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2022
Brasília
2ª edição
ISBN 978-65-5701-020-4
ORGANIZADO POR CP IURIS

MEDICINA LEGAL
SOBRE O AUTOR

FREDERICO ALVES MELO. Formado em Direito e pós-graduado em Ciências Criminais pela Universidade
Cândido Mendes. É professor, perito papiloscopista (PCERJ), ex-oficial de Cartório, aprovado para delegado
de Polícia Federal (fases objetiva, subjetiva e oral) e delegado de Polícia do Estado de São Paulo.
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APRESENTAÇÃO

Este material foi desenvolvido com o intuito de auxiliar o estudo da matéria medicina legal para
concursos de Delegado de Polícia, tendo como finalidade o aprofundamento e a melhor organização do
estudo.
A ideia de montar este material se deveu ao fato de achar, em um primeiro momento, que é difícil
de se passar conhecimento sobre o tema abordado, e depois, pensar que a maneira de se passar sempre se
deu de forma confusa e desordenada. Assim, buscou-se dar ênfase na simplicidade para facilitar o
entendimento e o estudo complementar (sempre prezei por um estudo dinâmico e eficaz).
O material é fruto de diversas doutrinas (Hygino de C. Hércules, Genival Veloso de França, Roberto
Blanco, Wilson Palermo, Neusa Bittar, Malthus etc.), cursos (Roberto Blanco, André Uchoa, Luciana Gazzola
etc.) e apostilas e está repleto imagens ilustrativas.
Fica o agradecimento pessoal ao meu amigo e professor Roberto Blanco, que sempre me orientou e
incentivou a fabricar este material.
Por fim, estude para ser o primeiro colocado, acredite em você. Crenças limitam o potencial.
Seja disciplinado.
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A disciplina é o medidor do seu comprometimento com os seus projetos.


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Se você anda indisciplinado, é porque não tem dado importância suficiente para o que você quer.
Bons estudos.
Frederico Alves Melo
Perito Papiloscopista da PCERJ
Aprovado para Delegado de Polícia Federal (Fase objetiva, subjetiva e oral)
e Delegado do Estado de São Paulo
Marceli souza
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SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL ........................................................................................................14
1. CONCEITO.........................................................................................................................................................15
2. NOÇÕES HISTÓRICAS ........................................................................................................................................15

3. SUBDIVISÕES ....................................................................................................................................................16
4. RELAÇÕES DA MEDICINA LEGAL COM OUTRAS CIÊNCIAS..................................................................................17
CAPÍTULO 2 - PERITOS E PERÍCIAS ..............................................................................................................................19
1. PERÍCIA.....................................................................................................................................................20

2. PERITO .....................................................................................................................................................22
3. CORPO DE DELITO.....................................................................................................................................22
CAPÍTULO 3 - CADEIA DE CUSTÓDIA...........................................................................................................................27
1. IMPORTÂNCIA MÉDICO-LEGAL DA CADEIA DE CUSTÓDIA.........................................................................28
2. INÍCIO DA CADEIA DE CUSTÓDIA ..............................................................................................................28
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3. CONCEITO DE VESTÍGIO ............................................................................................................................28


4. VESTÍGIO E INDÍCIO ..................................................................................................................................29
5. PRESERVAÇÃO DE EVENTUAL VESTÍGIO NA CADEIA DE CUSTÓDIA ...........................................................29

6. FASES DA CADEIA DE CUSTÓDIA ...............................................................................................................29


6.1. ETAPAS DO RASTREAMENTO DO VESTÍGIO NA CADEIA DE CUSTÓDIA ...................................................................... 29
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7. CADEIA DE CUSTÓDIA E CORPO DE DELITO...............................................................................................31


8. CONSEQUÊNCIAS DA QUEBRA DA CADEIA DE CUSTÓDIA..........................................................................31
9. COLETA DOS VESTÍGIOS ............................................................................................................................32
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10. EXAMES PERÍCIAS NO LOCAL DE CRIME ..................................................................................................32


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11. DETALHAMENTO DO CUMPRIMENTO DO TRATAMENTO DOS VESTÍGIOS...............................................33


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12. ENTRADA EM LOCAIS ISOLADOS OU REMOÇÃO DE VESTÍGIOS ANTES DE LIBERADOS PELOPERITO


RESPONSÁVEL ...........................................................................................................................................................33
13. FRAUDE PROCESSUAL .............................................................................................................................33

14. ACONDICIONAMENTO DE VESTÍGIOS .....................................................................................................33


14.1. ROMPIMENTO DO LACRE DO RECIPIENTE QUE CONTÉM OS VESTÍGIOS .................................................................. 34
15. CENTRAL DE CUSTÓDIA ..........................................................................................................................34
CAPÍTULO 4 - DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS ............................................................................................................36

1. NOTIFICAÇÃO ...........................................................................................................................................37
2. ATESTADO MÉDICO ..................................................................................................................................37

2.1. CLASSIFICAÇÃO ....................................................................................................................................... 37


2.1.1. Quanto à finalidade .................................................................................................................... 37
2.1.2. Quanto ao conteúdo ................................................................................................................... 38
2.2. ATESTADO DE ÓBITO ............................................................................................................................... 38
2.2.1. Morte fetal e necessidade de declaração de óbito ........................................................................ 39
3. PRONTUÁRIOS..........................................................................................................................................40
4. DEPOIMENTO ORAL..................................................................................................................................40
5. RELATÓRIO MÉDICO-LEGAL ......................................................................................................................40
5.1. DIVISÃO DO RELATÓRIO MÉDICO-LEGAL ........................................................................................................ 40
5.1.1. Preâmbulo .................................................................................................................................. 40
5.1.2. Quesitos oficiais .......................................................................................................................... 41
5.1.3 Histórico ou comemorativo .......................................................................................................... 41
5.1.4. Descrição .................................................................................................................................... 41
5.1.5. Discussão .................................................................................................................................... 41
5.1.6. Conclusão ................................................................................................................................... 41
5.1.7. Resposta aos quesitos ................................................................................................................. 42
6. PARECER MÉDICO-LEGAL ..........................................................................................................................42

6.1. DIVISÃO DO PARECER MÉDICO-LEGAL ........................................................................................................... 42


CAPÍTULO 5 - ANTROPOLOGIA FORENSE ....................................................................................................................45
1. IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO .................................................................................................................46
2. MÉTODO DE VUCETICH .............................................................................................................................47
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2.1. CLASSIFICAÇÃO DE VUCETICH ..................................................................................................................... 47


2.2. TIPOS FUNDAMENTAIS DA CLASSIFICAÇÃO DE VUCENTICH .................................................................................. 48

3. FÓRMULA DATILOSCÓPICA.......................................................................................................................49
4. ALGUNS PONTOS CARACTERÍSTICOS EXISTENTES NO DESENHO DIGITAL ..................................................51

5. TIPOS DE IMPRESSÃO DIGITAL..................................................................................................................51


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6. OUTROS “MÉTODOS” DE IDENTIFICAÇÃO EXISTENTES..............................................................................52


7. PRINCIPAIS BALIZADORES DE IDADE NOS VIVOS ......................................................................................53
8. IDENTIFICAÇÃO DE SANGUE .....................................................................................................................53
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8.1. REAÇÕES QUE INDICAM CERTEZA DE SER SANGUE (HUMANO OU NÃO) .................................................................. 53
8.2. REAÇÕES QUE INDICAM PROBABILIDADE DE SER SANGUE HUMANO ....................................................................... 53
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8.3. REAÇÕES QUE INDICAM CERTEZA DE SER SANGUE HUMANO ................................................................................ 54


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9. IDENTIFICAÇÃO POR DNA .........................................................................................................................54


10. OSTEOLOGIA ..........................................................................................................................................54
10.1. FUNÇÕES DO SISTEMA ESQUELÉTICO .......................................................................................................... 54
10.2. NÚMERO DE OSSOS DO CORPO HUMANO .................................................................................................... 55
10.3. DIVISÃO DO ESQUELETO .......................................................................................................................... 55
10.3.1. Osso.......................................................................................................................................... 55
10.3.2. Tipos de tecido ósseo ................................................................................................................. 55
10.3.3. Classificação dos ossos .............................................................................................................. 56
10.3.4. Estrutura dos ossos ................................................................................................................... 56
10.3.5. Crescimento dos ossos ............................................................................................................... 57
10.3.6. Sistema de Havers ..................................................................................................................... 58
10.3.7. Osso humano ou não humano ................................................................................................... 59
10.3.8. Índice cortical medular .............................................................................................................. 60
11. IDENTIFICAÇÃO DE SEXO MASCULINO OU FEMININO .............................................................................60

11.1. CRANIOMETRIA .................................................................................................................................... 61


11.2. PROSOPOMETRIA .................................................................................................................................. 62
11.3. CÔNDILOS OCCIPTAIS – ÍNDICE DE BAUDOIN ................................................................................................. 62
11.4. PELVE ................................................................................................................................................ 63
11.5. PÚBIS ................................................................................................................................................ 64
12. IDENTIFICAÇÃO DE RAÇA HUMANA ........................................................................................................64

12.1. IDENTIFICAÇÃO PELA FORMA DO CRÂNIO ..................................................................................................... 64


12.1.1. Braquicéfalos ............................................................................................................................ 64
12.1.2. Mesocéfalos.............................................................................................................................. 64
12.1.3. Dolicocéfalo .............................................................................................................................. 64
12.2. IDENTIFICAÇÃO PELO ÍNDICE NASAL ............................................................................................................ 65
12.2.1. Platirrinos ................................................................................................................................. 65
12.2.2. Mesorrinos................................................................................................................................ 65
12.2.3. Leptorrinos ou Catarrinos .......................................................................................................... 65
12.3. IDENTIFICAÇÃO PELO ÂNGULO DA FACE ....................................................................................................... 65
12.3.1. Prognata ................................................................................................................................... 65
12.3.2. Mesognata ............................................................................................................................... 65
12.3.3. Ortognata ................................................................................................................................. 65
CAPÍTULO 6 - TRAUMATOLOGIA FORENSE .................................................................................................................68
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1. PELE..........................................................................................................................................................69
1.1. EPIDERME ............................................................................................................................................. 69
1.1.1. Camada córnea ........................................................................................................................... 69
1.1.2. Camada lúcida ............................................................................................................................ 70
1.1.3. Camada granulosa ...................................................................................................................... 70
1.1.4. Camada espinosa ........................................................................................................................ 70
1.1.5. Camada basal ............................................................................................................................. 70
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1.2. CAMADA DE MALPIGHI ............................................................................................................................ 70


1.3. CICLO DE TEMPO DA CÉLULA DA EPIDERME .................................................................................................... 70
1.4. DERME ................................................................................................................................................ 70
1.5. PAPILAS DÉRMICAS ................................................................................................................................. 71
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1.6. ANEXOS CUTÂNEOS ................................................................................................................................. 71


2. TRAUMA ............................................................................................................................................... 71
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2.1. SÍNDROME COMPARTIMENTAL ................................................................................................................... 72


3. LESÃO ................................................................................................................................................... 72
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4. AGENTES VULNERANTES ....................................................................................................................... 73


4.1. ENERGIA DE ORDEM FÍSICA ........................................................................................................................ 73
4.1.1 Agente Contundente .................................................................................................................... 74
4.1.2. Agente Perfurante....................................................................................................................... 92
4.1.3. Agente Cortante.......................................................................................................................... 95
4.1.4. Pérfuro-Cortante ......................................................................................................................... 99
4.1.5. Pérfuro-contundente ................................................................................................................. 100
4.1.6. Corto-contundente .................................................................................................................... 101
4.2. ENERGIA DE ORDEM QUÍMICA .................................................................................................................. 102
4.3. ENERGIA DE ORDEM BIOLÓGICA ................................................................................................................ 102
4.4. ENERGIA DE ORDEM MISTA ...................................................................................................................... 102
CAPÍTULO 7 - PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO ........................................................................................................... 103
1. QUANTO AO PORTE................................................................................................................................ 104
2. QUANTO À FINALIDADE ......................................................................................................................... 104
3. QUANTO À ALMA DO CANO ................................................................................................................... 105

4. QUANTO À VELOCIDADE ........................................................................................................................ 105


5. QUANTO AO FUNCIONAMENTO ............................................................................................................. 106
6. QUANTO AO CALIBRE ............................................................................................................................. 106
7. QUANTO À LEGISLAÇÃO ......................................................................................................................... 107

8. MUNIÇÃO............................................................................................................................................... 107
8.1. CARTUCHO OU MUNIÇÃO ........................................................................................................................ 108
8.1.1. Projétil hollow point .................................................................................................................. 108
8.1.2. Projéteis deformáveis (“bala dundum”) ..................................................................................... 109
8.1.3. Balins ou bagos ......................................................................................................................... 109
8.1.4. Estojo ....................................................................................................................................... 109
8.1.5. Carga Propelente ...................................................................................................................... 109
8.1.6. Espoleta .................................................................................................................................... 110
8.1.7. Bucha pneumática .................................................................................................................... 110
9. ROSA DE TIRO DE CEVIDALLI................................................................................................................... 111
10. BALÍSTICA ............................................................................................................................................. 111
10.1. MOVIMENTOS DO PAF ........................................................................................................................ 111
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10.1.1. Rotação .................................................................................................................................. 112


10.1.2. Translação .............................................................................................................................. 112
10.1.3. Báscula ................................................................................................................................... 112
10.1.4. Nutação .................................................................................................................................. 112
10.1.5. Precessão................................................................................................................................ 112
10.2. Análise da distância alcançada pelo projétil................................................................................ 113
10.3. RESIDUOGRAMA ................................................................................................................................. 114
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10.4. TIROS A LONGAS DISTÂNCIAS .................................................................................................................. 114


10.5. EFEITOS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS DO TIRO ............................................................................................. 114
10.6. ORLAS CAUSADAS PELO PAF .................................................................................................................. 114
10.7. TIRO A CURTAS DISTÂNCIAS ................................................................................................................... 116
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10.9. POSSIBILIDADE DE MAIS PROJÉTEIS NO INTERIOR DO CORPO QUE ORIFÍCIOS DE ENTRADA ........................................ 117
10.10. TIROS ENCOSTADOS ........................................................................................................................... 117
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10.11. LESÕES EM ÓRGÃOS – HALLO DE BONNET................................................................................................ 121


10.12. TRAJETO E TRAJETÓRIA ....................................................................................................................... 121
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10.13. COENFICIENTE BALÍSTICO .................................................................................................................... 121


10.14. TIRO PENETRANTE E TRANSFIXANTE ........................................................................................................ 122
10.15. ESTABILIDADE DO PAF: CENTRO DE MASSA E PRESSÃO ................................................................................. 122
11. RESIDUOGRAFIA ................................................................................................................................... 123

12. VALOR DE RESÍDUOS NA MÃO ............................................................................................................. 123


13. ONDAS DE CHOQUE E ONDAS DE PRESSÃO ........................................................................................ 124
13.1. ONDAS DE CHOQUE ............................................................................................................................. 124
13.2. ONDAS DE PRESSÃO ............................................................................................................................. 124
13.3. CAVIDADES FORMADAS ........................................................................................................................ 125
14. LESÕES DE SAÍDA PROVOCADAS POR PAF .......................................................................................... 126
15. LESÕES PROVOCADAS POR PAF DE ALTA ENERGIA ............................................................................. 126
16. LESÕES EM ÓRGÃOS MACIOS PROVOCADAS POR PAF ........................................................................ 127
CAPÍTULO 8 - LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS ........................................................................... 128
1. BLAST ..................................................................................................................................................... 129

2. LESÕES CAUSADAS EM FUNÇÃO DE EXPLOSÕES ..................................................................................... 129


CAPÍTULO 9 - AGENTES TÉRMICOS ........................................................................................................................... 130
1. CONCEITOS INICIAIS ............................................................................................................................... 131
2. LESÕES PELA AÇÃO TÉRMICA .................................................................................................................. 131
2.1. TERMONOSES ...................................................................................................................................... 132
2.2. QUEIMADURAS .................................................................................................................................... 133
2.3. CLASSIFICAÇÃO DE KRISEK ....................................................................................................................... 135
3. SINAIS DECORRENTES DA AÇÃO DO CALOR ............................................................................................. 136
3.1. SINAL DE MONTALTI .............................................................................................................................. 136
3.2. SINAL DE DERVEGIE, BOXEUR, ESGRIMISTA OU SALTIMBANCO .......................................................................... 136
3.3. COR DOS OSSOS X TEMPERATURAS ............................................................................................................. 137
4. FOTODERMATOFITOSES ......................................................................................................................... 137
5. REGRA DOS NOVE DE WALLACE .............................................................................................................. 138
6. CAUSA DE MORTE NOS INCÊNDIOS ......................................................................................................... 138
6.1. OUTROS FATORES QUE LEVAM À MORTE ..................................................................................................... 139
6.2. ÚLCERA DE CURLING .............................................................................................................................. 139
7. DIAGNÓSTICO DO AGENTE VULNERANTE FOGO ...................................................................................... 139
8. QUEIMADURA POR LÍQUIDO FERVENTE .................................................................................................. 139
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9. QUEIMADURA POR SÓLIDO INCANDESCENTE ......................................................................................... 139


10. QUEIMADURA POR VAPORES SUPERAQUECIDOS .................................................................................. 140
11. LESÕES E MORTES CAUSADAS PELO FRIO .............................................................................................. 140
11.1. CLASSIFICAÇÃO DA HIPOTERMIA .............................................................................................................. 140
11.2. ÚLCERA DE WISCHNEWSKI ..................................................................................................................... 141
11.3. RIGIDEZ PRECOCE ................................................................................................................................ 141
11.4. EFEITO AFTER DROP ............................................................................................................................. 141
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11.5. GELADURAS ....................................................................................................................................... 142


12. QUEIMADURAS PELO FRIO .................................................................................................................... 142
CAPÍTULO 10 - AGENTES ELÉTRICOS ......................................................................................................................... 143
1. ENERGIA ELÉTRICA ................................................................................................................................. 144
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2. FULGURAÇÃO ......................................................................................................................................... 144


Marceli souza

2.1. SINAL DE LICHITEMBERG (SIGNIFICA MONTANHA DE LUZ) ................................................................................. 145


2.2. FLASH OVER ........................................................................................................................................ 145
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3. ELETROPLESSÃO ..................................................................................................................................... 145


3.1. SINAL DE JELLINEK ................................................................................................................................. 145
3.2. LESÕES ELETROMECÂNICAS DE JELLINEK ...................................................................................................... 146
3.3. ARCO VOLTAICO ................................................................................................................................... 146
3.4. VOLTAGEM ......................................................................................................................................... 147
3.5. ASSOCIAÇÃO EM PARALELO ..................................................................................................................... 147
3.6. ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE ........................................................................................................................... 147
4 CAUSAS DA MORTE X CORRENTE ELÉTRICA ............................................................................................. 148
4.1. ELETROPERFURAÇÃO OU ELETROPERMEABILIZAÇÃO ....................................................................................... 149
4.2. PERÍODO REFRATÁRIO DA CÉLULA .............................................................................................................. 149
4.3. SINAL DE PIACENTINO ............................................................................................................................ 149
CAPÍTULO 11- AGENTES CÁUSTICOS......................................................................................................................... 150
1. AGENTES ÁCIDOS ................................................................................................................................... 151
2. AGENTES BÁSICOS OU ALCALINOS.......................................................................................................... 151
CAPÍTULO 12 - ASFIXIOLOGIA FORENSE ................................................................................................................... 153

1. CONCEITOS BÁSICOS DO APARELHO CIRCULATÓRIO ............................................................................... 155


1.1. ASFIXIA .............................................................................................................................................. 157
2. CONTROLE DE RESPIRAÇÃO..................................................................................................................... 157
3. ENERGIA VULNERANTE NAS ASFIXIAS MECÂNICAS.................................................................................. 157
3.1. MANCHAS DE TARDIEU .......................................................................................................................... 157
4. SINAIS GERAIS DE ASFIXIA ....................................................................................................................... 158
4.1. TRÍADE ASFÍXICA ................................................................................................................................... 158
4.2. CIANOSE ............................................................................................................................................. 158
5. CLASSIFICAÇÃO DAS ASFIXIAS DE AFRÂNIO PEIXOTO ............................................................................. 158
5.1. ASFIXIAS PURAS .................................................................................................................................... 158
5.2. ASFIXIAS COMPLEXAS ............................................................................................................................. 159
5.3. ASFIXIAS MISTAS ................................................................................................................................... 159
6. MODALIDADES DE ASFIXIA ..................................................................................................................... 159
6.1. IMPEDIR O FLUXO DE AR AOS PULMÕES ....................................................................................................... 159
6.1.1. Sufocação direta ....................................................................................................................... 160
6.1.2. Sufocação indireta .................................................................................................................... 160
6.2. CONSTRIÇÃO NO PESCOÇO ....................................................................................................................... 162
6.2.1. Enforcamento ........................................................................................................................... 163
6.2.2. Estrangulamento ...................................................................................................................... 164
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6.2.3. Esganadura............................................................................................................................... 165


6.3. OUTRAS FORMAS DE ASFIXIA .................................................................................................................... 166
6.3.1. Envenenamento pelo cianeto..................................................................................................... 166
6.3.2. Envenenamento pelo curare ...................................................................................................... 166
6.3.3. Intoxicação por monóxido de carbono ....................................................................................... 166
6.3.4. Eletroplessão ............................................................................................................................ 167
7. SINAIS NAS ASFIXIAS POR CONSTRICÇÃO DO PESCOÇO ........................................................................... 167
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7.1. ASFIXIOFILIA ........................................................................................................................................ 167


7.2. SINDROME DO CAFÉ CORONARY................................................................................................................ 168
7.3. FORMAS SECUNDÁRIAS DE ASFIXIAS ........................................................................................................... 168
7.4. ASFIXIA X RIGIDEZ CADAVÉRICA ................................................................................................................. 168
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7.5. ASFIXIA POR MODIFICAR O AMBIENTE RESPIRÁVEL.......................................................................................... 168


7.5.1. Afogamento .............................................................................................................................. 168
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7.5.2. Soterramento............................................................................................................................ 171


7.5.3. Confinamento ........................................................................................................................... 172
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CAPÍTULO 13 - LESÕES E MORTE POR ENERGIA RADIANTE....................................................................................... 174

1. IRRADIAÇÃO E CONTAMINAÇÃO ............................................................................................................ 175


2. PERIGO DAS RADIAÇÕES ........................................................................................................................ 175

2.1. RADIAÇÃO ALFA .................................................................................................................................... 175


2.2. RADIAÇÃO BETA ................................................................................................................................... 176
2.3. RADIAÇÃO GAMA .................................................................................................................................. 176
2.4. RAIO-X .............................................................................................................................................. 176

3. UNIDADES DE RADIAÇÃO ....................................................................................................................... 176


3.1. SIEVERT (SV OU MSV) ............................................................................................................................ 176
4. EFEITOS DA ENERGIA RADIANTE NO CORPO........................................................................................... 177
4.1. FORMA AGUDA DA RADIODERMITE ............................................................................................................ 177
4.2. ÚLCERA DE ROENTGEN ........................................................................................................................... 177
4.3. FORMA CRÔNICA DA RADIODERMITE .......................................................................................................... 178
4.4. SEPTICEMIA ......................................................................................................................................... 178
CAPÍTULO 14 - LESÕES E MORTES CAUSADAS PELA ENERGIA BAROMÉTRICA........................................................... 179
1. LEIS BAROMÉTRICAS .............................................................................................................................. 180
1.1. LEI DE BOYLE-MARIOTTE ........................................................................................................................ 180
1.2. LEI DE DALTON ..................................................................................................................................... 181
1.3. LEI DE HENRY ....................................................................................................................................... 181
2. PRESSÃO EM GRANDES ALTITUDES ........................................................................................................ 181

2.1. MAL DAS MONTANHAS OU AVIADORES ....................................................................................................... 181


2.2. MAL DAS MONTANHAS OU MAL DE AVIADORES EM SUA FORMA AGUDA .............................................................. 181
2.3. MAL DAS MONTANHAS EM SUA FORMA CRÔNICA OU DOENÇA DE MONGE ............................................................ 182
3. BAROTRAUMAS ORIUNDOS DE MERGULHOS ......................................................................................... 183

3.1. MERGULHO EM APNÉIA .......................................................................................................................... 183


3.2. MERGULHO COM SCUBA ......................................................................................................................... 183

CAPÍTULO 15 - MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE ............................................................................................ 185


1. IDIOSSINCRASIA ..................................................................................................................................... 186
2. IMPUTABILIDADE ................................................................................................................................... 186
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2.1. IMPUTÁVEL ......................................................................................................................................... 186


2.2. SEMI-IMPUTÁVEL .................................................................................................................................. 186
2.3. INIMPUTÁVEL ....................................................................................................................................... 186

3. CRITÉRIO BIOLÓGICO DE INIMPUTABILIDADE ........................................................................................ 186


4. CRITÉRIO BIOPSICOLÓGICO OU MISTO DE INIMPUTABILIDADE .............................................................. 186

4.1. SIMULAÇÃO ......................................................................................................................................... 187


CPF: 073.496.444-77

4.2. DISSIMULAÇÃO .................................................................................................................................... 187


4.3. METASSIMULAÇÃO ................................................................................................................................ 187
4.4. PARASSIMULAÇÃO ................................................................................................................................ 187
4.5.1. Psicopatas ................................................................................................................................ 188
souza -- CPF:

4.5.2. Epilépticos ................................................................................................................................ 188


4.6. DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO OU RETARDADO ............................................................................. 188
Marceli souza

4.7. RETARDADO ........................................................................................................................................ 188


4.8. SÍNDROME DE DOWN ............................................................................................................................ 188
Marceli

5. EMBRIAGUEZ.......................................................................................................................................... 189
5.1. INIMPUTABILIDADE ................................................................................................................................ 189
5.2. SEMI-IMPUTABILIDADE ........................................................................................................................... 189
5.3. NÃO EXCLUDENTE DE IMPUTABILIDADE ....................................................................................................... 189
5.3.1. Embriaguez voluntária .............................................................................................................. 189
5.3.2. Embriaguez culposa .................................................................................................................. 190
5.4. EMBRIAGUEZ PATOLÓGICA ...................................................................................................................... 190
5.5. ALCOOLISMO E O MEIO AMBIENTE ............................................................................................................. 190
5.6. FASES DA EMBRIAGUEZ ........................................................................................................................... 190
5.7. TOLERÂNCIA AO ÁLCOOL ......................................................................................................................... 191
5.8. SÍNDROME DE KORSAKOFF ...................................................................................................................... 191
5.9. ABSORÇÃO DO CÉREBRO ......................................................................................................................... 192

6. LEI DE DROGAS ....................................................................................................................................... 193


6.1. LEI DE DROGAS (11.343/06) E O INIMPUTÁVEL ........................................................................................... 193
6.2. SEMI-IMPUTÁVEL .................................................................................................................................. 194
6.3. DEPENDÊNCIA FÍSICA OU PSÍQUICA ............................................................................................................ 194
6.4. INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTO ........................................................................................................... 194
CAPÍTULO 16 - TANATOLOGIA ................................................................................................................................. 198
1. TIPOS DE MORTE .................................................................................................................................... 200
1.1. MORTE NATURAL .................................................................................................................................. 200
1.2. MORTE ASSISTIDA................................................................................................................................. 200
1.3. MORTE NÃO ASSISTIDA .......................................................................................................................... 200
1.4. MORTE VIOLENTA ................................................................................................................................. 200
1.5. MORTE SUSPEITA ................................................................................................................................. 200
1.6. MORTE SÚBITA .................................................................................................................................... 200
1.7. MORTE REAL ....................................................................................................................................... 200
1.8. MORTE APARENTE ................................................................................................................................ 201
2. TRÍADE DE THOINOT............................................................................................................................... 201

3. ESTRUTURA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL ........................................................................................ 201


4. MORTES FETAIS E DECLARAÇÃO DE ÓBITO ............................................................................................. 201
5. SINAIS ABIÓTICOS IMEDIATOS DE MORTE .............................................................................................. 202
5.1. PERÍODO DE INCERTEZA DE TOURDES ......................................................................................................... 203
5.2. PERÍODO SUPRAVITAL DO ÓRGÃOS ............................................................................................................ 203
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5.3. PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA .................................................................................................................... 203


6. SINAIS ABIÓTICOS CONSECUTIVOS OU MEDIATOS DE MORTE ................................................................ 203
6.1. Evaporação tegumentar............................................................................................................... 204
6.2. FENÔMEMOS OCULARES ......................................................................................................................... 204
6.3. Resfriamento do corpo cadavérico ou algor mortis ....................................................................... 204
6.3.1. Formas de conservação e dissipação do calor ............................................................................ 204
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6.3.2. Fatores que interferem na perda de calor .................................................................................. 205


6.3.4. Cronotanatognose pelo algor mortis ......................................................................................... 205
6.4. Livores cadavérico, hipóstases ou livor mortis ............................................................................... 205
6.4.1. Cronotanatognose pelos livores................................................................................................. 206
souza -- CPF:

6.4.2. Cores do livor e possível causa da morte .................................................................................... 207


6.5. Rigidez cadavérica ou rigor mortis................................................................................................ 207
Marceli souza

6.5.1. Cronologia da rigidez cadavérica ............................................................................................... 207


6.5.2. Lei de Nysten-Sommer-Larcher .................................................................................................. 208
Marceli

6.5.3. Espamo cadavérico, rigidez estatuária ou cataléptica ................................................................ 208


6.5.4. Rigidez cadavérica precoce........................................................................................................ 208
6.6. ALTERAÇÕES CELULARES MICROSCÓPICAS QUE APARECEM HORAS APÓS A MORTE .................................................. 208
6.6.1. Reação inflamatória .................................................................................................................. 208
6.7. TIPOS DE MORTE CELULAR ....................................................................................................................... 209
7. FENÔMENOS CADAVÉRICOS TRANSFORMATIVOS .................................................................................. 209
7.1. CONSERVADORES .................................................................................................................................. 209
7.1.1. Mumificação ............................................................................................................................. 209
7.1.2. Saponificação ou adipocera....................................................................................................... 210
7.1.3. Corificação ................................................................................................................................ 210
7.2. DESTRUTIVOS ...................................................................................................................................... 211
7.2.1. Autólise..................................................................................................................................... 211
7.2.2. Putrefação ................................................................................................................................ 211
7.2.3. Maceração................................................................................................................................ 214
7.2.4. Exumação ................................................................................................................................. 216
CAPÍTULO 17 - SEXOLOGIA FORENSE ....................................................................................................................... 218
1. A VIDA SEXUAL FEMININA ...................................................................................................................... 219
1.1. MENARCA OU CATAMENIL ....................................................................................................................... 219
1.2. GRAVIDEZ ........................................................................................................................................... 219
1.2.1. Concepção, fertilização ou fecundação ...................................................................................... 219
1.2.2. Nidação ou gravidez tópica ....................................................................................................... 220
1.2.3. Gravidez ectópica ou tubária ..................................................................................................... 220
1.2.4. Etapas do parto......................................................................................................................... 220
2. GEMÊOS ................................................................................................................................................. 222
3. PROVA DE PARTO VAGINAL ANTERIOR: ................................................................................................. 222
4. RECÉM-NASCIDO .................................................................................................................................... 223
5. CONJUNÇÃO CARNAL ............................................................................................................................. 223
5.1. HIMENOLOGIA ..................................................................................................................................... 223
5.2. TIPOS DE HÍMEN ................................................................................................................................... 224
5.3. ALTERAÇÕES CONGÊNITAS DO HÍMEN (NASCEM COM A MULHER) ....................................................................... 224
5.3.1. Relógio de Lacassagne .............................................................................................................. 225
5.3.2. Quadrantes de Oscar Freire ....................................................................................................... 225
5.4. ALTERAÇÕES TRAUMÁTICAS DO HÍMEM ...................................................................................................... 225
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6. OUTRAS PROVAS DE CONJUNÇÃO CARNAL ............................................................................................ 226


7. ABORTO ................................................................................................................................................. 227
7.1. PROVAS DE ABORTO .............................................................................................................................. 227
7.1.1. Maceração................................................................................................................................ 227
8. INFANTICÍDIO ......................................................................................................................................... 233
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9. HERMAFRODITISMO .............................................................................................................................. 234


9.1. HERMAFRODITISMO VERDADEIRO ................................................................................................................ 234
9.2. PSEUDO HERMAFRODITISMO ................................................................................................................... 234
souza -- CPF:

10. PARAFILIAS ........................................................................................................................................... 234

CAPÍTULO 18 -TOXICOLOGIA FORENSE .................................................................................................................... 248


Marceli souza

1. VENENOS................................................................................................................................................ 249
Marceli

2. DROGAS ................................................................................................................................................. 249


3. INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTO ...................................................................................................... 249
4. EFEITOS DAS DROGAS ............................................................................................................................ 251
4.1. DEPENDÊNCIA FÍSICA OU PSÍQUICA ............................................................................................................ 251

5. DROGAS PSICOATIVAS OU PSICOTRÓPICAS ............................................................................................ 251


5.1. PSICOLÉPTICAS OU PSICOCATALÉPTICAS....................................................................................................... 252
5.2. PSICODISLÉPTICAS ................................................................................................................................. 252
5.3. PSICOANALÉPTICAS................................................................................................................................ 252
5.4. LEGAL HIGHS........................................................................................................................................ 252
6. SÍNDROME DO CORPO EMBALAGEM ...................................................................................................... 252
7. ASSOCIAÇÃO DE DROGAS OU FARMACOCINÉTICA ................................................................................. 253
Marceli
Marceli souza
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1
FREDERICO ALVES MELO

INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL

14
INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL • 1
FREDERICO ALVES MELO INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL • 1

1. CONCEITO

Em geral, a doutrina define medicina legal como sendo, a um só tempo, arte e ciência.
É arte porque a realização de uma perícia médica requer habilidade (instinto) na prática do exame e
estilo na redação do laudo; essa arte se sujeita à ciência que, além de ter um campo próprio de pesquisa, se
vale de todo o conhecimento oferecido pelas demais especialidades médicas.
A definição de Medicina Legal varia de autor para autor, podendo ser apontadas como principais
definições:

• AMBROISE PARÉ (Pai da Medicina Legal): “É a arte de fazer relatórios em juízo”;


• GENIVAL VELOSO FRANÇA: “É a contribuição da medicina e da tecnologia e outras ciências afins
às questões do Direito na elaboração das leis, na administração judiciária e na consolidação da
doutrina”;
• BONNET: “É uma disciplina que utiliza a totalidade das ciências médicas para dar respostas a
questões judiciais”;
• LACASSAGNE: “A arte de pôr os conceitos médicos legais a serviço da administração da justiça”;
• LEGRAND DU SAULLE: “A aplicação das ciências médicas ao estudo e à solução de todas as
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questões especiais, que podem suscitar a instituição das leis e a ação da justiça”.

2. NOÇÕES HISTÓRICAS

Apesar de haver relatos históricos mais antigos, podem ser apontados como principais marcos da
história da medicina legal:
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• Século XVI — Ano 1532: primeira publicação — Constitutio Criminalis Carolina — que passou a
exigir a presença de peritos em certos delitos;
• Ano 1575 — Ambroise Paré: considerado o marco efetivamente inicial — trata-se do primeiro
souza -- CPF:

tratado de medicina legal (Des Rapptors et des Moyens d’Embaumer les Corps Morts), que tratava
de técnicas de embalsamento, gravidade de feridas,virgindade etc.;
Marceli souza

• Ano 1602 — Fortunatus Fidelis: primeiro tratado de medicina legal tido como completo, lançando
em Palermo;
Marceli

• Primeira Revista de Medicina Legal: Alemanha — 1821:


▪ A Alemanha inaugurou a primeira Escola de Medicina Legal;
• Segunda Revista de Medicina Legal: França — 1829;
• NO BRASIL — principais influências:
▪ França (principal);
▪ Alemanha;
▪ Itália.

A transição da matéria se deu com Agostinho José de Souza Lima, com o ensino da medicina legal.
A nacionalização da matéria foi inaugurada por Raimundo Nina Rodrigues, conhecido como
“Lombroso dos trópicos”, que iniciou a fase de pesquisa científica médico-legal, principalmente relacionado
a psiquiatria forense e a antropologia criminal.
Outros autores importantes para a nacionalização da medicina legal vieram em seguida, tais como
Oscar Freire e Afranio Peixoto, que seguiram os estudos de Raimundo Nina Rodrigues. A inclusão da
medicina legal como matéria nas faculdades de medicina da Bahia e Rio de Janeiro se deu em 1832.

15
FREDERICO ALVES MELO INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL • 1

3. SUBDIVISÕES

Trata-se da divisão da medicina legal em geral e especial. A medicina legal geral vai além do estudo
do ser humano e se divide em:

• Deontologia – ocupa-se das normas éticas a que o médico está sujeito no exercício da profissão;
• Diceologia – está ligada aos direitos dos profissionais.

Por sua vez, a medicina legal especial liga-se ao estudo do ser humano e tem como principais
subdivisões:

a. Patologia forense;
b. Toxicologia forense;
c. Infortunística;
d. Antropologia forense;
e. Sexologia forense;
f. Psiquiatria forense.
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Vejamos cada uma delas agora.

a) Patologia forense

Estuda a traumatologia forense e a tanatologia.


Na traumatologia, são estudadas as energias vulnerantes, os seus mecanismos de ação e as suas
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consequências.
A tanatologia (tanato: morte) estuda a morte, sua causa jurídica e os fenômenos cadavéricos.

b) Toxicologia forense
souza -- CPF:

Tem por objeto de estudo as substâncias tóxicas, estudando também seus efeitos sobre o ser
Marceli souza

humano, seu mecanismo de ação, seu modo de detecção em casos concretos e o esclarecimento de aspectos
Marceli

de repercussão jurídica.

c) Infortunística

Ocupa-se dos acidentes de trabalho, sua etiologia, sua dinâmica e suas consequências. Além disso,
estabelece o nexo causal entre os acidentes e as incapacidades laborativas.

d) Antropologia forense

Estuda os restos mortais com objetivo de esclarecer sua identidade, sua causa de morte e
sua ascendência.

e) Sexologia forense

Abrange aspectos relacionados com o diagnóstico de virgindade, violência sexual, gravidez,


puerpério, aborto e problemas médicos legais relativos ao casamento.

16
FREDERICO ALVES MELO INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL • 1

f) Psiquiatria forense

Tem por finalidade a avaliação da responsabilidade penal e da capacidade civil, que podem estar
alteradas em função de distúrbios mentais. Nela, são abordados os aspectos médico-legais da embriaguez e
as toxicomanias.
Aqui foram citadas as principais subdivisões, havendo outras citadas pela doutrina, tais como a
psicologia forense, a medicina legal desportiva e a vitimologia.

4. RELAÇÕES DA MEDICINA LEGAL COM OUTRAS CIÊNCIAS

Em relação a ciência médica, os temas da medicina legal são encontrados nos mais diversos ramos,
como na traumatologia, na psicologia, na ginecologia e nas demais especialidades médicas.
Em relação a ciência jurídica, se correlaciona com diversos ramos do direito por motivos distintos,
como:

a. Direito Penal e Processual Penal – trata-se de estudo relacionado a crimes;


b. Direito Civil e Processual Civil – trata-se de estudo relacionado a questões do casamento,
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paternidade etc.;
c. Direito Trabalhista – trata-se de estudo relacionado à infortunística.
d. Direito Desportivo – trata-se de estudo relacionado ao desempenho esportivo;
e. Direito Administrativo – trata-se de estudo relacionado a atestados médicos utilizados por
servidores.

QUESTÕES
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1. (INSTITUTO AOCP – 2018 – PC/ES – Médico Legista) De acordo com Afrânio Peixoto, a medicina legal pode
ser definida como “A aplicação de conhecimentos científicos dos místeres da justiça”. Do ponto de vista
didático tradicional, a medicina legal pode ser dividida em geral e legal. No caso da geral, seu campo de
souza -- CPF:

ação se ocupa de várias áreasdo conhecimento, como


a) antropologia forense.
Marceli souza

b) honorários médicos.
Marceli

c) asfixiologia forense.
d) genética forense.
e) sexologia forense.

2. (CESPE/CEBRASPE – 2018 – PC/MA – Médico Legista) Sob o ponto de vista didático, a medicina legal está
dividida em medicina geral e medicina especial. A respeito da medicina legal especial, assinale a opção
correta.
a) A antropologia forense é o estudo da identidade e da identificação, seus métodos, processose técnicas.
b) A infortunística trata da análise racional da participação da vítima na eclosão e justificaçãodas infrações
penais.
c) A tanatologia versa sobre os fenômenos volitivos e afetivos mentais, a periculosidade doalienado, as
socioneuropatias em face de problemas judiciários, a simulação e a dissimulação.
d) A vitimologia estuda os diferentes aspectos da gênese e da dinâmica dos crimes.
e) A asfixiologia forense é o estudo dos cáusticos e dos envenenamentos.

3. (IBCF – 2017 – POLÍCIA CIENTÍFICA/PR – Médico Legista) A medicina legal é uma ciência de grandes
proporções e muita diversificação. A respeito doconceito de medicina legal, analise as afirmativas.

17
FREDERICO ALVES MELO INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL • 1

I. A medicina legal é a ciência a serviço das ciências jurídicas e sociais.


II. Embora se relacione estreitamente com o Direito Processual Penal, a medicina legal nãoapresenta
relação com o Direito Processual Civil.
III. Uma das definições de medicina legal é que esta é a arte de pôr os conhecimentos médicosa serviço da
administração da Justiça.
IV. A medicina legal tem recebido diversas denominações, como: Medicina Judiciária, medicina política e
medicina forense.
Estão corretas as afirmativas:
a) I, II e III, apenas.
b) I, III e IV, apenas.
c) II, III e IV, apenas.
d) I, II e IV, apenas.
e) III e IV, apenas.

4. (CESPE/CEBRASPE – 2011 – PC/ES – Médico Legista) De acordo com Ambroise Paré, a medicina legal é a
arte de produzir relatórios na justiça.
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( ) Certo ( ) Errado
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GABARITO
1. b)
2. a)
3. b)
4. Certo
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18
Marceli
Marceli souza
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2
FREDERICO ALVES MELO

PERITOS E PERÍCIAS
PERITOS E PERÍCIAS • 2

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FREDERICO ALVES MELO PERITOS E PERÍCIAS • 2

A perícia médico-legal é definida como sendo a “contribuição da medicina e da tecnologiae outras


ciências afins para as questões do Direito na elaboração das leis, na administração judiciária e na
consolidação da doutrina”. (FRANÇA, 2017)
Além disso, ela é o exame dos elementos materiais de interesse de um processo e é realizada por
perito, possuindo uma face objetiva e outra subjetiva:

a. Face objetiva – trata de alterações visíveis verificadas pelo perito objetivamente. É encontrada
no laudo pericial na parte chamada de descrição.
b. Face subjetiva – nessa face, se analisa os fatos descobertos na parte objetiva. É encontrada no
laudo pericial na parte chamada de discussão.

Segundo o Art. 6º do Código de Processo Penal, ao ocorrer um delito, deve a autoridadepolicial


comparecer ao local e preservá-lo até a chegada dos peritos criminais.

Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais;
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O local em que será realizada a perícia poder ser classificado como:

• Local idôneo: quando estiver preservado; e como


• Local inidôneo: quando não estiver preservado.

ATENÇÃO!
Embora o art. 6º do Código de Processo Penal trate apenas das perícias em local de crime, elas podem
CPF: 073.496.444-77

ocorrer em qualquer coisa que esteja relacionada ao delito, como em seres humanos, cadáveres, coisas,
animais etc.

1. PERÍCIA
souza -- CPF:
Marceli souza

A perícia é uma diligência com a finalidade de estabelecer a veracidade ou a falsidade de situações,


fatos ou acontecimentos, por meio de prova e análise de toda a matéria colhida como vestígio de uma
Marceli

infração, ou seja, por meio de exame de corpo de delito. Assim, a perícia tem como finalidade provar atos
de interesse da justiça.
Quando os fatos alegados em um processo deixam vestígios materiais e esses se perdem no mesmo
instante ou logo após serem criados, sua comprovação em juízo só pode ser feita por meio de prova
testemunhal. O relato dessas testemunhas, porém, pode, por diversas razões, não corresponder fielmente à
realidade.
No entanto, se desse processo resultam vestígios duradouros, com a possibilidade de serem
detectados, o exame e o registro de tais vestígios devem ser feitos obrigatoriamente. O exame desses
elementos materiais, quando feito por técnico, é chamado de perícia.
Para o Processo Penal, a perícia é um meio de prova, visto que é a forma que as fontes de prova são
introduzidas no processo. Conforme art. 159 do Código de Processo Penal, as perícias serão realizadas por
perito oficial.
Perito oficial é o perito concursado, que, no ato de sua posse, presta compromisso de realizar o
mister com ética e relatar com veracidade o que aprecia, não sendo necessário prestar este compromisso a
cada perícia. Vale ressaltar que, sendo perito oficial, a regra é que a perícia seja realizada por apenas um
perito.
Excepcionalmente, caso não tenha perito oficial na localidade, permite-se a realização da perícia

20
FREDERICO ALVES MELO PERITOS E PERÍCIAS • 2

por duas pessoas idôneas, chamados de peritos não oficiais, devendo estas serem portadoras de diploma
em curso superior, não necessariamente na área de especialidade da perícia (mas preferencialmente dessa
área), e devem prestar compromisso. (Art. 159, §§ 1º e 2º, CPP)
O perito não oficial é conhecido como perito ad hoc ou gracioso.

Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial,
portador de diploma de curso superior.
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as
que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
§ 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o
encargo.

O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo.


Segundo o Art. 277 do Código de Processo Penal, o perito nomeado pela autoridade será obrigado a
aceitar o encargo, sob pena de multa, salvo se apresentar justo motivo para a escusa.

Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob pena
de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível.
Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa, provada
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073.496.444-77 -- marceliangel@hotmail·com

imediatamente:
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade;
b) não comparecer no dia e local designados para o exame;
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos estabelecidos.

Impedimento para ser perito

Segundo o Art. 279 do Código de Processo Penal, não poderão ser peritos:
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Art. 279. Não poderão ser peritos:


I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos ns. I e IV do art. 69 do
Código Penal;
II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o
souza -- CPF:

objeto da perícia;
III - os analfabetos e os menores de 21 anos.
Marceli souza

Perinecroscopia
Marceli

É o exame de corpo de delito que é feito em volta de cadáver.

Local relacionado

É o local que não tem ligação direta com o local objeto da perícia imediata, masindiretamente pode
conter alguma ligação ou pode ser útil para análise de prova.

Vestígios: delicta factis permanentis e delicta factis transeuntis

Os vestígios podem ter caráter permanente ou passageiro.


1. Delito não transeunte:
• Ocorre quando a infração penal deixa vestígios.
• São vestígios duradouros, chamados de delicta factis permanentis.
• Como exemplos de crimes não transeuntes, podemos citar o homicídio (art. 121, CP), o estupro
(art. 213, CP) e as lesões corporais (art. 129, CP).

21
FREDERICO ALVES MELO PERITOS E PERÍCIAS • 2

2. Delito traseunte:
• Ocorre quando a infração penal não deixa vestígios.
• Chamado de delicta factis transeuntes.
• São crimes transeuntes, por exemplo, a calúnia (art. 138, CP), a difamação (art. 139, CP) e a
injúria (art. 140, CP) quando praticados por meio verbal.

2. PERITO

É um auxiliar da justiça, devidamente compromissado, estranho às partes, portador de


conhecimento técnico altamente especializado e sem impedimentos para atuar no processo.

Função do perito

A função do perito limita-se a verificar o fato, indicando a causa que o motivou.


Qualquer que seja a posição em que esteja o perito, oficial ou não, seu compromisso com a verdade
constitui-se em dever ético e obrigação legal.
marceliangel@hotmail·com

A declaração falsa ou a ocultação da verdade constituem o delito de falsa perícia, previsto no


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Art. 342 do Código Penal:

Art. 342 - Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito,
contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial,
ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

3. CORPO DE DELITO
CPF: 073.496.444-77

Quando o fato delituoso produz alterações materiais no ambiente, dá-se o nome de corpo de delito
ao conjunto de elementos sensíveis denunciadores do fato criminoso; dessa forma, pode-se definir corpo
de delito como sendo:
souza -- CPF:

• Os elementos materiais, perceptíveis pelos nossos sentidos, resultantes da infração penal.


Marceli souza

• Corpus criminis: é toda coisa ou pessoa sobre a qual incide a conduta delitiva nos crimes contra
Marceli

a pessoa.
• Corpus intrumentorium: são meios e instrumentos utilizados pelo agressor para produzir o delito.

Esses elementos sensíveis, que são elementos objetivos, devem ser alvo de prova, obtida por meios
que o direito fornece. Os peritos dirão da natureza de tais elementos e estabelecerão o nexo entre eles e o
ato ou a omissão do acusado; com isso, tem-se o exame de corpo de delito.

ATENÇÃO!
Não se deve confundir corpo de delito com exame de corpo de delito: o primeiro é o elemento
objetivo que o crime deixou; o segundo é o exame realizado sobre esse elemento.
Ex.: suponha que tenha ocorrido um homicídio, e que, no local, foi encontrado um projétil de arma
de fogo e ainda uma arma de fogo. Assim, nesse caso, o corpo de delito é o projétil de arma de fogo e a arma
de fogo coletados no local do delito; por sua vez, o exame de corpo de delito é o trabalho realizado pelo
perito para comparar se o projétil foi disparado por determinada arma de fogo.

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FREDERICO ALVES MELO PERITOS E PERÍCIAS • 2

Exame de corpo de delito direto e indireto

O exame de corpo de delito é aquele que é feito com base no corpo de delito.
Exame de corpo de delito direto – o corpo de delito é objeto da atividade pericial.
Ex.: Perito que tem contato direto com um cadáver em um delito de homicídio.
Exame de corpo de delito indireto – há duas correntes:
• 1ª Corrente – seria a substituição do exame objetivo pela prova testemunhal, subjetiva. Diz que
é chamado indevidamente de exame de corpo de delito indireto, pois embora exista o delito, não
há corpo de delito, porque faltam os sinais, os vestígios e os elementos materiais (art. 158 CPP).

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido
os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

• 2ª Corrente – entende que o exame de corpo de delito indireto é aquele em que não é mais
possível a perícia direta no corpo de delito, por este ter desaparecido; porém, o médico legista
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terá acesso aos prontuários médicos do paciente e, à sua vista, elaborará o documento médico-
legal.

Segundo o professor Wilson Palermo, o exame de corpo de delito indireto é equivalente à prova
testemunhal. (1ª Corrente)

Obrigatoriedade do exame de corpo de delito


CPF: 073.496.444-77

Sempre que o delito deixar vestígios, é obrigatório que se faça o exame de corpo de delito, seja ele
direito ou indireto.

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
souza -- CPF:

direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.


Marceli souza

Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará
a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade.
Marceli

Exceção à obrigatoriedade do exame de corpo de delito (Lei n.º 9099/95)

Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, é dispensado o exame corpo de delito quando a
materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.

Art. 77 (...)
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência
referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame
do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico
ou prova equivalente.

Prioridade na realização do exame de corpo de delito (lei n.º 13.721, de 2018)

Quando o delito envolver violência doméstica e familiar contra mulher e/ou violência contra criança,
adolescente, idoso ou pessoa com deficiência, deve ser dada prioridade na realização do exame de corpo de
delito.

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FREDERICO ALVES MELO PERITOS E PERÍCIAS • 2

Art. 158 (...)


Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando
se tratar de crime que envolva:
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.

Momento do exame de corpo de delito

Em regra, o exame de corpo de delito é feito a qualquer dia e hora, conforme art. 161 do CPP:

Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.

Uma exceção, porém, se dá no caso da autópsia, que deve ser feita seis horas, pelo menos, após o
óbito, visto que esse tempo é necessário para o surgimento dos sinais de certeza de morte. Essa exigência,
porém, não será necessária caso os peritos tenham certeza do óbito pela evidencia dos sinais de morte.

Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos,
pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que
declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do
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cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas
permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a
verificação de alguma circunstância relevante.

Assistente técnico na perícia

É possível a indicação de assistente técnico, que só será admitido pelo juiz após a conclusão dos
exames e a elaboração do laudo pelos peritos oficiais.
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Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial,
portador de diploma de curso superior.
§ 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao
querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
souza -- CPF:

§ 4º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos
exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta
Marceli souza

decisão.
Marceli

Oitiva dos peritos e parecer técnico

Segundo os §§ 5º e 6º - A do Art. 159 do Código de Processo Penal:

§ 5º Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:


I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos,
desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam
encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as
respostas em laudo complementar;
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado
pelo juiz ou ser inquiridos em audiência.
§ 6º Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia
será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na
presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua
conservação.

Perícia complexa

Se a perícia for tida como complexa, ou seja, se abranger mais de uma área de conhecimento
especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial.

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FREDERICO ALVES MELO PERITOS E PERÍCIAS • 2

Se houver divergência entre os peritos, a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos,
a autoridade poderá mandar proceder novo exame por outros peritos.

CPP, Art. 159 (...)


§ 7º Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento
especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar
mais de um assistente técnico.

Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as
declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo,
e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá
mandar proceder a novo exame por outros peritos.

Prazo do laudo pericial

O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado,
em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.

Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que
examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
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Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo
este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.

Prova testemunhal

No caso de desaparecimento dos vestígios, é possível a produção de prova testemunhal.

Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido
CPF: 073.496.444-77

os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

Princípio do livre convencimento motivado do juiz


souza -- CPF:

O juiz não está vinculado ao laudo apresentado pelo perito e, em caso de não o acatar no todo ou
em parte, deverá motivar objetivamente.
Marceli souza

Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou
Marceli

em parte.

Ausência do exame de corpo de delito

A ausência do exame de corpo de delito pode levar à nulidade do processo:

Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:


II- por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto
no Art. 167.

