.

Direito Eleitoral
Sistema Eleitoral

Sistema Eleitoral
O bicameralíssimo repercute nos sistemas eleitorais adotados pela
Constituição Federal.
A câmera dos deputados e composta pelo sistema proporcional, e
o senado pelo sistema majoritário. Para chegar aos fundamentos desta divisão de sistemas
eleitorais, precisamos analisar os próprios fundamentos do modelo bicameral que a CF
adotou.
O sistema analisado, que também é adotado pela maioria dos
países, de um poder legislativo estruturado em duas casas não é consequência de
pensamentos doutrinários, ele surgiu de forma espontânea da evolução politica,
Giovana de M. Busnello dos Santos
8º D – 1.2020
multissecular, das instituições da Inglaterra. Em primeiro momento, a primeira pessoa a
ligar a representação com democracia, foi o Inglês Stuart Mill, século XIX.
A Inglaterra, até devido à sua formação geográfica – franja do
mundo -, teve suas peculiaridades, há historiadores que registram que antes dos celtas, os
iberos habitaram seu território, e após, a ocupação dos celtas – tinham suas divisões
internas -, que somente perderam espaço com a conquista romana, que caiu apenas com a
invasão dos bárbaros (Saxões, Aglos e Jutos).
Os Saxões se sobressaíram, e dominaram o território. Os reis
Saxões desenvolveram a pratica de convocar os chefes das maiores famílias, antes da
tomada de uma política delicada/contundente, o que ficou conhecido como o conselho
dos prudentes (ou rita), prática esta, portanto, que era desenvolvida desde a história antiga.
Houve uma invasão de vikings dinamarqueses no território, e
depois uma retomada dos saxões. Posteriormente, a terra foi dominada por normandos. Os
reis normandos mantiveram muitos costumes dos reis saxões, como o conselho dos
prudentes, com o novo nome de “magnun conciliun”, ou o grande conselho (semente da
câmara alta, câmara dos lordes) em 1.000 e pouco D. C.
Com o fim da dinastia dos Normandos, com o casamento de
Godofredo de Bulhão e Matilde, filha do ultimo rei Normando, tem inicio a dinastia Planta
Geneta, assume o filho de Matilde, como Henrique II, e com ele, vemos o surgimento de
muitas instituições de direito contemporâneo, como o júri popular.
Há autores que já apontam com o Henrique II, o novo hábito de
reis chamarem também, para reunir-se com representantes do Rei, os representantes das
cidades, para que fossem discutidas as medidas que seriam tomadas pelo governo. Os
representantes, que começaram a ser escolhidos pelas pessoas das cidades – embrião
eleitoral – e após as reuniões, voltavam para apenas informar as medidas que seriam
tomadas pelo governo, eram os Speakers. Essa reunião começou a ser chamada de conselho
dos comuns, e foi a semente da câmaras dos comuns (deputados), e a câmara dos lordes,
ou o grande conselho, a semente do senado.
Com a morte de Henrique II, assume seu filho Ricardo Coração de
Leão, e com sua morte, o irmão de Ricardo, João sem Terra assume, reinado no qual foi
estabelecida a Magna Carta, imposta pelo grande conselho. No século XXII, o rei Henrique
III, filho de Joao sem Terra, comprou diversas brigas com o grande conselho, e uma delas
fora resolvida por uma arbitragem internacional, mediada pelo Papa, que designou para
atuar como arbitro o rei da França, onde foi decidido que possuía razão o rei Henri que III.
Giovana de M. Busnello dos Santos
8º D – 1.2020
