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JUSTIÇA ADMINISTRATIVA (II)

Jónatas E. M. Machado
QUAL A ESTRUTURA
PROCESSUAL DA AÇÃO
ADMINISTRATIVA?
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Marcha do processo – 37.º/1, 78º a 96º CPTA

artic. ap sa inst. afj dec.

AA

TA

TU
MARCHA DO PROCESSO
DA AÇÃO ADMINISTRATIVA
(78º a 96º CPTA)
ARTICULADOS
(78.º a 86.º CPTA)
ARTICULADOS E TUTELA
JURISDICIONAL EFETIVA
“Estando nos autos todos os
elementos necessários para que o
Tribunal possa cumprir o imperativo
constitucional de tutela jurisdicional
efetiva, o não cumprimento de um
despacho judicial de correção da
petição inicial relativamente a
irregularidades meramente formais
e sem implicação suficientemente
grave no andamento do processo,
não pode levar à absolvição da
instância.”
TCA Norte, CA, 00444/13.8BEMDL,
26.05.2017
SANEAMENTO DO PROCESSO
(87º a 88.º CPTA)
EXCEÇÕES
89.º CPTA
INSTRUÇÃO
(90.ºCPTA, 410.º ss. CPC)
INSTRUÇÃO
(arts. 423.º ss CPC)
AUDIÊNCIA FINAL
(91.º CPTA)

• Depoimentos de parte
• Inquirição de testemunhas
• Esclarecimentos periciais
• “Cross examination”
• Princípios
– Resolução amigável da lide
– Plenitude da assistência do juiz
– Publicidade
– Continuidade
– Eficácia: utilidade e brevidade
– Flexibilidade
– Processo equitativo
– Verdade material
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Sentença 94º CPTA

Partes e objeto

Relatório:
Descrição dos factos e
das questões de mérito

Fundamentação:
Factos provados
Questões de direito
Argumentação

Decisão
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Objeto e limites da decisão – 95º CPTA

defeito de objecto do
processo
pronúncia
A, B, C

TA
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Objeto e limites da decisão – 95º CPTA

objecto do
processo

A, B, C

TA

excesso de D
pronúncia
SENTENÇA
• “I - Nos termos dos art.ºs 94.º, n.ºs 2, 3, 95.º, n.º 1, do CPTA, 153.º,
154.º, 607.º, n.ºs 2 a 4 e 608º, n.º 2, do CPC, ex vi art.º 1.º do CPTA,
na sentença o juiz deve pronunciar-se sobre todas as questões que
lhe forem submetidas e que não se encontrem prejudicadas pela
solução dada a outras. Deve o juiz apreciar as questões respeitantes
ao pedido e à causa de pedir, e ainda, os argumentos, as razões ou os
fundamentos invocados pelas partes para sustentarem a sua causa de
pedir. O juiz terá, igualmente, que discriminar os factos que considera
provados e em que faz assentar o seu raciocínio decisório e deve
indicar, interpretar e aplicar as normas jurídicas que conduzem à
decisão final;
• II - Só o incumprimento absoluto do dever de fundamentação conduz
à nulidade decisória;” TCA S CA, 2552/14.9BELSB, 04.07.2019
CAUSAS DE INVALIDADE

• Artigo 95.º
Objeto e limites da decisão
• 3 - Nos processos impugnatórios, o tribunal deve
pronunciar-se sobre todas as causas de invalidade que
tenham sido invocadas contra o ato impugnado, exceto
quando não possa dispor dos elementos indispensáveis
para o efeito, assim como deve identificar a existência
de causas de invalidade diversas das que tenham sido
alegadas, ouvidas as partes para alegações
complementares pelo prazo comum de 10 dias, quando
o exija o respeito pelo princípio do contraditório.
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Objeto e limites da decisão – 95º/2 CPTA

processo
impugnatório

AA / R
CI1
CI1
CI2
TA
novas causas
de invalidade
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Objeto e limites da decisão – 95º/3/4 CPTA

1) anulação
2) restauração da TA 1) especificação do
situação actual hipotética conteúdo dos atos

2) explicitação
de vinculações

P administração
Em que consiste a
modificação objetiva do
processo?
MODIFICAÇÃO OBJETIVA DO
PROCESSO
Artigo 45.º
Modificação do objeto do processo
1 - Quando se verifique que a pretensão do autor é fundada, mas que à
satisfação dos seus interesses obsta, no todo ou em parte, a existência de
uma situação de impossibilidade absoluta, ou a entidade demandada
demonstre que o cumprimento dos deveres a que seria condenada
originaria um excecional prejuízo para o interesse público, o tribunal profere
decisão na qual:
a) Reconhece o bem fundado da pretensão do autor;
b) Reconhece a existência da circunstância que obsta, no todo ou em parte,
à emissão da pronúncia solicitada;
c) Reconhece o direito do autor a ser indemnizado por esse facto; e
d) Convida as partes a acordarem no montante da indemnização devida no
prazo de 30 dias, que pode ser prorrogado até 60 dias, caso seja previsível
que o acordo venha a concretizar-se dentro daquele prazo.
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Modificação objetiva do processo – 45º CPTA
fixação de
indemnização
TA na falta de acordo
(diligências instrutórias)

condenação

Particular Administração
convite a acordo sobre indemnização
Impossibilidade absoluta
Excecional prejuízo
MODIFICAÇÃO OBJETIVA DO
PROCESSO
• Artigo 45.º
Modificação do objeto do processo

2 - Na falta do acordo a que se refere a alínea d) do número anterior, o


autor pode requerer, no prazo de um mês, a fixação judicial da
indemnização devida, mediante a apresentação de articulado
devidamente fundamentado, devendo o tribunal, nesse caso, ouvir a
outra parte pelo prazo de 10 dias e ordenar as diligências instrutórias
que considere necessárias.
3 - Na hipótese prevista no número anterior, o autor pode optar por
pedir a reparação de todos os danos resultantes da atuação ilegítima
da entidade demandada, hipótese na qual esta é notificada para
contestar o novo pedido no prazo de 30 dias, findo o que a ação
segue os subsequentes termos da ação administrativa.
O que é e para que
serve a sanção
pecuniária compulsória?
SANÇÃO PECUNIÁRIA COMPULSÓRIA
(CPTA)

• Artigo 3.º
• Poderes dos tribunais administrativos

• 2 - Por forma a assegurar a efetividade da tutela, os


tribunais administrativos podem fixar oficiosamente
um prazo para o cumprimento dos deveres que
imponham à Administração e aplicar, quando tal se
justifique, sanções pecuniárias compulsórias.
SANÇÃO PECUNIÁRIA COMPULSÓRIA

TA
Fixação de prazo Art. 169º

administração
a) Identificação do titular

b) pagamento por cada


dia de atraso

c) 5% a 10% do SMN

d) Liquidação trimestral

d) a favor do CSTAF
SANÇÃO PECUNIÁRIA COMPULSÓRIA
SANÇÃO PECUNIÁRIA COMPULSÓRIA
I - De acordo com o disposto nos arts. 3º n.º 2, 108º n.º 2 e 169º, todos do CPTA, a sanção pecuniária
compulsória não é um fim em si mesmo, pois através da sua aplicação visa-se estimular o cumprimento
voluntário da sentença, ou seja, através da ameaça do pagamento de uma quantia pecuniária por cada dia de
atraso que se verifique na execução da sentença visa-se exercer pressão sobre o devedor e determiná-lo a
cumprir.
II – Assim, a sanção pecuniária compulsória só pode ser aplicada se, no momento da prolação da decisão
sancionatória, a sentença de intimação (para prestação de informações, consulta de processos ou passagem
de certidões) não se mostrar cumprida (sem justificação aceitável).
III – Do art. 169º n.º 1, do CPTA, resulta que o termo inicial da obrigação de pagar a sanção pecuniária
compulsória conta-se da notificação ao(s) órgão(s) incumbido(s) da execução da aplicação de tal sanção.
IV – Do estatuído nos arts. 5º (“informação sobre a sua existência”) e 14º n.º 1, al. d) (“Informar que não
possui o documento”), da Lei 46/2007, de 24 de Agosto, decorre que o pedido de acesso a um documento
administrativo encontra-se satisfeito caso a entidade administrativa informe que não o possui, cabendo ao
interessado alegar factualidade que infirme tal informação e comprová-la.
V - Se essa informação fornecida pela entidade administrativa não for exata ou verdadeira, poderão os
titulares dos seus órgãos incorrer em responsabilidade civil, disciplinar e criminal, nos termos legais (cfr. art.
159º, do CPTA).
TCA S, CA, 2J, 12695/15, 16-12-2015
SANÇÃO PECUNIÁRIA
COMPULSÓRIA
“A presidente da Câmara Municipal de Tomar, Anabela
Freitas, está a braços com um processo em Tribunal em
que é acusada de ter pago uma sanção com dinheiro do
município. A autarca confirmou ao mediotejo.net ter
recebido em abril a notificação para apresentar defesa,
tendo referido estar de “consciência tranquila” e de ter
provas que efetuou o pagamento da sua conta pessoal.”

