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INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

PRECONCEITO LINGUISTICO

2º ano

Grupo: 06

Turno: Manhã

Sala: 32

LUANDA

2023/2024

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PRECONCEITO LINGUISTICO

Integrantes do grupo

Adelina Henriques

Advone Siala

Anita Pedro

Delma Antonio

Djamila Mussongo

Leandra Alves

Milene de Sá

Trabalho apresentado ao Instituto Superior


Técnico de Angola (ISTA) curso de
Comunicação Social, para avaliação na cadeira
de Língua Portuguesa.

Docente: Damarcio dos Santos

LUANDA

2023/2024

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DEDICATORIA
Dedicamos este trabalho inteiramente aos nossos colegas e familiares.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus pela protecção ao longo deste


processo, pela orientação e ensinamentos agradecemos ao nosso professor,
aos nossos colegas de curso, aos nossos irmãos e meus amigos em especial,
aos restantes familiares por todo o apoio muito obrigado.

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ÍNDICE
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 6

1.1. Problema de pesquisa ............................................................................. 7

1.2. Objectivos ................................................................................................ 7

1.2.1. Objectivo geral ...................................................................................... 7

1.2.2. Objectivos específicos .......................................................................... 7

1.3. Hipótese da pesquisa .............................................................................. 7

1.4. Justificativa do tema ................................................................................ 8

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 9

2.1 Preconceito Linguístico ............................................................................. 9

2.1.1. Causas do preconceito linguístico ........................................................ 9

2.1.2. As vítimas de preconceito linguístico .................................................. 11

2.2. Tipos preconceito linguístico .................................................................. 12

2.2.1. Preconceito linguístico na pronúncia .................................................. 12

2.2.2. Preconceito linguístico na gramática .................................................. 12

2.3. Consequências do preconceito linguístico ............................................. 13

2.4. A actuação das instituições de ensino no combate ao preconceito ....... 13

2.4.1. O uso da Variação Linguística ............................................................ 14

2.5. A relação entre preconceito linguístico e variação linguística ................ 15

2.6. Relação entre norma culta e o preconceito linguístico ........................... 16

3. METODOLOGIA ........................................................................................... 17

3.1.Tipo de Pesquisa .................................................................................... 17

3.1.1.Pesquisa quanto aos procedimentos ................................................... 17

3.2.Técnicas de Investigação da Pesquisa ................................................... 17

4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ...................................................... 18

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 20

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INTRODUÇÃO

Mesmo após inúmeros estudos acerca do preconceito linguístico, é


possível observar que desde o seu contexto histórico ainda persiste um conflito
entre o uso da língua com a gramática normativa.

Conforme o entendimento de Silva (2014), as línguas sofrem mudanças


na maneira de falar. Para ele essas variações não podem trazer nenhuma
discriminação na forma de usar, para esse autor o uso da língua tem que ser
respeitado desde a sua origem e até nas suas reformulações. Dessa forma
esse autor compara a língua como o Bagno (1999), pois este relaciona a língua
como um enorme iceberg que flutua no mar que refere-se ao tempo, e quanto a
gramática normativa e associada uma pequena parcela considerada pelo seu
prestígio social, a denominada norma culta.

Bagno (1999), reitera em dizer que a língua falada pela maioria da


sociedade é o português, desse modo para ele a língua portuguesa apresenta
um alto grau de diversidade, não só pela grande extensão territorial que gera
desigualdade regional, mas por aqueles que possui prestígio social e que
acaba sendo o contraste pela sua renda e pela maioria da população,
consideradas vítimas do preconceito por não falarem conforme a norma culta
estabelecida.

Para ele, esse contraste social pode gerar um verdadeiro preconceito


linguístico entre os falantes das variedades não padrão e com a norma padrão,
podendo ocorrer um verdadeiro abismo linguístico.

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1.1. Problema de pesquisa

Para Gil (1991, p. 29), problemas científicos podem ser formulados


seguindo algumas regras, tais como o: problema deve ser formulado como
pergunta; ser claro e preciso; ser empírico; ser susceptível de solução; e deve
ser delimitado a uma dimensão viável.

Partindo do conceito apresentado por Gil, formulamos a seguinte


pergunta de partida:

O que está na base do preconceito linguístico e suas


concequencias?

