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DE PORTUGUÊS
EAD
DIRIGENTES FICHA TÉCNICA
| PRESIDÊNCIA | AUTOR
Prof. Dr. Clèmerson Merlin Clève Prof. Dr. Lucas V. de Araujo
| PROJETO GRÁFICO
| DIRETORIA ACADÊMICA EAD Esp. Janaína de Sá Lorusso
Profa. Me. Daniela Ferreira Correa Esp. Cinthia Durigan
EAD
EDIÇÃO: JULHO/2020
SUMÁRIO
REFERÊNCIAS.......................................................................................74
UNIDADE
01
COMUNICAÇÃO
NÃO VERBAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
» Conhecer a comunicação não verbal;
» Situar a comunicação não verbal em contextos diferenciados de linguagem e culturas;
» Ilustrar as diversas facetas da comunicação não verbal;
» Explicar quais as relações da comunicação não verbal com a comunicação verbal (tra-
dicionalmente usada no co�diano);
» Ponderar os aspectos �sicos, psicológicos, econômicos e culturais que interferem na
dinâmica da comunicação não verbal.
VÍDEOS DA UNIDADE
UNIDADE 01
é Lucas V. de Araujo, sou doutor em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo,
mestre em Letras e graduado em Jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Já sou
professor de nível superior desde 2003, quando comecei a dar aulas para cursos de Jornalismo
e Relações Públicas. Atualmente sou docente na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e em
diversos cursos de graduação e pós-graduação pelo Brasil. Também sou palestrante e pesquisador
da área de inovação e novas tecnologias aplicadas à comunicação e educação.
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Assim, nesta Unidade 1, serão abordados aspectos conceituais e algumas situações do co�dia-
no para você entender a comunicação não verbal. Vamos trabalhar de forma bastante simples,
com uma linguagem descomplicada, mas que traz um conteúdo relevante e técnico. Isso é funda-
mental, porque o obje�vo final é que você aprenda e assimile muito conhecimento sem que isso
provoque enfado ou cansaço excessivo.
UNIDADE 01
Sempre que possível, serão apresentados exemplos para tornar a compreensão o mais clara
possível e também ilustrações, já que a comunicação não verbal está pautada em ações do nosso
corpo, nas mais variadas circunstâncias.
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FIGURA 1 - ESFINGE DE KHORSABAD, DO ANTIGO IMPÉRIO ASSÍRIO.
UNIDADE 01
UNIBRASIL EAD | NIVELAMENTO DE PORTUGUÊS
Fonte: Shu�erstock (2020).
A esfinge, conforme se depreende da figura, é composta por quatro partes, sendo elas:
» Corpo de boi;
» Tórax de leão;
» Asas de águia;
» Cabeça de homem.
De acordo com tradições que remontam à formação dos povos primi�vos, cada uma dessas par-
tes representa uma parte do �sico do homem, assim como a sua correspondência psicológica. Por
incrível que pareça, estudos modernos endossam essas perspec�vas, como já demonstrou Pierre
Weil (1973), na obra Esfinge, estrutura e mistérios do homem. Ainda de acordo com Weil, as corres-
pondências psicológicas descritas pelos povos an�gos não mudaram muito até a psicologia moderna.
No passado, a simbologia era representada da seguinte forma:
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Com base nessa esquema�zação, podemos entender um pouco melhor as suas diversas mani-
festações do corpo humano.
UNIDADE 01
Aprendemos que determinadas partes do corpo humano podem ser representadas por ani-
mais, boi, leão e águia, os quais simbolicamente demonstram caracterís�cas das pessoas, tanto
em termos racionais quanto ins�n�vos.
Agora vamos compreender melhor o que cada um desses animais representa e como podemos
notar esses aspectos no modo de agir das pessoas.
Segundo Weil (1997, p. 28) “a pessoa avança o abdômen; isto se encontra em gente que gosta
de boas refeições, que se senta à vontade diante de uma mesa farta de jantar”.
O autor também afirma que existem outras maneiras de evidenciar o lado “Boi” das pessoas.
No caso das mulheres, o ato de mexer de forma acentuada os quadris, isto é, o “rebolado”, é uma
ação ins�n�va feminina que está ligada ao ato sexual.
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FIGURA 3 – “REBOLADO” FEMININO
UNIDADE 01
UNIBRASIL EAD | NIVELAMENTO DE PORTUGUÊS
Fonte: Shu�erstock (2020).
Da mesma maneira que as mulheres, ao mexerem de forma acentuada o quadril, refletem uma
a�tude ins�n�va ligada à cópula e à fer�lização, o ato do homem colocar a mão na cintura e apon-
tar os dedos para a própria genitália é, segundo Weil (1997), uma ação ins�n�va e primi�va – isto
é, acentua o comportamento “Boi”.
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1.2.2 LEÃO
Por ser mais emocional e menos ins�n�vo, o Leão evidencia-se no comportamento humano por
meio do tórax avantajado, já que no tórax reside o coração, órgão que simboliza os sen�mentos e
as emoções humanas. Vale ressaltar que esses sen�mentos vinculados ao tórax em evidência ge-
ralmente estão ligados a aspectos narcísicos. Confirme Weil (1997, p. 30), “quando há uma postura
UNIDADE 01
de preponderância do tórax, estamos na presença de uma preponderância do EU. São pessoas
vaidosas, egocêntricas e extremamente narcisistas; ou que naquele momento querem se impor”.
Da mesma maneira que uma pessoa com o tórax em evidência mostra supremacia, a pessoa
encolhida, com o tórax retraído, geralmente cabisbaixa, indica o contrário, ou seja, esse indivíduo
está com o lado emocional debilitado e triste.
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1.2.3 ÁGUIA
A Águia representa os aspectos racionais e espirituais das pessoas. Não por acaso, é represen-
tada pela cabeça, onde fica o cérebro, que controla as a�tudes e ações do ser humano. Quando a
pessoa está com a cabeça em evidência, isto é, acima da linha do equilíbrio, está demonstrando
grande controle mental sobre si.
UNIDADE 01
FIGURA 7 – ÁGUIA EM EVIDÊNCIA
Quando ocorre o contrário, isto é, quando a pessoa está de cabeça baixa, isso indica que existe
sen�mentos abundantes de preocupação e pensamentos ruins que mostram um estado de des-
conforto mental.
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O que diferencia a cabeça baixa, indica�vo da Águia retraída, da pessoa triste, que denota o
Leão magoado por sen�mentos desagradáveis, é o fato de a Águia sempre remeter a um estado
mental, ao passo que o Leão indica questões emocionais. A pessoa de cabeça baixa também pode
estar triste, mas ela muitas vezes mostra que está sendo dominada por sen�mentos externos que
colocam a Águia em segundo plano.
UNIDADE 01
Esse raciocínio reforça a impressão de que é plenamente possível e comum que sen�mentos e
pensamentos estejam conjugados, gerando a�tudes que coadunam com aquilo que se passa em
nossa cabeça e no nosso coração. Todavia, o contrário também ocorre e nem sempre nossas a�tu-
des coincidem com nossos sen�mentos.
É recorrente que nosso corpo demonstre aspectos do nosso inconsciente que não queremos
mostrar ou que buscamos esconder por questões ligadas, por exemplo, a convenções sociais.
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Ainda de acordo com Weil (1997), é importante lembrar que:
» A simples presença de um observador, isto é, alguém como eu e você, em determinado con-
texto, já modifica o ambiente observado, porque há uma outra pessoa naquele local. Se você é
amigo de quem está sendo observado, por exemplo, o observado poderá mudar as a�tudes e a
linguagem corporal em decorrência disso.
UNIDADE 01
» Em uma situação real, os animais representados de forma caricata para explicar os comporta-
mentos ins�n�vos, emocionais e intelectuais humanos, apresentam outras ações, já que são
animais. O leão urra, sacode a juba e tem cheiro de leão. No material que estamos usando ou na
tela do computador nada disso existe. Cabe a você, caro(a) aluno(a), traduzir a lição simplificada
na plenitude da vida.
SAIBA MAIS
A vida é um fluxo constante de energia e a linguagem do corpo é a linguagem da vida; logo, temos
de conhecer a energia em nós. Tal como a eletricidade da bateria do seu carro, a energia do corpo
é armazenada em forma química. Dentre as três partes do corpo humano representadas por ani-
mais, conforme Weil (1997) mostra, o Boi é o maior consumidor de energia. Isso ocorre em razão
do trabalho constante dos músculos que não estão sujeitos à vontade consciente e até das demais
operações puramente ins�n�vas, como respiração e digestão.
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Interessante observar que não há pessoas de braços cruzados. Tampouco há pessoas aborre-
cidas, olhando para os lados ou para baixo, e muito menos com expressões vazias. Todos na mesa
estão atentos aos apresentadores, em pé, e ainda há o homem que se dispôs a fazer uma pergun-
ta. Ademais, há muitos sorrisos, indicando uma alegria um tanto quanto a�pica em determinadas
reuniões, sobretudo aquelas que tratam de assuntos desagradáveis, como problemas financeiros
UNIDADE 01
e metas não cumpridas.
Analisar a comunicação não verbal em situações assim é muito simples – dispensando, inclu-
sive, um conhecimento mais aprofundado de comunicação não verbal e do jeito humano de agir.
Todavia, como você sabe, a realidade é bem diferente da retratada na imagem anterior. Caso você
trabalhe, sabe bem que reuniões geralmente são tensas e cansa�vas.
Fora o fato de que a tecnologia vem �rando cada vez mais a atenção das pessoas e tornando
Por mais interessante e necessária que seja a tecnologia, ela nos torna menos atentos e reduz
nossa capacidade de entendimento, principalmente quando estamos lidando com assuntos com-
plexos e demasiado di�ceis.
Portanto, se você quer saber como observar melhor a comunicação não verbal presente nas
reuniões, use seu smartphone apenas quando estritamente necessário, para não comprometer
seu rendimento e não prejudicar o bom andamento do trabalho da equipe.
