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DIREITO ––––

INTERNACIONAL

4. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
DELEGADO
POLÍCIA FEDERAL

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Notas autor

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MarceloFranca
Marcelo Franca
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Delegado PolíciaFederal
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Aprovado colocaçãononoconcurso
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2018

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COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Pontos do edital abrangidos: 2.3 Aspectos penais do Protocolo de São Luís (Decreto nº 3.468/2000). 2.4
Convenção das Nações Unidas contra o crime organizado transnacional (Convenção de Palermo); Decreto nº
5.015/2004. 2.5 Decreto nº 5.017/2004 (protocolo adicional à convenção das Nações Unidas contra o crime
organizado transnacional relativo à prevenção, repressão e punição do tráfico de pessoas, em especial
mulheres e crianças). 2.6 Atribuições do Departamento de Polícia Federal para questões decorrentes de
tratados internacionais. (...) 7 Cooperação internacional: espécies e procedimentos. 8 Cooperação policial
internacional. 9 Cooperação jurídica internacional em matéria penal. (...) 11 Decreto nº 154/1991 12 Decreto
nº 3.468/2000. 13 Decreto nº 5.015/2004. 14 Decreto nº 5.016/2004. 15 Decreto nº 5.017/2004. 16 Decreto
nº5.687/2006. 17 Decreto nº 5.941/2006. 18 Decreto nº 6.340/2008. 19 Decreto nº 8.833/2016.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................... 4

CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................................................................................. 4

ESPÉCIES E PROCEDIMENTOS DE COOPERAÇÃO ............................................................................................................ 5

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2. TRATADOS INTERNACIONAIS RELATIVOS À COOPERAÇÃO EM MATÉRIA PENAL ............................... 7

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................................. 7

CONVENÇÃO DE PALERMO ................................................................................................................................................... 8

CONVENÇÃO DE MÉRIDA .................................................................................................................................................... 12

CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE O TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES ........................................................... 15

3. INSTRUMENTOS DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL EM MATÉRIA PENAL .......................................... 17

CARTA ROGATÓRIA ............................................................................................................................................................... 17

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGERIA .......................................................................................................... 20

AUXÍLIO DIRETO ...................................................................................................................................................................... 22

EXTRADIÇÃO ............................................................................................................................................................................ 23

TRANSFERÊNCIA DE EXECUÇÃO DA PENA .................................................................................................................... 34

TRANSFERÊNCIA DE PESSOA CONDENADA ................................................................................................................... 35

COOPERAÇÃO POLICIAL INTERNACIONAL ................................................................................................................... 36

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1. INTRODUÇÃO

CONTEXTUALIZAÇÃO
A transnacionalidade é uma das principais marcas da criminalidade do século XX. Com a
aceleração da globalização, principalmente após a Guerra Fria, o trânsito internacional de bens
(lícitos e ilícitos) e de pessoas (criminosos e inocentes) intensificou-se bastante. Crimes cometidos,
antes somente na seara doméstica, passaram a ocorrer para além das fronteiras nacionais. Os
países então se deparam com a necessidade de colher provas em território estrangeiro, de localizar
as testemunhas e foragidos internacionais, de identificar capital alocado em paraísos fiscais, entre
outras questões.

No entanto, sabemos que a soberania dos países limita os atos investigativos e processuais
exercidos por suas autoridades ao seu próprio território. Não é possível, por exemplo, que a
polícia brasileira prenda um indivíduo no território espanhol, tampouco que um juiz brasileiro
solicite dados bancários a uma instituição financeira das Ilhas Cayman.

Diante dessa nova realidade, o sucesso das persecuções penais domésticas passa a depender de
instrumentos de auxílio mútuo entre os países, por meio dos quais autoridades persecutórias de

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um Estado praticam atos no interesse da persecução penal de autoridades de outro Estado, como a
oitiva de testemunhas, a localização de suspeitos, a prisão de processados e condenados, o
confisco de bens, o levantamento de sigilo bancário, a realização de perícias, dentre outros.

Assim, podemos conceituar a cooperação internacional em matéria penal como o meio pelo qual
autoridades de um estado soberano auxiliam autoridades de outro estado soberano, no exercício
da sua persecução penal.

Além da cooperação em matéria penal, obviamente é comum que os Estados cooperem em


matéria cível, auxiliando-se mutuamente na realização de intimações, tomadas de depoimento,
em processos de natureza civil, como aqueles relativos a alimentos, guarda, contratos,
responsabilidade civil, direitos autorais, etc.

Considerando o conteúdo do edital e o retrospecto das provas anteriores, neste resumo trataremos
dos instrumentos de cooperação internacional em matéria penal e os atos normativos internos e
internacionais que cuidam do assunto.

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ESPÉCIES E PROCEDIMENTOS DE COOPERAÇÃO


A cooperação internacional pode ser dividida, conforme a seguir.

a) Cooperação jurídica internacional:

i. Em matéria penal;

ii. Em matéria civil.

b) Cooperação policial internacional.

Pode também ser classificada em ativa (país solicita ajuda) e passiva (país recebe solicitação de
ajuda).

A cooperação internacional em matéria penal é objeto de estudo do Direito Penal Internacional.


Nesse sentido, é necessário fazer a seguinte distinção:

1. Direito Penal Internacional: conjunto de normas que visa a promover a cooperação


internacional para o combate aos ilícitos transnacionais e aos crimes que envolvem ações
em mais de um Estado (cooperação internacional em matéria penal);

2. Direito Internacional Penal: conjunto de normas que visa a reprimir os atos que
configuram crimes internacionais (ex. o TPI é uma entidade própria do direito internacional

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penal).

INSTRUMENTOS E MEIOS DE COOPERAÇÃO JURÍDICA EM MATÉRIA PENAL


A cooperação jurídica internacional pode se dar por vários instrumentos, dentre os quais
destacamos:

a) auxílio direto;

b) carta rogatória;

c) homologação de sentença estrangeira;

d) extradição;

e) transferência e execução;

f) transferência de pessoa condenada.

É importante pontuar que a cooperação internacional pode estar lastreada em tratado


internacional (bilateral ou multilateral), na promessa de reciprocidade ou mesmo

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independentemente de qualquer acordo, com base apenas em normas internas. Assim, nenhum
dos instrumentos acima depende da existência de tratado entre os países para serem utilizados.

Com relação ao meio de estabelecimento da cooperação entre os países, há basicamente duas


possibilidades:

É o meio tradicional e mais antigo de cooperação internacional. O pedido de


Meio cooperação transita por meio dos órgãos integrantes dos Ministérios das
diplomático Relações Exteriores dos países (missões diplomáticas ou outros setores
competentes).

Canal mais moderno de cooperação, criado para acelerar e desburocratizar o


trâmite dos pedidos de cooperação internacional. As Autoridades Centrais
são órgãos governamentais, designados por meio de tratado para concentrar
a recepção e o envio de pedidos de cooperação entre os países signatários.

A principal autoridade central brasileira (prevista na maioria dos tratados) é


o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica
Internacional - DRCI da Secretaria Nacional de Justiça, órgão do Ministério
da Justiça. No entanto, alguns tratados podem prever outros órgãos como

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Autoridades autoridades centrais.
centrais
Ex.: Departamento de Estrangeiros (DEST) da Secretaria Nacional de Justiça/MJ,
que é competente para os pedidos de transferência de presos.

Ex.: Procuradoria-Geral da República é a autoridade central prevista na Convenção


sobre Prestação de Alimentos no Estrangeiro, de 1956, e nos tratados de cooperação
em matéria penal celebrados entre o Brasil e governos do Canadá e Portugal.

Ex.: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, designada


autoridade central na Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional
de Crianças, de 1980 e em outros tratados.

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2. TRATADOS INTERNACIONAIS RELATIVOS À


COOPERAÇÃO EM MATÉRIA PENAL

INTRODUÇÃO
O Brasil é signatário de diversos acordos bilaterais e multilaterais de cooperação internacional em
matéria penal. No edital da Polícia Federal (2021), são trazidos os seguintes diplomas
internacionais (representados pelos decretos promulgadores – ou seja, todos foram assinados, ratificados e
promulgados pelo nosso país):

• Decreto nº 154/1991 (Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias


Psicotrópicas – Convenção de Viena de 1988);

• Decreto nº 5.687/2006 (Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção - Convenção de


Mérida de 2003);

• Decreto nº 5.015/2004 (Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado


Transnacional – Convenção de Palermo de 2000);

• Decreto nº 5.016/2004 (Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime

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Organizado Transnacional, relativo ao Combate ao Tráfico de Migrantes por Via Terrestre,
Marítima e Aérea);

• Decreto nº 5.017/2004 (Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime
Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de
Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças);

• Decreto nº 5.941/2006 (Protocolo contra a Fabricação e o Tráfico Ilícito de Armas de Fogo,


suas Peças, Componentes e Munições, complementando a Convenção das Nações Unidas
contra o Crime Organizado Transnacional);

• Decreto nº 3.468/2000 (Protocolo de Assistência Jurídica Mútua em Assuntos Penais entre os


Governos da República Federativa do Brasil, da República Argentina, da República do
Paraguai e da República Oriental do Uruguai - Protocolo de San Luís de 1996);

• Decreto nº 6.340/2008 (Convenção Interamericana sobre Assistência Mútua em Matéria


Penal, assinada em Nassau, em 23 de menção de Auxílio Judiciário em Matéria Penal entre

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os Estados Membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, firmada pela


República Federativa do Brasil, em Cidade da Praia, em 23 de novembro de 2005).

