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Universidade Rovuma
Nampula
2022
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Abdul Jacinto Lucas Pilale
Joice Stela Inácio Lino
Josina Atanásio
Xarifa Amino Agerafe Paulo da Conceição
Isaida Manuel Joaquim
Universidade Rovuma
Nampula
2022
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Índice
Introdução...................................................................................................................................3
1. Sistemas Alimentares..........................................................................................................4
1.1. Conceito de Sistemas Alimentares...............................................................................4
1.2. Características os Sistemas Alimentares......................................................................4
1.3. Tipos de Sistemas Alimentares....................................................................................5
2. Segurança Alimentar e Nutricional.....................................................................................6
2.1. Características da SAN em Moçambique.....................................................................6
2.2. InSAN e suas dimensões..............................................................................................7
2.3. Principais indicadores de InSAN em Moçambique.....................................................8
2.4. Tipos de InSAN em Moçambique................................................................................9
2.5. Dados estatísticos por província da InSAN em Moçambique nos últimos cinco anos
10
2.6. Programas e as políticas de combate a InSAN em Moçambique...............................11
Conclusão..................................................................................................................................15
Bibliografia...............................................................................................................................17
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Introdução
O presente trabalho cientifico tem como tema: “Analise dos Sistemas Alimentares”. Os
objectivos deste trabalho são:
O trabalho apresenta uma estrutura básica, contando com uma introdução, o desenvolvimento,
conclusão e bibliografia. Salientar igualmente que a pesquisa tomou como método de
pesquisa a revisão bibliográfica sendo que as referencias citadas constam na devida
bibliografia.
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1. Sistemas Alimentares
O sistema alimentar, portanto, inclui não apenas os elementos básicos de como levamos nossa
comida da fazenda à mesa, mas também todos os processos e infraestrutura envolvidos na
alimentação de uma população. E, como o nosso comportamento como sociedade, afeta na
disponibilidade de alimentos para o mundo.
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) organizou isso de
uma forma circular, para mostrar como os processos estão interligados. Nessa roda, a
extremidade se dá pelos componentes macro, que são os elementos naturais, e fazem parte de
todo o sistema.
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É preciso também levar em conta a sustentabilidade, nos seus três pilares: social, ambiental e
econômico. E todo o desenvolvimento e as ações do sistema alimentar precisam seguir as
condutas da sustentabilidade, para alcançar seu objetivo.
Entre as diversas linhas de alimentação existentes devemos escolher aquela que mais se
adapte a cada um de nós, a cada momento ou ciclo de nossa vida. Lembrando que se você
busca: compreender, superar e dar significância à sua vida, ações saudáveis, entre elas as
escolhas alimentares, irão gerar corpo, mente, coração e espírito saudáveis.
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Classificamos os oito sistemas alimentares encontrados, iniciando com o que é mais grosseiro,
ou melhor, o que é constituído de uma alimentação que deixa maior quantidade de impurezas
acumuladas no corpo, terminando com o que é mais puro: ver figura 2
]Para qualquer dessas linhas de alimentação existem regras gerais comuns que devem ser
obedecidas.
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choques climáticos tem-se feito sentir com mais intensidade, tendo-se registrado chuvas
intensas no norte do país (causando cheias) e escassez no sul (provocando secas). Estes
choques têm levado a perda de vidas humanas, culturas, bens, infraestruturas públicas e
privadas (escolas, hospitais, casas, estradas, etc.) (MICOA6, 2012; SETSAN, 2015). De
acordo com o SETSAN (2014) cerca de 24% dos agregados familiares (AFs) estão em
insegurança alimentar crônica, estimando-se em cerca de 1 150 000 famílias7 e 3,5% das
famílias estão em situação de insegurança alimentar aguda (168 000 famílias).
A insegurança alimentar crônica é mais prevalecente nas províncias de Tete e Niassa (33% e
30% dos agregados familiares, respectivamente) e menos prevalecente na cidade de Maputo
(11%) (SETSAN, 2014) – veja Mapa 1.
Em geral, a insegurança alimentar é maior nas zonas rurais (27% dos AFs) em relação as
urbanas (18%), devido a alguns fatores que se verificam nas cidades como:
Ainda de acordo com o SETSAN (2014) foi possível verificar que a vulnerabilidade à
insegurança alimentar é maior para os agregados familiares que dependem do trabalho
informal ocasional, assistência alimentar e da esmola e, os assalariados e pensionistas são os
menos vulneráveis. O segundo grupo mais vulnerável é dos AFs que estão envolvidos na
produção e venda da produção agrícola e pecuária, pois não estando envolvidos em nenhuma
outra atividade extra agrícola, obtêm rendimentos baixos devido a baixa produtividade do
setor, detendo portanto, menor rendimento monetário e tendo menor acesso aos mercados.
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Tabela 1: dimensões da InSAN
NO Dimensão Descrição
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(2011), do total das explorações, cerca de 99% são de pequena dimensão, o que equivale a
uma área cultivada de 5 428 571 hectares. Carrilho et al. (2016) acrescentam que grande parte
da terra é administrada segundo normas costumeiras.