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Quando você voltar sua atenção ao que está ocorrendo à sua volta, observará que os braços
cruzados em geral são usados como uma forma de proteção da pessoa, já que quem cruza os
braços geralmente é quem está ouvindo, isto é, recebendo a informação. Quem fala não o faz de
braços cruzados na maioria das vezes, pois u�liza suas mãos e braços para ajudá-lo na comunica-
ção não verbal – porém, isso não é uma regra.
UNIDADE 01
Segundo Weil (1997), o braço cruzado é uma maneira de a pessoa colocar-se em posição de
defesa diante das colocações da(s) outra(s) pessoa(s) enquanto a(s) escuta. A defesa não ocorre
necessariamente quando o indivíduo discorda do outro. Ela é também uma posição de ouvinte, de
quem ouve e observa o comportamento do outro para analisar seu discurso e posicionamento em
relação ao assunto em questão.
A Figura 11 é um bom exemplo. A mulher, séria, escuta o homem enquanto este fala e ges�cula
Como é preciso entender o contexto antes de ter um veredito sobre o que está ocorrendo nessa
imagem, é importante observarmos outros aspectos do comportamento da mulher. Comecemos
pela posição da cabeça e a expressão facial, que são dois importantes indica�vos de como a pessoa
está se posicionando. Ela está com o rosto voltado para o homem, o que demonstra interesse pelo
que está sendo dito. Os olhos também estão em direção à pessoa que fala, sem contar que o pró-
prio corpo está levemente voltado ao homem. Portanto, a conversa interessa à mulher. O fato de
estar de braço cruzado, assim, não é uma a�tude de discordância, mas de quem está aguardando
as observações do falante para avaliar até que ponto aquilo pode ser verdadeiro.
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O comportamento do homem é �pico daquelas pessoas que desejam persuadir seus ouvintes.
A expressão facial é de alegria, as mãos, livres, tentam trazer força e expressividade à argumen-
tação. A postura equilibrada, com o tronco levemente à frente, mostra alguém convicto de suas
ideias e confiante na aceitação do ouvinte. Por fim, o olhar dirigido à mulher mostra que ele é
asser�vo em suas colocações.
UNIDADE 01
REFLITA
Qual é o limite do nosso EU?
Sigmund Freud, em Eu e o Id, disse que nossa pele é o limite entre o ego e o mundo exterior (apud
WEIL, 1997).
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A figura representa uma �pica situação de trabalho, na qual homens e mulheres tratam de as-
suntos profissionais. O fato de estarem sentados e sem uma mesa entre eles muda bastante a co-
municação não verbal, porque se tornam mais evidentes suas sensações e emoções, notadamente
em relação às pernas, que tradicionalmente ficam “escondidas” debaixo de uma mesa.
De acordo com Weil (1997), o fato de uma pessoa cruzar a perna diz muito sobre o que ela pensa
UNIDADE 01
e sente. Contudo, ao contrário dos braços, que em princípio denotam uma preocupação em defen-
der-se, as pernas cruzadas demonstram certo grau de conforto com a situação. Isso porque as pernas
nessa posição demonstrariam que a pessoa se sente bem naquele ambiente e está à vontade.
Importante lembrarmos também que as pernas cruzadas nem sempre são apropriadas para
determinados ambientes e situações. Geralmente templos sagrados não recomendam que os fiéis
cruzem as pernas diante de imagens e retratos, por exemplo. E isso porque a postura deve ser de
VÍDEO
Para entender ainda melhor a linguagem corporal e seus significados, assista a um vídeo bem
interessante no canal Superleituras, no YouTube. Nele há uma síntese bastante clara e obje�va de
vários aspectos teóricos que estudamos, além de bons exemplos ilustra�vos de pessoas e situa-
ções que nos ajudam a entender a comunicação não verbal.
LINGUAGEM corporal lição #1 – O corpo fala. Superleituras, 2018. Disponível em:
h�ps://bit.ly/3fA7vct. Acesso em: 20 set. 2019.
Fonte: Shu�erstock (2020).
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1.4.1 OS PRINCÍPIOS DA TEORIA DE INFORMAÇÃO E PERCEPÇÃO CINÉSICA
FIGURA 13 – PRINCÍPIO 1
1.
UNIDADE 01
OS COMPONENTES SIMULTÂNEOS DAS MENSAGENS
EM LINGUAGEM DO CORPO HUMANO
SEMPRE
OU
FIGURA 14 – PRINCÍPIO 2
2.
FIGURA 15 – PRINCÍPIO 3
3.
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FIGURA 16 – PRINCÍPIO 4
4.
NA PERCEPÇÃO CONSCIENTE DE
UNIDADE 01
MENSAGENS CORRETAMENTE AVALIADAS
Esses quatro princípios são fundamentais para o correto entendimento do assunto, assim como
dos tópicos mais importantes sobre os diversos aspectos teóricos que abordamos.
Nunca deixe de vislumbrar que os quatro princípios elencados por Weil mostram que:
» O ponto de vista do observador precisa ser rela�vo em determinadas circunstâncias, porque ele
interfere na forma como o(s) observado(os) reage(m) naquela situação;
» O contexto é um dos pontos mais importantes em termos de comunicação não verbal, já que
os aspectos culturais interferem diretamente na maneira como entendemos as situações.
Caso esses aspectos estejam suficientemente claros, você não terá dificuldades para conduzir
bem esta disciplina. Se for necessário, leia e releia diversas vezes para fixar o conteúdo, que será
fundamental para realizar as a�vidades desta Unidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos, nesta Unidade I, que a comunicação não verbal tem um papel fundamental na comu-
nicação humana desde os primórdios da humanidade. Aliás, essa comunicação começou quando
ainda não usávamos linguagem em forma de palavras, muito menos um alfabeto. Assim, desde
quando o homem habitava as cavernas, a comunicação ocorria por meio de gestos, expressões e
sons que emi�a quando desejava comunicar alguma coisa.
Com o passar do tempo e a evolução, a comunicação se aperfeiçoou e se tornou mais elabo-
rada, com palavras, um alfabeto, texto escrito, enfim, tudo aquilo que é essencial para formas de
comunicação que vão além dos gestos e expressões �picas do período mais an�go. O alfabeto e
a linguagem escrita possibilitaram uma mudança radical na vida humana, pois permi�u a criação
de cidades, do dinheiro e das ins�tuições que são a base da vida em sociedade, como os países e
territórios, além do desenvolvimento das tecnologias.
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O momento atual nos leva a um distanciamento da comunicação não verbal, porque acredita-
mos que tudo pode ser explicado de forma clara e precisa por meio de textos, voz e, mais recen-
temente, emojis. Todavia, quem pensa dessa forma esquece que somos humanos e que nossa
natureza, isto é, nossos ins�ntos estão presentes em nossa vida e têm uma importância enorme
em nosso comportamento. Disso resulta uma das razões pelas quais dedicamos esta Unidade de
UNIDADE 01
nossa disciplina a estudar alguns aspectos relevantes das técnicas e caracterís�cas da comunica-
ção não verbal, que, por ser bastante ampla, demandaria muito mais tempo se desejássemos nos
aprofundar no assunto.
De todo modo, as lições aprendidas poderão ajudá-lo(a) a ter uma visão mais ampla e mais clara
da comunicação não verbal, sobretudo no que diz respeito ao ambiente corpora�vo – isto é, a em-
presa na qual você atua (ou atuará). O estudo da comunicação permite que você entenda melhor o
ANOTAÇÕES
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UNIDADE
02
COMUNICAÇÃO
ORAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
» Compreender o desenvolvimento da comunicação oral no processo de evolu-
ção humana;
» Entender os aspectos inerentes à comunicação oral;
» Iden�ficar caracterís�cas similares e não similares entre os diversos �pos de
comunicação;
» Aprender técnicas adequadas de comunicação oral em diversos contextos do
co�diano.
VÍDEOS DA UNIDADE
UNIDADE 02
aprendemos muito sobre comunicação não verbal, um �po de comunicação geralmente negligen-
ciado, mas que tem grande importância para as pessoas, seja na vida pessoal, seja na profissional.
Agora vamos falar de um �po de comunicação que é bastante valorizado, a comunicação oral.
É importante ressaltar que essa é uma das formas mais an�gas de comunicação, juntamente com
a comunicação não verbal, já que ambas são mais primi�vas que o texto escrito. Não por acaso,
aprendemos a falar antes de escrever, pois nosso cérebro assimila a linguagem oral muito antes de
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Dada essa importância, a comunicação oral é também uma manifestação única, já que não exis-
tem dois indivíduos que se manifestam oralmente de forma absolutamente igual em um período
de tempo mais extenso. Por conta disso, algumas pessoas comparam a comunicação oral a uma
forma de expressão ar�s�ca:
UNIDADE 02
A ORATÓRIA É A MAIS TÍPICA E A MAIS GRÁFICA MANIFESTAÇÃO DA ARTE
PORQUE É A ARTE DA PALAVRA – DA PALAVRA QUE É A VESTIDURA DO PEN-
SAMENTO, DA PALAVRA QUE É A FORMA DA IDEIA, DA PALAVRA QUE É A NÍ-
TIDA VOZ DA NATUREZA E DO ESPÍRITO, DA PALAVRA QUE É TRANSPARENTE
COMO A GAZE E TÃO SONORA QUANTO O BRONZE, DA PALAVRA QUE CICIA
COMO A AURA E TROA COMO O CANHÃO, QUE MURMURA COMO O ARROIE
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é marcada por caracterís�cas fundamentais para a evolução do homem, como a confecção de fer-
ramentas e de tecnologias. No entanto, nessas divisões muitas vezes não é explicado um aspecto
fundamental: o quanto a capacidade humana de comunicar-se foi determinante para a evolução.
Para DeFleur e Ball-Rokeach (1993, p. 22), foram justamente as capacidades de trocar, registrar
e difundir informações que “habilitaram a sucessão de formas hominídeas, surgidas durante eras
UNIDADE 02
de evolução, a cada vez mais meditar, inventar, acumular e transmi�r aos demais soluções originais
para o problema de viver”. Ainda de acordo com os autores:
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As afirmações de DeFleur e Ball-Rokeach alçam a comunicação a um novo patamar na história
da humanidade, porque a elevam a uma condição indispensável para o estabelecimento da civi-
lização. Ademais, os autores sugerem que a história humana seja dividida em Eras ou Idades, nas
quais as mudanças nas formas de comunicação determinaram o avanço da civilização.