QUESTÕES
1. (FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto) No que tange à perícia oficial e em acordo com
o CPP, é CORRETO afirmar:
a) É facultada ao acusado a indicação de assistente técnico, após admissão pela autoridade policial.
b) Entende-se por perícia complexa aquela que abrange mais de uma área de conhecimento especializado.
c) Faculta-se ao Ministério Público e ao assistente técnico do querelante a formulação de quesitos a qualquer
tempo do inquérito policial.
d) Na falta de perito oficial, qualquer contribuinte poderá exercer o mister, desde que não inadimplente com

25
FREDERICO ALVES MELO PERITOS E PERÍCIAS • 2

impostos públicos, e que seja admitido pelo delegado de polícia presidente do inquérito.

2. (VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia) Jovem do sexo masculino é encontrado morto no seu
quarto, aparentemente um caso de suicídio por enforcamento. Logo ao chegar no local de morte, a equipe
pericial encontra a vítima na cama, com o objeto usado como elemento constritor removido.
Nessa situação, o perito criminal deve
a) avaliar detalhadamente o local, buscar pistas de envolvimento de terceiros, não realizar o exame pericial
do cadáver e registrar a alteração notada no laudo final.
b) fazer o boletim de ocorrência com a alteração notada, isolar e preservar o local de morte, e solicitar o
envio de equipe pericial do instituto médico-legal para realização de perícia conjunta.
c) informar à autoridade policial sobre a alteração do local de morte, emitir o laudo de impedimento e
determinar a remoção imediata do cadáver para o instituto médico-legal.
d) realizar o exame externo do cadáver, de tudo que é encontrado em torno dele ou que possa ter relação
com o fato em questão, e registrar no laudo a alteração notada no local de morte.
e) realizar o registro fotográfico do local, investigar as circunstâncias da morte, não realizar o exame pericial
do cadáver, coletar o provável instrumento utilizado e descrever no laudo a alteração do local de morte.
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3. (CESPE - 2017 - PC-GO - Delegado de Polícia Substituto) No que se refere às perícias e aos laudos médicos
em medicina legal, assinale a opção correta.
a) As perícias podem consistir em exames da vítima, do indiciado, de testemunhas ou de jurado.
b) A perícia em antropologia forense permite estabelecer a identidade de criminosos e de vítimas, por meio
de exames de DNA, sem, no entanto, determinar a data e a circunstância da morte.
c) A opção pela perícia antropológica deve ser conduta de rotina nos casos em que a família da vítima
manifestar suspeita de morte por envenenamento.
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d) As perícias médico-legais são restritas aos processos penais e civis.


e) Laudo médico-legal consiste em narração ditada a um escrivão durante o exame.
souza -- CPF:

4. (CESPE - 2016 - PC-PE - Delegado de Polícia) Com relação aos conhecimentos sobre corpo de delito, perito
e perícia em medicina legal e aos documentos médico-legais, assinale a opção correta.
Marceli souza

a) Perícia é o exame determinado por autoridade policial ou judiciária com a finalidade de elucidar fato,
estado ou situação no interesse da investigação e da justiça.
Marceli

b) O atestado médico equipara-se ao laudo pericial, para serventia nos autos de inquéritos e processos
judiciais, devendo ambos ser emitidos por perito oficial.
c) Perito oficial é todo indivíduo com expertise técnica na área de sua competência incumbido de realizar o
exame.
d) É inválido o laudo pericial que não foi assinado por dois peritos oficiais.
e) Define-se corpo de delito como o conjunto de vestígios comprobatórios da prática de um crime
evidenciado no corpo de uma pessoa.

GABARITO
1. b)
2. d)
3. a)
4. a)

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Marceli
Marceli souza
souza -- CPF:
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3
FREDERICO ALVES MELO

CADEIA DE CUSTÓDIA

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CADEIA DE CUSTÓDIA • 3
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 3

Essa nova sistemática no Código de Processo Penal foi inserida pela Lei n.º 13.964/19 — conhecida
como pacote anticrime — e trata da documentação de uma evidência. A preocupação do legislador foi tecer
todo um procedimento que visa garantir a integridade da prova, para que, quando submetida ao
contraditório, chegue absolutamente íntegra.
A cadeia de custódia da prova pode responder a um binômio, que é a autenticidadee integridade.
Ex.: ao se fazer um exame de sangue, existe todo um procedimento a ser seguido pelo atendente,
como lavar as mãos, usar luva, mostrar a seringa e a agulha e informar que estão lacradas, mostrar a etiqueta
com os dados do paciente e fazer a coleta do sangue. Todo esse procedimento tem como objetivo dar
segurança. Por isso, deve haver a documentação da evidência, com o fim de dar segurança.
O conceito de cadeia de cadeia de custódia está presente no artigo 158-A do CPP, acrescido a esse
código pela Lei n.º 13.964/19, que diz:

Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos


utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais
ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu
reconhecimento até o descarte.

1. IMPORTÂNCIA MÉDICO-LEGAL DA CADEIA DE CUSTÓDIA


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Segundo o professor Wilson Palermo, reside na preservação dos vestígios que futuramente poderão
se transformar em verdadeiras provas no curso do processo penal, garantindo-se, assim, a idoneidade e a
integridade.

2. INÍCIO DA CADEIA DE CUSTÓDIA


CPF: 073.496.444-77

O início da cadeia de custódia se dá:


• Com a preservação do local de crime; ou
• Com procedimentos policiais; ou
souza -- CPF:

• Com procedimentos periciais, nos quais seja detectada a existência de vestígio.


Marceli souza

Note que o início da cadeia de custódia pode ser dar por qualquer agente público envolvido nas
Marceli

diligências.
Segundo o professor Wilson Palermo, não necessariamente um objeto reconhecido como vestígio
estará na cena do delito; por esse motivo, abriu-se a possibilidade de se iniciar uma cadeia de custódia com
procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.

Art. 158-A.
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com
procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.

3. CONCEITO DE VESTÍGIO

Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido,relacionado


com a infração penal. São matéria-prima na produção da prova pericial.

• Vestígio visível: é aquele detectável a olho nu.


• Vestígio latente: é aquele que precisa ser revelado por técnicas especiais para quepossa ser
coletado.

§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido,

28
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 3

que se relaciona à infração penal.

Segundo o professor Wilson Palermo, a existência de um vestígio pressupõe a existência de:

• Um agente provocador, que causou ou contribuiu para causar; e


• Um suporte adequado, que é o local em que o vestígio se materializa.

4. VESTÍGIO E INDÍCIO

Segundo o professor Wilson Palermo, vestígio não se confunde com indício. Vestígio é a matéria;
indício é a circunstância. Conforme o art. 239 do Código de Processo Penal:

Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com
o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.

5. PRESERVAÇÃO DE EVENTUAL VESTÍGIO NA CADEIA DE CUSTÓDIA

A responsabilidade pela preservação do eventual vestígio é do agente público que reconhecer um


elemento como de potencial interesse para a produção da provapericial, como pode ser visto no paragrafo
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segundo do art. 158-A:

§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para


a produção da prova pericial fica responsável por sua preservação.

6. FASES DA CADEIA DE CUSTÓDIA

Segundo o professor Wilson Palermo, a cadeia de custódia possui duas fases, que são a externa e a
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interna.
A Fase externa é a fase que abrange o local de crime e eventual áreas relacionadas.
A Fase interna, por sua vez, diz respeito ao tratamento do vestígio e sua perícia, englobando o
souza -- CPF:

armazenamento ou o descarte do material.


Marceli souza

6.1. Etapas do rastreamento do vestígio na cadeia de custódia


Marceli

Segundo o Art. 158-B. do Código de Processo Penal, a cadeia de custódia compreende o


rastreamento do vestígio nas seguintes etapas cronológicas:

1. Reconhecimento
2. Isolamento
3. Fixação
4. Coleta
5. Acondicionamento
6. Transporte
7. Recebimento
8. Processamento
9. Armazenamento
10.Descarte

1. Reconhecimento

É o ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a produção da prova pericial. Ou

29
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 3

seja, verifica-se que algo interessa para a produção da prova pericial.

2. Isolamento

É o ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar os ambientes imediato,
mediato e relacionado aos vestígios e ao local do crime.
Referente a esse conceito, é importante definir o que são esses três ambientes:
• Ambiente imediato: é a área abrangida pelo corpo de delito e seu entorno. É o local em que se
encontra a maioria dos vestígios materiais. Ex.: quarto em que ocorreu o homicídio;
• Ambiente mediato: é adjacente ao local imediato. Há um vínculo físico/geográfico com o local do
delito. Ex.: quintal da casa em que o criminoso deixou uma blusa;
• Ambiente relacionado: não tem conexão física/geográfica com a cena do crime, mas guarda
relação com a prática delituosa. Ex.: casa do criminoso, para onde ele pode ter levado a arma do
homicídio.

ATENÇÃO!
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Segundo o professor Wilson Palermo, embora a lei tenha previsto sequencialidade, deve-se se ater a
critérios lógicos, entendendo que é possível que as etapas de reconhecimento eisolamento possam ocorrer
de maneira cíclica, ou seja, podem ser invertidas.

3. Fixação

É a descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local do crime ou no corpo de


CPF: 073.496.444-77

delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo
indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo atendimento.

4. Coleta
souza -- CPF:

É o ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas características
Marceli souza

e sua natureza.
Marceli

5. Acondicionamento

É o procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de forma individualizada, de
acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação de data,
hora e nome de quem realizou a coleta e o acondicionamento.

6. Transporte

É o ato de transferir o vestígio de um local para outro, utilizando as condições adequadas


(embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção de suas características
originais, bem como o controle de sua posse.

7. Recebimento

É o ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado com, no mínimo,
informações referentes ao: número de procedimentoe à unidade de polícia judiciária relacionada; ao local
de origem; ao nome de quem transportou o vestígio; ao código de rastreamento; à natureza do exame; ao

30
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 3

tipo do vestígio; ao protocolo; à assinatura e à identificação de quem o recebeu.


• Segundo o professor Wilson Palermo, esse ato de transferência da posse do vestígio pode não
estar presente em todas as situações, já que o próprio perito que o coletou pode efetuar o
transporte e submetê-lo ao exame pertinente.

8. Processamento

É o exame pericial em si, ou seja, é a manipulação do vestígio de acordo com a metodologia


adequada às suas características biológicas, físicas equímicas, a fim de se obter o resultado desejado, que
deverá ser formalizado em laudo produzido por perito.

9. Armazenamento

É o procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material a ser processado,


guardado para realização de contraperícia, descartado ou transportado, com vinculação ao número do
laudo correspondente.
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• Contraperícia é uma nova perícia realizada em material depositado em local seguro e isento, que
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já teve a parte anteriormente analisada, originando prova que está sendo contestada (SENASP,
Anexo II da Portaria 82/2014).
• Contraprova é o resultado da contraperícia.

10. Descarte
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É o procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando


pertinente, mediante autorização judicial.

ATENÇÃO!
souza -- CPF:

Segundo o professor Wilson Palermo, embora a lei tenha previsto sequencialidade, deve-se se ater a
critérios lógicos; ele entende que são possíveis pequenas inversões, desde que não comprometa a
Marceli souza

integridade, nem se perca a história do vestígio, atendendo assim o princípio da eficiência.


Marceli

7. CADEIA DE CUSTÓDIA E CORPO DE DELITO

Segundo o professor Wilson Palermo, cadeia de custódia e corpo de delito não se confundem, pois:
A cadeia de custódia representa todos os procedimentos que são utilizados para manter, preservar,
rastrear a posse e manuseio dos vestígios desde o seu reconhecimento até o descarte. Já o corpo de delito é
a base residual do crime, sem o que ele não existe (Genival França).
Vale lembrar que, se a infração penal deixar vestígio, é indispensável o exame de corpo de delito,
conforme o art. 158 do Código de Processo Penal.

8. CONSEQUÊNCIAS DA QUEBRA DA CADEIA DE CUSTÓDIA

A doutrina, assim como o STJ, oscila entre a ilicitude e nulidade, não havendo, hoje, um
posicionamento majoritário. Veja:

1. STJ - HC 160.662: Ilicitude Da Prova

O STJ analisou caso concreto em que parte do conteúdo da interceptação telefônica desapareceu.

31
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 3

Esse desaparecimento gera dúvida à autenticidade. Diante dessa dúvida, o STJ reconheceu a ilicitude da
prova;

2. STJ – REsp 1.795.341: Nulidade Da Prova

STJ reconheceu nulidade da prova. Por ser caso de nulidade, é necessário que se comprove o
prejuízo, sob pena dessa nulidade não ser reconhecida:

Esta Corte Superior possui entendimento de que a prova produzida durante a interceptação
não pode servir apenas aos interesses do órgão acusador, sendo imprescindível a
preservação da sua integralidade, sem a qual se mostra inviabilizado o exercício da ampla
defesa, tendo em vista a impossibilidade da efetiva refutação da tese acusatória.

Segundo o professor Wilson Palermo, a cadeia de custódia é um verdadeiro meio de obtenção de


provas, já que viabiliza eventuais exames nos vestígios que, por si só, já constituem corpo de delito. Assim,
entende que eventual violação à cadeia de custódia será uma violação de natureza processual; portanto,
será tratada como prova ilegítima, merecendo tutela da teoria das nulidades, na forma do Art. 564, IV, do
Código de Processo Penal. Diz ainda que essa nulidade é relativa (deve ter demonstrado prejuízo e ser
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alegada em momento oportuno, sob pena de preclusão) e que pode ser sanada, conforme o Art. 572 do
Código de Processo Penal.

Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: [...]


IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.

Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, III, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-
se-ão sanadas:
I - se não forem argüidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo anterior;
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II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.

9. COLETA DOS VESTÍGIOS


souza -- CPF:

Segundo o Art. 158-C, a coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito
Marceli souza

oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária a
realização de exames complementares.
Marceli

Segundo o professor Wilson Palermo, a coleta deve ser feita necessariamente por perito oficial ou
por peritos ad hoc.
Essa regra admite apenas uma exceção, que seria aquela justificada por questões de segurança,
determinadas no próprio local, diante de eventual comprometimento da integridadefísica dos componentes
da equipe que participam das diligências, devendo ter autorização do Delegado de Polícia e liberação do
perito, com a sua supervisão, para ter ciência da forma como o material foi coletado.

10. EXAMES PERÍCIAS NO LOCAL DE CRIME

Segundo o professor Wilson Palermo, o perito criminal irá eleger o melhor método para a busca de
vestígios. Cita que os métodos existentes podem ser:

• Em linha;
• Em linha cruzada;
• Em quadrante; ou
• Em espiral.

32
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 3

11. DETALHAMENTO DO CUMPRIMENTO DO TRATAMENTO DOS VESTÍGIOS

O órgão central de perícia oficial de natureza criminal é responsável por detalhar a forma do
cumprimento do tratamento dos vestígios coletados no curso do inquérito ou processo.
A disciplina da cadeia de custódia deve ser observada tanto na fase pré-processual quanto na fase
processual penal.

Art. 158-C (...)


§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados
como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal
responsável por detalhar a forma do seu cumprimento.

12. ENTRADA EM LOCAIS ISOLADOS OU REMOÇÃO DE VESTÍGIOS ANTES DE


LIBERADOS PELO PERITO RESPONSÁVEL

Segundo o parágrafo segundo do artigo 158-C do CPP, é proibida a entrada em locais isolados e a
remoção de qualquer vestígio do local de crime, salvo se o local for liberado pelo perito responsável e sob
pena de responder pelo crime de fraude processual.
marceliangel@hotmail·com
073.496.444-77 -- marceliangel@hotmail·com

Deve o Delegado de Polícia analisar o dolo do agente que promove a retirada de vestígiosdo local do
crime, pois essa remoção pode justamente ter sido feita para preservação do vestígio.

§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios de


locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada como
fraude processual a sua realização.

13. FRAUDE PROCESSUAL


CPF: 073.496.444-77

Art. 347 CP Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o


estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único. Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que
souza -- CPF:

não iniciado, as penas aplicam-se em dobro.


Marceli souza

14. ACONDICIONAMENTO DE VESTÍGIOS


Marceli

Os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, deforma a garantir
a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte.
O recipiente ainda deverá:

1. Individualizar o vestígio;
2. Preservar suas características;
3. Impedir contaminação e vazamento;
4. Ter grau de resistência adequado; e
5. Ter espaço para registro de informações sobre seu conteúdo.

O recipiente só poderá ser aberto:

1. pelo perito que vai proceder à análise; e


2. motivadamente, por pessoa autorizada.

Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela


natureza do material.
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada,

33
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 3

de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte.


§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características, impedir
contaminação e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para registro de
informações sobre seu conteúdo.
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e,
motivadamente, por pessoa autorizada.

14.1. Rompimento do lacre do recipiente que contém os vestígios

Cada vez que houver rompimento do lacre, deve-se fazer constar na ficha deacompanhamento de
vestígio:

• O nome e a matrícula do responsável;


• A data;
• O local;
• A finalidade;
• Bem como as informações referentes ao novo lacre utilizado.
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Se houver rompimento do lacre, ele deverá ser colocado no novo recipiente

§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de acompanhamento


de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem como as
informações referentes ao novo lacre utilizado.
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente.

15. CENTRAL DE CUSTÓDIA


CPF: 073.496.444-77

Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada à guarda e
ao controle dos vestígios.

Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia
souza -- CPF:

destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente
ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal.
Marceli souza

§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para
conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a
Marceli

classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar


condições ambientais que não interfiram nas características do vestígio.
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas,
consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam.
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser identificadas
e deverão ser registradas a data e a hora do acesso.
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser
registradas, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação, a
data e horário da ação.

O material periciado será encaminhado para central de custódia após a realização da perícia.
No período entre a realização da perícia e o armazenamento, o material é devolvido à central de custódia;
Se a central de custódia não possuir espaço ou condições de armazenar determinado material,
deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições de depósitodo referido material em local
diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial denatureza criminal.

Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de
custódia, devendo nela permanecer.
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de armazenar
determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições

34
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 3

de depósito do referido material em local diverso, mediante requerimento do diretor do


órgão central de perícia oficial de natureza criminal.
souza -- CPF:
Marceli souza
Marceli marceliangel@hotmail·com
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CPF: 073.496.444-77

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Marceli
Marceli souza
souza -- CPF:
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4
FREDERICO ALVES MELO

DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS

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DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 4
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 4

Documentos médico-legais são expressões (gráficas, públicas ou privadas) baseadas em critérios


médico-legais que têm o caráter representativo de um fato a ser avaliado em juízo.
São seis espécies de documentos que podem interessar ao juízo:

1. Notificação ou comunicação compulsória;


2. Atestado;
3. Prontuários;
4. Depoimento oral;
5. Relatórios;
6. Pareceres.

1. NOTIFICAÇÃO

Notificações são comunicações compulsórias feitas pelo médico à autoridade competente de um fato
profissional, em razão de necessidade social ou sanitária.
São notificados compulsoriamente: acidentes de trabalho, doenças infectocontagiosas, morte
encefálica etc.
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073.496.444-77 -- marceliangel@hotmail·com

• Se o médico verificar que o paciente se encontra com COVID-19, deve notificar isso à autoridade
competente, por ser doença infectocontagiosa.
• A Lei n° 13.931/19 disciplinou que o médico deve notificar os casos de indícios ou confirmação
de violência contra a mulher à autoridade policial em até 24 horas.
• Não constitui notificação compulsória o conhecimento, pelo médico, de pessoa viciada em droga.
• A notificação compulsória não viola o dever de sigilo médico, diante de justa causa ou dever legal
CPF: 073.496.444-77

(Art. 73 do Código de Ética Médico).


• As notificações compulsórias foram regulamentas pela Portaria n° 104/11 do SUS, e a ausência de
notificação, quando exigida, faz com que o médico incorra no delito de omissão de notificação de
doença, previsto no Art. 269 do Código Penal.
souza -- CPF:

Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação
Marceli souza

é compulsória:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Marceli

2. ATESTADO MÉDICO

Atestado médico é a afirmação simples e por escrito de um fato médico e suas possíveis
consequências. É também chamado de certificado médico. É um documento unilateral e singelo, não possui
forma pré-definida e não pode se sobrepor ao laudo médico.

2.1. Classificação

O atestado médico pode ser classificado:

2.1.1. Quanto à finalidade

Quanto a finalidade, os atestados médicos podem ser classificados em:

• Atestados judiciários – são os atestados requisitados por juiz.


• Atestados administrativos – são os reclamados pelo servidor público para efeito de licenças,
aposentadoria, abono etc.

37
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 4

• Atestados oficiosos – são os requisitados por particulares para justificar ausências, seja no
trabalho, na escola etc.

Somente os atestados que interessam à justiça constituem documentos médico-legais.

2.1.2. Quanto ao conteúdo

Já quanto ao conteúdo, os atestados podem ser classificados em:

• Atestado idôneo – é o atestado verdadeiro, honesto, correto.


• Atestado gracioso (complacente ou de favor) – é aquele em que a pessoa que pede é do círculo
de amizade do profissional, mas não esteve sob os seus cuidados. O ato de dar atestado médico
falso constitui ilícito penal (art. 302 do Código Penal).
• Atestado imprudente – é aquele que o médico não toma as medidas para verificar a veracidade
do afirmado pelo paciente, ou seja, confia na palavra deste.
• Atestado falso – é o atestado feito dolosamente para não corresponder à verdade,
correspondendo a um ilícito penal do Art. 302 do Código Penal.
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073.496.444-77 -- marceliangel@hotmail·com

Art. 302. Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso: Pena - detenção, de
um mês a um ano.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

ATENÇÃO!
Atestado não se confunde com declaração, sendo esta apenas um relato de testemunho. Coma Lei
CPF: 073.496.444-77

n° 9.099/99, o atestado médico assumiu a posição de substituto eventual da perícia médico-legal nos casos
de lesão corporal leve (art. 77, § 1º).

Art. 77 (...)
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência
souza -- CPF:

referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame
do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou
Marceli souza

prova equivalente.
Marceli

• Atestado de óbito – o atestado de óbito está regulado pela Resolução n° 1.779/05 do CFM. É
uma declaração padronizada, elaborado por médico que indica a causa médica da morte. É
composta por oito blocos de informações e indispensável para assentamento do óbito no
cartório de Registro civil. No caso de morte natural, o médico que acompanha o paciente é
quem fornece o atestado de óbito.

2.2. Atestado de Óbito

Para compreender todas as regras relativas ao atestado de óbito, antes precisamos conhecer a
classificação da morte quanto às condições em que ocorre. Nessa classificação, a morte pode ser:
• Natural, decorre de doença ou envelhecimento;
• Violenta, decorrente de energias externas, como crime, suicídio ou acidente;
• Suspeita, inesperada, sem sinais de violência, mas que ocorreu em condições estranhas.

Situações em que o médico não pode atestar o óbito:

• Morte natural, se não deu assistência ou se não tem diagnóstico da causa da morte,antes de 24

38
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 4

horas após o período de internação;


• Morte violenta;
• Morte suspeita.

Segundo o professor Hygino de C. Hercules, no caso de uma pessoa falecer em um hospital que
estava por um curto período de tempo (24 horas), deve o Hospital realizar a autópsia.
Nos casos de mortes que ocorreram em condições violentas e/ou suspeitas, deve existir autópsia, e
o médico que a realiza é quem fornece o atestado, sendo realizada pelo IML. Se houver lesão e a morte
ocorrer no hospital, mesmo que dias depois, o corpo deve ser encaminhado ao IML.
A morte natural de causa mal definida, por sua vez, é encaminhada para o serviço de verificação de
óbito (SVO), que fará a autópsia. Como neste caso não é compulsória a autópsia, a famíliapode discordar
de sua realização, devendo recorrer ao suprimento judicial.

2.2.1. Morte fetal e necessidade de declaração de óbito

No caso de morte fetal, o atestado de óbito pode ser obrigatório ou dispensado, adepender se a
morte é tida como prematura, intermediária ou tardia:
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1. Ocorre morte fetal prematura ou precoce se o feto tiver:


• Menos de 500 gramas; ou
• Menos de 25 centímetros; ou
• Menos de 5 meses (20 semanas)

Nesses casos, o médico não é obrigado a expedir declaração de óbito, ou seja, pode ser dispensada.
CPF: 073.496.444-77

2. Já para ser classificada como morte fetal intermediária, o feto deve ter:
• Mais de 500 gramas e menos de 1000 gramas; ou
• Mais de 25 centímetros e menos de 35 centímetros; ou
souza -- CPF:

• Mais de 5 meses e menos de 6 meses


Marceli souza

Nessa situação, há obrigação de o médico expedir declaração de óbito.


Marceli

3. Por fim, a morte fetal tardia se dá quando o feto tem:


• Mais de 1000 gramas; ou
• Mais de 35 centímetros; ou
• Mais de 6 meses

Nesse caso também há obrigação de o médico expedir declaração de óbito.

ATENÇÃO!
Vale citar que a Lei de Registros Públicos traz, em seu artigo 53, a obrigatoriedade de se realizar o
atestado de óbito fetal em todos os casos, mas, para a doutrina medico-legal, essa obrigação só se dá a partir
da morte fetal intermediária.

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FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 4

3. PRONTUÁRIOS

Trata-se de todo acervo (padronizado, organizado e conciso), referente aos cuidados médicos
prestados ao paciente, sendo um verdadeiro “dossiê”.
O prontuário é de propriedade do paciente.
Segundo o STF: a instituição ou o médico não são obrigados a atender à requisição de
prontuários — apenas ao perito cabe o direito de consultá-los e, mesmo assim, obrigando-se ao sigilo.

4. DEPOIMENTO ORAL

Trata-se do depoimento em juízo do perito, quando ele foi intimado para audiência. Nesse ato, ele
irá explicar de forma clara e sem termos científicos como ele procedeu à elaboraçãode seus laudos, dirimindo
dúvida das partes.
Alguns doutrinadores, como o professor Delton Croce, não relacionam o depoimento como
documento médico-legal.

5. RELATÓRIO MÉDICO-LEGAL
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O relatório médico-legal é o documento médico-legal que possui forma escrita e minuciosa de todas as
operações de uma perícia médica determinada por autoridade policial ou judiciária.
O relatório médico-legal é gênero do qual são espécies o laudo e o auto.

• Se ditado pelo perito ao escrivão, chama-se auto.


• Se feito pelo perito após terminada a perícia, chama-se laudo.
CPF: 073.496.444-77

5.1. Divisão do relatório médico-legal

O relatório médico-legal é dividido em sete partes (nesta ordem):


souza -- CPF:

1. Preâmbulo;
Marceli souza

2. Quesitos;
Marceli

3. Histórico ou comemorativo;
4. Descrição (é a parte mais importante);
5. Discussão;
6. Conclusão;
7. Resposta aos quesitos.

DICA!
Para memorizar essa divisão do relatório médico-legal, repita algumas vezes e não esqueça:
PREQUE - HIDE - DISCONRE

5.1.1. Preâmbulo

É uma espécie de introdução na qual constam:

• A qualificação:
▪ Da autoridade solicitante;
▪ Do perito;

40
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 4

▪ Do examinado;
• O local em que é feito o exame;
• A data e a hora;
• O tipo de perícia a ser feita.

5.1.2. Quesitos oficiais

São perguntas que têm como finalidade a caracterização de fatos relevantes que deram origem ao
processo. Não existem no foro cível. No foro penal, são padronizados e têm o fim de caracterizar os
elementos de um fato típico.
Em que pese existir um rol padronizado, não se impede que a autoridade formule outros quesitos.
Ex.: quesitos de laudo cadavérico:
1. Houve morte?
2. Qual a causa médica da morte?
3. Qual o instrumento ou meio que causou a morte?
4. A morte foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meioinsidioso ou
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cruel?

5.1.3 Histórico ou comemorativo

O histórico contém dados referentes aos fatos que levaram a perícia. Esse histórico deve ser obtido
pelo próprio examinando, exceto no caso de autopsia, em que precisam ser transcritos, não endossados,
da guia de remoção que acompanha o corpo.
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Também é chamado de anamnese médico-legal (entrevista).

5.1.4. Descrição
souza -- CPF:

É a descrição minuciosa e precisa do que foi observado pelo perito e como ali se chegou,contendo
métodos, formas, tempo, velocidade etc., ilustrando o ocorrido com desenhos, gráficos, plantas, fotografias,
Marceli souza

entre outras formas.


Marceli

É a parte mais importante do relatório médico-legal, uma vez que não pode ser refeita com a mesma
riqueza de detalhes em um exame posterior. Por isso, deve ser minuciosa, correspondendo ao chamado
visum et repertum (é à vista do que é encontrado).
É de boa norma não diagnosticar durante a descrição.

5.1.5. Discussão

Na discussão, se discute as hipóteses levantadas nas fases anteriores.


Segundo o professor Hygino de C. Hercules, pode não ser necessária a discussão se não houver
contradições aparentes. Contudo, quando surge alguma discrepância entre a descrição e o histórico, torna-
se imperiosa. Nesses casos, os achados têm de ser analisados sob novos ângulos, tentando encontrar uma
explicação para as diferenças.

5.1.6. Conclusão

Terminadas a descrição e a discussão, se houver, o perito assume uma posição quanto à ocorrência ou
não do fato, com base nas informações do histórico, nos achados do exame objetivo e no seu confronto.
As conclusões serão objetivas e podem ser afirmativas, negativas ou inconclusivas.

41
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 4

5.1.7. Resposta aos quesitos

A resposta aos quesitos deve ser sucinta e objetiva, não sendo admissíveis falta de clareza nem
interpretação dúbia. Em caso de dúvida, o perito dirá que não existem dados para esclarecê-la. Terminado o
relatório, o perito deve assiná-lo.
A data do exame pode constar do preâmbulo, estar no início da descrição ou ser colocada antes das
assinaturas finais.
Alguns doutrinadores citam a assinatura do perito como sendo integrante do relatório médico-
legal.

6. PARECER MÉDICO-LEGAL

É o documento elaborado por uma instituição cujo corpo técnico tem competência inquestionável ou
por um perito ou professor cuja autoridade na matéria seja reconhecida acerca de divergências importantes
constantes na consulta médico-legal.
O parecer será solicitado por uma consulta médico-legal (que envolve divergências importantes
quanto à interpretação dos achados de uma perícia, de modo a impedir uma orientação correta dos
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julgadores. Estes ou qualquer das partes interessadas podem solicitar esclarecimentos a uma instituição ou
a um perito).
A consulta médico-legal é um documento que exprime dúvida sobre um relatório médico-legal e em
que a autoridade, ou mesmo um outro perito, solicita esclarecimento sobrepontos controvertidos constantes
no mesmo, em geral formulando quesitos complementares.
Decorre da não compreensão de algum aspecto do relatório ou pela superveniência de umfato novo
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no decorrer do processo.
Alguns doutrinadores, inclusive o professor Hygino de C. Hercules, citam que a consulta médico-
legal é um documento médico-legal.
souza -- CPF:

6.1. Divisão do parecer médico-legal


Marceli souza

O parecer médico legal é dividido em quatro partes:


Marceli

1. Preâmbulo
2. Exposição (A exposição contém quesitos e histórico.
3. Discussão
4.Conclusão

ATENÇÃO!
Não existe a descrição no parecer médico-legal.

1. PREÂMBULO – o preâmbulo é a parte em que ficam as qualificações das autoridadesque fazem


a consulta e a do parecista.
2. EXPOSIÇÃO – a exposição compreende o motivo da consulta, os quesitos formulados e
o
3. histórico do caso em análise.
4. DISCUSSÃO – na discussão, o parecista demonstra seu poder de argumentação. Não há, como
no relatório, o dever cívico de servir à justiça. Essa é a parte mais importante do parecer médico-
legal

42
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 4

5. CONCLUSÃO – na conclusão, o parecista deve sintetizar os pontos relevantes da discussão de


modo claro e sucinto.

QUESTÕES
1. (ACAFE - 2014 - PC-SC - Delegado de Polícia) Segundo a melhor doutrina, pode-se considerar que
“Documento é toda anotação escrita que tem a finalidade de reproduzir e representar uma manifestação de
pensamento”. Entre os documentos médico-legais, temos as seguintes descrições:
- É declaração simples, por escrito, de um fato médico e de suas possíveis consequências, feitas por
qualquer médico que esteja no exercício regular de sua profissão e que tem o propósito de sugerir um estado
de doença, para fim de licença, dispensa ou justificativa de falta de serviço.
- Comunicações compulsórias feitas às autoridades competentes, pelo médico, de um fato
profissional, por necessidade sanitária e social sobre moléstia infectocontagiosa, doença de trabalho e a
morte encefálica.
Intercessão no decurso de um processo, por estudioso médico-legal, nomeado para intervir na
qualidade de perito, para emitir suas impressões e responder aos quesitos formulados pelas partes.
- Descrição minuciosa de uma perícia médica, feita por peritos oficiais, requisitada por autoridade
policial ou judiciária frente a um inquérito policial. É constituído de preâmbulo, quesitos, histórico ou
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comemorativo, descrição, discussão conclusão e resposta dos quesitos.


As definições acima se referem, respectivamente, a:
a) atestado, notificação, parecer médico-legal e relatoria médico-legal.
b) parecer médico-legal, notificação, atestado e relatoria médico-legal.
c) atestado, parecer médico-legal, relatoria médico-legal e notificação.
d) relatoria médico-legal, notificação, relatoria médico-legal e atestado.
CPF: 073.496.444-77

e) atestado, relatoria médico-legal, parecer médico-legal e notificação.

2. (UEG – 2013 – PC-GO – Delegado de Polícia – 1ª prova) A respeito dos documentos médico-legais, tem-se
o seguinte:
souza -- CPF:

a) relatório médico somente poderá ser elaborado por médico legista.


b) laudo e auto são documentos idênticos.
Marceli souza

c) o atestado de óbito poderá ser assinado por profissional não médico.


Marceli

d) notificação é uma comunicação feita pelo médico ao delegado de polícia sobre um fato relevante na
investigação.

3. (FUNCAB - 2012 - PC-RJ - Delegado de Polícia) Os documentos médico-legais são mecanismos de


comunicação com as autoridades e, portanto, devem ser elaborados com metodologia, de forma a obedecer
a uma configuração preestabelecida. Constituem parte comum ao relatório ou laudo e ao parecer, EXCETO:
a) descrição.
b) discussão.
c) conclusão.
d) preâmbulo.
e) quesitos.

4. (PC-SP - 2011 - PC-SP - Delegado de Polícia) Em um relatório médico-legal, o chamado visum et repertum
refere-se:
a) ao histórico.
b) ao preâmbulo
c) à descrição.
d) à discussão e conclusão

43
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 4

e) à resposta aos quesitos.

5. (CEFET-BA - 2008 - PC-BA - Delegado de Polícia) O documento médico-legal, ditado ao escrivão logo após
a realização do exame pericial, é denominado:
a) auto.
b) parecer.
c) atestado.
d) relatório.
e) notificação.

GABARITO
1. a)
2. c)
3. a)
4. c)
5. a)
souza -- CPF:
Marceli souza
Marceli marceliangel@hotmail·com
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Marceli
Marceli souza
souza -- CPF:
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5
FREDERICO ALVES MELO

ANTROPOLOGIA FORENSE

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ANTROPOLOGIA FORENSE • 5
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

A antropologia forense estuda os restos mortais com o objetivo de esclarecer a identidade, causa de
morte e ascendência do morto.

1. IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO

Inicialmente, é importante diferenciar identidade e identificação.

• Identidade – é a qualidade de ser a si mesmo e não algo diverso. Traduz-se pelo conjunto de
características peculiares que dão a essa coisa a individualidade, ou seja, torna-a única, diferente
de qualquer outro. São atributos que tornam alguém ou alguma coisa igual apenas a si próprio.
Possui respaldo na imutabilidade e unicidade dos caracteres individuais.
• Identificação – é o processo ou método pelo qual se estabelece a identidade (objetivo da
identificação) de uma pessoa ou coisa. A identificação pode se basear em sinais e dados peculiares
ao indivíduo que, em seu conjunto, possam excluí-lo de todos os demais. Os sinais e dados
utilizados na identificação são chamados de elementos sinaléticos (Ex.: cor e o tipo de cabelo).

IMPORTANTE!
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A identificação não deve ser confundida com o simples reconhecimento. O reconhecimento baseia-se na
comparação entre a experiência da sensação visual, auditiva ou tátil, proporcionada no passado (já se
conhece), com a mesma experiência renovada no presente pelo elemento a ser reconhecido.

IDENTIDADE IDENTIFICAÇÃO RECONHECIMENTO


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Processo pelo qual seidentifica Pelo método de comparação, uma pessoa


É a qualidade da pessoa
pessoa ou algo. reconhece outra. A primeira,conhecendo as
ser única, não existindo
Como exemplos, podemos citar características físicas da segunda, compara os
outra igual.
a identificação de um cadáver dados memoriais que possui com aimagem
souza -- CPF:

Tem como
em decomposição, por meio da que lhe foi apresentada; portanto, trata-se de
características a
Marceli souza

realização deexame de DNA. um método nãocientífico, subjetivo, opinativo


unicidade e e precário.
Marceli

imutabilidade. Baseada em métodoscientíficos


e técnicos. Ex.: reconhecimentofotográfico.

Em termos de condições para um método de identificação, o conjunto de elementos sinaléticos,


para ser considerado bom, deve preencher os seguintes requisitos:

• Unicidade ou individualidade – é o conjunto desses elementos que deve ser exclusivo do


indivíduo, de modo a distingui-lo de todos os demais;
• imutabilidade – os elementos não podem se modificar facilmente (capacidade de resistência) pela
ação do meio ambiente, tempo etc. Assim, o peso do corpo não deve ser considerado elemento
sinalético, por estar sujeito a grandes variações;
• Perenidade – é a capacidade de os elementos resistirem à ação do tempo:
▪ Há quem trate como sinônimo de imutabilidade;
▪ O professor Wilson Palermo, que integra a Banca de Delegado RJ, cita a perenidade como
característica autônoma, não sendo sinônimo de imutabilidade;
• Praticabilidade – esses elementos não podem expor as pessoas a vexame quando elas
precisarem ser identificadas, ou seja, sua coleta deve ser de maneira simples e fácil, sem ser

46
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

invasiva;
• Classificabilidade – os processos de identificação devem valer-se de elementos e sinais de fácil
classificação, de modo a orientarem a busca nos arquivos prontamente e a qualquer momento (é
a rapidez e a facilidade na busca dos registros).

2. MÉTODO DE VUCETICH

Existem diversos “métodos” de identificação; no entanto, convencionou-se que o que melhor atende
aos elementos propostos é o método de Vucetich, adotado no Brasil a partir de 1903, que toma como
elemento básico a presença, a ausência e a posição de uma figura chamada delta nos dedos da mão.
As papilas dérmicas que vão dar origem aos desenhos das digitais surgem com 6 meses de vida
intrauterina.

2.1. Classificação de Vucetich

A classificação de Juan Vucetich é baseada na presença, na ausência e na posição de umafigura


chamada delta nos dedos da mão.
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Inicialmente, entenda como é formado o delta. O delta são pequenos ângulos ou triângulos
formados pelas cristas papilares.
É a característica fundamental no sistema de Juan Vucetich, sendo formado no ponto deencontro dos
sistemas basilar, nuclear e marginal. Esses sistemas são:

• Sistema basal – é o conjunto de linhas paralelas ao sulco que separa a segunda da terceira falange,
ou seja, compreende as linhas abaixo do ramo inferior das linhas diretrizes, ficam na base da
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impressão digital, isto é, abaixo do núcleo.


• Sistema marginal – é o conjunto de linhas das bordas e extremidades da terceira falange, ou seja,
é formado pelas linhas que estão acima do ramo superior das linhasdiretrizes que se sobrepõem
souza -- CPF:

ao núcleo.
• Sistema nuclear – localiza-se entre os sistemas anteriores, sendo o sistema de linhas central.
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Marceli

Essa classificação pode ser mais facilmente compreendida com a imagem abaixo:
O delta pode ainda ser subclassificado, quanto à sua forma, em:

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FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

• Delta tripódico ou negro;


• Delta cavado ou branco.

Fonte: Imagem retirada do Manual Técnico de Datiloscopia do Instituto de Identificação Félix Pacheco - RJ.

2.2. Tipos fundamentais da classificação de Vucentich


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São quatro as classificações possíveis:

• Arco: ocorre diante da ausência de deltas;


• Presilha interna: há a presença do delta à direita do observador;
• Presilha externa: há a presença do delta à esquerda do observador;
• Verticilo: há a presença de dois deltas.
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ATENÇÃO!
Não confundir desenho digital com impressão digital. Desenho digital é o que está na pele,sem
souza -- CPF:

que haja contato com superfície.


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Já quando há o ajuntamento de linhas (pretas e brancas) sobre determinada superfície, tem-se a


impressão digital, em que o delta das presilhas se inverte; assim, o desenho de uma da presilha interna, na
Marceli

impressão digital, passa a ser à esquerda, e o da presilha externa passa a ser à direita.
Para identificar uma impressão digital, deve-se analisar a posição do delta. Assim, o delta deve ser
avaliado na superfície. Porém, deve-se lembrar que uma pessoa que olha seu dedo (desenho digital) e vê
um delta a esquerda, no momento que tocar uma superfície (gerando uma impressão digital), ao olhar para
a impressão gerada, o delta estará do lado oposto, devendo assim ser classificado.
Portanto, quando uma pessoa olha no seu dedo e vê um delta à esquerda, ela não tem como
classificação de sua impressão digital uma presilha externa, mas sim uma presilha interna, devido a essa
inversão no momento do toque.
A banca pode induzir o candidato ao erro, quando a questão trouxer que “analisando local de crime,
os peritos encontraram um desenho digital que continha um delta à esquerda”.
Nesse caso, apesar de constar o termo “desenho”, na verdade temos uma impressão digital, pois
não se analisou o dedo do criminoso ou da vítima.
A consequência disso é que, ao responder à questão, o candidato não deverá inverter o lado do delta
encontrado, afirmando que a classificação da impressão digital (ou desenho digital, como a banca trouxe)
será presilha externa.

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FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

3. FÓRMULA DATILOSCÓPICA

Na fórmula datiloscópica, cada tipo de classificação é representado por um número ou uma letra.
Vejamos:

• Terá a representação de LETRA quando corresponder ao dedo POLEGAR;


• Terá a representação de NÚMERO quando corresponder aos DEMAIS DEDOS (indicador,
médio, anular, mínimo).
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Arco:
• A presença de arco no polegar é representada pela letra “A”;
• A presença de arco nos demais dedos é representada pelo número “1”.
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Presilha interna:
• A presença de presilha interna no polegar é representada pela letra “I”;
• A presença de presilha interna nos demais dedos é representada pelo número“2”.
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Presilha externa:
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• A presença de presilha externa no polegar é representada pela letra “E”;


Marceli

• A presença de presilha externa nos demais dedos é representada pelo número“3”.

Verticilo:
• A presença de verticilo no polegar é representada pela letra “V”;
• A presença de verticilo nos demais dedos é representado pelo número “4”.

Existem também os símbolos “x” e “0”:


• “X” indica dificuldade de classificação, assim, não se consegue afirmar qual a classificação do
dedo;
• “0” indica ausência de falange distal (ex. Dedo amputado).

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FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

Como se verifica a fórmula datiloscópica?

É feita a análise na forma de uma fração. Veja, por exemplo, a fração abaixo:
Assim, vamos analisar a fórmula apresentada:

O numerador é chamado de série e refere-se à fórmula da mão direita:


A série é formada por: V-3241;
• O polegar, quando na série, é chamado de fundamental;
• Os demais dedos, quando na série, são chamados de divisão.

O denominador, ou seção, refere-se à mão esquerda.


A seção é formada por: A-2213;
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• O polegar, quando na seção, é chamado de subclassificação;


• Os demais dedos, quando na seção, são chamados de subdivisão.

Caso seja apresentada a seguinte fórmula datiloscópica série A-4X01:

• Trata-se da mão direita, pois série é sinônimo de numerador. Assim, conclui-se que se refere à
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mão direita;
• A classificação do dedo polegar é um arco, pois, em relação ao polegar, é analisada a presença de
letras, que, no caso, é a letra A;
• O dedo indicador possui dois deltas, pois é indicado com o número 4, que é o verticilo;
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• O dedo médio com X indica dificuldade na classificação;


• O dedo anelar com 0 indica ausência da falange distal;
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• O dedo mínimo com 1 indica presença de arco.


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Regra de Locard

Ao se analisar uma impressão digital, deve-se verificar um número mínimo de pontos durante um
confronto de análise de verificação da identidade do portador da digital examinada.
No Brasil, o número de pontos característicos que se deve ter para obter certeza do confronto positivo
(certeza de ser aquela pessoa) é de 12 pontos.

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FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

A imagem acima é um exemplo do cotejamento (no caso, o do autor deste livro), feito pela perita
papiloscopista Estephânia Medeiros, do Instituto de Identificação Félix Pacheco - PCERJ. Note que foi preciso
localizar 12 pontos característicos para que pudesse ser feita a identificação com a certeza de que não é de
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outra pessoa.

4. ALGUNS PONTOS CARACTERÍSTICOS EXISTENTES NO DESENHO DIGITAL


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Fonte: Imagem retirada do Manual Técnico de Datiloscopia do Instituto de Identificação Félix Pacheco - RJ

5. TIPOS DE IMPRESSÃO DIGITAL

• Visível: pode-se perceber diretamente com a visão natural;


• Latente: só pode ser percebida após o uso de técnicas especiais, como o uso deagentes
químicos (reveladores);

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FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

• Moldada: ficam moldadas em alguma superfície mole.

Albodatilograma
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É o conjunto de linhas brancas que atravessam as negras, que representam as cristas papilares.
Podem ter qualquer direção e tamanho, mas, geralmente, são transversais. Na verdade, representam
pequenas pregas superficiais à maneira de rugas, adquiridas com o passar dos anos, que se tornam mais
visíveis quando se faz a flexão da terceira falange. São mais frequentes nos polegares e nos indivíduos mais
idosos.
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Note ainda a presença de poros no meio das linhas pretas. Tais poros são utilizados para
idenficação pela poroscopia.

Síndrome de Naegelli ou Nagali


souza -- CPF:

Os portadores da síndrome de Nagali não têm nenhuma impressão digital. É um defeito genético
Marceli souza

raríssimo, que impede a formação das digitais no feto. Além da falta das impressões digitais, as pessoas
Marceli

portadoras da síndrome costumam ter unhas, dentes e cabelos mais frágeis e a pele apresenta manchas
marrons irregulares pelo corpo.
Nesse caso, a identificação do portador da síndrome de Nagali deve ser feita por outros meios, como
pela arcada dentária, pela biometria etc.

6. OUTROS “MÉTODOS” DE IDENTIFICAÇÃO EXISTENTES

Em que pese estarem citados como métodos de identificação, não preenchem os requisitos.

• Mutilações, marcas e tatuagens – são conhecidas pela doutrina como “cicatrizes que falam”;
• Orla de Burton – típico de indivíduos que trabalham com chumbo, em que existe coloração
escura na orla gengival;
• Fotografia sinalética – consiste em foto de frente e de perfil com redução de 1/7:
▪ há uma sobreposição de fotos;
▪ carece de unicidade, imutabilidade e classificabilidade;
• Antropometria ou bertilhonagem: a identificação de pessoas se dá por uma descrição física
baseada em medições antropométricas:

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FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

▪ é considerado o primeiro método de identificação;


• Rugopalatoscopia – é analisado o palato duro ou céu da boca:
▪ o rugograma é obtido através da moldagem da massa do dentista;
• Poroscopia – tem por base a posição dos poros onde as glândulas sudoríparas se abrem nas cristas
papilares. Vale lembrar que o registro de recém-nascidos é feito pela podoscopia (planta dos pés)
e a sua ausência é considerada crime;
• Flebografia – consiste em fotografar as veias do dorso da mão;
• Fotografia simples – dá-se por foto 3x4. É considerado um método antigo utilizado para
identificação judiciária;
• Assinalamento sucinto – descrição e anotação de certos dados, como estatura, raçae compleição
física. É considerado um método antigo utilizado para identificação judiciária;
• Retrato falado – embora auxilie na captura de criminosos, não é considerado um método de
identificação. Trata-se de um método antigo utilizado para identificação judiciária.

7. PRINCIPAIS BALIZADORES DE IDADE NOS VIVOS


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• 2 anos: surge a primeira dentição.


• 2 a 6 anos: ocorre o aparecimento dos pontos de ossificação.
• a 12 anos: surge a segunda dentição.
• 12 a 25 anos: ocorre o fechamento das zonas de crescimento dos ossos longos(metáfises).
• Acima dos 25 anos: há o fechamento das suturas do crânio.

8. IDENTIFICAÇÃO DE SANGUE
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Deve o perito, inicialmente, verificar se realmente o que está sendo analisado é sangue, para, só
então, buscar saber se se trata de sangue humano ou não. Existem diversas reações para verificar se a
substância é sangue humano ou não. As reações podem ser de probabilidade ou de certeza.
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8.1. Reações que indicam certeza de ser sangue (humano ou não)


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Marceli

São reações que indicam certeza de ser sangue, humano ou não:

• Cristais de Teichmann;
• Cristais de Strzywsky.

8.2. Reações que indicam probabilidade de ser sangue humano

São reações que indicam probabilidade de ser sangue humano, pois mostram a presença de ferro
(Fe++) da hemoglobina:

• Reação de Adler;
• Reação de Amado Ferreira;
• Reação de Kastle-Meyer;
• Reação de Van-Deen;
• Luminol – é uma substância que, em contato com o sangue, apresenta uma cor intensa azul-
esverdeado, sendo chamado de teste de elite.

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FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

8.3. Reações que indicam certeza de ser sangue humano

É reação que indica certeza de ser sangue humano:

• Reação de Uhlenhuth ou albuminorreação:


o Faz-se mistura desse sangue com soro de animais de várias espécies, se houver reação
antígeno-anticorpo, o resultado será positivo para o soro do ser humano, indicando ser
sangue humano;
o Indica certeza de sangue humano, ainda, pela forma e pelo tamanho das células sanguíneas
(anucleação das hemácias).

9. IDENTIFICAÇÃO POR DNA

• Exames de DNA cromossomial/nuclear:


▪ Só é possível em células nucleadas;
▪ É impossível realizar DNA em eritrócitos adultos (células responsáveis pelo transporte de
oxigênio e gás carbônico pelo corpo), pois não possuem núcleo.
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• Exames de DNA mitocondrial:


▪ É possível a realização em células anucleadas.
• Exames de DNA em eritoblastos, leucoblastos e leucócitos (células brancas):
▪ É possível a realização de exames de DNA nuclear e mitocondrial nas células brancas.
• Exame de DNA em fâneros da pele:
▪ Fâneros, fâneros cutâneos ou faneras são as estruturas visíveis da pele. Compreendem os
cabelos, os pelos e as unhas;
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▪ Exame de DNA cromossomial e mitocondrial deve ser feito nas células nucleadas na raiz
dos fâneros;
▪ Nas partes mais externas dos fâneros, as células são anucleadas, sendo possível,assim, só é
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possível fazer o exame de DNA mitocondrial.


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10. OSTEOLOGIA
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Como já visto, a antropologia forense é um ramo da antropologia física (biológica) que tem por
finalidades estabelecer a identidade do sujeito através da individualização da idade, do sexo, do padrão
racial e da estatura e determinar a causa, a data e as circunstâncias da morte. É subdividida em:

• Osteologia – é o estudo da anatomia do esqueleto;


• Arqueologia – abrange os processos de escavação e arrecadação controlada derestos humanos
e outras evidências pertinentes ao local de encontro ou ao contexto da cena em situação de crime;
• Tafonomia – é o conhecimento das alterações que ocorrem sobre os despojos a partir do
momento da morte ao longo do tempo, incluindo trauma, decomposição e modificações
climáticas, ressaltando-se o papel do patologista forense na diagnose diferencial entre trauma,
fenômenos tafonômicos e doenças ósseas.

10.1. Funções do sistema esquelético

• Sustentação do organismo (apoio para o corpo).


• Proteção de estruturas vitais (coração, pulmões, cérebro).
• Base mecânica para o movimento.

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FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

• Armazenamento de sais minerais(cálcio, por exemplo).


• Hematopoiética (suprimento contínuo de células sanguíneas novas).

10.2. Número de ossos do corpo humano

• Admite-se o número de 206 ossos.

10.3. Divisão do esqueleto

• Esqueleto axial – é composto pelos ossos da cabeça, do pescoço e do tronco.


• Esqueleto apendicular – é composto pelos membros superiores e inferiores.

A união do esqueleto axial com o apendicular se faz por meio das cinturas escapular e pélvica.

10.3.1. Osso

É um órgão formado por tecido ósseo que, juntamente com a cartilagem, compõe o esqueleto dos
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vertebrados.
Os tecidos ósseos são constituídos por células (osteócitos, osteoblastos e osteoclastos) e matriz
intercelular (fibras colágenas e glicoproteínas – material orgânico que confere resistência e elasticidade).
As células ósseas são:

• Osteoblasto – é a célula jovem, que não se divide. Produz secreção da parte orgânica da matriz
óssea, chamada de osteóide ou pré-osso.
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• Osteócito – é o osteoblasto maduro, cuja função é a manutenção da matriz óssea.


• Osteoclasto – é uma célula gigante, multinucleada, que não se divide, responsável pela
reabsorção do excesso da matriz óssea, participando da remodelação, do reparo eda remoção
da matriz mal constituída ou fragmentada.
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10.3.2. Tipos de tecido ósseo


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Macroscopicamente, dois tipos de tecido ósseo podem ser diferenciados:

• Compacto – o osso compacto se apresenta sólido e forma a parede óssea em toda aextensão
da diáfise (haste), podendo estar presente também nas epífises (extremidades);
• Esponjoso – o tecido esponjoso tem aspecto poroso e é composto por um conjunto de espículas
ou trabéculas irregulares, finas e interligadas em ramificações, formando uma trama cujos
espaços são preenchidos pela medula óssea vermelha (tecido hematopoiético). Ele ocorre na
epífise dos ossos longos e na parte central dos ossos curtos. É envolto por uma fina camada
externa de osso compacto.

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FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

• Constitui a maior parte do tecido ósseo dos ossos curtos, chatos e irregulares.A maior parte
é encontrada nas epífises.