Neste tópico estudaremos, dentre esses atos, apenas os principais, que possuem maiores chances
de serem cobrados na sua prova.

CONVENÇÃO DE PALERMO

INTRODUÇÃO
A Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, ou UNTOC na sigla
em inglês, adotada em Nova York, em 15 de novembro de 2000, chamada de Convenção de
Palermo, foi assinada e ratificada pelo Brasil. No plano interno, a Convenção foi promulgada pelo
Decreto 5.015, de 12/03/2004, estando em vigor desde então.

A UNTOC surge como um meio de união de forças entre Estados soberanos para a prevenção e o
combate mais eficaz ao crime organizado transnacional (art. 1º).

Em suma, pode-se dizer que a Convenção tem como disposições principais: (a) dispositivos que
trazem compromisso de criação, pelos países membros, de determinadas normas domésticas
relativas à criminalização de condutas (mandados de criminalização), alcance de jurisdição e

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responsabilidade penal; (b) dispositivos que preveem meios especiais de obtenção de prova; (c)
dispositivos que preveem medidas de proteção a vítimas, testemunhas, peritos e réus
colaboradores; (d) dispositivos que preveem medidas para decretação do confisco e
indisponibilidade de bens; (e) dispositivos que preveem meios de cooperação internacional; (f)
dispositivos que preveem mecanismos administrativos de prevenção ao crime organizado
transnacional.

DISPOSITIVOS RELATIVOS À CRIMINALIZAÇÃO DE CONDUTAS, ALCANCE


DE JURISDIÇÃO E RESPONSABILIDADE PENAL

Como não é possível que sejam criados tipos penais diretamente por meio de atos internacionais
(violação do princípio da legalidade, na sua vertente lex populi), é comum que, em tratados que versem
sobre matéria criminal, sejam previstos mandados de criminalização, ou seja, dispositivos por
meio dos quais os Estados Partes comprometem-se a adotar medidas legislativas ou outras que
sejam necessárias para caracterizar como infração penal, em seus ordenamentos jurídicos internos,
determinadas condutas.

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A Convenção de Palermo trouxe vários dispositivos nesse sentido, por meio dos quais os Estados
Partes comprometem-se a adotar medidas para:

• Art. 5 - criminalização da participação em um grupo criminoso organizado;

• Art. 6 - criminalização da lavagem do produto de crimes;

• Art. 8º - criminalização da corrupção (nacional e internacional);

• Art. 10 – responsabilização penal, civil ou administrativa de pessoas jurídicas que


participem em infrações graves envolvendo um grupo criminoso organizado e que
cometam as infrações enunciadas nos Artigos 5, 6, 8 e 23;

• Art. 15 – estabelecer a sua competência jurisdicional em relação às infrações enunciadas nos


Artigos 5, 6, 8 e 23 da presente Convenção, nos casos de crimes cometidos em seu território,
cometidos a bordo de aeronaves de sua matrícula e navios de sua bandeira, entre outras
situações;

• Art. 23 - criminalização da obstrução à justiça.

CONCEITO DE GRUPO CRIMINOSO DA CONVENÇÃO DE PALERMO

Uma das inovações da Convenção de Palermo foi a fixação de um conceito do que é um grupo

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criminoso organizado, previsto no art. 2, “a”. Para fins de prova, é importante saber as diferenças
do conceito de organização criminosa da UNTOC e da Lei nº 12.830/2013. Vejamos as definições:

Art. 2, “a”, da Convenção de Palermo Art. 1º, §1º, da Lei nº 12.850/2013

"Grupo criminoso organizado" - grupo “Considera-se organização criminosa a


estruturado de três ou mais pessoas, existente associação de 4 (quatro) ou mais pessoas
há algum tempo e atuando concertadamente estruturalmente ordenada e caracterizada pela
com o propósito de cometer uma ou mais divisão de tarefas, ainda que informalmente,
infrações graves ou enunciadas na presente com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
Convenção, com a intenção de obter, direta vantagem de qualquer natureza, mediante a
ou indiretamente, um benefício econômico ou prática de infrações penais cujas penas máximas
outro benefício material; sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam

"Infração grave" - ato que constitua infração de caráter transnacional”


punível com uma pena de privação de
liberdade, cujo máximo não seja inferior a

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quatro anos ou com pena superior;

"Grupo estruturado" - grupo formado de


maneira não fortuita para a prática imediata
de uma infração, ainda que os seus membros
não tenham funções formalmente definidas,
que não haja continuidade na sua composição
e que não disponha de uma estrutura
elaborada;

As diferenças principais são, portanto, as seguintes:

a) Na UNTOC, o número mínimo de pessoas corresponde a três e na Lei nº 12.850/2013, a


quatro;

b) Na UNTOC, o grupo criminoso deve possuir a intenção de obter, direta ou indiretamente,


um benefício econômico ou material. Já na Lei nº 12.850/2013, o grupo pode buscar obter
vantagem de qualquer natureza.

Atenção: é importante acrescentar que o STF já decidiu que, o conceito de organização criminosa
que está positivado no art. 2º da Convenção de Palermo não era apto, para, antes da entrada em

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vigor das Leis nº 12.694/12 e nº 12.850/2013, ser utilizado diretamente para imputação criminal.
Consagrou-se a tese de que tratado internacional não é meio apto para criar normas penais
incriminadoras, por violação ao princípio da legalidade, na sua vertente lex populi. A tese foi fixada
em 2012, no julgamento dos bispos da Igreja Renascer (HC 96.007/SP), em que se pretendia a
imputação aos réus do crime de lavagem de capitais, tendo como antecedente o crime de
organização criminosa. A investigação demonstrou que os réus se valeriam de estrutura de
entidade religiosa e de empresas vinculadas para arrecadar vultosos valores, ludibriando fiéis
mediante fraudes, desviando numerários oferecidos para finalidades ligadas à Igreja, da qual
aqueles seriam dirigentes, em proveito próprio e de terceiros. À época dos fatos, a Lei de Lavagem
de Capitais ainda trazia um rol taxativo de crimes antecedentes, dentre os quais constava o crime
praticado por organização criminosa. Também à época, estava em vigor a Lei nº 9.034/95, que,
apesar de definir e regular meios de prova e procedimentos investigatórios referentes a ilícitos
decorrentes de ações praticadas por quadrilha ou bando ou organizações ou associações
criminosas de qualquer tipo (art. 1°, caput), não trazia uma definição legal de organizações
criminosas. A tese fixada foi a de que a conduta dos religiosos seria atípica, na medida em que não
havia no sistema jurídico brasileiro uma lei nacional válida, que definisse o que se deveria

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considerar por organização criminosa, fato que inviabilizaria a aplicação do conceito dado pela
Convenção de Palermo, para a promoção de responsabilização de acusados das práticas dos
crimes posteriores de lavagem de capitais. Os bispos também não poderiam ser responsabilizados
por lavagem de capitais tendo como antecedentes os demais crimes praticados (fraudes), na
medida em que estes não constavam do rol taxativo da Lei de Lavagem.

MEIOS DE OBTENÇÃO DE PROVA, MEDIDAS DE INDISPONIBILIDADE


PATRIMONIAL E DE PROTEÇÃO A VITIMAS, COLABORADORES E PERITOS

A Convenção de Palermo dispõe também sobre os meios especiais de obtenção de prova, medidas
de proteção a vítimas, testemunhas, peritos e réus colaboradores além de medidas de
indisponibilidade patrimonial. Nesse âmbito, podemos destacar os seguintes dispositivos:

a) colaboração premiada (art. 26);

b) entregas vigiadas, a vigilância eletrônica e a infiltração policial (art. 20);

c) medidas de proteção para vítimas (arts. 24.4 e 25), testemunhas (art. 24) e colaboradores (art.
26.4);

d) normas sobre indisponibilidade, perdimento e cooperação para confisco de ativos, assim como
sobre sua destinação (art. 12 a 14).

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MEIOS DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
A Convenção de Palermo traz também normas que preveem mecanismos de cooperação
internacional para auxílio mutuo na persecução penal de grupos criminosos organizados. Dentre
esses podemos destacar:

• assistência jurídica internacional em geral (art. 18);

• extradição (art. 16);

• formação de equipes conjuntas de investigação (art. 19);

• transferência de processos penais (art. 21);

• transferência de pessoas condenadas (art. 17);

• repatriação de ativos (art. 13).