Desse modo, DeFleur e Ball-Rokeach (1993) começam com a Era dos Símbolos e Sinais, a mais
UNIDADE 02
an�ga de todas. Ela remonta ao período dos nossos ancestrais mais primi�vos, que sequer anda-
vam eretos. A princípio, esses seres pré-humanos se comunicavam como o fazem outros mamífe-
ros. À medida que a capacidade do cérebro humano foi aumentando, houve uma lenta progressão
nas manifestações de comunicação. Todavia, salientam os autores, passaram-se milhões de anos
até ser possível “adotar pelo menos alguns gestos, sons e outros �pos de sinais padronizados – isto
é, aprendidos e compar�lhados – que pudessem ser u�lizados por gerações sucessivas para se de-
FIGURA 3 – OS HIERÓGLIFOS EGÍPCIOS ESTÃO ENTRE AS FORMAS MAIS PRIMITIVAS DE COMUNICAÇÃO ESCRITA.
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Depois que a escrita se tornou parte do processo de comunicação dos seres humanos, houve
outro longo caminho até a Idade da Imprensa, quando foi impresso o primeiro livro por uma má-
quina no mundo. Em 1455, na cidade alemã de Mainz, Johannes Gutenberg usou uma prensa com
�pos móveis para realizar a primeira impressão da Bíblia e, com isso, revolucionou a humanidade.
Dessa forma, a comunicação escrita tornou-se parte integrante da vida das pessoas e as mudan-
UNIDADE 02
ças ocorreram na mesma velocidade na qual as informações transitavam. De milênios passaram-se
para séculos; de séculos para décadas; e, atualmente, vemos novas formas de comunicação serem
criadas em intervalos menores que um ano.
DeFleur e Ball-Rokeach (1993, p. 23-24), porém, fazem uma ressalva:
Desse modo, podemos inferir que a comunicação oral é uma entre diversas outras formas de
comunicação, as quais nos possibilitaram a evolução em termos de espécie e, ainda, a formação de
uma civilização. Podemos inferir, também, que tudo o que somos atualmente é fruto da comunica-
ção que realizamos em nosso dia a dia, sem a qual não poderíamos representar nosso raciocínio,
nossa visão de mundo, nossos sen�mentos.
Somos fruto direto da comunicação, notadamente da comunicação oral, que deu origem à es-
crita e nos possibilitou termos história, pois “pessoas desprovidas de fala teriam uma séria limi-
tação da capacidade de transmi�r e receber conjuntos extensos e complicados de significados, a
par�r das quais se formam lendas, mitos, instruções e interpretações do mundo �sico” (DEFLEUR;
BALL-ROKEACH, 1993, p. 28).
Por fim, para compreendermos de forma mais profunda as etapas da evolução humana e a
relevância da comunicação, sobretudo a oral, nesse contexto de transição, podemos dizer que a
própria a�tude de pensar, sem a qual seríamos ainda seres pré-históricos, está in�mamente rela-
cionada com a comunicação oral: “as técnicas que empregamos para nos comunicar com os outros
são as mesmas com que nos comunicamos conosco, in�mamente. Por outras palavras, as regras
de pensamento correspondem às regras de conversação. Pensamento e raciocínio são manipula-
ções internas da linguagem” (DEFLEUR; BALL-ROKEACH, 1993, p. 29).
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FIGURA 4 – A EVOLUÇÃO DA ESPÉCIE HUMANA ATÉ A COMUNICAÇÃO MAIS RECENTE, POR MEIO DE MÁQUINAS.
UNIDADE 02
UNIBRASIL EAD | NIVELAMENTO DE PORTUGUÊS
Fonte: Shu�erstock (2020).
SAIBA MAIS
O Cro-Magnon, um �po de Homo sapiens, �nha a estrutura craniana, assim como da língua e
da laringe, exatamente como a que temos hoje em dia. Evidentemente, esses indivíduos �nham
capacidade para falar e hoje resta pouca dúvida de que o fizeram. Assim, a fala e a linguagem
parecem ter se originado entre 35 e 40 mil anos atrás, entre pessoas que fisicamente se pareciam
com os seres humanos de hoje.
28
Apesar dessa grande relevância, existem muitas pessoas que apresentam dificuldades na comu-
nicação oral. Medo, insegurança e sen�mento de incapacidade são algumas das sensações mais
recorrentes. Isso ocorre por várias razões, como traumas ou apenas por falta de treino. Alguns
indivíduos, inclusive, acreditam que não conseguirão nunca falar bem em público, simplesmente
porque não tem o dom... Isso mesmo! Pensam que lhes falta uma habilidade atávica, isto é, natu-
UNIDADE 02
ral, de algumas pessoas que nasceram predispostas a se comunicar bem de forma oral. Se esse for
o seu caso, não se preocupe: não é nada disso!
Polito (2006) defende que falar em público é uma habilidade passível de aprendizado, ou seja,
é possível superarmos nossas dificuldades para nos expressarmos adequadamente em público,
da mesma maneira como podemos aprender a andar de bicicleta. Para tanto, conforme Polito, é
preciso técnica, determinação e perseverança e jamais acreditarmos que somos incapazes.
29
REFLITA
Você tem medo?
Se o medo é uma caracterís�ca humana, portanto, inerente à nossa condição, precisamos saber
UNIDADE 02
lidar com ele.
Sendo assim, procure pensar que há formas de vencer esse receio que, às vezes, paralisa as pesso-
as. Procure se espelhar em pessoas que já venceram esse desafio e observe a maneira como elas
fizeram. Isso vai lhe trazer ânimo e também indicar um caminho a seguir.
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Se não é possível acabar com o medo, e sim controlá-lo, precisamos nos dotar de determinadas
ferramentas e informações. De acordo com Polito (2006), é importante seguir cinco recomenda-
ções, expostas a seguir.
1. Conheça o assunto em profundidade.
UNIDADE 02
A primeira sugestão do autor é obter conhecimento o máximo possível sobre o assunto do qual
irá tratar:
Acrescento um comentário que frequentemente ouço dos meus alunos: “Professor, eu me pre-
paro bem para as apresentações, como nos seminários, mas na hora alguma coisa sempre dá
errado: eu gaguejo, alguém faz uma pergunta, ou o professor da disciplina me olha com cara feia”.
Minha recomendação é taxa�va:
» Gaguejou? Peça desculpas e con�nue sua fala.
» Alguém perguntou algo que você não sabe? Fale a verdade e diga que não tem resposta para
aquela pergunta em específico, porém, não deixe a pessoa completamente sem informação e
procure exemplificar algo parecido. Por exemplo, se você está falando sobre redes sociais e al-
guém quer saber de uma ferramenta nova, fale que ainda não conheceu essa nova ferramenta,
mas explique como funciona outra ferramenta recente de que você tem conhecimento.
Se você não faz nem ideia do que a pessoa está perguntando, diga que desconhece aquele
assunto, mas que ele pode ser interessante em determinado contexto. Por exemplo, se você está
dando uma aula sobre cinema e alguém lhe pergunta de um filme do qual nunca ouviu falar, diga
que o filme citado pode ser interessante e dê outro exemplo de filme que seja bom. O importante
é que a plateia perceba que você não está “perdido” no assunto. Seus ouvintes estão conscien-
tes de que o orador não é obrigado a saber tudo sobre o assunto. Ademais, algumas pessoas
vão lhe fazer perguntas apenas para deixá-lo em uma “saia-justa”, isto é, uma situação delicada,
embaraçosa. Isso acontece muito em situações nas quais alguém da plateia não se iden�fica com
o orador e quer desmoralizá-lo em público. Embora não seja nada agradável, isso já aconteceu
comigo e fatalmente poderá ocorrer com você, em algum momento da sua vida em que fizer uma
apresentação oral. Pode ser um colega de sala que não gosta de você e vai tentar desestabilizá-lo
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na frente da sala, um aluno que não gosta do professor, um colega de trabalho que quer mostrar
conhecimento ao chefe prejudicando o outro, e até em cultos religiosos, nos momentos de refle-
xão em conjunto. O mais importante é sempre manter a calma e seguir em frente com paciência e
serenidade. Não se deixe abater.
UNIDADE 02
FIGURA 7 – AS PERGUNTAS MUITAS VEZES SÃO DELICADAS E EXIGEM JOGO DE CINTURA DO ORADOR.
» Alguém da plateia olhou com desconfiança para você? Encare isso com naturalidade e tranquili-
dade. É natural que fiquemos preocupados, mas tente não externar isso à plateia, porque pode
gerar novas situações nega�vas para você, orador.
Eu u�lizo duas técnicas que são muito boas nessas circunstâncias. A primeira é você simples-
mente não olhar para essa pessoa. Se forem poucas pessoas e não for possível desviar o olhar, olhe
para ela com firmeza e convicção, mostrando que você tem confiança naquilo que está dizendo.
A segunda exige um pouco mais de coragem: eu uso aquela pessoa como exemplo para algo que
esteja dizendo em sala. Por exemplo: estou falando sobre é�ca no trabalho e me refiro a essa pes-
soa que olhou com cara feia para mim, dizendo: “Você deve ser um profissional muito correto em
seu trabalho, não é mesmo?”. Ele(a) provavelmente responderá: “Com certeza!”. Então afirmo:
“Ó�mo, então não se esqueça de que a é�ca...”. Eu uso a pessoa dele como uma forma de ressaltar
aquilo que é correto e justo, o que todos buscam. Assim, o indivíduo perceberá que estou do lado
dele e não contra ele; logo, provavelmente, deixará de me olhar com olhar de reprovação e passará
a acenar posi�vamente com a cabeça a cada fala minha.
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FIGURA 8 – É PRECISO ESTAR PREPARADO PARA LIDAR COM
SITUAÇÕES ADVERSAS EM APRESENTAÇÕES ORAIS.