1.2. Objectivos

“Se o problema é uma questão a investigar, objectivo é um resultado a


alcançar” (Vergara, 1997). O objectivo final, se alcançado, dá respaldo ao
problema. Os objectivos intermediários são metas que se devem ser
construídas para se chegar ao objectivo final.

1.2.1. Objectivo geral

Verificar se outros tipos de conhecimentos se sobrepõem ao


conhecimento científico

Descrever as causas e consequências do preconceito linguístico

1.2.2. Objectivos específicos

 Caracterizar preconceito linguístico


 Citar métodos para evitar preconceito linguístico

1.3. Hipótese da pesquisa

Segundo Lakatos (2009, p.85), a hipótese é “a suposição de uma causa


que visa explicar provisoriamente um fenómeno até que os factos venham
contradizer ou afirmar.

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Partindo conceito apresentado por Lakatos, a pesquisa pretende testar a
seguinte hipótese:

H1: O preconceito linguístico resulta da comparação indevida entre o


modelo idealizado de língua que se apresenta nas gramáticas normativas e
nos dicionários e os modos de falar reais das pessoas que vivem na
sociedade, modos de falar que são muitos e bem diferentes entre si.

H2: Quando analisado de perto, o preconceito linguístico deixa claro que


o que está em jogo não é a língua, pois o modo de falar é apenas um pretexto
para discriminar um indivíduo ou um grupo social por suas características
socioculturais e socioeconómicas: género, raça, classe social, grau de
instrução, nível de renda etc.

1.4. Justificativa do tema

Segundo Vergara (1997), o autor do trabalho deve justificar seu estudo,


apontando-lhe contribuições de ordem prática e ao estado da arte na área em
que está buscando formação académica. Assim é preciso pontuar como os
resultados da pesquisa podem contribuir para a evolução do conhecimento
teórico e da prática, no que diz respeito especificamente ao objecto de estudo.

As razões de nosso interesse pela pesquisa sobre preconceito


linguistico, parte do nosso desejo de conhecer o tema de forma aprofundada.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Preconceito Linguístico

Martins (2017) reflecte sobre o preconceito linguístico na sociedade, e


diz que o preconceito linguístico é:

É humilhação da fala do outro ou da própria fala [...] depreciando-se a língua,


deprecia-se o indivíduo, sua identidade, sua forma de ver o mundo [...] O
preconceito linguístico- o mais sutil de todos- eles atingem um dos mais nobres
legados do homem, que é o domínio de uma língua. Exercer isso é retirar o
direito de fala de milhares de pessoas que se exprimem em formas sem
prestígio social. Não quero dizer com isso que não temos o direito de gostar
mais, ou menos, do falar de uma região ou de outra, do falar de um grupo
social ou de outro. O que afirmo e até enfatizo é que ninguém tem o direito de
humilhar o outro pela forma de falar. Ninguém tem o direito de exercer assédio
linguístico. Ninguém tem o direito de causar constrangimento ao seu
semelhante pela forma de falar (MARTINS, 2017, p.06)

Martins (2017) diz que o preconceito linguístico envolve o deboche da


língua materna do indivíduo sobre a obrigatoriedade de uma língua exclusiva,
sendo assim ela entende que não existe uma única norma padrão tanto para
a fala como para escrita e sim variedades linguísticas do indivíduo, ou seja, a
sua linguagem tem que ser respeitada para que que não ocorra qualquer tipo
de violência, seja física, verbal ou psicologia em relação a qualquer aspecto
que pertença a sua comunicabilidade e a interação social.

2.1.1. Causas do preconceito linguístico

O preconceito linguístico não anda sozinho, ele sofre influência do


preconceito socioeconômico, do preconceito regional, do preconceito cultural,
ou seja, há todo um contexto que ajuda a produzir o preconceito linguístico.

 Preconceito socioeconômico

Entre todas as causas, talvez seja a mais comum e a que traga


consequências mais graves. Isso se deve ao fato de membros das classes

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mais pobres, pelo acesso limitado à educação e cultura, geralmente,
dominarem apenas as variedades linguísticas mais informais e de menor
prestígio.