O grande conselho não se conformou com a decisão, e houve uma rebelião, liderada por
Simão de Bonfor, que assumiu o poder, prendendo o rei, o destituído.
Simão intensifica a pratica de convocar representantes das cidades.
Eduardo I, filho de Henrique III, que também estava preso, conseguiu fugir, e com um
grupo de nobres, retoma o poder. Sob o reinado de Eduardo I, já se enxerga perfeitamente
o parlamento bicameral, e já era utilizado o terma parlamento, e os representantes das
cidades, membros do comune conciluin, ao invés de apenas ouvir os speakers, começaram a
aproveitar o tempo e apresentar reivindicações, reclamações e projeto, é daí que vem a
pratica dos projetos começarem nas câmaras dos deputados.
Posteriormente no inicio da dinastia Stuart, houve um novo
embate com o parlamento, quando foi imposta uma petição com limitações ao rei, e
direitos ao povo, posteriormente, em um novo embate, o rei foi decapitado, e foi instituído
a republica na Inglaterra, que durou apenas por aproximadamente 10 anos, quando houve a
restauração monárquica.
Após anos, com cada vez mais evidente a força do parlamente,
diversos escritores começaram a refletir sobre os modelos. O conhecido Montesquieu
escreveu o espirito das leis baseado na evolução das praticas políticas inglesas.
Os fundamentos que fundamentavam a adoção do sistema
bicameral, estão presentes até hoje. As razões contemporâneas do sistema bicameral que
faz com que até hoje muitos países o mantenham:
I. É importante para a elaboração legislativa, a existência de
duas câmaras, vez que a lei é um instrumento de limitação
da liberdade humana (art. 5º, II, da CF), portanto sua
produção precisa da máxima cautela possível. Duas
câmaras permite que uma reveja a decisão da outro,
rediscutindo os temas discutidos na primeira, como um
mecanismo de segurança legislativa.
II. Todo pais e toda sociedade, tem interesses e problemas de
momento, ocasionais, emergenciais, e também problemas
que somente podem ser resolvido em longo prazo – daí a
idea de ter uma câmara que voltasse principalmente – não
exclusivamente – a preocupação com as aflições
emergenciais da sociedade, no caso é a dos deputados,
enquanto que outra câmara teria sua atenção em problemas
Giovana de M. Busnello dos Santos
8º D – 1.2020
à serem solucionados a longo prazo, no caso é a câmara
dos senadores. Esta intenção vem traduzida na extensão
dos mandados, visto que com o prazo menor, estarão
sempre perto das eleições, sempre na pressão da opinião
pública surgindo a tendência de que estes se preocupem
com as situações emergenciais. Afastando os integrantes da
opinião pública, com o mandato de 8 anos dos senadores.
III. Estabelecer uma casa legislativa jovem – com espirito
ousado, inovador, aguerrido – é a câmara dos deputados, e
uma marcada por integrantes com vasta experiência
politica, que ali estarias depois de uma vasta experiência
política- espírito sábio, cauteloso – é a câmara do senado.
Este fundamente é o que justifica as idades mínimas para
os candidatos, como condição de elegibilidade para os
deputados e senadores.
IV. Esse último é um fundamento especifico do países que
adotam o federalismo como forma de estado. Com a
necessidade de que os estados participem dos processos
legislativos federais, aqui, os Senadores representam os
estados membros, e os deputados o povo.