UNIDADE 02
UNIBRASIL EAD | NIVELAMENTO DE PORTUGUÊS
Fonte: Shu�erstock (2020).
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�ndo para iden�ficar suas falhas. Eu recomendo muito esse método de gravar sua apresentação,
porque ele é melhor do que o espelho. Diante do espelho não é possível que o orador observe todos
os gestos e trejeitos que realiza e, ao mesmo tempo, fazer uma boa apresentação. Só por meio da
gravação é que a pessoa poderá voltar diversas vezes e observar com cautela tudo o que ela fez.
UNIDADE 02
FIGURA 9 – PRATICAR A ORATÓRIA NA FRENTE DO ESPELHO PODE AJUDÁ-LO A PERDER O MEDO.
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3. TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO ORAL –
ORATÓRIA
UNIDADE 02
Agora que você já venceu ou reduziu seus medos, está na hora de assimilar algumas técnicas
essenciais de comunicação oral.
3.1 MEMÓRIA
Uma boa memória tem grande importância para um orador, pois:
Em suma, a memória é essencial para realizarmos boas apresentações orais. Contudo, não po-
demos confiar totalmente no poder da memória, pois, às vezes, ela falha, sobretudo quando esta-
mos nervosos e mais precisamos dela. Esse é o famoso “branco”, que nada mais é do que o ner-
vosismo aliado a estresse, medo e outras sensações ruins que nos impedem de lembrar de fatos
e palavras importantes. Fora o fato de que algumas pessoas têm memória melhor do que outras,
e, caso estejamos nesse grupo dos menos privilegiados em termos de capacidade de recordação,
não podemos fazer nada a respeito.
Se você está entre aqueles que têm di- FIGURA 10 – É INDISPENSÁVEL TER UM MEIO IMPRESSO
ficuldade para memorizar as coisas e ainda OU AUDIOVISUAL DE APOIO NA APRESENTAÇÃO.
padece do famoso “branco”, existem solu-
ções. Uma delas é se preparar fazendo um
roteiro, o qual muitas vezes dá lugar a uma
apresentação, por exemplo, em PowerPoint
(ppt). Caso não seja possível fazer a apre-
sentação nesse formato, faça um roteiro
impresso em um papel. Não há problema
algum. O que você não pode é prescindir
totalmente de um meio para ajudá-lo a se
lembrar dos pontos mais importantes da
sua exposição. Fonte: Shu�erstock (2020).
35
3.1.1 ELABORAÇÃO DE ROTEIRO
As apresentações, de modo geral, seguem uma lógica cronológica representada por início, meio
e fim. É uma estrutura bastante u�lizada desde quando aprendemos a escrever os primeiros textos
disserta�vos, no Ensino Fundamental, pois apresenta uma sequência clara dos fatos que possibilita o
entendimento por parte do público de forma rápida e geralmente sem atropelos. Acompanhe a seguir.
UNIDADE 02
1. Introdução
Apresente uma ou duas frases bastante sinté�cas sobre o assunto que será trabalhado ao
longo da sua fala. Caso faça uma apresentação usando PowerPoint ou programa similar, não
se esqueça de colocar seu nome e sua função.
36
VÍDEO
Reinaldo Polito é um grande especialista em comunicação oral no Brasil. Caso você queira ver
um material sinté�co e interessante sobre o assunto, assista ao vídeo em que Polito apresenta
UNIDADE 02
algumas dicas para ajudá-lo(a) a melhorar a sua comunicação interpessoal. Vale a pena conferir!
DICAS para conversar bem e ser agradável – Reinaldo Polito. TV Uol, 22 maio 2018. Disponível em:
h�ps://bit.ly/3je5hlc. Acesso em: 18 set. 2019.
3.2 HUMOR
37
Em decorrência dessas dificuldades, o humor é uma das habilidades mais preciosas e di�ceis
de se encontrar nos oradores. Não por acaso, você ri ou não gosta de determinada brincadeira. É
di�cil haver meio-termo quando se trata de humor.
O melhor mesmo é fazer um teste com sua plateia. Faça um comentário e veja como as pessoas
reagem. Se elas sorrirem, ainda que seja �midamente, há espaço para o humor. Caso as pessoas
UNIDADE 02
fiquem o tempo todo sérias, independentemente do que você diga, mantenha a seriedade também.
Uma técnica que eu uso para “testar” a plateia é a seguinte: faço um comentário deprecia�vo
sobre mim mesmo quando digo determinada bobagem durante a apresentação. Por exemplo:
se pronuncio “lalanja” em vez de “laranja”, logo digo: “Estou parecendo o Cebolinha da Turma
da Mônica”. Se as pessoas acharem diver�do é porque gostam da Turma da Mônica, como eu, e
consideraram bacana meu comentário. Caso não se iden�fiquem, não falo mais nada a respeito e
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta Unidade 2, tratamos de conteúdos relevantes sobre a comunicação oral. Vimos, inicial-
mente, alguns aspectos históricos, e você pôde perceber o quanto a comunicação sempre foi fun-
damental para o ser humano, sobretudo a comunicação feita verbalmente, que nos possibilitou
realizar a�vidades mais complexas, como a criação de tecnologias, e ainda nos trouxe a chance de
termos uma história!
Também fizemos um estudo aprofundado sobre conceitos, obje�vos e caracterís�cas da comuni-
cação oral. Vimos como realizar uma boa apresentação oral e estudamos técnicas de oratória, que
é um dos elementos mais revelantes na comunicação oral. Apesar da importância da tecnologia em
nossas vidas, a comunicação interpessoal de forma oralizada con�nua exercendo um papel fulcral.
Outro aspecto que desejo destacar é a importância de você pra�car os exercícios que fazem
parte desta Unidade e, ainda, procurar, sempre que possível, usar as técnicas de oratória para falar
em público. Não se esqueça de que falar bem em público não é uma habilidade restrita àqueles
que têm “dom” e que qualquer pessoa pode aprender técnicas úteis para sua oratória. Perseve-
rança e coragem são habilidades imprescindíveis para o bom orador, que, acima de tudo, acredita
em si mesmo e no seu potencial.
Em breve, começaremos a tratar da comunicação escrita, mas isso é outro assunto.
Obrigado pela companhia, e até a próxima Unidade!
ANOTAÇÕES
38
UNIDADE
03
LER E ENTENDER:
O TEXTO E O
SIGNIFICADO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
VÍDEOS DA UNIDADE
UNIDADE 03
ajudá-lo(a) a se expressar melhor, tanto por meio dos seus gestos e expressões involuntárias – co-
municação não verbal – quanto pela elaboração de textos mais complexos e até eruditos.
Aliás, nesta Unidade vamos começar a trabalhar uma das formas de comunicação mais bem
elaboradas do ser humano e também a mais desafiadora para muitos alunos: o texto escrito.
Você viu anteriormente que a comunicação por escrito é a mais “jovem que existe”. Primeiro
1. TEXTO E SIGNIFICADO
A compreensão de leitura é a capacidade de processar o texto, entender seu significado e in-
tegrar-se com o que o leitor já sabe (GRABE, 2009). Para en�dades governamentais de educação
40
vinculadas ao processo de ensino e leitura, como o Comitê de Ciências da Aprendizagem do Conse-
lho Nacional de Pesquisa norte-americano (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 2012), as habilidades
fundamentais exigidas na compreensão eficiente da leitura são:
» O conhecimento do significado das palavras;
UNIDADE 03
» A capacidade de entender o significado de uma palavra com base no contexto do discurso;
» A capacidade de seguir a organização de um trecho do texto e iden�ficar antecedentes e refe-
rências nele;
» A capacidade de extrair inferências de um trecho do texto sobre seu conteúdo;
» A capacidade de iden�ficar o pensamento principal de um trecho do texto;
41
2. A INTERAÇÃO AUTOR-TEXTO-LEITOR
Vimos que a capacidade de compreender um texto é influenciada pelas habilidades do leitor
e sua capacidade de processar informações. Se o reconhecimento de palavras é di�cil, os alunos-
UNIDADE 03
-leitores usam muito de sua capacidade de processamento para ler palavras individuais, o que
interfere na capacidade de compreender o que é lido.
Existem muitas estratégias para melhorar a compreensão e as inferências de leitura, incluindo o
vocabulário, a análise crí�ca de texto (intertextualidade, eventos reais versus narração de eventos
etc.) e a prá�ca de leitura profunda (WOLF; GOTTWALD, 2016).
Para Koch e Elias (2014, p. 13),
Percebemos, com base nessas ponderações, que o texto escrito não pode ser comparado com
a linguagem oral (chamada de texto falado por alguns autores, mas vamos considerar aqui o termo
linguagem oral, para não haver confusão com o texto escrito), já que esta diferencia-se, sobretu-
do, em termos de tempo e espaço, pois a comunicação oral geralmente ocorre de forma simultâ-
nea e com pessoas próximas.
Essas premissas estão passando por mudanças, por conta da evolução da Tecnologia da Infor-
mação e da Comunicação (TIC), notadamente os smartphones e os aplica�vos. Um exemplo é o
WhatsApp, amplamente usado em todo o mundo, sobretudo no Brasil, onde o aplica�vo é sucesso
absoluto. O WhatsApp e tecnologias semelhantes rompem com a premissa do espaço, já que não
há copresença, isto é, as pessoas não precisam estar no mesmo espaço-tempo para se comunicar.
No entanto, atualmente é comum, principalmente nas gerações mais jovens, as pessoas se comu-
nicarem por texto, mesmo estando próximas fisicamente umas das outras, já que passam muito
tempo do seu dia conectadas.
42
SAIBA MAIS
Hoje as redes sociais e os aplica�vos de mensagens (como o WhatsApp) estão entre os principais
canais de comunicação e também de marke�ng, já que as empresas vem tentando aproveitar
UNIDADE 03
a ampla popularidade dessas ferramentas para aumentar suas vendas. Uma das técnicas mais
usadas é o chamado marketing de conteúdo, que consiste em criar e disponibilizar informações
úteis às pessoas e também às organizações, de modo a atrair e reter clientes. No Brasil, já existem
empresas especializadas em oferecer esse �po de serviço, nesse amplo mercado que só cresce.