Em causa está uma sanção pecuniária compulsória, no valor


de pouco mais de 2 mil euros, aplicada pelo Tribunal
Administrativo e Fiscal de Leiria na sequência da falta de
respostas do município em tempo útil a requerimentos
apresentados por um cidadão, que reclamava por acessos à
albufeira de Castelo de Bode e que a acusação diz ter sido
paga com um cheque do município.”
Mediatejo.net, 2.05.2019
Como se determina o
valor da causa?
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Valor da ação – 31º, 32º. 33º e 34º

AA conteúdo económico do ato

regulamento valor indeterminado

omissões
Quando é que há lugar a
cumulação de pedidos?
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Cumulação de pedidos 4º, 10/6/7, 21º, 28, 48º 99º CPTA

Tutela jurisdicional
efectiva

Cumulação de
Plena jurisdição
Pedidos

Economia
processual

Múltiplas possibilidades de cumulação


AÇÃO ADMINISTRATIVA
Cumulação de pedidos – 4º, 10º/6/7, 21º, 28º, 48º/12, 99º/4/7CPTA

Exemplos de
Cumulação

Impugnação de
Ato administrativo
4º CPTA

Ato administrativo devido

Relação
Restauração de situação atual hipotética
material
de conexão
Invalidação de contrato

Execução de contrato

Possibilidade de conexão em processo de execução


CUMULAÇÃO DE PEDIDOS
I - Só há cumulação real de pedidos quando o autor
pretende simultaneamente mais do que uma prestação,
quando formula mais do que um pedido substancial, mais
do que um pedido a respeito da relação jurídica material
controvertida.
II – No caso presente, há dois pedidos em cumulação real,
pois existem duas relações jurídicas materiais subjacentes,
a saber: a referente ao ato administrativo invalidado e a
relativa à lentidão anormal do TCA Sul e do Tribunal
Administrativo de Círculo no âmbito do processo que
conduziu à invalidação do ato administrativo.
III - Mas aplicam-se ali as mesmas normas jurídicas, que
são as dos artigos 1º a 10º do RRCEEP/2007; no caso do
pedido e causa de pedir referentes à violação do direito
fundamental previsto no artigo 20º/4 da CRP, o artigo 12º
do RRCEEP remete para aqueles artigos 1º a 10º, que são
igualmente aplicáveis à relação jurídica do direito a
reparação de danos decorrente (não da inexecução ilícita
da sentença anulatória, mas) das ilegalidades do ato
administrativo que o TCA Sul e o Tribunal Administrativo
de Círculo declararam nulo.
IV – Pelo que é legal (cf. artigo 4º, nº 1, al. b), do CPTA) a
presente cumulação de pedidos indemnizatórios.
TCAS, CA, 2J, 824/14.1BELLE, O1.06.2017
Quando é que há lugar
ao andamento
prioritário dos
processos?
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Andamento prioritário – 48º CPTA

TA

a) Mesma relação jurídica material


b) Diferentes relações jurídicas Contraditório
coexistentes em paralelo Tutela efetiva
Verdade material
Celeridade e prioridade
Coletivo de juízes

+ 10 processos P1 P2 Pn
ANDAMENTO PRIORTÁRIO
(art. 48º CPTA)
ANDAMENTO PRIORITÁRIO E
PROCESSO EQUITATIVO
Artigo 48.º
Seleção de processos com andamento prioritário
3 - No exercício dos poderes conferidos nos números
anteriores, o tribunal deve certificar-se de que no
processo ao qual seja dado andamento prioritário a
questão é debatida em todos os seus aspetos de facto
e de direito e que a suspensão da tramitação dos
demais processos não tem o alcance de limitar o
âmbito de instrução, afastando a apreciação de factos
ou a realização de diligências de prova necessárias
para o completo apuramento da verdade.
4 - Quando a verificação dos pressupostos requeridos
no número anterior apenas possa ser alcançada
através da seleção conjugada, para efeito de decisão
prioritária, de mais do que um processo, os processos
selecionados devem ser apensados num único
processo.
Decisão do processo piloto
(art. 48.º/9 a 11)
ANDAMENTO PRIORITÁRIO
III - O mecanismo previsto no art.º 48.º do CPTA, de processos com
andamento prioritário, visa, sobretudo, a uniformidade jurisprudencial;
IV - O uso do mecanismo do art.º 48.º do CPTA é um poder-dever do
Presidente do Tribunal;
V - Verificados que estejam os indicados pressupostos para o uso do
mecanismo de agilização processual do art.º 48.º, n.º 1, do CPTA, tal
mecanismo deve ser utilizado;
VI – O uso do indicado mecanismo não depende da vontade das partes;
VII – A identidade que se exige para o uso do referido mecanismo deve
reportar-se à questão a resolver e não aos circunstancialismos factuais
analisados isoladamente;
TCA S CA, 2552/14.9BELSB, 04.07.2019
ANDAMENTO PRIORITÁRIO
VIII – O Presidente do Tribunal de 1.ª instância tem competências de gestão geral dos
processos a correr no Tribunal (de “court management”), ou de “gestão do tribunal e
gestão processual” e de “simplificação e agilização processual” do Tribunal e não
competências judiciais relativas à gestão interna de cada um dos processos e
correspondente conhecimento e julgamento dos pressupostos processuais (de “case
management”);
IX – As competências jurisdicionais do Presidente do Tribunal no âmbito do mecanismo
do art.º 48.º do CPTA, restringem-se às que vêm previstas nesse preceito, relativas ao
acionamento do mecanismo de processos com andamento prioritário, à verificação dos
seus pressupostos, à determinação da audição das partes para efeitos da efetivação do
contraditório e à escolha dos processos-piloto e dos processos suspensos;
X – Os poderes do Presidente do TAC para decidir acerca dos processos escolhidos
como processos-piloto ou dos processos que ficarão suspensos encerram uma certa
margem de discricionariedade judicial.”
TCA S CA, 2552/14.9BELSB, 04.07.2019
LEGALIDADE DA
ADMINISTRAÇÃO
Const Jurisdição
Jurisdição
Constitucional
Administrativa

Lei

Regulamentos

Atos administrativos

Pirâmide formal-normativa de Hans Kelsen


LEGALIDADE DA ADMINISTRAÇÃO
Arts. 112º., 164.º, 165.º CRP

tipicidade
Prevalência legalidade negativa
de Lei
legalidade positiva

Estado de Legalidade da Precedência Reserva


direito Administração de Lei total de Lei

absoluta
Reserva
de Lei
relativa
LEGALIDADE DA ADMINISTRAÇÃO
(112ºCRP)

Precedência de lei
Dever de citação
Prevalência de lei
Tipicidade
Precisão, clareza e determinabilidade
Legalidade negativa e positiva
Lei Congelamento do grau hierárquico

Regulamento

Reserva de lei
SEPARAÇÃO DE PODERES

Normação Legislativo

Administração Executivo

Julgamento Judicial
AÇÃO ADMINISTRATIVA

OBJECTO AÇÃO OMISSÃO

Ato INVALIDAÇÃO CONDENAÇÃO


Administrativo

Regulamento INVALIDAÇÃO CONDENAÇÃO


IMPUGNAÇÃO
DE ATO
ADMINISTRATIVO
Em que consiste a
impugnação do ato
administrativo?
IMPUGNAÇÃO DE AA
Artigo 50.º
Objeto e efeitos da impugnação
•1 - A impugnação de um ato administrativo tem por
objeto a anulação ou a declaração de nulidade desse
ato.
•2 - Sem prejuízo das demais situações previstas na lei,
a impugnação de um ato administrativo suspende a
eficácia desse ato quando esteja apenas em causa o
pagamento de uma quantia certa, sem natureza
sancionatória, e tenha sido prestada garantia por
qualquer das formas previstas na lei tributária.
IMPUGNAÇÃO DE AA
Artigo 50.º
Objeto e efeitos da impugnação
•3 - A impugnação de atos lesivos exprime a intenção, por parte do
autor, de exercer o direito à reparação dos danos que tenha
sofrido, para o efeito de interromper a prescrição deste direito, nos
termos gerais.
•4 - Às ações de declaração de inexistência de ato administrativo é
aplicável, com as devidas adaptações, o disposto nos artigos 55.º
e 57.º, em matéria de legitimidade, assim como no artigo 64.º, no
caso de o autor ter interesse em deduzir, em substituição ou
cumulação superveniente com o pedido inicial, a impugnação de
ato administrativo praticado durante a pendência do processo .
AA IMPUGNÁVEL
• Artigo 51.º
Atos impugnáveis
• 1 - Ainda que não ponham termo a um procedimento,
são impugnáveis todas as decisões que, no exercício
de poderes jurídico-administrativos, visem produzir
efeitos jurídicos externos numa situação individual e
concreta, incluindo as proferidas por autoridades não
integradas na Administração Pública e por entidades
privadas que atuem no exercício de poderes jurídico-
administrativos.
AA IMPUGNÁVEL
• Artigo 51.º
Atos impugnáveis
• 2 - São designadamente impugnáveis:
a) As decisões tomadas no âmbito de procedimentos
administrativos sobre questões que não possam ser de novo
apreciadas em momento subsequente do mesmo
procedimento;
b) As decisões tomadas em relação a outros órgãos da mesma
pessoa coletiva, passíveis de comprometer as condições do
exercício de competências legalmente conferidas aos segundos
para a prossecução de interesses pelos quais esses órgãos
sejam diretamente responsáveis.
AA IMPUGNÁVEL
• Artigo 51.º
Atos impugnáveis
• 3 - Os atos impugnáveis de harmonia com o disposto nos números anteriores que não
ponham termo a um procedimento só podem ser impugnados durante a pendência do
mesmo, sem prejuízo da faculdade de impugnação do ato final com fundamento em
ilegalidades cometidas durante o procedimento, salvo quando essas ilegalidades digam
respeito a ato que tenha determinado a exclusão do interessado do procedimento ou a
ato que lei especial submeta a um ónus de impugnação autónoma
• 4 - Se contra um ato de indeferimento ou de recusa de apreciação de requerimento não
tiver sido deduzido o adequado pedido de condenação à prática de ato devido, o
tribunal convida o autor a substituir a petição, para o efeito de deduzir o referido pedido.
• 5 - Na hipótese prevista no número anterior, quando haja lugar à substituição da
petição, considera-se a nova petição apresentada na data do primeiro registo de
entrada, sendo a entidade demandada e os contrainteressados de novo citados para
contestar.
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Impugnação de atos administrativos 50º CPTA

