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Faculdade de Direito de Conselheiro Lafaiete

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


PROFESSOR(A) WAGNER CAMILO MIRANDA

PROVAS NO PROCESSO DO TRABALHO

CONCEITO DE PROVA - Conjunto dos meios empregados para demonstrar a existência de


um ato jurídico ou a demonstração da verdade de um fato controvertido, relevante para a
solução do litígio.

FUNDAMENTO LEGAL - A CLT trata das provas no processo do trabalho nos artigos 818 a
837. Aplica-se subsidiariamente no processo do trabalho as regras contidas no CPC em caso de
lacuna na lei trabalhista conforme previsto no artigo 769 da CLT.

PRINCÍPIOS QUE DEVEM SER OBSERVADOS PELO JUIZ RELACIONADOS COM


PROVAS
a) Princípio do devido processo legal – Em face deste princípio as partes têm o direito
de produzir todas as provas previstas no ordenamento jurídico;
b) Princípio do contraditório e da ampla defesa – Sobre todas as provas produzidas
deverá ser concedido a outra parte a oportunidade para manifestação e conforme se tem no
artigo 332 do CPC todos os meios legais bem como os moralmente legítimos, ainda que não
especificados, são hábeis para provar a verdade dos fatos.
c)Princípio do livre convencimento motivado –ou Princípio da livre Persuasão racional
do juiz. O juiz tem ampla liberdade para colher às provas e apreciar a prova produzida nos
autos, mas deverá fundamentar a sua decisão apontar as razoes de decidir;
d) Princípio da licitude da prova –De acordo com o artigo 5º inciso LVI- são
inadmissíveis no processo as provas obtidas por meio ilícito. Este princípio tem por finalidade
preservar a dignidade e a moralidade no processo. No entanto, em situações excepcionais
admite-se a prova obtida por meio ilícito com fundamento nos princípios da ponderação dos
interesses da razoabilidade e da proporcionalidade.
e) Princípio da Busca da Verdade Real –Este princípio vem expresso nos artigos 765 da
CLT e 130 do CPC- De acordo com este princípio o juiz tem a direção do processo, e velará
pelo andamento rápido da causa, podendo determinar de oficio todas as provas necessárias e
indeferir as diligencias inúteis e desnecessárias.
f) Princípio da aquisição da prova para o processo ou da comunhão da prova -As
provas pertencem ao processo independentemente da parte que a produziu . Trazida a prova a
juízo ela passa a pertencer ao processo, não mais podendo ser extraída ou desconsiderada, pouco

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importando saber quem a produziu. Assim, o reclamante ou o reclamado não pode, por
exemplo, pedir que seja desconsiderado determinado testemunho feito por testemunha por eles
trazida a juízo sob o argumento de que depôs contra quem a trouxe.
g) Princípio da Unidade da Prova - A prova deve ser examinada no seu conjunto e não
de forma isolada.

OBJETO DAS PROVAS


Em regra provam-se os fatos não o direito Excepcionalmente, a lei determina que a
parte deverá provar não só o fato mas também o direito, ou seja, A parte que alegar direito
estadual, municipal, estrangeiro ou consuetudinário deverá fazer prova de seu teor e sua
vigência, se o juiz assim exigir (art. 376 do CPC). O mesmo se dá com as Convenções Coletivas
de Trabalho, Acordos Coletivos de Trabalho e regulamento de empresa. No entanto, tratando-se
de direito federal há uma presunção absoluta que o juiz o conhece.
Fatos que independem de provas
O artigo 374 do CPC de2015: Enumera os fatos que independem de prova, a saber:
a) Fato Notório – Assim entendido aquele que é de conhecimento geral do Grupo
Social em que ele ocorreu ou desperta interesse. Exemplo citado por Carlos Henrique Bezerra
Leite “é desnecessário provar que por ocasião das festas de final de ano as vendas crescem no
comércio,
b) Fatos Incontroversos, ou seja, aqueles alegados e não contestados pelo réu, e
c) Fatos cuja existência legal é presumida ou aqueles com presunção de veracidade ou
de existência: Ex.: O reclamante não precisa provar que sofreu coação ao aceitar uma alteração
contratual ilícita.
D) Fatos irrelevantes - São aqueles que não tenham nexo de casualidade com o tema
posto em discussão.