É importante salientar, no entanto, outro aspecto tratado por Wolf e Go�wald (2016): os con-
textos em que se encontram o leitor e o escritor. Sobretudo por parte do leitor, que vai procurar
depreender algo da leitura levando em consideração aspectos subentendidos do texto, o contexto
é crucial para a interpretação das informações.
Assim, para que a comunicação se concre�ze sem ruídos, isto é, sem interferências, é o contex-
to que irá determinar o grau de entendimento do texto. Embora possa parecer que essa reflexão
se aplique a palavras conota�vas, ou seja, as mais ambíguas e figura�vas, a questão também está
vinculada a palavras denota�vas, que tratam do sen�do literal das palavras. Vejamos um exemplo
bem simples. Uma pessoa escreve: “Molhei a manga da minha camisa”. Já outra afirma: “A manga
está doce”. O leitor compreenderá que o termo manga refere-se tanto à fruta como à parte de uma
43
peça de vestuário, caso tenha aprendido anteriormente essa dis�nção. Logo, o contexto é de um
leitor ciente dessas diferenças.
O mesmo se aplica a outro exemplo: “Tenho um abacaxi no trabalho” ou “O abacaxi está ma-
duro”. Mais uma vez, há uma palavra com sen�dos diferentes. Um deles denota�vo: abacaxi é
uma fruta, logo, pode estar madura. O outro, conota�vo: abacaxi pode representar um problema,
UNIDADE 03
portanto, a pessoa afirma que tem um problema no trabalho. Portanto, o contexto interfere muito,
porque ele dá significado a palavras e expressões que isoladas podem representar algo bem dife-
rente daquilo que o escritor ou falante tentou dizer.
Ressalte-se que o entendimento do contexto no texto depende do �po de texto e da forma como
ele foi elaborado. Por exemplo, se a pessoa escreveu que tem um abacaxi no trabalho, parte-se do
princípio de que o texto trata de relações trabalhistas, de co�diano no trabalho, dos afazeres do dia
SAIBA MAIS
44
FIGURA 3 – DAR CONTEXTO À INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL É UM DESAFIO PARA COMPANHIAS DE TIC.
UNIDADE 03
UNIBRASIL EAD | NIVELAMENTO DE PORTUGUÊS
Podemos notar, portanto, que o contexto faz parte da relação autor-texto-leitor. Todavia, é im-
portante salientar que o texto, por ser um �po de comunicação mais obje�vo, pragmá�co, pla-
nejado e calculado, deve evitar o máximo possível par�r do conhecimento prévio do leitor para
transmi�r certa informação. Isto é, o autor deve compor um texto que seja autoexplica�vo e que
não dependa de um conhecimento específico do leitor para ser compreendido.
Um exemplo é o que estou fazendo neste momento. Independentemente de conhecimentos
prévios que você tenha sobre texto, estou escrevendo um texto para que você entenda o que é,
45
como se faz e quais as caracterís�cas determinantes de um texto. Pode ser que para você essas
informações sejam básicas demais. Já para outros, podem ser complicadas. Tudo depende do con-
texto de cada um. O que importa para mim, como professor, é que todos os alunos terminem a
disciplina entendendo um conjunto mínimo de informações sem que seja necessário eu explicar
de outra forma. Por isso o texto tem de ser autoexplica�vo, já que não terei a possibilidade de
UNIDADE 03
conversar com cada aluno para sanar eventuais dúvidas.
Em relação à importância da contextualização para o entendimento de um texto escrito, Koch
e Elias (2014, p. 20) afirmam:
Se você observar cuidadosamente a maneira como uma criança escreve (ou mesmo nós adul-
tos, quando estamos aprendendo uma língua estrangeira) perceberá que ela comete enganos tais
como os apontados pelas autoras. Por exemplo, se desejamos dizer que moramos em uma casa
bonita e que a casa é da cor verde, escrevemos: “Moro em uma casa bonita e verde”. Mas a criança
tende a escrever: “Moro em uma casa. A casa é bonita e verde”.
Repe�mos palavras com maior frequência quando falamos porque a linguagem oral é repe��va por
natureza, já que precisamos disso para memorizar a informação. No texto escrito, no entanto, basta
lermos o início da frase (ou a frase anterior) novamente para nos lembrarmos. Por isso unimos infor-
mações ou usamos pronomes, como ele ou ela, naquele ou naquela, cujo ou cuja, ao longo do texto.
Tendo isso em vista, os professores geralmente recomendam aos alunos que leiam sempre, de
preferência, bons textos, para que percebam como se estrutura um bom texto e, assim, possam
u�lizar tal estrutura ao elaborar o próprio texto. Perceba que a leitura de textos e expressões em
redes sociais e em aplica�vos como o WhatsApp dificilmente irá ajudá-lo a escrever melhor, já que
as pessoas geralmente escrevem como falam e não se preocupam com gramá�ca, com o uso de
expressões chulas e outras caracterís�cas da linguagem oral.
46
VÍDEO
UNIDADE 03
assunto. Eu cito alguns deles neste material, incluindo Ingedore Koch e Vanda Elias, duas profes-
sores com ampla experiência, conhecimento e vivência na produção de textos.
Por isso quero agora sugerir que você assista a um vídeo com o depoimento dessas duas autoras.
Nesse vídeo elas falam de obras interessantes que escreveram e também opinam sobre o traba-
lho de ensinar e aprender a escrever, trazendo informações valiosas a educadores e alunos. Vale
a pena assis�r.
INGEDORE Koch e Vanda Elias – Autores na escola. Disponível em: h�ps://bit.ly/2ODc2Pq. Acesso
47
e disserta�vos. Embora os próprios autores ressaltem que é muito raro encontrar um texto em
“estado puro”, isto é, totalmente disserta�vo, narra�vo ou descri�vo, há caracterís�cas mais acen-
tuadas em cada um desses �pos, o que facilita a divisão e compreensão deles.
UNIDADE 03
Segundo Fiorin e Savioli (2006, p. 289), o texto narra�vo é aquele que:
Os autores exemplificam esse �po de texto da seguinte forma: “F. e P. nasceram do mesmo pai
e da mesma mãe. A fortuna, porém, não os assis�u com a mesma equidade: F. foi adotado e criado
por família ilustre; P. deixou-se ficar com os pobres pais. F. �rou �tulo de doutor; P. morreu aos
18 anos num �roteio com a polícia” (FIORIN; SAVIOLI, 2006, p. 289). Nesse trecho ficam claras as
mudanças progressivas de estado quando o leitor obtém informações sobre o que ocorreu com os
personagens F. e P. ao longo do tempo.
Aliás, a existência de personagens, ou seja, pessoas que vivem determinadas situações em de-
terminado lugar e tempo, também é uma das caracterís�cas marcantes da narra�va, já que esta
significa narrar uma ação. Quem faz algo é sempre um personagem, que pode ser o protagonista
ou um coadjuvante.
Importante salientar que a relação de anterioridade e posterioridade está vinculada à noção de
passado, presente e futuro, o que se percebe pelas mudanças no estado da vida dos personagens
– que em determinado momento fizeram ou fazem certa coisa e depois aquela situação muda.
Quando é possível ao leitor perceber essas alterações, significa que há uma narração de um fato.
FIGURA 4 – A NARRAÇÃO FOI UM ESTILO AMPLAMENTE USADO PELO ESCRITOR MACHADO DE ASSIS.
Fonte: Shu�erstock (2020).
48
Os mesmos Fiorin e Savioli (2006, p. 290), contudo, ressaltam que um determinado texto pode
trazer mudança de estado e não ser uma narra�va, como no seguinte trecho:
UNIDADE 03
TÊNCIA QUASE TODO O ESPAÇO QUE O RODEAVA E NÃO TINHA NECESSIDADE DA
ESPECIALIZAÇÃO. ELE ERA CAPAZ DE PLANTAR O TRIGO E DE MOER O GRÃO, DE
FABRICAR O AZEITE E A LAMPARINA. HOJE UM HOMEM DA CIDADE MORRE DE
FOME SE O AGRICULTOR NÃO LHE FORNECER O GRÃO JÁ MOÍDO E FICA NA ES-
CURIDÃO SE O ELETRICISTA NÃO O SOCORRE COM SUA ASSISTÊNCIA. NO MUNDO
MEDIEVAL, A PRODUÇÃO ERA MENOS DIVERSIFICADA QUE NO MUNDO MODERNO
E OS BENS DE CONSUMO EXISTIAM EM MENOR QUANTIDADE.
Importante notar que há uma narração, em conformidade com o que vimos sobre as caracte-
rís�cas desse �po de texto, mas também há outros elementos que não são narra�vos. Um deles é
a descrição, na qual o autor descreve uma determinada cena, situação e até mesmo pensamentos
de uma pessoa. Esse é o nosso próximo tópico a ser estudado.
Continua >
49
Continuação >
UNIDADE 03
TODOS SIMULTÂNEOS, NESSE TIPO DE TEXTO NÃO EXISTE OBVIAMENTE RELAÇÃO
DE ANTERIORIDADE OU POSTERIDADE ENTRE OS ENUNCIADOS. [...] O FUNDA-
MENTAL NA DESCRIÇÃO É QUE NÃO HAJA PROGRESSÃO TEMPORAL, ISTO É, QUE
NÃO SE SAIA DA RELAÇÃO DE SIMULTANEIDADE E QUE NÃO SE POSSA, PORTAN-
TO, CONSIDERAR UM ENUNCIADO ANTERIOR AO OUTRO.
Além da literatura, o texto descri�vo é bastante u�lizado no mercado de trabalho para a des-
crição de tarefas, por exemplo, quando é preciso explicar em detalhes de que forma o trabalhador
deve agir em situações específicas.
50
3.3 TEXTOS DISSERTATIVOS
Dissertação é um �po de texto muito mais próximo da sua realidade atual, já que você vai ter
de redigir textos disserta�vos ao longo de seu curso superior. Isso porque a dissertação “é o �po
de texto que analisa e interpreta dados da realidade por meio de conceitos abstratos” (FIORIN;
UNIDADE 03
SAVIOLI, 2006, p. 298).