TA

Impugnação

Particular Administração
AA

quantia certa não sancionatória


Suspensão da eficácia garantia tributária
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Impugnação de atos administrativos 51º/1 CPTA

Procedimento administrativo AA

Eficácia
AA Externa

Exclusão do interessado
51º/3 CPTA
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Impugnação de atos administrativos 52º/1 CPTA

Administração Legislador PR Judicial


Particulares
com poderes
administrativos

AA AMA Atos Materialmente Administrativos


ATO DE INDEFERIMENTO
(CPTA)

Artigo 51.º
Atos impugnáveis
•4 - Se contra um ato de indeferimento ou de
recusa de apreciação de requerimento não tiver
sido deduzido o adequado pedido de
condenação à prática de ato devido, o tribunal
convida o autor a substituir a petição, para o
efeito de deduzir o referido pedido.
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Anulação de ato de indeferimento 51º/4

Convite para TA Condenação


substituição à prática de ato
administrativo devido
do pedido

ação de
anulação

P AAI administração

Tutela jurisdicional efectiva; plena jurisdição; contraditório


AÇÃO ADMINISTRATIVA
Irrelevância da forma do ato - 52º/1/2 CPTA

LEI/regulamento AA

AAExc. impugnação

Ato de execução

P
AÇÃO ADMINISTRATIVA
(CPTA)

• Artigo 52.º
Irrelevância da forma do ato
• 3 - O não exercício do direito de impugnar
um ato que não individualize os seus
destinatários não obsta à impugnação dos
seus atos de execução ou aplicação cujos
destinatários sejam individualmente
identificados.
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Irrelevância da forma do ato - 52º/3 CPTA

AASD

AAEID impugnação

AA sem destinatários P
AA de execução que identifique destinatário
ATO ADMINISTRATIVO DE EXECUÇÃO

“Os atos de execução são


considerados como aqueles que põem
em prática um ato administrativo
anterior potencialmente lesivo,
dotado de eficácia externa e suscetível
de definir a situação jurídica do caso
concreto, nada acrescentando nem
retirando, em princípio a esse ato,
mantendo na ordem jurídica a
resolução individual e concreta já
definida por ato administrativo
anterior. “
TCA, N, CA, 1S, 01058/15.3BEBRG, 23.11.2018
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Ato anterior e ato confirmativo - 53º CPTA
3) publicação

AAA AAA AAC


inimpugnabilidade

1) impugnação

P
2) notificação
ATO CONFIRMATIVO
• 1 – Será ato meramente confirmativo aquele, de entre os atos confirmativos,
que tenha por objeto ato potencialmente lesivo anteriormente praticado,
sendo que para a sua verificação importa que se verifiquem cumulativamente
os seguintes requisitos:
a) Que o ato confirmado fosse lesivo;
b) Que tal ato fosse do conhecimento do interessado;
c) Que entre o ato confirmado e o ato confirmativo haja identidade de
sujeitos, de objeto e de decisão.
Da análise do art. 53.º do CPTA em conjugação com o demais ordenamento
vigente resulta que o ato meramente confirmativo não é impugnável se o ato
anterior foi objeto de impugnação pelo autor [cfr. al. a)], ou se foi objeto
notificação ou publicação (sem que tivesse de haver notificação) [cfr. als. b) e
c)] e o particular não o impugnou tempestivamente nos prazos legais que
dispunha para o efeito (cfr. arts. 58.º e 59.º do CPTA).
TCA N, CA, 1S, 00043/14.7BEVIS, 04.11.2016
ATO CONFIRMATIVO
2 – Assim, estar-se-á perante um ato confirmativo de outro quando há
um ato emanado da mesma entidade e dirigido ao mesmo destinatário,
que repete o conteúdo de um ato anterior, perante pressupostos de
facto e de direito idênticos e sem que o reexame desses pressupostos
decorra de revisão imposta por lei.

3 - Não obsta à relação de confirmatividade, a circunstância do Município


ter reapreciado a situação, a solicitação do interessado, sem alterar o
conteúdo da decisão anterior.

4 - É irrelevante apurar a regularidade da notificação do ato confirmado,


se o Recorrente interveio no procedimento e nele demonstrou ter
perfeito conhecimento do conteúdo do ato em causa (art.º 67º alínea b)
do CPA). TCA N, CA, 1S, 00043/14.7BEVIS, 04.11.2016
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Ato ineficaz - 54º CPTA

2)

eficácia
AAI provável

impugnação

1) execução P

possibilidade de outros meios de reação


PRAZOS DE IMPUGNAÇÃO –
CPTA
Artigo 58.º
Prazos
•1 - Salvo disposição legal em contrário, a impugnação
de atos nulos não está sujeita a prazo e a de atos
anuláveis tem lugar no prazo de:
a) Um ano, se promovida pelo Ministério Público;
•b) Três meses, nos restantes casos.
• 2 - Sem prejuízo do disposto no n.º 4 do artigo 59.º, os
prazos estabelecidos no número anterior contam-se nos
termos do artigo 279.º do Código Civil.
PRAZOS DE IMPUGNAÇÃO – CPTA
• Artigo 58.º
Prazos
• 3 - A impugnação é admitida, para além do prazo previsto na alínea b) do
n.º 1:
• a) Nas situações em que ocorra justo impedimento, nos termos previstos na
lei processual civil;
• b) No prazo de três meses, contado da data da cessação do erro, quando
se demonstre, com respeito pelo contraditório, que, no caso concreto, a
tempestiva apresentação da petição não era exigível a um cidadão
normalmente diligente, em virtude de a conduta da Administração ter
induzido o interessado em erro; ou
c) Quando, não tendo ainda decorrido um ano sobre a data da prática do
ato ou da sua publicação, quando obrigatória, o atraso deva ser
considerado desculpável, atendendo à ambiguidade do quadro normativo
aplicável ou às dificuldades que, no caso concreto, se colocavam quanto à
identificação do ato impugnável, ou à sua qualificação como ato
administrativo ou como norma.
AÇÃO ADMINISTRATIVA

TA

Sem prazo (58º CPTA)


AA
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Prazos de impugnação de atos administrativos - 58º CPTA

1) erro
nulo 2) atraso desculpável
3) justo impedimento

AA

anulável

3 meses alargamento
not

1 ano para o
MP
PUBLICAÇÃO DEFICIENTE (1)
1. O n.º1 artigo 60.º do Código de Processo nos Tribunais Administrativos prevê o
caso mais grave de notificação ou publicação “deficiente”, a que não dá sequer a
conhecer o sentido da decisão, caso em que não produz quaisquer efeitos em relação
ao notificado, o que se compreende, pois este não sabe se deve ou não reagir, dado
que não sabe sequer o sentido, favorável ou desfavorável, da decisão.
2. O n.º2 do mesmo preceito prevê depois situações menos graves mas ainda assim
graves o suficiente para interromperem, nos termos do n.º3, o prazo de impugnação:
quando não é dado a conhecer o autor, a data ou os fundamentos da decisão; neste
caso o visado já tem uma noção se vai reagir ou não, pois conhece o sentido,
favorável ou desfavorável, da decisão, mas não tem elementos para aquilatar quanto
tempo tem para o fazer, quais os fundamentos em concreto que pode invocar e
contra quem a vai dirigir; não está por isso ainda em condições de deduzir uma
impugnação em concreto e daí a interrupção do prazo para impugnar.
TCA N, 1S, CA, 00298/07.3BEMDL, 26.05.2017
PUBLICAÇÃO DEFICIENTE (2)
3. Para a omissão dos elementos essenciais (pressupondo que foi indicado o
sentido da decisão) o legislador previu a faculdade de o interessado requerer a
notificação dos elementos em falta bem como, se necessário, requerer a
intimação para o efeito, interrompendo-se nesse caso o prazo de impugnação
contenciosa – n.ºs 2 e 3 do artigo em análise.
4. No que diz respeito aos atos de processamento de vencimento, tais atos, para
se consolidarem na ordem jurídica, devem preencher dois requisitos 1º- devem
constituir uma definição inovatória e voluntária relativamente ao processamento
do vencimento, em determinado sentido e com determinado conteúdo; 2º - o
ato de processamento inovatório deve ser notificado ao interessado tal como os
demais atos administrativos, ou seja, em obediência ao disposto no artigo 68º do
Código de Procedimento Administrativo.
TCA N, 1S, CA, 00298/07.3BEMDL, 26.05.2017
PUBLICAÇÃO DEFICIENTE (3)
5. Se, com a notificação feita pela Direcção-Geral dos Recursos Humanos da
Educação, através de ofício de 07.12.2006, o visado ficou a saber com
exatidão o sentido e alcance do seu posicionamento na escala salarial e os
respetivos fundamentos, embora desconhecendo qual o autor do ato,
dispunha a faculdade de solicitar os elementos em falta, com a consequente
interrupção do prazo para impugnação, nos termos do disposto nos n.ºs 2 e
3 do artigo 60º do Código de Processo nos Tribunais Administrativos.
6. Não o tendo feito e não se tendo interrompido o prazo de caducidade do
direito a impugnar o ato que não padece de vícios conducentes à nulidade
mas à mera anulabilidade, é intempestiva a ação interposta em 10.09.2007,
face ao disposto no artigo 58º, n.º 2, alínea b), do Código de Processo nos
Tribunais Administrativos.
TCA N, 1S, CA, 00298/07.3BEMDL, 26.05.2017
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Prossecução pelo MP – 62º CPTA