10.3.3. Classificação dos ossos

a. Longos

São compostos pela diáfise (haste) com duas epífases (extremidades), ou seja, possuem o
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comprimento maior que a largura. São um pouco encurvados, garantindo maior resistência.
Os ossos longos têm suas diáfises formadas por tecido ósseo compacto e apresentam grande
quantidade de tecido ósseo esponjoso em suas epífises. Ex.: Fêmur, úmero.
As partes de um osso longo são as seguintes:

• Diáfise: é a haste longa do osso. É constituída principalmente de tecido ósseo compacto,


proporcionando considerável resistência ao osso longo;
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• Epífise: são as extremidades alargadas de um osso longo. A epífise de um osso o articula ou o une
a um segundo osso, em uma articulação. Cada epífise consiste em uma fina camada de osso
compacto que reveste o osso esponjoso e é recoberta por cartilagem;
• Metáfise: é a parte dilatada da diáfise mais próxima da epífise.
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b. Curtos
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São como os longos, só que em miniaturas; assim, seus comprimentos são próximos às suas larguras.
Eles são compostos por osso esponjoso, exceto na superfície, onde há fina camada de tecido ósseo
compacto. Ex.: metacarpos, metatarso.

c. Chatos

Possuem superfícies plana para proteção ou fixação muscular. Ex.: crânio, escápula, inominado (bacia).

d. Irregulares

São formas complexas, como as vértebras, os esfenoides (face lateral abaixo do crânio). Possuem
quantidades variáveis de osso esponjoso e de osso compacto.

10.3.4. Estrutura dos ossos

A estrutura interna do osso é constituída por:

• Uma porção interna porosa que corresponde à cavidade medular;

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FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

• Uma camada externa lisa e compacta que compõe o córtex do osso;


• Nos ossos longos, o córtex forma um tubo circundando a cavidade medular.
• Nos ossos chatos, o espaço medular é totalmente preenchido por ossoesponjoso, sem
cavidade presente.

OBSERVAÇÕES!
As cavidades medulares internas são delimitadas pelo endósteo (no interior da cavidade medular
do osso, revestido por tecido conjuntivo);
Nos espaços intrabeculares do osso esponjoso, existe a medula óssea vermelha (tecido
hematopoiético), a qual forma células sanguíneas e fica nas extremidades dos ossos (epífases);
A cavidade medular (diáfase) pode servir como um sítio para armazenamento de tecido adiposo,
chamado de medula amarela.
A estrutura externa possui uma membrana que recobre o osso, conhecida como periósteo,
constituindo um revestimento forte e fibroso (protege o osso) que reveste a superfície externa da
diáfise, exceto nas superfícies articulares (nas epífases), as quais são protegidas por cartilagem. Tanto o
periósteo quanto o endósteo contêm células que podem fabricar osso.
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10.3.5. Crescimento dos ossos

O crescimento da diáfise e das epífises ocorre de modo diferente:

• Diáfise – o crescimento ocorre no sentido longitudinal e em espessura;


• Epífise – o crescimento ocorre no sentido radial.

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FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

Entre a epífise e a diáfise permanece uma faixa de cartilagem chamada de metáfise (placa ou disco
epifisário), que permite o aumento do osso em comprimento até atingir a idade adulta, quando ocorre seu
fechamento completo e cessa o alongamento ósseo.
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10.3.6. Sistema de Havers

Os sistemas de Havers são compostos por canais de Havers de sistemas vizinhos que são conectados
pelos canais de Volkmann.
No interior desses canais, estende-se uma rede de capilares sanguíneos e nervos.
Cada sistema de Havers é um cilindro com um canal central, que é o canal de Havers, ao redor do qual
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se distribuem lâminas ósseas concêntricas. Os pequenos espaços entre os sistemas de Havers são
preenchidos por lamelas ósseas de disposição diversa, formando as lamelas intersticiais.
Os sistemas de canais de um osso formam um verdadeiro labirinto, que se estende da região periférica
e fibrosa (periósteo) até a região interna (endósteo, que reveste a cavidade medular). Os ósteons são o
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conjunto de sistemas de Havers e estão organizados ao longo das linhas de estresse mecânico, relacionadas
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à atividade de suporte de peso.


Uma alteração nos padrões de estresse em um osso durante a vida resulta em um realinhamento dos
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ósteons. Essa é a única propriedade adaptativa do osso, conhecida como lei de Wolff.
Tome nota:

• Ósteons: são o conjunto de sistema de Havers;


• Sistema de Havers: é o cilindro como um todo que rodeia o canal de Havers;
• Canais de Havers: são tubos estreitos dentro dos ossos por onde passam vasos sanguíneos e
células nervosas. Canais que são conectados por canais de Volkman e juntos formam o sistema
de Havers;

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FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

• Canais de volkmann – conectam os canais de Havers.

10.3.7. Osso humano ou não humano

Quando os restos se encontram extremamente fragmentados, o diagnóstico só poderá ser realizado


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pelo aspecto microscópico do osso cortical. Em geral, os ossos humanos adultos, em relação aos ossos
animais, são bem menos grosseiros. Porém, tal diagnostico não é válido para não adultos.
Em humanos, os ósteons (unidade do osso cortical) econtram-se espalhados, dispersos, com certo
espaçamento no interior do osso, o qual exibe disposição em camadas. Em outros animais, os ósteons
tendem a se alinhar em fileiras limitadas por estruturas de formato retangular, chamadas de osso plexiforme
(emaranhada/disforme).
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Os ósteons secundários, ou sistemas de Havers, constituem pequenos pacotes de osso lamelar que
circundam um canal de Havers. Embora a maioria dos vertebrados não exiba um padrão de osso haversiano
denso, como nos seres humanos, estudos comparativos revelam que nem sempre é possível uma
identificação positiva pelo encontro desse padrão.
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Osso humano
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• Osso haversiano denso (ósteons – forma concêntrica, espalhados e espaçados,dispostos em


Marceli

camadas).
Canais concêntricos.

• Os canais de Havers, em humanos, possuem diâmetro maior do que emanimais, logo, o número

59
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

de canais é menor.

Ossos animais

• Osso com estrutura plexiforme (ósteons – forma retangular, regular e horizontal, alinhados,
dispostos em fileiras);
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Fonte: Imagem retirada do livro de Medicina legal do professor Hygino de C. Hécules.

• O canal de Havers, em animais, possui diâmetro menor do que em humanos,logo, o número


de canais é maior.

10.3.8. Índice cortical medular


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A medula humana, que fica no interior dos ossos, é mais fina que a medula animal; logo, o índice
cortical medular é pequeno.
O mesmo se aplica na identificação de pelo, que também possui a parte externa e interna, sendo que
a parte interna (medula) do pelo humano é mais fina que a do animal.
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11. IDENTIFICAÇÃO DE SEXO MASCULINO OU FEMININO


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Inicialmente, devem ser elencadas as diferenças entre os tipos de sexo:

• Diferença morfológica – é representada pela configuração fenótipa (manifestação visível ou


detectável de um genótipo) do indivíduo;
• Diferença cromossomial – os cromossomos masculinos são 46 xy (23 pares) e têm corpúsculos
fluorescentes. Os cromossomos femininos são 46 xx (23 pares) e não têm corpúsculos
fluorescents;
• Diferença gonadal – é a designação genérica das glândulas sexuais que, a depender, irão produzir
óvulos ou espermatozoides:
▪ O sexo masculino possui testículos;
▪ O sexo feminino possui ovários;
• Diferença cromatínica – analisa a presença de corpúsculos de Barr (cromatina sexual) para
definição do sexo:
▪ O sexo masculino não possui;
▪ O sexo feminino possui;
• Diferença da genitália interna:
▪ O sexo masculino possui ductos de Wolff. A função desse sistema é de estoque e maturação

60
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

do esperma, além de ser responsável por prover fluidos seminais acessórios;


▪ O sexo feminino possui ductos de Muller. Originam as trompas uterinas, o útero e a parte
superior da vagina;
• Diferença da genitália externa:
▪ O sexo masculino possui pênis e escroto;
▪ O sexo feminino possui vagina e mamas;
• Diferença jurídica – é designada no registro civil;
• Diferença de identificação ou psíquico – é o sexo moral. O que o indivíduo faz de si próprio;
• Diferença médico-legal – constatado por meio da perícia.

Quando há dificuldade em se determinar o sexo, como em despojos humanos, pode serverificado


o sexo por meio de diversas análises, como as citadas a seguir.

11.1. Craniometria

• O crânio é formado por oito ossos: frontal, parietal (dois), occipital, temporal (dois), esfenoide
e etmoide;
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• Verificam-se as medidas anteroposterior (comprimento), altura e laterolateral do crânio


(largura);
• O crânio masculino possui o osso frontal mais inclinado.
• A mastoide e a estiloide (são apófises, ou seja, extensões de osso) são mais desenvolvidas e o
supercílio também é mais desenvolvido;
• O crânio feminino possui o osso frontal mais vertical
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• a mastoide e a estiloide são menos desenvolvidas e o supercílio também é menos


desenvolvido;
• O crânio de uma pessoa mais jovem apresenta as suturas cranianas visíveis (ligações entre os
ossos do crânio); com o tempo, o crânio que é adulto vai ossificando e as suturas ficam menos
souza -- CPF:

visíveis.
Marceli souza
Marceli

61
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

11.2. Prosopometria

É efetivamente a análise das medidas anteroposterior (comprimento), altura elaterolateral da face


(largura).
É indicativo de ser crânio masculino:
• Osso do crânio mais pesado;
• Arcada superciliar mais protuberante;
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• Mastoide mais evoluída.

O professor Wilson Palermo cita, como meio identificador, os pontos craniométricos de Galvão, que
seria uma análise de medidas a partir do meato acústico externo (M.A.E), que é uma estrutura que compõe
o ouvido externo (orelha).
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11.3. Côndilos occiptais – índice de Baudoin

• O buraco occipital fica na base do crânio e por ele passa a medula espinhal. Esse buraco está
ladeado por duas saliências ósseas, chamados de côndilos occiptais,sendo que esses côndilos se
encaixam na faceta, dando encaixe ao pescoço;
• A primeira vértebra que apoia o crânio é chamada de atlas, e, nessa vértebra,estão as facetas
que apoiam os côndilos;

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FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

• Pelo cumprimento e pela largura, é possível saber se o crânio é de homem ou mulher.

• Índice de Baudoin masculino – o buraco occipital possui largura pequena e comprimento maior.
• Índice de Baudoin feminino – o buraco occipital possui largura grande e comprimento menor.
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11.4. Pelve

Trata-se do osso da bacia, também chamado de ilíaco ou osso inominado:


• Pelve feminina – a bacia larga indica que a pessoa é do sexo feminino;
• Pelve masculina – a bacia estreita indica que a pessoa é do sexo masculino.

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FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

11.5. Púbis

O púbis é resultado da união dos ilíacos, e sua angulação indica sermasculino ou feminino:
• Púbis feminino – o ângulo formado pela união dos ilíacos é maior que 90°;
• Púbis masculino – o ângulo formado pela união dos ilíacos é menor que 90°.

12. IDENTIFICAÇÃO DE RAÇA HUMANA

São tipos étnicos fundamentais:

• Caucásico – é aquele que possui pele branca, cabelos lisos ou crespos, loiros ou castanhos e íris
azuis ou castanhas. O perfil facial pode ser ortognata ou ligeiramente prognata;
• Mongólico – é aquele que possui pele amarela, cabelo liso, face achatada de diante para trás e
maxilares salientes;
• Negroide – é aquele que possui pele negra, cabelo crespo, crânio pequeno, íris castanha,
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nariz largo e achatado;


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• Indiano – não é um tipo racial definido. Possui estatura alta, pele amarela-trigueira, orelhas
pequenas, cabelos pretos e lisos e barba escassa;
• Australoide – é aquele que possui estatura alta, pele trigueira, dentes fortes, narizcurto e largo
e arcadas superciliares salientes.

12.1. Identificação pela forma do crânio


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FÓRMULA DE RETZIUS
Existe ainda a classificação por meio da análise do crânio, o índice cefálico horizontal, que, deacordo
com Malthus Galvão, é verificado pela seguinte fórmula matemática:
souza -- CPF:

ICH = 100 X largura crânio


Marceli souza

Comprimento do crânio
Marceli

12.1.1. Braquicéfalos

• “cabeças chatas”;
• Crânio curto e largo;
• ICH maior que 80;
• Pode ser da raça branca ou negra.

12.1.2. Mesocéfalos

• Crânio médio;
• ICH maior que 74,9 e menor que 80;
• Raça asiática ou amarela.

12.1.3. Dolicocéfalo

• Crânio longo (diâmetro ântero-posterior) e afinado;


• ICH menor que 74,9;

64
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

• Pode ser da raça branca ou negra.

12.2. Identificação pelo índice nasal

O índice nasal é um dos mais importantes parâmetros antropométricos para se sugerir a raça.

12.2.1. Platirrinos

• O índice nasal é maior que 85;


• O nariz é achatado;
• Indicam raça negra (melanodermos).

12.2.2. Mesorrinos

• O índice nasal fica entre 70 e 85;


• Indicam asiáticos ou amarelos (Xantodermos).
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12.2.3. Leptorrinos ou Catarrinos

• O índice nasal é menor que 70;


• O nariz fino
• Indicam raça branca (Leucodermos)

12.3. Identificação pelo ângulo da face


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ÂNGULOS DE JACQUART – é a identificação de raça pelo ângulo da face, tendo como ponto anterior
a base da fenda nasal.
souza -- CPF:

12.3.1. Prognata
Marceli souza

• Possui um ângulo menor que 83º (maxilar está mais para fora, maissaliente);
Marceli

• Normalmente indicam ser da raça negra.

12.3.2. Mesognata

• Ângulo igual a 83º, que indica uma mandíbula mediana.

12.3.3. Ortognata

• Ângulo maior que 83º (maxilar está mais para dentro, mais retraída);
• Normalmente, indicam da raça branca.

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QUESTÕES
1. ( Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia – Anulado) A respeito da identificação criminal,
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assinale a alternativa correta:


a) A fotografia sinalética constitui um método bastante eficaz de identificação e, por sua precisão, pode ser
utilizada como método isolado de identificação de pessoas.
b) A rugopalatoscopia é um método de identificação que leva em consideração as cristassinuosas existentes
souza -- CPF:

do palato duro.
c)As tatuagens não possuem valor significativo no processo de identificação de pessoas.
Marceli souza

d) Ilhotas, forquilhas e bifurcações são espécies de pontos característicos existentes nos desenhos digitais,
Marceli

sendo que a presença de ao menos quatro desses pontos, sem nenhum ponto de divergência, indica
confronto positivo para a identificação do suspeito.
e) A datiloscopia se constitui um excelente método de identificação e tem como principais características a
unicidade, a mutabilidade, a praticidade e a classificabilidade.

2. (CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia) A respeito de identificação médico-legal, de aspectos médico-
legais das toxicomanias e lesões por ação elétrica, de modificadores da capacidade civil e de imputabilidade
penal, julgue o item que se segue.
O procedimento de identificação de uma pessoa baseia-se na comparação entre a experiência da
sensação proporcionada no passado com a mesma experiência renovada no presente pela pessoa a ser
identificada.
( ) Certo ( ) Errado

3. (NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil) Em relação à identificação policial ou judiciária, podem
ser destacados vários métodos de identificação, entre os quais o sistema dactiloscópico de Vucetich, que se
baseia na disposição das cristas papilares que se encontram na polpa dos dedos. A presença de um, ou dois,
ou nenhum delta numa impressão digital estabelece os quatro tipos fundamentais do sistema dactiloscópico

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FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 5

de Vucetich.
Partindo dessas afirmações e baseado naquilo que você conhece sobre esse sistema, marque a alternativa
CORRETA.
a) Presilha externa: presença de um delta à direita do observador e de núcleo voltado à esquerda.
b) Verticilo: presença de dois deltas e um núcleo central.
c) Presilha interna: presença de um delta à esquerda do observador e de núcleo voltado em sentido
contrário ao delta.
d) Arco: presença de dois deltas e um núcleo central.
e) Presilha externa: ausência de deltas e apenas com sistema de linhas basilares e marginais. Não tem
núcleo.

4. (FUNCAB - 2016 - PC-PA - Delegado de Policia Civil – Reaplicação) No que se refere ao tema sobre
identificação, os ângulos de Jacquart, Cloquet e Curvier são verificados:
a) no tórax.
b) nas pernas.
c) nos braços.
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d) na bacia.
e) no crânio.

GABARITO
1. b)
2. Errado
3. b)
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4. e)
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TRAUMATOLOGIA FORENSE

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TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6
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A traumatologia ou lesionologia forense:

• Faz parte da patologia forense, sendo uma das subdivisões da medicina legal.
• Estuda as energias vulnerantes, seus mecanismos de ação e suas consequências (lesões).

Segundo o professor Genival de Veloso de França, ela é um ramo da medicina legal que estuda os
estados patológicos imediatos ou tardios oriundos de uma violência que atinja o corpo humano, causando
uma lesão.

1. PELE

A pele, que é o maior órgão do corpo humano, é a primeira barreira contra a lesão. Porisso, a maior
parte das lesões aparece nela.
A pele é formada por camadas, que são:

• Epiderme;
• Derme.
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1.1. Epiderme

É a parte superficial, que possui uma camada mais externa (que só possui células mortas), e uma
camada mais profunda (que possui células vivas).
A parte superficial é composta de células mortas, para que o organismo possa reagir com o meio
ambiente. Na epiderme, não há vasos sanguíneos, tampouco filetes nervosos. São as camadas que formam
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a epiderme:

• Camada córnea;
• Camada lúcida;
souza -- CPF:

• Camada granulosa;
• Camada espinosa; e
Marceli souza

• Camada basal.
Marceli

1.1.1. Camada córnea

As células dessa camada são mortas, não possuem núcleo e são completamente achatadas, em
forma de lâminas (exercendo assim a função de proteção contra agentes externos, além de impedir a
evaporação de água).
Por essas células serem anucleadas, não há dna nuclear. Em que pese a ausência do núcleo, é possível
a verificação do dna mitocondrial; no entanto, esse DNA mitocondrial só possui o DNA materno, porque,
quando a célula reprodutora masculina fecunda a célula reprodutora feminina, não entra o DNA mitocondrial
do pai que se localiza no citoplasma da célula (só entra o núcleo do espermatozoide, que não possui
mitocôndria).
É uma camada completamente queratinizada, o que a torna impermeável.
Essa camada é morta, para poder reagir contra o meio ambiente.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

1.1.2. Camada lúcida

É a camada imediatamente inferior à camada córnea, com menor queratinização, e é constituída por
uma fina camada de células achatadas, cujos núcleos celulares apresentam sinais de degeneração, existindo
pouquíssimas organelas citoplasmáticas.
Existe certa quantidade de queratina, tornando-a impermeável a fluidos.
Nem todas regiões possuem essa camada, sendo mais comuns nas regiões palmoplantares (mãos e
pés).

1.1.3. Camada granulosa

Nessa camada há a presença células poligonais e achatadas, com núcleo central. Há produção de
grânulos de queratina, que impedem a passagem de compostos e água.

1.1.4. Camada espinosa

É formada por quatro a dez fileiras de células cuboides ou ligeiramente achatadas, com núcleo
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central e pequenas expansões no citoplasma (separam o núcleo da membrana), que dá o aspecto espinhoso.
Há ainda produção de queratina.
Localiza-se acima da camada basal.

1.1.5. Camada basal

É a camada que possui a parte proliferativa e que dá origem às células das outrascamadas (responsável
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pela renovação da epiderme). As células (única fileira de células prismáticas) presentes possuem núcleo;
logo, é possível identificar o DNA materno e paterno.
É a camada mais profunda da epiderme, estando acima da derme. Também chamada de camada
germinativa ou geradora.
souza -- CPF:

1.2. Camada de Malpighi


Marceli souza
Marceli

É a camada presente acima das papilas dérmicas. A camada de Malpighi, ou camadaepidérmica,


é constituída por três camadas da epiderme, veja:

• Camada granulosa;
• Camada espinosa;
• Camada basal.

1.3. Ciclo de tempo da célula da epiderme

O processo das células da camada basal (camada geradora) até a camada córnea dura o período de
21 a 28 dias. As células vão sendo produzidas através do processo de mitose (processo de divisão de células
eucaróticas) e, ao ir subindo de camadas, as células vão se achatando, perdendo núcleo, citoplasma etc., até
chegarem à camada córnea morta.

1.4. Derme

Localiza-se abaixo da epiderme e é composta exclusivamente de células vivas. É macia, cheia de filetes
nervosos e de vasos sanguíneos e rica em gordura.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

É formada por tecido conjuntivo com as funções de oferecer sustentação e nutrir a epiderme. Está
dividida funcional e anatomicamente em duas camadas distintas:

• Derme superficial (ou papilar): a derme superficial é constituída por tecidopouco denso,
provido de vascularização e inervação abundantes;
• Derme profunda (reticular): a derme profunda é formada por tecido mais denso,mais resistente
às trações, por seu maior teor em fibras elásticas e colágenas. Nessa camada, estão os músculos
eretores dos pelos e suas hastes com glândulas sebáceas.

1.5. Papilas Dérmicas

Local em que a derme e a epiderme se encontram, sendo entrelaçadas (forma o desenhodigital


através das cristas dérmicas); logo, é irregular, pois elas se interpenetram, formando ondulações.
Veja a imagem:
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Fonte: http://www.papiloscopia.com.br/estudo_das_papilas.html.

ATENÇÃO!
souza -- CPF:

A derme papilar (cristas dérmicas do entrelaçamento) juntamente com suor e gordura da pele vão
Marceli souza

resultar no desenho digital, o que, ao tocar em objetos, faz com que o indivíduo possa deixar a impressão
digital (quando o desenho digital é colocado em algum local).
Marceli

1.6. Anexos cutâneos

São estruturas anexas da pele que são constituídos pelas glândulas sudoríparas e sebáceas e pelos
pelos. Esse órgão importante tem as seguintes funções: sensibilidade, regulação térmica e proteção.

2. TRAUMA

É a atuação de uma energia (física, química, biológica ou mista) externa (exógena) sobre determinado
indivíduo, capaz de causar um desvio de normalidade (lesão) no corpo humano.
Deve causar um desvio em relação ao estado de normalidade do corpo humano, ou seja, a quebra
da homeostasia,que é o corpo em equilíbrio.
A reação do corpo ao trauma pode ser:

• Reação local:
▪ Há uma reação inflamatória que leva ao aumento da circulação local, causando,assim, uma
vasodilatação (hiperemia), que leva a rubor, calor e edema;

71
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

▪ Em razão dessa reação, tem-se um aumento de glóbulos brancos, que é umafunção de


defesa, para a região.
• Reação sistêmica ou geral:
▪ Há liberação de adrenalina, levando ao aumento da pressão arterial, aumentando os
batimentos cardíacos e respiratórios:
▪ Há ainda o aumento da quantidade de açúcar no sangue (hiperglicemia) paraproduzir
mais energia;
▪ Balanço nitrogenado negativo: há um aumento do catabolismo, em função do
aceleramento do metabolismo orgânico.

2.1. Síndrome compartimental

Segundo o professor Hygino de C. Hercules, o edema (resultado da reação inflamatória, junto com
calor e rubor) pode comprimir os vasos da microcirculação local (em razão do aumento da pressão), desde
que seja muito intenso e situado em área delimitada (área restrita) por paredes pouco distensíveis. O
aumento da pressão nos tecidos bloqueia a circulação e, por isso, prejudica os mecanismos de defesa
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(chegada dos glóbulos brancos), com o agravamento da lesão inicial. Ocorre, por exemplo, nos
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traumatismos musculares graves.

3. LESÃO

É a consequência/alteração traumática resultante de agressão sofrida pelo corpo. Segundo o


professor Hygino de C. Hercules, é uma alteração estrutural proveniente de uma agressão, devendo ser
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demonstrável morfologicamente.
A lesão pode ser:

• Direta – é a lesão no local de contato entre o a parte do corpo atingida e o agente vulnerante;
souza -- CPF:

• Indireta – quando no lado oposto ao trauma, há lesão reflexa ou indireta. Também chamada de
lesão a contragolpe.
Marceli souza

▪ Ex.: lesões na cabeça em que o deslocamento do cérebro causa lesões do lado oposto ao
Marceli

trauma;
• Fechada – quando a lesão é fechada, não há rompimento da pele.
▪ Ex.: rubefação, equimose, bossa, entorse, luxação, rotura, fratura não exposta etc.;
• Aberta ou exposta – quando a lesão é aberta, há o rompimento da pele. Ex.: escoriação, ferida,
fratura exposta etc.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/fraturas.htm.

Além disso, podemos ter lesões:

• Mortais – são as lesões que culminam em morte e podem ser fruto de suicídio, acidente ou crime;
• Não mortais – são lesões criminosas, que podem ser dolosas ou culposas, podendo se ajustar
a algum tipo penal, como, por exemplo, ao art. 129 do CP;
• Com assinatura – a lesão denuncia o instrumento que a causou, ou seja, ao visualizar a lesão,
é possível determinar o objeto que a causou. Por ser possível dizer o instrumento vulnerante
utilizado, diz-se que a lesão é patognomônica. Ex.: queimadura causada com um garfo na pele,
marcas de pneu no corpo de delito etc.

Pelo critério cronológico, segundo o professor Hygino de C. Hercules, a lesão pode ser:

• Recente – diz-se que a lesão é recente, pois é possível fazer a verificação de tempoda lesão;
• Intermediária – ainda é possível fazer a verificação de tempo da lesão. O limite entreo conceito
de recente e intermediário é abstrato e subjetivo;
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• Consolidada – não é possível se verificar o tempo das lesões.


▪ Consolidada não se confunde com “curada”, pois a lesão consolidada é aquela que parou de
evoluir. Assim, é possível uma lesão consolidada, curada ou não curada.

O trauma causa lesão. Cumpre ressaltar que o corpo humano é o objeto do trauma, é nele que há a
referida lesão. Assim, temos que o corpo humano é limitado pela pele (que é o maior órgão do corpo
humano).
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4. AGENTES VULNERANTES

Trataremos agora sobre os agentes ou elementos que, por meio de contato direto ou indireto,
souza -- CPF:

causam as lesões. Portanto, os agentes vulnerantes são aqueles que atuam no organismo, capazes de causar
alterações.
Marceli souza

A energias vulnerantes podem ser de ordem:


Marceli

• Física: a composição de átomos que compõem o agente, ao ser transferida, não se altera;
• Química: a composição de átomos que compõem o agente, ao ser transferida,altera-se.
• Biológica: energia que depende de seres vivos para ser transferida. O professor Hygino de
C. Hercules não cita essa modalidade de energia;
• Mista: há a reunião de mais de um tipo de energia.

4.1. Energia de ordem física

Divide-se em:

• Energia de ordem física não mecânica: são aqueles elementos que, para causar lesão, não
precisam de movimento. Ex.: eletricidade, calor, luz, som, pressão, radiação;
• Energia de ordem física mecânica: é mecânico pois há movimento/deslocamento no espaço
(necessariamente) do objeto para o corpo (ativo), ou do corpo para o objeto (passivo). São
capazes de lesar porque transferem toda a sua energia cinética, ou parte dela, à área da
superfície com que entram em contato.
▪ Pode um agente mecânico causar lesão estando parado, desde que o alvo esteja em

73
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

movimento.

As lesões são separadas em:

• Ativa: o agente vulnerante está em movimento. Ex.: disparo de arma de fogo, paulada, pancada
etc.;
• Passiva: o alvo está em movimento. Ex.: se um preso bate com a cabeça na cela;
• Mista: ambos estão em movimentos. Ex.: colisão.

ATENÇÃO!
A energia cinética é expressa pela equação:
E = M.V²/2
Em que: E é energia; M é a massa do agente; e V é a sua velocidade.
Atenção!
A quantidade de energia antes do choque de dois corpos tem que ser igual à energia presenteapós
a colisão, pelo PRINCÍPIO GERAL DA CONSERVAÇÃO DA ENERGIA.
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Importante!
A energia não pode ser criada nem destruída: a energia pode apenas transformar-se.

A produção de lesões depende também da extensão da área sobre a qual atua um agente mecânico.
A pressão por um corpo sobre a superfície é diretamente proporcional à sua força e inversamente
proporcional à extensão da área com que entre em contato (P=F/S). Por exemplo, um alfinete precisa de
pouca força para penetrar na pele, pois a pressão é maior em função da pouca extensão da zona de contato.
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Nesse contexto, podem os agentes vulnerantes ser classificado como:

• Contundente: gera lesão contusa;


• Perfurante: gera lesão punctória;
souza -- CPF:

• Cortante: gera lesão incisa;


• Perfurocortante: gera lesão perfuro-incisa;
Marceli souza

• Perfuro contundente: gera lesão perfuro contusa;


Marceli

• Corto-contundente: gera lesão corto-contundente.

Nos três primeiros casos, temos agentes simples, visto que seu uso principal tem uma única
finalidade. Já nos três últimos casos, são classificados como misto, visto que a sua ação gera dois tipos de
lesões.
Veja a análise de cada agente vulnerante.

4.1.1 Agente Contundente

Agente contundente é aquele que só contunde. Resulta da atuação de agentes que transferem sua
energia cinética, por meio de pressão, para o corpo através de uma superfície, uma área, que interessa a
todos os planos da pele, inclusive os subcutâneos. Não há ponta, nem gume.
Atenção:
O agente é classificado como sendo contundente e a lesão é classificada como sendo contusa (lesão
em plano).
Segundo os professores Genival V. de França e Wilson Palermo, não existe lesão dilacerante (mesmo
se oriunda de explosões), pois não há instrumentos com os mesmos nomes, sendo, na verdade, uma
variação da lesão contusa.

74
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

Um exemplo clássico de lesão contusa é a lesão causada pelo martelo, que é um agente contundente
e causa lesões contusas. Sobre esse instrumento, por já ter sido cobrado em provas, a ação do martelo na
calota craniana pode gerar três tipos de lesões:

• Sinal de mapa-múndi de Carrara – a lesão causada é em mapa-múndi (são várias minifraturas,

que lembram um mapa-múndi);


• Sinal de Strassman – trata-se do afundamento parcial com fissuras na calota craniana;
• Sinal de terraza de Hoffman – a ação tangencial do objeto produz fratura em formato
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triangular, com a base ligada ao tecido ósseo adjacente e o vértice solto, voltado para o interior
da cavidade craniana

São mecanismos de transmissão de energia cinética dos agentes vulnerantes:

• Pressão;
• Sucção;
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• Torção;
• Flexão;
• Cisalhamento – são forças que atingem o mesmo ponto em sentidos opostos, comoa ação de
uma tesoura.
o A tesoura fechada é um agente perfurante. Já com a tesoura aberta, cada ramoé um
agente pérfuro-cortante de um gume. O mecanismo de ação quando a tesoura funciona é
o cisalhamento.

Segundo o professor Hygino de C. Hercules, só são os mecanismos de ação de agentes vulnerantes:

• Compressão – o agente incide diretamente sobre a superfície e comprime os tecidos (soco,


martelada, pedrada). É a forma mais comum;
• Tração – ocorre quando uma parte do corpo, por exemplo o cabelo, é presa e puxada por alguma
engrenagem. Nesses casos, pode ocorrer o escalpe, que é o arrancamento do couro cabeludo.
Torções articulares provocam lesões por força de tração exercida sobre os ligamentos da face

75
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

oposta à flexão ou extensão exagerada;


• Deslizamento – deve-se ao atrito entre o agente e a pele. São chamadas de lesão em linha. Os
exemplos mais comuns são as escoriações.

Lembrando que as lesões podem ser fechadas ou abertas. Assim, serão analisadas as hipóteses de
cada uma.

4.1.1.1. Lesões Fechadas

As lesões fechadas são classificadas como:


a. rubefação;
b. tumefação (classificação citada pelo do professor Hygino de C. Hercules);
c. equimose;
d. bossa;
e. hematoma (hema: sangue; toma: tumor – tumor de sangue);
f. entorse;
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g. luxação;
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h. fratura.

a) Rubefação

Rubor é vermelhidão na pele, sendo a mais leve das lesões produzidas por ação contundente.
É constituída por hiperemia, que é o aumento da circulação sanguínea local, sendo o efeito anti-
inflamatório e normalizador circulatório, observada no local de impacto, ou seja,há uma vermelhidão,
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não havendo extravasamento de sangue, resultante da dilatação de capilares e vênulas locais


desencadeadas pela liberação de mediadores químicos, como a histamina (envolvida em processos
bioquímicos de respostas imunológicas, tais como extravasamento de plasma que acarreta o aparecimento
souza -- CPF:

de edemas, vermelhidão, coceira, dentre outros).


Observações:
Marceli souza

• A rubefação aparece nos primeiros instantes e alcança o máximo em cerca de umminuto,


Marceli

persistindo por cerca de 10 minutos;


• É fugaz ou temporária e sua comprovação pericial é quase impossível, pois a vítima de uma
agressão que lhe tenha produzido apenas uma rubefação, como no caso de uma bofetada, se for
a exame de corpo de delito, provavelmente receberá um laudo negativo quanto à existência da
lesão;
• Não há extravasamento de sangue local;
• Não confunda com eritema, que é semelhante visualmente, mas a lesão é causada pelo calor
(agente térmico);
• Valor médico-legal: caracteriza que houve uma ação contundente em vida.

b) Tumefação (classificação citada pelo Professor Hygino de C. Hercules)

Na tumefação, o trauma é um pouco mais intenso que na rubefação. Consta de elevação e palidez
da pele na área do impacto, surgindo depois de um a três minutos, juntamente com a rubefação, que
sempre a acompanha.
Faz parte da tríplice reação de Lewis, que possui três momentos:

76
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

• 1º MOMENTO – ocorre a hiperemia, que é o aumento da quantidade de sangue circulante em


um determinado local, do ponto de impacto;
• 2º MOMENTO – ocorre a extensão da hiperemia para pequena área ao redor;
• 3º MOMENTO – após, ocorre palidez da zona central causada por edema, que é o acúmulo
anormal de líquidos no espaço intersticial – espaço localizado entre osvasos e as células dos
tecidos.

Fonte: imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor André Uchoa.


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c) Equimose

É a lesão mais cobrada em provas.


O trauma causa o extravasamento do sangue dos vasos sanguíneos (pois sofreu rotura, secção),
havendo, assim, infiltração do sangue nas malhas dos tecidos (superficiais ou profundos), de maneira que a
equimose é vista por meio de uma lâmina de tecido (em regra,a pele, mas pode ser por meio do pulmão,
coração etc.).
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Equimoses espontâneas – são equimoses que não são fruto de um trauma. A doutrina aponta
algumas possibilidades:
• Segundo o professor Hygino de C. Hercules, seria possível uma equimosesem o seccionamento
de um vaso sanguíneo (com o vaso íntegro), por meio da diapedese, ou seja, com a passagem do
souza -- CPF:

fluxo sanguíneo através dos poros das paredes dos vasos;


• Cita, ainda, que podem ocorrer equimoses espontâneas oriundas de doenças ou, ainda, podem
Marceli souza

aparecer em pessoas idosas que possuem a pele fragilizada (pouca resistência);


Marceli

• O professor Delton Croce cita a possibilidade de uma equimose ter fundo emocional. Nesse caso,
o professor chama essa equimose de fundo emocionalde enquimose.

A equimose pode ser classificada de acordo com sua forma, conforme veremos a seguir.

PETÉQUIA

Há, geralmente, um pontilhado hemorrágico. Há hemorragia em tamanho de um pontode uma


cabeça de alfinete. A literatura diz que é comum em mortes rápidas. A reunião de várias petéquias é chamada
de sugilação.

77
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

Petéquias subconjuntivais

Por volta de 1800, um perito chamado Tardieu disse que, quando uma pessoa aparecia morta e tinha
esses pontos sanguinolentos subconjuntivais, ela havia sido morta asfixiada por sufocação. Para Tardieu,
naquela época, essas hemorragias puntiformes significavam morte por asfixia por sufocação e eram
chamadas de manchas de Tardieu.
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Hoje, sabe-se que essas manchas podem aparecer em asfixias em geral, mas também podem
aparecer em mortes naturais. Essas manchas não são patognomônicas e, também, não são características
somente da asfixia, pois elas podem ocorrer até em mortes naturais.

Sugilação

É formada por confluência de numerosas (milhares ou centenas) lesões puntiformes em uma área bem
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delineada (forma de pequenos grãos). Portanto, é uma equimose formada por vários pontinhos aglomerados.
Geralmente é fruto de atos libidinosos, decorrente de sucção. No entanto, também pode ser fruto
de pancadas.
Segundo a doutrina, podem surgir em vida ou após a morte.
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Marceli souza
Marceli

Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

Víbice

Trata-se de petéquias em faixa dupla paralelas, causada por agente contundente que possui forma
cilíndrica e que, ao colidir com a pele, desloca o sangue para linha paralela ao instrumento, como é o caso de
um taco de beisebol ou um cassetete.
Para o professor Hygino de C. Hercules, essas faixas seriam quase paralelas – convergindo para o
punho (borda proximal) do instrumento e divergindo para a ponta do instrumento (esse posicionamento já
foi cobrado na prova de Delegado de Polícia do RJ).
Pode ocorrer, ainda, quando o pneu de um automóvel passa por um corpo, sendo chamadas de
víbices estriadas, ou estrias pneumáticas de Simonin, não sendo paralelas nesse caso específico.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

Fonte: Imagem retirada do site do professor Malthus.


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Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

Sufusão ou equimoma
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Representa hemorragia que possui maior extensão (equimose em proporção maior) e de tamanho
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variado. É o que se chama de LENÇOL HEMORRÁGICO, ou de “MANCHA DE SANGUE”.


Marceli

Fonte: Imagem retirada do site do professor Malthus.

Sufusão subconjutival

São manchas decorrentes de equimoses:

• Mancha de Tardieu – trata-se de petéquias subconjuntivais (atingem abaixo da membrana


conjuntiva que recobre o globo ocular – ou seja, a esclerótica – que é a parte branca dos olhos),
indicando que pode ter ocorrido asfixia por sufocação, afogamento, entre outras causas.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

o não é patognomônica, ou seja, não indica certeza de algum tipo de morte, pois podem
aparecer em diversos tipos de mortes, inclusive em mortes naturais.
o São pequenas e violáceas.
o Podem ocorrer ainda abaixo das pleuras (subpleurais) ou do pericárdio(subpericárdicas).

o São mais frequentes em adolescentes e crianças.


o Segundo a literatura médico-legal, decorre do CO2, que pode causar a excitação bulbar ou
danificar diretamente o capilar.
• Mancha de Paltauf – trata-se de equimoses subpleurais de ordem físico-química, ocorrendo
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quando há aspiração de água, que causa o rompimento dos alvéolos (asfixia por afogamento) e
há o extravasamento do sangue.
o É um sinal patognomônico (indica certeza) de afogamento.
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souza -- CPF:

Fonte: Imagem retirada do Livro de Medicina Legal do professor Hygino de C. Hércules.

• Máscara equimótica de Morestin ou cianose cérvico-facial – é a mancha arroxeada formada por


um conjunto de milhares de petéquias que atingem o rosto. Ocorre, normalmente, diante de
soterramentos, compressão de tórax etc.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

o Aqui, a circulação fica prejudicada, visto que o sangue bombeado que foi para a região da
cabeça fica impedido de voltar para o coração, pois o átrio direito que recebe o sangue
encontra-se comprimido, não conseguindo receber osangue retornado. Diante do acúmulo
de sangue na região da face, ele irá extravasar dos vasos, formando, assim, milhares de
petéquias, chamadas de máscara equimótica de morestin.
o É indicativo de lesão intra vitam.

Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.


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• Equimoses de etiologia ou não mecânicas – nem toda equimose é fruto de trauma, podendo
aparecer em: doenças hemorrágicas (púrpuras), pessoas idosas de pele pouco resistente (simples
esbarrão, que normalmente não causaria qualquer dano), sendo chamadas de equimoses
espontâneas ou emotivas.
• Equimoses perianais e vulvovaginais – são localizadas nas regiões anal e vaginal, devendo ter
atenção para que não seja confundida com lesões dermatológicas ou parasitoses.
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• Equimose retrofaringeana de brouardel – é a mancha equimótica na parte posterior da faringe


em razão da pressão da faringe contra a coluna vertebral.
• Equimose à distância – às vezes, a equimose aparece no lugar do impacto, e, outras vezes,
aparece à distância.
souza -- CPF:

o Ex.: quando uma pessoa é asfixiada (enforcada, esganada), a lesão pode ser no pescoço,
Marceli souza

mas aparecem petéquias espalhadas pelo corpo todo. Essas petéquias espalhadas são
equimoses à distância.
Marceli

• Sinal do Zorro ou do guaxinim – quando se tem uma lesão no couro cabeludo, há extravasamento
de sangue, que, em razão da gravidade, vai parar na região dos olhos (lembre-se de que nos olhos
não se observa o espectro equimótico de legrand du saulle). Assim, a região dos olhos fica
arroxeada sem que tenha sofridouma lesão nos olhos.

Fonte: http://www.fisiocti.com/site/traumatismo-cranioencefalico/.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

• Sinal de Battle – equimose na região da mastoide oriunda da fratura na base do crânio e é


acompanhada de otorragia (sangramento do ouvido médio).

Fonte: http://www.fisiocti.com/site/traumatismo-cranioencefalico/.

• Sinal de Cullen – ocorre nos casos de pancreatite que levam à equimose periumbilical.
• Mobilidade equimótica – é o deslocamento da equimose para regiões mais afastadas do ponto
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de contusão.

Diferenciando uma equimose feita em pessoa viva ou feita em pessoa morta

Equimose em pessoa morta: livores – quando o coração para de bater, o sangue (não coagulado)
irá se acumular nas regiões de maior declive do corpo, devido à gravidade. Em razão da pressão exercida
nos vasos, o sangue irá extravasar, formando uma série de pontos. Assim, se o sangue estiver saindo dos
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vasos (que estão íntegros), trata-se de “equimose falsa” em pessoa morta (pois não há hemorragia),
ocasionando os chamados livores (que, com o passar do tempo, irão se fixar nos tecidos, não sendo mais
possível a movimentação do sangue).
Equimose em pessoa viva – se a equimose for fruto de um trauma, e o sangue (coagulado) estiver
souza -- CPF:

fora dos vasos (infiltração hemorrágica), trata-se de equimose verdadeira, ou seja, foi feita em vida, podendo
Marceli souza

ocorrer em qualquer lugar do corpo.


Marceli

Técnica de verificação de Bonnet

Deve-se fazer um corte no local e jogar água corrente. Se limpar a área, indica que foi feito após a
morte, pois não infiltrou. Se não limpar, indica que foi feito em vida, pois há sangue acumulado na região
(infiltrou).

Fonte: Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

Índice de Verderau

É uma forma de verificar se a equimose foi produzida intra vitam ou post mortem, consistindo na
divisão do número de glóbulos vermelhos (hemácias) pelo número de glóbulos brancos (ligados à defesa
do organismo).
Se houver alteração do índice, em função do aumento do número de glóbulos brancos, indica que
houve reação inflamatória; logo, uma lesão produzida em vida.
Se esse índice se mantiver sem alteração, indica uma falsa equimose, ou seja, post mortem.

Evolução cromática das equimoses

Quando o sangue sai dos vasos, ele tem como principal componente a hemoglobina, que é um
pigmento vermelho. Quando a hemoglobina sai dos vasos, ela começa a se degradar (Ferro – Fe++) e se
transforma em outros compostos (Biliverdina, que tem coloração esverdeada, e Bilirrubina, que tem cor
amarelada) e vai variando de coloração.
Para se verificar o tempo aproximado (nexo temporal) no qual as lesões foram produzidas, verifica-
se a coloração dessas lesões. É o que se chama de ESPECTRO EQUIMÓTICO DE LEGRAND DU SAULLE (perito
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chamado Legrand du Saulle comparou isso ao espectro solar, às cores do arco-íris), em que temos as
seguintes variações de colorações:

VERMELHO BRONZEADO:
DIA 1º;
A cor se dá em razão da hemoglobina.
VIOLÁCEO/ARROCHEADO:
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DIAS 2º e 3º;
A cor se dá em razão da hemossiderina.
AZUL:
DIAS 4º, 5º, 6º;
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A cor se dá em razão da hematoidina.


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ESVERDEADO
DIAS 7º, 8º, 9º e 10º;
Marceli

A cor se dá em razão da hematina.


AMARELADO
A partir do 11º dia;
A cor se dá em razão da hematina.

Após cerca de 20 dias, a mancha some completamente (há doutrina que indica a partir do 15ºdia).

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

ATENÇÃO!
A causa da mudança de cor é a progressiva reabsorção da hemorragia pela ação dos macrófagos
(células de limpeza do tecido conjuntivo local) através da fagocitose.
O sangue extravasado passa a ser considerado corpo estranho ao tecido e desperta reaçãode
defesa com a finalidade de removê-lo. Logo nos primeiros dias, as hemácias são fagocitadas (processo de
ingestão e destruição de partículas) pelos macrófagos, em cujo interior sua membrana é destruída e a
hemoglobina digerida.

Há dois locais em que não existe a variação de cor nas equimoses (mantendo-se sempre
avermelhada); são eles:

• Bolsa escrotal;
• Região da conjuntiva ocular (olhos).

Alguns autores dizem que isso se dá porque se trata de tecido muito oxigenado, mas Hygino de
C. Hercules não acredita nisso, não existindo explicação aceitável.
Há doutrina que aponta a evolução cromática como sendo relativa, pois depende da região do corpo,
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da profundidade, da idade etc.


Há divergência dos dias decorridos em relação à respectiva coloração, havendo outras tabelas
(Tourdes e Devergie), mas a que está acima é a que prevalece no estudo da matéria.

• Sinal de Kunckel – pode auxiliar na busca do tempo aproximado da lesão, após a mancha
equimótica desaparecer, em função da rede ganglionar e resquícios daequimose (vestígios).
• Sinal de nevus azul – segundo o professor Hygino de C. Hercules, é uma lesão de cor azulada,
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geralmente congênita, que costuma se situar nas imediações da regiãosacra, sendo formada pela
deposição do pigmento da melanina por entre as fibras conjuntivas da derme profunda e da
hipoderme.
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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

Valor médico-legal das equimoses

• Segundo o professor Hygino de C. Hercules,


• Atestam que houve ação contundente;
• Demonstram que havia vida no momento da sua produção;
• Podem identificar o agente traumatizante;
• Pela localização e distribuição, podem sugerir o tipo de agressão;
• Pela sua cor, permitem saber a época da agressão.

d) Bossa

É uma lesão na qual iria se formar uma equimose; no entanto, com a presença de plano ósseo abaixo,
o sangue empurra a pele para cima. Esse “galo” formado se chama bossa.
Segundo o professor Hygino de C. Hercules, ocorre quando há o aumento de volume dos tecidos por
coleção (não há extravasamento) de líquido, que os infiltra intensamente, decorrente de distúrbio
circulatório localizado.
A bossa pode ser:
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• Bossa sanguínea: é formada por sangue tendo coloração arroxeada;


• Bossa linfática: é a bossa serosa, a qual é incolor e pode ensejar o descolamento traumático de
Morrel-Lavallée, que é o derrame linfático que pode levar à separação traumática
(descolamento) da pele e à fáscia subjacente.
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Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

Tumor do parto ou caput succedaneum

Trata-se da bossa na cabeça da criança, pois a pressão exercida pela cabeça sobre o orifício interno
do colo uterino é acompanhada por uma reação igual e contrária, conforme as leis da física. À medida que
vão sucedendo as grandes contrações uterinas, a cabeça vai aflorando na cavidade vaginal, aparecendo
primeiro o setor occipital. Assim, a porção do couro cabeludo que já está insinuada fica voltada para a
cavidade vaginal e não recebe pressão.
No anel que circunscreve essa porção, a pressão é forte o suficiente para barrar a saídado sangue
venoso, mas não o fluxo de sangue arterial para aquela porção circular do couro cabeludo. Por isso, o sangue
venoso fica sob pressão aumentada, o que desequilibra a microcirculação, fazendo com que se forme a bossa.
Quanto mais demorar o parto, maior será a bossa formada. O aumento de volume do setor occipital do couro
cabeludo é chamado vulgarmente de tumor do parto ou caput succedaneum.
Valor médico-legal do tumor do parto ou caput succedaneum – é de atestar que o feto estava vivo
durante o trabalho de parto.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

e) Hematoma (hema: sangue, toma: tumor – tumor de sangue)

É a hemorragia que, pelo seu volume e pela sua velocidade de formação, afasta os tecidos vizinhos e
ocupa um espaço próprio, formando uma neocavidade.
O que acontece com o hematoma é que o vaso que se rompe é um pouco mais calibroso, então o
sangue sai do vaso com uma certa pressão e empurra os tecidos para que ele possa passar. O tecido se
afasta e o sangue se acumula entre os tecidos, formando uma bolsa de sangue, em uma cavidade que não
existia.
Não há, como nas equimoses, uma infiltração do sangue nas malhas dos tecidos, a não ser, em pequena
extensão, na sua periferia. Os tecidos vizinhos são deslocados ecomprimidos.

• Leva ao relevo da pele.


• Tem delimitação mais ou menos nítida.
• Sua reabsorção é mais lenta que a da equimose.
• Não se considera hematoma a coleção de sangue nas cavidades naturais (deve haver uma
cavidade neoformada).
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Hematomas nas meninges do cérebro

O hematoma que mais é cobrado em prova é o que ocorre na região da cabeça.


As meninges são o sistema das membranas que revestem e protegem o sistema nervoso central, a
medula espinhal, o tronco encefálico e o encéfalo.
A meninge consiste em três camadas:
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• Dura-máter;
• Aracnoide
• Pia-máter.
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Marceli

Essas meninges são vivas e têm vasos sanguíneos. Se uma pessoa leva uma pancada na cabeça, às
vezes rompe vasos da pia-máter, às vezes da aracnoide e às vezes da dura-máter. O local que esses vasos
romperem, o sangue não tem para onde ir e se acumula entre as membranas ou entre o crânio e a pia-máter.
Onde o sangue se acumula, o hematoma vai crescendo e empurra o cérebro para dentro. Se não houver
socorro rápido, pode levar à morte.
Dura-máter:
• É a camada mais externa e mais espessa;
• O hematoma que ocorre fora da dura-máter é chamado de hematoma extradural ou epidural
(entre a dura-máter e o crânio, há uma zona descolável de Gerard Marchand, permite a formação
do hematoma);

86
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

• Às vezes leva horas para se formar o hematoma;


• Quatro, dez, doze horas depois começam a aparecer os problemas, e os sinais apresentados são
muito parecidos com a embriaguez alcoólica (fala desconexa, andar desiquilibrado etc.);
• A literatura diz que basta fazer um pequeno furo no local e drenar o sangue para salvar a pessoa;
• O hematoma que ocorre entre a dura-máter e a aracnoide é chamado de hematoma subdural.

Aracnoide:

• Localiza-se entre a dura-máter e a pia-máter;


• O hematoma que ocorre entre a pia-máter e a aracnoide é chamado de hematoma
subaracnoide;
• Entre a pia-máter e a aracnoide, existe uma substância chamada de liquor,que tem por função
a drenagem local e o amortecimento.

Pia-máter:
• É a mais fina das meninges.
• É o envelope meníngeo que, firmemente, adere à superfície do cérebro e à medulaespinhal (feixes
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nervosos). Ela segue aos menores contornos do cérebro.

Leptomeninges

Leptomeninges são as duas meninges mais internas de tecido que cobrem o cérebro e a medula
espinhal. As duas meninges são a aracnoide a e pia-máter, são finas e transparentes, e, por isso, são
chamadas de leptomeninges.
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Síndrome do bebê sacudido

A síndrome do bebê sacudido ocorre quando alguém chacoalha intensamente uma criança. Se um
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bebê é sacudido com força, seu cérebro frágil se move para frente e para trás dentro do crânio. Essa
movimentação do cérebro pode causar hemorragias nos vasos delicados da aracnoide e da pia-máter,
Marceli souza

gerando hematomas.
Marceli

• Não causa hemorragia extradural.


• Pode levar à hemorragia na retina de ambos os olhos, com uma mancha branca no centro da
hemorragia (Manchas de Roth), não sendo um indicativo patognomônico da síndrome do bebê
sacudido.

Até os quadros mais leves da síndrome do bebê sacudido podem causar danos irreversíveis ao
cérebro, podendo levar até ao óbito. Os sobreviventes podem apresentar complicações permanentes, como:

• Cegueira parcial ou total;


• Atrasos no desenvolvimento, problemas de aprendizagem ou problemas de comportamento;
• Deficiência intelectual;
• Convulsões;
• Paralisia cerebral.

Síndrome da criança espancada

O professor Hygino de C. Hercules cita, como gênero de abuso contra a criança, a síndrome da criança

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

espancada, não se restringindo a agressões propriamente ditas e abrangendo, ainda, negligências em geral,
como alimentação, higiene, saúde etc. Por isso, cita como expressão que seria mais adequada a síndrome da
criança maltratada.

f) Entorse

É o estiramento da cápsula de uma articulação. Está relacionada aos ligamentos. Pode ser total ou
parcial, mantendo-se o contato ósseo.
Pode ser de:

• 1º grau – os ligamentos esgarçam, estiram, mas não rompem;


• 2º grau – ocorre rompimento parcial, podendo curar com tratamento fechado (gelo e cuidados
locais);
• 3º grau – há rotura total do ligamento, sendo necessário cirurgia para recuperação.

Aparece sempre que a amplitude normal dos movimentos articulares é ultrapassada em decorrência
de forças externas.
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A atenção médico-legal para a entorse ocorre porque ela pode levar a incapacidade permanente.
Pode haver entorse sem luxação ou subluxação.

g) Luxação

Há a perda completa da superfície articular (contato ósseo). Se o deslocamento das superfícies


articulares for parcial, chama-se subluxação.
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A luxação é mais grave que a entorse; assim, sempre que houver luxação ou subluxação, haverá
entorse (o contrário não é recíproco).
Se a luxação se der nas vértebras, pode causar a compressão da medula, o que pode comprometer
souza -- CPF:

todo o sistema nervoso do local da luxação para baixo.