Não confunda conceito abstrato com aspectos difusos. U�liza-se o termo abstrato porque se re-
fere a algo não �sico, não palpável. Por exemplo, sua faculdade pode ter pedido para você escrever
um texto disserta�vo sobre justiça social. São duas palavras abstratas, porque justiça não é uma
pessoa, mas uma “qualidade ou caráter do que é justo e direito” (MICHAELIS, 2019). Se jus�ça é
uma qualidade, logo, não é �sica, palpável. O mesmo pode-se dizer de social, algo rela�vo a pes-
Veja que o trecho trata de um tema abstrato: o futuro do jornalismo. Não há personagens,
não há progressão do tempo nem mudança de estado, embora o texto trate das mudanças no
jornalismo ao longo dos anos. O texto faz uma argumentação sobre o tema em questão lançando
mão das contribuições de outros autores, como é comum nos textos acadêmicos. Caso você esteja
pensando: “Então todo texto acadêmico deve ser disserta�vo”, seu raciocínio está cer�ssimo! Um
dos textos disserta�vos mais comuns é o acadêmico, iden�ficado em ar�gos, dissertações, teses,
monografias e Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC).
Agora leia o trecho de uma matéria jornalís�ca:
Continua >
51
Continuação >
E DOS VENTOS, AS MANCHAS ESTÃO APARECENDO CADA VEZ MAIS AO SUL. ONTEM,
O REGISTRO MAIS AO SUL QUE HAVIA ERA EM CAMAÇARI, QUE FICA 47 KM AO NOR-
TE DE SALVADOR. SEGUNDO BALANÇO DIVULGADO ONTEM À NOITE PELO IBAMA,
CHEGOU A 150 O NÚMERO DE PRAIAS COM REGISTRO DE ÓLEO EM 68 MUNICÍPIOS
UNIDADE 03
DO NORDESTE. SALVADOR, NO CASO, AINDA NÃO ESTÁ NESSA LISTA. A MARINHA
INFORMOU QUE ESTÁ NOTIFICANDO 30 NAVIOS-TANQUE DE 10 DIFERENTES PAÍSES
A PRESTAREM ESCLARECIMENTOS SOBRE A SUSPEITA DE VAZAMENTO DE ÓLEO
QUE CONTAMINOU A COSTA DO NORDESTE. A DECISÃO VEIO APÓS UMA TRIAGEM
COM BASE EM INFORMAÇÕES DO TRÁFEGO MERCANTE NA REGIÃO
(MADEIRO, 2019).
4. FATORES DE COMPREENSÃO DA
LEITURA: COERÊNCIA E COESÃO
Para entender um pouco melhor os mecanismos que interferem na produção textual, vamos estu-
dar dois aspectos com nomes parecidos e que muitas vezes provocam dúvidas: a coerência e a coesão.
52
4.1 COERÊNCIA
Fiorin e Savioli (2006, p. 261) apresentam um ó�mo exemplo de texto incoerente:
UNIDADE 03
HAVIA UM MENINO MUITO MAGRO QUE VENDIA AMENDOINS NUMA ESQUINA
DE UMA DAS AVENIDAS EM SÃO PAULO. ELE ERA TÃO FRAQUINHO QUE MAL
PODIA CARREGAR A CESTA EM QUE ESTAVAM OS PACOTES DE AMENDOIM.
UM DIA, NA ESQUINA EM QUE FICAVA, UM MOTORISTA QUE VINHA EM ALTA
VELOCIDADE PERDEU A DIREÇÃO. O CARRO CAPOTOU E FICOU DE RODAS
PARA O AR. O MENINO NÃO PENSOU DUAS VEZES. CORREU PARA O CARRO E
TIROU DE LÁ O MOTORISTA, QUE ERA UM HOMEM CORPULENTO.
53
ao longo de seu curso e também em provas, concursos públicos e outras avaliações que você terá
de realizar ao longo de sua vida profissional. Sem contar que você precisa ter acesso a no�cias de
qualidade no dia a dia e, para isso, a coerência nos argumentos apresentados é ponto crucial.
Para Fiorin e Savioli (2006, p. 264),
UNIDADE 03
NUM ESQUEMA DE ARGUMENTAÇÃO, JOGA-SE COM CERTOS PRESSUPOSTOS OU
CERTOS DADOS E DELES SE FAZEM INFERÊNCIAS OU SE TIRAM CONCLUSÕES
QUE ESTEJAM VERDADEIRAMENTE IMPLICADOS NOS ELEMENTOS LANÇADOS
COMO BASE DO RACIOCÍNIO QUE SE QUER MONTAR. SE OS PRESSUPOSTOS
OU OS DADOS DE BASE NÃO PERMITEM TIRAR AS CONCLUSÕES QUE FORAM
TIRADAS, COMETE-SE A INCOERÊNCIA DE NÍVEL ARGUMENTATIVO.
54
Perceba, assim, que a coerência em um texto se dá à medida que são analisados aspectos como
o sen�do das palavras e o significado das ideias para o entendimento do texto como um todo. É
algo mais complexo que a coesão, que veremos a seguir.
4.2 COESÃO
UNIDADE 03
A coesão ocorre por meio de palavras específicas, as quais trazem a noção de unidade do texto.
Consoante Fiorin e Savioli (2006, p. 271),
COMO O SISTEMA NÃO PODIA PRESCINDIR DA MÃO DE OBRA ESCRAVA, FOI NECES-
SÁRIO ENCONTRAR OUTRA FORMA DE MANTER INALTERADA ESSA POPULAÇÃO.
(FIORIN; SAVIOLI, 2006. p. 271)
As palavras que trazem coesão no texto citado são aquelas que remetem a partes anteriores, como
“em vista disso” e “ainda”. A palavra ainda dá con�nuidade ao que foi dito anteriormente em relação ao
sistema do Império Romano, enquanto em vista disso parte dos conhecimentos do primeiro parágrafo
para acrescentar informações ao segundo parágrafo. O termo como também se refere às colocações
anteriores sobre os escravos, para salientar que o Império Romano dependia deles.
Lembre-se de que, entre as diversas dis�nções do texto escrito, está a obje�vidade, algo que
se conquista quando não é preciso repe�r tantas palavras e expressões. A coesão preocupa-se
também com isso, já que evita a repe�ção do que foi dito anteriormente e ao mesmo tempo esta-
belece relações entre as partes do texto.
Veja, a seguir, algumas sugestões de palavras que assumem a função de conec�vos e que con-
tribuem para a coesão de um texto:
55
» Preposições: a, de, para, com, por;
» Conjunções: que, para que, quando, embora, mas, e, ou;
» Pronomes: ele, ela, seu, sua, esse, este, aquele, aquela, o qual, a qual;
» Advérbios: aqui, aí, lá, assim.
UNIDADE 03
Os conec�vos também ajudam a exprimir diferentes ideias. Observe o Quadro 1.
Além disso, ademais, outrossim, ainda mais, ainda por cima, por outro lado,
Adição, con�nuação
também, e, mas também, como também, bem como, com.
Portanto, esses termos podem auxiliá-lo a escrever um texto mais adequado e coeso, tornando
melhor e mais eficaz sua comunicação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta Unidade 3, avançamos bastante em termos de saber como ler e construir um texto.
Aprendemos inicialmente sobre a relação autor-texto-leitor, algo fundamental para entender
como ocorre o processo de comunicação por meio das palavras escritas.
Estudamos elementos importan�ssimos como o contexto e o sen�do das palavras. Por serem
habilidades que usamos em nosso co�diano, não nos damos conta de como o contexto e a semân-
�ca (significado das palavras) precisam ser melhor trabalhos no texto para reduzirmos a ambigui-
dade, a redundância e a incompreensão de certas palavras em condições específicas.
56
Se não nos atentarmos a isso, não teremos a coerência e a coesão necessárias, que nos ajudam
a escrever bons textos e a melhor nos comunicarmos. Por isso mesmo, ensinei a você como usar
algumas técnicas úteis e observar certas inconsistências.
Espero que você tenha gostado.
UNIDADE 03
Abraço, e até a Unidade 4!
ANOTAÇÕES
57
UNIDADE
04
GÊNEROS
TEXTUAIS E NORMA
LINGUÍSTICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
VÍDEOS DA UNIDADE
UNIDADE 04
explicando como seria esta disciplina, qual seria nosso ritmo de estudo... Agora já começo a me
despedir. De qualquer maneira, tenho certeza de que esta Unidade 4 vai ser bacana, assim como
foram as anteriores.
Na Unidade anterior, estudamos como são os textos escritos, quais as caracterís�cas mais mar-
cantes, de que forma o texto adquire sen�do ao leitor e quais as relações que se estabelecem
entre autor-texto-leitor. Este úl�mo aspecto mereceu uma atenção especial nossa, porque existem
59
Para Koch e Elias (2014, p. 55):
UNIDADE 04
UM TODO A QUE DENOMINADOS GÊNEROS. LONGE DE SEREM NATURAIS OU
RESULTADO DA AÇÃO DE UM INDIVÍDUO, ESSAS PRÁTICAS COMUNICATIVAS
SÃO MODELADAS/REMODELADAS EM PROCESSOS INTERACIONAIS DOS QUAIS
PARTICIPAM OS SUJEITOS DE UMA DETERMINADA CULTURA.