O ÔNUS DA PROVA - QUEM DEVE PROVAR


A lei 13.467/2017 deu nova redação ao artigo 818 da Consolidação das Leis do
Trabalho estabelece que no processo do trabalho a prova das alegações para ficar constando que
o ônus da prova incumbe ao reclamante quanto ao fato constitutivo de seu direito e ao
reclamado quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
reclamante.
Art. 818. O ônus da prova incumbe:

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I - Ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito;


II - Ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito do reclamante.

Inversão do ônus da Prova


Em algumas situações a jurisprudência altera essa regra.
Ex: Jornada de trabalho, Súmula 338 - é ônus do empregador que conta com mais de 10
(dez) empregados o registro da jornada de trabalho, na forma do artigo 74 da CLT. A não
apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa de veracidade da
jornada de trabalho declinada pelo que pode ser elidida por prova em contrário.
No que diz respeito à existência da relação de emprego admitida pela reclamada à
prestação de serviços, é desta o ônus de provar que a relação não era de emprego.
Ainda a Súmula 212 do TST estabelece que o ônus de provar o término da relação de
emprego é do empregador quando negadas a prestação de serviços e o despedimento em vista do
Princípio da Continuidade da Relação de Emprego.

Inversão do ônus da Prova e o Princípio da Aptidão Para a Prova

A lei da reforma trabalhista (13.467/2017, também acrescentou no artigo 818 o


parágrafo 1º, para estabelecer a possibilidade de inversão do ônus da prova nas hipóteses de
impossibilidade de fazer a prova ou quando houver excessiva dificuldade da parte para cumprir
o encargo ou quando se verificar maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário. Veja
como ficou o mencionado parágrafo 1º do artigo 818 da CLT:
§1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos deste artigo ou à
maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juízo atribuir o ônus da prova
de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a
oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
Para que não reste nenhuma dúvida, no parágrafo 2º também acrescentado no artigo
818, estabeleceu o momento em que deve ser preferida a decisão sobre a inversão do ônus da
prova, assim como deixou certo que a inversão do ônus da prova deve ser feita através de uma
decisão fundamentada do juiz, e também assegurou a parte a oportunidade de se desincumbir do
ônus que lhe foi atribuído, e se for uma decisão tomada na audiência, deverá haver o adiamento

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para possibilitar a parte se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.


§ 2o A decisão referida no § 1o deste artigo deverá ser proferida antes da abertura da
instrução e, a requerimento da parte, implicará o adiamento da audiência e possibilitará provar
os fatos por qualquer meio em direito admitido.
§3o A decisão referida no § 1o deste artigo não pode gerar situação em que a
desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.”
Assim, as novas regras celetistas permitem expressamente a distribuição dinâmica do
ônus da prova pelo juiz. Além disso, o §3º do aludido artigo 818 da CLT dispõe que a decisão
de redistribuição do ônus da prova não pode gerar “situação em que a desincumbência do
encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil”.
Não se trata, porém, de algo novo no ordenamento jurídico brasileiro. O Código de
Defesa do Consumidor (Lei Federal nº 8.078/90) indicou expressamente como direito básico do
consumidor a “facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova,
a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for
ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências” (artigo 6º, inciso VIII), assim
como o novo CPC admite expressamente essa possibilidade.
A aplicação no ônus da prova do princípio da aptidão atende ao escopo social do
processo, que é eliminar conflitos mediante critérios justos {...}. O fundamento para aplicação
do princípio da aptidão está na justiça distributiva aliada ao princípio da igualdade, cabendo a
cada parte aquilo que normalmente lhe resulta mais fácil, e por esses fundamentos, tem-se que a
referida regra aplica-se no processo do trabalho.

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