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PROTOCOLOS ADICIONAIS

A Convenção de Palermo é complementada por três protocolos adicionais. Reiteramos que o Basil
assinou os três protocolos. Todos eles também já foram promulgados. São eles:

Protocolo Adicional à Convenção das Nações


Unidas contra o Crime Organizado Transnacional,
Decreto nº 5.016 de 12 de março de 2004
relativo ao Combate ao Tráfico de Migrantes por
Via Terrestre, Marítima e Aérea

Protocolo Adicional Relativo à Prevenção,


Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em Decreto nº 5.017 de 12 de março de 2004
Especial Mulheres e Crianças

Protocolo Adicional Relativo à Fabricação e o


Tráfico Ilícito de Armas de Fogo, suas Peças, Decreto nº 5.941 de 26 de outubro de 2006
Componentes e Munições

CONVENÇÃO DE MÉRIDA

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INTRODUÇÃO

A Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, de 2003, ou UNCAC na sigla em inglês,
chamada de Convenção de Mérida, adotada em Nova York, em 31 de outubro de 2003, foi
assinada e ratificada pelo Brasil. No plano interno, a Convenção foi promulgada pelo Decreto nº
5.687, de 31/01/2003, estando em vigor desde então.

A UNCAC surgiu a partir da preocupação dos países com o combate e a prevenção da corrupção,
considerada um mal para a “estabilidade e a segurança das sociedades, ao enfraquecer as
instituições e os valores da democracia, da ética e da justiça e ao comprometer o desenvolvimento
sustentável e o Estado de Direito” que “deixou de ser um problema local para converter-se em um
fenômeno transnacional que afeta todas as sociedades e economias” (preâmbulo).

A finalidade da convenção é: (a) promover e fortalecer as medidas para prevenir e combater mais
eficaz e eficientemente a corrupção; (b) promover, facilitar e apoiar a cooperação internacional e a
assistência técnica na prevenção e na luta contra a corrupção, incluída a recuperação de ativos; (c)

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promover a integridade, a obrigação de render contas e a devida gestão dos assuntos e dos bens
públicos (art. 1).

ÂMBITO DE APLICAÇÃO
A UNCAC aplica-se “à prevenção, à investigação e à instrução judicial da corrupção e do
“embargo preventivo” (houve um erro de tradução na versão em português do tratado. Sequestro/arresto
seria a tradução correta), da apreensão, do confisco e da restituição do produto de delitos” (art. 3,
1).

Atenção: para a aplicação da Convenção, a menos que haja disposição em contrário, não será
necessário que os delitos enunciados nela produzam dano ou prejuízo patrimonial ao Estado (art.
3, 2).

A UNCAC aplica-se à conduta de funcionários públicos nacionais (detentores de cargos públicos


empregados de empresas estatais), funcionários estrangeiros e funcionários de organismos
internacionais (art. 2, “a” a “c”).

ESTRUTURA DA CONVENÇÃO

A convenção é composta por 71 artigos, divididos em 8 capítulos. Os mais importantes estão

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reunidos em quatro capítulos:

Prevê o compromisso dos Estados em adotar mecanismos de prevenção


contra a corrupção, como: (a) criação de órgãos independentes de
prevenção e difusão de conhecimento em matéria de prevenção à
corrupção; (b) adoção de sistemas de convocação, contratação, retenção,
promoção e aposentadoria de funcionários públicos com critérios
objetivos de mérito, baseados na transparência e eficiência; (c) normas de
Capítulo II conduta para funcionários públicos para o correto, honroso e devido
Prevenção cumprimento das funções públicas; (d) medidas e sistemas que facilitem
a denúncia de atos de corrupção; (e) transparência e adoção de critérios
objetivos nos procedimentos de licitação; (f) transparência, acesso à
informação e prestação de contas em geral; (g) independência do
judiciário e do ministério público; (h) medidas de prevenção para o setor
privado; (i) promoção da participação da sociedade; (j) medidas de
prevenção contra a lavagem de dinheiro.

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Prevê o compromisso dos Estados em adotar medidas legislativas para


tipificar: suborno de funcionários públicos nacionais, estrangeiros e de
organismos internacionais; malversação ou peculato, apropriação
indébita ou outras formas de desvio de bens por um funcionário público;
tráfico de influências; abuso de funções; enriquecimento ilícito; suborno
no setor privado; malversação ou peculato de bens no setor privado;
lavagem do produto de delito; encobrimento (seria como o favorecimento
real); obstrução da justiça. Prevê ainda o compromisso de estabelecer a
responsabilidade penal, civil ou administrativa de pessoas jurídicas;
prazos de prescrição amplos; sanções proporcionais a gravidade dos
Capítulo III
delitos; equilíbrio apropriado entre prerrogativas jurisdicionais dos
Penalização e
funcionários públicos e a efetividade das investigações e processo;
aplicação da lei
sanções de inabilitação temporária para o exercício de cargos públicos;
medidas para autorizar o confisco, apreensão e embargo preventivo
(seria o sequestro/arresto) de bens; medidas de proteção a testemunhas,
peritos, vítimas e denunciantes; medidas que proporcionem a
colaboração premiada; cooperação entre órgãos públicos e entre esses e o
setor privado; levantamento de sigilo bancário; registro adequado de

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antecedentes penais e medidas para garantir o alcance da jurisdição sobre
atos, nos casos de crimes cometidos em seu território, cometidos a bordo
de aeronaves de sua matrícula e navios de sua bandeira, entre outras
situações;

Prevê os seguintes institutos: (a) extradição; (b) assistência judicial


recíproca em processos e investigações criminais; (c) enfraquecimento de
ações penais (houve aqui uma péssima tradução – o texto original referia-
Capítulo IV se à transferência de processos penais); (d) cooperação em matéria de
cumprimento da lei; (e) investigações conjuntas.
Cooperação
Internacional A convenção prevê também o compromisso dos Estados de adotar, nas
suas legislações internas, técnicas especiais de investigação, como a
entrega vigiada e a vigilância eletrônica inclusive no plano da cooperação
internacional.

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15

A restituição de ativos de acordo com este capítulo é enunciada como um


princípio fundamental da UNCAC (art. 51). Neste capítulo, a convenção
Capítulo V prevê o compromisso pelos Estados de adoção de medidas para
Recuperação De adequado registro de titulares de contas bancárias e respectivas
Ativos movimentações, mecanismos de cooperação internacional para fins de
confisco, restituição de ativos, criação de departamentos especializados
em inteligência financeira, entre outros.

COAF

Prevê o art. 7º, 1, “b”, da Convenção, que cada Estado Parte “(...) considerará a possibilidade de
criar um serviço de informação financeira que funcione como centro nacional de coleta, análise e
difusão de informação relativa a eventuais atividades de lavagem de dinheiro”.

Em cumprimento ao disposto na Convenção, o Brasil criou, por meio da Lei nº 9.613/1998


(lavagem de capitais), o COAF, unidade de inteligência financeira brasileira com a finalidade de
“disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas
de atividades ilícitas previstas nesta lei” (art. 14, caput, da referida Lei).

Cabe à instituição receber, armazenar e sistematizar informações, elaborar relatórios e contribuir

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por meio do planejamento estratégico, de ações de inteligência e de gestão de dados. Além disso, o
COAF detém atribuições de supervisão administrativa de setores sensíveis e de formulação de
políticas para o combate à lavagem.

CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE O TRÁFICO ILÍCITO DE


ENTORPECENTES
A Convenção contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas foi firmada em
1988, em Viena, tendo sido assinada e ratificada pelo Brasil. No plano interno, a Convenção foi
promulgada pelo Decreto nº 154, de 26/06/1991, estando em vigor desde então.

A Convenção de Viena surgiu a partir da preocupação dos países com “a magnitude e a crescente
tendência da produção, da demanda e do tráfico ilícitos de entorpecentes e de substâncias
psicotrópicas, que representam uma grave ameaça à saúde e ao bem-estar dos seres humanos e
que têm efeitos nefastos sobre as bases econômicas, culturais e políticas da sociedade”
(considerações da convenção).

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A Convenção ainda associa o tráfico de drogas à exploração infantil e a outras atividades ilícitas
que “minam as economias lícitas de ameaçam a estabilidade, a segurança e a soberania dos
Estados”.

A finalidade da Convenção é “promover a cooperação entre as Partes a fim de que se possa fazer
frente, com maior eficiência, aos diversos aspectos do tráfico ilícito de entorpecentes e de
substâncias psicotrópicas que tenham dimensão internacional” (art. 1).

Os Estados Partes comprometeram-se a caracterizar como delitos penais em seu direito interno: o
tráfico de entorpecentes; o cultivo de sementes de ópio, de arbusto de coca e da planta canabis
com a finalidade de produzir entorpecentes; fabricação, transporte e utilização de equipamento
destinado à produção de droga; financiamento gestão e organização do tráfico; lavagem de
capitais decorrente do tráfico de drogas, dentre outras condutas.

Os Estados Partes comprometeram-se ainda a aplicar sanções proporcionais à gravidade dos


delitos e prever prazos prescricionais dilatados, medidas de máxima eficiência para a detecção
desses delitos, não caracterização dos delitos como crimes políticos, extensão de sua jurisdição
para crimes dessa natureza cometidos no seu território, a bordo de navios ou aeronaves de seu
registro ou matrícula, entre outras situações.