Marceli souza

h) Fratura
Marceli

É uma solução de continuidade dos ossos decorrente, em regra, de ação contundente.


Na maioria dos casos, tem origem traumática, mas pode ocorrer espontaneamente, quando o osso
está enfraquecido por alguma doença, sendo que, nesse caso, são chamadas de fraturas patológicas (como
no caso de osteoporose).
O mecanismo de produção pode ser direto, quando o agente contundente incide sobre o osso e o
rompe no local do impacto, ou indireto, por flexão exagerada, por torção, por arrancamento ou por
esmagamento.
Pode ser:

• Fratura direta – ocorre no local em que incidiu a energia vulnerante;


• Fratura indireta – ocorre em local diverso daquele onde incidiu a energia vulnerante;
• Fratura completa – quando o seu traço separa uma parte do osso ou o divide em mais de um
segmento:
o os arrancamentos ósseos que ocorrem na zona de inserção de tendões e ligamentos não
chegam a dividir o osso; são FRATURAS PARCIAIS, mas destacam completamente pequenos
fragmentos. Aquelas que chegam a dividir o osso são referidas como FRATURAS TOTAIS;
• Fratura incompleta – ocorre quando a fratura não chega a dividir o osso:

88
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

o é o caso dos afundamentos de ossos esponjosos — como o díploe, osso esponjoso da calota
craniana — das fissuras e das fraturas em ramo verde das crianças (o osso "dobra" e só
quebra de um lado);
• Fratura múltipla – quando há mais de um foco de fratura no mesmo osso;
• Fratura comutativa – quando um osso apresenta numerosos fragmentos e focos de fratura.
Ocorre o estilhaçamento ósseo:
• A fratura em mapa-múndi (sinal de Carrara) é uma fratura na cabeça em que os fragmentos
ósseos ficam separados um do outro, sendo um tipo de fratura cominutiva, na qual cada parte de
osso isolada é chamada de esquírola;
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• Fratura em galho verde – ocorre quando o osso não quebra, havendo apenas rachadura,
possuindo tendência de ocorrer em jovens e em crianças, uma vez que osossos são mais flexíveis;

Consolidação e risco de contaminação – se a fratura for externa, constitui séria ameaça à


consolidação pelo risco de contaminação. Quando em decorrência do próprio impacto que a produziu, pela
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ação direta do agente contundente, a ferida cutânea tem bordas escoriadas e irregulares. Se resulta de
atuação do fragmento ósseo de dentro para fora, como nas fraturas por flexão, a ferida é mais regular e não
apresenta escoriação nas bordas. Nesse caso, o risco de infecção é um pouco menor;
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Pseudoartrose – ocorre quando os ossos que foram fraturados não voltam a se unir.
Vale dizer que o estudo do calo ósseo pode ser utilizado para definir a idade da lesão.
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4.1.1.2. Lesões abertas


Marceli

As lesões abertas podem ser classificadas da seguinte maneira:

a. Escoriação, arranhamento, erosão epidérmica, abrasão ou esfolamento;


b. Ferida;
c. Esmagamento.

a. Escoriação, arranhamento, erosão epidérmica, abrasão ou esfolamento

Ocorre quando há o arrancamento traumático da epiderme com exposição da derme. O agente


contundente desliza sobre a pele e, devido ao atrito, arranca as camadas celulares da epiderme em
profundidade variada, expondo a derme. A presença de crosta (cerca de 24 horas após a escoriação) indica
que a lesão foi feita em vida.
Haverá regeneração por meio de um processo de reepitelização, que ocorre em cerca de 20 a 30
dias, a depender de fatores como local da escoriação, vascularização etc.
Consolida com cura.
As escoriações que desgastem até a derme papilar (O professor Wilson Palermo diz que só atinge a

89
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

epiderme) traduzem-se macroscopicamente por exsudação (migração, para o foco inflamatório, de líquidos
e células, quando provenham eles de vasos ou dos tecidos vizinhos) de líquido seroso incolor, que evapora,
deixando pequeno coágulo amarelado que produz uma crosta sérica por evaporação(escoriação típica, só
com a presença de linfa).
As escoriações que passem em plano intermediário entre o ápice e a base das papilas dérmicas
aparecem como um pontilhado hemorrágico em meio a exsudação serosa e formam crosta
serossanguinolenta (há presença de linfa e sangue).
Já as lesões mais profundas, que passem em plena derme por toda a sua extensão, formam um lençol
hemorrágico uniforme, que dá origem a uma crosta hemática (ressecamento do sangue na derme reticular).
O tempo necessário ao deslocamento da crosta depende de fatores locais do tecido, como a sua
vascularização e a velocidade de renovação normal do epitélio. Assim, as escoriações da face evoluem mais
rapidamente que outra de mesma profundidade situada na perna.
O deslocamento da crosta deixa ver uma superfície de cor rósea, muito mais clara que a pele
vizinha, resultado da ausência de pigmento de melanina no epitélio jovem e da presença de maior número
de capilares. Essa zona hipocrômica é chamada de marca de escoriação e tende a desaparecer com o tempo,
sem deixar cicatriz.
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Quando o arrancamento da epiderme é feito em cadáver, o desnudamento da derme não produz


a exsudação que ocorreria em vida, por falta de pressão dos líquidos teciduais. A evaporação da umidade
da superfície da derme exposta gera uma placa amarelada, de consistência firme ao toque, semelhante a
couro, que se chama de placa pergaminhada.
Portanto, apenas a presença de crosta indica que a lesão foi feita em vida, pois é possível ocorrer a
escoriação no cadáver, e, nesse caso, não teremos a presença da crosta.
Segundo o professor Wilson Palermo, essa placa poderá aparecer em vivos que sofreram pressão
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em razão de enforcamento.

Valor médico-legal das escoriações


souza -- CPF:

• Confirmam a existência de reação vital e que houve atuação de um agentecontundente;


• Pelo aspecto de sua crosta, podem dar ideia do tempo em que foram produzidas;
Marceli souza

• Pela sua localização e forma, sugerem certos tipos de agressão.


Marceli

Fonte: Imagem retirada do site do professor Malthus.

Em razão da cor avermelhada, é possível afirmar que se trata de escoriação recente.

90
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

Com o passar do tempo, a crosta vai escurecendo e soltando, entrando na fase de regeneração. Na
imagem acima, temos uma escoriação com crosta em fase quase final de regeneração.

b. Ferida

• Há lesão tanto da epiderme quanto da derme, atingindo, inclusive, os planossubcutâneos, pois a


ação contundente foi capaz de ultrapassar os tecidos moles.
• A lesão ultrapassa a derme.
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• Há cicatrização, havendo a substituição de um tecido funcional por um tecido fibroso.


o Cicatriz é para sempre, não desaparece.
• Na ferida, há consolidação sem cura.
• O professor Hygino de C. Hercules diz que pode haver cicatrização com cura, se as funções
permanecem, independentemente da presença de cicatriz.
• A epiderme é arrancada e as fibras da derme são deslocadas lateralmente e se rompem quando
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a pressão ultrapassa seu limite de resistência.


souza -- CPF:
Marceli souza
Marceli

A ferida acima foi feita por instrumento irregular. O instrumento rasgou; logo, provavelmente, era
um instrumento contundente. As bordas são completamente irregulares (as retrações mostram reação vital),
indicando que a pele não foi cortada, e sim que foi uma ferida contusa. Essa ferida contusa sangra pouco,
porque, com a pancada, os vasos sanguíneos são esmagados. Portanto, o sangramento é menor que uma
ferida incisa.
A ferida pode ser contusa e os mecanismos que causam essa ferida são:

• Compressão – a superfície do agente força, inicialmente, a epiderme de encontro à derme e esta


de encontro ao plano subjacente, geralmente um osso. A epiderme é arrancada e as fibras da
derme são deslocadas lateralmente e se rompem quando a pressão ultrapassa seu limite de
resistência;
• Tração – o agente contundente traciona a pele fortemente, de modo continuado e lento, ou faz
movimento de deslizamento sobre o segmento. O atrito faz com que a pele seja puxada até o

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

limite de sua elasticidade e comece a se romper aos poucos em várias fendas irregulares e
paralelas, até que uma delas atinja toda a espessura e a pele é rompida.
o São exemplos desse mecanismo o escalpe produzido por correias que prendam os cabelos
e os tracionem de modo violento e o estiramento da pele por pneude viatura que passe
sobre um segmento corporal.
• A doutrina cita ainda a possibilidade de ocorrer por torção e flexão.

Valor médico-legal das feridas contusas: servem para atestar a ação contundente e, em alguns casos,
por sua forma sui generis, indicar o agente vulnerante.

c. Esmagamento

São lesões em que todos os planos anatômicos (é o grau máximo da ação contundente) de um
segmento do corpo são comprimidos e triturados pelo agente contundente.
O agente causador dos esmagamentos é sempre um agente dotado de excessiva energia cinética e,
em geral, de grande massa. Prensas, veículos, polias de máquinas em movimento, marretas, martelos: todos
podem causar esmagamento na dependência do segmento lesado. As partes moles são extensamente
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laceradas e os ossos sofrem fratura do tipo cominutiva.


Síndrome do esmagamento ou síndrome de Crush – diante de um esmagamento, há liberação de
uma proteína (mioglobina) pelo músculo, que entra na circulação sanguínea até chegar aos rins; Devido a
ela, há o bloqueio dos canais urinários, podendo causar a morte por insuficiência renal aguda.

4.1.2. Agente Perfurante


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Os agentes perfurantes transferem sua energia cinética por meio de uma ponta, pressionando e
afastando os elementos do tecido, pois a ponta atua por pressão e vai afastando as fibras dos tecidos à
medida que se faz a penetração da haste.
São formados por uma ponta continuada por uma haste cilíndrica. Conforme o diâmetro dessa haste,
souza -- CPF:

pode ser classificada como de calibre pequeno (alfinetes, agulhas e espinhos) ou de calibre médio (furador
Marceli souza

de gelo e sovela).
A ação do instrumento perfurante pode ser ativa (quando o instrumento atingir o corpo em repouso
Marceli

ou quase em repouso) ou passiva (quando o corpo em movimento se chocar com o instrumento localizado
em um anteparo).

• Não existe instrumento perfurante de grande calibre, sendo classificado como pérfuro-
contundente (Ex.: vergalhão).
• Possuem abertura pequena de raro sangramento.
• Quando o agente perfurante não atinge as cavidades, é chama de lesão em sedenho.

a. Instrumentos de calibre pequeno

Produzem feridas que são chamadas de punctórias ou puntiformes. Têm forma aproximadamente
circular e diâmetro muito pequeno, em geral menor que 1 milímetro.
Há grande predomínio da profundidade em comparação com o aspecto externo.

b. Instrumentos de calibre médio

Causam lesões diferentes das feridas punctórias quando penetram nos tecidos. São chamadas de

92
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

lesões fusiformes ou em casa de botoeira. Cite-se, como exemplo, o picador de gelo:


O aspecto das feridas causadas pelos instrumentos perfurantes de calibre médio obedece a três
princípios, que diferencia das lesões incisas:

Leis de Edourd Filhós

Princípio ou lei da semelhança de Filhós:

• As lesões produzidas por instrumentos perfurantes de médio calibre têm aspecto semelhante
(não são iguais) às produzidas por instrumento pérfuro- cortante de dois gumes (lesão em casa
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de botoeira ou fusiformes);
• Devem-se observar feridas em forma de botoeira tendo a mesma direção em uma mesma região
do corpo, sempre acompanhando as linhas de força;
• Em ambos os casos, tem-se lesão em forma de casa de botoeira, com ângulos menores que 90º,
com bordas regulares. Ainda, ocorre que, nas lesões produzidas por instrumentos perfurantes
de médio calibre, os ângulos encontram-se afastados, enquanto, nos instrumentos pérfuro
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cortantes, estão cortados.


souza -- CPF:
Marceli souza
Marceli

Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor André Uchoa.

Princípio ou lei do paralelismo de Filhós:

• As lesões produzidas por instrumento perfurante de médio calibre têm sempre amesma direção
em uma mesma região do corpo (paralelas), em razão das linhas de força das fibras elásticas do
corpo.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.


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Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor André Uchoa


souza -- CPF:

Lei de Karl Ritter Von Langer


Marceli souza

Lei de Langer ou do polimorfismo – as lesões produzidas por instrumentos perfurantes de médio


Marceli

calibre podem ter forma diferente, bizarra, anômala, polimórfica, nos pontos de entrecruzamentos de
linhas de força das fibras elásticas da pele.
As feridas pelos instrumentos perfurantes de calibre médio podem ser classificadas em:

• Superficiais – as lesões não chegam a atingir as grandes cavidades do corpo;


• Penetrantes – a lesão tem entrada, mas não tem saída. Nesse caso, é chamada de ferida cega ou
em fundo de saco;
• Transfixantes – a lesão atravessa qualquer segmento do corpo de uma face à outra, ou seja,
possui entrada e saída. A profundidade varia de acordo com a penetração dahaste. Pode ser igual,
maior ou menor do que o cumprimento da mesma;
• Lesão em acordeon ou em sanfona – será maior se houver compressão dos planos superficiais
pela empunhadura do instrumento, como nos golpes mais violentos desferidos no abdômen
(Lacassagne).

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

Fonte: Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

4.1.3. Agente Cortante

Os instrumentos cortantes transferem energia cinética por deslizamento e leve pressão por meio
de uma borda aguçada a que se dá o nome gume ou fio.
O instrumento de ação cortante causa ferida incisa.O exemplo típico desses instrumentos é a navalha,
podendo outros objetos agirem dessa forma, como, inclusive, uma folha de papel.
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Existe mais deslizamento que pressão. As fibras dos tecidos são seccionadas, e os vasos permanecem
abertos nas vertentes das feridas, e, em razão disso, há abundância de sangramento.
São características das lesões produzidas por instrumentos cortantes típicos:

• As bordas são regulares;


• Há o predomínio da extensão sobre a profundidade (geralmente, são artificiais, mas nada as
impede de atingir planos mais profundos);
• A profundidade é maior na porção correspondente ao terço inicial;
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• A lesão termina com uma escoriação linear que se chama cauda de rato de Lacasagne, que indica
que o sentido do deslocamento do instrumento no momento do golpe pode ser avaliado pela
posição da cauda de saída. Há, ainda, apresença da cauda de escoriação de Romanese. Ambos
souza -- CPF:

representam a direção de saída do instrumento. Na imagem a seguir, note maior profundidade


no terço inicial e a cauda de rato indicando o sentido da ação:
Marceli souza
Marceli

• Quando, em função da ação do agente cortante, a vítima fica com uma cicatrizno rosto, chama-
se de sinal de Gilvaz;
• Podem causar mutilação se atingirem extremidades sem esqueleto, tais como onariz, as orelhas,
a ponta dos dedos, o pênis etc.;
• No cadáver, as feridas incisas ficam menos abertas que em vivos, pois a pele do cadáver sofre
desidratação e se torna menos elástica.

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Fonte: Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.


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Fonte: Imagem retirada da Livro de Medicina Legal do professor Hygino de C. Hércules.


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Algumas feridas incisas recebem nomes especiais de acordo com a sua localização no corpo, como:

• Esgorjamento
• Degolamento
souza -- CPF:

• Lesão de defesa
Marceli souza

Esgorjamento
Marceli

Esgorjar é colocar a garganta para fora.


Feridas localizadas no pescoço são chamadas de esgorjamento quando ocorrem nas regiões laterais
ou anterior do pescoço, podendo ser fruto de ação incisa ou corto- contundente.
No caso de esgorjamento, a causa da morte poder ser:

• Anemia aguda: há redução no volume de sangue circulante, levando à queda da pressão arterial
e a consequente estado de choque;
• Asfixia: é provocada pela aspiração do sangue extravasado através da laringe ou da traqueia
seccionados;

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

• Embolia gasosa: gases entram na região e obstruem determinado vaso sanguíneo.

Quanto à causa jurídica da morte:

• Pode ser homicídio – é orientada pela disposição, pelo número e pela localização das lesões;
• Pode ser suicídio – geralmente estão presentes lesões de hesitação — que se verificam na
presença de múltiplos entalhes nos lábios da ferida ou mesmo de feridas menores e mais
superficiais paralelas à ferida principal — em que o agente busca testar sua sensibilidade à dor.
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o A autópsia suicida, ou psicológica, é o estudo retrospectivo da vida do suicida, analisando


se a pessoa possuía motivos para buscar o suicídio.

Sinal de Bonnet no esgorjamento , em função dos vasos sanguíneos seccionados na região lateral ou
posterior do pescoço, há um borrifamento de sangue, que, feito no espelho, é chamado de sinal de Bonnet
no espelho.
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Degolamento

Ocorre quando as lesões se situam na região da gola do pescoço, ou seja, é situada na parte posterior
do pescoço, sem que haja o arrancamento da cabeça, pois, se houver o arrancamento da cabeça, haverá a
souza -- CPF:

chamada decaptação.
Marceli souza
Marceli

Fonte: Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

Lesões de defesa

Localizadas na mão ou no antebraço, principalmente na borda ulnar (não no rádio, que é o osso
interno do antebraço). Se situadas na palma da mão, traduzem a tentativa de a vítima segurar a arma do
agressor.

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Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

Quando há cruzamento de duas feridas incisas, como se determina a ordem das lesões?
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Fonte: Imagem retirada da Livro de Medicina Legal do professor Hygino de C. Hércules.


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Para saber qual incisão foi feita antes, deve-se tentar a aproximação das bordas separadas. Se a
escolha tiver sido correta, poderemos suturar as bordas da segunda ferida ao longo de duas direções
defasadas, mas paralelas.
souza -- CPF:

Primeira incisão
Marceli souza
Marceli

Segunda incisão

É chamado de sinal de Chavigny.


Ferida hiatrogênica – é aquela oriunda de um procedimento cirúrgico, em que asbordas são
alinhadas/paralelas, permitindo melhor cicatrização.

Fonte: Imagem retirada da Livro de Medicina Legal do professor Hygino de C. Hércules.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

4.1.4. Pérfuro-Cortante

Os instrumentos perfuro-cortantes transferem sua energia cinética por pressão (que gera a perfuração),
pela ponta e por deslizamento dos gumes, que seccionam as fibras dos tecidos. Possuem uma ponta e um
ou mais gumes.

Instrumento pérfuro-cortante — perfura e corta.

Ex.: faca de cozinha, canivete (possui apenas um gume); punhal, baioneta, espada (possuem dois
gumes); lima de serralheiro (três gumes).
O professor Hygino de C. Hercules cita como instrumentos perfuro-cortantes a serra e o serrote,
mesmo que ao aumentar a velocidade de ação a lesão seja mais parecida com uma lesão cortante.

Características das lesões

Há predomínio da profundidade sobre a extensão;


A forma varia de acordo com o número de gumes:
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• Um gume – forma lesões de forma de botoeira, com um dos ângulos bem mais agudo que o
outro:
o Se o instrumento estiver inclinado, forma dois ângulos agudos;
o Se o instrumento estiver reto, forma um ângulo agudo.
o Entalhe: a presença do entalhe, que consiste no ato de girar o instrumento no interior do
corpo, segundo o professor Hygino de C. Hercules, indica animus necandi.
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souza -- CPF:

Fonte: Imagem retirada da Livro de Medicina Legal do professor Hygino de C. Hércules.

Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

• Dois gumes – forma de fenda e ângulos bastante agudos e semelhantes.Na porção central, o
afastamento das bordas é máximo, atenuando-se gradualmente em direção aos ângulos;

99
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

• Três gumes – forma estrelada com tantas pontas quantas forem as arestas do instrumento. Suas
bordas são curvas e convexas em direção ao centro da ferida.

Classificação das lesões pérfuro-cortantes

• Superficiais – são atipícas, pois há o predomínio da ação cortante.


• Penetrantes – sua profundidade não imita necessariamente o comprimento da lâmina do
instrumento, pois tanto pode ter havido penetração apenas parcial (em fundo-de-saco ou cega)
como ter sido um golpe muito violento, de modo que a mão do agressor empurrou as partes
moles superficiais, produzindo trajeto maior doque o comprimento da lâmina (lesão em acordeon
ou em sanfona).
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Fonte: Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.


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• Transfixantes – são as que possuem entrada e saída.

4.1.5. Pérfuro-contundente
souza -- CPF:

As lesões por instrumentos pérfuro-contundentes são produzidas por instrumentos de haste,


Marceli souza

consistente e afiado, que atuam por pressão, e causam lesões em forma de túnel.
Marceli

• Encravamento – se houver penetração em qualquer parte do corpo (salvo na região do períneo)


por instrumento que possui forma longa e de haste, chama-se de encravamento.

Encravamento

• Empalamento – se houver penetração na região do períneo por instrumento que possui forma
longa e de haste, será chamado de empalamento.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

Empalamento
Precipitação e defenestração – é comum ocorrer encravamento/empalamento em quedas de
lugares com certa altura.
As quedas de lugares altos (ações contundentes passivas) são chamadas deprecipitação; no entanto,
se a queda se der através uma janela, será chama de defenestração.
LESÃO EM SACO DE NOZ – esse tipo de lesão ocorre na queda de grande altura, em que o corpo cai
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de cabeça e o couro cabeludo se mantém integro ou quase integro com múltiplas fraturas calvárias e
laceração da massa encefálica.
Quedas acidentais, homicídio e suicídio:
• Nas quedas acidentais, o corpo tende a ficar próximo do ponto de lançamento;
• Nos homicídios, a distância tende a ser maior, pois há alguém empurrando;
• Nos suicídios, o corpo tende a ficar ainda mais longe do ponto do lançamentoem razão do
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impulso.

4.1.6. Corto-contundente
souza -- CPF:

São instrumentos que, dotados de grande massa, transferem a sua energia por meio de um gume,
causando lesões corto-contusas. Exs.: machados, enxadas, foices, facões, alfanjes e, inclusive, rodas de trem
Marceli souza

e guilhotina, arcada dentária.


Marceli

Esses instrumentos agem principalmente por pressão (parte que contunde) e, ainda, por
deslizamento (em virtude de possuírem gume).
O professor Hygino de C. Hercules cita como instrumento corto-contundente a goiva (instrumento
de marcenaria).
São lesões muito profundas e graves, geralmente causando mutilações (fruto de ações
traumáticas).

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 6

Na imagem anterior, note que houve uma mutilação: a retratitibilidade da pele é uma característica
que indica que a lesão foi feita em vida. Na imagem a seguir, temos uma lesão produzida por instrumento
corto-contundente.

Corta e contunde – quando o instrumento corto-contundente incide sobre a cabeça ou o pescoço,


pode produzir tanto fratura exposta de crânio quanto decapitação, que é o destacamento da cabeça do
corpo, podendo ser homicida ou acidental.
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• Esquartejamento – ocorre quando corpo é dividido em quatro partes.


• Espostejamento – nesse caso, o corpo é dividido em mais de quatro partes.
• Lesão em sacabucado ou lacero-contusa – causada pela mordedura de animais, que causa
dilaceramento da pele, pois o animal morde, sacode e puxa, não havendo regularidade nas lesões.

Há dúvidas sobre a classificação da CHAVE DE FENDA, Sobre isso, o professor Hygino de C. Hercules
diz que não há um enquadramento de classificação e que o melhor a ser feito pelo perito é que se classifique
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a ação e não o instrumento. A chave de fenda não é perfurante em razão da ausência de ponta e também
não seria pérfuro-contundente.

4.2. Energia de ordem química


souza -- CPF:
Marceli souza

São energias relacionadas a substâncias ácidas e bases.


Marceli

4.3. Energia de ordem biológica

São energias relacionadas a vírus, bactérias, protozoários etc.

4.4. Energia de ordem mista

A energia de ordem mista pode ser:


• Físico-química:
• A asfixia representa energia de origem mista físico-química.
• Bioquímica;
• Biofísica.

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Marceli
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souza -- CPF:
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FREDERICO ALVES MELO

PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO

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LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8

Trata-se de uma forma de agente pérfuro-contundente, mas que, diferentemente dos já apontados,
não possui haste.
O PAF (projétil de arma de fogo) consiste em um pedaço de chumbo que pode ter forma
arredondada, afilada e bem fina. Esse chumbo pode ser duro ou mole o que pode interferir no fato de alguns
PAFs transfixarem e outros só penetrarem.
Veja alguns exemplos de PAF:
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As armas de fogo são equipamentos capazes de disparar um PAF, por meio da força expansiva dos
gases liberados pela queima de pólvora.
Segundo o professor Hygino de C. Hercules, as armas de fogo podem ser classificadas quanto a alguns
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critérios, conforme veremos a seguir.

1. QUANTO AO PORTE
souza -- CPF:

Quanto ao porte, as armas podem ser classificadas em:


Marceli souza

• Fixas: possuem mobilidade restrita, ou seja, os deslocamentos verticais e horizontais são


limitados. Ex.: as peças de artilharia pesada montadas nos navios, nas construções etc.;
Marceli

• Móveis: podem ser deslocadas de acordo com a conveniência. São montadas emcarros de
combate, ou dispositivos com rodas;
• Semiportáteis: as que podem ser montadas e desmontadas do suporte com facilidade, para
uso, mas que não podem ser carregadas por um só homem;
• Portáteis: são as que atraem a atenção da medicina legal, podendo ser longas (fuzil, espingarda)
ou curtas (pistolas, revólveres).

2. QUANTO À FINALIDADE

Em relação à finalidade, podemos ter as armas:

• Próprias: armas que são feitas para ataque ou defesa, como a arma de fogo;
• Impróprias: instrumentos que não são feitos para ataque ou defesa, mas podem ser utilizados
para tal finalidade.

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FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8

3. QUANTO À ALMA DO CANO

A face interna do cano das armas de fogo pode ser:

• Lisa – o cano da arma de fogo não possui raiamento interno;


• Raiada – o cano da arma de fogo possui raiamento interno.
▪ As raias (que produzem cavados nos projéteis) são depressões, de forma helicoidal, cavadas
ao longo do cano, separadas por cristas paralelos em que o metal não está rebaixado.
▪ Cheios ou cristas são responsáveis por produzir o raiamento nos projéteis.
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No que se refere à finalidade das raias, a raiação do cano serve para imprimir rotação ao projétil,
tornando seu deslocamento através das camadas do ar mais regular e estável.
Sobre as raias e a rotação do PAF, o raiamento irá dar movimento de rotação (causa as estrias), e
serão chamadas de raias:
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• Dextrógiras: quando o projétil rodar da esquerda para a direita em torno do seu eixo
longitudinal (sentido horário);
• Sinistrógiras: quando o projétil rodar em sentido contrário, da direita para esquerda (sentido
anti-horário).
souza -- CPF:

Ainda sobre o assunto, temos os estriamentos primário, secundário e terciário:


Marceli souza

• Primário – representa as ranhuras maiores (raias originárias);


Marceli

• Secundário ou lateral – representa as ranhuras microscópicas (defeitos das raias);


• Terciário – resulta do desgaste das raias provocado pelo uso intenso ou inadequado.

O número de raias varia de um fabricante para outro, mas é de, no mínimo, cinco. Pode ser tanto
par quanto ímpar. Algumas armas possuem raias mais estreitas e em maior número (microrraiação).
A distância necessária para um giro de 360° do projétil é chamada de passo.
A velocidade angular do movimento de rotação do projétil depende do passo e da carga
propelente.

4. QUANTO À VELOCIDADE

O parâmetro para verificar a velocidade do PAF é a velocidade do som:

Baixa velocidade:
Velocidade inferior a velocidade do som:

• No ar, abaixo de 340 m/s (velocidade do som no ar);

105
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• Na água, abaixo de 1.500 m/s (velocidade do som nos líquidos);


• Em sólidos, abaixo de 5.000 m/s (a velocidade do som nos sólidos)

Média velocidade:
Intervalo entre a baixa e a alta velocidade; (Entre uma vez e duas vezes a velocidade do som)

Alta velocidade:
Acima de duas vezes a velocidade do som, ou seja:

• Acima de 680 m/s no ar;


• 3.000 m/s nos líquidos;
• 10.000 m/s nos sólidos.

5. QUANTO AO FUNCIONAMENTO

• Tiro único – as armas têm que ser alimentadas (municiadas) e carregadas para cada disparo,
pois só comportam um cartucho para cada cano; existem aquelas com dois ou três canos.
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• De repetição – depois de alimentadas, podem carregar vários cartuchos, sucessivamente, para


a câmara de combustão, sem necessidade de serem novamente municiadas.
o O mecanismo de repetição pode ser simples, como na maioria dos revólveres, ou
executado por parte da energia proveniente do disparo.

ATENÇÃO!
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Nesse caso, se puderem disparar todos os projéteis sem necessidade de aliviar o dedo dogatilho,
serão chamadas de armas automáticas.
Se precisarem de um movimento completo do gatilho para cada disparo, serão consideradas
semiautomáticas.
souza -- CPF:

Nas armas semiautomáticas, o mecanismo de disparo é independente de carregamento. De um


modo geral, as metralhadoras são automáticas, e as pistolas, semiautomáticas. Mas há pistolas automáticas
Marceli souza

e metralhadoras que podem comportar-se como semiautomáticas.


Marceli

6. QUANTO AO CALIBRE

• Calibre real – é verificado pelo diâmetro da boca das armas de fogo raiadas, quandomedido entre
dois cheios opostos, no caso de raiamento par. Se o raiamento for de número ímpar, deve ser
utilizado um equipamento especial.
o Segundo a doutrina médico-legal, a estabilidade do projétil é alcançada quando este atinge
a distância de seis mil vezes o seu calibre.
• Calibre nominal – quando ele é referido de acordo com o número dado pelo fabricante. Mais de
um calibre nominal pode corresponder a um mesmo calibre real,seja da arma, seja do projétil.
o O calibre nominal é um referencial necessário, pois cartuchos de calibre nominal diferente
destinam-se a armas diferentes em função de suas diferentes qualidades balísticas, embora
os projéteis possam ter o mesmo diâmetro.

106
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8

ATENÇÃO!
A designação de calibre nominal das espingardas segue referencial diferente, medido pelocartucho,
e não pela boca da arma.
O número de calibre da espingarda é igual ao número de esferas de chumbo com o mesmo
diâmetro da câmara da arma que são necessárias para formar a massa de uma libra peso (1 libra= 453g).
Os calibres encontrados no comércio são, do maior para o menor: 36; 32; 28; 24; 20; 16; e 12. A
espingarda calibre 12, quando tem o cano amputado em cerca de 1/3 do seu comprimento para transporte
clandestino, é vulgarmente chamada de escopeta. Nesse caso, quão for maior o calibre, menor é o diâmetro
dos balins.
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7. QUANTO À LEGISLAÇÃO
Marceli souza
Marceli

A Lei n.º 10.826/03 estabelece:

• Sinarm como órgão controlador do registro e cadastro de armas e de emissão de portes, de modo
a ter o controle do número de armas em poder da sociedade civil e de seu fluxo (esse controle
não abrange as armas das Forças Armadas e Auxiliares, pois continua competente o Comando
do Exército para a fiscalização dos chamados produtos controlados);
• que a competência para a fiscalização de todas as operações que envolvam a produção, a
comercialização e o emprego de armas de fogo é o do Comando do Exército.

8. MUNIÇÃO

As armas usam cartuchos, e estes compreendem:

• Projétil;
• Estojo;
• Carga propelente;
• Espoleta.

107
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No caso específico de espingardas, tem-se, ainda, a bucha.

8.1. Cartucho ou munição


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A munição é o artefato fruto da conjunção de projétil, estojo, carga propelente e espoleta.


Projétil é a parcela de metal que fica localizada na ponta do estojo e que é expelida.
Todas as armas raiadas usam cartuchos com projétil único, enquanto as espingardas usam
preferencialmente cartuchos com projéteis múltiplos, embora possam usar cartucho de projétil único.
Conforme o tipo de arma raiada, os projéteis têm características diferentes, na dependência da
finalidade para a qual foram construídas.
As armas de guerra, que são desenhadas para longo alcance, usam projéteis de ponta afilada,
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aerodinâmicos, formados por um núcleo de chumbo revestido por uma capa de liga metálica dura
(blindagem). Esses projéteis são feitos para transfixar. Esse tipo de projétil, ao transfixar, vai embora com
uma grande quantidade de energia que ele não transferiu para o corpo.
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Nas armas de uso civil, nota-se que os revólveres costumam usar projéteis de chumbo nu. A ponta
desses projéteis pode ser do tipo ogival, truncada (cilindro-tronco-cônico) ou plana (canto vivo).
Marceli souza

Quanto mais plana a extremidade do projétil, menos ele penetra e mais transfere energia cinética
Marceli

para o alvo. Chama-se de poder de parada (stopping power) a capacidade que tem um projétil de
incapacitar um oponente ao atingi-lo. Assim, os projéteis que transferem sua energia cinética rapidamente
têm maior poder de parada do que os que penetram mais rápido e chegam a transfixar o alvo.
Existem modificações introduzidas pelos fabricantes de cartucho que podem ser utilizadas para
aumentar a capacidade do projétil de transferir a sua energia ao tocar o alvo. Isso é conseguido construindo
projéteis que se deformem e que se expandam ao entrarem em contato com os tecidos do corpo humano,
ampliando o diâmetro da área de contato. Outro modo é fazê-lo se fragmentar.

8.1.1. Projétil hollow point

108
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8

Também são destinados a penetrar, sendo revestidos por uma capa de cobre e, além disso, têm um
orifício na ponta (chumbo mole, ponta oca, sem revestimento metálico).

Quando esse projétil atinge o alvo, ele se abre como se fosse um cogumelo, perdendo a capacidade
de transfixar, ancorando-se dentro do alvo. A sua vantagem é que toda a energia que ele traz é transferida
para o corpo, com probabilidade de causar lesões maiores.

8.1.2. Projéteis deformáveis (“bala dundum”)


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Para aumentar a deformidade dos projéteis, os fabricantes os fazem com a ponta formada por liga
de chumbo mais mole, truncada (soft nose) ou não (soft point), ou com a ponta escavada (hollow point).
Os projéteis deformáveis costumam ser parcialmente blindados, tendo a parte apical nua. Sua
blindagem, com frequência, é serrilhada longitudinalmente na metade próxima da ponta para que se abra
como aletas no momento do impacto, de modo a ampliar muito a transferência de energia e a destruição
dos tecidos. Alguns são totalmente blindados, mas revelam fendas na ponta ou nas laterais da blindagem
com o mesmo intuito.
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8.1.3. Balins ou bagos

Os projéteis de espingardas são chamados de balins ou bagos. Seu formato é esférico e o seu
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diâmetro não tem muita relação com o calibre da arma. Uma espingarda de calibri 12 pode usar cartuchos
Marceli souza

com qualquer tipo de bagos, dependendo do fabricante.


Existem, contudo, projéteis de espingarda únicos, que apresentam forma cilindro-ogival, sulcos
Marceli

cavados de modo helicoidal na face externa e corpo escavado pela base. São chamados de balote ou bala
ideal. Disparados em ser humano, penetram menos que os projéteis comuns de revólver, mas levam energia
muito maior, com grande poder de parada (stopping power).

8.1.4. Estojo

É a parte do cartucho que recebe e acomoda as demais partes componentes.


Na munição de armas raiadas, é formado por latão. Apresenta um orifício pequeno na base, no qual
se aloja a espoleta. A base, a borda ou o culote difere conforme se trate de munição para revólver ou para
pistola.
Nos cartuchos para revólver, existe uma orla saliente na qual se encaixa o extrator para removê-los
das câmaras de combustão do tambor.
No caso das pistolas, não há orla e sim um sulco, também chamado de trilho, no qual o extrator atua
(deixando marcas, também importantes para identificação da arma que efetuouo disparo). Algumas pistolas
adotam munição com trilhos e discreta orla.

8.1.5. Carga Propelente

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FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8

A energia que vai empurrar o PAF para frente é proveniente dos gases da queima de um propelente
(qualquer substância que quando for queimada produz gás). A tendência do gás é se expandir em todas as
direções e sentidos. Se esse gás queimar dentro de um recipiente, o gás não tem para onde se expandir,
só pode se expandir numa direção, que está arrolhadapor um projétil. Esse projétil impulsionado por esse
gás vai ser arremessado à distância em direção ao alvo.
É preciso esclarecer o significado dos termos combustão, deflagração e denotação:

• Combustão – é uma reação química exotérmica em que há queima da substância demodo lento,
ao ar livre, na qual o calor despendido pode dissipar-se e os gases produzidos não exercem
pressão sobre o combustível;
• Deflagração – consiste em uma combustão rápida, de modo que haja aquecimento progressivo
do combustível e aumento da pressão ambiente pelo desprendimento dos gases. É o que ocorre
com as pólvoras balísticas;
• Denotação – resulta de um processo extremamente rápido que se propaga quase que
instantaneamente a toda a massa de combustível como uma onda de choque explosiva. É o caso
das espoletas e da dinamite.
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Atualmente, os cartuchos usam ou uma mistura de nitroglicerina e nitrocelulose (pólvora de base


dupla) ou celulose coloidal (pólvora de base simples).

8.1.6. Espoleta

A espoleta, ou cápsula de espoletamento, localiza-se abaixo do estojo. Quando o pino percurtor


bater na espoleta, vai fazer uma faísca. Essa faísca vai incendiar a pólvora, que produzirá gás e vai expelir o
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projétil.
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Marceli souza
Marceli

Qualquer que seja o tipo de pólvora de um cartucho, sua queima tem que ser iniciada a partir de um
dispositivo com material que se inflame e transmita sua chama à pólvora.
Primer, ou mistura iniciadora, é a substância que inicia a combustão, para posterior deflagração do
projétil.

8.1.7. Bucha pneumática

É uma espécie de tampão de cartão, cortiça ou serragem prensada, que separa a carga de pólvora
dos balins, nos cartuchos para espingardas. Nos mais modernos, a bucha é de plástico, em forma de copo, e
tem também a função de manter os balins juntos durante pequena porção inicial do trajeto.
A resistência do ar, contudo, faz com que ela se abra e fique a meio caminho do alvo nos tiros de
meia distância. Nos tiros de curta distância, a bucha também atinge o alvo, podendo ser encontrada no
interior da ferida. Quanto mais denso o material de que seja feita, maior a distância que ela alcança. Sendo

110
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8

encontrada, serve para verificar o calibre da espingarda.

Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

9. ROSA DE TIRO DE CEVIDALLI

É o conjunto de feridas produzidas pela entrada de projéteis múltiplos disparados pela espingarda.
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Em regra, quando maior a distância entre as entradas das feridas, maior foi a distância do disparo. O
professor Hygino de C. Hercules diz que o diâmetro, em centímetros, da rosa de tiro é 2 a 3 vezes menor que
a distância do desparo em metros. Ex.: a distância de 2 cm das feridas significa que o disparo foi realizado de
4 a 6 metros de distância.

10. BALÍSTICA
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É a parte da mecânica que estuda o movimento dos projéteis e as forças envolvidas na sua
impulsão, trajetória e feitos finais.

• Balística interna – abrange o conhecimento dos propelentes e do mecanismo das armas.


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• Balística externa – estuda as trajetórias dos projéteis.


• Balística terminal – estuda os efeitos produzidos no alvo.
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10.1. Movimentos do PAF

O impulso dado a um PAF depende da potência da carga, que determina a velocidade com que sai
da boca da arma. Por sua vez, a velocidade é o elemento mais importante na fórmula da energia cinética.
Iniciada a deflagração, os gases forçam o estojo em todos os sentidos. Por trás, ele é projetado
sobre a culatra; lateralmente, não explode por causa da resistência da câmara de combustão, restando
para seu escape à base do projétil. Pequena parcela de gases passa na junção entre o tambor e o orifício
posterior do cano no caso dos revólveres.
O projétil é forçado a girar em torno do seu eixo longitudinal pelos cheios da raiação, ao ser
empurrado ao longo do cano da arma, já que seu diâmetro externo é ligeiramente superior ao calibre real
da arma. Assim, os cheios fazem um sulco oblíquo no corpo do projétil.
São os movimentos que ocorrem com o projétil:

• Rotação;
• Translação;
• Báscula;
• Nutação;

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• Precessão.

10.1.1. Rotação

Um dos movimentos do projétil é o de rotação sobre seu próprio eixo, que é fundamental para sua
estabilidade ao longo do trajeto em direção ao alvo.
Não fosse a rotação, a resistência do ar faria desviar esse eixo com relação à trajetória, de modo que,
a meio caminho entre a boca da arma e o alvo, o projétil ficaria de lado ou mesmo com a base aponta para
frente, o que reduziria o seu alcance.

10.1.2. Translação

O movimento de translação, que é o movimento da boca da arma até o alvo, ou seja, é a trajetória,
é aquele em que o projétil sofre a influência da força da gravidade. Por isso, quandoo atirador faz pontaria
com a arma, a direção do cano aponta para um ponto um pouco acima do local onde se situa o alvo. Essa
compensação é calculada pelo fabricante quando constrói o aparelho de pontaria da arma. Existem
revólveres em que a alça de mira é ajustável conformea distância do disparo.
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10.1.3. Báscula

Em razão de ter forma cilíndrico-ogival e de ter o peso da base diferente em relação à ponta, o
projétil evidencia o movimento de báscula, que é a oscilação (entre ponta e base) que se integra aos outros
dois já citados.
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10.1.4. Nutação

Há os movimentos de nutação, que são os pequenos círculos que a ponta do projétil realiza.
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10.1.5. Precessão
Marceli souza

Consiste na formação de círculos maiores, constituídos pela sucessão ininterrupta de círculos


Marceli

menores, os pequenos círculos que originam o movimento de nutação.


Conclui-se que, quanto maior o movimento de rotação, menores serão os movimentos de nutação
e precessão e maior será a estabilidade.
Fonte: Imagem do livro do professor Hygino de C. Hercules.

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FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8

10.2. Análise da distância alcançada pelo projétil

A análise da distância alcançada pelo projétil depende de alguns fatores, tais como:

• Massa do projétil;
• Comprimento do cano da arma;
• Quantidade e tipo de propelente.

Tem que juntar essas características para saber o que se busca com aquele disparo. Por isso, há arma
de canos curtos e armas de cano longo; propelente do tipo A e do tipo B; propelente que faz muito gás e que
faz pouco; etc.
Se o material do cone de dispersão atingir o alvo, indica que o disparo foi à curta distância/queima-
roupa. Logo, como regra (há exceção), se não houver fragmentos do cone de dispersão no alvo, esse tiro
foi à distância (o professor Hygino de C. Hercules chama de “longa distância”).
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Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.


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Nota: veja que o cone de dispersão é formado pelos gases superaquecidos, micropartículas etc.
Marceli

Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

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SINAL DE TELÃO DE RAFFO – ocorre quando material do cone de dispersão sujar as vestes davítima.

Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

10.3. Residuograma

É o estudo dos resíduos provenientes do tiro. Esses resíduos podem ser provenientes do propelente
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que está dentro do estojo, do material que está dentro da espoleta, do próprio projétil de arma de fogo e do
cano da arma. Tudo isso vai impregnar a vítima ou o atirador.

10.4. Tiros a longas distâncias

Quando não se encontra os resíduos do cone de dispersão no alvo, isso pode indicar que o tiro foi
a longa distância, pois apenas o projétil produziu efeitos no alvo.
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CUIDADO!
O tiro pode ser de curta distância e não deixar resíduos do cone de dispersão, se houver a
presença de um anteparo (ex.: travesseiro).
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10.5. Efeitos primários e secundários do tiro


Marceli souza

• Primários – são resultantes da ação direta do projétil, ou seja, são característicos do ponto de
Marceli

impacto deste com o alvo. Independem da distância do tiro. Ex.: orla de enxugo.
• Secundários – resultam dos tiros encostados ou a curta distância, pois são efeitos que são
oriundos do cone de dispersão. Ex.: vapor superaquecido, língua de fogo, pólvora (in) combusta,
micropartículas de metais do cano da arma etc. Dependem da distância do tiro (ex.: Zona de
tatuagem).

10.6. Orlas causadas pelo PAF

• Orla de enxugo ou alimpadura.


• Orla de escoriação, ou contusão, ou desepitelização.
• Orla de equimose.

a) Orla de enxugo ou alimpadura

Também chamado de sinal de Chavigny ou orla de Canuto e Tovo, é a primeira das orlas e, nela,
ocorre a limpeza dos resíduos e impurezas do PAF no local de contato com o corpo. Indica a certeza de ser
um tiro de entrada, e assim auxilia a indicar a direção do projétil.

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ATENÇÃO!
É possível se ter um orifício de entrada sem a orla de enxugo em razão de:
a) Existir um anteparo (como um travesseiro); ou
b) PAF que transfixem o corpo mais de uma vez, em que a segunda entrada não terá a referida orla
de enxugo.
Em razão disso, a ausência do sinal de Chavigny não garante que seja um orifício de saída.

b) Orla de escoriação, ou contusão, ou desepitelização

Trata-se do arrancamento da epiderme, em função da entrada do PAF, deixando a derme a mostra,


ou seja, uma lesão de escoriação. É indicativo de entrada de projétil. Além disso, independe de o projétil
ser raiado ou liso.

Orla de escoriação na saída


O professor Hygino de C. Hercules aponta que seria possível verificar a orla de escoriação na saída,
desde que exista um anteparo (Ex.: a pessoa esteja encostada na parede).
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Diz ainda que é possível a lesão de entrada sem orla de escoriação, nas regiões palmares/plantares,
em função de a camada córnea nessas regiões ser mais espessa/rígida, podendo a lesão ter uma forma
estrelada e sem orla de escoriação.
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Fonte: Imagem retirada do Livro de Medicina Legal do professor Hygino de C. Hércules.


Marceli

Anel de Fish
O anel de fish é formado pelo somatório da orla de enxugo ou alimpadura eorla de escoriação.
É uma característica de uma lesão de entrada de PAF.
Indica a incidência do disparo.

Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

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FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8

ATENÇÃO!
Nas escoriações excêntricas, onde houver maior escoriação, é indicativo da incidência do PAF.

Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

c) Orla de equimose
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Trata-se da mancha arroxeada formada pelo rompimento dos vasos, devido à ação contundente do
projétil, que leva a extravasamento do sangue e sua posterior infiltração nas bordas da lesão.

10.7. Tiro a curtas distâncias

Ocorre quando o alvo se encontra dentro do alcance do cone de dispersão (elementos


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secundários), podendo estar presente as seguintes zonas:

• Zona de tatuagem;
• Zona de chamuscamento ou orla de queimadura;
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• Zona de esfumaçamento ou tisnado (sujo).


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a) Zona de tatuagem
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• Trata-se da impregnação de microrresíduos do cone de dispersão na pele (derme)nos tiros de


curta distância.
• Mesmo com limpeza, os microrresíduos não saem.
• É ligada ao cone de dispersão.

b) Zona de chamuscamento ou orla de queimadura

• Trata-se da queimadura produzida pelos gases nos tiros de curta distância.


• É ligada ao cone de dispersão.
• Pode levar a queimaduras de 1º e 2º graus.

c) Zona de esfumaçamento ou tisnado (sujo)

• Trata-se da sujeira formada pela fumaça nos tiros de curta distância.


• É ligada ao cone de dispersão.
• Também conhecida como zona de falsa tatuagem.

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FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8

ATENÇÃO!

• Nos disparos oblíquos, as zonas de esfumaçamento e de tatuagem serão maiores no lado oposto
do disparo.
• De acordo com o professor Genival França, o disparo que ocorreu em até 10 centímetros de
distância é considerado tiro à queima-roupa.
• A ausência das zonas de chamuscamento, tisnado ou tatuagem, não indicam certeza de que o
tiro foi à longa distância, vez que é possível que seja feito a curta distância, com a presença de
um anteparo.

Veja a imagem:
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Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Delton Croce.

10.9. Possibilidade de mais projéteis no interior do corpo que orifícios de


entrada

É possível mais projéteis no interior do corpo que orifícios de entrada em duas hipóteses:

• Se houver entrada de projétil por orifício natural;


• Dois projéteis entrando pelo mesmo orifício.

10.10. Tiros encostados

Nos tiros efetuados encostados na pele, todos os componentes do projétil irão interagir com a pele.
Assim, os efeitos que serão causados dependerão da existência ou não de plano ósseo embaixo da pele.
Veja algumas características que estão presentes com os tiros efetuados encostados na pele.

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FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8

• Sinal de boca de mina de Hoffman – normalmente, se o tiro for disparado encostado na pele,
com plano ósseo abaixo, os gases não terão para onde seexpandir, de maneira que a pele ficará
evertida em razão da ruptura (estrelada) e com os resíduos nela impregnados.
o Possui a zona de tatuagem (tema não pacífico).
o O sinal de boca de mina de Hoffman é na pele.
o Não confunda com o sinal de Benassi, que é o sinal que fica no plano ósseo.
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Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.


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• SINAL DE PUPPE WERKGAERTNER – normalmente, se o tiro for disparado encostado na pele,


sem plano ósseo abaixo, a alça e a massa da arma ficarão marcadas na pele, em razão da ação
contundente e do aquecimento.
o Nesse caso, os gases entram na pele, ficando invertida.

118
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8

Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.


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Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

• SINAL DE BENASSI – trata-se do sinal de esfumaçamento no osso, nos tirosencostados com


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plano ósseo.
o Não confundir com o sinal de boca de mina de Hoffman, pois neste o sinal é na pele.
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o O sinal permanece no esqueleto do cadáver.


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• SINAL DE SCHUSSKANOL – é representado pelo esfumaçamento das paredes do conduto


produzido pelo projétil entres as lâminas interna e externa de um osso chato, a exemplo dos ossos
do crânio.
• SINAL DE BONNET (Tronco de cone de Bonnet) – esse sinal, que é um tronco de um cone, aparece
em ossos achatados (normalmente no do crânio, que possui duas tábuas ósseas), indicando a

119
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8

direção do projétil.
o O PAF causa, na entrada, um buraco menor na base do tronco de Bonnet e sai maior na
segunda tábua óssea.
o Assim, temos:
▪ Tronco de Bonnet com base maior para dentro do crânio indica lesão de entrada;
▪ Tronco de Bonnet com base maior para fora do crânio indica lesão de saída.
o É chamado de CORTADA EM BISEL.
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• SINAL DE TOVO E LATTES – indica a presença de pele no interior do corpo.


• SINAL DE RICHTER – indica a presença de esquírolas ósseas próximas ao orifício depassagem.
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• SINAL DO RASGÃO CRUCIAL DE NERIO ROJAS – indica aspecto cruciforme nas roupas nos tiros à
Marceli

curta distância.
• SINAL DE ESCARAPELA – são dois anéis concêntricos de esfumaçamentointercalados por um
halo claro nos locais onde ocorreu tiro a queima-roupa.

ATENÇÃO
O diâmetro do buraco de entrada na pele é menor que o diâmetro do projétil, vez que a pele éelástica
e volta para o lugar (salvo na boca de mina de Hoffman).

120
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8

Fonte: Imagem retirada do Livro de Medicina Legal do professor Delton Croce.

10.11. Lesões em órgãos – hallo de Bonnet

Dependem da densidade do órgão:


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• Se maior a densidade, o órgão fica lacerado;


• Se menor a densidade, a lesão é menos exuberante.

10.12. Trajeto e trajetória

• TRAJETO – trata-se do percurso interno do projétil no alvo, ou seja, o percurso do projétil dentro
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do corpo da vítima.
• TRAJETÓRIA – trata-se do percurso externo ao alvo do projétil, ou seja, o percurso do projétil
fora docorpo da vítima.
souza -- CPF:

Durante a trajetória, o PAF sofre influência de gravidade e resistência do ar.


Marceli souza

Ferida em sedenho
Marceli

Trata-se de uma ferida superficial, sem atingir planos e cavidades corporais.

Ferida cega ou fundo de saco

Trata-se da ferida causada pelo PAF, que possui entrada e trajeto, mas não possui saída, ou seja, o
projétil fica dentro da cavidade corporal.

Força de arrasto e gravitacional

Durante o trajeto ou trajetória, o projétil sofre a força de arrasto, que é a dificuldade de progressão
no geral, e a força gravitacional, que é a atuação da gravidade. Ambas forçaspodem alterar a estabilidade
do PAF.

10.13. Coenficiente balístico

O coeficiente balístico representa o poder de penetração do projétil. É expresso pela fórmula:

CB=m/I.d² (m = massa, I = fator de forma, d = densidade)

121
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8

O fator de forma é um número que expressa o quão pontiagudo é um projétil. Seu valoré menor
nos projéteis com ponta afilada, tornando-se maior nos de ponta truncada e máximo nos de ponta plana,
tipo canto vivo. Assim, temos que, quanto maior o coeficiente balístico, maior a chance de transfixar; e,
quanto maior o calibre, menor a chance de transfixar, pois possui um maior poder de parada.
Sendo constantes os outros parâmetros, ao dobrarmos o calibre de um projétil, estaremos reduzindo
seu poder de penetração à quarta parte do que possuía antes (2²=4). Por outro lado, quanto maior a massa
do projétil, maior a sua inércia e maior a sua capacidade de atravessar o alvo.

10.14. Tiro penetrante e transfixante

a) Tiro penetrante

• É aquele que o PAF entra, mas não sai, uma vez que buscam que toda sua energia cinética seja
transferida para o alvo;
• SÃO normalmente os PAFs que possuem pontas rombas (deformáveis), sendo conhecido como
“bala dum dum”, hollow point etc.
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b) Tiro transfixante

• É aquele feito para entrar e sair, ou seja, nesse caso, não haverá total energia transferida, vez que
o PAF segue sua trajetória com energia cinética. Sua ponta deve ser fina.

10.15. Estabilidade do paf: centro de massa e pressão


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Um projétil tem estabilidade na trajetória quando o seu centro de massa e o seu centro de pressão
estão alinhados horizontanalmente com a trajetória.

• Centro de pressão – é o ponto ideal de aplicação das forças de arrasto (ponto imaginário onde
souza -- CPF:

as partículas de ar colidem contra o projétil), ou seja, força que oferece resistência ao


deslocamento do projétil sendo diretamente proporcional à densidade do meio atravessado.
Marceli souza

• Centro de massa – é o ponto médio (geométrico) de equilíbrio de um corpo.