TA vista ao processo

P MP

ação ação pública


extinção
da instância
Artigo 64.º CPTA
Anulação administrativa, sanação e revogação do ato impugnado
1 - Quando, na pendência do processo, ocom efeitos seja
ato impugnado retroativos
objeto de anulação administrativa acompanhada
ou sucedida de nova regulação, pode o autor requerer que o processo prossiga contra o novo ato com
fundamento na reincidência nas mesmas ilegalidades, sendo aproveitada a prova produzida e dispondo o autor
da faculdade de oferecer novos meios de prova.
2 - O requerimento a que se refere o número anterior deve ser apresentado no prazo de impugnação do ato
anulatório e antes do trânsito em julgado da decisão que julgue extinta a instância.
3 - O disposto no n.º 1 é aplicável a todos os casos em que o ato impugnado seja, total ou parcialmente,
alterado ou substituído por outro com os mesmos efeitos, e ainda no caso de o ato anulatório já ter sido
praticado no momento em que o processo foi intentado, sem que o autor disso tivesse ou devesse ter
conhecimento.
4 - Se o ato anulado pela Administração na pendência do processo só vier a ser substituído por outro após a
extinção da instância, o interessado pode requerer, dentro do prazo de impugnação contenciosa, a reabertura
do processo contra o novo ato com fundamento na reincidência nas mesmas ilegalidades, sendo aproveitada a
prova produzida e dispondo o autor da faculdade de oferecer novos meios de prova.
5 - O disposto nos números anteriores é também aplicável aos casos de revogação do ato com efeitos
retroativos.
6 - Quando, na pendência de processo de impugnação de ato que tenha determinado a imposição de deveres,
encargos, ónus ou sujeições, a aplicação de sanções ou a restrição de direitos ou interesses legalmente
protegidos, for proferido ato com o alcance de sanar os efeitos do ato impugnado, o autor pode requerer a
anulação dos efeitos lesivos produzidos por aquele ato durante o período de tempo que precedeu a respetiva
sanação.
Artigo 65.º CPTA
Revogação do ato impugnado sem efeitos retroativos

1 - Quando na pendência do processo, seja proferido ato revogatório sem


efeitos retroativos do ato impugnado, o processo prossegue em relação aos
efeitos produzidos.
2 - O disposto no número anterior é aplicável aos casos em que, por forma
diversa da revogação, cesse ou se esgote a produção de efeitos do ato
impugnado, designadamente pela sua integral execução no plano dos
factos.
3 - Quando a cessação de efeitos do ato impugnado seja acompanhada de
nova regulação da situação, o autor goza da faculdade prevista no artigo
anterior.
4 - O disposto no n.º 1 é aplicável aos casos em que o ato revogatório já
tinha sido praticado no momento em que o processo foi intentado, sem que
o autor disso tivesse ou devesse ter conhecimento.
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Revogação de ato impugnado 64º e 65º CPTA

TA
impugnação
impugnação
NAA
efeitos produzidos
AA
ex nunc
ex tunc
1) 2)

P impugnação administração revogação


Quais são os efeitos da
anulação de um ato
administrativo?
EFEITOS DA ANULAÇÃO DE AA
ANULAÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO
Acórdão do STA, P 040201ª, 2ªa Subsecção, 30-01-2007

• I - A sentença anulatória de um ato administrativo tem um efeito


constitutivo, que, em regra, consiste na invalidação do ato impugnado,
fazendo-o desaparecer do mundo jurídico desde o seu nascimento.
Tem, também, um outro efeito, próprio de toda e qualquer sentença de
um tribunal, seja qual for a natureza deste, que advém da força do
caso julgado, apelidado de efeito conformativo (também designado de
preclusivo ou inibitório), que exclui, no mínimo, a possibilidade de a
Administração reproduzir o ato com os mesmos vícios individualizados
e condenados pelo juiz administrativo. Ainda, um outro efeito, existe
que é o da reconstituição da situação hipotética atual (também
chamado efeito repristinatório, efeito reconstitutivo ou reconstrutivo da
sentença). Segundo este princípio, a Administração tem o dever de
reconstituir a situação que existiria se não tivesse sido praticado o ato
ilegal ou se o ato tivesse sido praticado sem a ilegalidade.
ANULAÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO
Acórdão do STA, P 040201ª, 2ªa Subsecção, 30-01-2007

• Finalmente, por a Administração não querer, não saber ou não


poder, proceder à reconstituição da situação que era definida
pelo julgado anulatório, nada mais restando ao administrado, ao
abrigo do quadro normativo definido (art°173° n°1 do CPTA), do
que ir novamente ao tribunal solicitar a execução do julgado.
São os designados efeitos ultraconstitutivos da sentença de
anulação, que se manifestam hoje no processo de execução de
julgados, pelo qual os interessados podem obter a
especificação do conteúdo dos atos e operações a adotar pela
Administração e o prazo para a sua prática (art°179° n°1 do
CPTA), a declaração de nulidade dos atos desconformes com a
sentença e a anulação dos que mantenham, sem fundamento
válido, a situação ilegal.
CONDENAÇÃO À
PRÁTICA DE ATO
ADMINISTRATIVO
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Condenação à prática de ato devido – 66º a 71º CPTA

análise da
pretensão
pedido de
condenação TA
sanção pecuniária
(1 ano ou 3 meses)
compulsória
condenação
explicitação
à prática de
de vinculações
ato devido

omissão, não apreciação ou indeferimento

administração
P pedido
(pretensão)
PC
contrainteressados
MP/AP
IMPUGNAÇÃO
DE NORMAS
LEIS E REGULAMENTOS
CRP art. 112.º
5. Nenhuma lei pode criar outras categorias de atos
legislativos ou conferir a atos de outra natureza o poder
de, com eficácia externa, interpretar, integrar, modificar,
suspender ou revogar qualquer dos seus preceitos.
6. Os regulamentos do Governo revestem a forma de
decreto regulamentar quando tal seja determinado pela
lei que regulamentam, bem como no caso de
regulamentos independentes.
7. Os regulamentos devem indicar expressamente as
leis que visam regulamentar ou que definem a
competência subjetiva e objeciva para a sua emissão;
LEGALIDADE DA ADMINISTRAÇÃO
Leis Regulamentos

Fins/Meios

executivos
Fins/

/Meios

complementares
Sub/Objec.

Fins/Meios

independentes/autónomos
PARÂMETRO DE CONTROLO
Direito internacional

Direito da UE
parâmetro
lei

regulamentos

objeto regulamentos
OBJETO DE CONTROLO
regulamentos

estatutos
regulamentos

regimentos

regulamentos fiscais
convenções jurídicas

regulamentos de privados
com poderes públicos
OBJETO DE CONTROLO
Hierarquia de regulamentos

Entidade tutelar

Entidade tutelada

Órgão superior

Órgão Inferior

Atribuições amplas

Atribuições restritas

Forma mais solene

Forma menos solene


AÇÃO ADMINISTRATIVA
Impugnação de normas 72º - CPTA

1 - A impugnação de normas no contencioso administrativo tem por


objeto a declaração da ilegalidade de normas emanadas ao abrigo de
disposições de direito administrativo, por vícios próprios ou derivados da
invalidade de atos praticados no âmbito do respetivo procedimento de
aprovação.
2 - Fica excluída do regime regulado na presente secção a declaração de
ilegalidade com força obrigatória geral com qualquer dos fundamentos
previstos no n.º 1 do artigo 281.º da Constituição da República
Portuguesa.
IMPUGNAÇÃO DE NORMAS
2º/2/d), 31º/2 e 34º/1/2/3, 37º/1/d), 72º a 76º CPTA

Valor superior
à alçada do TCA

regulamento valor indeterminado

Recursos de
apelação e revista
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Tutela cautelar e regulamentos - 112º/2/a) CPTA

Regulamento

Providência cautelar
de
suspensão da eficácia
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Impugnação de normas 73º - CPTA

