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Universidade Rovuma
Nampula
2023
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Aurélio Taculeque Inlenlene
André Eugénio Canene Juma
Nelson Fernando
Universidade Rovuma
Nampula
2023
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Índice
Introdução...................................................................................................................................3
1. Desenvolvimento do Conceito de supervisão pedagógica...............................................4
1.1. Conceito de supervisão pedagógica..........................................................................5
1.2. Elementos da supervisão pedagógica.......................................................................6
1.3. Perfil do supervisor pedagógico...............................................................................7
1.4. Métodos de supervisão pedagógica........................................................................10
1.5. Práticas da supervisão pedagógica.........................................................................14
1.6. Instrumentos da supervisão pedagógica.................................................................16
1.6.1. Cenário da imitação artesanal.............................................................................16
1.6.2. Cenário psicopedagógico....................................................................................17
1.6.3. Modelo colegial..................................................................................................19
1.6.4. Cenário clínico como estratégia ideal no acompanhamento dos professores.....19
1.7. Fases da supervisão pedagógica.............................................................................23
1.7.1. Encontro de pré – observação.............................................................................24
1.7.2. Observação..........................................................................................................24
1.7.3. Análise dos dados...............................................................................................25
1.7.4. Pós – observação.................................................................................................25
Conclusão..................................................................................................................................26
Bibliografia...............................................................................................................................27
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Introdução
Para sua elaboração, usou-se o método de pesquisa designado revisão bibliográfica sendo as
fontes devidamente citadas e descritas nas referências bibliográficas, obedecendo em toda a
sua estrutura os conhecimentos adquiridos na cadeira de MIC e as normas de produção e
publicação de trabalhos científicos em vigor nesta instituição de ensino.
O trabalho apresenta uma estrutura básica, contando com uma introdução, o desenvolvimento,
conclusão e bibliografia.
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1. Desenvolvimento do Conceito de supervisão pedagógica
Num primeiro registo de natureza etimológica, importará recordar que o termo supervisão
integra dois étimos com raiz latina: “super” (com o significado de “sobre”) e “video” (com o
significado de “ver”). O primeiro significado resulta da interpretação linear “olhar de ou por
cima”, admitindo a perspetiva da “visão global” e assumiu-se vulgarmente com a integração
de funções relacionadas com: inspecionar, fiscalizar, controlar, avaliar e impor.
Situado num objeto de trabalho a realizar por outra pessoa, entidade ou organização, o
conceito de supervisão foi construindo uma base epistemológica, sustentada na observação,
acompanhamento, orientação, avaliação e liderança. As abordagens mais recentes ao conceito
de supervisão substituíram a unilateralidade tradicional, que a identificava com a inspeção,
pela multilateralidade integradora de diferentes ações complementares permitindo encará-la
na transversalidade funcional.
Segundo Glathorn (1984), a supervisão pode ser exercida sob quatro vertentes (clínica,
desenvolvimento pessoal e cooperativo, desenvolvimento autodirecionado e monitorização
administrativa). Utilizando um princípio semelhante para a estruturação da supervisão no
campo da pedagogia, poderemos dizer que aqui abrem-se as áreas seguintes: científica e
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pedagógica com base no apoio personalizado; humana/social/participativa; de auto
supervisão; e administrativa/organizativa. Elegemos a área pedagógica como centro do ponto
seguinte.
Esta ideia parece-nos claramente esquematizada na Figura n.º 1, elaborada por um grupo de
doutorandos inscritos no Seminário ‘Teorias e Modelos de Supervisão Pedagógica’ no ano de
2010-2011. Esta figura centraliza a supervisão, que pode manifestar-se nas funções já atrás
referidas, tais como: orientação, avaliação, poder (no sentido da gestão ou direção),
coordenação, normalização (o normativo), autoridade, controlo e formação. Todas estas
funções, na perspetiva da eficiência e da eficácia, são abrangidas pela regulação.
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1.2. Elementos da supervisão pedagógica
O enunciado dos princípios, o número e a disposição dos mesmos são passíveis de discussão.
Educadores como Nair Fortes AbuMerhy, Luis Arturo Lemus e outros apresentam
classificações diferentes. É possível estruturar-se, de modo geral, alguns princípios a que uma
boa supervisão escolar deve atender.
A supervisão deve, enfim, integrar todo o processo educacional, que num dado meio e tempo
se considere.
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Não que este planeamento antecipado implique um índice de rigidez que não dê margem à flexibilidade.
Tanto é que a supervisão deve ser avaliada frequentemente, para estar mais ou menos segura de seus
resultados.
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1.3. Perfil do supervisor pedagógico
1.3.1. Motivação
Deverá ser sempre motivada e não imposta a uma situação. Toda ação supervisora,
inteligentemente proporcionada, trabalha com as situações reais, investigando primeiro as
diferentes circunstâncias para decidir quais métodos irá empregar.