Grande percentagem da população moçambicana vive no meio rural (cerca de 70%), e tem a
agricultura como o principal e, por vezes, único meio de subsistência. No entanto, é também
no meio rural onde a pobreza é predominante4.A produtividade deste setor é muito baixa, o
que faz com que, os rendimentos também sejam baixos. De acordo com Abbas (2015a)
qualquer aumento na produção é devido ao aumento das áreas cultivadas e da força de
trabalho. Assim, devido a baixa produtividade e rendimento, os agricultores tendem a migrar
para as cidades em busca de melhores condições de vida.
Na cidade, muitas vezes, acabam por tornar-se vendedores ambulantes, comerciantes (em
pequenas barracas), etc. Este fenômeno mostra a fraca capacidade da economia de gerar
emprego suficiente para a população. Verificando-se, portanto, uma urbanização sem
industrialização, o que por sua vez, aumenta a economia informal e o desemprego,
exacerbando deste modo a pobreza, as desigualdades sociais e a insegurança alimentar em
todo país.
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2.5. Dados estatísticos por província da InSAN em Moçambique nos últimos cinco
anos
Para além disso, a produção é pouco diversificado afetando negativamente a dieta alimentar
das famílias. Cerca de 43% das crianças com idade entre 6 a 59 meses sofrem de desnutrição
crônica, e 7% sofre de desnutrição aguda (SETSAN, 2014). A prevalência da desnutrição
crônica é mais alta nas províncias do norte e centro do país (variando de 44% – Niassa – a
52% – Sofala) e embora se tenha observado um aumento, a desnutrição continua mais baixa
no sul (26% – 31%) (SETSAN, 2014; 2015).
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Mapa 1. Agregados familiares em insegurança alimentar crônica e aguda (%).
Fonte:
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incentivos aos camponeses que permitam elevar a produção e a produtividade agrárias.
Apostaremos na industrialização da nossa agricultura.
Moçambique tem todas as condições para ser uma potência agrícola na região.
Intensificaremos a produção de alimentos e o seu acesso pelo cidadão de modo a garantir a
segurança alimentar e nutricional. A alimentação condigna não deve constituir um privilégio.
Ela é um direito humano básico que assiste a todos os moçambicanos.
Por parte do Governo, existem vários ministérios e institutos que direta ou indiretamente
influenciam ou podem influenciar a segurança alimentar e nutricional no país, nomeadamente,
o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA), o Ministério da Saúde
(MISAU), o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINED), o Instituto
Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), entre outros. Todas estas instituições têm um
papel preponderante na redução da insegurança alimentar através dos seus programas. De
acordo com Carrilho et al. (2016) as instituições do Estado em geral e, em particular, aquelas
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que, mesmo indiretamente têm influência sobre a segurança alimentar e nutricional, têm
revelado debilidades no exercício das suas funções de regulação, fiscalização e monitorização
das leis e da capacidade de as fazer cumprir.
De acordo com Carrilho et al. (2016) as principais intervenções do governo no que se refere à
segurança alimentar e nutrição estão refletidas no Programa Quinquenal do Governo 2015-
2019, que inclui a redução da malnutrição crônica como um indicador no pilar de
desenvolvimento humano e social. Estão também refletidas nos documentos de política
transversais, nomeadamente na Estratégia de Segurança Alimentar e Nutrição 2008-2015
(ESAN II/PASAN) que pretendia contribuir para a melhoria da segurança alimentar e
nutricional no seio da população em situação de desnutrição crônica e/ou risco de fome e no
Plano de Ação Multi-Setorial para a Redução da Desnutrição Crônica (PAMRDC).
Estas constatações levam-nos a crer que embora estejam definidas e estabelecidas prioridades
claras nas estratégias do governo e na política agrária, na prática verifica-se outro cenário.
Certamente que os recursos destinados às componentes vitais da agricultura têm vindo a
aumentar ao longo dos anos, mas este incremento não demonstra vontade por parte do
governo em promover a produção e a produtividade agrícola.
A grande variabilidade dos preços que é influenciado pela sazonalidade da produção e pela
fraca capacidade de armazenamento e processamento em todo país, também são aspectos que
merecem grande importância e estão presentes nos discursos políticos bem como na política
agrária que define uma estratégia que vise:
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Promover a implementação de um sistema de seguro contra riscos na atividade
agrária; […] (Resolução nº11/95 de 31 de Outubro)
No entanto, não existe uma política de preços e mercados clara. Pelo contrário, Mosca e
Abbas (2013) concluíram que relativamente aos preços ao consumidor, estes são geralmente
mais baixos na cidade de Maputo. Este facto mostra o grande interesse do governo em
estabilizar os preços ao consumidor principalmente nas cidades, em particular na época
festiva, o que é assegurado com reforços nas quantidades importadas e melhoria das
condições de importação (MOSCA e ABBAS, 2013). O que por sua vez reduz a
competitividade dos produtos nacionais.
Para além disso, verifica-se uma assimetria de informação em relação aos mercados e preços.