1 - A declaração de ilegalidade com força obrigatória


geral de norma imediatamente operativa pode ser
pedida:
a) Por quem seja diretamente prejudicado pela vigência
da norma ou possa vir previsivelmente a sê-lo em
momento próximo, independentemente da prática de
ato concreto de aplicação;
b) Pelo Ministério Público e por pessoas e entidades
nos termos do n.º 2 do artigo 9.º;
c) Pelos presidentes de órgãos colegiais, em relação a
normas emitidas pelos respetivos órgãos;
d) Pelas pessoas referidas no n.º 2 do artigo 55.º
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Impugnação de normas 73º - CPTA

2 - Quem seja diretamente prejudicado ou possa vir


previsivelmente a sê-lo em momento próximo pela
aplicação de norma imediatamente operativa que
incorra em qualquer dos fundamentos de ilegalidade
previstos no n.º 1 do artigo 281.º da Constituição da
República Portuguesa pode obter a desaplicação da
norma, pedindo a declaração da sua ilegalidade com
efeitos circunscritos ao seu caso.
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Impugnação de normas 73º - CPTA
3 - Quando os efeitos de uma norma não se produzam
imediatamente, mas só através de um ato administrativo de
aplicação:
a) O lesado, o Ministério Público ou qualquer das pessoas e
entidades referidas no n.º 2 do artigo 9.º podem suscitar a questão
da ilegalidade da norma aplicada no âmbito do processo dirigido
contra o ato de aplicação a título incidental, pedindo a
desaplicação da norma;
b) O Ministério Público, oficiosamente ou a requerimento de
qualquer das pessoas e entidades referidas no n.º 2 do artigo 9.º,
com a faculdade de estas se constituírem como assistentes, pode
pedir a declaração de ilegalidade com força obrigatória geral.
IMPUGNAÇÃO DE NORMAS
Art. 73º, 1, 2 e 3 CPTA
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Cumulação de pedidos – 4º/2/a)b)f) CPTA

Exemplos de
Cumulação

Pedido de declaração
de Ilegalidade de normas

Invalidação de ato administrativo

Relação
Restauração de situação actual hipotética
material
de conexão
Reparação de danos causados
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Impugnação de normas 72º e 73º
normas de direito
administrativo

procedimento regulamento

vícios do
procedimento vícios
próprios
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Incidente de inconstitucionalidade

recurso
TC
STA

MP
TCA

incidente de
inconstitucionalidade TAF
ARTIGO 281º DA CRP

1. O Tribunal Constitucional aprecia e declara, com força obrigatória


geral:
a) A inconstitucionalidade de quaisquer normas;
b) A ilegalidade de quaisquer normas constantes de ato legislativo com
fundamento em violação de lei com valor reforçado;
c) A ilegalidade de quaisquer normas constantes de diploma regional,
com fundamento em violação do estatuto da região autónoma;
d) A ilegalidade de quaisquer normas constantes de diploma emanado
dos órgãos de soberania com fundamento em violação dos direitos de
uma região consagrados no seu estatuto.
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Declaração de ilegalidade – 73º/4/5 CPTA

4 - O Ministério Público tem o dever de pedir a declaração de ilegalidade


com força obrigatória geral quando tenha conhecimento de três decisões
de desaplicação de uma norma com fundamento na sua ilegalidade, bem
como de recorrer das decisões de primeira instância que declarem a
ilegalidade com força obrigatória geral.
5 - Para o efeito do disposto no número anterior, a secretaria remete ao
representante do Ministério Público junto do tribunal certidão das
sentenças que tenham desaplicado, com fundamento em ilegalidade,
quaisquer normas emitidas ao abrigo de disposições de direito
administrativo ou que tenham declarado a respetiva ilegalidade com
força obrigatória geral.
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Declaração de ilegalidade – 73º/4/5 CPTA

TA

deve pedir declaração


desaplicação N1

MP

P1 P2 P3
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Declaração de ilegalidade – 73º/4/5 CPTA

TCA

deve recorrer
Declaração de ilegalidade TAC
erga omnes

MP

P1
PROCESSO MISTO DE CONTROLO
DA CONSTITUCIONALIDADE
(281º/3 CRP)

TC MP

desaplicação
nova apreciação

N1 Declaração de
inconstitucionalidade

C1 C2 C2 N1
NORMA MEDIATAMENTE
OPERATIVA
1 - Resulta do regime de impugnação de normas estabelecido pelo art.º 73.º, do
CPTA, na redação introduzida pelo DL n.º 214-G/2015, de 2/10, que, na ausência de
recusa de aplicação da norma em três casos concretos, a declaração de ilegalidade
com força obrigatória geral só pode ser pedida em relação a normas
imediatamente operativas.
II - O pedido de declaração de ilegalidade com efeitos circunscritos ao caso
concreto também se cinge a esse tipo de normas, para as situações em que o
fundamento da sua impugnação é algum dos indicados no art.º 281.º, n.º 1, da
CRP.
III - A norma mediatamente operativa não é diretamente impugnável em processo
de impugnação de normas, tendo a sua ilegalidade de ser suscitada, a título
incidental, em processo dirigido contra o respetivo ato administrativo de aplicação.
STA 1 SEC, 0268/17.3BEALM 0572/18, 30-05-2019
NORMA MEDIATAMENTE
OPERATIVA
V - É uma norma mediatamente operativa que, por isso, não pode ser
impugnada a título principal, a do art.º 12.º, n.º 1, do Regulamento
Municipal n.º 124/2017, publicado no DR, II Série, de 13/3/2017, que, no
âmbito de um procedimento administrativo que inclui a audição do
interessado e a solicitação de pareceres a entidades cuja consulta se
mostre legalmente necessária, ou conveniente em face das
circunstâncias, permite que a Câmara Municipal reduza o horário de
funcionamento dos estabelecimentos quando “as autoridades
denunciem situações de grave perturbação da tranquilidade, do sossego
e da qualidade de vida dos cidadãos”.
STA 1 SEC, 0268/17.3BEALM 0572/18, 30-05-2019
NORMA IMEDIATAMENTE
OPERATIVA
“IV. A norma em questão ao delimitar os candidatos ao concurso projeta direta e
imediatamente os seus efeitos na esfera jurídica dos interessados. «Nos termos do n.º 2 do
Aviso do concurso fica delimitado o universo dos candidatos ao concurso, sendo apenas
admissíveis os licenciados habilitados com o título de notário, nos termos da Portaria n.º
398/2004, de 21 de Abril. Significa que quem não se encontrar nesse universo de candidatos,
quer porque não seja licenciado habilitado com o título de notário, quer porque não o seja nos
termos da Portaria n.º 398/2004, de 21/04, não se poderá candidatar por falta de requisitos ou,
candidatando-se, não poderá ser admitido ao concurso, devendo ser excluído por falta das
condições exigidas. Tal acarreta que a norma em questão ao delimitar os candidatos ao
concurso projeta direta e imediatamente os seus efeitos na esfera jurídica dos interessados a
apresentar candidatura ao concurso, de entre os quais, o ora Autor e Recorrente. Não carece o
Autor da intermediação da prática de um ato administrativo para ficar a saber se pode ou não
pode apresentar a sua candidatura ao concurso, porque de imediato a norma impugnada define
essa matéria, produzindo efeitos imediatos e diretamente lesivos na esfera jurídica de quem
pretenda candidatar-se mas não reúne algum dos requisitos do concurso.” TCA S, CA,
273/06.5BEFUN, 24-05-2018
Quais os vícios que uma
norma pode ter?
OPERAÇÕES DE
CONTROLO E VÍCIOS
Ilegalidade material

Vontade Conteúdo Fim Impacto

Competência Procedimento Forma

Ilegalidade orgânica Ilegalidade formal


Qual o prazo para impugnar
normas?
PEDIDO DE DECLARAÇÃO DE
ILEGALIDADE
Artigo 74.º
Prazos
1 - Sem prejuízo do disposto no número seguinte, a
declaração de ilegalidade de normas pode ser pedida a
todo o tempo.
2 - A declaração de ilegalidade com fundamento em
ilegalidade formal ou procedimental da qual não resulte
inconstitucionalidade só pode ser pedida no prazo de
seis meses, contado da data da publicação, salvo nos
casos de carência absoluta de forma legal ou de
preterição de consulta pública exigida por lei.
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Declaração de ilegalidade - 74º CPTA

R1

ilegalidade originária – nulidade

Segurança jurídica e
proteção da confiança
em sede de limitação
impugnação
de efeitos
a todo o tempo, salvo
ilegalidade orgânica e
formal leve (6 meses)
Quais os efeitos da declaração
de ilegalidade de normas com
força obrigatória geral?
FISCALIZAÇÃO ABSTRATA DE
INCONSTITUCIONALIDADE

Tribunal Erga
Constitucional
omnes
LPA

Declaração de
inconstitucionalidade
Lei 1
ex tunc
2016 Repristinação / salvaguarda do caso julgado 2018
EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE
ILEGALIDADE
CPTA