Marceli

• Maior estabilidade do projétil – quanto maior a distância entre o centro de massa e o centro de
pressão, mais estável é o projétil.

Nos PAF, o centro de pressão é em direção à base do PAF, e o centro de massa fica na ponta do
projétil, como na flecha abaixo:

Fonte: Imagem retirada do Livro de Medicina Legal do professor Hygino de C. Hércules.

De acordo com o professor Hygino de C. Hercules, nos tiros de fuzis, o centro de massa é anterior
(base do PAF) ao centro de pressão (próxima a ponta) e, por esse motivo, possui maior facilidade de perda
de estabilidade frente ao atrito.

122
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8

Fonte: Imagem retirada do Livro de Medicina Legal do professor Hygino de C. Hércules.

11. RESIDUOGRAFIA

Aqui, analisa-se, na pele da mão de quem efetuou o disparo, a presença de:

• Resíduos provenientes do primer;


• Resíduos provenientes da queima da pólvora;
• Resíduos provenientes do atrito do PAF com o cano;
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• Microparticulas dos PAF;


• Microparticulas do cano.

O método mais correto e eficaz de residuografia é a microscopia eletrônica de varredura,pois, além


de dizer o tipo de resíduo que existe, ela estabelece os percentuais de cada um.
São citados ainda como métodos de análise as reações de difenilamina, de Griess e o teste de
parafina ou prova de Iturrioz.
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Acerca de tempo do disparo, temos que o disparo com:

• Pólvora negra – indica que o cheiro persiste por 12 horas e, em mais de 5 dias, causa ferrugem
no cano da arma;
souza -- CPF:

• Pólvora branca – os nitratos são evidenciados pela reação de Griess.


Marceli souza

12. VALOR DE RESÍDUOS NA MÃO


Marceli

A presença dos resíduos na mão pode indicar um autor ou uma vítima que tentou se defender.

Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

123
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8

Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

13. ONDAS DE CHOQUE E ONDAS DE PRESSÃO

13.1. Ondas de choque


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Ao ultrapassar a velocidade do som, a interação de um avião com o ar leva à formação de ondas de


choque que são ouvidas como um estrondo e resultam da incapacidade das moléculas gasosas de
transmitirem as vibrações com a mesma velocidade com que chegam,o que gera um acúmulo de energia,
que depois é liberada de modo abrupto.

13.2. Ondas de pressão


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As ondas de pressão são diferentes, pois resultam do deslocamento dos tecidos percutidos pelo
projétil. O deslizamento de partículas do meio ao longo do projétil tende a ser paralelo à sua direção, mas,
quando elas esbarram em uma curva da sua superfície, afastam-se de modo centrífugo.
souza -- CPF:

Isso leva à formação de uma zona de vazio e de baixa pressão atrás do projétil, embora o
deslocamento dos tecidos se deva a ondas de pressão positivas. Assim, a cavidade permanente,
Marceli souza

representada pelos tecidos lacerados e esmagados pelo contato direto com o projétil, é ampliada
Marceli

temporariamente (cavidade temporária) pelo afastamento de suas paredes.


Segundo o professor Hygino de C. Hercules, a gravidade da lesão é fruto da onda de pressão, pois o
efeito da onda de choque é inócuo devido a sua brevidade/curta duração (tanto que são utilizadas na
destruição de cálculos renais).

Fonte: Imagem retirada do Livro de Medicina Legal do professor Hygino de C. Hércules.

124
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8

13.3. Cavidades formadas

Cavidade permanente: há o esmagamento, em que se rompem as fibras e células, formando assim


um túnel um pouco menor que o diâmetro do calibre do projétil (devido à elasticidade dos tecidos).
Cavidade temporária: no estudo da lesão por PAF, um fator importante é a formação das cavidades
temporárias, que podem ter amplitudes variadas. Veja:

• Há um estiramento, resultado do deslocamento centrífugo que os tecidos sofrem pelo contato


do projétil em razão da onda de pressão;
• Resulta pelo alargamento da cavidade permanente;
• Estão presentes em todos os tipos de tiro;
• São pulsáteis ao longo do trajeto, ou seja, de amplitudes variáveis;
• Levando em consideração as mesmas constantes, o PAF de maior velocidade vaigerar uma maior
cavidade temporária, pois maior será a energia cinética e, por consequência, maior será a onda
de pressão;
• princípio de Paschoal: a pressão se expande em todos os sentidos.
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Dependem ainda:
• Da onda de pressão;
• Da estabilidade do PAF;
• Do tamanho do trajeto.

Essa série de fatores vai contribuir para a lesão de saída.


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A ponta do projétil reflete no tamanho da cavidade temporária, de modo que, quanto menor a ponta
deste, menor será a cavidade. Segundo o professor Hygino de C. Hercules, a cavidade temporária pode chegar
a medir de 13 a 30 vezes o diâmetro do projétil.
Normalmente, a cavidade temporária é menor no início e no fim, mas, caso a amplitude máxima da
souza -- CPF:

cavidade coincida com o limite do corpo, poderá ser muito maior que a de entrada.
O início da lesão formadora da cavidade é chamado de colo.
Marceli souza
Marceli

Fonte: Imagem do livro do professor Hygino de C. Hercules.

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14. LESÕES DE SAÍDA PROVOCADAS POR PAF

Como regra, as lesões de saída possuem forma irregular e bordas evertidas, com maior
sangramento que no orifício de entrada. Não apresentam as orlas e zonas já estudadas.
souza -- CPF:

Lembre-se de que um único projétil, com um orifício de entrada, pode causar mais deuma lesão
de saída, desde que este se desfragmente.
Marceli souza

Sinal de Rommanesi: trata-se da ferida que se observa no orifício de saída de PAF, quando o plano
Marceli

cutâneo se acha contatado externamente com um anteparo duro. Ex.: encostado na parede, carteira no bolso
etc.

15. LESÕES PROVOCADAS POR PAF DE ALTA ENERGIA

É considerado projétil de alta energia aquele que possui a velocidade inicial acima de 600 metros por
segundo.
Comparados aos PAFs de baixa energia, os de alta energia possuem uma maior cavitação (e assim,
maiores cavidades são formadas) e ainda, em condições iguais, maior capacidade de causar lesões de saída
mais exuberantes.
O professor Hygino de C. Hercules diz que as lesões de entrada sem anteparo são circulares
(ovalares) de acordo com o ângulo de penetração, com bordas talhadas a pique.Como regra, as lesões
de entrada sem anteparo são menores que o diâmetro do projétil, no entanto, é possível que seja maior em
razão de alta velocidade do projétil.
Se houver anteparo (osso), a ferida de entrada tende a ser muito mais exuberante, a ponto de causar
dúvida sobre qual seria a lesão de entrada e a de saída.
Normalmente, a cavidade temporária é menor no início e no fim, mas, caso a amplitude máxima da

126
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8

cavidade coincida com o limite do corpo, poderá ser muito maior que a de entrada.

16. LESÕES EM ÓRGÃOS MACIOS PROVOCADAS POR PAF

Em mesmas condições, os órgãos de maior densidade tendem a ter lesões mais exuberantes que
órgãos de menor densidade, pois apresentam uma maior resistência.
O fígado, por exemplo, é mais rígido que o pulmão e, nas mesmas condições, tende a apresentar
lesões mais exuberantes.
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Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.


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Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

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LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS

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LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 8

Esse capítulo trata do conjunto de manifestações violentas causadas pela expansão dos gases de uma
grande explosão, que causa onda de choque e de pressão, levando ao deslocamento bruto de ar em todas
as direções.
Segundo o professor Wilson Palermo, há uma reação exotérmica acompanhada de intenso
deslocamento de ar em todas as direções. Esse deslocamento do ar pode se dar de forma:

• Centrífuga (onda positiva), que é inicial; ou


• Centrípeta (onda negativa), que segue a forma positiva.

1. BLAST

O blast é a onda de choque causada por uma explosão de qualquer artefato explosivo. A intensidade
dessa onda irá variar de acordo com a potência da carga explosiva. Enquanto isso, a velocidade irá variar de
acordo com o ambiente em que ocorre.
O blast pode ser:

• Aéreo – 340 m/s;


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• Aquático – 1.500 m/s;


• Terrestre – 5.000 m/s.

Em relação à proximidade do alvo ao centro da explosão, o blast pode ser primário, secundário ou
terciário:

• Primário – quando o alvo está no centro da explosão. Ele poderá ser carbonizado, espostejado,
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reduzido a pedaços, conforme a força da explosão. Ex.: homem bomba;


• Secundário – quando o alvo está um pouco afastado do centro da explosão, sendo atingido
pelos estilhaços oriundos desse centro;
• Terciário – quando alvo encontra-se mais afastado que no blast secundário.. Nesse caso, a onda
souza -- CPF:

de choque projeta a pessoa contra o chão, ou contra algum anteparo, podendo causar lesões
Marceli souza

contundentes.
Marceli

2. LESÕES CAUSADAS EM FUNÇÃO DE EXPLOSÕES

Explosões podem levar a lesões contusas ou corto-contusas.


Segundo o professor Genival V. de França e o professor Wilson Palermo, não existe lesão dilacerante
(mesmo se oriunda de explosões), pois não há instrumentos com os mesmos nomes, sendo na verdade uma
variação da lesão contusa.
O blast, por sua vez, causa as seguintes lesões:

• BLAST AUDITIVO – é comum que ocorra a rotura do tímpano, causando a surdez passageira.
• BLAST NOS ÓRGÃOS – é possível que ocorram efeitos do blast nos órgãos, como no pulmão,
podendo inclusive não existir lesões externas.

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Marceli
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AGENTES TÉRMICOS

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AGENTES TÉRMICOS • 9
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 9

1. CONCEITOS INICIAIS

Trata-se de energia vulnerante física não mecânica, uma vez que não depende demovimento. O calor
é a fonte de transmissão de energia.
Segundo o professor Hygino de C. Hercules, calor é a variação na quantidade de energia térmica
transferida de um sistema para outro.
O calor pode ser:

• Quente;
• Frio.

Segundo o professor Hygino de C. Hercules, energia térmica é medida em calorias, em que uma
caloria é a quantidade necessária de calor para elevar em 1 grau centígrado a temperatura de 1 grama de
água sob pressão constante.

a) Animais homeotérmicos e pecilotérmicos


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• ANIMAIS HOMEOTÉRMICOS – possuem um sistema de manutenção da temperaturainterna mais


ou menos constante.
o Ex.: mamíferos e aves.
• ANIMAIS PECILOTÉRMICOS – a temperatura interna varia de acordo com oambiente.
o Ex.: peixes, anfíbios e répteis.

Segundo o professor Hygino de C. Hercules, o recém-nascido, por não ter um sistema


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termorregulador maduro, seria classificado como pecilotérmico.

b) Sensores térmicos
souza -- CPF:

Segundo o professor Hygino de C. Hercules, são estruturas nervosas capazes de detectara alteração
da temperatura, sendo encontrados:
Marceli souza

• Na pele, predominando sensores para o frio;


Marceli

• No sistema nervoso, predominando sensores para o calor;


• Na parede de grandes vasos.

c) Formas de conservação e dissipação do calor

São as formas de conservação e dissipação de calor:

• Condução – se dá através do contato íntimo;


• Convecção – ocorre quando há várias camadas, em que camadas mais quentes perdem calor na
superfície (ondas sucessivas). Ex.: xícara de café quente, ventilador etc.;
• Evaporação/transpiração – perda de água com o calor, com a passagem de estado líquido para
gasoso;
• Irradiação – a fonte (emissão) de calor vem de longe, não há contato.

2. LESÕES PELA AÇÃO TÉRMICA

As lesões frutos de ação térmica podem ser oriundas da ação difusa do calor, ou da açãodireta.

131
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 9

Assim, as lesões ocorrerão por:

• Termonoses;
• Queimaduras.

2.1. Termonoses

Trata-se da ação difusa do calor, ou seja, a fonte do calor não toca a vítima (quadro sistêmico),
diferentemente da queimadura, em que deve haver contato, sendo uma ação local.
A ação difusa do calor pode ocorrer das seguintes formas:

• Insolação – ocorre quando a fonte de calor é proveniente do sol;


• Intermação, exaustão térmica ou prostação – ocorre quando a fonte de calor é proveniente de outra
fonte térmica, sem ser o Sol. geralmente ocorre em lugares pouco arejados.

ATENÇÃO!
Segundo o professor Hygino de C. Hercules, uma vez envolvido o hipotálamo (que abriga o centro
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termorregulador do corpo), será insolação (forma mais grave); caso não seja afetado o hipotálamo (sendo
apenas distúrbio cardiovascular), trata-se de intermação (independe da fonte térmica).
Afirma-se que se a intermação for grave, incidirá numa insolação, pois fatalmente o hipotálamo será
atingido. Assim, para o professor, toda morte por ação difusa do calor acabaráem insolação.

ATENÇÃO!
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Segundo o professor Hygino de C. Hercules, a forma mais eficiente de se combater os efeitos gerados
pelo modo difuso é a prevenção, mas, caso já tenha ocorrido, devem ser utilizados métodos de resfriamento
externo e de evaporação formada.
souza -- CPF:

a) Hipotálamo
Marceli souza

Localizado na base do cérebro, o hipotálamo contém os centros termorreguladores centrais


(manutenção da temperatura). Está relacionado com a insolação.
Marceli

Produz e secreta hormônios, sendo ligado à hipófise (que coloca em circulação os hormônios
produzidos pelo hipotálamo).
De acordo com a temperatura, são emitidas as seguintes ordens pelo hipotálamo:

• Diâmetro vascular (frio: contração; calor: dilatação);


• Posição dos pelos (frio: arrepiados; calor: abaixados);
• Estímulo à sudorese;
• Tremores (para produção de calor);
• Tireoide (metabolismo),
• Alteração do ritmo respiratório e cardíaco.

A vasodilatação é a forma de compensar a perda de calor para o ambiente.

b) Síncopes térmicas

Há síndromes clínicas que se relacionam com as variações bruscas e intensas da temperatura


ambiental ou corporal, sem que o organismo consiga adaptar-se a tempo de evitar os sinais e sintomas

132
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 9

dessas variações, ou ainda, fruto de sudorese excessiva.


São sintomas: tonteira, mal-estar, dor de cabeça, visão turva, náusea, enjoo, desmaio etc.
Veja algumas dessas síndromes a seguir:

• Câimbra térmica: quando há sudorese abundante, tem-se a perda de líquido e sais minerais
(sódio, potássio), e essa perda afeta diretamente o perfeito funcionamento dos músculos.
o A mera reposição de água não repõe os sais, de maneira que não evita as câimbras
musculares (espasmos musculares intensos).
• Síncope térmica: trata-se do apagamento brusco (desmaio) da pessoa, em virtude da progressão
da hipertermia, causando sudorese intensa, com a perda de líquido e sais minerais, perda de
consciência, náuseas, vômitos etc.
o Ocorre porque o cérebro dá o comando de desligamento para que cesse determinado tipo
de atividade.
• Exaustão pelo calor: trata-se de intensa prostração, vertigens, vômitos e síncopes que
comprometem principalmente pessoas idosas e crianças, não adaptadas às ondas periódicas de
calor.
• Mialária: trata-se da infiltração do suor retido nos tecidos vizinhos, sendo mais comum em
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crianças.
• Edema: ocorre em indivíduo que fica por muito tempo numa posição, em um clima com o qual
não está acostumado.

2.2. Queimaduras

Nas queimaduras, a fonte térmica toca o corpo, ou seja, há ação local e, diante da intensidade da
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transmissão de calor, poderemos ter diversos graus. Difere-se das termonoses, em que o calor não tem
contato com o corpo, sendo uma ação difusa.
A doutrina classifica a queimadura em graus, levando em consideração a profundidade e não a
extensão, existindo duas formas de classificação:
souza -- CPF:

• Lussena-Hoffman;
Marceli souza

• Krisek.
Marceli

A classificação de Krisek é adotada pelo professor Hygino de C. Hercules, mas a de Lussena-Hoffman


é a mais cobrada nas provas.

a) Classificação de Lussena-Hoffman

• 1º GRAU: eritema: trata-se da vermelhidão ocorrida na pele em razão do aumento de


temperatura, em função da vasodilatação periférica.
o O hipotálamo irá dar comandos com o fim de manutenção de temperatura, tais como o de
aumentar a sudorese e o de abaixar os pelos.
o A pele ainda está íntegra.
o É também chamado de Sinal de Christinson.
o Não se confunde com a rubefação, que é oriunda de uma energia física mecânica.
• 2º GRAU: flictena – com o aumento do calor, surgem as bolhas, pois os líquidos corporais
(linfa), para tentarem diminuir a ação do calor, extravasam.
o Pode ainda caracterizar o 2º grau a ocorrência de arrancamento da epiderme, com
exposição da derme.

133
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 9

o Nessa fase, a derme ainda não é atingida.

Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

ATENÇÃO!
Reação de Chambert Positiva (+)
A reação de Chambert busca a verificação de proteínas no líquido presente no interior da bolha, de
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maneira que a presença dessa proteína (resultado positivo) caracteriza que a lesão foi feita em vida,
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diferenciando-a, assim, das bolhas presentes na putrefação (Reação de Chambert negativa).


Sinal de Janesie Jeliac
É uma bolha com conteúdo aéreo (não possui conteúdo líquido), indicando que a bolha formada foi
feita em cadáver, não se confundindo com as bolhas da putrefação.

• 3º GRAU: escarificação da derme – a queimadura leva à lesão da derme, deixando os pelos


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crestados (queimados e esturricados).


o A cicatriz da escarificação da derme pode evoluir em deformidade permanente, pois há
retração da pele, podendo juntar, por exemplo, dedos, braço no tronco etc.
• 4º GRAU: carbonização – há a carbonização com a destruição da pele e dos planos profundos,
souza -- CPF:

em regra, pois a carbonização pode agir como isolante térmico e elétrico; não raro, os órgãos
Marceli souza

internos permanecem íntegros, enquanto a parte externa está completamente carbonizada.


Marceli

Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

134
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 9

Fonte: Imagem retirada do Livro de Medicina Legal do professor Hygino de C. Hércules.

FACIOSTOMIA
Quando há a carbonização, a pele sofre uma retração em virtude da ação do calor, e essa retração pode
comprimir determinadas partes, vasos e artérias do corpo; assim, o profissional pratica uma secção local para
aliviar a referida tensão.
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2.3. Classificação de Krisek


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Segundo a classificação de Krisek, utilizada pelo professor Hygino de C. Hercules, asqueimaduras


serão classificadas como:
souza -- CPF:

• Superficial – corresponde à queimadura de 1º grau de Lussena: eritema;


• Parcial:
Marceli souza

o Superficial – corresponde à queimadura de 2º grau de Lussena: flictena. Localiza-


Marceli

se acima da camada de Malpighi;


o Profunda – corresponde à queimadura de 2º grau de Lussena: Flictena. Localiza-se acima
da camada de Malpighi;
• Profunda – corresponde à queimadura de 2º grau de Lussena: Flictena. Localiza-seacima da
camada de Malpighi;
• Total – corresponde à escarificação da derme: 3º grau de Lussena.

ATENÇÃO!
A carbonização existente na classificação de lussena não está presente na classificação dekrisek,
pois essa classificação é utilizada para fins de transplantes.

135
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 9

3. SINAIS DECORRENTES DA AÇÃO DO CALOR

3.1. Sinal de Montalti

As mortes ocorridas em razão de fogo normalmente ocorrem por asfixia. Portanto, há inspiração de
fuligem, que fica agarrada na mucosa da árvore respiratória. É indicativo de que o indivíduo estava vivo na
hora do incêndio.
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Fonte: Imagens retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.


souza -- CPF:

Outro indicativo de que o cadáver estava vivo na hora do incêndio é a presença de


carboxihemoglobina (indica intoxicação por monóxido de carbono) em teor acima de 50%.
Marceli souza

• Nos indivíduos completamente carbonizados, é possível buscar o DNA nos órgãos internos,
Marceli

nos tecidos, nos ossos, na polpa dentária etc.


• Também são importantes para identificação: próteses, cirurgias anteriores, gruposanguíneo
etc.
• Os dentes suportam o calor de até mil graus Celsius.

3.2. Sinal de Dervegie, Boxeur, Esgrimista ou Saltimbanco

Com o aumento da temperatura, em função da desidratação, a musculatura do cadáver sofre contração


post-mortem; assim, os membros superiores e inferiores sofrem acentuada flexão e podem causar fraturas
diversas.
Trata-se de uma lesão post-mortem.

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FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 9
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Fonte: Imagens retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

3.3. Cor dos ossos x temperaturas


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• Até 400° celsius – apresenta cor pardacenta e escurecida pela cor do sangue.
• Acima de 400° celsius – apresenta cor esbranquiçada e os ossos ficam quebradiços.
• Pérola óssea – quando o osso é submetido a calor intenso, começa a queimar e formam-se
souza -- CPF:

bolhas de osso, indicando que o osso foi queimando a uma grande temperatura. São bolhas de
Marceli souza

cálcio.
Marceli

4. FOTODERMATOFITOSES

Trata-se de uma reação química exotérmica, causada pela luz solar, que leva a queimaduras
no corpo devido à exposição.

Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

137
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 9

5. REGRA DOS NOVE DE WALLACE

Quando uma pessoa entra no hospital queimada, devem ser analisadas as áreas atingidas (extensão),
de acordo com a regra dos nove, em que se estabelece o percentual de queimadura e, alinhado ao grau
deste, estabelece-se o tratamento a ser aplicado.
Essa regra também é conhecida como regra de Pulaski e Tennison, que foram os inventores da
técnica; no entanto, foi Wallace que a publicizou, por isso, leva seu nome.
Veja o percentual de cada parte do corpo:

• Cabeça: representa 9% do corpo;


• Torax e abdômen: representam 18% do corpo;
• Membros superiores frente: representam 9% do corpo;
• Membros inferiores frente: representam 18% do corpo;
• Membros superiores dorso: representam 9% do corpo;
• Membros inferiores dorso: representam 18% do corpo;
• Dorso: representa 18% do corpo;

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Genitais: representam 1% do corpo.

Nas crianças, a porcentagem é superior que a do adulto; assim, alguns doutrinadores dizem ser regra
dos 11.
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6. CAUSA DE MORTE NOS INCÊNDIOS


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No incêndio, pode haver combustão de muitos compostos que geram resíduos altamente tóxicos
para o corpo, tais como:

• Gás cianídrico (HCN);


• Monóxido de carbono (CO);
• Óxido sulfuroso (HSO2).

Muitas vezes, o que mata não é o fogo, mas a ação desses gases tóxicos, que levam a asfixia.
a. Carboxihemoglobina - derivado do monóxido de carbono, deixa uma tonalidade carminada
(cereja) nas vísceras.
b. Inibição de enzimas mitocrondriais – citocromooxidase - causada pelo cianeto.
c. Lesões de inalação - se o indivíduo sobrevive, mas inala a fumaça tóxica, pode ter complicações
respiratórias, podendo causar infecções graves em razão da formação de ácidos cáusticos na
mucosa respiratória. Esses ácidos levam a uma reação exotérmica que gera queimaduras nas vias
aéreas. Podem causar pneumonia e até mesmo levar à morte.

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FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 9

d. Hemorragia epidural - trata-se da ação do fogo na região do crânio, em que a dura-máter


(meninge do cérebro) tem os vasos rompidos, levando à fervura do cérebro, queexpulsa o sangue
por este caminho.

6.1. Outros fatores que levam à morte

• Desidratação intensa e perda de sais minerais.


• Disseminação de infecções nas areas queimadas.
• Lesões de inalação.
• Hemorragia disgestiva com anemia aguda e choque hipovolêmico.
• Insuficiência renal.
• Pulmão de choque: resultado de intenso edema local e congestão que atinge os pulmões.

6.2. Úlcera de Curling

São microulcerações gastroduodenais causadas pelo estresse pós-queimadura, que levam à


hemorragia digestiva, podendo levar à anemia aguda e ao choque hipovolêmico.
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Só ocorrem diante de calor quente. Se o estresse for em virtude do calor frio, é chamado de úlcera
de Wischnewski.
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7. DIAGNÓSTICO DO AGENTE VULNERANTE FOGO


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• Causa lesões em todos os graus.



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É mais geral que local.


• É comum a carbonização.
• Os pelos normalmente crestam.
• É possível haver áreas íntegras em meio a outras queimadas, o que pode levar ao aspecto de
mapa geográfico.

8. QUEIMADURA POR LÍQUIDO FERVENTE

• É mais geral que local.


• Apresenta gravidade decrescente à medida que o líquido escorre.
• Não carboniza.
• Não cresta os pelos.
• Só vai até o terceiro grau (não carboniza).
• Comum em condutas culposas.

9. QUEIMADURA POR SÓLIDO INCANDESCENTE

139
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 9

• Queima em todos os graus (inclusive carbonização).


• Ação local.
• Cresta os pelos.
• Reproduz a forma do sólido, ou seja, geralmente são lesões com assinaturas (patognomônicas).

Fonte: Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

10. QUEIMADURA POR VAPORES SUPERAQUECIDOS


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• Não carboniza.
• Não cresta os pelos.
• Mais geral que local.
• Mais acidental que criminosa.
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11. LESÕES E MORTES CAUSADAS PELO FRIO

As lesões podem ocorrer de forma difusa ou direta. Quando se fala em calor frio em sua forma difusa,
fala-se em hipotermia, pois há o impedimento de produção de calor.
Segundo o professor Hygino de C. Hercules, fala-se em hipotermia quando a temperatura corporal
se encontra abaixo de 35 °C. O professor ainda diz que, na temperatura compreendida entre 28 e 32 °C, o
coração pode sofrer fibrilação ventricular.
Para o doutrinador, a medição da temperatura deve ser feita, preferencialmente, nesta ordem: 1)
esôfago; e 2) ânus.

11.1. Classificação da hipotermia

• Leve: 35 a 32 °C.
• Moderada: 32 a 28 °C.
• Grave: abaixo de 28 °C.

140
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 9

Pode ser:

• Acidental;
• Provocada, induzida ou terapêutica: ocorrem normalmente em procedimentos médicos;
• Decorrente de doença: como o hipotireoidismo.

No frio, em função das ordens do hipotálamo (centro termorregulador), o indivíduo:

• Fica com pelos arrepiados (eriçamento):


o Permite a formação de camada de ar, que é um isolante térmico;
• Fica com vasos periféricos contraídos (vasoconstricção):
o Evita com que o sangue perca calor devido ao menor fluxo;
o Gera isquemia nas extremidades (necrose em função de não ter o devido fluxosanguíneo;
assim, as células na região morrem);
• Não sua;
• Tem tremores para produção de calor interno:
o Devido à excitação do sistema adrenérgico (sistema que libera mediadores químicos que
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produzem energia. Ex.: adrenalina);


o Com a redução intensa da temperatura corporal, esgota-se a fase excitatória e inicia-se a
fase de decompensação (momento em que, com o abaixamento da temperatura, aumenta-
se a afinidade entre a hemoglobina e o oxigênio – oxihemoglobina), dificultando a
liberação do oxigênio para os tecidose e prejudicando a respiração celular (podendo levar
à acidez celular e, consequentemente, à morte);
• A roupa é um meio de armazenar camada de ar entre a pele e a roupa,aumentando a proteção
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do frio;
• Nas grandes alturas (montanhas), há hipotermia e hipóxia; Nas grandes alturas, a porcentagem
dos gases se mantém a mesma, apesar de as quantidades serem inferiores:
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o Oxigênio 21%;
o Nitrogênio 78%;
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o Outros gases 1%;


Marceli

• Nas grandes profundidades, podem ocorrer hipotermia e barotraumas.

11.2. Úlcera de wischnewski

• Semelhante à úlcera de curling – se o estresse for em virtude do calor frio, é chamada de úlcera
de Wischnewski, ou seja, leva à infiltração hemorrágica na mucosa gástrica.

11.3. Rigidez precoce

A morte em razão do frio pode levar à rigidez cadavérica precoce e intensa.

11.4. Efeito after drop

Ocorre quando o indivíduo se encontra em situação de hipotermia e é submetido a aquecimento. Com


esse aquecimento, há uma vasodilatação periférica (que estão constritos). Assim, com a dilatação, o sangue
frio que se encontra na periferia é levado para o interior do corpo, agravando a situação interna (levando
a uma queda de temperatura ainda maior).

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FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 9

11.5. Geladuras

É a forma de lesão provocada pelo frio na forma direta, que pode ocorrer por gelo secoou objetos
em baixas temperaturas.

12. QUEIMADURAS PELO FRIO

• 1º grau: eritema.
• 2º grau: flictena.
• 3º grau: necrose ou gangrena.
o Não cresta os pelos.

ATENÇÃO!
O professor Hygino de C. Hercules considera que a queimadura causada pelo frio pode ter 4 graus:

• 1º grau – equivalente ao eritema;


• 2º grau – seria a presença de flictenas com aspecto mais maleável (depressível), semconteúdo de
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sangue;
• 3º grau – seria a presença de flictenas mais endurecidas, com conteúdosanguinolento;
• 4º grau – quando se chega à necrose.

O professor ainda faz a seguinte classificação:

• Superficiais: 1º e 2º graus;
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• Profundas: 3º e 4º graus.
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Dedos necrosados: “Pé de trincheira”


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AGENTES ELÉTRICOS

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AGENTES ELÉTRICOS • 10
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1. ENERGIA ELÉTRICA

É uma energia vulnerante não mecânica, em que uma determinada forma de energia (água, ar,
calor etc.) será transformada em elétrica.
O átomo é formado por nêutrons, prótons (carga positiva) e elétrons (carga negativa). Quando há
desequilíbrio nas cargas elétricas, tem-se o íon, que pode ser positivo, quando possui mais prótons que
elétrons (cátion), ou negativo, quando possui mais elétrons que prótons (ânions).
Geradores de energia, por meio do atrito entre superfícies, conseguem separar os elétrons negativos
das partículas positivas (prótons) e, assim, através de um fio condutor, essas cargas negativas fazem com
que haja vibração e escoamento dos elétrons, gerando a corrente elétrica.

• Existem materiais que são condutores (que facilitam a passagem da corrente elétrica, pois os
elétrons escoam com facilidade – Ex.: tecido do corpo) e materiais que são isolantes (dificultam a
passagem da corrente elétrica, ou seja, os elétrons não escoam com facilidade).
• A corrente elétrica só se dá em circuitos fechados, em outras palavras, ela só entra se tiver por
onde sair. Para sair, os elétrons devem escoar para a terra (todos os corpos são atraídos para o
centro da Terra). Assim, se ela não tiver como sair (Ex.: pés isolados), ela não chega a entrar.
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• A corrente sempre tende a passar pelo meio mais fácil; assim, onde há resistência (medida em
OHM), a corrente elétrica vai buscar o local que tenha a menor possível.
• Em condições iguais, a corrente elétrica tende a passar pelo caminho mais curto.
• Toda corrente elétrica, ao passar, gera um campo magnético no local. Assim, os metais
eventualmente atingidos por esse campo magnético ficam imantados (imã), e passam a gerar um
campo magnético. No entanto, se esses metais resultam em fusão com o corpo (metais
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impregnam na pele), ocorre a chamada metalização ou eletroforese.


• A transformação da energia elétrica em calor é chamada de efeito Joule, podendo causar
queimaduras em todos os graus.
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A energia elétrica pode surgir de fonte:


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• Natural:
o Dá-se por meio de raios;
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o As lesões causadas no corpo humano, quando oriundas de energia elétrica natural, são
chamadas de eletrofulguração;
• Industrial:
o As lesões causadas no corpo humano, quando oriundas de energia elétrica industrial,
são chamadas de eletroplessão.

2. FULGURAÇÃO

Fulguração se dá quando a fonte de energia elétrica for natural, cósmica ou meteórica (raios). A
literatura médico-legal diz que, diante de carga de energia elétricanatural, se a vítima:

• Sobreviver, tem-se a fulguração;


• Morrer, tem-se a chamada fulminação.

ATENÇÃO!
Segundo o professor Hygino de C. Hercules, será fulguração, independentemente de levar aóbito
ou não.

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FREDERICO ALVES MELO AGENTES ELÉTRICOS • 10

2.1. Sinal de Lichitemberg (significa montanha de luz)

Quando a energia elétrica de ordem natural penetra no corpo, produz um sinal (sinal de
Lichitemberg), que possui forma de galho, arborifome, rabo de andorinha ou samambaia, verificado na pele
(reproduz o trauma vascular subjacente – vasculite), mas a lesão se dá nos vasos sanguíneos. Esse sinal é
temporário e fugaz.
A gravidade costuma ser maior que o recebimento da corrente elétrica artificial
Por vezes, a morte por corrente elétrica pode ocorrer alguns dias depois do recebimento da descarga,
pois pode ter atingido algum vaso importante, e o indivíduo pode vir a sofrer uma hemorragia nos dias
seguintes.

2.2. Flash over

Trata-se do recebimento pelo corpo de uma corrente elétrica total vinda do raio, em que a
passagem dessa corrente pelo corpo não atinge os planos profundos.
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Fonte: Imagens retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

3. ELETROPLESSÃO

A eletroplessão se dá quando a fonte de energia elétrica for industrial ou artificial.

3.1. Sinal de Jellinek

Trata-se do sinal de entrada da corrente elétrica artificial na pele. Sendo uma lesão de entrada dura,
seca, elevada, indolor e de profundidade variável. Pode ainda, ser patognomônica, pois pode reproduzir a

145
FREDERICO ALVES MELO AGENTES ELÉTRICOS • 10

forma do condutor elétrico.


Diferentemente da energia natural, na industrial a lesão ocorre na pele.
Fazendo um exame histopatológico, as células do local apresentam-se como uma colmeia, sendo
alongadas e dispostas lado a lado (paliçadas, com núcleo e citoplasma alongados). Não há flictenas, sendo
a lesão seca e dura.
Segundo o professor Hygino de C. Hercules, a lesão de saída pode ser mole ou dura a depender do
tipo de corrente:
• Contínua ou galvânica – a saída será alcalina e úmida (mole);
• Em ciclos, alternada ou farádica – em razão de fluxo de elétrons que oscila, serádura, como a de
entrada.

A marca de Jellinek é eventual, ou seja, pode ou não aparecer.


A energia elétrica industrial que causar a morte será chamada de eletrocussão.
Segundo o professor Hygino de C. Hercules, com o passar do tempo, surge uma reação
inflamatória nas áreas subjacentes à marca elétrica.
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Fonte: Imagens do Livro de Medicina Legal do professor Hygino de C. Hércules.

3.2. Lesões eletromecânicas de Jellinek

Ocorre diante de uma descarga elétrica que não levou à morte. O agente que recebeu a descarga
acaba por sofrer uma lesão oriunda de uma ação contundente, como, por exemplo, uma queda que leva a
um traumatismo cranioencefálico e, por seguinte, ao óbito.

3.3. Arco voltaico

Esse fenômeno é tão forte que consegue romper a isolação feita pelo ar, conduzindo elétrons de um

146
FREDERICO ALVES MELO AGENTES ELÉTRICOS • 10

eletrodo ao outro através de um fluxo de corrente de ar.


A corrente elétrica pode estar acumulada em geradores de alta tensão, que podem permitir a
corrente a saltar no ar, atingindo uma fonte condutora próxima, como o corpo humano.

3.4. Voltagem
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Voltagem é a resistência multiplicada pela intensidade (V= R.I).


VOLT, que é força geradora da corrente, é o resultado da resistência (OHM) vezes amperagem,
que é a corrente passando propriamente.
O que leva a óbito é a amperagem.
O estado da pele reflete na resistência; assim, quanto maior a resistência da pele (seca, áspera,
espessa etc.), menor será a amperagem, e, quanto menor a resistência(úmida, lisa, suada etc.), maior será a
amperagem.
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3.5. Associação em paralelo

Nesse caso, há uma bifurcação da corrente elétrica, de modo que só se receberá parte dessa
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corrente.
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Fonte: Imagem do Livro de Medicina Legal do professor Hygino de C. Hércules.

A corrente procura sempre o melhor caminho; assim, a depender da resistência do indivíduo, a


tendência é que ele receba maior parte da corrente.

3.6. Associação em série

Nesse caso, há o recebimento total da corrente elétrica.

147
FREDERICO ALVES MELO AGENTES ELÉTRICOS • 10

Fonte: Imagem do Livro de Medicina Legal do professor Hygino de C. Hércules

Órgãos com maior perigo de lesão (que a passagem da corrente elétrica pode levar a óbito
imediato):

• Encefálo, que é formado por:


o Cérebro;
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o Cerebelo;
o Ponte ;
o Bulbo.
• Tronco cerebral ou encefálico:
o Onde se encontra o nervo vago, que é responsável pela função respiratória.
• Coração.
• Musculatura respiratória.
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Fonte: Imagem do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

Na cadeira elétrica, é feito com que a corrente entre pela cabeça e saia pela perna esquerda. Isso
porque a intenção é que se atinjam os órgãos principais, encéfalo e coração, levando o indivíduo à morte.

4 CAUSAS DA MORTE X CORRENTE ELÉTRICA

A causa da morte vai variar de acordo com o grau da amperagem (não da voltagem), que pode ser
alta, média ou baixa.

• Alta amperagem – é considerada alta amperagem quando a voltagem for acima de 1200 volts.
• Média amperagem – é considerada média amperagem quando a voltagem for entre a baixa
amperagem e até 1200 volts.

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FREDERICO ALVES MELO AGENTES ELÉTRICOS • 10

• Baixa amperagem – considera-se baixa amperagem quando a voltagem for até 220 volts.

As duas primeiras levam à morte pelas mesmas causas, a depender do órgão atingido. Veja:
o Coração – neste caso, se a morte ocorrer, será por parada cardíaca periférica (assistolia);
o Tronco encefálico – pode causar parada cardiorrespiratória central, por atingir o bulbo
(nervo vago):
o Também causa hipertermia;
o Tronco/gradil costal – há a paralização (tetanização) dos músculos por minutos, levando à
parada respiratória periférica, com espasmos que levam à asfixia.

Já a baixa amperagem só leva à morte se passar pelo coração ou pelo tronco encefálico.

• CORAÇÃO – nesse caso, se a morte ocorrer, será pela fibrilação ventricular(alteração do ritmo de
batimentos cardíacos, levando o batimento a 50 a 60 vezes por segundo – quase imperceptível,
alterando o organismo, não conseguindo bombear o sangue). Leva ao estado de choque
cardiogênico, ou seja, a pressão atinge níveis mínimos, pois o coração não consegue bombear,
não havendo pulsação arterial periférica ou central.
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• TRONCO ENCEFÁLICO – pode causar parada cardiorrespiratória central (bulbo –nervo vago).

Desfribilador é o aparelho que faz com que o coração reinicie e possa retomar os batimentos
normais.

4.1. Eletroperfuração ou eletropermeabilização


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A corrente elétrica altera o diâmetro dos poros da membrana das células; assim, permite que
substâncias importantes que não deveriam sair saiam, e que substâncias que não deviam entrar entrem,
causando desiquilíbrio entre sódio (que deve ficar fora da célula) e potássio (que deve ficar dentro da célula),
o que pode acarretar a morte das células.
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4.2. Período refratário da célula


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Quando a célula é excitada com a entrada da corrente elétrica, ela sofre uma despolarização, e,
nesse momento, não responde à excitação. O período da despolarização até o restabelecimento da
normalidade é chamado de período refratário da célula.

4.3. Sinal de Piacentino

É uma equimose puntiforme que pode se dar no encéfalo, pescoço ou tórax, em virtude da
passagem de corrente elétrica. Está associado com a marca de Jellinek e permite o diagnóstico de certeza
de morte por efeito da eletricidade artificial.

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11
FREDERICO ALVES MELO

AGENTES CÁUSTICOS

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AGENTES CÁUSTICOS • 11
FREDERICO ALVES MELO AGENTES CÁUSTICOS • 11

Cáustico é aquilo que queima, sendo um composto químico corrosivo que é capaz de destruir ou
irreversivelmente danificar substâncias ou superfícies com as quais esteja em contato, incluindo os tecidos
vivos.
O agente cáustico pode ser dividido em:

• Ácido ou não alcalino;


• Básico ou alcalino.

Qualquer substância com um valor de:

• PH de 0 a 7 é um ácido;
• PH de 7 a 14 é uma base;
• O valor 7 é o neutro, que corresponde à água.

Os agentes cáusticos, ao entrarem em contato com a pele, queimam, em razão das reações
exotérmicas que ocorrem imediatamente. Quando em baixa concentração, uma substância corrosiva é
geralmente irritante, causando danos reversíveis à pele e aos tecidos.
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1. AGENTES ÁCIDOS

São ávidos por água e causam rápida desidratação local e inativação das enzimas, em razão da
modificação intensa do PH. Causam lesões secas, duras e de contorno preciso.
Os principais ácidos são:
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• Ácido sulfúrico – H2SO4:


• Conhecido como óleo de vitríolo;
• Ao entrar em contato com a pele, há uma reação de exotérmica, liberando calor e
causando coagulação das proteínas, o que pode causar lesões que atinjam inclusive o
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plano muscular;
• É um agente corrosivo;
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• Pode dar origem ao crime de vitriolagem (no caso de dolo), que se encaixaria na
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deformidade permanente, no caso de lesão corporal (Art. 129, §2º, IV do CP – 2 a 8 anos


de reclusão);
• A lesão causa escaras enegradas e secas;
• Ácido nítrico – HNO3:
• Conhecido como água régia;
• Difere-se do ácido sulfúrico, pois aqui as escaras são amareladas.
• Ácido clorídrico – HCL:
• Conhecido como ácido muriático;
• Difere-se dos anteriores, pois aqui as escaras são avermelhadas.

Chuva ácida é derivada da reação de óxidos eliminados por fábricas com o vapor d’água das nuvens

2. AGENTES BÁSICOS OU ALCALINOS

Os agentes básicos causam escaras esbranquiçadas e úmidas (liquefazem). As lesões são úmidas,
moles e de contorno impreciso.
São exemplos de agentes básicos:

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FREDERICO ALVES MELO AGENTES CÁUSTICOS • 11

• Soda cáustica – NAOH (Hidróxido de Sódio)


• Potassa cáustica – KOH (Hidróxido de Potássio)
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12 ASFIXIOLOGIA FORENSE

153
ASFIXIOLOGIA FORENSE • 12
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE • 12

Etimologicamente, asfixia significa falta de pulso. Tecnicamente, a asfixia se dá com a hipoxia, ou


seja, com a baixa quantidade ou ausência de oxigênio, e a hipercapnia ou hipercarbia, que é o aumento da
quantidade de gás carbônico no sangue arterial.
É o chamado quadro da asfixia: hipoxia e hipercapnia.
O oxigênio é necessário para que haja a queima dos alimentos (principal fonte é a glicose) que ocorre
na mitocôndria da célula.
A glicose é uma molécula formada por seis carbonos (C), os quais, com a queima (oxidação),
liberam energia (ATP), que permite as funções biológicas.
O organismo pode queimar/oxidar a molécula de glicose de duas formas:

• Com a presença de oxigênio ou aeróbica – nese caso, libera-se muito ATP (38 moléculas), em
virtude da quebra da molécula de carbono formadora da glicose; 6 moléculas de CO2 e H2O
produzem energia, que é armazenada na mitocôndria (veja que há a presença de H2O, o que
impede o processo de acidose);
• Sem a presença de oxigênio ou anaeróbica – ocorre em situações emergenciais, que não podem
ser prolongadas, pois gera produtos tóxicos. Nessa situação, há oxidação parcial da glicose e
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libera-se pouco ATP (4 moléculas) e hidrogênio (12 moléculas), o que leva ao processo de
acidose.

Detalhando

Nos casos em que a queima de glicose ocorre sem a presença de oxigênio (anaeróbica), essa queima
(C6H12O6) gera pouco ATP e ácido lático, pois restam hidrogênios. Diante da falta de oxigênio, deixa de se
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formar água, deixando o corpo em processo de acidose (PH fica abaixo de 7); no cenário de ambiente ácido,
a célula tende à morte.

ANOTE!
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A captação do oxigênio é essencial para que o PH permaneça neutro (=7), pois, com aformação de
água, impede que o PH fique ácido (<7).
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Marceli

Fonte: Imagem retirada do curso de Medicina Legal do professor André Uchoa.

Note que, ao quebrar a ligação entre os carbonos, é formada a energia; essa energia éarmazenada
na molécula de ATP, dentro da mitocôndria, que fica no citoplasma da célula.

154
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE • 12

Com a quebra, restam 12 moléculas de hidrogênio positivo (+), que são ácidas e logo formam ácido
lático (processo de acidose que leva à morte da célula). Por isso a importânciada manutenção de captação
de oxigênio.

a) PH do sangue

• Neutro: O PH será neutro quando igual a 7 (=7)


• Alcalino: Ele será alcalino quando maior que 7 (> 7).
• Ácido: E será ácido quando menor que 7 (< 7).

b) Hematose

É o processo de troca (processo de difusão) de gases nos alvéolos pulmonares, em que o sangue
venoso, concentrado em CO2, troca esse CO2 por O2 (há uma troca em razão da diferença de concentração),
e o CO2 é expirado.
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Na imagem acima, a hemácia (eritrócito), na cor azul, está com CO2 e, ao deixar o CO2 e receber o O2,
passa a ser vermelha e é levada para o corpo.
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c) Asfixia
Marceli

Todo processo de asfixia vai envolver o aparelho respiratório e circulatório.

1. CONCEITOS BÁSICOS DO APARELHO CIRCULATÓRIO

Veia – é todo vaso sanguíneo em que o sangue flui em direção ao coração.

• Em regra, transportam sangue rico em gás carbônico.


• Exceção: veia pulmonar:

155
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE • 12

o as veias pulmonares são vasos sanguíneos que carregam sangue rico em oxigênio dos
pulmões até o átrio esquerdo do coração. Elas são as únicas veias da circulação do corpo
humano que carregam sangue oxigenado (vermelho).

Artéria – todo vaso sanguíneo que se afasta do coração.

• Em regra, transportam sangue rico em oxigênio.


• Exceção: artéria pulmonar:
o as artérias pulmonares são os vasos sanguíneos que, partindo do ventrículo direito do
coração, alcançam os pulmões, penetrando no hilo pulmonar e se ramificando junto aos
brônquios. São as únicas artérias que transportam sangue pobre em oxigénio e rico em
gás carbono (sangue venoso).

Coração – é formado por:


• Átrios – são duas cavidades do coração, localizadas uma em cada lado acima dos ventrículos, dos
quais são separadas por válvulas cardíacas.
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Os átrios recebem, através das veias, o sangue da grande e da pequena circulação, que não se
misturam, pois cada aurícula é separada da outra. A cada batimento cardíaco, os átrios contraem-se primeiro,
impulsionando o sangue para os ventrículos, o que corresponde à sístole atrial.
O coração humano possui dois átrios:

• Esquerdo;
• Direito.
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Ventrículo – refere-se a uma câmara inferior do coração.


O coração humano possui dois ventrículos:
• Esquerdo – sua função é bombear o sangue para a circulação sistêmica, através da artéria aorta
souza -- CPF:

(sístole ventricular);
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• Direito – sua função é bombear o sangue para a circulação pulmonar, através da artéria pulmonar
(sístole ventricular).
Marceli

• GRANDE CIRCULAÇÃO – é a circulação que se dá entre o coração e o corpo.


• PEQUENA CIRCULAÇÃO – é a circulação que se dá entre o coração e o pulmão.

156
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE • 12

1.1. Asfixia

Como já explicado, asfixia é impedir, de algum modo, que a célula utilize oxigênio. Assim, sem o
oxigênio, a queima da glicose fica muito reduzida, e a produção de ATP tende a zero, levando as células à
morte em função do processo de acidose.
A asfixia deve ser:
Primária:

• Quanto ao tempo;
• A causa primária da morte é a asfixia.

Violenta:
• Quanto ao modo;
• É a causa jurídica da morte (suicídio, acidente ou crime).

Mecânica:
• Quanto ao meio.
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2. CONTROLE DE RESPIRAÇÃO

O controle da respiração é feito por centros respiratórios.

• Dorsal:
o É o responsável pelo mecanismo da inspiração, sendo excitado pela presençaem excesso
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de CO2;
o É localizado no bulbo.
• Pneumático:
souza -- CPF:

o É o mecanismo que interrompe a inspiração.


• Ventral:
Marceli souza

o Só é ativado quando o estímulo sobre o mecanismo dorsal é muito intenso e


Marceli

o Aumenta o vigor de inspiração e expiração.

3. ENERGIA VULNERANTE NAS ASFIXIAS MECÂNICAS

Energia fisíco-química ou mista


A asfixia mecânica abrange dois momentos:

• Física – é a parte mecânica, que depende de um movimento;


• Química – se dá pela falta de oxigênio (hipoxia) e o excesso de gás carbônico(hipercapnia
ou hipercarbia), levando à respiração anaeróbica.

3.1. Manchas de Tardieu

São petéquias que aparecem no pulmão, no coração e no crânio, que, a depender dos vestígios,
permitem pensar que houve asfixia. Permitem apenas pensar, pois podem aparecer em qualquer tipo de
morte, inclusive nas mortes naturais.

157
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE • 12

4. SINAIS GERAIS DE ASFIXIA

São sinais apontados como característicos de asfixia:

• Sangue fluido e escuro:


o Sangue não coagula;
o Fica escuro, pois, com a ausência de oxigênio, diminui-se a oxihemoglobina (que possui cor
vermelha viva) e aumenta-se, assim, a quantidade de hemoglobina reduzida (devido à
respiração anaeróbica), que possui cor escura.
• Congestão polivisceral:
o Ocorre um processo de vasodilatação generalizada e, assim, as vísceras incham (por ficarem
repletas de sangue).
• Manchas de Tardieu:
o Petéquias subconjuntivais disseminadas.

4.1. Tríade asfíxica


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Com a presença dos três sinais acima, tem-se a chamada tríade asfíxica. No entanto, atríade
asfíxica não é um sinal de certeza de asfixia (patognomônico).

4.2. Cianose

Quando existe mais de 5% de hemoglobina reduzida na circulação, diz-se que há cianose(ciano = azul).
O sangue fica com tom azulado.
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O professor Wilson Palermo cita ainda as seguintes caracteríticas:

• Cogumelo de espuma – mais comum em afogamentos;


• Cianose facial – sendo mais frequente em estrangulamento e esganaduras;
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• Protusão da língua – que ocorrem nas asfixias mecânicas;


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• Livores de hipóstase – que seriam precoces e escuras;


• Equimoses na pele e mucosas – que costumam ocorrer em pálpebras, lábios e (maisraro) narizes.
Marceli

5. CLASSIFICAÇÃO DAS ASFIXIAS DE AFRÂNIO PEIXOTO

Segundo Afrânio Peixoto, as asfixias podem ser puras ou complexas.

5.1. Asfixias puras

São manifestadas pela hipoxia e hipercapnia, podendo ocorrer nas seguintes situações:

• Asfixias que ocorrem em ambientes por gases irrespiráveis:


o Confinamento;
o Asfixia por monóxido de carbono;
o Asfixias por outros vícios de ambiente.
• Obstaculação à penetração do ar nas vias respiratórias:
o Sufocação direta – há obstrução da boca e das narinas pelas mãos ou das vias aéreas
mais inferiores;
o Sufocação indireta – como quando há compressão do tórax;

158
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE • 12

o Transformação do meio gasoso em meio líquido – nesse caso, teremos o afogamento;


o Transformação do meio gasoso em meio sólido – nesse caso, teremos o soterramento.

5.2. Asfixias complexas

Ocorre a interrupção da entrada de ar em razão de uma força externa atuante, levando à interrupção
primária da circulação cerebral, hipoxia, hipercapnia e inibição por compressão dos elementos nervosos
do pescoço.

• Enforcamento – constrição passiva do pescoço exercida pelo peso do corpo.


• Estrangulamento – constrição ativa do pescoço exercida pela força muscular.

5.3. Asfixias mistas

Nelas, há a constrição do pescoço pelas mãos que impede a entrada de ar:

• Esganadura – é sempre homicida.


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6. MODALIDADES DE ASFIXIA

Temos as seguintes modalidades de asfixia:

• Impedir o fluxo de ar aos pulmões:


o Sufocação direta;
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o Sufocação indireta.
• Constrição no pescoço:
o Esganadura;
o Enforcamento;
souza -- CPF:

o Estrangulamento.
• Modificar o ambiente respirável:
Marceli souza

o Afogamento;
Marceli

o Soterramento;
o Confinamento.
• Outras formas de asfixia:
o Via cianeto;
o Via curare;
o Via monóxido de carbono;
o Via eletroplessão.

A seguir, analisaremos mais detalhadamente cada modalidade citada.

6.1. Impedir o fluxo de ar aos pulmões

Nessa modalidade, temos:

• Sufocação direta;
• Sufocação indireta.

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6.1.1. Sufocação direta

Trata-se do impedimento da entrada de ar:

• Nos orifícios naturais respiratórios (nariz e boca);


• Nas vias aéreas, como na aspiração de algo que obstrua faringe, laringe, traqueia,brônquios
etc. (a passagem de ar).

Fonte: Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.


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A sufocação direta pode deixar estigmas ungueais. Além disso, o saco amniótico pode romper e
obstruir os orifícios naturais do feto.
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souza -- CPF:
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Fonte: Imagem retirada da Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.


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6.1.2. Sufocação indireta

Os orifícios e as vias aéreas estão livres; no entanto, a vítima é asfixiada por alteração em outro lugar,
como a compressão toráxica e a paralisia da musculatura respiratória, o que pode ser verificado nas seguintes
hipóteses.

• Crucificação – conhecida como a asfixia posicional, é a forma de asfixia mecânica produzida pela
posição em que o indivíduo se encontra no momento.
o A posição leva à incapacidade de ventilação pulmonar, em razão da falência muscular
respiratória (exaustão da musculatura). Conforme mostra a imagem a seguir, com o apoio
para os pés, o peso é dividido em três pontos, fazendo com que o indivíduo demore mais a
morrer.

160
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE • 12

• Eletroplessão de média amperagem – a passagem da corrente elétrica pelo corpo (tronco) leva
ao espasmo muscular generalizado e impede os movimentos respiratórios (relaxamento e
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contração), podendo causar a morte.