É sabido que os membros de uma escola não são iguais, por conseguinte o mesmo tratamento
não deverá ser igual para todos. Uns necessitam ajuda especial em um sentido, outros em
outro. Investigar estas diferenças, para proporcionar ajuda de acordo com as necessidades
pessoais, deverá ser objetivo do supervisor escolar.
Sendo a função principal da supervisão esclarecer, orientar e guiar, este subprincípio traduz-se
como o aspecto dinâmico que o supervisor deverá empregar. A supervisão terá de ser levada a
efeito mais por ações do que por palavras. Os supervisores devem dar orientações práticas,
ajudando em sua realização.
Os mais diversos métodos de que possam lançar mão serão aproveitados, pois há maior
probabilidade de êxito quando se utilizam vários métodos, em lugar de um apenas,
dinamizando, por conseguinte, a supervisão.
A busca dos efeitos que merecem ser consertados não deve preocupar uma supervisão
consciente; para que sua obra seja justa, reconhecerá os esforços e as qualidades de cada um
dos membros da escola. Se tal não acontecer, os profissionais acabam se desiludindo, ao
verificarem que seus sacrifícios nem são notados.
Uma ação supervisor a não deve ser acidental, eventual ou esporádica; não será realizada
apenas quando um caso extremo mereça atenção do supervisor; deve ser um processo
constante, contínuo e progressivo, como parte integrante da educação. Em qualquer
instituição existem sempre problemas de importância que exigirão a' atenção do supervisor.
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Existem certos aspectos que devem ser atendidos de forma individual, pela natureza do
problema que se relaciona àquela pessoa e não aos demais; em tais circunstâncias faz-se uso
de entrevistas individuais, ou de outros sistemas dedicados a uma pessoa so mente. Existem,
porém, problemas que podem ser tratados e debatidos coletivamente, poupando esforços,
economizando tempo, e proporcionando a cooperação de todos.
Ser professor exige uma série de qualidades que se resumem em humanas e intelectuais. As
qualidades humanas estão relacionadas com o professor como pessoa e dentre elas
destacamos as seguintes: domínio das suas acções e emoções, capacidade e hábito de aceitar e
apoiar o outro sem nenhuma distinção, respeito pelas diferenças individuais e culturais,
respeito pela dignidade do outro, respeito e promoção dos símbolos nacionais e culturais.
Se ser professor exige qualidades humanas e intelectuais então ser supervisor pedagógico
exige qualidades humanas e intelectuais acrescidas pelo facto de este ser o mestre que através
das suas actividades acompanha as actividades da escola no geral e do professor em
particular.
«Numa escola, compete ao supervisor criar condições para que os educadores que ali
trabalham possam rever a sua actuação; não só constatar que a escola vai mal, mas
principalmente perceber o seu papel neste contexto e o que fazer para melhorar a
situação» (ALVES et al;1997:31).
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Consciência da responsabilidade que coube ao professor no sucesso, ou no insucesso, dos
alunos;
Entusiasmo pela profissão que exerce e empenhamento nas tarefas inerentes;
Capacidade de trabalhar com os outros elementos envolvidos no processo educativo.
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Em paralelo ao perfil anteriormente apresentado, TALES (1997; 147 – 148) apresenta seis
qualidades que devem ser possuídas pelo supervisor:
Dedicação ao ensino – significa dirigir suas energias para viver os problemas dos alunos,
dos professores e da escola, interessar-se pelo progresso e confiar no progresso diário dos
principais actores do processo de ensino – aprendizagem.
Responsabilidade – possuir o censo de dignidade da tarefa, ter um espírito aberto à
resposta de diversas situações educativas, responder pelos resultados do seu trabalho sejam
positivos ou negativos e prestar atenção aos compromissos assumidos.
Justiça - excluir das suas relações o proteccionismo e a satisfação de interesses pessoais,
ser firme e enérgico de maneira segura e suave e dar aos seus actos o sentido da
compreensão humana e espírito de prevenção.
Liderança – orientar os professores impulsionando-os a dar o seu máximo contributo. Ter
uma liderança democrática e aberta no sentido de contribuir para que os professores
tomem as suas próprias decisões.
Cultura geral – significa conhecer e actualizar as técnicas ligadas à didáctica e pedagogia,
ter o conhecimento em psicologia, sociologia e outras ciências sociais e acompanhar as
ocorrências nacionais e mundiais.
Outras qualidades que fundamentam a personalidade do professor – espírito de
iniciativa, honestidade, sociabilidade, controle emocional, saúde mental e boa formação
moral.
Os métodos de supervisão escolar são aqueles procedimentos mais amplos e que dão um
sentido de unidade à ação supervisora, sendo que os mesmos, na sua aplicação, podem valer-
se, em casos particulares da cooperação de todas as técnicas. As técnicas de supervisão
escolar, por sua vez, destinam-se a casos particulares da supervisão e podem, todas elas,
integrar quaisquer métodos.