Artigo 76.º
Efeitos da declaração de ilegalidade com força obrigatória geral
1 - A declaração com força obrigatória geral da ilegalidade de uma
norma, nos termos previstos neste Código, produz efeitos desde a
data da entrada em vigor da norma, salvo no caso de ilegalidade
superveniente.
2 - O tribunal pode, no entanto, determinar que os efeitos da
decisão se produzam apenas a partir da data do trânsito em
julgado da sentença quando razões de segurança jurídica, de
equidade ou de interesse público de excecional relevo,
devidamente fundamentadas, o justifiquem.
EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE
ILEGALIDADE
CPTA

Artigo 76.º
Efeitos da declaração de ilegalidade com força obrigatória geral
3 - Nos processos intentados por quem tenha sido diretamente
prejudicado pela vigência de norma imediatamente operativa, a aplicação
do disposto no número anterior não prejudica a eliminação dos efeitos
lesivos causados pela norma na esfera jurídica do autor.
4 - A retroatividade da declaração de ilegalidade não afeta os casos
julgados nem os atos administrativos que entretanto se tenham tornado
inimpugnáveis, salvo decisão em contrário do tribunal, quando a norma
respeite a matéria sancionatória e seja de conteúdo menos favorável ao
particular.
5 - A declaração a que se refere o presente artigo implica a repristinação
das normas revogadas, salvo quando estas sejam ilegais ou tenham
deixado por outro motivo de vigorar.
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Declaração de ilegalidade - 76º CPTA

TA

erga omnes

Declaração de
ilegalidade
CJ AAI ex nunc
Reg. 1
ex tunc

2016 repristinação / salvaguarda do caso julgado 2018


Qual o papel do Ministério
Público na ação
administrativa?
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Intervenção do MP – 85º CPTA
1) diligéncias instrutórias
cópia da petição 2) pronúncia sobre mérito
TA MP 2.1) direitos fundamentais
2.2) interesses públicos
2.3. bens constitucionais
3) novas invalidades
4) novas nulidades-inexistências

entidade demandada

citação
contrainteressados
ILEGALIDADE POR
OMISSÃO
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Ilegalidade por omissão – 77º CPTA

1 - O Ministério Público, as demais pessoas e entidades defensoras


dos interesses referidos no n.º 2 do artigo 9.º, os presidentes de
órgãos colegiais, em relação a normas omitidas pelos respetivos
órgãos, e quem alegue um prejuízo diretamente resultante da
situação de omissão podem pedir ao tribunal administrativo
competente que aprecie e verifique a existência de situações de
ilegalidade por omissão das normas cuja adoção, ao abrigo de
disposições de direito administrativo, seja necessária para dar
exequibilidade a atos legislativos carentes de regulamentação.
2 - Quando verifique a existência de uma situação de ilegalidade por
omissão, o tribunal condena a entidade competente à emissão do
regulamento em falta, fixando prazo para que a omissão seja
suprida.
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Ilegalidade por omissão – 77º CPTA

TA
pedido fixação
de prazo

MP
lei
9º/2 administração
omissão
PoC

L
RESPONSABILIDADE
CIVIL
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Responsabilidade Civil – 37º/1/k) do CPTA e art. 4º/1/f)/g)/h)
ETAF

Legislador ação e omissão

Administração/
Entidades Privadas ação e omissão
Prerrogativas Publicas

Titulares de ação e omissão


órgãos
Cfr. Art. 4º/4 ETAF
Tribunais
RESPONSABILIDADE CIVIL
a) Ação administrativa (37º1/k CPTA)
b) Tramitação do Cap. III (37º1/k CPTA)
c) Tribunal do lugar do facto (18º CPTA)
d) Pode incluir impugnação de AA para além do prazo
(38º CPTA)
AA INIMPGUNÁVEL - CPTA

Artigo 38.º
Ato administrativo inimpugnável
•1 - Nos casos em que a lei substantiva o admita, designadamente
no domínio da responsabilidade civil da Administração por atos
administrativos ilegais, o tribunal pode conhecer, a título incidental,
da ilegalidade de um ato administrativo que já não possa ser
impugnado.
•2 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, não pode ser
obtido por outros meios processuais o efeito que resultaria da
anulação do ato inimpugnável.
AÇÃO ADMINISTRATIVA

Outros casos previstos


TA na lei substantiva

incidente
sem efeito
equivalente
à
impugnação
AA

Responsabilidade AA Art.38º CPTA


Civil inimp
RESPONSABILIDADE CIVIL
• I. As acções emergentes de responsabilidade civil extracontratual de
entidade pública, por ato de gestão pública, podem ser intentadas também
contra a pessoa jurídica privada para quem aquela, por contrato de seguro
anterior, haja transferido a sua responsabilidade.
• II. Os tribunais administrativos são competentes, em razão da matéria,
para conhecer e julgar atos de gestão pública, mas esta conclusão não se
altera pelo facto de intervir, no lado passivo da ação, uma entidade
privada.
• III. Com efeito, a competência que se discute é em razão da matéria
controvertida, ou seja, a natureza dos atos ou factos causadores dos danos
cujo ressarcimento se imputa ao ente público. O contrato de seguro apenas
faz transferir o "quantum" indemnizatório para a empresa seguradora, não
a responsabilidade jurídica pelo evento.
• IV. Aferindo-se a competência material dos Tribunais Administrativos pela
alínea g) do n.º 1 do art. 4º do ETAF, o que implica ou exclui tal
competência não é a qualidade dos sujeitos em si mesma considerada mas
tal qualidade conjugada com as questões a apreciar que impliquem a
responsabilidade civil extracontratual das pessoas colectivas de direito
público.

• TCA(N) 6-4-2006
CONTRATOS
ADMINISTRATIVOS
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
– CPA
Artigo 200.º
Espécies de contratos

•1 - Os órgãos da Administração Pública podem celebrar contratos


administrativos, sujeitos a um regime substantivo de direito administrativo,
ou contratos submetidos a um regime de direito privado.
2 - São contratos administrativos os que como tal são classificados no
Código dos Contratos Públicos ou em legislação especial.
3 - Na prossecução das suas atribuições ou dos seus fins, os órgãos da
Administração Pública podem celebrar quaisquer contratos
administrativos, salvo se outra coisa resultar da lei ou da natureza das
relações a estabelecer.
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
art.4º/1/e)/f) ETAF

contratos prerrogativas
administrativos típicos de autoridade

objeto passível de
ato administrativo

contratos
administrativos atípicos objeto passível de
art.200º CPA contrato privado
conceito genérico submetidos a regime de
direito público
200º e 202º CPA
AÇÃO ADMINISTRATIVA
CONTRATOS

100º ss. CPTA


CONTRATOS

procedimento
validade execução
pré-contratual

Legitimidade prazo 77º-B/1/2


77º-A/1 CPTA CPTA
variável/6 meses
AÇÃO ADMINISTRATIVA CONTRATOS
– arts. 37º/1/l) CPTA e 4º/1/b)e) e f) ETAF

CA Desde que suscitada


Invalidade consequente autonomamente

v.g. CCP arts. 16 ss. 34º ss.


CA
Procedimentos pré-contratuais
De direito público

Contratos atípicos:
CA a)
b)
Art. 178º/1 do CPA
Submetidos pelas partes
AA’s, típicos e atípicos
a regime substantivo de direito público
CONTRATOS PÚBLICOS
“O Tribunal Central Administrativo (TCA) mandou
o Turismo de Portugal anular o contrato
adjudicado à Multilem para a aquisição de
serviços relativos à participação do instituto
público em feiras internacionais.
O TCA considerou que o Turismo de
Portugal violou vários princípios de “contratação
pública”, nomeadamente “da imparcialidade, da
isenção, da concorrência, da boa-fé, da confiança,
da transparência e da não-discriminação”, d
ando assim razão à Expomundo, que apresentou
um recurso
contra a decisão da primeira instância
do Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa.”,
M & P, 18-11-2019
INVALIDADE CONSEQUENTE
art. 4º/2/d) CPTA

AA CA

invalidade invalidade

a) ação administrativa art.77º- A CPTA


b) cumulação de pedidos art. 4º/2/d) CPTA
PROCESSOS URGENTES
TUTELA URGENTE

IMPUGNAÇÕES INTIMAÇÕES PROCESSOS


CAUTELARES

Contencioso eleitoral Informações Conservatórios


Documentos
Certidões
Contencioso Direitos, liberdades e Antecipatórios
Pré-contratual garantias

Procedimentos de
massa
PROCESSOS URGENTES
(art. 36º, 97º a 111º CPTA)

Ação administrativa urgente Intimações urgentes

informações, documentos
contencioso eleitoral e certidões

proteção de direitos,
procedimentos de massa liberdades e garantias

Providências cautelares
contencioso pré-contratual
(112.º a 127º)
Intimações (tutela urgente)
(Art. 97ss. CPTA)
AÇÃO ADMINISTRATIVA
URGENTE
AÇÃO ADMINISTRATIVA
URGENTE
AÇÃO ADMINISTRATIVA URGENTE
Marcha do processo – 36.º/1/2/3/4 e 97º ss. CPTA

AA

TA

AAU artic. ap sa inst. afj dec.