Importante salientar isso porque não estamos tratando apenas de textos escritos, mas também
60
1.1 GÊNEROS TEXTUAIS: O QUE SÃO E PARA QUE SERVEM?
Segundo Koch e Elias (2014, p. 54):
UNIDADE 04
TODOS NÓS, FALANTES/OUVINTES, ESCRITORES/LEITORES, CONSTRUÍMOS AO LON-
GO DE NOSSA EXISTÊNCIA, UMA COMPETÊNCIA METAGENÉRICA, QUE DIZ RESPEITO
AO CONHECIMENTO DE GÊNEROS TEXTUAIS, SUA CARACTERIZAÇÃO E FUNÇÃO. É
ESSA COMPETÊNCIA QUE NOS PROPICIA A ESCOLHA ADEQUADA DO QUE PRODUZIR
TEXTUALMENTE NAS SITUAÇÕES COMUNICATIVAS DE QUE PARTICIPAMOS. POR ISSO
NÃO CONTAMOS PIADA EM VELÓRIO, NEM CANTAMOS HINO DO NOSSO TIME DE
FUTEBOL EM UMA CONFERÊNCIA ACADÊMICA, NEM FAZEMOS PRELEÇÕES EM UMA
MESA DE BAR. AINDA, É ESSA COMPETÊNCIA QUE POSSIBILITA AOS SUJEITOS DE
Tendo em vista que aprendemos a iden�ficar gêneros por meio de suas caracterís�cas e ainda
temos a possibilidade de saber em que condições os aplicar a par�r da competência metagenérica,
é salutar pra�camos um pouco dessa habilidade. Vamos abordar a seguir alguns textos, procuran-
do selecioná-los em conformidade com o que vimos no Quadro 1, assim como com nosso conhe-
cimento adquirido sobre texto escrito e linguagem falada.
SAIBA MAIS
O estudioso que deu origem à pesquisa sobre gêneros textuais foi o russo Mikhail Bakh�n. Nascido
em 1895 e falecido em 1975, Bakh�n foi um filósofo, crí�co literário e pesquisador que trabalhou
na teoria literária, na é�ca e na filosofia da linguagem. Seus escritos, sobre uma variedade de as-
suntos, inspiraram estudiosos de várias tradições diferentes (marxismo, semió�ca, estruturalismo,
crí�ca religiosa etc.) e disciplinas tão diversas quanto crí�ca literária, história, filosofia, sociologia,
antropologia e psicologia. Embora Bakh�n tenha par�cipado a�vamente dos debates sobre esté�ca
e literatura que ocorreram na União Sovié�ca na década de 1920, sua posição dis�nta não se tornou
conhecida até que ele fosse redescoberto por estudiosos russos na década de 1960.
61
Lembre-se desse ponto, porque ele é substancial para que você compreenda o conhecimento
sobre narração.
UNIDADE 04
der para realizar determinada tarefa. As informações são apresentadas em uma sequência lógica
de eventos, que é dividida em pequenas etapas sequenciadas. O exemplo mais comum de um
texto processual é uma receita para fazer determinado alimento.
No entanto, existem vários outros �pos de textos procedimentais, que instruem como realizar
uma a�vidade específica, como, por exemplo:
» Regras para jogos; » Regras de segurança no trânsito;
62
Não por acaso, uma receita, assim como outros exemplos de textos procedimentais, apresenta
caracterís�cas específicas em termos textuais, tais como:
» Uso de advérbios em de sequência por meio de conjunção temporal (por exemplo: primeiro,
segundo, terceiro, último);
UNIDADE 04
» Uso de sentenças de comando no modo verbal Impera�vo (por exemplo: “Coloque o macarrão
no...”, “Corte a cebola...”, “Lave o tomate...”);
» Uso de advérbios para expressar detalhes, como hora, local, maneira exata (por exemplo: “Dei-
xe o molho cozinhar por cinco minutos”);
» Uso de verbos de ação (por exemplo: fazer, tirar, ferver, cozinhar);
» Uso do tempo presente para indicar ação.
INGREDIENTES
• 2 XÍCARAS (CHÁ) DE FARINHA DE TRIGO
• 2 XÍCARAS (CHÁ) DE AÇÚCAR
• 1 XÍCARA (CHÁ) DE LEITE
• 2 OVOS
• 4 COLHERES (SOPA) DE ÓLEO
• 1 PITADA DE SAL
• 1 COLHER (SOPA) DE FERMENTO EM PÓ
• ESSÊNCIA DE BAUNILHA A GOSTO (OPCIONAL)
Koch e Elias (2014) chamam esse gênero de Injuntivo. Isso é relevante porque diferentes auto-
res costumam se referir ao mesmo fato ou caracterís�ca com nomes dis�ntos, o que pode provo-
car certa dúvida.
63
SAIBA MAIS
Os algoritmos de aprendizado de máquina inspirados no cérebro, combinados com Big Data, al-
cançaram recentemente resultados espetaculares, derrotando os humanos em tarefas específicas
UNIDADE 04
de alto nível (por exemplo, em jogos como xadrez). No entanto, ainda existem muitos domínios
em que até os bebês superam as máquinas: aprendizado não supervisionado de regras e lingua-
gem, raciocínio de senso comum e flexibilidade cogni�va (a capacidade de transferir rapidamente
a competência de um domínio para outro).
O obje�vo de alguns cien�stas que trabalham com ciência cogni�va pelo mundo é fazer engenharia
reversa de tais habilidades humanas, ou seja: construir algoritmos eficazes e escalonáveis que te-
nham um desempenho tão bom quanto (ou melhor) os humanos quando forem fornecidos dados
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1.1.4 GÊNERO TEXTUAL EXORTATÓRIO
O texto do gênero exortatório representa uma tenta�va por parte do interlocutor de fazer com
que o des�natário faça alguma coisa ou aja de certa maneira (LONGACRE, 1983). Assemelha-se
muito ao texto exposi�vo, já que pode incen�var o leitor a fazer algo a par�r de uma argumen-
tação. Alguns autores, como Koch e Elias (2014), chamam o texto do gênero exortatório de argu-
UNIDADE 04
mentativo, já que busca convencer o leitor de algo em que o autor acredite.
VÍDEO
Tendo em vista que as diferenças entre textos do gênero exposi�vo e exortatório (ou argumenta-
O que precisamos salientar é que o texto exortatório tem algumas caracterís�cas bem marcan-
tes. Uma delas é a defesa dos pontos de vista que o autor considera relevantes e fundamentais
para convencer o leitor. Geralmente essa linguagem aparece em ar�gos de opinião, muito comuns
em jornais impressos e revistas, assim como em blogs, nos quais o autor dá sua opinião e tenta
convencer os leitores de que sua visão é a correta.
Observe este texto re�rado de um blog, no qual se comenta sobre os conflitos que repercu�-
ram em mortes entre manifestantes e a polícia no Chile, em outubro de 2019.
NÃO PARECE TER SIDO UMA CONDENAÇÃO DO MODELO ECONÔMICO LIBERAL, IMPLAN-
TADO NA DITADURA MILITAR E MANTIDO PELO CHILE MESMO DEPOIS DA REDEMOCRATI-
ZAÇÃO, HÁ QUASE 30 ANOS, A RAZÃO PRINCIPAL PARA O ESTRONDO COM QUE A PANELA
DE PRESSÃO SOCIAL CHILENA DESTAMPOU NA SEMANA PASSADA. BARREIRAS À CON-
TINUIDADE DE ASCENSÃO SOCIOECONÔMICA, ACESSO DESIGUAL A SERVIÇO PÚBLICOS
DE QUALIDADE E FRACO SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL ESTÃO NA BASE DA REVOLTA
QUE TOMOU AS RUAS DA CAPITAL SANTIAGO E SE ALASTROU, NO FIM DE SEMANA, POR
OUTRAS CIDADES IMPORTANTES DO PAÍS.
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UNIDADE 04
RELATIVO BOM MOMENTO ECONÔMICO — E MESMO SOCIAL — VIVIDO PELO PAÍS. A
POBREZA RECUOU, EM TRÊS DÉCADAS, DE 40% PARA 10% DA POPULAÇÃO, E ECONOMIA,
AINDA QUE COM SINAIS NA DESCENDENTE, DEVE CRESCER 2,5% ESTE ANO, MAIOR ALTA
NA AMÉRICA LATINA. A INFLAÇÃO É BAIXA E O DESEMPREGO MANTÉM-SE ESTÁVEL,
APESAR DE O PAÍS TER ABSORVIDO, MAIS RECENTEMENTE, UM MILHÃO DE IMIGRANTES,
NA MAIORIA VENEZUELANOS — O QUE É MUITO PARA UMA POPULAÇÃO DE APENAS 17
MILHÕES DE PESSOAS.
Perceba que o autor já inicia o texto exprimindo uma opinião sobre as manifestações ocorridas
no Chile. Em seguida, ele começa a jus�ficar o porquê da opinião dele por meio de argumentos
que endossam sua perspec�va. Assim que apresenta seus argumentos, também cita dados e infor-
mações oficiais que reforçam o que acabou de afirmar, demonstrando que sua argumentação não
está baseada apenas em suas convicções, mas em fatos empíricos que podem ser comprovados.
Inclusive, por essa razão, ele se u�liza de números, os quais são menos ques�onáveis do que opi-
niões sem fundamento.
Além de ar�gos nos quais determinada pessoa defende um ponto de vista, a área acadêmica
também se u�liza muito dos textos exorta�vos ou argumenta�vos, porque o pesquisador, profes-
sor ou estudante que elabora um texto acadêmico precisa defender seu ponto de vista diante de
determinado assunto.
Sem dúvida que em uma tese de doutorado a defesa de um ponto de vista é mais ampla do
que em um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), já que a tese é justamente o ponto de vista do
futuro doutor sobre uma problemá�ca, uma teoria, uma pesquisa aplicada na qual ele coletou
dados e está defendendo seus estudos. Veja como exemplo este trecho do meu livro, em que trato
de inovação na área de comunicação no Brasil, cujo conteúdo foi elaborado com base nas minhas
pesquisas realizadas no doutorado:
AS EMPRESAS BRASILEIRAS TÊM BUSCADO INOVAR, MAS AINDA ESTÃO MUITO DISTAN-
TES DAS PRINCIPAIS CORPORAÇÕES DE MÍDIA DO PLANETA. A DIFERENÇA NÃO RESIDE
APENAS EM FATURAMENTO, ATÉ PORQUE AS ORGANIZAÇÕES GLOBO FIGURAM ENTRE AS
MAIORES DO MUNDO, MAS NO QUE OS VEÍCULOS DE MÍDIA BRASILEIROS ESTÃO FAZEN-
DO PARA INOVAR E AUMENTAR A COMPETITIVIDADE. NENHUMA EMPRESA BRASILEIRA
DE MÍDIA DESENVOLVEU UMA INOVAÇÃO RADICAL OU DISRUPTIVA NA HISTÓRIA. ATÉ
ESSE PONTO SERIA DE SE ESPERAR, JÁ QUE ESSES TIPOS DE INOVAÇÃO SÃO RAROS E
NENHUMA EMPRESA SE SUSTENTA APENAS DELAS. UM PONTO COMPLICADOR É QUE
ALÉM DE NÃO DESENVOLVER INOVAÇÕES ASSIM, OS VEÍCULOS NÃO ESTÃO SE DIRIGINDO
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UNIDADE 04
SOBREVIVER EM MEIO A UM MERCADO ALTAMENTE VOLÁTIL EM CONSTANTE MUDANÇA.