• Compressão do tórax – quando se tem um peso contra o tórax, o sangue bombeado para a cabeça
não consegue retornar para o coração; assim, acumula-se e acaba por extravasar na região da
face, causando milhares de petéquias (chamada de máscara equimótica de Morestin).

1
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souza -- CPF:
Marceli souza

Fonte: Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.


Marceli

MÁSCARA EQUIMÓTICA DE MORESTIN OU CIANOSE CERVICOFACIAL DE LE


DENTUT
É a mancha arroxeada formada por um conjunto de milhares de petéquias que atingem o rosto.
Ocorre normalmente diante de soterramentos, compressão de tórax etc.
Nessa situação, a circulação fica prejudicada, pois o sangue bombeado que foi para a região da
cabeça fica impedido de voltar para o coração, pois o átrio direito, que recebe o sangue, encontra-se
comprimido, não conseguindo receber o sangue retornado. Diante do acúmulo de sangue na região da
face, esse sangue irá extravasar dos vasos, formando, assim, milhares de petéquias, no que
chamamos de máscara equimótica de Morestin

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Fonte: Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

• Fratura do gradil costal – no total, há 12 costelas no gradil costal.


o Com as fraturas do gradil (a maioria das costelas), não há obediência aosmovimentos
respiratórios, o que gradativamente pode levar à asfixia.
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ATENÇÃO!
Envenenamento por carbamato ou chumbinho e inseticidas organofosforatos bloqueiam a enzima
acetilcolinesterase, causando espasmo muscular.
A acetilcolina é liberada após cada transmissão dos impulsos nervosos aos diversos órgãos do corpo,
que fazem os músculos contraírem. A acetilcolinesterase faz com que o músculo apósa contração, relaxe.
Assim, com a acetilcolinesterase inibida, não se consegue relaxar os músculos, o que leva a
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espasmos musculares generalizados, podendo levar à morte por sufocação indireta (asfixia).

6.2. Constrição no pescoço


souza -- CPF:

Nessa modalidade, temos:


Marceli souza

• Enforcamento;
• Estrangulamento;
Marceli

• Esganadura.

Pode levar à morte por outras causas, como:

• Impedimento o sangue de chegar ao cérebro;


• Constrição do nervo vago (sinal de Dotto).

162
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No pescoço, temos a artéria carótida, responsável por levar o sangue oxigenado para a cabeça, e a
veia jugular, que é responsável por levar o sangue rico em gás carbônico de volta para o coração.

6.2.1. Enforcamento

No enforcamento, há um laço no pescoço e a força que aperta o laço é o peso do corpo. A morte
pode ocorrer por:

• Homicídio;
• Acidente;
• Suicídio.

a) Sulco de enforcamento

O laço em volta do pescoço causa uma pressão desigual em todos os pontos (descontínuo,
incompleto e com profundidades distintas), tendo posição oblíqua e acima do osso hioide e da laringe.
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• Chama-se alça a parte do laço que circunscreve o pescoço.


• Em regra, é descontínuo; excepcionalmente, se o laço for de “correr”, serácontínuo (para provas
objetivas, marque a regra).
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souza -- CPF:

• Causa hemorragias subconjuntivais.


• O laço mais fino deixa vestígios marcantes, diferente do laço largo, que deixa vestígios quase
imperceptíveis.
• Sinal de Bonnet: é o decalque da marca do material do laço.
• Causa o apergaminhamento da pele, ou seja, há uma desidratação local em função do tempo
prolongado.
o No fundo do apergaminhamento, há a chamada linha argentina, que é uma linha prateada.

A causa da morte nos enforcarmentos pode ser por:

• Fator respiratório: é o impedimento de o ar ambiental ingressar na intimidade dos pulmões;


• Fator circulatório: em função de eventual pressão da artéria carótida e da veia jugular;
• Fator neurológico: em função de eventual pressão do nervo vago.

b) Classificação do enforcamento

Teremos as seguintes.

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• Enforcamento completo – nesse caso, o corpo fica totalmente suspenso.


• Enforcamento incompleto – nesse caso, há contato do corpo com a superfície.
• Enforcamento típico – o nó se dá na parte posterior do pescoço.
o A cabeça fica virada para o lado contrário ao nó.
• Enforcamento atípico – o nó se dá na parte anterior ou lateral do pescoço.
o A cabeça também irá ficar virada para o lado contrário ao nó.

Enforcamento típico e incompleto.

Fonte: Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.


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Enforcamento atípico: o sulco aparece na parte posterior.


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Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.


souza -- CPF:

• Enforcamento branco – ocorre em enforcamentos típicos, em que a cabeça vai parao lado oposto
Marceli souza

ao nó e impede completamente a circulação.


• Enforcamento azul – ocorre quando a face fica muito escura, azulada (cianosada), pois a
Marceli

constrição das veias e artérias do pescoço é grande.

6.2.2. Estrangulamento

No estrangulamento, há um laço, e a força que aperta o esse laço é diferente do pesodo corpo. Nessa
modalidade, a morte pode se dar por:

• Homicídio;

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• Acidente;
• Suicídio.

Sulco de Estrangulamento

O laço em volta do pescoço causa uma pressão igual em todos os pontos (contínuo, completo e com
mesma profundidade), tendo posição horizontal e abaixo do osso hioide e da laringe.

• Chama-se alça a parte do laço que circunscreve o pescoço.


• Causa hemorragias subconjuntivais.
• Em regra, não há apergaminhamento da pele, por não ser o tempo prolongado.
• Sinal de Bonnet: pode decalcar a marca do material do laço.

6.2.3. Esganadura

Como regra, a literatura médico-legal afirma que a esganadura pode se dar pelo emprego das mãos,
do antebraço ou das pernas, diretamente no pescoço.
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Segundo o professor Hygino de C. Hercules, a esganadura só se dá por meio da ação das mãos
diretamente no pescoço.

ATENÇÃO!
A morte sempre será por homicídio.

• Não há laço, alça ou sulco.


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• Na parte interna, há equimoses, lesões no osso hioide, na laringe etc.


• Pode causar equimoses subconjuntivais (não é patognomônico).

Quanto às lesões externas na esganadura, temos as seguintes características:


souza -- CPF:

• Estigmas ungueais (feitos com a unha) – são as marcas das unhas/dedos (forma de meia-lua)
Marceli souza

deixadas no pescoço (podendo ser uma escoriação);


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• Estigmas digitais (na ausência de unha) – são equimoses causadas pela constriçãocom ausência
de unha (com a polpa digital).

Fonte: Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

No que se refere às lesões internas na esganadura, as seguintes características são verificadas:


• Sinal de França – trata-se da lesão causada no interior da carótida exclusivamente pela
esganadura (não confundir com sinal de Amussat);

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• Fratura do osso hioide;


• Fratura da cartilagem cricoide;
• Equimose retrofaringeana de Brouardel – mancha equimótica na parte posterior da faringe em
razão da pressão da faringe contra a coluna vertebral.

Fonte: Imagem retirada da Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

6.3. Outras formas de asfixia


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Entre as outras formas de asfixia, as seguintes podem ser citadas:

• Via cianeto;
• Via curare;
• Via monóxido de carbono;
• Via eletroplessão.
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6.3.1. Envenenamento pelo cianeto

Faz com que a enzima citocromooxidase (que atua no interior das mitocôndrias) fique impedida de
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retirar os hidrogênios e de reagir com o oxigênio (que está na célula, mas não reage), podendo levar à morte
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instantânea por excesso de hidrogênio nas células.


Marceli

6.3.2. Envenenamento pelo curare

Trata-se de relaxante muscular que impede os movimentos respiratórios.

6.3.3. Intoxicação por monóxido de carbono

O monóxido de carbono possui maior afinidade (cerca de 250 vezes mais que o oxigênio) com a
hemoglobina (formando a carboxihemoglobina). Devido a isso, fixa-se com maior facilidade, sendo
muito mais estável que a oxihemoglobona. Portanto, impede que haja fixação do oxigênio, e pode levar à
morte por asfixia.

• Quando a concentração de CO2 está superior a 50%, o perigo de morte é iminente.


• Se o cadáver apresentar carboxihemoglobina acima de 50%, isso indica que a morte foi causada
por monóxido de carbono.
• Cadáver carbonizado com carboxihemoglobina em níveis baixos indica que não morreu
carbonizado.
• As vísceras ficam com cor carminada.

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• Leva à coloração cereja/carminada.


• Difere da oxihemoglobina, que tem por cor o vermelho vivo.

6.3.4. Eletroplessão

Alta e média amperagem podem causar asfixia e passar pelo tronco/gradil costal, levando à
paralização (tetanização) dos músculos e à parada respiratória periférica, com espasmos que levam à asfixia.

7. SINAIS NAS ASFIXIAS POR CONSTRICÇÃO DO PESCOÇO

• Sinal de Bonnet – sulco no pescoço que indica o tipo de laço que apertou o pescoço e a rotura
das cordas vocais.
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• Sinal de Amussat – trata-se da lesão causada no interior da carótida (túnica interna).


o Só é possível no enforcamento e no estrangulamento.
o Se em virtude de esganadura, chama-se sinal de França.
• Sinal de Friedberg – trata-se da lesão causada na parte exterior da carótida (túnica externa).
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• Sinal de Zienke – lesão na intimidade das jugulares.


• Sinal de Dotto – rotura na bainha de mielina, que isola o nervo vago.
• Sinal de Thoinot – zona violácea em cima e embaixo do sulco.
• Sinal de Ponsold – livores em placas que aparecem em cima e embaixo do sulco.
souza -- CPF:

• Sinal de Azevedo Neves – livores puntiformes por cima e por baixo das bordas do sulco.
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• Sinal de Neyding – infiltração hemorrágica no fundo do sulco.


• Sinal de Amboroise Paré – apergaminhamento da pele.
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• Sinal de Lesser – aparecimento de vesículas sanguinolentas no fundo do sulco.


• Sinal de Schulz – borda superior do sulco que fica saliente e violácea.
• Sinal de França – similar ao sinal de Amussat, mas este decorre exclusivamente da esganadura,
sendo feito pela unha.
• Sinal de linha argentina – no fundo do apergaminhamento, o subcutâneo (derme) se condensa e
expõe uma linha prateada.
• Só é possível no enforcamento e no estrangulamento.
• Sinal de Orso’s – trata-se da gota de gordura no tecido subcutâneo.

7.1. Asfixiofilia

Trata-se da asfixia autoerótica, em que uma pessoa busca, por meio da asfixia, uma ereção. Ao
apertar o pescoço, aumentaria a sensação de prazer.
Essa asfixia provoca uma vasodilatação generalizada (que levaria a uma melhor ereção) epode levar
ao desmaio, uma vez que pode atingir o nervo vago, causando uma parada respiratória, podendo, ainda,
levar à morte por asfixia.

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FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE • 12

7.2. Sindrome do café Coronary

Trata-se da sufocação ocorrida em decorrência do bolo alimentar, que causa lesões na epiglote e nas
cordas vocais.

7.3. Formas secundárias de asfixias

No esgorjamento, o sangue aspirado pode levar ao afogamento, deixando os alvéolos cheios de


sangue (mosaico sanguinolento).
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A morte, em razão do sangue, poderá ocorrer por anemia aguda (perda) ou ingestão de sangue
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(aspiração).
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7.4. Asfixia x rigidez cadavérica

A morte por asfixia leva a uma rigidez cadavérica mais rápida, em razão da acelerada redução de
oxigênio e ATP.

7.5. Asfixia por modificar o ambiente respirável

• Afogamento.
• Soterramento.
• Confinamento.

7.5.1. Afogamento

Há a troca do ar por líquido.


O que causa o afogamento é o excesso de CO2, que estimula o nervo vago a inspirar.

O afogamento pode ser:

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FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE • 12

• REAL, ÚMIDO ou AZUL – trata-se do afogamento verdadeiro, pois encontram-se os sinais de


certeza de afogamento, como as manchas de Paltauf, que são roturas (rompimentos) nos
alvéolos em função da presença de líquidos.
o Essas equimoses são vistas no pulmão através da transparência da pleura.
• FALSO, SECO, POR INIBIÇÃO ou BRANCO – trata-se do Afogamento Branco de Parrot, pois,
embora a pessoa tenha morrido no interior da água, não se verificam sinais de afogamento (não
há água nas intimidades dos pulmões etc.).
o Há quem diga que a morte é fruto de reflexo vagal/choque térmico.
o Segundo o professor Hygino de C. Hercules, o tempo em que a vítima cai na água e o tempo
em que submerge é tão curto que não seria suficiente para morrer por asfixia.
• COMPLETO – o corpo encontra-se 100% submerso.
• INCOMPLETO – o corpo não se encontra completamente submerso.
• SEMI AFOGAMENTO ou QUASE AFOGAMENTO – a pessoa que se afogou sobrevive, mas vem a
falecer cerca de 24 horas depois, em função dos efeitos do afogamento.
• SECUNDÁRIO – a vítima está na água e vem a se afogar em virtude de outras causas, como o uso
de drogas.
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a) Sinais de certeza de afogamento

• Manchas de Paltauf – são manchas decorrentes das roturas (rompimentos) nos alvéolos em
função da presença de líquidos.
o Essas equimoses são vistas no pulmão através da transparência da pleura.
o Trata-se de um sinal patognomônico de afogamento.
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• Alteração das densidades do sangue no átrios – o sangue possui cerca de 55% de parte liquida e
45% de parte sólida. A água do sangue possui menos sal (é menos densa) que a água salgada e
mais sal que a água doce (mais densa). Ao se afogar, a água ingressa no alvéolo e causa alteração
na densidade do sangue.
souza -- CPF:

• Alteração do ponto de congelamento do sangue no átrio ou ponto de congelamento de Carrara


– a água congela a 0o C. Ao se colocar sal, o ponto decongelamento da água irá abaixar (será
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negativo). Assim, na água salgada, o átrio esquerdo terá o ponto de congelamento abaixo de zero.
Marceli

O contrário ocorre na água doce.


• Efisema hidroaéreo – ocorre a mistura de água com ar no pulmão, formando espuma, que
volta pelo aparelho respiratório, saindo por narinas e boca.
• Presença de algas diatomáceas na medula óssea dos ossos longos ou no interior da polpa
dentária – importante para analisar em cadáver em avançado estágio de putrefação, pois dentro
da água há algas microscópicas que são jogadas para dentro do pulmão; em função do seu
tamanho, caem na corrente sanguínea e chegam aos ossos longos e à polpa dentária, que
possuem vasos sanguíneos.

b) Sinais de probabilidade de afogamento

• Presença do cogumelo de espuma;


o A presença de espuma no estômago é chamada de SINAL DE WIDLER.
o Só se observa em cadáveres retirados cedo da água.
• Pele anserina;
o É o arrepiamento da pele.
o Sinal de Bernt.

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FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE • 12

• Corpos estranhos na arvore respiratória;


• Cabeça de negro e livores intensos;
o Cabeça de negro de Lecha-Marzo.
• Lesões de arraste.

c) Mancha verde da putrefação

Um dos sinais de certeza de morte é o aparecimento da mancha verde abdominal na fossa ilíaca
direita do cadáver.
Quando se trata de afogados, essa mancha verde tende a aparecer nos terços médios superiores do
corpo.

d) Hemorragias cranianas em razão do afogamento

• TEMPORAL – consiste no extravasamento de sangue no ouvido médio. (Sinal de Niles).


• ETMOIDAL – consiste no extravasamento de sangue no osso etmoide — osso atrás donariz —
(Sinal de Vargas-Alvarado).
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e) Afogamento em água doce e salgada

O sangue possui cerca de 55% de parte liquida e 45% de parte sólida. A água do sangue possui menos
sal (é menos densa) que a água salgada e mais sal que a água doce (é mais densa). Ao se afogar, a água que
ingressa no alvéolo causará alteração na densidade do sangue, pois tudo tende ao equilíbrio.
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f) Afogamento em água doce

Quando a água doce chega aos alvéolos, a tendência é que esta água passe para o sangue (pois este
tem mais sal em relação à água), que se torna mais diluído, de maneira que chega no átrio esquerdo menos
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denso que no átrio direito (todo sangue que vem do pulmão vai para o átrio esquerdo).
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• Ponto crioscópico (de congelamento) se aproxima de zero grau.


Marceli

HEMÓLISE
O sangue fica diluído com água, os poros arrebentam e liberam potássio (K+), e o excesso depotássio pode
afetar o coração, levando à fibrilação ventricular.

g) Afogamento em água salgada

Quando a água salgada chega aos alvéolos, a tendência é que a água do sangue passe para os alvéolos
(pois tem mais sal em relação ao sangue); assim, o sangue torna-se menos diluído, de maneira que chega
no átrio esquerdo mais denso que o átrio direito (todo sangue que vem do pulmão vai para o átrio
esquerdo).

• Ponto crioscópico (de congelamento) se afasta de zero graus: 4 graus negativos em média.

PROVA DE PLAZAC
Forma pela qual se verifica as densidades do sangue e, assim, se observa se oafogamento foi em água doce
ou salgada.

170
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE • 12

h) Fases do afogamento

• Luta – o indivíduo tenta não se afogar, buscando algum apoio para não se afundar e acaba
engolindo água.
• Apnéia voluntária – ao afundar, o indivíduo prende a respiração.
• Aspiração involuntária – em determinado momento, e em razão do excesso deCO2, há excitação
bulbar que leva à aspiração involuntária.
• Reflexo de tosse com mais aspiração e vômito.
• Perda da consciência ou desfalecimento.
• Morte real.

O professor Hygino de C. Hercules abdica de citar as fases por falta de uniformidade na doutrina e
em razão de o afogamento humano não se equivaler aos afogamentos experimentais feito em animais.

i) Lesões de arrastamento

O corpo que se encontra no mar tende a sofrer lesões em função do arraste e do contato com certas
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superfícies.
De acordo com o professor Hygino de C. Hercules, conforme o princípio de Arquimedes, devido à
estrutura do corpo, os gases intestinais deixam o abdômen menos denso, e assim os locais que tendem a
sofrer lesões de arrastamento são testa, mãos, joelhos e parte superior dos pés.
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Princípio de Arquimedes
Imagem retirada da Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.

7.5.2. Soterramento

Ocorre quando há a troca do ar por substância sólida ou semissólida, pulverulenta ou granular, ou


seja, há a presença de referida substância na árvore respiratória.
Como regra é acidental, mas pode caracterizar-se como homicídio.
Pode ser em sentido amplo ou estrito:
• SENTIDO AMPLO – a pessoa encontra-se totalmente debaixo de escombros, terra etc.
o Neste caso, a morte pode se dar por compressão do tórax (sufocação indireta). Assim, é
possível que não haja sólido pulverulento no interior do aparelho respiratório.
• SENTIDO ESTRITO – para afirmar ser soterramento em sentido estrito, deve haver,
necessariamente, na árvore respiratória e no aparelho digestório, resíduos pulverulentos (houve
aspiração).

171
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE • 12

Pode gerar cogumelo de espuma.


Indica que a pessoa estava viva no momento do soterramento.
Segundo o professor Wilson Palermo, a morte no soterramento pode se dar por:
• Asfixia por compressão toráxica;
• Sufocação direta;
• Confinamento;
• Ação contundente; e
• Soterramento em sentido estrito.

Presença de sólido pulverulento na intimidade da faringe.Indica que a pessoa estava viva.


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Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Hygino de C. Hércules.

7.5.3. Confinamento

É modalidade de asfixia pura, em que se troca o ar respirável por outro ar não usado na respiração,
podendo ocorrer em locais em que não há renovação de ar.
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O confinamento pode se dar em local aberto ou fechado.


Em local aberto, pode ocorrer se não for possível a renovação de ar, como em um poço artesiano
que esteja a muitos metros de profundidade.
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Confinamento em local fechado.As Geladeiras antigas só abriam por fora.

172
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE • 12

Confinamento em local aberto.Grandes poços artesianos.

a) O que leva à morte no confinamento?

Existem duas teorias que versam sobre o tema:

• Teoria física-química – o corpo humano normalmente é mais quente que o ambiente e, sem a
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renovação do ar, a temperatura ambiental tende a aumentar, pois o corpo perde calor para o
ambiente por meio do suor.
o Ocorre que o suor evapora e aumenta a umidade do ar ambiental. Com a umidade do ar,
ocorre o retardamento da evaporação do suor, e a temperatura corporal aumenta.
o Leva à morte por HIPERTERMIA (aumento da temperatura interna), com a HIPOXIA e
HIPERCAPNIA (pois não se tem a renovação do ar ambiental).
• Teoria química – sem a renovação do ar ambiental, os níveis de gás carbônico aumentam. Com
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isso, o centro respiratório bulbar, estimulado pelo CO2, aumenta o ritmo respiratório, e por
consequência o consumo de O2 aumenta, causando a morte pelo quadro de HIPERCAPNIA e
HIPOXIA.
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FREDERICO ALVES MELO

13 LESÕES E MORTE POR ENERGIA RADIANTE

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LESÕES E MORTE POR ENERGIA RADIANTE • 13
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTE POR ENERGIA RADIANTE • 13

Esse capítulo trata dos efeitos resultantes de partículas radioativas (Ex.: Material usado em usinas
nucleares).
A radiação mata e, para entender a radiação, é preciso entender o átomo.
O átomo possui um núcleo; esse núcleo contém nêutrons e prótons (carga positiva), e é
circundados por elétrons (carga negativa).

Quando um raio cósmico atinge o núcleo de um átomo que está no espaço, pode fazer com que um
nêutron ou próton seja eliminado. Esse raio cósmico, ao bater nesse átomo, pode emprestar toda a sua
energia para ele, que fica altamente energizado. A energia cumulada dentro do átomo vai aos poucos sendo
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eliminada sendo essa eliminação da energia que confere a radioatividade ao átomo.


Essa dissipação da energia (radioatividade) pelo átomo é feita pela liberação de partículas ALFA,
BETA e GAMA.

1. IRRADIAÇÃO E CONTAMINAÇÃO

IRRADIAÇÃO – segundo o professor Roberto Blanco, sempre que alguém ficar exposto a alguma
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substância química capaz de emitir partículas radioativas alfa ou beta, bem como ondas eletromagnéticas
com determinados comprimentos de onda,como os raios X e principalmente os raios gama, essa pessoa
estará irradiada. Quando a pessoa se afasta do foco de radiação, a radiação deixa de criar novos efeitos
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lesivos a pessoa, embora os efeitos já produzidos permaneçam.


Na irradiação, a pessoa irradiada não é uma fonte de energia radiante, sendo apenas uma vítima.
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CONTAMINAÇÃO – segundo o professor Roberto Blanco, quando a pessoa é contaminada pela


Marceli

substancia radioativa (por ingestão, toque etc.), considerando que a substância radioativa está fixada em seu
corpo, percebem-se dois problemas:
• A pessoa está em permanente contato com o agente radioativo, sofrendo asconsequências
do progressivo tempo de exposição à radiação.
• Qualquer outra pessoa que se aproximar para tratamento ou cuidados da pessoa contaminada
também ficará exposta ao agente radioativo.

Dessa forma, na contaminação, a pessoa é uma fonte de energia radiante.

2. PERIGO DAS RADIAÇÕES

2.1. Radiação alfa

• É a mais fraca das radiações, sendo incapaz de ultrapassar uma folha de papel.
• Se o indivíduo estiver exposto a um produto radioativo que está eliminando partículas alfa, mas
estiver protegido por uma roupa, essa partícula alfa não atravessará a roupa. Ela não tem poder
de penetração.

175
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTE POR ENERGIA RADIANTE • 13

• Ela gera danos quando se consome algo contaminado pela partícula alfa, visto que ela entrará no
corpo.

2.2. Radiação beta

• Atravessa o papel, mas não passa pela pele ou pelo alumínio.

2.3. Radiação gama

• Deslocando-se na velocidade da luz, atravessa a pele e até o aço.


• Não atravessa o concreto.
• Se o agente ficar perto de uma substância radioativa que emite uma radiação gama, tem que se
atentar para quanto tempo irá ficar ali.
• Os efeitos da radiação gama estão relacionados ao tempo de exposição.
• Em contato com o corpo, essa radiação vai direto para os órgãos produtores desangue (glóbulos
vermelhos, glóbulos brancos, e plaquetas), causando assim anemia, infecções e sangramentos,
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podendo levar à morte.


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2.4. Raio-X

• Passa pelo papel, pele, alumínio, mas não passa pelo chumbo.

ANOTE!
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Quanto menor o comprimento da onda radioativa, mais penetrante ela é. Quanto maior o
comprimento da onda radioativa, menos penetrante ela é.
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Marceli souza
Marceli

Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco

3. UNIDADES DE RADIAÇÃO

3.1. Sievert (Sv ou mSv)

• Analisa quanto tempo o indivíduo pode receber a radiação.


• Dose anual permitida de radiação: 2,4 mSv/ano, no máximo. Na proporção que essa quantidade

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FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTE POR ENERGIA RADIANTE • 13

começa a aumentar, problemas podem surgir.


• A radiação se apresenta de forma não visual, pois nós apenas enxergamos do vermelho ao
violeta.
• Esta unidade está para a radiação como o kg está para a massa e como o litro está para o volume.

3.2. Gray (Gy)

• É a unidade que mede os danos físicos causados pela radiação.

3.3. Becquerel (Bq)

• É a unidade que mede a atividade da fonte radioativa.


• Às vezes a partícula é liberada em segundos, às vezes é liberada em dias, ou anos.
• Cada substância radioativa tem uma velocidade de eliminação.

4. EFEITOS DA ENERGIA RADIANTE NO CORPO


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4.1. Forma aguda da radiodermite

QUEIMADURAS, dependendo da proximidade, são de:


• 1º grau – consistem em eritema e depilação da área afetada. Forma-se uma mancha avermelhada
que, aos poucos escurece.
• 2º grau – formam-se pápulas avermelhadas que podem chegar à ulceração, em geral dolorosa e
recoberta por crosta purulenta, pois infeccionam comfacilidade; sua cicatrização é difícil. Há
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também flictenas (bolhas de conteúdo rico em proteínas).


• 3º grau – constituem-se as zonas de necrose de gravidade progressiva, aprofundando-se e
podendo levar à amputação do segmento afetado.
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• Não causa lesão de 4º grau – segundo o professor Roberto Blanco, embora a maioria dos autores
não considerem esse grau de lesão nas radiodermites (melhor orientação em prova objetiva),
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não resta dúvida que as lesões mais intensas e profundas equivalem às típicas lesões de
Marceli

carbonização, muito comuns nos demais tipo de queimaduras por agentes térmicos.

Essas queimaduras não crestam os pelos.


Essas queimaduras são mais alterações sistêmicas que locais.

Outros efeitos

• Alterações hematológicas.
• Infecções generalizadas.
• Choque séptico.
• Estando a energia longe, apesar de não queimar, afetam a medula óssea e paramos de
produzir os glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas, gerando anemia intensa, baixa imunidade
e dificuldade em coagulação.
• Afetando órgãos sexuais, passam o defeito genético provocado aos descendentes.

4.2. Úlcera de Roentgen

Segundo o professor Roberto Blanco, essas úlceras quando derivadas de doença profissional ou de

177
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTE POR ENERGIA RADIANTE • 13

doenças das condições de trabalho, em radiologistas ou pessoas eventualmente expostas à radiação no


trabalho, recebem esse nome, sendo comumente visualizadas nas mãos.

4.3. Forma crônica da radiodermite

A radiação pode afetar a pele e os órgãos internos, produzindo síndromes digestivas, genitais,
cancerígenas, graves alterações sanguíneas (na medula óssea vermelha), podendo causar até a morte.

4.4. Septicemia

A radiação causa a perda dos glóbulos vermelhos e dos glóbulos brancos. Por causa dessa perda, não
se tem mais defesa no organismo, e se desenvolve infecções e inflamações por todo o organismo. É,
geralmente, a causa de morte gerada pela radiação.

O CASO CÉSIO 137 DE GOIÂNIA


O acidente radiológico de Goiânia, amplamente conhecido como acidente com o Césio-137, foi um
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grave episódio de contaminação por radioatividade ocorrido no Brasil. A contaminação teve início em 13 de
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setembro de 1987, quando um aparelho utilizado em radioterapias foi encontrado dentro de uma clínica
abandonada, no centro de Goiânia, em Goiás.
O instrumento foi encontrado por catadores de um ferro velho do local, que entenderam tratar-se
de sucata. Foi desmontado e repassado para terceiros, gerando um rastro de contaminação, o qual afetou
seriamente a saúde de centenas de pessoas. O acidente com Césio-137 foi o maior acidente radioativo
do Brasil e o maior do mundo ocorrido foradas usinas nucleares.
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O professor Blanco realizou este procedimento com roupas adequadas que apenas o protegiam dos
raios alfa e beta, logo, sua proteção contra os raios gama seria a duração de contato de acordo com os
Sieverts medidos na irradiação do cadáver.
As queimaduras provocadas pela radiodermite da irradiação são classificadas em graus,sendo de
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1° e 2° graus iguais às de fogo, porém as de 3° grau, provocam necrose e gangrena.


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FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES POR ENERGIA BAROMÉTRICA • 14

14 LESÕES E MORTES CAUSADAS PELA ENERGIA


BAROMÉTRICA
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FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES POR ENERGIA BAROMÉTRICA • 14

O estudo das lesões e mortes causadas por baropatias está ligado ao aumento ou à diminuição da
pressão atmosférica.
Trata-se de uma energia física não mecânica de origem barométrica.
O ser humano está adaptado para viver em uma mistura gasosa, a atmosfera, que exerce sobre o seu
corpo uma pressão de 760 mm Hg (milímetros de mercúrio) ao nível do mar.
Apesar de seus aparelhos respiratório e circulatório estarem preparados para dar o máximo
rendimento nessas condições, guardam certa reserva funcional, que permite ao indivíduo suportar pressões
um pouco maiores ou menores, sem prejuízos ao organismo. Ultrapassado o limite da tolerância, surgem
distúrbios, a princípio reversíveis. Aumentando a variação barométrica ainda mais, aparecem então
alterações funcionais e estruturais em diversos tecidos. Podemos chamar o conjunto dessas alterações de
baropatia, ou seja, doenças causadas pela pressão atmosférica (BARO = pressão atmosférica e PATIA = mal,
doença).
Ao nível do mar, o indivíduo sofre pressão do ar de 1 atmosfera (ATM).
Ao aumentar de altura (subir montanhas) essa pressão diminui;
Já ao mergulhar, a massa liquida da água atua sobre o mergulhador (pressão hidrostática) e a cada
10 metros de profundidade, a pressão aumenta em 1 ATM. Por causa disso, é comum verificar baropatias
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entre mergulhadores.
Assim, a 10 metros de profundidade, o corpo do mergulhador está submetido a 2 atmosferas de
pressão (uma do ar e outra dos 10 m de água); A uma profundidade de 20 metros, está sob 3 atmosferas, e
assim por diante.
Na subida, o mergulhador, para evitar a doença da descompressão, deve reduzir a pressão em 1/10
de ATM a cada 10 minutos.
Porcentagem de gases no ar em qualquer altura
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Em qualquer altura, o ar ambiental é composto por:

• Oxigênio – 21%
• nitrogênio ou azoto – 78%
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• outros gases – 1%
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Mesmo em grandes altitudes, com quantidades absolutas menores, o percentualdos gases se


Marceli

mantém.

1. LEIS BAROMÉTRICAS

Várias são as leis que determinam o comportamento dos gases nos diversos fenômenosfísicos;
veja:

1.1. Lei de Boyle-Mariotte

Segundo a lei de Boyle-Mariote, sob temperatura constante, o volume ocupado por uma massa de
gás é inversamente proporcional à pressão suportada.
Assim, quando dobramos a pressão sobre uma massa gasosa, seu volume reduz-se à metade, desde
que se mantenha a temperatura.

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FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES POR ENERGIA BAROMÉTRICA • 14

Note que quão maior é a pressão, maior é a distância da água.

1.2. Lei de Dalton

Segundo a lei de Dalton, a pressão exercida por uma mistura gasosa é igual à soma das pressões
parciais de cada componente da mistura.
A pressão parcial corresponde à pressão que exerceria qualquer dos componentes,se estivesse
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disperso sozinho por todo o espaço ocupado pela mistura. Além do mais, “a concentração de um gás
dissolvido em uma massa líquida é diretamente proporcional a pressão exercida pela fase gasosa da
mistura líquido-gás”.

1.3. Lei de Henry

Analisa a quantidade de gás que se pode dissolver em uma massa líquida.


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A lei de Henry diz que, se aumentar a pressão parcial de um dos gases do ar inspirado, sua
quantidade dissolvida em uma massa líquida (como o sangue) aumentará na mesma proporção; e que
variações para menos também serão acompanhadas com a mesma intensidade.
Também chamada de lei do refrigerante.
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Por isso que, se os mergulhadores não voltarem lentamente, os gases se expandem rapidamente
(similar à abertura de uma lata de refrigerante), podendo causar o apagamento brusco do mergulhador.
Marceli souza

Essa situação é chamada de mal dos mergulhadores ou dos escafandristas.


Marceli

2. PRESSÃO EM GRANDES ALTITUDES

A pressão e a temperatura em grandes altitudes diminuem, causando o mal das montanhas. A


proporção dos gases se mantém, apesar de as quantidades absolutas serem menores.

2.1. Mal das montanhas ou aviadores

O mal das montanhas pode ocorrer de duas formas:

• Forma aguda;
• forma crônica.

2.2. Mal das montanhas ou mal de aviadores em sua forma aguda

Um indivíduo que sobe a grandes altitudes (montanhas) e um piloto de avião em cabines


despressurizadas estão sujeitos a alterações em seu quadro normal em função da diminuição da pressão.
São características que configuram o mal das montanhas/aviadores daqueles que são expostos a

181
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES POR ENERGIA BAROMÉTRICA • 14

grandes altitudes (acima de 3 mil metros o ar é rarefeito):

• Hipoxia relativa (baixa quantidade de oxigênio no sangue arterial);


• Edemas cerebral e pulmonar;
• Dor de cabeça;
• Náuseas;
• Tonteiras;
• Dispneia (dificuldade de respirar caracterizada por respiração rápida e curta);
• Retenção de líquidos;
• Espessamento peri-alveolar.

CURIOSIDADE!
É conhecido como mal dos aviadores, pois antigamente os aviadores voavam em cabines
despressurizadas, e podiam sofrer os mesmos efeitos do mal das montanhas.

2.3. Mal das montanhas em sua forma crônica ou doença de monge


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A doença de monge é a forma crônica do mal das montanhas que ocorre em pessoas que vivem em
grandes altitudes, normalmente acima de 3 mil metros de altura, onde se tem o ar rarefeito (estão
ambientadas a baixa pressão).
Em função do corpo humano buscar se adaptar ao ambiente, podem surgir características que
configuram a doença de monge:
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• atividade de eritropoietina (EPO) – aumento da produção do eritropoetina (determinada a maior


produção de hemácias) pelos rins, estimulada pela hipoxia do sangue, hormônio que atua na
medula óssea, fazendo com que haja maior produçãode glóbulos vermelhos (hemácias) para o
sangue, que passa a capturar e transportar maior quantidade de oxigênio para os tecidos (o que
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vai levar ao espessamento do sangue, visto que há um aumento da parte sólida do sangue e
Marceli souza

uma diminuição da parte líquida).


• Aumento da hematopoiese – há aumento do processo de formação do sangue.
Marceli

• Poliglobulia compensadora – é o fenômeno adaptativo de pessoas que vivem em grandes


altitudes, pois o ar disponível é mais rarefeito, o que leva a hipoxia; para compensar essa hipoxia,
tem-se a poliglobulia compensadora, que é marcada pelo aumento da atividade da eritropoietina
e da hematopoiese (o que leva a um aumento de glóbulos vermelhos para aumentar a capacidade
de transporte de oxigênio).
• Risco de tromboses – pois, com o aumento de glóbulos vermelhos (para capturar mais oxigênio),
o sangue fica mais espesso e a circulação mais lenta, podendo levar à obstrução de alguns vasos.

O sangue é formado por:

• Plasma ou parte líquida do sangue: 55%;


• Elementos figurados: 45%;
• Glóbulos Vermelhos (eritrócitos ou hemácia) – possuem função de capturar e transportar o
oxigênio.
• Glóbulos Brancos (leucócitos) – possuem função de defesa.
• Plaquetas.

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FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES POR ENERGIA BAROMÉTRICA • 14

Como há o aumento dos elementos figurados, por meio de glóbulos vermelhos, há diminuição da
parte líquida.
Dedos em baqueta de tambor – alteração morfológica que ocorre nas extremidades dos dedos, que
ficam alargados.
Aumento do teor de mioglobina nos tecidos – mioglobina é proteína que ajuda molecularmente o
deslocamento do oxigênio para o interior das células.

3. BAROTRAUMAS ORIUNDOS DE MERGULHOS

Trata-se do amento da pressão sofrida pelo corpo, pois, a cada dez metros de profundidade, há o
aumento de uma atmosfera.
O mergulho pode ser feito:

3.1. Mergulho em apnéia

Mergulho feito sem o auxílio de aparelhos. Na subida, há risco de apagamento, de afogamento e de


barotraumas no ouvido (tímpano), que levam à perda do equilíbrio.
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O perigo se dá na subida em função da LEI DE BOYLE- MARIOTE, pois a pressão vai diminuir e o
volume do pulmão aumenta (pressão e volume tem reação inversa). Assim, o oxigênio não renovado (e sem
pressão) não consegue passar para o sangue, levando à hipoxia aguda e ao apagamento. Com o desmaio,
o indivíduo pode ingerir água, podendo ocorrer a morte por afogamento.

• BAROTRAUMA PULMONAR – segundo o professor Hygino de C. Hercules, nesses casos de subida


brusca, há a hiperdistensão alveolar, podendo levar ao rompimento das paredes do pulmão.
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• BAROTRAUMA DE OUVIDO – ocorre nas descidas, devido ao aumento da pressão, e pode levar
ao rompimento do tímpano.
• MANOBRA DE VASSALVA – forma de igualar a pressão interna com a pressão externa por meio
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do sopro com nariz e boca fechados, que faz com que o tímpano seja empurrado para fora.
o Se o indivíduo estiver gripado, a manobra de Vassalva não é eficaz, devido ao fato de a
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inflamação atingir o ouvido interno.


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3.2. Mergulho com scuba

Na proporção em que a pressão externa aumenta, o aparelho injeta ar com uma pressão para dentro;
assim, as pressões de fora para dentro e de dentro para fora se igualam.
O perigo encontra-se na volta, pois, ao subir rapidamente, haverá expansão dos gases (deve subir de
forma lenta e gradual para melhor descompressão) que, ao cair na circulação sanguínea, podem causar
obstruções, podendo assim surgir:

• EMBOLIA TRAUMÁTICA CAUSADA PELO AR – é a forma aguda da doença, que leva à rotura das
paredes alveolares durante a subida, diante de uma descompressão dos gases, causando uma
hemorragia intrapulmonar (também levará ao aparecimento das manchas de Paltauf nos
pulmões).
• DOENÇA DA DESCOMPRESSÃO – é a forma crônica da doença, devido ao ar comprimido seguir
no corpo. Foi feita uma descompressão inadequada, o que leva ao acúmulo de gases que, no
dia a dia, são descomprimidos nas articulações, causando dores, sendo chamados de “BEND”.

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FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES POR ENERGIA BAROMÉTRICA • 14

A quantidade de ar diminui conforme a profundidade.


O oxigênio que entrou foi gasto.O nitrogênio não é gasto e começa a expandir, causando problemas.
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TRILIX
O ar inserido na scuba é composto por três gases (nitrôgênio, oxigênio e outro gás, que normalmente é o gás
hélio – heliox), pois, se mantiver a quantidade normal de nitrogênio (78%), pode causar efeitos similares aos
da embriaguez.
NITROX
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É a mistura de nitrogênio e oxigênio apenas.


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FREDERICO ALVES MELO

15 MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE
MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE • 15

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FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE • 15

Inicialmente, vale citar artigos de leitura obrigatória:

• Arts. 26, 27 e 28 do CP;


• Arts. 45 e 46 da Lei n.º 11.343/2006;

Os limitadores e modificadores da imputabilidade são estudados pela psicologia e pelapsiquiatria


forense.

1. IDIOSSINCRASIA

Trata-se do efeito inesperado gerado em razão de alguma substância que foi ingeridapela pessoa
(bebida, medicamento etc.).

2. IMPUTABILIDADE

É a possibilidade de se atribuir responsabilidade pela prática de um fato tido como criminoso.


Segundo o Código Penal, a imputabilidade é analisada ao tempo da conduta,portanto, a perícia
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possui um caráter retrospectivo.


Somente o juiz pode determinar o exame de sanidade mental do indiciado ou acusado.
O delegado deve representar pelo exame de sanidade mental do indiciado ou acusado.
No caso de estupro de vulnerável, o delegado pode requisitar diretamente o exame de sanidade
mental da vítima.

2.1. Imputável
CPF: 073.496.444-77

Agente que, ao tempo da conduta, possui plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato e
de se determinar de acordo com esse entendimento.
souza -- CPF:

2.2. Semi-Imputável
Marceli souza

É aquele que possui alguma alteração ou falha em seu entendimento ou em sua autodeterminação.
Marceli

2.3. Inimputável

É o agente que, ao tempo da conduta, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

3. CRITÉRIO BIOLÓGICO DE INIMPUTABILIDADE

São considerados inimputáveis os menores de 18 anos:

Art. 27. Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
estabelecidas na legislação especial.

4. CRITÉRIO BIOPSICOLÓGICO OU MISTO DE INIMPUTABILIDADE

Nesse caso, é indispensável que se comprove o nexo de causalidade entre o aspecto biológico
(doença), e a alteração do psiquismo que permitiu a realização da conduta delituosa.

Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental

186
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE • 15

incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de


entender o caráter ilícito do fato ou de determinar- se de acordo com esse entendimento.

• Doença mental – são exemplos indivíduos configurados com doença mental:


o Psicóticos;
o Portadores de esquizofrenia;
o Portadores de psicoses (deve ser seguido da palavra que define a psicose);
o Portadores de demência.
• Desenvolvimento mental incompleto;
• Desenvolvimento mental retardado:

Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado
não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou DE determinar-se de
acordo com esse entendimento.

Perturbação de saúde mental – note que há ausência do termo “doente mental” no parágrafo
único, mas ele encontra-se inserido dentro do gênero perturbado mental.
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Aqui, além dos doentes mentais, encontram-se os:

• Neuróticos – neuroses são transtornos do mundo psíquico. Os neuróticos se utilizam de


mecanismos de defesa de maneira inconsciente para não ter que enfrentar uma realidade que
está recalcada no amago de sua mente. Como regra, são os portadores de:
o Fobias;
o Filias;
CPF: 073.496.444-77

o Manias.

Existem casos em que o agente busca tentar enganar outros em relação a sua situação, seja para
tentar receber reconhecimento de inimputabilidade que não tem direito, ou seja para ocultar sua deficiência.
souza -- CPF:

Essas situações são:


Marceli souza

4.1. Simulação
Marceli

Segundo Bonnet, sempre que alguém tenta imitar, agravar ou criar intencionalmente sintomas
de uma doença para buscar eventual reconhecimento de inimputabilidade.

4.2. Dissimulação

O agente possuidor da doença busca dar a impressão que é saudável.

4.3. Metassimulação

O agente possuidor da doença exagera nos sintomas para parecer que o quadro é mais grave.

4.4. Parassimulação

O agente possuidor da doença adiciona conscientemente sinais e sintomas de outras doenças.

187
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE • 15

4.5.1. Psicopatas

• Não são doentes mentais.


• É um perturbado mental que tem um desvio social (sociopata ou personalidades anormais), que
acredita que o mundo deve-se reger pelas suas regras, fazendo isso com a maior naturalidade.
• É desprovido de afeto.
• Nasce-se psicopata, não se vira psicopata.
• O entendimento geral é de que a eles pode ser aplicado o parágrafo único do artigo 26 do CP.

4.5.2. Epilépticos

• Não são doentes mentais e sim portadores de alteração neurológica que gera reflexos musculares.
• Possuem distúrbios no sistema nervoso central e costumam ter crises convulsivas.
• Possuem comportamento agressivo e desproporcional.
• O crime epilético é marcado por multiplicidade de golpes, sem motivação, sem premeditação,
amnésia anterior e sem preocupação em esconder os elementos do crime.
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• Criminoso epiléptico – o agente é um criminoso que possui epilepsia, sendo portanto, imputável.
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• Epiléptico criminoso – o agente não é criminoso, mas em razão das alterações psicomotoras,
acaba por cometer um delito. Neste caso, deve ser comprovado o nexo entre a epilepsia e a
conduta ilícita, podendo ser reconhecida sua semi-imputabilidade.

4.6. Desenvolvimento mental incompleto ou retardado


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Os surdos e mudos que não conseguem exprimir sua vontade podem se enquadrar nesta categoria.

4.7. Retardado
souza -- CPF:

São os oligofrênicos, que serão classificados de acordo com o Q.I.:


Marceli souza

• Idiotas:
o Q.I. de 0 a 25% de uma pessoa normal (idade mental até 3 anos).
Marceli

o É dependente de outra pessoa.


o Possui retardo mental profundo.
• Imbecis:
o QI de 25% a 50% de uma pessoa normal (idade mental de 3 a 7 anos).
o É um independente treinável.
o Possui retardo mental moderado.
• Débeis mentais:
o QI de 50% a 75% de uma pessoa normal (idade mental até 7 a 12 anos).
o É um independente educável.
o Possui retardo mental leve.

FENILCETONÚRIA
Há deficiência na metabolização da fenilalanina, o que pode provocar retardo mental. Échamada de
oligofrenia difenilpirúvica.

4.8. Síndrome de Down

188
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE • 15

Trata-se de uma anomalia causada pela presença de três cromossomos 21 (trissomia 21).
As células destas pessoas possuem 47 cromossomos, e não 46.
O desenvolvimento mental do portador de Síndrome de Down deve ser analisado isoladamente,
pois os níveis podem variar desde a idiotia até os limites da normalidade.

5. EMBRIAGUEZ

A embriaguez consiste na alteração temporária e aguda (a forma crônica é o alcoolismo) no


comportamento individual, com reflexos nas diversas formas de percepção sensorial, no curso do
pensamento, na memória, bem como na coordenação motora e do ritmo cardiorrespiratório em decorrência
da ação de álcool ou substância de efeitos análogos (que não estão na portaria 344).
Critério biopsicológico/misto – indispensável comprovar o nexo de causalidade entre o aspecto
biológico (embriaguez), e a alteração do psiquismo que permitiu a realização da conduta delituosa.

5.1. Inimputabilidade

Art. 28
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§ 1º - É ISENTO DE PENA o agente que, por EMBRIAGUEZ COMPLETA, proveniente de CASO


FORTUITO ou FORÇA MAIOR, era, ao TEMPO DA AÇÃO ou DA OMISSÃO, INTEIRAMENTE
INCAPAZ DE ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO FATO ou DE DETERMINAR- SE DE ACORDO
COM ESSE ENTENDIMENTO.

• Embriaguez deve ser completa;


• Proveniente de caso fortuito ou força maior;
• E ao tempo da ação ou da omissão;
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• Deve estar inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito dofato ou de determinar-se de


acordo com esse entendimento.

5.2. Semi-imputabilidade
souza -- CPF:

§ 2º - A pena PODE SER REDUZIDA DE UM A DOIS TERÇOS, se o agente, por embriaguez,


Marceli souza

PROVENIENTE DE CASO FORTUITO ou FORÇA MAIOR, NÃO POSSUÍA, AO TEMPO DA AÇÃO


ou DA OMISSÃO, a PLENA CAPACIDADE DE ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO FATO ou DE
Marceli

DETERMINAR-SE DE ACORDO COM ESSE ENTENDIMENTO.

5.3. Não excludente de imputabilidade

ART. 28 - NÃO EXCLUEM A IMPUTABILIDADE PENAL:


I. A EMOÇÃO ou a PAIXÃO;
Embriaguez
II. A EMBRIAGUEZ, VOLUNTÁRIA ou CULPOSA, PELO ÁLCOOL ou SUBSTÂNCIA DE EFEITOS
ANÁLOGOS.

5.3.1. Embriaguez voluntária

• O agente bebe com a finalidade de se embriagar.


• A busca da embriaguez é para cometer um crime, e nesse caso incidirá a agravante da embriaguez
pré-ordenada.
• No caso DE PRÉ-ORDENADA, se concluir o plano inicial, essa embriaguez é tida como
INCOMPLETA, pois se completa fosse, não haveria nemconsciência nem vontade sob domínio do
indivíduo.

189
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE • 15

Art. 61 São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime: [...]
L - em estado de embriaguez preordenada.

5.3.2. Embriaguez culposa

O agente bebe voluntariamente, mas fica embriagado culposamente.


Observa-se a teoria da actio libera in causa.

TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA


O livre arbítrio (capacidade) é analisado no momento da ingestão, em que temos a chamada actio
libera in causa, havendo assim imputabilidade.
A teoria da actio libera in causa vem solucionar casos nos quais, embora considerado inimputável, o
agente tem responsabilidade pelo fato.
O agente é livre na causa antecedente, ainda que durante a prática do delito fosse considerado
inimputável. Ela é responsável porque se transfere para este momento anterior (livre na causa – quando a
pessoa decide se embriagar para delinquir) a constatação da imputabilidade.
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5.4. Embriaguez patológica

É uma forma de alteração transitória e inesperada da vontade ou da consciência, desencadeada pela


ação de pequena quantidade deálcool ou substância de efeitos análogos. Há uma verdadeira idiossincrasia,
que pode levar ao cometimento de delitos. Não havendo consciência e vontade, o agente será tratado como
inimputável.
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5.5. Alcoolismo e o meio ambiente

Trata-se da influência do meio ambiente no alcoolismo, podendo ser classificada, segundo o


souza -- CPF:

professor Roberto Blanco, da seguinte forma:


Marceli souza

• ALFA – o ambiente social é apenas uma desculpa para ingestão do álcool. Em qualquer situação,
Marceli

a ingestão do álcool passa a ser necessária.


• BETA – é resultado da influência cultural. O agente bebe regularmente sem se embriagar. Por
vezes, acaba por causar doenças como cirrose, pancreatite etc.
• GAMA – é o alcoolismo patológico, sem controle, estando presente a tolerância e a síndrome
de abstinência.
• DELTA – é o agravamento do alcoolismo Beta, pois, se houver interrupção do consumo, levará à
crise de abstinência.
• EPSILON – decorre da dipsomania ou do alcoolismo periódico. O agente fica sem beber por algum
tempo, mas, periodicamente, por algum motivo, bebe exageradamente.

5.6. Fases da embriaguez

• Fase do macaco:
o há excitação ou desinibição inicial;
o o álcool é uma substancia depressora, atuando no sistema nervoso central,deprime a
censura e causa a desinibição inicial.
• Fase do leão:

190
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE • 15

o com a progressão dos efeitos do álcool, há agitação ou confusão, levando à agressividade;


o é considerada a fase médico-legal, em razão da prática de crimes comissivos.
• Fase do porco ou comatosa:
o o agente vomita, urina etc.;
o fase do sono ou coma;
o nesta fase, se pode cometer crimes de omissão, desde que esteja na condição de
garantidor.

No IML, os exames de embriaguez feitos em vivos são os seguintes:

• Clínico – análise de como a pessoa se apresenta:


o Ritmo cardiorrespiratório acelerado;
o Conjuntivas vermelhas;
o Hálito com odor alcoólico;
o Pele com suor etc.
• neurológico – analisam-se o sinal de Romberg e o sinal de quatro.
• psíquico – pergunta-se sobre a própria pessoa, sobre a família e sobre atualidades.
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• Não se faz exame de sangue ou deurina no IML.

Se a pessoa está sob o efeito de álcool, há alterações no cerebelo que afetam a coordenação motora
e o equilíbrio (parte neurológica); assim os exames clínico, neurológico e psíquico são feitos por meio do:

• Sinal de Romberg – o periciado fica em pé, com pés juntos, membros superioresjuntos ao corpo,
e olhar em direção ao horizonte.
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• Sinal de Romberg sensibilizado – na mesma posição do anterior, mas nestedeve-se fechar os


olhos e inclinar a cabeça para trás.
• Sinal de quatro – colocar o tornozelo direito à frente do joelho esquerdo e vice-versa (4).
souza -- CPF:

5.7. Tolerância ao álcool


Marceli souza

É a capacidade/facilidade de a pessoa ficar embriagada, que deve ser analisada pordiversos fatores,
Marceli

tais como peso, frequência com que ingere álcool, estado de saúde etc.
Vale lembrar que, no Estado do RJ, há o enunciado 09 do 1º CDPCERJ, que diz:

A embriaguez ao volante, em que pese a sua classificação como crime de perigo abstrato,
exige prova de efetiva alteração da capacidade psicomotora para sua configuração, não
sendo suficiente, portanto, a aferição através de etilômetro, embora dispensável o exame
pericial.

Se a pessoa possuir doença cerebelar (labirintite), pode dar a impressão de estar bêbado, pois esta
causa perda do equilíbrio.

5.8. Síndrome de Korsakoff

Trata-se de síndrome decorrente da ação lesiva do álcool no sistema nervoso central,provocando:

• Amnésia lacunar – é o blackout, que ocorre em geral nas intoxicações crônicas.


• Palimpsesto – são os esquecimentos lacunares repetitivos.
o Caso o agente venha a cometer um delito, ele não se recordará e não acreditará que o
tenha feito.

191
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE • 15

• Alucinose alcoólica – são psicoses que ocorrem diante do quadro de abstinência após anos de
consumo. Chamadas de delirium tremens.
• Flash-back – o agente apresenta repetição de sintoma, mesmo sem o uso dasubstância.
• São decorrentes do alcoolismo a polineurite (comprometimento dos neurônios) e asíndrome de
Wernicke (focos hemorrágicos nos nervos cranianos).