AÇÃO ADMINISTRATIVA URGENTE
Artigo 36.º
Processos urgentes (CPTA)
“2 - Os processos urgentes e respetivos incidentes
correm em férias, com dispensa de vistos prévios,
mesmo em fase de recurso jurisdicional, e os atos da
secretaria são praticados no próprio dia, com
precedência sobre quaisquer outros.
3 - O julgamento dos processos urgentes tem lugar,
com prioridade sobre os demais, logo que o
processo esteja pronto para decisão.
4 - Na falta de especificação própria quanto à
respetiva tramitação, os processos urgentes
previstos em lei especial seguem os termos da ação
administrativa, com os prazos reduzidos a metade,
regendo-se, quanto ao mais, pelo disposto nos n.os
2 e 3 do presente artigo e, em fase de recurso
jurisdicional, pelo disposto no artigo 147.º”
PROCEDIMENTOS DE MASSA
i) O contencioso dos atos administrativos praticados no âmbito de
procedimentos de massa compreende as ações respeitantes à prática ou
omissão de atos administrativos no âmbito de procedimentos com mais de
50 participantes, nos domínios de concursos de pessoal, procedimentos de
realização de provas e procedimentos de recrutamento.
ii) Nos termos do art. 99.º, n.º 2, do CPTA, o prazo de propositura das ações é
de um mês.
iii) O prazo de um mês estabelecido nesse artigo é um prazo de caducidade,
portanto de natureza substantiva, aplicando-se à sua contagem as regras
do art. 279.° do Cód. Civil.
iv) O princípio pro actione, consagrado no art. 7.° do CPTA, só opera em caso
de dúvida sobre o sentido das normas a interpretar.
TCA S, CA - 2º JUÍZO, 1549/17.1BELSB, 19-04-2018
PROCEDIMENTOS DE MASSA
I – O processo de contencioso de procedimentos de massa (atualmente previsto
no artigo 99º do CPTA, na versão resultante da revisão operada pelo DL. n.º 214-
G/2015, de 2 de outubro) constitui uma nova forma de processo urgente (cfr.
artigo 97º nº 1 alínea b) do CPTA revisto) respeitante à prática ou omissão de
atos administrativos no âmbito de procedimentos com mais de 50 participantes,
nos domínios de concursos de pessoal, de procedimentos de realização de provas
e de recrutamento (cfr. artigo 99º nº 1 do CPTA revisto), com a qual se visa dar
resposta célere e integrada aos litígios respeitantes a procedimentos de massa,
em domínios como os dos concursos na Administração Pública e da realização de
exames, com um elevado número de participantes, tendo em vista assegurar a
concentração num único processo, a correr num único tribunal, das múltiplas
pretensões que os participantes nestes procedimentos pretendam deduzir no
contencioso administrativo.
TCA S, CA, 2157/17.2BELSB, 13-8-2018
PROCEDIMENTOS DE MASSA
II – O processo de contencioso de procedimentos de massa compreende as ações
respeitantes à prática ou omissão de atos administrativos (cfr. nº 1 do artigo 99º
do CPTA), podendo assim nele ser formuladas quer pretensões impugnatórias,
tendo em vista designadamente a declaração de nulidade ou a anulação de atos
administrativos, quer pretensões condenatórias, visando nomeadamente obter a
condenação das entidades administrativas na prática de atos administrativos
ilegalmente omitidos ou recusados.
III – Atento o seu objeto e natureza, este processo encontra-se sujeito a um
prazo de instauração mais curto do que os estabelecidos para idênticas
pretensões quando formuladas no âmbito da ação administrativa, estabelecendo
o nº 2 do artigo 99º do CPTA revisto, que salvo disposição legal em contrário, o
prazo de propositura dos processos de contencioso de procedimentos de massa
é de um mês.
TCA S, CA, 2157/17.2BELSB, 13-8-2018
PROCEDIMENTOS DE MASSA
IV – Não prevendo o artigo 99º do CPTA revisto nenhuma outra norma especial,
para além da fixação do prazo de 1 mês como prazo de caducidade do direito de
ação, a questão de saber como se haverá de proceder à contagem daquele prazo
haverá de encontrar resposta nas normas contidas no CPTA referentes às ações
respeitantes à prática ou omissão de atos administrativos, por força da remissão
contida no artigo 97º nº 1 alínea b) do CPTA.
V - Por efeito do disposto no artigo 59º nº 4 do CPTA, aplicável ex vi do artigo
97º nº 1 alínea b) do mesmo Código, o prazo de um mês para a instauração de
ação de contencioso de massas previsto no artigo 99º nº 2 suspende-se quando o
autor fizer uso de meios de impugnação administrativa, prazo que retoma o seu
curso com a notificação da decisão proferida sobre a impugnação administrativa
ou com o decurso do respetivo prazo legal.
TCA S, CA, 2157/17.2BELSB, 13-8-2018
EXCURSO SOBRE APENSAÇÃO
DE PROCESSOS
A PROPÓSITO DOS PROCEDIMENTOS DE MASSA
APENSAÇÃO DE PROCESSOS
27º/1/d), 28º, 49º/4/5, 61º, 99º/4/7, 113º/2 CPTA
INTIMAÇÕES URGENTES
INTIMAÇÕES
104 ss. CPTA
INTIMAÇÃO PARA ACESSO A
DOCUMENTOS
“Há mais de um ano que o Ministério da
Administração Interna (MAI) tem vindo a
recusar, dificultar ou protelar acesso a
informações e a documentação pedida pelo
PÚBLICO relacionada com os incêndios de 2017.
Os pedidos para acesso a documentos
começaram ainda nesse ano, sem que o MAI
tivesse mostrado vontade para ceder as
informações pedidas, excepto quando a isso foi
obrigado. Agora o Tribunal Administrativo do
Círculo de Lisboa veio dar razão ao PÚBLICO e
“intima” o ministério liderado por Eduardo
Cabrita a fornecer toda a informação requerida,
o que ainda não aconteceu, decorrendo ainda
prazo para o poder fazer ou para recorrer da
sentença.”
Público, 06.04.2019
INTIMAÇÃO PARA A PROTEÇÃO DE
DIREITOS, LIBERDADES E GARANTIAS
• I - São pressupostos do pedido de intimação para proteção de direitos,
liberdades e garantias os seguintes: i) a necessidade de emissão em
tempo útil e, por isso, com caráter de urgência de uma decisão de
fundo que seja indispensável para proteção de um direito, liberdade
ou garantia; ii) o pedido se refira à imposição de uma conduta positiva
ou negativa à Administração ou a particulares que se mostre apta a
assegurar esse direito; e iii) que não seja possível ou suficiente
acautelar o direito por outro meio processual, mormente através do
decretamento provisório de uma providência cautelar dependente de
uma ação administrativa ou de uma qualquer outra forma de processo
urgente principal.
– STA, 1ª Sec. 01005/18.0BELSB, 26,09,2019
Intimação para a proteção de
direitos, liberdades e garantias
“III - A intimação para proteção de direitos, liberdades e
garantias constitui um meio contencioso subsidiário de
tutela destinado a ser utilizado apenas nas situações em
que as outras formas de processo não se mostrem, ou não
se apresentem, como meios adequados ou aptos à
realização e efetiva proteção dos direitos, liberdades e
garantias, assegurando uma efetiva e plena tutela
jurisdicional, funcionando, assim, como uma válvula de
segurança do nosso sistema de garantias contenciosas.”
– STA, 1ª Sec. 01005/18.0BELSB, 26,09,2019
PROTEÇÃO DE DIREITOS,
LIBERDADES E GARANTIAS
“O Sindepor (Sindicato
Democrático dos Enfermeiros
Portugueses) entregou no dia
11 naquele tribunal (STA)
uma intimação para a
proteção de direitos,
liberdades e garantias da
classe, contestando a
requisição civil decretada
pelo Governo.”
TVI, 25, 19-2-2019
PROTEÇÃO DE DIREITOS,
LIBERDADES E GARANTIAS
A ação legal movida pela Prótoiro, o Clube Taurino Povoense e a empresa
Aplaudir fez ao Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto dois pedidos.
Embora se intitule uma “intimação para proteção de direitos, liberdades e
garantias”, pedia a condenação da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim a
disponibilizar “com urgência” a praça de touros da cidade e a do Ministério
da Cultura a fazer uma “vistoria” ao local, através do Inspeção-Geral das
Atividades Culturais, para que as três touradas previstas para breve
pudessem ser realizadas naquele espaço. Em nenhuma delas, a juíza deu
razão aos queixosos, considerando a intimação “totalmente improcedente”
e absolvendo a autarquia. Mas a sentença, de 9 de Setembro, é ainda assim
“uma vitória” para o trio que moveu a ação: “Fica claro que os municípios
não podem proibir touradas”, congratula-se o secretário-geral da Prótoiro,
Helder Milheiro
Público, 10-0.2019
PROCESSOS
CAUTELARES
PROCESSOS CAUTELARES
Arts. 112º ss. CPTA