Assim, são excluídos principalmente dos melhores postos no mercado


profissional, e cria-se a chamada ciclicidade da pobreza: o pai pobre e sem
acesso à escola de qualidade dificilmente oferecerá ao filho oportunidades
(pela falta de condição), e este, provavelmente, terá o destino daquele.

 Preconceito regional

Junto ao socioeconômico, é uma das principais causas do preconceito


linguístico. São comuns casos de indivíduos que ocupam as regiões mais ricas
do país manifestarem algum tipo de aversão ao sotaque ou aos regionalismos
típicos de áreas mais pobres.

 Preconceito cultural

Há uma forte aversão por parte da elite intelectual à cultura de massa e


às variedades linguísticas por ela usadas. Isso fica evidente, por exemplo, na
música.

Por muito tempo, o Kuduro e o rap foram segregados no cenário cultural


por serem oriundos de classes menos favorecidas (muitas vezes, sem acesso
à educação formal) e que se utilizam de uma linguagem bastante informal (a
fala do “caipira” ou de um membro de uma comunidade em um grande centro,
por exemplo).

É muito importante destacar que ambos são estilos musicais


extremamente ricos e são parte importantíssima da identidade cultural de
milhões de pessoas.

Nildo Viana, Professor Universitário da UEG (Universidade Estadual de


Goiás) e Doutor em Sociologia pela UnB (Universidade de Brasilia) fala sobre
o preconceito linguístico:

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A maioria das abordagens do preconceito linguístico se limita a
descrevê-lo e denunciá-lo sem apresentar suas raízes sociais e seu
envolvimento na dinâmica das lutas sociais, inclusive as travadas no interior
do sistema escolar... (...) Uma das condições de possibilidade do preconceito
linguístico se encontra na distinção na linguagem. É somente quando tal
distinção surge é que se torna possível esta forma de preconceito. ... (...)
preconceito originado da distinção entre a “língua culta” e a linguagem
coloquial, ou a normatização da linguagem e a distinção entre “certo” e
“errado”. Tal preconceito tem origem no processo de normatização da língua
feita pelo sistema escolar e pelos setores intelectualizados da sociedade. As
classes sociais privilegiadas incorporam a chamada “língua culta” e a tomam
como uma distinção social que reforça seu status privilegiado. (VIANA,Nildo.
Abril de 2004)

A doutora e professora do Departamento de Letras da Universidade


Federal de Pernambuco (UFPE), Siane Gois explica o que é o preconceito
para Wellington Silva, do jornal Folha de Pernambuco:

Preconceito linguístico é o julgamento de valor que se faz em relação


a determinada maneira de falar, a determinada variante linguística de uma
comunidade.“Pessoas que residem nas regiões mais ricas do país acham que
as falas delas são mais belas e organizadas do que as falas das regiões
pobres. Quem está na capital acha que os moradores do interior têm uma fala
feia, engraçada, errada. E se você vai para o Interior, provavelmente, o falante
da cidade acha que moradores da zona rural têm uma fala diferente, estranha,
inferior. Isso mostra que o preconceito linguístico é, na verdade, social. O
grupo que está em uma situação mais favorecida vai se posicionar de uma
maneira preconceituosa em relação ao mais desfavorecido”, fala a professora.
(SILVA, Wellington. Folha de Pernambuco – 06/03/2021)

2.1.2. As vítimas de preconceito linguístico

Os principais alvos do preconceito linguístico são grupos que se afastam


dos modos de falar determinados pela norma culta e da linguagem das classes
urbanas.

Normalmente, se relaciona a grupos com alguma característica de


vulnerabilidade em razão de gênero, classe, raça, padrão de renda, acesso à
educação, deficiência e local de nascimento.

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Sendo assim, pessoas com pouco grau de acesso à educação, que
nasceram em regiões mais afastadas da zona urbana ou dos grandes centros
urbanos, com baixo nível de renda, são os principais alvos do preconceito
linguístico.

Por outro lado, como está relacionado principalmente à linguagem


falada, pessoas com deficiência auditiva, pessoas surdas e pessoas mudas
são invisíveis neste processo e também são alvo do preconceito linguístico.