5.9. Absorção do cérebro

O álcool vai para o estômago, depois para o intestino, depois para o sangue, até chegarao cérebro.
Se o estômago está vazio, o álcool chega mais rápido ao cérebro. Se está com alimentos
(principalmente gordurosos), o álcool demora mais a passar para o intestino e, logo, demora mais para chegar
ao cérebro.
Assim, o caminho do álcool até ser eliminado é: ingestão, absorção, metabolização e eliminação.
Na pessoa viva, em cerca de 8 a 10 horas, há toda a metabolização do álcool, nãorestando vestígios
de álcool no corpo.
Se a pessoa bebeu e morreu, a metabolização cai quase a zero; assim, mantém altos níveis de
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álcool no corpo.
Os melhores locais para se verificar a presença de álcool no sangue do cadáver são:

• Veias cavas inferiores;


• Veias femurais;
o O coração não é indicado, pois o álcool pode passar do estomago para o coração (em
razão da proximidade), dando um falso diagnóstico.
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o Devem ser examinados todos os órgãos para analisar o percurso da droga no corpo.
• Meninges Do Cérebro:São membranas protetivas do cérebro em relação ao osso. São três as
meninges:
• Pia-máter:
souza -- CPF:

o Trata-se da primeira membrana que envolve o cérebro.


o É a mais fina.
Marceli souza

o Entre a pia-máter e a aracnoide existe uma substância chamada de LIQUOR,que tem


Marceli

por funções a drenagem local e o amortecimento.


• Aracnóide:
o Trata-se da meninge do meio, que fica entre a pia-máter e a dura-máter.
o As meninges aracnoide e pia-máter, são finas e transparentes, e por isso são
chamadas de Leptomeninges.
• Dura-máter:
o É a membrana mais externa.
o É a mais resistente.

É possível o rompimento de vasos sanguíneos entre a pia-máter e a aracnoide,onde se tem a


hemorragia subaracnóide.
Se o rompimento de vasos sanguíneos é entre a aracnoide e a dura-máter, tem-se a hemorragia
subdural.

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FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE • 15

Se o rompimento for entre a dura-máter e o osso, tem-se a hemorragia extradural. o hematoma


extradural pode comprimir o cérebro e levar a óbito.

Hematoma extradural
Quando o cérebro fica comprimido, a pessoa pode apresentar sintomas de quem ingeriu bebida,
podendo ter um diagnóstico falso de embriaguez.
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6. LEI DE DROGAS

Quando se trata de drogas, a substância proibida deve estar relacionada na PORTARIA


344/ANVISA.

6.1. Lei de drogas (11.343/06) e o inimputável


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Art. 45. É ISENTO DE PENA o agente que, em razão da DEPENDÊNCIA, ou SOB O EFEITO,
proveniente de CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR, de DROGA, era, AO TEMPO DA AÇÃO
ou DA OMISSÃO, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, INTEIRAMENTE
INCAPAZ DE ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO FATO ou DE DETERMINAR-SE DE ACORDO
COM ESSE ENTENDIMENTO.
souza -- CPF:

• Isento de pena
Marceli souza

• dependência; ou
Marceli

• sob o efeito proveniente de caso fortuito ou força maior;


• ao tempo da ação ou da omissão;
• inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou dedeterminar-se de acordo
com esse entendimento.

Se o agente for DEPENDENTE, independe de ser proveniente de caso fortuito ou força maior,
restando apenas a análise de estar inteiramente incapaz ou não.

Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este
apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste
artigo, PODERÁ DETERMINAR O JUIZ, NA SENTENÇA, O SEU ENCAMINHAMENTO PARA
TRATAMENTO MÉDICO ADEQUADO.

• Não se trata de medida de segurança;


• poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico
adequado.

193
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE • 15

6.2. Semi-Imputável

Art. 46. As penas PODEM SER REDUZIDAS DE UM TERÇO A DOIS TERÇOS se, por força das
circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o AGENTE NÃO POSSUÍA, ao TEMPO DA AÇÃO
OU DA OMISSÃO, a PLENA CAPACIDADE DE ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO FATO ou DE
DETERMINAR-SE DE ACORDO COM ESSE ENTENDIMENTO.

A pena pode ser reduzida de um terço a dois terços:

• dependência;
• sob o efeito proveniente de caso fortuito ou força maior;
• ao tempo da ação ou da omissão;
• não possuía a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fatoou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.

6.3. Dependência física ou psíquica

• Tolerância:
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o Necessidade de doses crescentes da droga para obter o mesmo efeito, em função de um


hábito.
• sindrome de abstinência:
o São efeitos psíquicos e somátiocos (nervosismo, alucinações, agitação, tremoresetc.) Da
ausência do uso da droga.
o Quando ocorre, atesta dependência da droga.
• dependência:
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o causam conflitos na família, no trabalho, com polícia, com a justiça, na vida cotidiana
no geral.

6.4. Intoxicações e Envenenamento


souza -- CPF:
Marceli souza

Segundo o professor Genival Veloso, a intoxicação é caracterizada como sendo um quadro de


reações do metabolismo que tem origem acidental, diferente do envenenamento, que teria origem
Marceli

intencional e exógena.

• Hidrargirismo:
o A intoxicação/envenenamento se dá por mercúrio (Hg).
o Causa complicações neurológicas, podendo inclusive levar a óbito.
o É comum nas áreas de garimpo.
o Afeta o sistema nervoso causando paralisias.
• Mitridatismo:
o A intoxicação/envenenamento se dá por arsênico.
o O arsênico possui grande afinidade com a pele e, mesmo anos após a morte, é possível
verificar a presença de arsênico nos fâneros da pele.
o É inodoro, incolor e insípido.
o Em doses mínimas pode matar.
o É possível verificar sua presença nos fâneros da pele.
o São sinais que indicam: eritema na pele sem exposição ao sol, dores abdominais, vômitos
esbranquiçados, diarreia, fígado amarelado (forma crônica) etc.
o Linhas de Meegs – são ranhuras/estrias esbranquiçadas que surgem nas unhas.

194
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE • 15

o Historicamente era usado para matar reis. Por isso, o Rei Mitridates inseria em seu corpo
doses menores para criar imunização ao arsênico. Curiosamente, morreu envenenado.
• Saturnismo:
o A intoxicação/envenenamento se dá por chumbo.
o Afeta pessoas que trabalham com vidraçaria, cerâmica etc.
o Ao inspirar os vapores no trabalho, afeta-se o cérebro, causando psicoses tóxicas.
o É também causador de anemia, pois não permite a fixação do ferro na hemoglobina.
o Se um PAF ficar alojado por muito tempo dentro do corpo, é possível que ocorra o
saturnismo.
o Orla de Burton – a orla do encaixe do dente na gengiva vai ficando anegrada eindica a
intoxicação por chumbo.
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• Chumbinho (carbamato)
o É inibidor da enzima acetilcolinesterase, que é responsável por destruir os efeitos a
acetilcolina.
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DETALHANDO
A acetilcolina é liberada após cada transmissão dos impulsos nervosos aos diversos órgãos do corpo,
que fazem os músculos contraírem. A acetilcolinesterase faz com que o músculo, após a contração, relaxe.
souza -- CPF:

Assim, com a acetilcolinesterase inibida, não se consegue relaxar os músculos, o que leva a espasmos
musculares generalizados, podendo levar à morte porsufocação indireta (asfixia).
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• Pesticidas organofosforados:
Marceli

o São feitos por organofosforados para matar as pragas da lavoura.


o A ingestão desses alimentos sem a adequada higiene leva à contaminação, causando
problemas neurológicos, de controle da musculatura, náuseas etc.
o Também é inibidor da acetilcolinesterase.
o Afetam as terminações nervosas. O comando do corpo é feito por ordens do nervo para o
músculo, por meio de um composto químico chamado acetilcolina. Ocorre que uma enzima
chamada acetilcolenesterase tira os efeitos da acetilcolina. Mas, com a intoxicação, a
ordem de retirar, feita pela acetilcolenesterase, fica inibida. Assim, a ordem de movimento
fica mantida, causando desarranjo do corpo, levando a espasmos musculares
generalizados.
• Monóxido de carbono:
o Normalmente está presente na fumaça negra que ocorre pela queima de determinados
produtos.
o O monóxido de carbono possui uma afinidade muito grande com a hemoglobina, formando
a carboxihemoglobina, que impede o transporte de oxigênio.
o Quando a concentração de monóxido de carbono no sangue é maior que 50%, há perigo de

195
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE • 15

morte iminente.
o As vísceras ficam com a cor carminada.
• CIANETO
o É um tóxico que faz com que a enzima citocromooxidase (que atua no interior das
mitocôndrias) fique inibida, impedida de retirar os hidrogênios e de reagir com o oxigênio
(que está na célula, mas não reage), podendo levar à morte instantânea por excesso de
hidrogênio nas células.
o Leva à hemorragia da mucosa gástrica (lembrando uma polpa de goiaba).
o Exala odor de amêndoas amargas.
o A ação química ocorre em nível intracelular.

Drogas psicoativas ou psicotrópicas:


Quanto aos seus efeitos, podem ser classificadas em drogas:

• Psicolépticas ou psicocatalépticas;
• psicodislépticas;
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• psicoanalépticas.

Psicolépticas ou psicocatalépticas:
São drogas tranquilizantes, depressivas do sistema nervoso central, que geram a diminuição dos
batimentos cardíacos, da respiração etc.
Exemplos: álcool, sedativos, morfina, ópio, papoula, heroína, barbitúricos etc.
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Psicodislépticas:

• São drogas que distorcem o pensamento,causando alucinações.


souza -- CPF:

• São exemplos: LSD, psilocibina, mascalina, cogumelos, maconha, haxixe.


• A maconha é a droga mais consumida no mundo, e tem o princípio ativo através do THC
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(tetrahidrocanabinol), que só está presente na flor das plantas da maconha feminina.


Marceli

Psicoanalépticas:

• São drogas estimulantes do sistema nervoso central, que aceleram as reações encefálicas, e
geram euforia, agitação, respiração ofegante, pupilas dilatadas etc.
• São exemplos: Cocaína, anfetaminas, ecstasy, oxi, crack, merla etc.

Legal highs

• São drogas sintéticas produzidas em laboratório, que causam (mimetizam) os mesmos efeitos das
drogas ilícitas (psicoléptica, psicodisléptica ou psicoanaléptica), mas com componentes químicos
que não estão elencados na portaria 344 da Anvisa.

Síndrome do corpo embalagem


Ocorre quando os pacotes inseridos em um corpo para serem transportados (mulas) se rompem
com drogas no seu interior.
Body packer – os pacotes são ingeridos e transportados no estômago.
Body pusher – os pacotes são inseridos e transportados nos orifícios naturais.

196
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE • 15

Formas de introdução das drogas no corpo humano

• Oral.
• Injeção.
• Inalação.
A última possui os efeitos mais rápidos, pois não precisa passar pelo coração parachegar às artérias.

Associação de drogas ou farmacocinética

• Efeito aditivo – há o consumo de mais de uma droga e os efeitos individuais de cada uma se
somam.
• Sinergismo – há potencialização de determinada droga diante da presença de outra droga (droga
a será mais toxica em doses menores, em função da presença de outra droga).
• Antagonismo – há o consumo de mais de uma droga e os efeitos dessas substâncias se
neutralizam.
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FREDERICO ALVES MELO

16 TANATOLOGIA

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TANATOLOGIA • 16
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA • 16

A tanatologia faz parte da patologia forense e estuda os sinais que se relacionam com a evolução
da morte, sua causa médica e os fenômenos cadavéricos.
Atualmente, considera-se morto aquele que tem diagnosticada a morte encefálica, dada a
irreversibilidade da situação.
O conceito moderno de “morte clínica” ou “morte encefálica” se caracteriza pelo que preconiza a
Resolução CFM nº 1.480/97, a qual considera que “a parada total e irreversível das funções encefálicas
equivale à morte, conforme critérios já bem estabelecidos pela comunidade científica mundial”.
É apontado que, após inicialmente diagnosticada a morte, é possível serem feitos exames
complementares. Entre a primeira e a segunda avaliação, deve ser observado um espaço temporal que vai
variar de agora com a faixa etária:

• De 7 dias a 2 meses: 48 horas.


• De 2 meses a 1 ano: 24 horas.
• De 1 ano a 2 anos: 12 horas.
• De 2 anos em diante: 6 horas.

Existem ainda, alguns exames clínicos que são utilizados para auxiliar no diagnóstico demorte
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encefálica:
Olhar de cabeça de boneca, reflexo óculo-encefálico ou reflexo oculocefalógiro – realiza-se um giro
rápido da cabeça nos sentidos vertical e horizontal do pescoço, em que, se houver movimentos oculares no
sentido contrário ao do giro, indica resposta esperada para morte.
Sinal da boneca ou sinal óculo-vestibular – injeta-se certa quantidade de água no canal auditivo; a
resposta esperada é a ocorrência do nistagmo, que consiste em movimentos laterais no sentido oposto ao
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ouvido estimulado.
Reflexo pupilar – com uma fonte luminosa direcionada para os olhos, espera-se resposta ao estímulo
como indicativo de vida.
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a) Perinescroscopia
Marceli souza

É o exame corpo de delito que é feito em volta do cadáver. CPP:


Marceli

Art. 6º - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:
I - dirigir-se ao local, PROVIDENCIANDO PARA QUE NÃO SE ALTEREM O ESTADO E
CONSERVAÇÃO DAS COISAS, ATÉ A CHEGADA DOS PERITOS CRIMINAIS;

b) Exame de corpo de delito

Lei 9.099/95:
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

Art. 77, § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência
referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo
de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.

• TANATOPSIA – é o exame daquele que está morto (cadáver).


• AUTÓPSIA – é o termo usado no CPP para o exame do cadáver. Normalmente usa-se o termo
necropsia como sinônimo de autópsia.
• LOCAL RELACIONADO – é o local que não tem ligação direta com o local do cadáver, mas
indiretamente pode conter, ou ser útil para análise de prova.

199
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA • 16

1. TIPOS DE MORTE

1.1. Morte natural

É a morte proveniente de causas internas.

1.2. Morte Assistida

É assistida quando o médico assistente da pessoa em vida é obrigado a dar a declaração de óbito
(Art. 1º da RES. 1.779/06).

1.3. Morte Não Assistida

Se não tiver médico assistente, deve ser feito pelo serviço de verificação de óbito (SVO), e se não
houver este, deve ser requerida a remoção pela autoridade policial do cadáver para o IML (Art. 2º da RES.
1.779/06).
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1.4. Morte Violenta

Proveniente de causas externas, como homicídio, suicídio, acidente etc. Essas são as causas jurídicas
da morte.
O médico legista do IML é quem vai fornecer a declaração de óbito (Art. 3º da RES. 1.779/06).

1.5. Morte Suspeita


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É a morte que não sabe se a causa foi interna (natural) ou externa (violenta).
De acordo com o professor Hygino de C. Hercules, será considerada morte suspeitasempre que
houver a possibilidade de não ter sido natural a causa.
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Neste caso, o médico legista do IML vai fornecer a declaração de óbito.


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1.6. Morte Súbita


Marceli

Tem que ser natural; logo, não poder ser violenta.


Tem que ser inesperada;
Pode ser:
• Fulminante (infarto que mata na hora) ou;
• Agônica (em que leva horas, dias etc., como uma hemorragia que ocorre hádias).

De acordo com o professor Hygino de C. Hercules, tal conceito prende-se mais à inexistência de um
quadro patológico prévio que pudesse explicá-la do que ao tempo de evolução rápido da causa da morte.
Docimásia hepática química (LACASSAGNE E MARTIN) – verifica-se pelo nível de glicogênio medido
no fígado, que, se for alto, indica morte rápida, e se for baixo, morte agônica.

1.7. Morte Real

É a morte verdadeira, completa, absoluta: é a morte.

200
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA • 16

1.8. Morte Aparente

Segundo o professor Hygino de C. Hercules, é um estado profundo de embotamento das funções


vitais, em que se torna muito difícil escutar os batimentos cardíacos,pois estão bem fracos, ou perceber
os movimentos respiratórios.

2. TRÍADE DE THOINOT

Define clinicamente o estado de morte aparente, sendo caracterizado pela presença de:

• Imobilidade;
• ausência aparente de respiração;
• ausência aparente de circulação.

3. ESTRUTURA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

O encéfalo é formado por:


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• Cérebro – é a região que se encontra consciência e vontade.


• Cerebelo – é o responsável por controlar o equilíbrio e a coordenação motora.
• Ponte ou protuberância – reúne importantes centros nervosos.
• Bulbo – é o responsável pelo controle dos centros cardiorrespiratórios(batimentos cardíacos e
movimentos respiratórios).
• Tronco cerebral ou tronco encefálico – é formado por ponte e bulbo.
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souza -- CPF:

• O nervo vago parte do tronco encefálico (precisamente do bulbo), que dá os movimentos


cardiorrespiratórios.

Segundo a Lei 9.434/97, apenas com a morte encefálica (tronco encefálico)tem-se o cadáver.
Note: morte encefálica e morte cerebral não são a mesma coisa, pois o cérebroé apenas uma parte
do encéfalo (estado de coma).
O diagnóstico de morte feito na rua leva em consideração os pulsos arteriais e osmovimentos
respiratórios.

4. MORTES FETAIS E DECLARAÇÃO DE ÓBITO

PREMATURAS – não há obrigação de o médico expedir declaração de óbito.


O feto deve ter:

201
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA • 16

• Menos de 500 gramas; ou


• Menos de 25 centímetros; ou
• Menos de 5 meses (20 semanas)

INTERMEDIÁRIAS – há obrigação de o médico expedir declaração de óbito.


O feto deve ter:

• → Mais de 500 gramas e menos de 1000 gramas; ou


• Mais de 25 centímetros e menos de 35 centímetros; ou
• Mais de 5 meses e menos de 6 meses

TARDIAS – há obrigação de o médico expedir declaração de óbito.


O feto deve ter:

• Mais de 1000 gramas; ou


• Mais de 35 centímetros; ou
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• Mais de 6 meses
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IDADE GESTACIONAL
FÓRMULA DE HAASE é o meio pelo qual se verifica o tempo de gestão por meio da estatura do feto.
Se verifica o tempo de gestação pela raiz quadrada da estatura.
4 cm – 2 meses de gestação – pois 2² = 4;
9 cm – 3 meses de gestação – pois 3² = 9;
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16 cm – 4 meses de gestação – pois 4² = 16;


25 cm – 5 meses de gestação – pois 5² = 25;
A partir dos 25 cm, deve-se dividir por 5,6.
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5. SINAIS ABIÓTICOS IMEDIATOS DE MORTE


Marceli souza

Os sinais abióticos imediatos são indicativos de probabilidade de morte, tais como:


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• perda de consciência;
• imobilidade;
• insensibilidade;
o sinal de Josat – faz-se estímulo do mamilo, não havendo resposta, indica morte.
• abolição do tônus muscular;
o sinal de Rebouillat – injeta-se 1 ml de éter na coxa; se houver absorção,indica vida; se
refluir, indica morte.
• relaxamento do esfíncter;
o faz com que urina e fezes sejam expelidos.
• fácies hipocrática, cadavérica ou máscara da morte;
o rugas se atenuam, deixando um semblante de profunda serenidade.
• inexcitação elétrica;
• cessação da respiração;
o sinal de winslow - é a imobilidade da chama de uma vela na proximidade do nariz.
o se a parada for irreversível tem-se a morte.

202
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA • 16

• cessação da circulação;
o Verificação da morte por ausência de circulação:
▪ Teste de Magnus – amarra-se um torniquete ao redor de um dedo com pressão
suficiente para barrar o sangue venoso sem bloquear o arterial. se houver circulação,
em poucos minutos a parte distal fica arroxeada e congesta.
▪ teste de Halluin – aplica-se uma gota de éter no fundo-de-saco conjuntival de um
dos olhos. se estiver vivo, haverá congestão.
▪ Teste de Rebouillat – a injeção de éter no tecido subcutâneo reflui pela ferida
punctória da pele, caso não haja circulação; caso contrário, é absorvido e desperta
reação inflamatória.
▪ Teste de Icard – produz uma coloração verde-esmeralda na esclerótica (parte
branca do olho) pela injeção endovenosa ou intramuscular de uma solução de
fluoresceína esterilizada.

Com os esses sinais abióticos imediatos, não é possível afirmar que houve a morte encefálica
(tronco cerebral).
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5.1. Período de incerteza de Tourdes

Trata-se do período em que não se pode afirmar se o indivíduo está morto ou não, devendo-se buscar
nesse momento a reanimação.
Tem-se a presença dos sinais abióticos imediatos de morte.
Logo, é o período entre o aparecimento dos sinais imediatos e os sinais tardios, consecutivos ou
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mediatos.
Segundo o professor Wilson Palermo, é o período quantificado entre cerca de 6 horas antes e 6
horas depois da morte. Ainda segundo o professor, durante esse período, se forem produzidas lesões no
cadáver, não é possível afirmar com precisão se as lesões foram feitas em vida ou após a morte.
souza -- CPF:

5.2. Período supravital do órgãos


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Após a morte, os órgãos permanecem funcionando por algum tempo, ou seja, não param
Marceli

imediatamente.

5.3. Período de sobrevivência

É o período entre o evento danoso e a morte.

6. SINAIS ABIÓTICOS CONSECUTIVOS OU MEDIATOS DE MORTE

Neste caso, trata-se de sinais tardios ou reais que indicam a certeza da morte.

• evaporação tegumentar;
• refriamento do corpo cadavérico ou algor mortis;
• livores cadavéricos, hipostases ou livor mortis;
• rigidez cadavérica ou rigor mortis;

203
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA • 16

6.1. Evaporação tegumentar

Trata-se de um fenômeno físico, em que a água do corpo começa a evaporar, ou seja, ocorre a
desidratação dos tecidos;

• leva ao apergaminhamento da pele;


• leva à dessecação das mucosas;
• leva à perda de peso, sendo mais acentuado em recém-nascidos.
• tem início nos locais em que a pele é mais delgada, como a bolsa escrotal.

6.2. Fenômemos oculares

Com olhos abertos, a evaporação ocorrerá mais rápido.

• macha negra ocular de larcher-sommer:


o Com a evaporação, a esclerótica (parte branca do olho), fica transparente, deixando o
tecido subjacente, conhecido como coróide (que é mais escura) amostra.
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o Tempo médio para aparecimento: 3 a 5 horas após a morte (de acordo com as condições
ambientais).
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• Tela albuninóide ou viscosa de Stenon-Louis – a poeira que está no ar, ao cair em cima dos olhos,
Marceli souza

se mistura com a lágrima e com as células dos olhos, gerando sujeira/lama que cobre a íris e deixa
Marceli

a córnea menos transparente.


• Sinal de Ripault – trata-se da deformação da íris e da pupila que ocorre cerca de 8 horas após a
morte.
• Sinal de Bouchut – é o enrugamento da córnea em função da desidratação.

6.3. Resfriamento do corpo cadavérico ou algor mortis

Trata-se de um fenômeno físico.


Quando a morte ocorre, o sistema de aquecimento do corpo é interrompido, e como é mais quente
que o meio ambiente (regra), o calor do corpo passa para o meio ambiente e começa a esfriar.

6.3.1. Formas de conservação e dissipação do calor

• Condução – deve haver contato.


• Convecção – camadas mais quentes perdem calor na superfície (ondassucessivas).
• Evaporação – perda de água com o calor.
• Irradiação – a fonte de calor vem de longe, não havendo contato.

204
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA • 16

ATENÇÃO!
Não existe perda de calor por transpiração.

6.3.2. Fatores que interferem na perda de calor

Fatores intrínsecos: Camada de gordura subcutânea retarda o início do resfriamento cadavérico.


Fatores extrínsecos: Roupas e condições ambientais interferem na perda de calor.

6.3.4. Cronotanatognose pelo algor mortis

É a busca de se indicar o tempo que a morte ocorreu pela temperatura corporal.


Sinais auxiliares para auxiliar na cronotanatognose:
• Perda de peso;
• Mancha verde abdominal;
• Presença de cristais no sangue – cristais de Westenhoffer-Rocha-Verde (surgem após o terceiro
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dia de morte);
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• Circulação póstuma de Brouardel;


• Crescimento de pelos;
• Conteúdo estomacal (varia de acordo com a digestão; em média, tem-se que: alimentação pesada
– 5 a 7 horas; média – 3 a 4 horas; leve – 1 hora e 30 minutos a 2 horas);
• Entomologia forense (analisa a presença de insetos e larvas = legiões de Méguin)
• Entre outros.
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FÓRMULA DE MORITZ
Estabelece o TEMPO DA MORTE PELA TEMPERATURA RETAL, em que se deve ter como parâmetro a
temperatura de 37 graus, subtrair da temperatura retal e,por fim, somar mais 3, em que o resultado será
souza -- CPF:

o tempo aproximado da morte.


Ex.: temperatura retal de 28 graus:
Marceli souza

37 – 28 + 3 = 12 horas (aproximadamente).
Marceli

FÓRMULA DE RENTOUL E SMITH


H = N . C / 1,5 H = Tempo calculado
N = Temperatura retal normal (37,2º)C = Temperatura retal do cadáver
1,5 = Média em graus de resfriamento a cada hora.

6.4. Livores cadavérico, hipóstases ou livor mortis

Trata-se de um fenômeno físico em que surgem manchas arroxeadas, resultantes do acúmulo desangue
no interior dos vasos sanguíneos das regiões de maior declive do cadáver (em função da ação da gravidade).
Ex.: se um indivíduo morrer enforcado, a região das hipóstases será a região dos membros inferiores.

• Os livores podem ser cutâneos (pele) ou viscerais (órgãos).


• As partes que ficarem no aclive ou que ficar pressionada, ficarão sem acúmulo de sangue.

205
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA • 16

• Permanecem até surgirem os fenômenos da putrefação.


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Imagens retiradas do curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco.Note que as regiões de contato não apresentam
acúmulo de sangue.

6.4.1. Cronotanatognose pelos livores

• Cerca de 30 minutos – aparecem pontos arroxeados nas regiões de declive.


• Cerca de 2 horas – os pontos se juntam e formam manchas.
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• Cerca de 6 horas – toda área de declive fica arroxeada (salvo as áreas de contato por
compressão);
o Neste momento o livor é móvel, ou seja, se o cadáver for manipulado, o livor vai mudar
de posição.
souza -- CPF:

• Cerca de 8 a 12 horas – com a autólise, o sangue que está dentro do vaso passa para o exterior
Marceli souza

e mancha os tecidos, e mesmo que se mude o cadáver de posição, o livor não irá sair do lugar,
pois encontra-se fixado.
Marceli

COMO DIFERENCIAR LIVOR DE EQUIMOSE?


Quando o coração para de bater, o sangue irá se acumular nas regiões de maior declive do corpo,
devido à gravidade. Em razão da pressão exercida nos vasos, o sangue irá extravasar, formando uma série de
pontos. Assim, se o sangue estiver saindo dos vasos, trata-se de “equimose falsa” em pessoa morta, que são
chamados de livores (que com o passar do tempo, irão se fixar nos tecidos, não sendo mais possível a
movimentação do sangue).
Se a equimose for fruto de um trauma e estiver fora dos vasos (infiltração hemorrágica), trata-se
de equimose verdadeira, ou seja, foi feita em vida.
Como verificar?
Deve ser utilizada a TÉCNICA DE BONNET, que consiste em realizar uma incisão no local e jogar água
corrente. Se limpar a área, indica que foi feito após a morte (pois não infiltrou), e se não limpar, indica que
foi feita em vida, pois há sangue acumulado na região.
Para fixar:
SE TIVER SAINDO SANGUE PONTILHADO DOS VASOS, trata-se de LIVOR. Assim, ao se jogar água no

206
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA • 16

local, irá limpar.


SE HOUVER INFILTRAÇÃO HEMORRÁGICA (TECIDOS MANCHADOS/IMPREGUINADOS), trata-se de
EQUIMOSE. Ao se jogar água, não irá limpar a área.

Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do professor Roberto Blanco

6.4.2. Cores do livor e possível causa da morte


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• Violáceo – indica asfixia como possível causa de morte.


• Vermelho claro – indica baixas temperaturas (frio) como possível causa de morte.
• Vermelho vivo – indica cianeto como possível causa de morte.
• Carmim – indica monóxido de carbono como possível causa de morte.

6.5. Rigidez cadavérica ou rigor mortis


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É um fenômeno químico decorrente das reações entre as proteínas musculares, actina e miosina, e
os líquidos cadavéricos (com a ausência de oxigênio, o PH cai e o corpo fica ácido, sendo impossível a
manutenção de vida nesse meio, o que faz com que se perca a mobilidade — actina e miosina coagulam e
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o movimento fica prejudicado). Esse processo que ocorre entre actina e miosina é chamado de teoria
química de Brucke e Kuhne.
Marceli souza

6.5.1. Cronologia da rigidez cadavérica


Marceli

• Até cerca de 2 horas após a morte – o corpo se encontra mole.


• Aproximadamente 2 horas após a morte – o masseter fica endurecido:

• Entre 2 e 6 a 8 horas após a morte – a região do pescoço encontra-se rígida e os membros


inferiores encontram-se moles.

207
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA • 16

• Cerca de 6 a 8 horas após a morte – o cadáver fica todo duro.

Imagem retirada do curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco

• Acima de 24/36 horas:


o Há o dezfazimento da rigidez (o corpo volta a ficar maleável), pois o corpo entra em
decomposição (putrefação).
o Os sinais da putrefação indicam que não se trata de uma morte recente.
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Período de estado – é o tempo que o cadáver permanece rígido.

6.5.2. Lei de Nysten-Sommer-Larcher

• A rigidez cadavérica se instala no sentido céfalo-caudal ou crânio-podálico (direção da cabeça


para os pés).
• As massas musculares menores endurecem primeiro que as massas musculares maiores.
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6.5.3. Espamo cadavérico, rigidez estatuária ou cataléptica

• Trata-se de uma rigidez cadavérica instantânea assim que ocorre a morte, mantendo a última
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posição até o início da putrefação.


• Chamado de sinal de Kossu.
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6.5.4. Rigidez cadavérica precoce


Marceli

Mortes violentas acompanhadas de intensa luta ou causadas por asfixia mecânica podem acelerar
o curso de rigidez cadavérica, vez que houve um alto consumo de energia; assim, faltará energia para os
tecidos flácidos (a falta do oxigênio, faz o processo de rigidez ser mais rápido que o normal).
Verifica-se pelo nível de glicogênio medido no fígado, que, se for alta, indica a morte rápida.

6.6. Alterações celulares microscópicas que aparecem horas após a morte

6.6.1. Reação inflamatória

• Se existe reação inflamatória na lesão, a pessoa sobreviveu algum tempo após a lesão.
• Se não possui sinal de reação inflamatória, ou a lesão foi feita após o óbito, ou a pessoa estava
viva e morreu instantaneamente, e não houve tempo para a reação se iniciar.

São exemplos de lesões feitas em vida:

• Infiltração hemorrágica nas lesões;

208
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA • 16

• Coagulação do sangue nas lesões;


• Crosta nas escoriações;
• Espectro equimótico;
• Calo nos ossos fraturados.

6.7. Tipos de morte celular

• APOPTOSE:
o São células normais que, em determinado momento, sem ser em decorrência de
inflamação ou doença, involuem (diminuem de tamanho e ficam mais densas pela perda
de líquido) e morrem ISOLADAMENTE, cedendo espaço para que o organismo se utilize
daquela área para outra finalidade.
• NECROSE:
o Ocorre quando um grupo de células morre em função de uma doença ou trauma que
comprometa o organismo. Pode atingir membros e órgãos, no todo ou em parte. Há reação
inflamatória.
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• AUTÓLISE:
o Autodestruição da célula após cumprir seu ciclo vital. Assim, libera enzimas de seus
lisossomos e se autodestrói. É um processo natural, que não decorre de doença ou trauma.

7. FENÔMENOS CADAVÉRICOS TRANSFORMATIVOS

Os fenômenos cadavéricos podem ser:


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• CONSERVADORES:
o mumificação.
o saponificação.
souza -- CPF:

o corificação.
• DESTRUTIVOS:
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o autólise.
Marceli

o putrefação.
o maceração.

7.1. Conservadores

São fenômenos conservadores naturais, que começam a se instalar dois ou mais mesesdepois da
morte.

7.1.1. Mumificação

• É um fenômeno químico.
• Ocorre em ambiente muito arejado, seco e quente (favorece a perda de líquidos).
• Com a acentuada perda de líquidos, cessa a proliferação de bactérias, impedindo que a
putrefação prossiga e, em razão da desidratação, o cadáver fica mumificado.
• Pode ocorrer de modo natural ou artificial (embalsamento), geral ou local, superficial ou
profundo.

209
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA • 16

• O professor Roberto Blanco cita a possibilidade de ocorrer mumificação no gelo, desde que o
cadáver esteja exposto a ventos gelados (não haverá se estiver coberto com neve).

Cadáver Mumificado
Imagem retirada do curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco

7.1.2. Saponificação ou adipocera

• É um fenômeno químico.
• Ocorre em ambiente quente, úmido e pouco arejado.
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• Surge da reação da gordura do tecido gorduroso com os metais do solo, formando um produto
químico semelhante a um sabão/cera, que cobre o cadáver, impedindo a proliferação das
bactérias.
• Pode começar a partir de 2 meses após o falecimento (durante a putrefação), pois a massa de
adipocera passa a apresentar uma coloração mais escura, tornando-se mais dura e quebradiça.
• Segundo o professor Hygino de C. Hercules, este processo é marcado por um odor de queijo
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rançoso e adocicado.
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Marceli

Cadáver saponificado
Imagem retirada do curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco

7.1.3. Corificação

• É um tipo especial da mumificação, pois há desidratação, com os tecidos secos e duros.


• Exige um ambiente especial, qual seja, o interior de urnas lacradas e forradas com de zinco.

210
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA • 16

• Os tecidos de revestimento endurecem e ficam parecidos com couro.

Imagem retirada do curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco

7.2. Destrutivos

7.2.1. Autólise

• É um fenômeno químico.
• Ocorre em nível celular, tratando-se da autodestruição da célula. A célula é composta por núcleo
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e citoplasma. No citoplasma estão os lisossomos (que seriam os “estômagos das células”) e,


dentro destes, há enzimas, que são liberadas e destroem a célula. Essa liberação e consequente
destruição ocorre porque a célula já cumpriu seu ciclo vital, está adoecida ou em função de seu
funcionamento ruim.

7.2.2. Putrefação
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• Putrefação é a decomposição da matéria orgânica.


• Essa destruição do cadáver é um fenômeno químico que se dá em virtude daação de bactérias,
germes e larvas.
• A depender do ambiente, esse processo de putrefação pode ser mais rápido ou mais lento,
souza -- CPF:

podendo inclusive variar para um quadro de conservação.


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• Locais quentes, secos e muito arejados dificultam a putrefação.


Marceli

a) Fases da putrefação

• Fase cromática ou de coloração;


• Enfisematosa ou gaseificação;
• Fase redutora ou coliquação;
• Esqueletização.

1. FASE CROMÁTICA OU DE COLORAÇÃO


O cadáver, ao entrar em putrefação, começa a apresentar uma tonalidade esverdeada, aparecendo
a mancha verde de Brouardel, que se instala na fossa ilíaca direita (local do intestino grosso/ceco).
A mancha verde abdnominal de Brouardel é resultante da produção do gás sulfídrico (pelas
bactérias), que, entrando em reação com a hemoglobina (vermelha, mas com a degeneração do ferro fica
vermelho escuro), forma a sulfoxi-hemoglobina, que dá um aspecto esverdeado na coloração.
Após, poderá ter progressão para todo o corpo.
Essa mancha aparece cerca de 18 a 24 horas depois da morte.
O professor Wilson Palermo cita cerca de 24 horas, que coincidiria com o momentodo desfazimento

211
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA • 16

da rigidez cadavérica.
No frio, o tempo de aparecimento pode ser maior que em condições normais.

Mancha verde abdominal - Imagem retirada do curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco

ATENÇÃO!
Nos fetos (natimortos), a mancha verde de Brouardel aparece na entrada dos orifíciosnaturais
(boca, narina e ânus), pois é o local em que há bactérias.

Cabeça de negro de Lecha-Marzo – nos afogados (verdadeiro/azul), a mancha verde de Brouardel


aparece na cabeça no, pescoço ou na parte alta do tórax. O professor Wilson Palermo diz que nos afogados
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essa mancha verde tende aaparecer nos terços médios superiores do corpo.
2. ENFISEMATOSA OU GASEIFICAÇÃO
A fase gasosa inicia a partir das 48/72 horas.
Nessa fase os órgãos tendem a ir para fora em função dos gases. Assim, tem-se a protusão da língua
e dos olhos, o intestino a sair pelo ânus, o útero a sair pela vagina, o pênis fica ereto.
Imagem retirada do curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco
Marceli souza
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Bolhas da putrefação – na fase enfisematosa, aparecem bolhas da putrefação, que se diferem das
bolhas feitas em vida por queimadura, pois nas bolhas da putrefação não há presença (ou há pouquíssima)
de proteína nos líquidos (reação de Chambert dando negativo).
Teste de Ícard – a bolha da putrefação, ao entrar em contato com determinado papel impregnado
de chumbo, fica com a cor negra.

Imagem retirada do site do professor Malthus.

Circulação póstuma de Brouardel – à medida que os gases da putrefação evoluem, há uma distensão
dos vasos sanguíneos no cadáver, dando impressão de circulação sanguínea, pois surge na pele o desenho
das veias.

212
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA • 16

Imagem retirada do curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco

• Há doutrina que diz que poder ser perceptível ainda na fase cromática; no entanto, há maior
percepção da circulação póstuma de Brouardel na fase gasosa.

Parto póstumo de Brouardel – em razão do aumento da quantidade de gases, se a mulher estiver


grávida, é possível que ocorra o parto póstumo de Brouardel, ou seja, o feto ser expelido em função dos
gases.
Os gases da putrefação podem ser combustíveis ou não:
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• 1º dia – não são combustíveis, pois há muito CO2.


• 2º, 3º e 4º dias – são combustíveis em função da presença do gás metano.
• 5º dia em diante – voltam a ser não combustíveis.

Se um cadáver dentro d’água já estiver flutuando, indica que está na fase da gaseificação. Ocorre
normalmente a partir de 72 horas da morte.
Técnica do desluvamento: a epiderme tende a ser destruída nesta fase; assim, se ainda estiver
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presente, é possível a retirada da epiderme, como se fosse uma luva, preservando-a com glicerina para
posterior colheita das digitais.
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Marceli souza
Marceli

Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do professor Roberto Blanco

3. FASE REDUTORA OU COLIQUAÇÃO


Nesta fase, há a dissolução pútrida dos tecidos moles, tornando-se massa liquida pútrida,perdendo
características morfológicas, até o esqueleto aparecer.
Embora ser extremamente variável, indica-se como parâmetro de início 3 semanas após o óbito
(assim concorda o professor Wilson Palermo em sua obra).
As larvas e os insetos (entomologia forense) são os maiores causadores de destruição do tecido
mole do corpo.
É possível cronotanatognose pela entomologia forense, que varia conforme o tipo de inseto.

SOMBRA CADAVÉRICA
É a mancha decorrente da dissolução dos tecidos moles que se impregnam no local que se encontra o
cadáver, sendo possível análise deste material para relacionar coma morte.

213
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA • 16

4. ESQUELETIZAÇÃO
É possível que a esqueletização ocorra gradativamente em certas partes do corpo; assim,pode ser
total ou parcial.
Geralmente ocorre em cerca de 3 anos, podendo variar de acordo com o ambiente. A fauna
cadavérica pode acelerar o processo de esqueletização.

7.2.3. Maceração

Trata-se da destruição dos tecidos moles em virtude da ação de um líquido (geralmentea água). É um
fenômeno químico.
A maceração pode ser séptica ou asséptica:

• MACERAÇÃO SÉPTICA – é a maceração com contaminação de bactéria (típica dos afogados).


• MACERAÇÃO ASSÉPTICA – é a maceração sem contaminação de bactéria.

a) Maceração Fetal
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Os fetos ficam dentro do saco amniótico e o líquido contido nele pode destruir as células da pele. Ocorre
que, quando o feto está vivo, a pele é sempre regenerada. Mas se o feto vier a morrer no interior do saco
amniótico, a pele não se regenera e os tecidos moles sofrem maceração. É uma maceração asséptica.
São características da maceração fetal:

• Destacamento da epiderme visível;


• Derme vermelha em função da hemoglobina (inclusive o cordão umbilical);
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• Membros com amplitude ampliada;


• Abdômen achatado como de anfíbios.
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Se o feto, quando sair, já estiver macerado, indica que tem mais de 24 horas após a morte dentro
do útero.
Marceli souza

A maceração só ocorre a partir do 5º mês de gestação.


Ao ser expulso, o feto macerado apresenta coloração róseo-avermelhada universal, tem cabelos
Marceli

destacados e o couro cabeludo muito frouxo, deslizando amplamente sobre os ossos da calota, os quais se
mostram frouxos, por vezes soltos uns dos outros, se a retenção durar mais alguns dias (sinal de Spalding).

• Sinal de Spalding – é o acavagalmento das calotas cranianas que indica mais de 7 dias da morte
fetal.

Imagem retirada do curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco

• Sinal de Hartley – é a perda da configuração da coluna vertebral.


• Sinal de Spangler – é o achatamento da abóboda craniana.

214
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA • 16

• Sinal de Horner – é representado pela assimetria craniana.


• Sinal de Robert – é a presença de gases nos grandes vasos e nas vísceras.
• Sinal de Brakeman – quando ocorre a queda do maxilar (boca aberta).
• →Sinal de Damel – é o halo pericraniano translúcido.

Graus da maceração – classificação de Laugley

o GRAU ZERO:
▪ Até 8 horas.
▪ Pequenas bolhas espalhadas na pele.
o GRAU UM:
▪ De 8 a 24 horas.
▪ Bolhas agrupadas e inicio do destacamento da pele.
o GRAU DOIS:
▪ De 24 a 48 horas.
▪ Há um acentuado destacamento da derme e líquido acentuado nas cavidades.
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o
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GRAU TRÊS:
▪ Mais de 48 horas.
▪ Líquido acastanhado nas cavidades.

O professor Wilson Palermo, seguindo o professor Genival Veloso de França, cita apenas graus 1, 2 e
3:

• 1º GRAU – se dá com a presença de flictenas, que aparecem de 1 a 3 dias após a morte.


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• 2º GRAU – rompem-se as bolhas, e a epiderme fica com cor arroxeada. A partir do 8º dia da
morte.
• 3º GRAU – apresenta deformidade craniana e infiltração de hemoglobina nas vísceras. O feto
souza -- CPF:

apresenta uma tonalidade marrom. Ocorre a partir da terceira semana.


Marceli souza
Marceli

FETO MACERADO
Imagem retirada do site professor Malthus

215
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA • 16

b) Litopédio

O litopédio, que ocorre até o terceiro mês, é um fenômeno transformativo conservador; diversamente
da maceração, há ausência de líquido, que leva o feto à petrificação, pois, diante da ausência de líquido, os
sais minerais começam a aderir no feto, petrificando-o.

c) Feto papiráceo
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Exige a presença de pelo menos outro feto na cavidade uterina para que um deles seja papiráceo.
Com a evolução da gestação, um dos fetos, o que vai sobreviver, impede odesenvolvimento do outro, que
se torna progressivamente atrofiado e morre. Morto e atrofiado, progressivamente vai sendo comprimido
pelo irmão-parasita até o final da gestação.
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Marceli souza

Imagem retirada do curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco


Marceli

7.2.4. Exumação

• Administrativa:
o É feita pelo próprio cemitério para sepultamento de outros cadáveres.
o Ocorre, normalmente, após 3 anos.
• Judicial:
o Ocorre a qualquer tempo.
o Delegado de polícia pode de ofício realizar a exumação.
o Delegado faz o AUTO DE EXUMAÇÃO, em que todas as pessoas que participaram da
exumação, assinam.
o Perito legista faz o LAUDO DE EXUMAÇÃO, que apenas o legista assina.

Segundo o professor Hygino de C. Hercules, deve o juiz preferencialmente autorizar; no entanto, se


o juiz não determinar, nada impede que o delegado atuasse de ofício.

Art. 163. Em caso de EXUMAÇÃO PARA EXAME CADAVÉRICO, a AUTORIDADE


Providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da

216
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA • 16

qual se lavrará AUTO CIRCUNSTANCIADO.


Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob
pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-
se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias,
o que tudo constará do auto.

Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem
como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime.

Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão
ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados.

Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento
pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de
testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver,
com todos os sinais e indicações.
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados,
que possam ser úteis para a identificação do cadáver.

• Arqueológica

Finalidades arqueológicas, ou seja, destinada a pesquisar fósseis históricos.


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FREDERICO ALVES MELO

17 SEXOLOGIA FORENSE
SEXOLOGIA FORENSE • 17

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FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

1. A VIDA SEXUAL FEMININA

1.1. Menarca ou catamenil

Trata-se da primeira menstruação, que vem após a primeira ovulação (eliminação do ovócito – nome
técnico do óvulo), decorrente da estrutura chamada de Folículo de Graaf ou ovariano. No período de ovulação
da mulher, esse folículo protege o óvulo até o momento em que o óvulo é expelido.
Ao ser expelido, o óvulo vai para a trompa uterina e, neste local, pode ser ou nãofecundado pelo
espermatozoide. Se não houver fecundação, haverá a descamação da parede do útero, que levará à
menstruação.
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Imagem retirada do curso de Medicina Legal do professor André Uchoa

Note que, após óvulo ser expelido, a célula de Graff permanece, sendo chamada de corpo
amarelo ou lúteo.
O corpo amarelo ou lúteo é responsável pela produção de progesterona, que atua no útero
mantendo a camada do endométrio ilesa, evitando a descamação.
CPF: 073.496.444-77

Se não houver a fecundação, o corpo amarelo irá retrair e cessar a produção de progesterona, com a
consequente descamação do endométrio; assim ocorre a menstruação.
Se, por outro lado, houver a nidação, o próprio feto irá produzir o beta-HCG, que irá agir sobre o corpo
amarelo, mantendo a produção de progesterona e a consequente manutenção do endométrio sem sua
souza -- CPF:

descamação (por isso durante a gravidez não há menstruação).


Marceli souza

1.2. Gravidez
Marceli

1.2.1. Concepção, fertilização ou fecundação

• É o fenômeno em que o espermatozóide (célula sexual masculina que éproduzida pelos testículos)
penetra no ovócito secundário (óvulo – célula sexual feminina que é produzida pelo ovário).
• Dentro do ovário, o óvulo é envolto por um conjunto de células que é o folículo de Graaf ou
ovariano. O folículo protege o óvulo no período de ovulação da mulher, até o momento que o óvulo
é expelido. Ao ser expelido, o óvulo vai para a trompa uterina e, nesse local, pode ser ou não
fecundado pelo espermatozoide.
• Se o espermatozoide fecundar o óvulo, forma-se o zigoto (ovo), que se implanta no endométrio
(parede do útero).

A fecundação se dá no terço médio ou superior da trompa uterina. (túnel que liga o ovário e o útero).
Ocorre nesse local porque o ovócito secundário sobrevive cerca de 24 a 36 horas, e o percurso pela trompa
uterina leva cerca de 5 dias. Oespermatozoide, que possui um período de vida maior, tem que percorrer maior
trajeto e ir à parte superior da trompa do uterina para fecundar o óvulo.

219
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

1.2.2. Nidação ou gravidez tópica

Após a concepção/fecundação, que antecede a nidação, tem-se a formação do zigoto (embrião). A


nidação é o momento em que esse embrião se implanta no endométrio, que é a parede do útero.
Para o Direito Penal, a nidação marca o início da gravidez. Por isso, mesmo após a concepção, se o
concepto for eliminado antes de se fixar no endométrio, não há crime de aborto. Mesmo pensamento se
aplica nos casos de pílula anticoncepcional, pílula do dia seguinte etc.

1.2.3. Gravidez ectópica ou tubária

É possível que o embrião se fixe em outro ponto, que não seja no endométrio (no início do ovário, na
trompa etc.); neste caso tem-se a gravidez ectópica ou tubária, que pode levar a perigo de vida (como quando
ocorre o rompimento da trompa).
Se houver perigo de vida para a mulher, é possível a realização do aborto com fundamento no aborto
necessário, terapêutico ou profilático (Art. 128 do Código Penal).
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CPF: 073.496.444-77

Quando o embrião se forma, ele é formado por células trofoblásticas, que inicialmente protegem o
zigoto e posteriormente formam a placenta.
É possível verificar aborto em mulher morta. Para isso, inicialmente se verifica se ela passou por
souza -- CPF:

período de gravidez e, depois, verifica-se a presença de células trofoblásticas na corrente sanguínea (pois ao
se retirar o concepto, essas células se misturam com as células da mãe).
Marceli souza

O tema é tratado pelo professor Hygino de C. Hercules (análise de células trofoblásticas no


Marceli

parênquima pulmonar) e já foi cobrado em questão discursiva no RJ.

1.2.4. Etapas do parto

• Início do parto;
• Expulsão do concepto;
• Fim do parto.

220
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

1.2.4.1. Início do parto

Prevalece a visão de que o início do parto se dá no momento da dilatação do colo uterino. Existe,
porém, corrente minoritária que aponta o início como sendo a rotura do saco amniótico.
Parto cesariana (via abdominal): o início do parto se dá com o rompimento dosaco amniótico.
A partir do início do parto, não é possível mais se falar em aborto.

1.2.4.2. Fim do parto

O momento que marca o fim do parto é a eliminação da placenta (que é um órgãodo concepto,
responsável pela alimentação) pela mãe.
A placenta também é chamada de secundina. por isso a eliminação da placenta também pode ser
chamada de dequitação ou secundamento.
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Imagem retirada do curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco


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1.2.4.3. Puerpério

Trata-se do período imediato entre o fim do parto e o retorno das condições pré-gestacionais (média
de 40 dias, sendo chamado vulgarmente de resguardo), que se dá com a nova ovulação.
souza -- CPF:

Puerpério não se confunde com estado puerperal, pois este é um estado anímico que ocorre após o
parto, podendo, inclusive, decorrer no crime de infanticídio (matar o próprio filho, durante ou logo após, sob
Marceli souza

influência do estado puerperal).


Marceli

1.2.4.4. Lóquios

Após o parto, a mulher expulsa uma secreção que é resultado do desligamento entre a placenta e o
endométrio. Esse desligamento resulta em feridas no endométrio. Essas feridas são chamadas de lóquios.
Por meio dos fragmentos (lóquios) do local de onde a placenta estava inserida, é possível verificar se o
puerpério é:

• Imediato – os lóquios estão mais sangrentos.


• Intermediário ou recente – os lóquios estão mais avermelhados.
• Tardio – os lóquios encontram-se mais esbranquiçados em função do plasma.
• Longínquo – os lóquios desaparecem.

Colo do útero

• Local de entrada dos espermatozoides;


• Local de saída da menstruação;
• Local de saída da criança no parto vaginal.

221
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

Tumor do parto ou caput sucedaneum


No parto vaginal, à medida que a criança vai sendo expelida, a cabeça é a primeira a sair; esta pode
ficar presa no colo do útero, recebendo pressão dele.
Assim, a cabeça vai receber o sangue normalmente, mas, devido à compressão, a volta fica dificultada,
levando ao acúmulo de sangue local, causando a chamada bossa serinosaguinolenta occiptal ou tumor do
parto.
A presença do tumor do parto ou caput sucedaneum indica a presença de vida (mesmo que expelida
morta). Logo, visto que há vida, tem-se personalidade, cadeia sucessória etc. Se dá, em regra, no primeiro
filho por parto vaginal, pois nos seguintes, a musculatura está menos rígida.
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Imagem retirada do curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco

2. GEMÊOS

• Univitelinos, verdadeiros ou monozigóticos – são gêmeos quase idênticos em razão de serem


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oriundos do mesmo óvulo. Este embrião, posteriormente, se divide em dois, se implantando no


mesmo local do útero.

ATENÇÃO!
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1) Impressão digital e arcada dentária se diferem.


Marceli souza

2) Se a divisão não for completa, é possível que nasçam gêmeos siameses ouxifópagos.
Marceli

• Bivitelinos, falsos ou fraternos – quando a mulher elimina dois ou mais óvulos e esses óvulos são
fecundados por espermatozoides diversos, eles se implantam em locais diversos do útero.
• É possível que óvulos sejam fecundados por espermatozoides de homens diferentes, se as conjunções
carnais tiverem sido na mesma época.
• São gêmeos pois nasceram no mesmo parto, mas as características físicas são diversas.

3. PROVA DE PARTO VAGINAL ANTERIOR:

Carúnculas mirtiformes – são resíduos de hímen na mucosa vaginal.


Deve ser verificado o colo do útero:
• Se a saída do orifício do colo do útero estiver lacerado, tem-se um dado positivo de parto vaginal
anterior. Chama-se de focinho de tenca laceração na saída do colo uterino que indica parto
anterior.
• Se o focinho de Tenca estiver sangrante, o parto vaginal foi recente.

222
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

• Se o focinho de Tenca estiver cicatrizado, o parto vaginal foi antigo.

Imagem retirada do curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco

Imagem retirada do curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco


Imagem A: indica não ter tido parto anterior.
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Imagens B e C: indica ter tido parto anterior.

• Mulher nulípara – nunca teve um filho por via vaginal.


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• Mulher primípara – teve um filho por via vaginal.


• Mulher multípara – teve mais de um filho por via vaginal.

4. RECÉM-NASCIDO
souza -- CPF:
Marceli souza

Para a medicina legal, o recém-nascido é a criança que, durante o parto ou logo após, não recebeu ainda
nenhum cuidado médico.
Marceli

Assim, é a criança cujo corpo ainda se encontra coberto por sangue do parto, estando ligado à
placenta pelo cordão umbilical, que está suja de induto sebáceo (gosma que recobre o corpo para melhor
passagem pelo canal vaginal).
O Direito Penal pune o abandono de recém-nascido:

Exposição ou abandono de recém-nascido


Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria:

5. CONJUNÇÃO CARNAL

É a penetração do pênis na vagina.


Qualquer outro ato que aflore a libido é considerado ato libidinoso.
Ambos os casos servem para configurar o delito de estupro.
A membrana que delimita o início da vagina é o hímen.