Providências cautelares
do CPTA

Providências cautelares
do CPC

Providências cautelares
não especificadas
PROVIDÊNCIAS CAUTELARES
112º ss CPTA
Legitimidade processual ativa
• A providência cautelar apresentada pelo Chega,
relativa às restrições na circulação entre concelhos do
dia 30 de outubro a 3 de novembro, foi rejeitada pelo
Supremo Tribunal Administrativo (STA). As
magistradas não se pronunciaram sobre a legalidade
das medidas aplicadas pelo Governo, apenas sobre a
validade da iniciativa do Chega. O acórdão, a que a
Renascença teve acesso, lembra que “a ideia de ser
parte de uma relação controvertida está intimamente
associada à ideia da existência de um interesse
pessoal”. Maria Benedita Urbano, a relatora do
documento, admite que em certas circunstâncias se
prescinda da ideia do "interesse pessoal, mas
entende que não é o caso da iniciativa processual
apresentada pelo Chega. A juíza do STA defende que
da lei dos Partidos Políticos não se retira qualquer
conclusão no sentido da existência de uma
legitimidade ativa da parte do Chega.
– Renascença, 30.10.2020
PROCESSO PRINCIPAL E CAUTELAR
113.º e 114º CPTA

Processo principal: ação administrativa


previamente
juntamente na pendência

Processo acessório:
providência cautelar
Providências cautelares
• I - O periculum in mora constitui
verdadeiro leitmotiv da tutela cautelar,
pois é o fundado receio de que a demora
na obtenção de decisão no processo
principal cause danos de difícil ou
impossível reparação aos interesses
perseguidos nesse processo que motiva
ou justifica este tipo de tutela urgente;
III - A nível do fumus boni iuris não basta
constatar que não é manifesta a falta de
fundamento da pretensão vertida ou a
verter na ação principal, antes é
necessário poder-se concluir, a partir da
análise perfunctória das ilegalidades
invocadas, pela «probabilidade de
procedência da mesma»;
• STA, 0371/18, CA; 24/05/2018
PROVIDÊNCIAS CAUTELARES
120º CPTA

Legitimidade Legitimidade
Adequação
Providência Necessidade Tutela de
cautelar Proporcionalidade direito

Juiz
Proporcionalidade em sentido amplo
PROVIDÊNCIA CAUTELAR
“O Tribunal Administrativo e Fiscal de
Aveiro (TAFA) considerou improcedente a
providência cautelar interposta por David
Iguaz, do movimento Juntos pelo Rossio,
contra a revisão Plano Diretor Municipal
(PDM), anunciou hoje a Câmara de Aveiro.
Segundo um comunicado da Câmara, o
TAFA deu-lhe conhecimento quarta-feira da
sentença, em que a juíza titular do processo
“considerou como válidos um conjunto de
argumentos apresentados de forma
extensa e clara pela Câmara Municipal de
Aveiro sobre a validade dos processos de
Revisão do PDM e da Carta Educativa,
aguardando-se agora que a sentença
proferida transite em julgado”. Jornal das
Beiras, 27-2-2020
PROVIDENCIAS CAUTELARES
“O Tribunal Administrativo e Fiscal de
Penafiel rejeitou as três providências
cautelares interpostas pela empresa
Parque VE, dando razão ao Município
de Valongo no resgate das concessões
de estacionamento em Ermesinde e
Valongo. Para além de dar razão ao
município na questão do resgate que
este realizou “para defender o
interesse público”, o tribunal
confirmou também que a Parque VE
não tem poderes para fiscalizar o
estacionamento nas cidades de
Ermesinde e de Valongo.”
Jornal Novo Regional, 9-9-2019
RECURSOS
RECURSOS
(Arts. 140.º ss. CPTA)
LEGITIMIDADE PARA RECORRER
RECURSOS ORDINÁRIOS
(149º a 151º CPTA)

STA a) questões de direito


b) questões fundamentais

revista

revista
TCA’s
per saltum (ad quem) questões de facto e direito

aa) + 500 000 € apelação


ab) valor indeterminado
b) questões de direito
c) recurso de decisão TAC’s
de mérito
(a quo)
APELAÇÃO
I - O recurso de apelação previsto no art. 149.º do CPTA é um
verdadeiro recurso substitutivo pelo que o TCA está obrigado a
conhecer do mérito sempre que tal seja possível e que, sendo o
caso, substitua a decisão impugnada por uma nova e diferente
decisão.
III - O TCA ao limitar-se, na procedência do recurso, a revogar a
decisão judicial recorrida e julgando a ação administrativa
improcedente enferma de nulidade por omissão de pronúncia dada
a infração aos arts. 149.º, n.ºs 1 e 3 do CPTA, 660.º e 668.º, n.º 1,
al. d) ambos do CPC.
– STA, 0502/13, CA, 29/05/2014
APELAÇÃO E PROVIDÊNCIA
CAUTELAR
Revogada a sentença que,
julgando procedentes duas
exceções invocadas pelo
requerido, indeferiu a providência
cautelar por falta de fumus boni
juris, e nada mais obstando a tal,
deverá o tribunal de apelação
conhecer do pedido tal como
apresentado pela requerente.
STA, 0268/19.9BEPRT, I Sec., 23-01.2020
RECURSO DE REVISTA
150.º CPTA

• O recurso de revista excecional previsto no art. 150.º do


CPTA não corresponde à introdução generalizada de uma
nova instância de recurso, funcionando apenas como uma
“válvula de segurança do sistema”, pelo que só é
admissível se estivermos perante uma questão que, pela
sua relevância jurídica ou social, se revista de importância
fundamental, ou se a admissão deste recurso for
claramente necessária para uma melhor aplicação do
direito.
• STA, Sec. II, 0800/04.2BELSB, 22-01-2020
REVISTA
“Não se justifica admitir
revista relativamente a
questões cuja decisão
assentou em factos ou
juízos de facto, uma vez
que a reapreciação de
tais juízos está fora do
âmbito da revista (art.
12º, 4, do ETAF).”
STA, 1 Sec. 01753/18.5BELSB26-06-2019
REVISTA
• “Justifica-se a admissão do recurso de revista dado estar em
discussão quaestio juris relativamente do concreto regime
substantivo de responsabilidade civil do Estado aplicável e
disciplinador do acidente de viação que vitimou agente da
PSP em missão e que circulava como passageiro em viatura
afeta ao serviço da referida força policial, questão essa
relativamente à qual se verifica capacidade de expansão da
controvérsia e que envolve operações de dificuldade superior
ao comum, sendo que a solução firmada no acórdão
recorrido mostra-se dubitativa e não isenta de dúvidas.”
– STA, 1ª Sec. 02431/09.1BELSB, 23-04-2020
RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS
(Arts. 152º a 156º)
RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS

• Uniformização de
jurisprudência
• Partes e MP
• Contradição sobre a
mesma questão
fundamental de direito
• Anulação e substituição
do acórdão recorrido
Uniformização de Jurisprudência

I - Atento o disposto no nº 3 do artº 152º do CPTA não é admissível o


recurso para uniformização de jurisprudência, «se a orientação perfilhada
no acórdão impugnado estiver de acordo com a jurisprudência mais
recentemente consolidada do Supremo Tribunal Administrativo».
II – Se o Acórdão Recorrido seguiu a jurisprudência do Acórdão de
04.05.2017, posterior, portanto, ao Acórdão Fundamento que é de
07.12.2016, aquele proferido no âmbito do disposto no nº 1 do artº 148º do
CPTA, em julgamento ampliado em que intervieram todos os juízes da
secção, tendo-se uniformizado jurisprudência acerca das questões
suscitadas em ambos os Acórdãos [recorrido e fundamento], não é
admissível recurso para uniformização de jurisprudência, por ser esta a
jurisprudência mais recentemente consolidada deste Supremo Tribunal.
STA, PCA, 01369/17, 22.02.2018
Recursos extraordinários
• Revisão de sentença
transitada em julgado
• Ministério público e
partes do processo
• CPC 696.º ss.
– Elementos probatórios
novos
– Violação grave do due
process
OBRIGATORIEDADE
DAS DECISÕES JUDICIAIS

Artigo 158.º
Obrigatoriedade das decisões judiciais
1 - As decisões dos tribunais administrativos são obrigatórias
para todas as entidades públicas e privadas e prevalecem
sobre as de quaisquer autoridades administrativas.
2 - A prevalência das decisões dos tribunais administrativos
sobre as das autoridades administrativas implica a nulidade
de qualquer ato administrativo que desrespeite uma decisão
judicial e faz incorrer os seus autores em responsabilidade
civil, criminal e disciplinar, nos termos previstos no artigo
seguinte.
OBRIGATORIEDADE
DAS DECISÕES JUDICIAS
Artigo 159.º
Inexecução ilícita das decisões judiciais
1 - Para além dos casos em que, por acordo do interessado ou declaração judicial, nos
termos previstos no presente título, seja considerada justificada por causa legítima, a
inexecução, por parte da Administração, de sentença proferida por um tribunal
administrativo envolve:
a) Responsabilidade civil, nos termos gerais, quer da Administração quer das pessoas
que nela desempenhem funções;
b) Responsabilidade disciplinar, também nos termos gerais, dessas mesmas pessoas.
2 - A inexecução também constitui crime de desobediência qualificada, sem prejuízo de
outro procedimento especialmente fixado na lei, quando, tendo a Administração sido
notificada para o efeito, o órgão administrativo competente:
a) Manifeste a inequívoca intenção de não dar execução à sentença, sem invocar a
existência de causa legítima de inexecução;
b) Não proceda à execução nos termos que a sentença tinha estabelecido ou que o
tribunal venha a definir no âmbito do processo de execução.

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