2.2. Tipos preconceito linguístico

O preconceito linguístico pode se manifestar na fala e na escrita e


sofrem influências da variação linguística associada à região de nascimento de
quem fala, o tempo, espaço e classe social em que a pessoa se encontra
inserida. Vamos analisar alguns exemplos?

2.2.1. Preconceito linguístico na pronúncia

Esse é uma forma de preconceito que está diretamente ligado à


pronúncia das palavras, relacionado intimamente com variações regionais.

Pessoas nascidas nas regiões norte ou sul são alvo de preconceito


linguístico pela sua fala, cujo sotaque se difere das consideradas grandes
centros urbanos do país. A xenofobia também se faz muito presente aqui.

Por se comunicarem em Libras, pessoas surdas também são alvos de


preconceito linguístico, por não usarem o português como língua principal.
Desse modo, frequentemente são vistas como inferiores ou com pouco nível
intelectual.

2.2.2. Preconceito linguístico na gramática

Na gramática, quando há erros na escrita, fala ou concordância das


palavras, é quando o preconceito linguístico mais aparece.

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“Menas”, “as casa”, “firmadeira”, “a gente vamos”, “fez mal para eu”,
“truce” entre outros, são exemplos de comunicação diferente do estabelecido
conforme a norma culta.

Isso é algo muito comum no preconceito linguístico, mesmo quando as


duas partes envolvidas na comunicação conseguem entender a mensagem.

2.3. Consequências do preconceito linguístico

Os danos causados pelo preconceito linguístico vão além de danos


psicológicos, podendo afetar, também, financeiramente alguém que é preterido
em uma seleção de emprego por ter um sotaque acentuado. Uma jovem atriz,
natural de Recife, conta que para ser aceita nos testes para conseguir um
trabalho passou a falar com sotaque carioca, alegando que mantendo seu
sotaque original haveria o esteriótipo regional, isto é, dariam a ela um papel
secundário por causa de seu sotaque nordestino.

No site do jornal Folha de Pernambuco, Wellington Silva escreve:

Alguns especialistas destacam que o preconceito linguístico, fruto


das questões socioeconômicas, pode ser considerado o que
promove as mais graves consequências, pois integrantes de classes
mais pobres acabam dominando variedades linguísticas mais
informais, devido ao pouco ou quase nenhum acesso à educação
formal. Por conta deste fenômeno, essa parcela populacional é
excluída de seleções de emprego e um ciclo de pobreza é
perpetuado. Pais e filhos sem acesso à educação acabam seguindo
o mesmo caminho de poucas oportunidades de mudança de classe
social. (SILVA, Wellington. Folha de Pernambuco)

2.4. A actuação das instituições de ensino no combate ao preconceito


linguistico

Martins (2017), além de demostrar que existe o preconceito, diz que ele
pode ser combatido com base no entendimento de Paulo Freire (1980), que

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utiliza em sua pedagogia freireana uma proposta de intervenção com
linguagem e o diálogo, sendo primordiais na relação entre o docente e o aluno.

Para esses autores, os docentes devem sempre acolher e respeitar as


diferenças na questão dos níveis da linguagem daquele aluno, devem incluir
todos os “falares”, desse modo haverá a inclusão do aluno que apresenta um
falar diferenciado, oriundo da comunidade que ele vive. Em decorrência disso,
Bagno (1999) diz:

É preciso, portanto, que a escola e todas as demais instituições


voltadas para a educação e a cultura abandonem esse mito da
“unidade” do português no Brasil e passem a reconhecer a verdadeira
diversidade linguística de nosso país para melhor planejarem suas
políticas de ação junto à população amplamente marginalizada dos
falantes das variedades não padrão.

Nessa medida, esses autores corroboram sobre a importância da língua,


pois ela está diretamente ligada ao preconceito linguístico, essa discriminação
predomina em vários grupos apontados como de menor prestígio social, no
qual a língua é servida como instrumento por distinção social. Entretanto, vale
ressaltar que todas as variações linguísticas são permitidas e devem ser
consideradas aspectos culturais e não um impedimento.

2.4.1. O uso da Variação Linguística

Muitas vezes, deparamos com estudantes que encontram dificuldades


de escrever a norma padrão ou culta, porque já utilizam em sua rotina a
linguagem coloquial. Sendo assim eles não estão acostumados com a
linguagem formal, dessa forma isso refletirá nos aspectos culturais, sociais e
históricas, que são derivadas das variações linguísticas, gerando para ele
graves consequências na sua aprendizagem.