5.1. Himenologia

Trata-se do estudo do hímen. Não confundir com himeneologia, que é o estudo das questões

223
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

médico legais do casamento.

O hímen é uma menbrana que limita a entrada da vagina, onde há a presença da orla(“D”) e o óstio
(“C”). Há ainda a borda livre (“B”) e a borda fixa ou de inserção (“A” – presa à vagina).
A membrana do hímen, que limita a entrada da vagina, possui duas faces:
• A face virada para fora (externa) é chamada de vulvar ou vestibular.
• A face virada para dentro (interna) é chamada de face vaginal.

5.2. Tipos de hímen

O hímen pode ser não complacente ou complacente.


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• Não complascente – é o hímen que possui óstio pequeno e orla ampla.


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• Complascente – é o hímen que possui óstio amplo e orla estreita.


souza -- CPF:
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Imagem retirada do livro de Medicina Legal do professor Hygino de C. Hércules

5.3. Alterações congênitas do hímen (nascem com a mulher)

• ENTALHES:
o Não cicatrizam;
o Geralmente não atingem toda a orla;

224
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

o Geralmente são simétricos;


o Não coapta (não é possível juntar).

• CHANFRADURA:
• São dezenas de pequenos entalhes, como se a borda do hímen fosse repleta defragmentos.
• Não cicatrizam.
• São pouco profundas e muito numerosas.
• Localizam-se na borda livre do hímen.
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5.3.1. Relógio de Lacassagne


souza -- CPF:

Lacassagne faz analogia ao mostrador de um relógio (0 a 12 horas), para apontar em que posição
ocorreu a rotura do hímen. Na imagem 6, por exemplo, há uma rotura às 6 horas.
Marceli souza

5.3.2. Quadrantes de Oscar Freire


Marceli

Assim como o relógio de Lacassagne, aponta a rotura do hímen, mas para se diferenciar do relógio,
dividiu em quadrantes, e aponta a rotura em ângulos (de 0º a 360º). Na imagem 6 há uma rotura a 180 graus.

5.4. Alterações traumáticas do hímem

• Carúnculas mirtiformes – trata-se de resíduos de hímen presentes que sãoindicativos de parto


vaginal anterior.
o A carúncula mirtiforme é traumática e assimétrica.
o Alguns autores apontam a prática intensa de atividade sexual como possível causa da
presença das carúnculas mirtiformes.
• Roturas do hímen – são lesões traumáticas, podendo ser recentes (sangrantes) ou antigas
(cicatrizadas).
o Geralmente atingem toda a orla (da borda livre à borda fixa);
o Geralmente são assimétricas;
o Decorrem da conjunção carnal;
o É possível coaptar (juntar).

225
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

LÂMPADA DE WOODS
É um equipamento utilizado para verificar se a rotura é recente ou antiga.

6. OUTRAS PROVAS DE CONJUNÇÃO CARNAL

Presença de espermatozóide no interior da cavidade vaginal –a presença de espermatozoides


no canal vaginal é indicativo de certeza de conjunção carnal.
Existem diversas reações químicas que apontam pela certeza (reação de Corin-Stokis) ou pela
probabilidade da presença de espermatozoides.
Para identificar de quem é o espermatozoide, é importante buscar o DNA no esperma.
Nos espermatozoides só existem cromossomos do pai; se o indivíduo fizer vasectomia, haverá
esperma, sem a presença de espermatozoide.
No entanto, o esperma possui outras células, com as quais é possível a identificação, tais como
leucócitos tipo linfócitos t e células da mucosa da uretra (em ambos há cromossomos do pai e da mãe).
Reação de Corin-Stokis – é a única reação que aponta certeza dapresença de espermatozoide,
tratando-se de uma verificação microscópica.
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Reações indicadoras de probabilidade de esperma – são reações que apontam a probabilidade


de ser esperma (também podem apontar presença de outras substâncias).

• Cristais de Florence;
• Cristais de Barbério;
• Cristais de Baechi;
• Cristais de Bokarius.
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ATENÇÃO!
A Lâmpada de Woods, de raio ultravioleta, serve também para indicar probabilidade de
souza -- CPF:

existir sêmen, por meio da luminescência local.


Marceli souza

• Presença da proteína P30 – proteína P30 é uma glicoproteína produzida pelo homem, que se
Marceli

encontra no sêmen.
• Presença de PSA – PSA é uma substância produzida pelo homem, que está presente no líquido
prostático e faz parte do sêmen; uma vez encontrada no canal vaginal, tem-secerteza de conjunção
carnal.
o Assim, a presença da proteína P30 indica a presença de antígeno prostático específico,
que indica ser espermatozoide.
• Fosfatase ácida prostática – a presença de fosfatase ácida em alta quantidade no canal vaginal é
indicativo de certeza de conjunção carnal. É necessário que estejapresente em alta quantidade,
pois as mulheres também possuem fosfatase ácida, só que em baixa quantidade.
o Assim, a fosfatase ácida que em altos índices (acima de 300 unidades) indica a presença de
espermatozoide.
• Gravidez – para a medicina legal, indica conjunção carnal anterior, mesmo que hoje existam
possibilidades diversas de se engravidar.
• Parto vaginal anterior – a presença de carúnculas mirtiformes indicam o parto vaginal anterior.
• Rotura do hímen – a presença de hímen roto é um indicativo de certeza deconjunção carnal
anterior.

226
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

GESTAÇÃO
É o período entre a nidação e o início do parto. Se, após iniciar o parto, alguém vier amatar o
concepto, responderá por homicídio.

7. ABORTO

É a morte do concepto, com ou sem expulsão, decorrente de uma ação interna ouexterna, a qualquer
tempo da gestação.
No Direito Penal, para ser criminoso, o aborto deve ser doloso (arts. 124 a 128 do CP).

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento


Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.

Aborto provocado por terceiro


Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
ART. 126 - PROVOCAR ABORTO COM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE:
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Pena - reclusão, de um a quatro anos.


Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze
anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave
ameaça ou violência

Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se,
em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão
corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a
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morte.

Excludentes de responsabilidade
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
souza -- CPF:

Aborto necessário
Marceli souza

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;


Marceli

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro


II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante
ou, quando incapaz, de seu representante legal.

7.1. Provas de aborto

São provas de que o concepto nasceu morto:

• Maceração fetal;
• litopédio;
• feto papiráceo;
• mola hidatiforme;
• docimásias negativas.

7.1.1. Maceração

Trata-se da destruição do tecido mole com a água.

227
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

a) Maceração fetal

• Os fetos ficam dentro do saco amniótico, e esse líquido vai destruir as células da pele; ocorre que,
quando o feto está vivo, a pele é sempre regenerada. Mas, se o feto vier a morrer no interior do
saco amniótico, a pele não se regenera e os tecidos moles sofrem maceração.
• Se o feto quando sair já estiver macerado, já se passaram mais de 24 horas dentro do útero desde
a sua morte.
• Ao ser expulso, o feto apresenta coloração róseo-avermelhada universal, tem cabelos destacados
e o couro cabeludo muito frouxo, deslizando amplamente sobre os ossos da calota, os quais se
mostram frouxos, por vezes soltos uns dos outros, se a retenção durar mais alguns dias (sinal de
Spalding).
o Sinal de Spalding – é o acavagalmento das calotas cranianas que indica mais de 7 dias da
morte fetal.
o Sinal de Hartley – é a perda da configuração da coluna vertebral.
o Sinal de Spangler – é o achatamento da abóboda craniana.
o Sinal de Horner – é representado pela assimetria craniana.
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o Sinal de Robert – é a presença de gases nos grandes vasos e nas vísceras.


o Sinal de Brakeman – quando ocorre a queda do maxilar (boca aberta).
o →Sinal de Damel – é o halo pericraniano translúcido.

Graus da maceração – classificação de Laugley:

o GRAU ZERO:
▪ Até 8 horas.
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▪ Pequenas bolhas espalhadas na pele.


o GRAU UM:
▪ De 8 a 24 horas.
souza -- CPF:

▪ Bolhas agrupadas e inicio do destacamento da pele.


o GRAU DOIS:
Marceli souza

▪ De 24 a 48 horas.
▪ Há um acentuado destacamento da derme e líquido acentuado nas cavidades.
Marceli

o GRAU TRÊS:
▪ Mais de 48 horas.
▪ Líquido acastanhado nas cavidades.

O professor Wilson Palermo, seguindo o professor Genival Veloso de França, cita apenas graus 1, 2 e
3:

o 1º GRAU – se dá com a presença de flictenas, que aparecem de 1 a 3 dias após a morte.


o 2º GRAU – rompem-se as bolhas, e a epiderme fica com cor arroxeada. A partir do 8º dia.

228
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

o 3º GRAU – apresenta deformidade craniana e infiltração de hemoglobina nas vísceras. O


feto apresenta uma tonalidade marrom.

FETO MACERADO
Imagem retirada do site professor Malthus

b) Litopédio
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A morte do concepto ocorre até o quinto mês de gestação, em que, por causa da ausência de líquidos,
leva à petrificação do feto, pois os sais minerais começam a aderir ao feto, petrificando-o.
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c) Feto papiráceo
Marceli souza

Exige a presença de pelo menos outro feto na cavidade uterina para que um deles seja papiráceo. Com
Marceli

a evolução da gestação, um dos fetos, o que vai sobreviver, impede odesenvolvimento do outro, que se torna
progressivamente atrofiado e morre. Morto e atrofiado, progressivamente vai sendo comprimido pelo irmão-
parasita até o final da gestação.

Imagem retirada do curso de Medicina Legal do professor Roberto Blanco

d) Gravidez em mola, molar ou mola hidatiforme

É uma complicação rara da gravidez que leva ao aborto espontâneo. Pode ser classificada como
completa ou parcial.

229
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

Na completa, o feto recebe apenas as células do pai duplicadas; na parcial, receberá células
duplicadas do pai e da mãe.
Essas alterações formam um emaranhado de células semelhantes a cachos de uva no útero da
mulher, causando a malformação da placenta e do feto, o que impede o desenvolvimento deste.

e) Docimásias
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São exames que têm como intuito provar que houve o nascimento do feto com vida. As docimásias
podem ser:

• Respiratórias:
o Pulmonares;
o Extra-pulmonares.
• Não respiratórias.
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e.1.) Respiratórias

Docimásias Pulmonares
souza -- CPF:

• Docimásia microscópica ou histopatológica de Baltazar-Lebrum – é a única docimásia que indica


Marceli souza

certeza, em que se verifica no microscópio:


o Se os alvéolos estiverem abertos em razão do gás da respiração, indicamnascimento com
Marceli

vida.

Imagem retirada do livro de Medicina Legal do professor Hygino de C. Hércules

• Docimásia hidrostática pulmonar de Galeno – Galeno dizia que o pulmão de um vivo flutuava em
água. Assim, indica a análise do bloco respiratório em agua; veja:
1) Pega-se o bloco respiratório e o coloca na água. Se flutuar, é indicativo que respirou; se
afundar, provavelmente não respirou e segue-se para a etapa seguinte.
2) Após, deixa-se apenas o pulmão dentro d’água. Se flutuar, é indicativo que respirou; se não

230
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

flutuar, provavelmente não respirou e segue-se para a etapa seguinte.


3) Cortam-se pedaços do pulmão dentro d’água. Se flutuar, é indicativo querespirou; se não
flutuar, provavelmente não respirou e segue-se para a última etapa.
4) Por fim, ao se esmagar os fragmentos do pulmão, sem tirá-los d’água, se houver bolhas, é
indicativo que houve respiração; logo, nasceu com vida.

O perito ao fazer essa análise deve ter cuidado com os possíveis gases de putrefação.
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• Docimásia óptica ou visual de Buchout – visualmente, o pulmão que respirou é arredondado e, ao


toque, crepita, enquanto o que não respirou apresenta-se com bordas finas e achatadas, com
consistência firme (como se fosse um fígado).
o Assim, o pulmão que se encontra arredondado, crepitando, indica o nascimento com vida.
• Docimásia diafragmática de Ploquet – quando aberta a cavidade toraxicoabdominal, observa-se o
CPF: 073.496.444-77

músculo diafragma horizontal, quando houve respiração; ao passo que este pode apresentar
convexidade exagerada das hemicúpulas quando a respiração não ocorreu, essa convexidade é
devido à pressão exercida pelas vísceras abdominais.
• Docimásia táctil de Nerio Rojas – quando da palpação interdigital, o parênquima pulmonar dá a
souza -- CPF:

sensação de fofura e crepitação, caso tenha havido respiração.


Marceli souza

• Docimásia óptica de Icard – essa prova se realiza por meio de pequenos cortes de fragmento de
pulmão, de dimensão reduzida, esmagados entre duas lâminas, de modo a transformá-los num
Marceli

esfregaço. Nos casos em que houve respiração, notam-se inúmeras bolhas de ar no esfregaço.
Porém, essa provanão tem valor para pulmões putrefeitos, pois os gases da putrefação podem
simular um resultado falsamente positivo.
• Docimásia radiológica de Bordas – trata da opacidade dos pulmões que não foram insulflados de
ar; os diafragmas não são vistos, nem a silhueta cárdio-aórtica.
• Docimásia hidrostáticas de Icard – docimásia que pode ser realizada paracomplementar a prova
de Galeno (nos casos de dúvida, ou quando apenas a4ª fase deu positivo), pois necessita de
quantidade mínima de ar nos fragmentos de pulmão.
• Docimásia epimicrocópica pneumo-arquitetônica de Hilário Veiga de Carvalho – fundamenta-se
no estudo da superfície externa do pulmão por meio do ultra-opak. Para isto, o pulmão deve ser
lavado em formalina, depositado em uma placa de Petri, cortado em fragmentos, unido a uma gota
de glicerina e visualizado com a lente objetiva de imersão. Quando houve respiração, as cavidades
cheias de ar mostram-se arredondadas com refringência contrastada em fundo negro. O pulmão
que não respirou mostra apenas um fundo negro uniforme e sem imagens. No pulmão putrefeito,
as bolhas são grandes, disformes e de distribuição irregular.
• Docimásia química de Icard – consiste em colocar um fragmento de pulmão da parte central de

231
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

um lobo, que foi previamente lavado em álcool puro, em uma solução alcoólica de potassa
cáustica a 30%. Inicialmente, o fragmento fica preso ao fundo do frasco; porém, se houve
respiração, deverãose desprender bolhas de ar originadas do parênquima destruído pelo líquido.
Se o pulmão estiver putrefeito, a dissolução da víscera será rápida e as bolhas grandes, decorrentes
do enfisema putrefativo.

Docimásias extrapulmonares
• Docimásia gastrointestinal de Breslau – similar à docimásia de Galeno. Diferencia-se por ser o
exame feito com estômago, intestino delgado e intestino grosso. Assim, se houver flutuação, a
docimásia é positiva.
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• Docimásia auricular de Vreden, Wendt e Gelé – baseia-se na ocorrência de ar na cavidade do


ouvido médio que lá ingressara através da tuba timpânica (trompa de Eustáquio), desde que o
recém-nascido tenha respirado. Consiste na punção da membrana timpânica, com a cabeça do
feto mergulhada na água, caso o mesmo tivesse respirado, surgirá uma bolha de ar que sobe até
a superfície do recipiente
• Docimásia hematopneumo-hepática de Severi – consiste em determinar as taxas de
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oxiemoglobina do sangue existente no pulmão e no fígado. Se essas taxas forem idênticas,


significa que não houve hematose, logo, não houve respiração; se houvesse respiração, a taxa de
oxiemoglobina no sangue pulmonar deveria ser obrigatoriamente mais elevada.
• Docimásia plêurica de Placzek – baseia-se no fato fisiológico de que quando houver respiração,
souza -- CPF:

deve haver, portanto, uma pressão negativa na cavidade pleural (membrana que envolve o
pulmão).
Marceli souza

• Docimásia traqueal de Martin – liga-se a traqueia na parte superior e coloca-se um manômetro


Marceli

bem sensível por corte transversal. Em seguida, faz-se pressão nos pulmões e, caso haja ar em seu
interior devido à respiração, o líquido do manômetro irá oscilar. Porém, esta prova não tem valor
em pulmões putrefeitos.
• Docimásia hematopulmonar de Zalesk – procura estabelecer se houve ou não respiração pelo
estudo do conteúdo hemático dos pulmões.
• Docimásia ponderal de Pulcquet – baseia-se na diferença de peso relativo entre os pulmões e o
corpo do infante que respirou e do que não.
• Docimásia do volume d’água deslocado de Bernt – o diagnóstico da respiração, neste caso, é dado
pelo grau de deslocamento do líquido quando neste estão imersos o pulmão e o coração.

e.2) Docimásias não respiratórias

• Docimásia siálica de Souza Diniz – consiste na pesquisa de saliva no estômago do feto. A reação
positiva é um indicativo de que existiu vida extra-uterina.
• Docimásia nervo óptico de Mirto – fundamenta-se no estado de mielinização do nervo óptico, a
qual se inicia logo após o nascimento. Tem muito mais valor como determinante do tempo de
sobrevivência do recém-nascido. Este fenômeno se inicia 12h após o nascimento e se completa

232
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

dentro de 4 dias, aproximadamente.


• Docimásia alimentar de Beoth – consiste na pesquisa sobre a presença de leite ou outros
alimentos no estômago do feto; referidos elementos não existem no natimorto. Porém, neste caso,
é importante não confundir estes restos de alimentos com o induto sebáceo que pode ter sido
deglutido pelo feto antes de nascer.
• Docimásia bacteriana de Malvoz – os fenômenos putrefativos, no feto natimorto, começam pelos
orifícios da boca, do nariz e do ânus. Nos casos em que o feto teve vida extra-uterina, a putrefação
se inicia pelo tubo digestivo e pelo sistema respiratório. Procura-se também pela presença de
bactérias bacterium colli como evidência de que houve respiração; porém, sua presença é um tanto
contraditória, pois fala mais a favor da deglutição de alimentos do que propriamente da respiração.
• Docimásia úrica de Budin-Ziegler – esta docimásia será positiva se forem encontrados uratos nos
condutos renais, como marca da respiração do recém- nascido. Esses sedimentos se apresentam
sob a forma de estrias amareladas dispostas radialmente na zona medular. Esta docimásia é
baseada no conceito de que a presença de sedimentos de ácido úrico é muito comum naqueles
que sobreviveram por um ou dois dias (Virchow).
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f) Provas de aborto na mulher viva

• Células plancetárias na mulher;


• Feridas punctórias no colo do útero;
• Presença de beta HCG na mulher não grávida;
• Restos embrionários nas secreções uterinas;
• Exema microscópico no lóquios (resíduos no endométrio em função do arrancamento da
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placenta).

IDADE GESTACIONAL
FÓRMULA DE HAASE é o meio pelo qual se verifica o tempo de gestão por meio da estatura do feto.
souza -- CPF:

Se verifica o tempo de gestação pela raiz quadrada da estatura.


Marceli souza

4 cm – 2 meses de gestação – pois 2² = 4;


9 cm – 3 meses de gestação – pois 3² = 9;
Marceli

16 cm – 4 meses de gestação – pois 4² = 16;


25 cm – 5 meses de gestação – pois 5² = 25;
A partir dos 25 cm, deve-se dividir por 5,6.

Impressões digitais
Aparecem no 6º mês de gestação.

Ponto de Beclard
Ponto de ossificação da epífise distal do fêmur, que ocorre no 8º/9º mês de gestação.

Pseudociese
É a falsa gravidez em que a mulher acredita sinceramente estar grávida (neurose). Não se trata de
simulação, pois sente os sintomas como se grávida estivesse.

8. INFANTICÍDIO

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou
logo após:

233
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

Pena - detenção, de dois a seis anos.

• Trata-se na realidade de um homicídio em uma modalidade privilegiada em um tipo autônomo.


• Historicamente, o delito de infanticídio tinha o especial fim de “ocultar desonra própria”.
• Estado puerperal é um conceito jurídico ligado ao estado psíquico (durante ou logo após o parto),
não se confundindo com puerpério (que se dá com o fim do parto, a expulsão da placenta, até a
volta das condições pré-gestacionais, ou seja, voltar a ovular).
• Trata-se de um critério físico-psíquico, pois, em seu aspecto físico, tem-se que estar no estado
puerperal, e no aspecto psíquico, que agir sob a influência do mesmo.

9. HERMAFRODITISMO

9.1. Hermafroditismo verdadeiro

Verifica-se a presença de gônadas que mostram, no mesmo órgão, tecidos masculinos e femininos,
constituindo ovotestis.
No ovotestis, são encontrados setores com:
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• túbulos seminíferos: componente masculino.


• folículos de graff: componente feminino.

Conforme a predominância de produção hormonal, o indivíduo irá apresentarcaracterísticas somáticas


em um ou outro sentido.
A genitália pode ter qualquer aspecto, desde masculino normal, passando por estágios
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intermediários, ao feminino normal.


Hermafroditas verdadeiros são classificados como:

• Unilaterais – ovotestis de um lado e gônoda normal do outro lado.


souza -- CPF:

• Bilaterais – ovotestis em ambos os lados.


• Alternos ou Laterais – com testículo de um lado e ovário do outro.
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Marceli

9.2. Pseudo hermafroditismo

Apresentam gônadas normais, ou atróficas, porém, com histologia compatível com somente um dos
sexos, ou seja, apresentam genitália externa oposta ao da gônada que apresentam. Podem ser:

• masculino – se a gônada for testículo.


• feminino – se a gônada for ovário.

10. PARAFILIAS

Parafilias são fantasias ou comportamentos frequentes, intensos e sexualmente estimulantes que


envolvem objetos inanimados, crianças ou adultos sem consentimento, ou o sofrimento ou humilhação de si
próprio ou de parceiro. Transtornos parafílicos são parafilias que causam angústia ou problemas com o
desempenho de funções da pessoa com parafilia ou que prejudicam ou podem prejudicar outra pessoa.
Serão destacadas em negrito as mais importantes para provas objetivas.
Segundo o professor Malthus, são as principais parafilias:

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FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

PARAFILIA CONCEITO

Acomoclitismo Preferência por órgãos genitais sem pêlos

Acrofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com as alturas ou com locais altos

Acrotomofilia Preferência sexual por pessoas com amputações (ver Amelotasis)

Actirastia Condição de quem se sente sexualmente excitado por expor o corpo ao sol

Acusticofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com sons

Condição de quem assume o papel de um adolescente ou é tratadoenquanto tal


Adolescentilismo
por um parceiro sexual

Agalmatofilia Atração por estátuas


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Condição de quem se sente sexualmente excitado por ter umparceiro que finge
Agonofilia
lutar ou resistir

Condição de quem se sente sexualmente excitado com espaçosabertos ou que tem


Agorofilia
preferência por ter relações sexuais em espaços públicos

Condição de quem se sente sexualmente excitado por saber queterceiros sabem


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Agrexofilia
que se está tendo relações sexuais

Agrofilia Excitação em fazer sexo no campo (mato)


souza -- CPF:

Aiquemofilia Prazer pelo uso de objetos pontudos e cortantes


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Albutofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado através da água


Marceli

Alcalfilia Fetiche por saltos altos

Condição de quem se sente sexualmente excitado por ter umparceiro de um


Alfamegamia
grupo etário diferente

Condição de quem se sente sexualmente excitado por experimentardor (ver


Algofilia
Masoquismo)

Aloerastia Utilização da nudez de terceiros para excitar o parceiro sexual

Alopelia Ato de ter um orgasmo por observar outros a terem relações sexuais

Condição de quem se sente sexualmente excitado por ter fantasiascom outras


Alorgasmia
pessoas que não o seu parceiro

Condição de quem se sente sexualmente excitado por ter parceiros de outras


Alotriorastia
nações e/ou raças

235
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

PARAFILIA CONCEITO

Alvinolagnia Fetiche por barrigas

Atração por indivíduos que não têm um ou vários dos membros docorpo (ver
Amalotasis
Acrotomofilia)

Preferência pela prática da masturbação através da fricção dos lábios vaginais, na


Amatripsis
mulher

Condição de quem se sente sexualmente excitado por ter umparceiro cego ou


Amaurofilia
vendado

Amiquesis Ato de arranhar o parceiro durante o ato sexual

Condição de quem se sente sexualmente excitado por mutilar oupor matar


Amocoscisia
mulheres
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Amomaxia Ato de ter relações sexuais dentro de um carro estacionado

Anafrodisia Diminuição da libido masculina

Analinctus Ato de lamber o ânus (ver Analingus)

Analingus Ato de lamber e penetrar o ânus com a língua (ver Analinctus)


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Anastemafilia Atração sexual por parceiros mais altos ou mais baixos

Androfilia Atração sexual por homens (em mulheres ou em homens)


souza -- CPF:

Androfobia Medo irracional e excessivo por homens


Marceli souza
Marceli

Androginofilia Atração sexual e amorosa por indivíduos de ambos os sexos (verBissexualidade)

Condição de quem se sente sexualmente excitado com robôs quetenham uma


Androidismo
forma humana

Andromania Ninfomania (ver Ninfomania)

Andromimetofilia ou Condição de quem se sente sexualmente excitado por ter umaparceira que se
Androminetofilia veste como homem

Androsodomia Sexo anal realizado com um homem

Excitação sexual com vento ou sopro (corrente de ar) nos genitais ou em outra
Anemofilia
zona erógena

Anfifilia Preferência sexual por parceiros bissexuais

Anfissexualidade Bissexualidade

236
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

PARAFILIA CONCEITO

Anililagnia Condição de quem se sente sexualmente excitado com parceirasmais velhas

Aninsertia coital Medo irracional e excessivo da penetração

Anisonogamismo Atração sexual direcionada a um parceiro mais novo ou mais velho

Anocratismo Sexo anal

Anofilemia Ato de beijar o anus (ver Analinctus e Analingus)

Anomeatia Sexo anal com uma mulher

Anoraptus Violador que ataca preferencialmente mulheres mais velhas

Antolagnia Condição de quem se sente sexualmente excitado por cheirar flores


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Antropofagolagnia Violação com canibalismo

Medo irracional e excessivo relativamente à possibilidade depermanecer


Anuptafobia
solteiro

Apistia (ver Adultério)


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Apodisofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com a prática doexibicionismo

Apotemnofilia Fantasias sexuais sobre ser amputado de um ou de vários membros do corpo


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Apotemnofilia Desejo de se ver amputado


Marceli souza

Aracnofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com aranhas


Marceli

Arenotigmofilia Ninfomania

Arsometria Sexo anal

Auto-indução da privação de oxigénio para a masturbação. A privação de oxigénio é


efetuada até o momento imediatamente anterior ao orgasmo, momento em que o
Asfixia auto-erótica fluxo de oxigénio ao cérebro provoca uma intensificação das sensações de
prazer. É, no entanto, uma prática perigosa que pode provocar a morte caso o
indivíduo não consiga controlar o seu comportamento

Asfixiofilia Fetiche por ser asfixiado por parceira(o)

Asinofilia Celibato, em particular quando induzido por uma Disfunção Eréctil no homem

Condição de quem se sente sexualmente excitado com o fato de sesentir fraco ou


Astenolagnia
de ser humilhado

237
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

PARAFILIA CONCEITO

Astifia Disfunção eréctil

Prática em que o parceiro ativo, após o coito anal, leva seu pênis àboca da pessoa
ATM (ass to mouth)
penetrada

Aulofobia Medo irracional e excessivo de instrumentos musicais com uma forma fálica

Condição de quem se sente sexualmente excitado pelo fato de estar sendo


Auto-agonistofilia
observado, filmado ou no palco enquanto tem relações sexuais

Condição de quem se sente sexualmente excitado com a concepção e com a


Auto-assassinofilia
encenação da sua própria morte (ver Autonecrofilia)

Auto-erotismo Aumento da libido apenas psíquica


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Auto-erotismo Erotismo do indivíduo dirigido a si próprio masturbação

Condição em que o amor e o desejo sexual são dirigidos ao próprio e não em


Autofila
relação aos outros

Ato de chicotear a si próprio como forma de obtenção de prazer sexual ou, pelo
Autoflagelação
contrário, de o mitigar
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Condição de quem se sente sexualmente excitado por vestir roupas de elementos


Autoginefilia
do sexo oposto (ver Travestismo)

Autogonistofilia (ver Exibicionismo)


souza -- CPF:
Marceli souza

Automasoquismo Autoindução de dor com o objetivo de obter excitação sexual (verMasoquismo)


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Automisofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado por estar sujo

Medo irracional e excessivo de estar ou ficar sujo, nomeadamenteatravés da


Automisofobia
atividade sexual

Autoindução de mutilações (queimaduras, cortes etc) com oobjetivo de obter


Automutilação
prazer sexual

Condição de quem se sente sexualmente excitado por se imaginar ou fingir de


Autonecrofilia
morto (ver auto-assassinofilia)

Condição de quem se sente sexualmente excitado por assumir o papel de um bebé


Autonepiofilia
e por ser tratado enquanto tal por um parceiro (ver Autopedofilia)

Autopederastia Inserção do pénis no próprio ânus

238
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

PARAFILIA CONCEITO

Condição de quem se sente sexualmente excitado por assumir o papel de um bebé


Autopedofilia
e por ser tratado enquanto tal (ver Autonepiofilia)

Auto-sadismo Excitação sexual induzida pela autoindução de dor (ver Sadismo)

Condição de quem se sente sexualmente excitado por olhar para oseu próprio
Autoscopofilia
corpo, em particular para os órgãos genitais)

Auto-sexualidade Masturbação

Avisodomia Penetração de uma ave partindo-lhe o pescoço durante essa prática

Axialismo Estimulação do pénis na axila

Barosmia Excitação sexual induzida por cheiros


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Basoexia Excitação sexual induzida pelo ato de beijar

BBW Atração por mulheres obesas

Belonefilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com a utilização de agulhas


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Bestialismo Prazer em relação sexual com animais (ver zoofilia)

Condição de quem se sente sexualmente excitado com a crueldadepara com os


Bestialsadismo
animais
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Biastofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado por atacar e porviolar alguém
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Bissexualidade Atração amorosa e sexual por indivíduos de ambos os sexos


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Bivarismo Relação sexual entre uma mulher e dois homens

Blastolagnia Condição de quem se sente sexualmente excitado com jovens dosexo feminino

Bondagismo Fetiche por ser amarrado, imobilizado

Botulinonia Penetração com salsichas

Bradicubia Movimentos lentos durante a penetração

Bromidrosifobia Medo irracional e excessivo de odores corporais

Masturbação feminina com objetos, tais como vibradores, quealargam o tamanho


Buginonia
da vagina

Bukkake Modalidade de sexo grupal praticado com uma pessoa que"recebe" no rosto a

239
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

PARAFILIA CONCEITO
ejaculação de diversos homens

Candaulismo Observação do cônjuge tendo relações sexuais com terceiros

Condição de quem se sente sexualmente excitado pela observação de terceiros


Capnolagnia
fumando

Catatasis Alongamento do pénis

Condição de quem se sente sexualmente excitado pela inserção deum cateter na


Cateterofilia
uretra

Chezolagnia Masturbação durante a defecção

Ciesolagnia Condição de quem se sente sexualmente excitado com mulheresgrávidas


marceliangel@hotmail·com
073.496.444-77 -- marceliangel@hotmail·com

Cimbalismo (ver Lesbianismo)

Cinofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com cães

Medo irracional e excessivo relacionado à possibilidade de contrair uma doença


Cipridofobia
sexualmente transmissível
CPF: 073.496.444-77

Ciprieunia Atividade sexual com prostitutas

Claustrofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado por estar emlocais fechados
souza -- CPF:

Condição de quem se sente sexualmente excitado por roubar umestranho ou um


Marceli souza

Cleptofilia
parceiro sexual
Marceli

Clismafilia ou Condição de quem se sente sexualmente excitado por fazer umclister (a si


Clismofilia próprio ou a um parceiro sexual)

Clitorilingus Ato de acariciar o clítoris com a língua

Clitoromania (ver Ninfomania)

Coito a tergo Relação sexual em que o homem penetra a mulher por trás

Estimulação do pénis entre as pernas de um parceiro, sem que chegue a ocorrer


Coito anteportas
qualquer tipo de penetração

Coito femural (ver Coito anteportas)

Coito in ano Penetração anal (ver Sexo anal)

Coito in os Sexo oral realizado ao homem (ver Felação)

240
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

PARAFILIA CONCEITO

Coito incompletus (ver Coito interrompido)

Coito interruptus O mesmo que Coito Interrompido

Coito perineal O mesmo que Coito anteportas

Relação sexual em que, através da utilização de diversas técnicas eexercícios, se


Coito prolongatus
aumenta a sua duração (ver Sexo Tântrico)

Coitobalnismo Relações sexuais dentro de uma banheira

Coitofobia Medo irracional e excessivo de penetração

Coitolimia Desejo Sexual intenso

Coitus a mammilla Estimulação do pénis entre os seios de uma mulher


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Coitus a unda Relação sexual dentro de água

Coitus analis Coito anal (ver Sexo anal)

Coitus intrafermoris Penetração entre as pernas

Coitus reservatus (ver Coito interrompido)


CPF: 073.496.444-77

Colobosis Mutilação ou castração do pénis

Colpeurintomania Práticas de alargamento da cavidade vaginal


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Comasculação (ver Homossexualidade)


Marceli souza
Marceli

Coprofagia Fetiche pela ingestão de fezes

Condição de quem se sente sexualmente excitado por cheirar, ingerir ou manipular


Coprofilia
fezes, bem como por observar alguém a defecar

Coprofobia Medo irracional e excessivo da defecação e de excrementos

Ato de escrever palavras ou frases obscenas, particularmente nascasas de banho


Coprografia
públicas

Coprolagnia (ver Coprofilia)

Coprolalia Fetiche em pronunciar ou ouvir, durante o coito, palavras obscenas

Coprolália Utilização de uma linguagem sexual obscena, em particular durante o ato sexual

Coproscopia Condição de quem se sente sexualmente excitado por observar alguém defecar

241
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

PARAFILIA CONCEITO

Corefalismo Prática de sexo anal com uma mulher

Coreofilia Experiência do orgasmo enquanto se dança

Coreofilia excitação sexual pela dança

Corvus (ver Felação)

Cratolagnia Condição de quem se sente sexualmente excitado com a força doparceiro

Condição de quem se sente sexualmente excitado pelo fato de ter que pagar o
Crematistofilia
parceiro para ter relações sexuais ou de por ele ser roubado

excitação sexual ao dar dinheiro, ser roubado, chantageado ouextorquido pelo


Crematistofilia
parceiro
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Crinofilia excitação sexual por secreções (saliva, suor, secreções vaginais etc)

Cromo-inversão Libido voltada para pessoas com cor de pele diferente

Condição de quem se sente sexualmente excitado pelo fato de terum parceiro


Cronofilia
cuja idade é discordante da sua
CPF: 073.496.444-77

Cunilália Prática de falar sobre os órgãos sexuais femininos

Cunnilingus Prática de sexo oral a uma mulher


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Dacnolagnomania Crime passional


Marceli souza

Condição de quem se sente sexualmente excitado por ver lágrimasnos olhos de


Dacrilagnia ou Dacrifilia
Marceli

um parceiro

Defecolagnia Condição de quem se sente sexualmente excitado por defecar

Dendrofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com árvores eplantas

Dermafilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com a pele

Dipoldismo Excitação sexual provocada por abusar sexualmente de crianças(ver Pedofilia)

Condição de quem se sente sexualmente excitado com parceirosque têm


Dismorfofilia
deformidades físicas ou algum outro tipo de deficiência

Dolismo Fetiche por bonecas e manequins

Donjuanismo Fetiche por seduzir os outros

242
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

PARAFILIA CONCEITO

Condição de quem se sente sexualmente excitado com peles deanimais, com o


Dorafilia
cabedal ou com a pele humana

Ecdemolagnia Condição de quem se sente sexualmente excitado por estar longe de casa

Condição de quem se sente sexualmente excitado por se despir emfrente de


Ecdiose
terceiros (ver Exibicionismo),

Ecdiseísmo Fetiche por se despir a fim de provocar outrem

ato de ouvir descrições de encontros sexuais ou sons provenientesde práticas


Ecuterismo
sexuais

Edipismo Tendência ao incesto de filho com mãe - Complexo de Édipo


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Condição de quem se sente sexualmente excitado por parceirossexuais


Efebofilia
adolescentes

Electrofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com estímuloselétricos

Eletrismo Tendência ao incesto de filha com pai - Complexo de Electra


CPF: 073.496.444-77

Condição de quem se sente sexualmente excitado com o vomitado ou com o ato


Emetofilia
de vomitar

Emetofilia excitação obtida com o ato de vomitar ou com o vômito de outro


souza -- CPF:

Enditolagnia ou
Marceli souza

Condição de quem se sente sexualmente excitado com parceirosvestidos


Enditofilia
Marceli

Medo irracional e excessivo relativo à possibilidade de pecar,em particular de


Enosiofobia
forma sexual

Condição de quem se sente sexualmente excitado com insetos ou com sua


Entomofilia
utilização durante o ato sexual

Situação em que um homem se veste com roupas de mulher. Este nome advém de
Eonismo Chevalier d´Eon (1728-1810), diplomata francês que se passou por mulher na corte
de Catarina (ver Travestismo e Cross-dresser)

Eproctofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com a flatulência

Medo irracional e excessivo da cor vermelha ou da ruborização, emparticular da


Eritrofobia
que ocorre quando se fica sexualmente excitado

Erotismo
Penetração do ânus com o braço
braquiopróctico

243
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

PARAFILIA CONCEITO

Erotismo braquiovaginal Penetração da vagina com o braço

Medo irracional e excessivo do sexo, da sexualidade em geral, e dassuas próprias


Erotofobia
respostas sexuais, em específico

Condição de quem se sente sexualmente excitado com a preparação e com a


Erotofonofilia
efetiva realização do assassinato de um parceiro sexual

Condição de quem se sente sexualmente excitado por escrever cartas ou poemas


Erotografomania
de amor

Utilização de uma linguagem sexualmente explícita com o objetivo de provocar


Erotolália
excitação sexual, nomeadamente durante a atividade sexual
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Erotomania Ideia fixa de amor etéreo, sem desejo carnal

Erotomania Preocupação ou interesse excessivo relativo à sexualidade

Condição de quem se sente sexualmente excitado por falar de umaforma obscena


Escatofilia
e sexualizada com desconhecidos
CPF: 073.496.444-77

Escatofobia Medo irracional e intenso da atividade defecatória ou deexcrementos

Condição de quem se sente sexualmente excitado por observarterceiros ou por ser


Escoptofilia
observado tendo relações sexuais (ver Exibicionismo e Voyeurismo)
souza -- CPF:

Escoptofobia Medo irracional e intenso de ser observado enquanto despido


Marceli souza
Marceli

Condição de quem se sente sexualmente excitado por olhar para osgenitais de


Escoptolagnia
outras pessoas do sexo oposto

Condição de quem se sente sexualmente excitado por se imaginar envolvido em


atividade sexual com seres espirituais
Espectofilia
condição de quem se sente sexualmente excitado através da imagem refletida em
espelhos

Prática medieval que consiste na excitação por fantasias comfantasmas, espíritos


Espectrofilia
ou deuses

Espermatofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com o esperma

Espermatofobia Medo irracional e intenso de esperma

Estatuofilia (ver Agalmatofilia)

Estenolagnia Condição de quem se sente sexualmente excitado por mostrar osseus músculos

244
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

PARAFILIA CONCEITO

Condição de quem se sente sexualmente excitado por parceiros quetenham


Estigmatofilia
tatuagens ou piercings, especialmente na região genital

Etno-inversão Libido voltada para pessoas com etnia diferente

Eurotofobia Medo irracional e excessivo dos órgãos genitais femininos

Condição de quem se sente sexualmente excitado com a exposição de partes do


Exibicionismo
seu corpo, incluindo os seus órgãos sexuais, a terceiros

Exofilia Fetiche pelo invulgar ou pelo bizarro

Felação Sucção bucal peniana

Fetiche por balões Excitação ao tocar balões de látex (usadas em festas)


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Fetichismo Fetiche por certo tipo de vestimenta, objetos ou situaçõesespecíficas

Prazer com a inserção da mão ou antebraço na vagina (brachiovaginal) ou no


Fisting
ânus (brachio procticus)

Flagelantismo Fetiche por ser flagelado, sofrer palmadas, chicotadas etc


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Flatofilia Prazer erótico em escutar, cheirar e apreciar gases intestinaispróprios e alheios

Frigidez Diminuição da libido feminina


souza -- CPF:

Frotteurismo Prazer em friccionar os órgãos genitais no corpo de uma pessoavestida


Marceli souza
Marceli

Gerontofilia Atração sexual de não-idosos por idosos

Preferência sexual e erótica de homens maduros por meninasadolescentes (ver


Hebefilia
lolismo)

Hipofilia Desejo sexual por equinos

Latofilia Fetiche por observar ou sugar leite saindo dos seios

Lolismo Preferência sexual e erótica de homens maduros por meninasadolescentes

Lubricidade senil Libido exacerbada em idosos, ainda que impotentes

Maieusofilia Fetiche por mulheres grávidas e/ou pela observação de partos - verpregnofilia

Masoquismo Prazer ao sentir dor ou imaginar que a sente

245
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

PARAFILIA CONCEITO

Masturbação Excitação através das mãos ou dedos próprios

Menofilia Atração ou excitação por mulheres menstruadas

Mixoscopia Fetiche por ver o coito de outrem

Nanofilia Atração sexual por anões

Narcisismo Libido por si próprio, se ver ao espelho

Necrofilia Aração por pessoas mortas

Nesofilia Atração pela cópula em ilhas, geralmente desertas

Ninfomania Aumento da libido feminina - desejo físico


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Odaxelagnia Fetiche por mordidas

Onanismo Masturbação masculina

Orquifilia Fetiche por testículos

Partenofilia Fixação sexual por pessoas virgens


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Pedofilia Atração de adultos por crianças e pré-púberes

Pigmalianismo Fetiche por estátuas (Pigmaleão)


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Pigofilia Excitação sexual por nádegas


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Pirofilia Prazer sexual com fogo, vendo-o, queimando-se ou queimandoobjetos com ele
Marceli

Pluralismo Sexo entre três ou mais pessoas

Podolatria Fetiche por pés

Pogonofilia Fetiche por barba

Pregnofilia ou
Fetiche por mulheres grávidas e/ou pela observação de partos
maieusofilia

Pseudopeolagnia Fetiche por usar em si, ou em outrem, um ou mais dildos

Quirofilia Excitação sexual por mãos

Riparofilia Preferência por parceiros sujos e por mulheres menstruadas

Sadismo Prazer erótico com o sofrimento alheio, dor, humilhação

246
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE • 17

PARAFILIA CONCEITO

Sadomasoquismo Prazer por sofrer e, ao mesmo tempo, impingir dor a outrem

Sarilofilia Fetiche por saliva ou suor

Satiríase Aumento da libido masculina - desejo físico

Sodomia Sexo anal

Teleagnia Fetiche por visualizar a distância cenas sexuais

Timofilia Excitação pelo contato com metais preciosos

Trampling Fetiche onde o indivíduo sente prazer ao ser pisado pelo parceiro

Tricofilia Fetiche por cabelos e pelos


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Troilismo Fetiche por sexo a três (ménage a trois)

Excitação ao urinar no parceiro ou receber dele o jato urinário,ingerindo-o ou


Urofilia
não – ver urognalia

Excitação ao urinar no parceiro ou receber dele o jato urinário,ingerindo-o ou


Urognalia
não - ver urofilia
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Vampirismo Fetiche por sexo envolvendo sangue

Vorarefilia Atração por um ser vivo engolindo ou devorando outro


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Prazer pela observação da intimidade de outras pessoas, que podem ou não


Voyeurismo
Marceli souza

estar nuas ou praticando sexo


Marceli

Zoofilia Prazer em relação sexual com animais – ver bestialismo

247
Marceli
Marceli souza
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FREDERICO ALVES MELO

18 TOXICOLOGIA FORENSE
TOXICOLOGIA FORENSE • 18

248
FREDERICO ALVES MELO TOXICOLOGIA FORENSE • 18

A toxicologia forense envolve os estudos de energias de ordem química, englobando assim venenos e
drogas.

1. VENENOS

São substâncias minerais ou orgânicas que podem ser de origem mineral, vegetal, animal ou sintética
e, quando administradas no organismo em pequenas quantidades, causam alterações substanciais no
funcionamento do corpo, podendo inclusive levar à morte.
Não se confunde com a substância tóxica, pois esta deve ser administrada em grandes quantidades.
Campo de ação dos venenos – o sistema capilar é o campo de ação dos venenos; assim, a rapidez
de ação dos venenos é verificada pelo trajeto até chegar aos vasos capilares.
Etapas da fisiopatologia dos venenos:
• Penetração;
• Absorção;
• Distribuição;
• Fixação;
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• Transformação;
• Eliminação via sistema urinário, digestivo (vômitos), suor, saliva, bile ou leite.

2. DROGAS

O conceito de drogas é um conceito legal, sendo consideradas drogas todas as substâncias que se
encontram elencadas na Portaria 344 da Anvisa. Nessa regulação ainda é apresentado um conceito geral de
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drogas que é:

Droga - Substância ou matéria-prima que tenha finalidade medicamentosa ou sanitária.


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3. INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTO
Marceli souza

Segundo o professor Genival Veloso, a intoxicação é caracterizada como sendo um quadro de reações
Marceli

do metabolismo que tem origem acidental, diferente do envenenamento, que teria origem intencional e
exógena.

• Hidrargirismo:
o A intoxicação/envenenamento se dá por mercúrio (Hg).
o Causa complicações neurológicas, podendo inclusive levar a óbito.
o É comum nas áreas de garimpo.
o Afeta o sistema nervoso causando paralisias.
• Mitridatismo:
o A intoxicação/envenenamento se dá por arsênico.
o O arsênico possui grande afinidade com a pele e, mesmo anos após a morte, é possível
verificar a presença de arsênico nos fâneros da pele.
o É inodoro, incolor e insípido.
o Em doses mínimas pode matar.
o É possível verificar sua presença nos fâneros da pele.
o São sinais que indicam: eritema na pele sem exposição ao sol, dores abdominais, vômitos
esbranquiçados, diarreia, fígado amarelado (forma crônica) etc.

249
FREDERICO ALVES MELO TOXICOLOGIA FORENSE • 18

o Linhas de Meegs – são ranhuras/estrias esbranquiçadas que surgem nas unhas.


o Historicamente era usado para matar reis. Por isso, o Rei Mitridates inseria em seu corpo
doses menores para criar imunização ao arsênico. Curiosamente, morreu envenenado.
• Saturnismo:
o A intoxicação/envenenamento se dá por chumbo.
o Afeta pessoas que trabalham com vidraçaria, cerâmica etc.
o Ao inspirar os vapores no trabalho, afeta-se o cérebro, causando psicoses tóxicas.
o É também causador de anemia, pois não permite a fixação do ferro na hemoglobina.
o Se um PAF ficar alojado por muito tempo dentro do corpo, é possível que ocorra o
saturnismo.
o Orla de Burton – a orla do encaixe do dente na gengiva vai ficando anegrada eindica a
intoxicação por chumbo.
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• Chumbinho (carbamato)
o É inibidor da enzima acetilcolinesterase, que é responsável por destruir os efeitos a
acetilcolina.
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DETALHANDO
A acetilcolina é liberada após cada transmissão dos impulsos nervosos aos diversos órgãos do corpo,
souza -- CPF:

que fazem os músculos contraírem. A acetilcolinesterase faz com que o músculo, após a contração, relaxe.
Assim, com a acetilcolinesterase inibida, não se consegue relaxar os músculos, o que leva a espasmos
Marceli souza

musculares generalizados, podendo levar à morte porsufocação indireta (asfixia).


Marceli

• Pesticidas organofosforados:
o São feitos de organofosforados para matar as pragas da lavoura.
o A ingestão desses alimentos sem a adequada higiene leva à contaminação, causando
problemas neurológicos, de controle da musculatura, náuseas etc.
o Também é inibidor da acetilcolinesterase.
o Afetam as terminações nervosas. O comando do corpo é feito por ordens do nervo para o
músculo, por meio de um composto químico chamado acetilcolina. Ocorre que uma enzima
chamada acetilcolenesterase tira os efeitos da acetilcolina. Mas, com a intoxicação, a
ordem de retirar, feita pela acetilcolenesterase, fica inibida. Assim, a ordem de movimento
fica mantida, causando desarranjo do corpo, levando a espasmos musculares
generalizados.
• Monóxido de carbono:
o Normalmente está presente na fumaça negra que ocorre pela queima de determinados
produtos.
o O monóxido de carbono possui uma afinidade muito grande com a hemoglobina, formando
a carboxihemoglobina, que impede o transporte de oxigênio.

250
FREDERICO ALVES MELO TOXICOLOGIA FORENSE • 18

o Quando a concentração de monóxido de carbono no sangue é maior que 50%, há perigo de


morte iminente.
o As vísceras ficam com a cor carminada.
• CIANETO
o É um tóxico que faz com que a enzima citocromooxidase (que atua no interior das
mitocôndrias) fique inibida, impedida de retirar os hidrogênios e de reagir com o oxigênio
(que está na célula, mas não reage), podendo levar à morte instantânea por excesso de
hidrogênio nas células.
o Leva à hemorragia da mucosa gástrica (lembrando uma polpa de goiaba).
o Exala odor de amêndoas amargas.
o A ação química ocorre em nível intracelular.
• GASES TÓXICOS
o LACRIMOGÊNEOS – levam ao lacrimejamento, podendo causar conjuntivite.
o VESICANTES – produzem lesões na córnea e na mucosa da traqueia.
o SUFOCANTES – causado pelo cloro.
o TÓXICOS.
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4. EFEITOS DAS DROGAS

O conceito de drogas é um conceito legal, sendo consideradas drogas todas as substâncias que se
encontram elencadas na Portaria 344 da Anvisa. No entanto, há doutrina que conceitua no sentido de que
droga é a substância natural ou sintética, que causa tolerância, dependência ou crise de abstinência.
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4.1. Dependência física ou psíquica

• Tolerância:
o É a necessidade de doses crescentes da droga para obter o mesmo efeito, em função de
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um hábito.
o Intolerância é a sensibilidade exacerbada a pequenas doses de veneno.
Marceli souza

• Síndrome de abstinência:
Marceli

o São efeitos psíquicos e somáticos (nervosismo, alucinações, agitação, tremoresetc.) da


ausência do uso da droga.
o Quando isso ocorre, indica dependência da droga.
• Dependência:
o Causa conflitos na família, no trabalho, com a polícia, com a justiça e na vida cotidiana
no geral.
o Na dependência, independe se é proveniente de caso fortuito ou força maior, restando
apenas a análise de estar inteiramente incapaz ou não.

5. DROGAS PSICOATIVAS OU PSICOTRÓPICAS

Quanto aos seus efeitos, podem ser classificadas em drogas:

• Psicolépticas ou psicocatalépticas;
• psicodislépticas;
• psicoanalépticas.

251
FREDERICO ALVES MELO TOXICOLOGIA FORENSE • 18

5.1. Psicolépticas ou psicocatalépticas

São drogas tranquilizantes, depressivas do sistema nervoso central, que geram a diminuição dos
batimentos cardíacos, da respiração etc.
Exemplos: álcool, sedativos, morfina, ópio, papoula, heroína, barbitúricosetc.
Álcool:

• Sua absorção começa na mucosa oral, segue no estomago, e é máxima no intestino delgado.
• Quando não for possível verificar a dosagem de álcool no sangue, deveser analisado o humor
vítreo (parte atrás do globo ocular).
• Álcool é a droga depressora mais usada no mundo.
• O álcool deprime a censura (superego), e a pessoa se “solta”.
• O consumo do álcool possui três fases:
o 1ª) fase do macaco, que leva a excitação ou a desinibição;
o 2ª) fase do leão, que leva a agitação ou a confusão; e
o 3ª) fase do porco, que leva ao sono ou ao coma.
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5.2. Psicodislépticas

• O prefixo “dis” aqui significa “deforma, distorce”.


• São drogas que agem no sistema encefálico e que distorcem o pensamento,causando alucinações
sensoriais.
• Apresentam quadro de psicose tóxica.
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• São exemplos: LSD, psilocibina, mascalina, cogumelos, maconha, haxixe.


• A maconha é a droga mais consumida no mundo, e tem o princípio ativo através do THC
(tetrahidrocanabinol), que só está presente na flor das plantas da maconha feminina.
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5.3. Psicoanalépticas
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• O prefixo “ana” significa para cima.


Marceli

• São drogas estimulantes do sistema nervoso central, que aceleram as reações encefálicas, e
geram euforia, agitação, respiração ofegante, pupilas dilatadas etc.
• São exemplos: Cocaína, anfetaminas, ecstasy, oxi, crack, merla etc.

5.4. Legal highs

• São drogas sintéticas produzidas em laboratório, que causam (mimetizam) os mesmos efeitos das
drogas ilícitas (psicoléptica, psicodisléptica ou psicoanaléptica), mas com componentes químicos
que não estão elencados na portaria 344 da Anvisa.

6. SÍNDROME DO CORPO EMBALAGEM

Ocorre quando os pacotes inseridos em um corpo para serem transportados (mulas) se rompem
com drogas no seu interior.
Body packer – os pacotes são ingeridos e transportados no estômago.
Body pusher – os pacotes são inseridos e transportados nos orifícios naturais.

252
FREDERICO ALVES MELO TOXICOLOGIA FORENSE • 18

Formas de introdução das drogas no corpo humano

• Oral.
• Injeção.
• Inalação.
A última possui os efeitos mais rápidos, pois não precisa passar pelo coração parachegar às artérias.

7. ASSOCIAÇÃO DE DROGAS OU FARMACOCINÉTICA

• Efeito aditivo – há o consumo de mais de uma droga e os efeitos individuais de cada uma se
somam.
• Sinergismo – há potencialização de determinada droga diante da presença de outra droga (droga
a será mais toxica em doses menores, em função da presença de outra droga).
• Antagonismo – há o consumo de mais de uma droga e os efeitos dessas substâncias se
neutralizam.
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