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Alberto Mendes Musicano

Melita Muze
Olívia Ernesto da Oliveira
Rachide Muhoro Acácio

Politicas sobre os direitos do


consumidor nas
comunidades
Universidade Rovuma
Nampula
2023
1. Introdução
O presente trabalho como o tema: Politicas Sobre Direitos Do Consumidor Nas
Comunidades. Seu objectivo é de:
• Definir os principais conceitos;
• Citar exemplos práticos no contexto nacional e mundial
O consumidor tem os seus interesses protegidos por direitos consagrados na
lei. Trata-se de direitos dos cidadãos enquanto consumidores, que obrigam a
prestações do Estado e se impõem aos próprios operadores económicos
fornecedores de bens, desde a produção até à distribuição final.
A obrigação de formação e de informação dos consumidores também recai
sobre o Estado e sobre os aludidos operadores económicos. A matéria da
disciplina da publicidade encontra aqui a sua consagração constitucional.
2. Conceitos básicos
Alimento e Consumidor
• O artigo 1 do Regulamento sobre os requisitos higiénicos-sanitários de produção,
transporte, comercialização, inspecção e fiscalização de géneros alimentícios,
aprovado pelo Decreto nº 15/2006, de 22 de Junho na sua alínea G define alimento
ou género alimentar como sendo toda a substância que se ingere no estado natural,
semi-elaborada ou elaborada, destinada ao consumo humano, incluindo as bebidas,
chewing gun, e qualquer outra substância utilizada na sua elaboração, preparo ou
tratamento. Excluem-se os cosméticos, o tabaco, e as substâncias utilizadas
unicamente como medicamentos.
• Enquanto isso, o artigo 1 do Regulamento sobre os requisitos higiénicos-sanitários
de produção, transporte, comercialização, inspecção e fiscalização de géneros
alimentícios, aprovado pelo Decreto nº 15/2006, de 22 de Junho alínea D define
consumidor como sendo a pessoa ou famílias que compra e/ou recebam alimentos
como o objectivo de satisfazer as suas necessidades pessoais alimentares.
Cont.
Fornecedor e Produtos e Serviços
• Já o conceito de fornecedor não guarda dificuldades. Bessa & Mora (2014) de
modo bastante genérico e propositadamente amplo definem que fornecedor é
“toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como entes despersonalizados, que desempenham actividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços”.
• Bessa & Mora (2014) defendem que produtos são bens que se transferem do
património do fornecedor para o do consumidor, sejam eles materiais (ex.:
aparelho telefónico) ou até imateriais (ex.: um programa de computador). Os
produtos móveis são aqueles que, como o próprio nome indica, são passíveis de
deslocamento, sujeitos à entrega (ex.: um veículo, uma televisão, alimento),
enquanto são imóveis os bens incorporados natural ou artificialmente ao solo (ex.:
lote de terra urbana ou rural, residencial ou comercial; etc.).
2.2. Direitos Básicos do Consumidor
• Quando se fala em direitos básicos tem-se a exacta noção de que
cuidam de valores e preceitos fundamentais que não podem ser
deixados de lado, pois integram uma lista básica ou mínima de
condições para que o consumidor conviva no mercado com
dignidade.
• Os direitos básicos do consumidor estão contidos no artigo 5 da Lei de
Defesa do Consumidor, Lei no 22/2009 de 28 de Setembro, e funciona,
de certa forma, como um índice para esta Lei na medida em que faz
referência a quase todas as matérias que serão nelas tratadas.
Cont.
De acordo com este artigo, o consumidor tem direito à:
• Qualidade dos bens e serviços - Os bens e serviços destinados ao consumo devem
ser aptos a satisfazer os fins a que se destinam e produzir os efeitos que se lhes
atribuem segundo as normas legalmente estabelecidas ou, na falta delas, de
modo adequado às legítimas expectativas do consumidor (artigo 6 paragrafo 1).
• Protecção da vida, saúde e da segurança física – é proibido o fornecimento de
bens ou a prestação de serviços que, em condições de uso normal ou previsível,
incluindo a duração, impliquem riscos incompatíveis com a sua utilização. não
aceitáveis de acordo com um nível elevado de protecção da saúde e da segurança
física das pessoas (artigo 7 paragrafo 1).
• Formação e à educação para o consumo - Sem prejuízo do recurso a meios
tecnológicos próprios da sociedade de informação, incumbe ao Estado a
promoção de uma política educativa para os consumidores, através da inserção
dos programas e nas actividades escolares, bem como nas acções de educação
permanente, de matérias relacionadas com o consumo e os direitos dos
Cont.
Informação para o consumo - A informação ao consumidor é prestada em todas as línguas nacionais, com particular destaque
para língua portuguesa (artigo 9 paragrafo 3). O fornecedor de bens ou prestador de serviços deve, tanto nas negociações,
como na celebração de um contrato, informar de forma clara, objectiva e adequada ao consumidor. Nomeadamente, sobre
características, composição e preço do bem ou serviço, rem como sobre o período de vigência do contrato, garantias, prazos
de entrega e assistência após o negócio jurídico (artigo 10 paragrafo 1).
Protecção dos interesses económicos - O consumidor tem direito à protecção dos seus interesses económicos, impondo-se nas
relações jurídicas de consumo a igualdade material dos intervenientes, a lealdade e a boa-fé, nos preliminares, na formação e
ainda na vigência dos contratos (artigo 11 paragrafo 1).
Prevenção e à reparação dos danos patrimoniais ou não patrimoniais que resultem da ofensa de interesses ou direitos
individuais homogéneos, colectivos ou difusos - O consumidor a quem seja fornecida a coisa com defeito. salvo se dele tivesse
sido previamente informado e esclarecido antes da celebração do contrato, pode exigir, independentemente de culpa do
fornecedor do bem, a reparação da coisa ou a sua substituição, a redução do preço ou a resolução do contrato (artigo 14
paragrafo 1).
Protecção jurídica e a uma justiça acessível e pronta;