Então, cabe ao docente explorar nas aulas de Língua Portuguesa, a


interação do aluno com o uso da linguagem padrão, não se desfazendo da
linguagem utilizada pelo mesmo, como também a utilização da variação
linguística, pois além de ser necessária a compreensão dessas

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transformações, os alunos também irão entender que a reprodução da língua
coloquial para a língua culta é indispensável, pois a maneira deles falarem tem
que ser respeitada.

Sendo assim a variação linguística não deve ser apontada como “erros”
gramaticais pelos professores de Língua Portuguesa, pelo contrário elas
podem ser utilizadas na sala de aula.

Liz e Trindade (2016, p.07) afirmam que

De acordo com Cagliari (2011), é necessária uma sólida base


linguística para que o professor possa ensinar português sem
reproduzir tradições de ensino superadas e equivocadas e sem
acolher concepções ultrapassadas de língua, já que as
consequências de uma base linguística pouco consistente são
crianças que acabam os anos inicias com traumas de se exporem
oralmente, com baixas habilidades em leitura e escrita.

Liz e Trindade (2016) afirmam que para que haja o ensino


principalmente do português tem que haver um preparo linguístico sólido
baseado em acolhimentos que não prejudique o ensino daquele aluno, ou seja,
esse educador tem que estar atento o modo de trabalhar como em considerar
que o uso da variação linguística é adequada, diante disso esse aluno não terá
desmotivação pelo seus estudos.

2.5. A relação entre preconceito linguístico e variação linguística

O preconceito linguístico alimenta a ilusão de que, em Angola, fala-se


apenas uma língua portuguesa: aquela ensinada nas escolas.

Assim, a norma culta estabelecida nas gramáticas é supervalorizada, em


detrimento da linguagem falada no cotidiano pelos milhões de brasileiros. E é
essa a principal relação entre preconceito linguístico e variação linguística.

Enquanto a variação aborda as diferentes maneiras de comunicar uma


mesma palavra, na mesma língua, o preconceito linguístico diz que existe um
determinado jeito de comunicar a referida palavra.

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Um exemplo pode ser a maneira de se referir a uma paquera. Se na
época de seus pais a palavra era pretendente, hoje é “”, “mina”, “@”, entre
outras variações, que também sofrem influência das mídias digitais.

O mesmo acontece com os pronomes de tratamento. Há locais em que


se fala “você”, “tu”. E todos eles conseguem comunicar a mensagem com
exatidão.

Outro ponto importante a se considerar é a mudança que a língua sofre ao


longo do tempo, espaço, classe social, gênero e outros fatores. Todas essas
mudanças são representações da identidade cultural de quem fala e, como tal,
devem ser respeitadas.

2.6. Relação entre norma culta e o preconceito linguístico

A norma culta, linguagem padrão ou formal, se traduz nos modelos de


língua tidos como ideais a partir de livros de gramática, dicionários e na própria
forma de falar de grupos considerados como dominantes e influentes.

Atenção às regras gramaticais, de concordância verbal, nominal,


regência, entre outros aspectos, estão ligados à norma culta da língua
portuguesa.

Por outro lado, o preconceito linguístico é justamente a discriminação de


pessoas que se afastam do modelo consagrado como único a ser usado para
efetuar a comunicação.

Ao fazer isso, a norma culta desconsidera o uso coloquial da linguagem,


em situações informais e sem a exigência da chamada linguagem padrão, bem
como as características e identidade cultural do falante.

Da mesma maneira, a norma culta despreza outras formas de


comunicação de linguagem, praticada por pessoas constantemente colocadas
à margem da sociedade por não estarem no padrão imposto pela comunidade.

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3. METODOLOGIA

3.1.Tipo de Pesquisa

O presente estudo usou-se os seguintes tipos de pesquisa: pesquisa


bibliográfica e pesquisa de campo (estudo de caso).

3.1.1.Pesquisa quanto aos procedimentos

Os procedimentos na pesquisa científica referem-se à maneira pela qual


se conduz o estudo e, portanto, se obtêm os dados. Gil (2009, p. 65) ressalta
que „„o elemento mais importante para a identificação de um delineamento é o
procedimento adoptado para a colecta de dados‟‟.