Dentre as medidas para a investigação e repressão dos delitos, a Convenção traz:

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1. apreensão preventiva (indisponibilidade temporária);

2. confisco (perdimento definitivo dos bens);

3. entrega vigiada;

4. extradição;

5. assistência jurídica recíproca;

6. transferência de procedimentos penais;

7. medidas para evitar o desvio das substâncias utilizadas com Frequência na Fabricação
Ilícita de Entorpecentes e de Substâncias Psicotrópicas (obs.: o controle dos produtos químicos
utilizados como insumos para a produção de drogas é feito pela Polícia Federal – trata-se de um dos
exemplos de sua atuação de polícia administrativa);

8. medidas para erradicar o cultivo ilícito de plantas das quais se extraem entorpecentes e
para eliminar a demanda ilícita de entorpecentes e de substâncias psicotrópicas;

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9. medidas adequadas a fim de garantir que os meios de transporte utilizados por


transportadores comerciais não sejam utilizados para o tráfico de drogas;

10. cooperação para eliminar o tráfico ilícito por mar, de acordo com o estabelecido no direito
internacional do mar;

11. cooperação a fim de suprimir a utilização dos serviços postais para o tráfico ilícito.

3. INSTRUMENTOS DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL


EM MATÉRIA PENAL

CARTA ROGATÓRIA
Carta rogatória é um instrumento de cooperação jurídica internacional, por meio do qual uma
autoridade judiciária de um Estado estrangeiro solicita que o Poder Judiciário de outro país
pratique determinado ato processual em seu território, com a finalidade de instruir um processo
judicial em curso.

Ex.: tomada de depoimento de testemunha, interrogatório, busca e apreensão, etc.

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No campo penal, as rogatórias estão reguladas pelo art. 780 a 790 do Código de Processo Penal
(alguns dispositivos não foram recepcionados, como aquele que estabelece a competência do STF
para conceder o exequatur), pelos art. 216-O a 216-X do Regimento Interno do STJ, bem como pelos
tratados internacionais que envolvam o Estado rogante e o Estado rogado. Subsidiariamente, pode
ser aplicado o regramento do CPC.

OBJETO
As cartas rogatórias podem ter por objeto atos processuais decisórios ou não decisórios de caráter
não executório.

Atenção: é pacífico na doutrina e na jurisprudência que as cartas rogatórias são o instrumento de


cooperação adequado para o cumprimento de atos processuais de caráter instrutório, ou seja, que
possuam a finalidade de instruir o processo de conhecimento que tramita no estrangeiro (ex.:
citações, interrogatórios, requisição de dados bancários, exames periciais, buscas e apreensões
probatórias, etc.). Não devem ser cumpridas rogatórias que impliquem em ato executório (ex.:
arresto, sequestro, penhora, transferência de títulos ou de bens, etc.). O instrumento adequado

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para o cumprimento das medidas executórias não é a carta rogatória, mas sim, a homologação de
sentença estrangeira.

ESPÉCIES
As rogatórias podem ser:

a) ativas: o Brasil as expede, sendo, portanto, o Estado rogante;

b) passivas: o Brasil as recebe, sendo, portanto, o Estado rogado.

ROGATÓRIA PASSIVA

A carta rogatória passiva, em regra, antes de ser cumprida no Brasil, precisa receber um
exequatur, que é exarado pelo STJ (art. 105, I, i, da CF/88).

Por meio do exequatur, o STJ verifica se o ato processual solicitado pela autoridade judiciária
estrangeira é compatível com o ordenamento brasileiro. Caso seja, o Tribunal concede o
exequatur, que significa “cumpra-se”.

Após o exequatur concedido pelo STJ à carta rogatória, esta será cumprida por um juiz federal
(art. 216-V do RISTJ).

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Muita atenção: a rogatória passiva será analisada pelo STJ somente quanto aos requisitos para que
o pronunciamento judicial estrangeiro produza efeitos no Brasil. Esse é o chamado “juízo de
delibação”. É vedado ao STJ e mesmo ao juízo federal que dará cumprimento à rogatória, adentrar
no mérito do pronunciamento judicial estrangeiro (art. 216-V, RISTJ e art. 36 do CPC). Aplica-se
aqui o princípio da confiança na jurisdição rogante. Portanto, regras de competência, regras para
levantamento de sigilos e regras procedimentais presumir-se-ão já analisadas pelo juiz estrangeiro,
não cabendo ao judiciário brasileiro apreciar tais questões.

O RISTJ apenas impõe que não será concedido exequatur à carta rogatória que ofender a
soberania nacional, a dignidade da pessoa humana e/ou a ordem pública (art. 216-P).

Segundo o art. 784, caput, do CPP, as cartas rogatórias passivas só serão cumpridas se o crime,
segundo a lei brasileira, for passível de extradição.

Cumprida a carta rogatória ou verificada a impossibilidade de seu cumprimento (ex.: pessoa a ser
interrogada faleceu), será devolvida ao Presidente do Tribunal no prazo de dez dias, e ele a
remeterá, em igual prazo, por meio do Ministério da Justiça ou do Ministério das Relações
Exteriores, à autoridade estrangeira de origem (Art. 216-X do RISTJ).

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ROGATÓRIA ATIVA

As cartas rogatórias ativas devem ser expedidas pelo juízo brasileiro responsável pela prática do
ato ao Ministro da Justiça (art. 783 do CPP), a quem cabe dar continuidade ao trâmite até o
recebimento pelo país estrangeiro. Não há muito o que falar sobre a rogatória ativa, tendo em vista
que a maior parte do procedimento ocorre no país estrangeiro e é regulado pelas suas próprias
leis.

TRÂMITE
O trâmite das cartas rogatórias depende da existência ou não de tratado internacional entre o país
rogante o país rogado.

A carta será enviada ou recebida por via diplomática. No caso da carta


rogatória ativa, compete ao juízo brasileiro que deseja a prática do ato o
envio da carta ao Ministro da Justiça e a este o envio ao Ministério das
Não existe tratado Relações Exteriores, que, por sua vez, remeterá a Carta ao país
internacional estrangeiro pela via diplomática (Portaria 26 de 14 de agosto de 1990, do
Ministério das Relações Exteriores). No caso da rogatória passiva, esta
será recebida pelo MRE pela via diplomática e caberá ao próprio

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Ministério enviá-la ao STJ para concessão de exequatur.

O próprio tratado internacional designará qual será a autoridade central


dos países signatários responsável pelo recebimento e envio da carta.
No caso da rogatória passiva, recebida a carta pela autoridade central
designada, caberá a esta o envio ao STJ para concessão de exequatur.

O Brasil possui vários tratados bilaterais e multilaterais sobre o assunto,


Existe tratado
como, por exemplo, a Convenção Interamericana sobre Cartas
internacional
Rogatórias e seu Protocolo Adicional, firmados, respectivamente, no
Panamá, em 1975, e em La Paz, em 1979.

No Brasil, na grande maioria das vezes, a “autoridade central” é o


Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica
Internacional da Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça.

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Atenção: o recebimento da carta rogatória por meio da autoridade central competente ou pela via
diplomática garante-lhe a autenticidade, inclusive quanto à tradução para a língua brasileira,
dispensando-se ajuramentação, autenticação ou qualquer procedimento de legalização (art. 41 do
CPC e art. 782 do CPP).

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGERIA


A homologação de sentença estrangeira é o procedimento por meio do qual os efeitos da sentença
prolatada em país estrangeiro são estendidos ao território brasileiro.

Os critérios para a homologação são estabelecidos pelo direito interno e pelos tratados de que o
Estado faça parte.

No que se refere à homologação de sentenças estrangeiras, o Brasil adota o mesmo sistema das
cartas rogatórias, ou seja, o da delibação. A competência para homologação também é do STJ (art.
105, I, i, da CF/88), a quem cabe tão somente verificar os requisitos para que o pronunciamento
judicial estrangeiro produza efeitos no Brasil.

O procedimento para homologação de sentenças estrangeiras está previsto no CP (art. 9º), no CPP
(art. 780 a 782 e 787 a 790) e no RISTJ (Art. 216-A a 216-N). Subsidiariamente, pode ser aplicado o
regramento do NCPC (art. 960 a 965).

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No nosso concurso, o foco deve ser a homologação de sentenças penais estrangeiras. O CP e o CPP
preveem a possibilidade de homologação de sentenças penais estrangeiras para fins civis.

Ex.: perdimento de bens adquiridos com proveito do crime.

O art. 9º do CP dispõe expressamente:

Art. 9º A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na


espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para:

I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos


civis;

II - sujeitá-lo a medida de segurança.

Parágrafo único. A homologação depende:

a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;

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b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de


cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de
requisição do Ministro da Justiça.

Para que haja a homologação da sentença penal estrangeira, é necessário que ela já tenha
transitado em julgado.

Atenção: no caso das sentenças cíveis, o STJ entende que não é necessário o trânsito em julgado,
mas tão somente que sejam eficazes no país de origem (STJ. Corte Especial. SEC 14812-EX, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 16/05/2018 - Info 626).