(ARAUJO, 2018)
Observe que a estrutura do texto é semelhante ao ar�go de opinião que relatei há pouco, em
que o autor defende um determinado ponto de vista logo no começo, argumenta em seguida por
FIGURA 4 – NA TESE DE DOUTORADO, O AUTOR DEFENDE UMA PESQUISA TEÓRICA E/OU PRÁTICA QUE REALIZOU.
Koch e Elias (2014, p. 73) ressalvam que os gêneros e �pos textuais são bastante flexíveis e não
estão isolados em um texto:
CADA GÊNERO VAI ELEGER UMA OU, O QUE MAIS COMUM, ALGUMAS DESSAS
SEQUÊNCIAS OU TIPO DE GÊNERO PARA A SUA CONSTITUIÇÃO. ASSIM, POR EXEM-
PLO, EM UM CONTO OU ROMANCE, VAMOS ENCONTRAR, A PAR DAS SEQUÊNCIAS
NARRATIVAS, RESPONSÁVEIS PELA AÇÃO PROPRIAMENTE DITA (ENREDO, TRAMA),
SEQUÊNCIAS DESCRITIVAS (DESCRIÇÕES DE SITUAÇÕES, AMBIENTES, PERSONA-
GENS) E EXPOSITIVAS (INTROMISSÕES DO NARRADOR); PEÇAS JURÍDICAS COMO A
PETIÇÃO INICIAL OU A CONTESTAÇÃO VÃO CONTER, NORMALMENTE, SEQUÊNCIAS
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UNIDADE 04
Constatamos, assim, que as normas teóricas de classificação e separação entre os gêneros são
uma forma de estudá-los para compreendermos melhor o assunto, mas isso não significa que são
formas estanques. Essas regras devem ser consideradas com a percepção de que a linguagem é
sempre dinâmica e mutável e, portanto, precisamos vislumbrar essa variabilidade para a enten-
dermos em plenitude.
EXEMPLOS:
A casa está cheia de pessoas.
A casa está repleta de pessoas.
» Antonímia
É o oposto da sinonímia. Se nesta as palavras têm significado igual, na antonímia elas têm signi-
ficado diferente. São as palavras antônimas.
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EXEMPLOS:
A geladeira está bastante quente.
A geladeira está bastante fria.
» Homonímia
UNIDADE 04
Quando duas ou mais palavras têm significados diferentes, mas são iguais no som e/ou na for-
ma de escrever, elas são chamadas de homônimas.
EXEMPLOS:
Eu acordei cedo hoje (cedo como advérbio do verbo acordar).
Eu cedo meu lugar no ônibus sempre que necessário (cedo do verbo ceder).
EXEMPLOS:
O começo da história agradou aos telespectadores (começo pronunciado com som fechado na sílaba me).
Eu começo a entender essa matéria (começo pronunciado com som aberto na sílaba me) (PAS-
CHOALIN, 1996, p. 348).
» Homófonos
Também são palavras homônimas, mas a semelhança está no som, não na grafia.
EXEMPLOS:
O acento de saída é na letra “i”.
O assento do ônibus está sempre cheio.
» Homônimos perfeitos
São palavras iguais tanto no som quanto na forma de escrever. Apenas por meio do significado
podemos saber a diferença entre elas, o qual será trazido pelo contexto da frase.
EXEMPLOS:
A manga da camisa está suja (manga como parte do vestuário).
A manga está verde no pé (manga como fruta).
Ele está são após dias no hospital (são no sen�do de saudável).
Eles são sempre alegres (são do verbo ser).
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» Paronímia
São palavras que têm um som muito parecido, mas são diferentes no significado e na grafia. São
chamadas de palavras parônimas.
EXEMPLOS:
UNIDADE 04
Ele emigrou para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor (mudou-se para outro lugar).
Meu amigo imigrou para o Brasil depois que sua cidade foi devastada pela guerra (entrou em
um país diferente para sobreviver).
» Polissemia
Segundo Paschoalin (1996, p. 350), polissemia “é o fato de uma mesma palavra poder apresen-
EXEMPLOS:
Eu estava com a mão machucada após mexer com água quente (mão como parte do corpo).
A rua em que moro é de mão dupla (mão como o sen�do para veículo transitar).
Nenhuma pessoa deve abrir mão de seus direitos (mão com o significado de deixar de lado ou
desis�r de algo).
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FIGURA 6 – AS FIGURAS DE LINGUAGEM SÃO USADAS SOBRETUDO NA LINGUAGEM ORAL.
UNIDADE 04
Fonte: Shu�erstock (2020).
Vejamos alguns dos exemplos de figuras de es�lo mais comuns e que são mais relevantes para
EXEMPLOS:
A prova de hoje foi o bicho (muito complexa; di�cil; estranha).
Ele carrega o mundo nas costas (muitos problemas; todos os problemas que existem estão
sobre ele).
» Prosopopeia
Muito parecida com a metáfora, a prosopopeia ocorre quando se atribui caracterís�cas hu-
manas a outros seres. Essa figura de linguagem também pode ser chamada de personificação ou
animismo.
EXEMPLOS:
Com a passagem da nuvem, a lua se tranquiliza.
Essa cidade tem ruas falantes.
» Catacrese
Apesar do nome um pouco estranho, essa figura de es�lo é bastante usada no dia a dia, inclu-
sive na linguagem escrita. Assim como a prosopopeia, a catacrese se assemelha à metáfora. A di-
ferença está no fato de que a catacrese “é o emprego figurado por falta de um termo próprio para
designar determinadas coisas. Trata-se de uma metáfora necessária, que, desgastada pelo uso, já
não representa recurso expressivo da língua” (PASCHOALIN, 1996, p. 356).
EXEMPLOS:
A orelha do livro está suja.
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A asa da xícara foi quebrada pelo gato.
» Metonímia
Também muito comum no co�diano, a metonímia ocorre quando subs�tuímos determinada
palavra por outra, sendo que há uma relação lógica entre ambas. Pode ser usada, por exemplo,
UNIDADE 04
para subs�tuir:
• O autor pela obra
EXEMPLO:
Ouço Legião Urbana todos os dias (a música da banda Legião Urbana).
• O con�nente (o que contém) pelo conteúdo (o que está con�do)
EXEMPLO:
Toda família precisa de um teto para viver (teto = casa).
• O efeito pela causa
EXEMPLO:
Com muito suor o operário construiu sua casa (suor = trabalho).
As empresas despejam a morte nos rios (morte = poluição).
» Eufemismo
Conforme Paschoalin (1996, p. 358), o eufemismo é “figura que consiste no abrandamento de
uma expressão de sen�do desagradável”. Geralmente é empregado na linguagem escrita quando
o autor precisa ser mais su�l nas palavras e menos incisivo, ou quando não quer se comprometer
com algo de que não tem absoluta certeza. Na imprensa também há diversos exemplos de eufe-
mismo para evitar dissabores, como problemas com a jus�ça.
EXEMPLOS:
O prefeito apropriou-se de dinheiro público (apropriar-se = roubar).
O médica foi convidada a retirar-se da festa (convidar a se retirar = expulsar).
» Hipérbole
Uma das figuras de linguagem mais usadas co�dianamente, a hipérbole consiste no exagero de
uma expressão para tornar mais expressiva a ideia.
EXEMPLOS:
Eu morro de medo de ser assaltado à noite.
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Ele comeu feito um condenado.
» Ironia
A ironia também é empregada largamente em nosso dia a dia. Consiste, basicamente, em al-
guém dizer o contrário do que realmente queria dizer, para ridicularizar a situação e enfa�zar suas
UNIDADE 04
palavras.
EXEMPLOS:
Quem foi o inteligente que preencheu o formulário com tantos erros?
Que bonito o prefeito roubar todo o dinheiro do povo!
ANOTAÇÕES
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REFERÊNCIAS
ARAUJO, Lucas Vieira de. Inovação em comunicação no Brasil. São Bernardo do Campo: Metodis-
ta, 2018.
ARAUJO, Lucas Vieira de. Inovação no jornalismo: um estudo de crowdfunding. Estudos em Jorna-
lismo e Mídia, Florianópolis, v. 13, n. 1, p. 103-114, jan./jul. 2016.
ASSIS, Machado de. Quincas Borba. São Paulo: Á�ca, 1998.
BRÉZILLON, Patrick. Context in Ar�ficial Intelligence: A survey of the literature. Computers and
Artificial Intelligence, v. 18, p. 321-340, 1999.
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LARSON, Mildred L. Meaning-based translation: A guide to cross-language equivalence. Lanham,
MD: University Press of America, 1984.
LONGACRE, Robert E. The grammar of discourse. New York: Plenum, 1983.
MADEIRO, Carlos. Manchas aparecem em Salvador, e Nordeste tem 8ª capital poluída por óleo.
UOL, 11 out. 2019. Disponível em: h�ps://no�cias.uol.com.br/meio-ambiente/ul�mas-no�cias/
redacao/2019/10/11/manchas-aparecem-a-salvador-e-nordeste-tem-8-capital-poluida-por-oleo.
htm. Acesso em: 11 out. 2019.
MENDES, Alves. Um conceito de oratória. In: POLITO, Reinaldo. Como falar corretamente e sem
inibições. São Paulo: Saraiva, 2006.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Improving adult literacy instruction: Op�ons for prac�ce and
75
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