A pesquisa quanto aos procedimentos é bibliográfica. De acordo com Gil


(2009) explica que “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida mediante material
já elaborado, principalmente livros e artigos científicos. Apesar de praticamente
todos os outros tipos de estudo exigem trabalho dessa natureza, há pesquisa
exclusivamente desenvolvidas por meio de fontes bibliográficas”.

3.2.Técnicas de Investigação da Pesquisa

As técnicas são maneiras de actuar, baseadas em recursos especiais,


como são os argumentos estatísticos, aparelhos e instrumentos, mediante os
quais pretende alcançar resultados, presumivelmente úteis, na investigação
científica (ZASSALA, 2005 p. 25).

As principais técnicas utilizadas neste estudo são:


 Entrevista

A técnica de entrevista serviu para esclarecer algumas dúvidas


relacionadas aos objectivos da pesquisa.

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4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Abilson Alfredo (Prof de Inglês)

O preconceito linguístico é bem pantente nas zonas metropolitanas Africanas


fruto da banalização resultante da tentativa da extinção das mesma da parte
dos colonizadores.

“Na minha humildade opinião os culpados disso são as potências


ocidentais. E no nosso país é bem notório aqui na Cidade Capital.

O preconceito linguístico leva a perca de identidade cultural e quebra


cordão umbilical do ponto de vista da ancestralidade.

É desfalecimento de um povo”.

José Augusto (estudante de engenharia mecânica)

“Consiste em ridicularizar pessoas que utilizam uma escrita ou falam de


uma forma diferente que estamos acostumado.

É a desobediência do padrão gramatical. Ocorre quando não


respeitamos o que já é padronizado gramaticalmente”.

Suraya Beatriz

“Isso acontece muito com os nossos irmãos do sul, e também com os


Bakongos. O angolano tem muito preconceito linguístico, e muitas
vezes há falta de empatia para com essas pessoas que falam diferente.”

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O preconceito linguístico acontece a todo momento e em qualquer lugar


e é nosso dever agir não só para conhecer e evitar práticas discriminatórias,
mas para promover a inclusão daqueles colocados à margem na sociedade.

A escola além de ser um espaço socializador ela também apresenta


múltiplas diferenças, dessa forma, ela está aberta as diversidades linguísticas,
para o desenvolvimento de cada aluno, para que ele tenha uma formação
humana significativa. Dessa maneira é necessário que o professor não fique
limitado em utilizar a linguagem padrão e sim conhecer as variações existentes
naquele espaço escolar.

Dessa forma, concluímos a importância da escola e dos educadores em


apresentarem aos alunos o conhecimento da linguagem padrão, mas não
esquecendo e respeitando todas as formas de linguagem, em conformidade
com a Base Nacional Comum Curricular em que relaciona a variação linguística
como sendo essencial para a língua portuguesa, e a necessidade de associar
também à sociolinguística variacionista pelo o seu reconhecimento na
diversidade linguística em decorrência das questões sociais, dessa forma a
heterogeneidade linguística irá favorecer a conscientização e a diminuição do
preconceito linguístico.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 49ª edição.


São Paulo: Loyola, 1999.

LIZ, Lucilene Lisboa de, TRINDADE, Alessandra Simões. CAGLIARI, Luiz


Carlos. Concepção de língua e desenvolvimento da oralidade na
perspectiva do professor dos anos iniciais: transformações necessárias.
Disponível em: http:
//www.anpedsul2016.ufpr.br/portal/wpcontent/uploads/2015/11/EIXO6_LUCI
LENE-LISBOA-DE-LIZ-ALESSANDRASIM%C3%95ES-TRINDADE.pdff.
Acesso em:
17 de abr. de 2021.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos da metodologia científica.


São Paulo, SP: Atlas, 2010.

MARTINS, Maridelma Laperuta, Revista Observatório, Vol. 3, n. 1, Janeiro-


Março. 2017 – O Preconceito linguístico: Origem na Sociedade, Término
na Escola. Disponível
em:https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/observatorio/article/view/28
87/95 89. Acesso em 24 de out. de 2021.

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