A divulgação de informação relativa aos preços, pelo Sistema de Informação dos Mercados
Agrícolas (SIMA) não é suficientemente ampla no território e junto dos consumidores e
produtores (CARRILHO et al., 2016).
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Conclusão
A evolução dos sistemas alimentares tem sido impulsionada por uma combinação de
mudanças nas demandas e preferências dos consumidores, cada vez mais expressas por meio
de crescentes preocupações com saúde e sustentabilidade e movimentos sociais. É claro que
uma abordagem para o desenvolvimento de sistemas alimentares mais sustentáveis, inclusivos
e resilientes exigirá um conjunto de ações, implementadas por uma gama mais ampla de
atores. No lugar de mudanças com impactos localizados, há necessidade de alterações
sistêmicas que têm impactos em escala.
Ainda assim, é preciso entender como o sistema alimentar está sendo organizado, para a partir
dele, desenvolver ações concretas de mudança. No entanto, podemos citar algumas delas, de
diferentes atores do sistema alimentar, que a curto, médio e longo prazos, poderão trazer
impactos expressivos.
Ações do setor público, por exemplo, podem criar um ambiente favorável e forte para as
empresas que se concentram na produção e distribuição de alimentos sustentáveis e nutritivos
por meio de medidas fiscais, legais e políticas (por exemplo, investimento territorial em
infraestrutura ou regulamentos ambientais para refletir custos reais do sistema alimentar). Os
governos também podem influenciar as demandas dos consumidores por meio de novos
requisitos de rotulagem de alimentos e programas de educação e conscientização do
consumidor.
As ações dos consumidores, podem ser em apoio a sistemas alimentares mais sustentáveis
assumindo duas formas inter-relacionadas: Os consumidores podem escolher comprar
alimentos que sejam mais nutritivos, socialmente responsáveis ou mais verdes quando esses
tipos de alimentos são acessíveis, baratos e suficientemente atraentes para eles; e podem
participar de associações de consumidores, redes ou fóruns que defendem medidas do setor
público ou privado para promover produtos alimentícios mais sustentáveis.
Esses impactos incluem não apenas aqueles relacionados à disponibilidade de alimentos nos
mercados, mas também o impacto indireto no conjunto mais amplo de produtos alimentícios
que as famílias podem acessar por meio de caminhos de renda (salários, fazendas e rendas de
pequenas empresas).
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De uma forma geral, foi possível constatar ao longo do trabalho que a insegurança alimentar
em Moçambique constitui ainda uma grande preocupação. Não tendo registrado grandes
alterações nos últimos anos. A desnutrição crônica em crianças com menos de 5 anos é
bastante elevada (43%).
No que se refere a insegurança alimentar, foi possível verificar que os seus indicadores são
piores nas áreas rurais em relação às urbanas. Considerando que cerca de 70% da população
vive nas zonas rurais, pode dizer-se que o cenário não é nada favorável para os
moçambicanos.
Em geral, pode afirmar-se que a insegurança alimentar pode piorar ao longo dos próximos
anos devido a ocorrência de eventos climáticos extremos (secas e cheias) e também devido à
crise que se vive no país, tendo prejudicado a atividade econômica e a situação econômica e
financeira do país.
Apesar da segurança alimentar estar no topo das agendas dos governos em todas as partes do
mundo, incluindo em Moçambique, constatou-se que em Moçambique os discursos políticos
não são virados para a promoção da agricultura familiar e nem para o pequeno agricultor.
Grande parte das políticas públicas e agrárias beneficiam em particular os médios e grandes
agricultores e, de certa forma as culturas de exportação. Marginalizando, assim, a produção de
alimentos. Cria-se então uma cadeia de valor assente no agronegócio, manifestando as
relações de poder existentes em benefício das elites e dos grandes investidores, efetivando-se
em um território de governança.
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Bibliografia
CARRILHO, J.; ABBAS, M.; JÚNIOR, A.; CHIDASSICUA, J.; MOSCA, J. Desafios para a
Segurança Alimentar e Nutrição em Moçambique. Maputo: Observatório do Meio
Rural, 2016.
FAO, Sustainable food systems: Concept and framework. 2018. Disponível em:
www.fao.org/sustainable-food-value-chain. Acesso em 30 mar. 2021.
HANSON, Craig. Food Security, Inclusive Growth, Sustainability, and the Post-2015
Development Agenda. In: High Level Panel on the Post-2015 Development Agenda,
New York: United Nations, 2013.
IDPPE. Estudo Macro - diagnóstico dos Problemas Ambientais na Pesca Artesanal nas
Províncias de Niassa, Zambézia, Sofala e Inhambane. Maputo: Ministério das Pescas,
2014.
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1996.
MOSCA, J.; ABBAS, M.; BRUNA, N. Governação, 2004-2014: poder, Estado, economia e
ONU, Food Systems: Definition, Concept and Application for the UN Food Systems Summit.
2021. Disponível em:
https://www.un.org/en/food-systems-summit/leadership#scientific-group. Acesso em
31 mar. 2021.
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