No âmbito do direito processual penal, a homologação de sentença estrangeira classifica-se como


ação penal de conhecimento de natureza constitutiva.

A ação deve ser proposta pelo MPF, através da procuradoria-Geral da República, perante o STJ e
conta com a citação do réu que poderá apresentar contestação.

STJ: É possível a homologação de sentença penal estrangeira que determine o perdimento de


imóvel situado no Brasil em razão de o bem ser produto do crime de lavagem de dinheiro. A
sentença estrangeira pode ser homologada pelo STJ. Não há ofensa ao art. 23, I, do CPC/2015, pois
a sentença estrangeira não tratou especificamente sobre a situação dos bens imóveis, sobre a sua

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titularidade, mas sim sobre os efeitos civis de uma condenação penal, determinando o perdimento
de bens que foram objeto de crime de lavagem de capitais. STJ. Corte Especial. SEC 10.612-FI, Rel.
Min. Laurita Vaz, julgado em 18/5/2016 (Info 586).

Obs.: para gerar reincidência, não é necessário que a condenação no estrangeiro seja homologada
pelo STJ. A simples condenação por crime cometido no estrangeiro produz reincidência.

É necessária a homologação de sentenças de tribunais internacionais (ex. TPI)? Paulo Henrique


Gonçalves Portela entende que “não é correta a noção de que as sentenças proferidas por tribunais
estrangeiros necessitem de homologação, em vista de sua natureza jurídica de decisões prolatadas
por órgãos internacionais, que decidem com fulcro no Direito das Gentes, ser distinta daquela das
decisões emanadas de órgãos afetos à soberania de outros Estados, que decidem com base no
Direito estrangeiro”. As Cortes Internacionais são estabelecidas pelos próprios Estados, que
decidem a elas se vincular. Portanto, ao celebrar o tratado aceitam como válidas as sentenças da
corte.

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AUXÍLIO DIRETO
Trata-se do mecanismo de cooperação destinado ao cumprimento de pedidos que não decorram
diretamente de decisão judicial estrangeria e que, portanto, não se sujeitem meramente ao juízo de
delibação do STJ (art. 28 do CPC).

Vou tentar explicar de maneira mais didática. Vamos supor que o FBI, nos EUA, deseje que seja
realizada uma colheita de amostra biológica de um investigado que se encontra foragido no Brasil.
Ele tem duas opções descritas a seguir.

a) Carta rogatória: é mais demorada e mais complexa. Como vimos, serve para cumprir atos
judiciais. Portanto, é necessário que o FBI obtenha uma decisão de um juiz americano que
autorize a realização da prova e que expeça a rogatória. Passa pelo trâmite diplomático ou
por via de autoridade central e vai ao STJ (exequatur) antes de ir ao juízo de primeira
instância para cumprimento. No entanto, o lado bom é que o juízo no STJ é somente
delibatório (sem exame do mérito da pretensão), pois aplica-se o princípio da confiança na
jurisdição estrangeria.

b) Auxílio direto: é mais rápido. Normalmente tramita por meio de autoridades centrais. O
FBI pode expedir diretamente o pedido ao Brasil, por meio de autoridades centrais ou por

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via diplomática. O MRE ou a autoridade central brasileira designada encaminhará o pedido
ao MPF que representará ao Juízo Federal de primeira instância. No entanto, o juízo não é
somente de delibação. É cognitivo. O juiz de primeira instância analisará o mérito do
pedido do FBI.

Portanto, no auxílio direto, o Estado requerente leva a conhecimento do judiciário do Estado


requerido todos os fatos que dizem respeito ao pedido para que analise (mérito) se devem ou não
ser realizadas as diligências solicitadas. O país requerente abre mão da fase cognitiva, que é
exercida pelo juiz do estado requerido. O juízo de delibação é suprimido.

Atenção: a marca distintiva, portanto, entre o auxílio direto e a carta rogatória é se o juízo será de
mera delibação (STJ) e nesse sentido, prevê o RISTJ: “art. 216-T. § 2º Os pedidos de cooperação jurídica
internacional que tiverem por objeto atos que não ensejem juízo deliberatório do Superior Tribunal de
Justiça, ainda que denominados de carta rogatória, serão encaminhados ou devolvidos ao Ministério da
Justiça para as providências necessárias ao cumprimento por auxílio direto. (Incluído pela Emenda
Regimental n. 18, de 2014)”.

Não erre: o STJ não concede exequatur à cooperação por auxílio direto.

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PERGUNTA: qual a competência para apreciar a ação judicial em que se pedem as providências
solicitadas por meio do auxílio direto? É da justiça federal de primeira instância, seja porque a
União é parte, por meio do órgão que representa ao juízo, seja porque a ação destina-se a cumprir
tratado do qual o Brasil é parte (artigo 109, incisos I, III e V, da CF/88).

EXTRADIÇÃO
A extradição é regulamentada pelos art. 81 a 99 da lei de migração, pelos art. 262 a 280 do Dec. nº
9.199/2017 (regulamenta a lei de migração) e pelo art. 207 a 214 do RISTF.

Segundo a Lei nº 13.445/2017 (Lei de Migração), a extradição é a medida de cooperação


internacional entre o Estado brasileiro e outro Estado pela qual se concede ou solicita a entrega de
pessoa sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de processo
penal em curso (art. 81 da Lei de Migração).

Ex.: BILLY comete crime nos EUA e foge para o Brasil. EUA pede a extradição de BILLY ao Brasil para que
lá seja processado.

Apesar de o conceito inicial dado pela Lei de Migração não ter sido expresso, também é possível a
extradição caso o extraditando esteja sendo objeto de procedimento investigativo (art. 83).

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Perceba que a extradição é um instrumento de cooperação penal, não sendo aplicável em matéria
cível.

Atenção: somente Estados soberanos podem pedir a extradição. Organizações internacionais não
podem. E o Tribunal Penal Internacional – TPI? No caso do TPI, não se trata de extradição, mas de
“entrega” (surrender). Há uma diferença entre os institutos. A extradição dá-se entre Estados
soberanos e a entrega, de um Estado soberano para um Tribunal Internacional. Inclusive, segundo
a doutrina, apesar de não ser possível a extradição de brasileiro nato, a “entrega” é sim possível.

Existem duas espécies de extradição:

a) extradição ativa: é requerida pelo Brasil a outros países;

b) extradição passiva: é a requerida ao Brasil, por outros países.

A extradição será requerida por via diplomática ou pelas autoridades centrais designadas para
esse fim, sendo sua rotina de comunicação realizada pelo órgão competente do Poder Executivo
em coordenação com as autoridades judiciárias e policiais competentes (art. 81, §2° e 1º).

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Atenção: o pedido de extradição (passiva), assim como o pedido de prisão cautelar para fins de
extradição é decidido pelo STF, conforme previsão do art. 102, I, "g", da CF/1988.

CONDIÇÕES PARA A EXTRADIÇÃO


São condições para concessão da extradição (art. 83):

a) ter sido o crime cometido no território do Estado requerente ou serem aplicáveis ao


extraditando as leis penais desse Estado (alcance da jurisdição);

b) estar o extraditando respondendo a processo investigatório ou a processo penal ou ter sido


condenado pelas autoridades judiciárias do Estado requerente a pena privativa de
liberdade.

SITUAÇÕES EM QUE NÃO SE CONCEDE EXTRADIÇÃO

Segundo o art. 82. da Lei de Migração, a extradição não será concedida nos seguintes casos:

Atenção: conforme previsto art. 5º, LI, da CF/88, brasileiro nato


jamais pode ser extraditado. Brasileiro naturalizado pode ser
extraditado por:

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a) crime cometido antes da naturalização ou

b) crime cometido antes ou depois da naturalização, se o delito


cometido foi o tráfico ilícito de entorpecentes.
Brasileiros natos
STF: Brasileiro que, já detentor de green card, decide naturalizar-se
americano, perde a nacionalidade brasileira (art. 12, §4º, II, da CF/88).
Assim, caso cometa um crime nos EUA e fuja para o Brasil, poderá
ser extraditado sem que isso configure ofensa ao art. 5º, LI, da CF/88.
(STF. 1ª Turma. MS 33864/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
19/4/2016)

Não será concedida a extradição quando o fato que motivar o pedido


Princípio da dupla não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente. Trata-
tipicidade ou da dupla se do princípio da dupla tipicidade ou da dupla imputação.
imputação Atenção: por essa razão não se concede extradição no caso de crime
cometido por menor de 18 anos à época do fato, uma vez que, nesse

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caso, não há crime para o Brasil (ausente o elemento da


culpabilidade).

Atenção: não se concede extradição caso o fato imputado constitua


apenas contravenção penal no direito brasileiro.

STF: O requisito da dupla tipicidade exige que o fato pelo qual está
sendo acusado o extraditando seja simultaneamente considerado
crime no Estado de origem e no Brasil no momento em que ele foi
praticado. (STF. 2ª Turma. PPE 732 QO/DF, Rel. Min. Celso de Mello,
julgado em 11/11/2014 - Info 767)

STF: (...) eventual conversão da multa em pena privativa de


liberdade, prevista pelo Estado requerente, não constituirá óbice ao
pedido, sob pena de invasão à soberania estatal (Ext 1375/DF, rel.
Min. Luiz Fux).