Participação, por via representativa, na definição legal ou administrativa dos seus direitos e interesses -

Protecção contra a publicidade enganosa e abusiva.


A Lei de Defesa do Consumidor (Lei nº
22/2009, de28 de Setembro)
• Este Regulamento aprovado pelo Decreto n.º 27/2016 de 18 de Julho,
prevê os mecanismos de prevenção dos danos, estabelecendo as
informações obrigatórias que devem ser prestadas ao consumidor. Cada
produto deve conter, obrigatoriamente, um rótulo ou etiqueta com
informações em português sobre prováveis riscos associados ao seu
consumo, bem como o seu preço expresso em moeda nacional.
• Através do capítulo V, nos artigos 32 e 33 do Regulamento, destacam-se
as sanções administrativas que são aplicadas pela entidade responsável
pela fiscalização das actividades económicas, sem prejuízo das sanções
de natureza cível, penal ou outras previstas em legislação específica.
Assim, as infracções às normas de defesa do consumidor estão sujeitas a:
Cont.
Multa;

Apreensão do produto;

Inutilização do produto;

Proibição de fabricação do produto;

Suspensão de fornecimento de produtos ou serviços;

Suspensão temporária de actividades que originou o levantamento do auto;

Revogação do alvará ou licença para o exercício da actividade económica;

Interdição, total ou parcial, do estabelecimento, da obra ou da actividade;

Imposição de contrapropaganda.
2.3. Exemplos práticos no contexto nacional e mundial
2.3.1. Mundial
• De acordo com a ANAC, no segundo semestre de 2019, o
Consumidor.gov recebeu mais de 13 mil reclamações registradas
contra as quatro companhias aéreas brasileiras que mais
transportaram passageiros nesse período. Esse número equivale a
mais da metade do número total de passageiros transportados por
essas empresas, que totalizou pouco mais de 23 mil.
• Muitos são os casos de abusividade por parte das companhias aéreas.
Entre eles, os mais recorrentes são alteração de voo (atraso, perda de
conexão e cancelamento), extravio de bagagem e overbooking ou
preterição de embarque.
2.3.2. Nacional
• A nível nacional, podemos citar o caso de Quelimane, onde os direitos
do consumidor são quebrados e as políticas de fiscalização e defesa
do consumidor não tem sido consideradas.
• A partir do Decreto no 27/2016, artigo 4, vê-se que o fornecedor de
bens ou prestação de serviços deve prestar toda a informação nos
artigos 9 e 10 da Lei de Defesa do Consumidor. Na mesma Lei, ponto 5
do artigo 9, pauta-se que o fornecedor de bens ou o prestador de
serviços que viole o dever de informar, responde pelos danos que
causar ao consumidor, sendo solidariamente responsáveis os demais
intervenientes na cadeia da produção à distribuição que hajam
igualmente violado o dever de informação.
Regulamento sobre os requisitos higiénicos-sanitários de produção, transporte, comercialização, inspecção e
fiscalização de géneros alimentícios, e revoga todas as normas aprovadas pelo Decreto nº 12/82, de 23 de
Junho