No Brasil, como a câmara dos deputados representa o povo, é


adotado o sistema proporcional em suas eleições. Já o Senado, como é formado por
representantes dos estados, o sistema adotado é o majoritário.
O sistema proporcional tem dois sentidos, o primeiro está no art.
45, da CF, e o segundo na lei das eleições. É onde há uma possibilidade de representação
maior.
Art. 45, da CF. A Câmara dos Deputados
compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada
Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
§ 1º O número total de Deputados, bem como a
representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei
complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes
necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades
da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados.
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.
Giovana de M. Busnello dos Santos
8º D – 1.2020
Os estados mais populosos elegerão mais deputados federais,
cabendo a lei complementar determinar a quantidade por Estado, respeitando os limites
constitucionais – por menos populoso que seja um Estado, ele terá no mínimo 8, e por
mais população que tenha, ele elegerá no máximo 70.

Direito Eleitoral
Sistema Eleitoral – continuação

O segundo sentido do sistema proporcional é que os deputados


federais são eleitos de acordo com o desempenho de seus partidos políticos. A vaga dos
Estados nas câmaras dos deputados são distribuídas aos partidos políticos, a cada eleição.
Esta regra também se aplica aos deputados Estaduais, distritais, e aos vereadores.
Abandono do partido, sem justa causa, leva a perda do cargo, pois
ele pertence ao partido, e não à pessoa do candidato.
Cada estado membro da federação utiliza da fórmula:
nº votos válidos / nº vagas do Estado = quociente eleitoral
No numero de votos válidos são contados todos os números de
votos no estado e questão, também são computados os votos em legenda. Não são
computados os votos brancos e nulos.
Para obter o numero de vagas de cada partido, utilizamos a
formula:
nº votos do partido / quociente eleitoral = quociente partidário
O resultado do quociente partidário, será preenchido pelos
candidatos mais votados.
Com a lei 13.165/2015, conhecida como mini reforma eleitoral, foi
instituída uma restrição, a chamada clausula de desempenho, ou de barreira, que prevê que
os candidatos só partido, somente poderão preencher as vagas obtidas, se a votação pessoal
dele, tiver atingido no mínimo 10% do quociente eleitoral. Esta clausula teve sua
constitucionalidade questionada na ADI 5420, ocasião na qual foi declarada como
constitucional.
A razão de ser do sistema proporcional é que ele permite a
efetivação do princípio do pluralismo político, através destas formulas e exigências, permite
que os vários seguimentos da sociedade sejam selecionados, e assim tenham representação
na câmara dos deputados.
Giovana de M. Busnello dos Santos
8º D – 1.2020
Até 2017, as vagas eram redistribuídas para partidos que já haviam
conseguido vagas, e os que não haviam atingido o quociente eleitoral, não concorriam,
ocorre que, com esta mudança ocorrida com a Lei 13.488/17, há a possibilidade do
preenchimento das vagas remanescentes, para todos os partidos, pela formula abaixo, onde
o partido que obtiver a maior média, terá mais uma vaga:
nº votos do partido / (Quociente Partidário + 1) = X
É notória a imensa preocupação expressada pelo legislador através
da Constituição Federal, bem como das Leis posteriores, em resguardar a democracia e
evitar a falada “Ditadura da maioria”.
Ocorre que, apesar de haverem muitas medidas que de fato
resguardem todos os princípios e objetivos democráticos, o sistema proporcional de
eleições em alguns pontos

Direito Eleitoral
Sistema Eleitoral – conclusão

De rigor mencionar ainda, a figura dos votos distritais, onde o país


é dividido em pequenos círculos eleitorais, que podem ter o mesmo número de eleitores,
ou não – isso fica a critério de cada país. Um circulo pode abranger um bairro, um
município, ou até mesmo mais de um.
O voto distrital tem por ideia fazer com que o candidato vote
apenas nos candidatos de seu distrito, fazendo com que o eleitor vote em candidatos que
de fato conheça (ou tenha alguém próximo que conheça), e quando este for eleito, fica
mais fácil de ser feita a cobrança.
O voto distrital é sempre por meio do sistema majoritário, e ele já
foi adotado no Brasil, mas atualmente não está presente em nosso sistema.
Há dois tipos de voto distrital, o puro, onde todo parlamento é
composto pelo voto distrital – ocorre que assim, o parlamente seria muito fracionado,
dificultando uma visão mais ampla -, e o misto, onde apenas uma parte é eleita pelo voto
distrital, e o restante é composto a partir de uma eleição pelo sistema proporcional
votando-se apenas em partidos, e as vagas serão preenchidas pelos candidatos contidos em
uma lista feita antes da eleição pelos próprios partidos – que a depender do pais pode, ou
não, ser divulgada aos eleitores .
Giovana de M. Busnello dos Santos
8º D – 1.2020
Direitos
Dentre os direitos fundamentais previstos no título II da CF,
prevendo os direitos individuais coletivos, os direitos sociais, políticos e X. A constituição
Individuais – de primeira geração – liberdade, igualdade,
segurança... – de prestação negativa.
Coletivos – segunda geração – assistência social, previdência, etc. -
impõe ao estado uma prestação.
Direitos de fraternidade – terceira geração - meio ambiente,
desenvolvimento –
Karel Vasak, foi o primeiro a definir esta classificação histórica
destes direitos em gerações, hoje conhecidas por dimensões.
Os direitos são reconhecidos como direitos fundamentais desde
que foi trazida a soberania.
Qualquer cidadão pode apresentar um Projeto de Lei, cumprindo
os requisitos do art. X, da CF.

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