STF: Não se deve conceder a extradição se, na época do fato, a


conduta imputada ao extraditando não era punida como crime no
Brasil, ainda que, no momento do pedido de extradição, já exista lei
tipificando como infração penal. STF. 2ª Turma. Ext 1578/DF, Rel.

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Min. Edson Fachin, julgado em 6/8/2019 (Info 946).

Não será concedida a extradição quando o Brasil for competente,


Casos de competência
segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando.
brasileira
Deve prevalecer a jurisdição brasileira em detrimento da estrangeira.

Não será concedida a extradição quando a lei brasileira impuser ao


crime pena de prisão inferior a 2 (dois) anos.
Pena inferior a 02 anos
Atenção: no revogado Estatuto do Estrangeiro, o limite era de 01 ano.
Mudanças como esta costumam cair em prova.

Não será concedida a extradição quando o extraditando estiver


Vedação ao bis in idem respondendo a processo ou já houver sido condenado ou absolvido
no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido.

Princípio da dupla Não será concedida a extradição quando a punibilidade estiver

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punibilidade extinta pela prescrição, segundo a lei brasileira ou a do Estado


requerente.

STF: O crime de sequestro, por ser permanente, não prescreve


enquanto não for encontrada a pessoa ou o corpo. Assim, se o Estado
requerer a extradição de determinado indivíduo pelo crime de
sequestro, se a vítima ou o corpo nunca foi encontrado, não terá
começado a correr o prazo prescricional (STF. 1ª Turma.Ext 1270/DF,
Rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado
em 12/12/2017 - Info 888).

Obs.: crimes de lesa-humanidade, definidos no art. 7º do Estatuto de


Roma, não são imprescritíveis no Brasil. O Brasil não ratificou a
Convenção sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos
Crimes contra a Humanidade, adotada pela Resolução 2391 da ONU.
Além disso, apenas a lei interna pode dispor sobre prescritibilidade
ou imprescritibilidade de crimes no Brasil. Países que requeiram
extradição com base nesses crimes deverão comprovar que os delitos
ainda são puníveis.

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STF: A data do protocolo do pedido de extradição e a data do
cumprimento da prisão preventiva para fins de extradição não
podem ser considerados marcos interruptivos da prescrição (STF. 2ª
Turma. Ext 1346 ED/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/9/2016 - Info
838).

Não será concedida a extradição quando o delito imputado for crime


político ou de opinião. Além de prevista no art. 82, VII, da Lei de
Migração, essa vedação também está prevista no Art. 5º, LII, da CF.

No entanto, a extradição poderá ocorrer quando o fato praticado


Crime político ou de
constituir, principalmente, infração à lei penal comum ou quando o
opinião
crime comum, conexo ao delito político, constituir o fato principal
(art. 82, §1º).

Cabe à autoridade judiciária competente, no caso, o STF, decidir


sobre o caráter da infração (§2º).

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O STF poderá deixar de considerar crime político o atentado contra


chefe de Estado ou quaisquer autoridades, bem como crime contra a
humanidade, crime de guerra, crime de genocídio e terrorismo (§4º).

Não será concedida a extradição quando o extraditando tiver de


responder, no Estado requerente, perante tribunal ou juízo de
exceção.

STF: Não se deve conceder a extradição se o país requerente vem


Tribunal de exceção enfrentando um quadro de instabilidade política, tendo ocorrido a
demissão de juízes e a prisão de opositores do governo. Isso porque,
neste caso, haveria o risco de o extraditando ser submetido a um
tribunal ou juízo de exceção (STF. 2ª Turma. Ext 1578/DF, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 6/8/2019 - Info 946).

Não será concedida a extradição quando o extraditando for


beneficiário de refúgio ou asilo territorial.

Atenção: o reconhecimento da condição de refugiado obstará o


seguimento de pedido de extradição baseado nos fatos que
Asilo ou refúgio

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fundamentam a concessão de refúgio, e a solicitação de refúgio
suspenderá, até decisão definitiva, qualquer processo de extradição
pendente, em fase administrativa ou judicial, baseado nos fatos que
fundamentaram a concessão de refúgio (art. 33 a 35 da Lei 9.474/97).

STF: As hipóteses previstas na lei nas quais a extradição é proibida podem ser expandidas pela
jurisprudência para atender ao respeito a outros direitos fundamentais do extraditando. Brasil
deve negar a extradição se houver possibilidade concreta de o Estado requerente condenar o
extraditando a prisão perpétua ou a pena de morte, sanções que são expressamente proibidas pela
Constituição brasileira (art. 5º, XLVII). Além disso, é possível negar a extradição se houver uma
excessiva abertura dos tipos penais no Estado requerente, o que viola o princípio da legalidade
(art. 5º, XXXIX, da CF/88) (STF. 2ª Turma. Ext 1428/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 7/5/2019
- Info 939).

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PRINCÍPIO DA CONTENCIOSIDADE LIMITADA

Ao analisar o pedido extradicional o STF não deve analisar o mérito da condenação ou do


processo estrangeiro, devendo deter-se à análise da verificação das condições de concessão da
medida previstas na legislação brasileira, além de outras eventualmente fixadas em tratado
celebrado com o requerente.

Exceção: segundo a doutrina, no caso de extradição de brasileiro naturalizado em razão da prática


do delito de tráfico de drogas, o princípio da contenciosidade limitada é mitigado, na medida em
que o STF deverá adentrar no mérito da condenação estrangeira para avaliar se o crime cometido
foi, de fato, tráfico de drogas, ou se tratou-se de mero uso.

PRISÃO CAUTELAR

O Estado requerente pode requerer a decretação de prisão cautelar do extraditando, de forma


conjunta ou prévia ao pedido extradicional, com a finalidade de garantir a eficácia do pedido
principal.

O assunto está regulamentado no art. 84 da Lei de Migração.

O pedido de prisão cautelar pode ser feito pelo Estado estrangeiro por correio, fax, mensagem

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eletrônica ou qualquer outro meio que assegure a comunicação por escrito, por três vias possíveis:

a) via diplomática;

b) autoridade central brasileira designada em tratado;

c) por meio da INTERPOL (desde que acompanhada de documentação comprobatória da


existência de ordem de prisão proferida por Estado estrangeiro e, em caso de ausência de
tratado, com a promessa de reciprocidade recebida por via diplomática).

PERGUNTA: então a Interpol tem legitimidade para requerer a prisão para fins de extradição?
SIM, desde que o pedido seja acompanhado de documentação comprobatória da existência de
ordem de prisão proferida por Estado estrangeiro, e, em caso de ausência de tratado, com a
promessa de reciprocidade recebida por via diplomática. Essa previsão encontra-se expressa no
art. 84, §2º da Lei de Migração. O STF já havia referendado essa possibilidade quando da égide do
Estatuto do Estrangeiro, que continha previsão semelhante em seu art. 82, §2º, com redação dada
pela Lei 12.878/2013 (STF. 2ª Turma. PPE 732 QO/DF, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 11/11/2014
- Info 767). Portanto, muito cuidado: a INTERPOL, por ser organização internacional, jamais terá
legitimidade para requerer a extradição. No entanto, possui legitimidade para requerer a prisão

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cautelar para fins de extradição. A título de complementação: o ponto focal da INTERPOL no


nosso país é o Escritório Central Nacional da Interpol em Brasília – ECN BRASÍLIA, órgão
componente da estrutura da Polícia Federal.

Efetivada a prisão do extraditando, o pedido de extradição será encaminhado à autoridade


judiciária compete, ou seja, ao STF.

Atenção: na ausência de disposição específica em tratado, o Estado estrangeiro deverá formalizar


esse pedido de extradição no prazo de 60 (sessenta) dias, contados da data em que tiver sido
cientificado da prisão do extraditando, sob pena de concessão da liberdade ao extraditando, não
se admitindo novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato, sem que a extradição tenha sido
devidamente requerida.

A prisão cautelar poderá ser prorrogada até o julgamento final pela autoridade judiciária
competente quanto à legalidade do pedido de extradição.

PRISÃO ALBERGUE OU PRISÃO DOMICILIAR


O Supremo Tribunal Federal, ouvido o Ministério Público, poderá autorizar:

a) prisão albergue; ou

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b) prisão domiciliar; ou

c) determinar que o extraditando responda ao processo de extradição em liberdade, com


retenção do documento de viagem ou outras medidas cautelares necessárias...

...até o julgamento da extradição ou a entrega do extraditando, se pertinente, considerando a


situação administrativa migratória, os antecedentes do extraditando e as circunstâncias do caso.

Atenção: trata-se de uma inovação da Lei de Migração, tendo em vista que o revogado Estatuto do
Estrangeiro dizia que a prisão deveria perdurar até o julgamento final do STF, “não sendo
admitidas a liberdade vigiada, a prisão domiciliar, nem a prisão albergue” (art. 84, parágrafo
único, da Lei nº 6.815/80).