• O Regulamento em alusão, no seu Capitulo II, artigo 6 prevê que os


alimentos e as bebidas embaladas para a comercialização deverão
obedecer as regras de rotulagem fixadas no regulamento e em outros
que regem a mesma matéria. Para além disso, segundo o mesmo
artigo, no 2, os rótulos deverão apresentar em caracteres
perfeitamente legíveis e em língua portuguesa, entre os vários
elementos a data de fabricação do produto e o prazo de validade do
produto para o consumo humano.
3. Conclusão
• Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
• O artigo 1 do Regulamento sobre os requisitos higiénicos-sanitários de produção,
transporte, comercialização, inspecção e fiscalização de géneros alimentícios, aprovado pelo
Decreto nº 15/2006, de 22 de Junho alínea D define consumidor como sendo a pessoa ou
famílias que compra e/ou recebam alimentos como o objectivo de satisfazer as suas
necessidades pessoais alimentares.
• Assim fazendo, a Lei de Consumo não deixa dúvidas de que o cidadão individualmente
considerado (pessoa física ou natural) é consumidor nos termos da Lei. Crianças e
adolescentes também são consumidores, bastando que o atendimento de suas demandas e
pleitos ocorra com o acompanhamento de um responsável. Porém, cumpre observar que,
no tocante às empresas (e pessoas físicas que exercem actividades profissionais) existe
alguma dúvida, tanto da doutrina quanto da jurisprudência, quando o assunto é definir qual
o sentido e alcance da expressão destinatário final.
4. Bibliografia
• Abdala, A, Gulamhussen, N, (2016). Regulamento da Lei de Defesa do Consumidor, Visão Global: Experiencia Local, News Lextter,
Moçambique, Agosto
• Araújo, Wesley Daniel Ribeiro, (2017). Importância, estrutura e legislação da rotulagem geral e nutricional de alimentos
industrializados no Brasil, Departamento de Farmácia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Alto São Francisco. Minas Gerais,
Brasil.
• Bessa, L. R, Moura, W. J. F. de, (2014). Manual de Direito do Consumidor, Ministério da Jus􀀭ça, Secretaria Nacional do Consumidor,
Departamento de Protecção e Defesa do Consumidor, Escola Nacional de Defesa do Consumidor, Brasil,
• Brasil, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, (2018). Guia para determinação de prazos de validade de alimentos, versão 1,
• Forsythe. (2005). Microbiologia da segurança alimentar. Porto Alegre: Artmed.
• ____Ministério da Indústria e Comércio (2018) - República De Moçambique, Manual do Agente Económico Módulo VI – Comércio,
Cooperação Alemã – GIT, Maputo, Moçambique,
• Ortega AC, Borges MS. (2012). Codex Alimentarius: a segurança alimentar sob a ótica daqualidade. Segurança Alimentar e
Nutricional, Campinas; 19(1): 71-815.
• Boletim da Repu8uca, Publicação Oficial Da República De Moçambique, Lei n.' 2212009: Aprova a Lei de Defesa do Consumi.,
Suplemento, Segunda-feira, 28 de Setembro de 2009, I SÉRIE - Número 38,
• Boletim da Repu8uca, Publicação Oficial Da República De Moçambique, Decreto no 27/2016, aprova o Regulamento sobre Requisitos
Higiénico-Sanitários de Produção, Transporte, Comercialização e Inspecção e Fiscalização de Géneros Alimentícios; Decreto no
28/2016, aprova o Regulamento da Lei de Defesa do Consumidor., Suplemento, Segunda-feira, 10 de Junho de 2016, I SÉRIE -
Número 38,
FIM

NOCHUKURO

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