O QUE OCORRE CASO MAIS DE UM ESTADO REQUEIRA A EXTRADIÇÃO?

Se esse pedido se referir ao mesmo fato, terá preferência o pedido daquele em cujo território a
infração foi cometida.

Em caso de crimes diversos, terá preferência, sucessivamente:

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a) o Estado requerente em cujo território tenha sido cometido o crime mais grave, segundo a
lei brasileira;

b) o Estado que, em primeiro lugar, tenha pedido a entrega do extraditando, se a gravidade


dos crimes for idêntica;

c) o Estado de origem, ou, em sua falta, o domiciliar do extraditando, se os pedidos forem


simultâneos.

Se a situação não se enquadrar em nenhuma das hipóteses acima mencionadas, o órgão


competente do Poder Executivo decidirá sobre a preferência do pedido, priorizando o Estado
requerente que mantiver tratado de extradição com o Brasil. Havendo tratado com algum dos
Estados requerentes, prevalecerão suas normas no que diz respeito à preferência de que trata este
artigo.

Atenção: a preferência diz respeito a quem receberá primeiro o extraditando. O segundo pedido
não ficará prejudicado. O STF julgará ambos. O que ocorre é que o extraditando será entregue ao
Estado que detém a preferência. Após o cumprimento da pena ou a absolvição, o extraditando será
entregue ao segundo Estado requerente.

ENTREGA VOLUNTÁRIA DO EXTRADITANDO

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É possível que o extraditando entregue-se voluntariamente ao Estado requerente, desde que:

a) declare isso expressamente;

b) esteja assistido por advogado; e

c) seja advertido de que tem direito ao processo judicial de extradição e à proteção que tal
direito encerra.

Mesmo com a concordância do extraditando, o pedido ainda será decidido pelo STF!

STF: Mesmo com a concordância do extraditando em ser entregue ao país requerente, não estão
dispensadas as formalidades da extradição. O STF tem o? dever de efetuar o controle da
legalidade sobre a postulação formulada pelo Estado requerente (STF. 1ª Turma. Ext 1468, Rel. Min.
Rosa Weber, julgado em 13/12/2016 e STF. 2ª Turma. Ext 1407, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em
15/12/2015).

Atenção: Quando o extraditando concorda com o pedido, é adotado um procedimento


simplificado (mais célere) no STF, sendo isso chamado de “extradição simplificada”, “entrega

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voluntária” ou “extradição voluntária”. Assim, se o extraditando manifestar expressamente, de


modo livre e voluntário, com assistência técnico-jurídica de seu advogado, concordância com o
pedido de sua extradição, será possível que o Ministro Relator do processo no STF autorize,
monocraticamente, a extradição, ouvido o MPF (STF. 1ª Turma. Ext 1564/DF, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 21/5/2019 - Info 941 e STF. 2ª Turma. Ext 1520, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
13/03/2018).

A adoção desse procedimento simplificado independe de previsão em tratado.

PROCEDIMENTO DAS EXTRADIÇÕES ATIVAS

O pedido que possa originar processo de extradição em face de Estado estrangeiro deverá ser
encaminhado ao órgão competente do Poder Executivo diretamente pelo órgão do Poder
Judiciário responsável pela condenação ou pelo processo penal que fundamenta o pedido.

Assim, compete:

a) ao órgão Judiciário: encaminhar o pedido de extradição ao órgão competente do Poder


Executivo brasileiro, acompanhado de todos os documentos, manifestações e demais
elementos necessários para o processamento do pedido, inclusive suas traduções oficiais;

b) ao órgão do Poder Executivo: orientar, informar e avaliar os elementos formais de

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admissibilidade dos processos preparatórios para encaminhamento ao Estado requerido.

O pedido deverá ser instruído com cópia autêntica ou com o original da sentença condenatória ou
da decisão penal proferida; conterá indicações precisas sobre o local, a data, a natureza e as
circunstâncias do fato criminoso e a identidade do extraditando e será acompanhado de cópia dos
textos legais sobre o crime, a competência, a pena e a prescrição.

PROCEDIMENTO DAS EXTRADIÇÕES PASSIVAS

O pedido de extradição originado de Estado estrangeiro será recebido pelo órgão competente do
Poder Executivo e, após exame da presença dos pressupostos formais de admissibilidade, será
encaminhado ao STF.

Nenhuma extradição será concedida sem prévio pronunciamento do STF sobre sua legalidade e
procedência, não cabendo recurso da decisão.

Ao receber o pedido, o Ministro Relator no STF designará dia e hora para o interrogatório do
extraditando e, conforme o caso, e nomeará curador ou advogado, se não o extraditando não tiver.

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A defesa deverá ser apresentada no prazo de 10 dias contados da data do interrogatório.

Em defesa, o extraditando poderá alegar:

a) que é pessoa diferente daquela que cometeu o crime no Estado estrangeiro;

b) que existe defeito de forma nos documentos apresentados; ou

c) que a extradição é ilegal.

Não estando o processo devidamente instruído, o STF, a requerimento do MPF, poderá converter
o julgamento em diligência para suprir a falta. O MPF terá prazo improrrogável de 60 dias para
suprir essa falta, após o qual o pedido será julgado independentemente da diligência. Vale
ressaltar que esse prazo será contado da data de notificação à missão diplomática do Estado
requerente.

JULGAMENTO E EFETIVAÇÃO DA EXTRADIÇÃO

Julgada procedente a extradição e autorizada a entrega pelo órgão


competente do Poder Executivo, esse ato será comunicado por via
diplomática ao Estado requerente, que, no prazo de 60 dias da
Julgada procedente a
comunicação, deverá retirar o extraditando do território nacional.

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extradição
Se o Estado requerente não retirar o extraditando do território nacional
neste prazo, ele será posto em liberdade, sem prejuízo de outras
medidas aplicáveis.

Julgada improcedente a extradição, o extraditado será posto em


Julgada improcedente
liberdade. Não é possível a renovação do pedido de extradição pelo
a extradição
mesmo fato após este ter sido negado.

Atenção: se o extraditando estiver sendo processado ou tiver sido condenado no Brasil, por crime
punível com pena privativa de liberdade, a extradição será executada somente depois da
conclusão do processo ou do cumprimento da pena, ressalvadas as hipóteses de liberação
antecipada pelo Poder Judiciário e de determinação da transferência da pessoa condenada (que
estudaremos a seguir).

Atenção: a entrega do extraditando será adiada, se a efetivação da medida puser em risco sua vida
em virtude de enfermidade grave comprovada por laudo médico oficial.

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A decisão do STF sobre a extradição é irrecorrível e faz coisa julgada, não comportando novo
pedido baseado no mesmo fato. Cabem apenas embargos de declaração. No entanto, os embargos
não impedem a efetivação da extradição.

COMPROMISSOS DO ESTADO ESTRANGEIRO


Não será efetivada a entrega do extraditando sem que o Estado requerente assuma o compromisso
de:

a) não submeter o extraditando a prisão ou processo por fato anterior ao pedido de extradição;

b) computar o tempo da prisão que, no Brasil, foi imposta por força da extradição;

c) comutar a pena corporal, perpétua ou de morte em pena privativa de liberdade, respeitado


o limite máximo de cumprimento de 30 (trinta) anos;

d) não entregar o extraditando, sem consentimento do Brasil, a outro estado que o reclame;

e) não considerar qualquer motivo político para agravar a pena; e

f) não submeter o extraditando a tortura ou a outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos


ou degradantes.

No item “a” está consagrado o princípio da especialidade (art. 96, I, da Lei de Migração). Segundo

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esse princípio, o extraditando somente poderá responder no estado requerente pelos crimes que
tenham constado expressamente do pedido. Se o extraditando havia cometido outro crime antes
do pedido de extradição, não poderá, em regra, responder por tais delitos se não constou
expressamente no pedido de extradição.

Extradição supletiva: pedido de extensão, formulado no processo já em trâmite, para que sejam
ampliar os efeitos da extradição a novos delitos.

Ex. JOHN estava sendo investigado por tráfico de drogas e formação de organização criminosa nos EUA. Em
2014, as autoridades americanas descobriram que JOHN, com medo de ser preso, fugiu para o Brasil,
passando a morar em Porto Alegre e formularam pedido de extradição ao Brasil. Ocorre que as investigações
avançaram e, em 2015, descobriu-se que JOHN também havia praticado alguns homicídios enquanto
participava da organização criminosa. Diante disso as autoridades americanas podem formular pedido de
extensão para ampliar os efeitos da extradição aos novos delitos descobertos.

Atenção: só é necessário o pedido supletivo se os crimes tiverem sido cometidos antes do pedido
de extradição. Novos delitos poderão ser julgados normalmente pelo estado requerente.

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STF: É possível o pedido de extensão ou de ampliação nas hipóteses em que já deferida a


extradição, desde que observadas as formalidades em respeito ao direito do súdito estrangeiro
(dupla tipicidade, inexistência de prescrição e demais requisitos). (STF. 1ª Turma. Ext 1363
Extn/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 4/12/2018 - Info 926).

OUTROS PONTOS

Os objetos e instrumentos do crime que estiverem no Brasil também deverão ser entregues?
SIM. A entrega do extraditando, respeitado o direito de terceiro, será feita com os objetos e
instrumentos do crime encontrados em seu poder.

O que acontece se o extraditando conseguir escapar à ação da Justiça e homiziar-se (esconder-se)


no Brasil? Será detido mediante pedido feito diretamente por via diplomática ou pela Interpol e
novamente entregue, sem outras formalidades.

O apenado poderá progredir para o regime semiaberto, mesmo havendo uma ordem de extradição
ainda não cumprida. Segundo decidiu o STF, o fato de estar pendente a extradição do estrangeiro
não é motivo suficiente para impedir a sua progressão de regime. STF. Plenário. Ext 947
QO/República do Paraguai, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 28/5/2014 (Info 748).

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TRANSFERÊNCIA DE EXECUÇÃO DA PENA
A transferência de execução da pena é um instrumento de cooperação por meio do qual, nos casos
em que cabível a extradição executória, a autoridade competente solicita ou autoriza a
transferência de execução da pena, desde que observado o princípio do non bis in idem.

Trocando em miúdos, o que ocorre é que o país requerente, ao invés de pedir que a pessoa
condenada lhe seja entregue para cumprir pena no seu território, solicita que a pena seja cumprida
no território brasileiro.

Ex.: EUA condena JOÃO DA SILVA à pena de prisão, por ter cometido homicídio no território americano.
JOÃO foge para o Brasil. Como não podem pedir a extradição de JOÃO, que é brasileiro nato, os EUA pedem
que JOÃO cumpra, no Brasil, a pena imposta por juiz americano.

A transferência de execução da pena será possível quando preenchidos os seguintes requisitos:

a) o condenado em território estrangeiro for nacional ou tiver residência habitual ou vínculo


pessoal no Brasil;

b) a sentença tiver transitado em julgado;

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c) a duração da condenação a cumprir ou que restar para cumprir for de, pelo menos, 1 (um)
ano, na data de apresentação do pedido ao Estado da condenação;

d) o fato que originou a condenação constituir infração penal perante a lei de ambas as partes;

e) houver tratado ou promessa de reciprocidade.

O pedido de transferência de execução da pena de Estado estrangeiro será requerido por

a) via diplomática; ou

b) por meio de autoridades centrais.

Atenção: o pedido será recebido pelo órgão competente do Poder Executivo e, após exame da
presença dos pressupostos formais de admissibilidade exigidos na lei de migração ou em tratado,
será encaminhado ao STJ para decisão quanto à homologação. Aqui, a competência é do STJ e não
do STF!

Não preenchidos os pressupostos, o pedido será arquivado mediante decisão fundamentada, sem
prejuízo da possibilidade de renovação do pedido, devidamente instruído, uma vez superado o
óbice apontado.

Atenção: nos casos de transferência de execução da pena, a execução penal será de competência da
Justiça Federal.

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TRANSFERÊNCIA DE PESSOA CONDENADA
Ocorre quando pessoa que já está cumprindo pena no território de um determinado país é
transferida para cumprir pena no seu país de origem.

Atenção: ontologicamente, a transferência de pessoa condenada não é um instrumento de


cooperação em matéria penal, mas um instituto de caráter humanitário. Podemos chegar a essa
conclusão por dois motivos: (a) a TPC ocorre quando a pessoa já está cumprindo pena, ou seja, a
efetividade da persecução penal já foi garantida; (b) a TPC ocorre a partir de pedido do próprio
condenado, e não de outro estado soberano; (c) a TPC tem por finalidade garantir melhores
condições para o condenado. No entanto, caso venha em prova como um instrumento de
cooperação, marcar como correto.

A transferência de pessoa condenada poderá ser concedida quando o pedido se fundamentar em


tratado ou houver promessa de reciprocidade.

O condenado no território nacional poderá ser transferido para:

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a) seu país de nacionalidade;

b) país em que tiver residência habitual ou vínculo pessoal.

Para tanto, é preciso que o condenado expresse seu interesse nesse sentido, a fim de cumprir
pena a ele imposta pelo Estado brasileiro por sentença transitada em julgado.

A transferência de pessoa condenada no Brasil pode ser concedida juntamente com a aplicação de
medida de impedimento de reingresso em território nacional.

A transferência de pessoa condenada será possível quando preenchidos os seguintes requisitos:

a) o condenado no território de uma das partes for nacional ou tiver residência habitual ou
vínculo pessoal no território da outra parte que justifique a transferência;

b) a sentença tiver transitado em julgado;

c) a duração da condenação a cumprir ou que restar para cumprir for de, pelo menos, 1 (um)
ano, na data de apresentação do pedido ao Estado da condenação;

d) o fato que originou a condenação constituir infração penal perante a lei de ambos os
Estados;

e) houver manifestação de vontade do condenado ou, quando for o caso, de seu

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representante;

f) houver concordância de ambos os Estados.

Atenção: não se procederá à transferência quando inadmitida a extradição. Muito cuidado, pois,
esse requisito vale para a transferência de pessoa condenada, mas não para a transferência de
execução da pena!

Atenção: nos casos de transferência de pessoa condenada, a execução penal será de competência
da Justiça Federal.

COOPERAÇÃO POLICIAL INTERNACIONAL


A cooperação policial internacional é uma forma de cooperação por meio da qual é possível obter
cooperação em atos que não sejam revestidos de maiores formalidades. A cooperação policial
tende a ser mais célere e flexível.

Tudo dependerá da finalidade do ato que se deseje praticar.

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Se o ato se destinar diretamente a produzir prova que será utilizada atual ou futuramente em
processo penal, a cooperação jurídica é o caminho mais adequado. Se o ato não se destinar
diretamente à produção de prova, a cooperação policial poderá ser utilizada.

Ex.: tomar depoimento de uma testemunha ocular do delito – cooperação jurídica.

Ex.: entrevistar uma pessoa com vistas a descobrir a possível localização de um suspeito – cooperação
policial.

A cooperação policial internacional pode se dar por meio de contato direito entre as polícias dos
países (normalmente ocorre por meio das adidâncias policiais no estrangeiro) ou por meio da
Interpol.

A Organização Internacional de Polícia Criminal – Interpol é uma organização internacional


sediada em Lyon, a França, cuja finalidade é promover a cooperação policial entre seus 194 países
membros.

Cada país membro possui em seu território um Escritório Central Nacional – ECN, representado
por um órgão encarregado do cumprimento da lei, que serve como ponto de contato com os
demais ECNs e com a Secretaria Geral da Interpol. No Brasil, nós temos o ECN- Brasília, órgão
componente da estrutura da Polícia Federal.

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Dentre as ferramentas de cooperação internacional da Interpol encontram-se as Difusões
Internacionais (“notices”), concebidas como uma espécie de “pedido” ou “alerta” expedido pela
SG da Interpol por solicitação de um de seus países membros ou de determinados órgãos.

Existem atualmente oito espécies. Esses são seus nomes e suas finalidades:

1. Difusão Vermelha: buscar a localização e prisão de pessoas procuradas para serem


processadas criminalmente ou para cumprir uma pena;

2. Difusão Amarela: ajudar a localizar pessoas desaparecidas, geralmente menores, ou para


ajudar a identificar pessoas que não conseguem se identificar;

3. Difusão Azul: coletar informações adicionais sobre a identidade, localização ou atividades


de umas pessoas relacionadas a um crime (ex. testemunhas, suspeitos, vítimas);

4. Difusão Negra: buscar informações sobre corpos não identificados;

5. Difusão Verde: fornecer um aviso sobre as atividades criminosas de uma pessoa


considerada uma ameaça à segurança pública (ex. terroristas);

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6. Difusão Roxa: buscar ou fornecer informações sobre o modus operandi, objetos,


dispositivos e métodos de ocultação usados por criminosos;

7. Difusão laranja: avisar sobre um evento, uma pessoa, um objeto ou um processo que
represente uma ameaça séria e iminente à segurança pública.

8. Aviso especial da INTERPOL - Conselho de Segurança das Nações Unidas: Emitido para
grupos e indivíduos que são alvos dos Comitês de Sanções do Conselho de Segurança das
Nações Unidas.

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REFERÊNCIAS

Todos os seis volumes desta coleção consistem em resumos extraídos das seguintes fontes:

Direito internacional público e privado / Paulo Henrique Gonçalves Portela – 9ª edição – Salvador: Editora
Juspodvm, 2017.

Curso de direito internacional público / Valério de Oliveira Mazzouli – 13ª edição – Rio de Janeiro: Forense,
2020.

Direito internacional público: curso elementar / Francisco Rezek. – 17. ed. – São Paulo: Saraiva, 2018.

Buscador Dizer o Direito / Márcio André Lopes Cavalcante - Conteúdo do site


https://www.buscadordizerodireito.com.br.

Resumo do TRF5.

Anotações pessoais do Professor.

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