Assim, toda e qualquer técnica pode ser utilizada em qualquer método, isto segundo a
situação, oportunidade e conveniência.
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os principais são: método científico, método não-diretivo, método de faces múltiplas, método
de ajuda mútua e método de osmose.
O supervisor, para observação em sala de aula, pode efetuar anotações, utilizar fichas,
gravador e filmar, cujos testemunhos poderão melhor convencer o professor do que
simplesmente palavras. A utilização de elementos tecnológicos pode permitir ao professor
rever e reovir o seu desempenho.
Os procedimentos são:
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O professor relata ao supervisor as sua próprias dificuldades, elaborando ele mesmo, a
seguir, um plano de autoaperfeiçoamento;
Com base nesse plano, o supervisor dá a orientação solicitada ou observa o professor
em turma, nos aspectos por ele solicitados;
Após as observações de turma ou de outro qualquer aspecto da ação do professor,
realiza-se a reunião individual. Nesse encontro, o supervisor deve repetir, com outras
palavras, aquilo que o professor disse ou pretendeu fazer, para constatar se era aquilo
mesmo que ele queria dizer ou fazer, e, em torno da questão ou questões em foco,
haverá diálogo;
As etapas seguintes serão indicadas pelo próprio professor, como novas observações,
novos diálogos, etc.;
Durante as reuniões individuais, o supervisor, se necessário, fará perguntas que
induzam o professor a melhor analisar ou aprovar suas próprias ideias;
É preciso ressaltar que, sempre, quem toma decisões é o próprio professor.
Não há dúvida de que o emprego deste método dá mais liberdade de ação ao supervisor,
tornando-lhe o serviço mais interessante e mesmo criativo, exigindo, ao mesmo tempo, maior
preparo técnico para utilização das mais variadas técnicas de supervisão e interpretação dos
dados disparmente recolhidos.
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1.4.4. Método de Ajuda Mútua ou Interpessoal
É preciso que o supervisor esteja bem preparado para por este método em prática, pois, caso
contrário, poderá sentir-se inseguro, vendo seu trabalho criticado pelo professor.
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Para aplicar este método, o supervisor precisa apresentar quatro condições básicas: espírito
científico, curiosidade intelectual, disposição para tentar inovar e disponibilidade para novos
trabalhos.
Os métodos citados consistem em decisões a fim de que seja encontrada a melhor solução
para uma dificuldade ou uma situação problemática.
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Figura n.º 2. Eixos da supervisão pedagógica
Estes eixos desenvolvem-se num conjunto de ações que sustentam as práticas da supervisão e
se explicitam, na Figura n.º 3, por conceber e problematizar, observar e refletir, decidir e
comunicar, e intervir e avaliar.
Na linha evolutiva que foi traçada, destacam-se duas tendências: uma que é cumulativa no
desenho do perfil de uma profissão, e outra que é distintiva, sendo a marca identificadora a
caracterização de uma profissão. No caso da supervisão pedagógica, embora se constate que a
tendência mais frequente se situa na linha cumulativa, isto é, assumindo-a como uma das
características do professor, uma outra tendência tem surgido, nos últimos tempos, que a
apresenta como uma especialização. Isto é, tendo por base (ou requisito) a profissão de
professor, será uma linha de especialização que o leva a atuar no campo da Pedagogia. Não
levará a um desempenho de funções diretamente como docente, mas como observador,
conselheiro, orientador e avaliador, daqueles que desempenham a função docente. Terá como
suporte um determinado know how, adquirido no desempenho das funções de docente.
Neste caso haverá, então, dois caminhos profissionais, ainda que um deles se construa sobre o
outro. Retomando os clusters atrás referidos, evidenciamos a pedagogia como uma das linhas
da tríade que se assume com o sentido profissional da supervisão no contexto da pedagogia.
Assim, a supervisão beberia a sua fundamentação sobretudo da vertente pedagógica, com
vista a um desenvolvimento profissional, no sentido em que é esta função que tem vindo a
adquirir proeminência ao nível dos discursos científicos e teóricos sobre supervisão; a nosso
ver, é também a mais profícua das suas vertentes. Ao apoiar-se na pedagogia e orientar-se
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para a melhoria das práticas, a supervisão tem, no entanto, que conviver com os sentidos
regulador e avaliativo que a aproximam da prestação de contas e que comportam tanto
possibilidades de crescimento, quanto de criação de cenários pouco propícios ao
desenvolvimento de profissionais verdadeiramente reflexivos, colaborativos e comprometidos
com a qualidade do ensino.
Embora tenha sido válido para as primeiras experiências de acompanhamento dos professores,
este cenário de supervisão pedagógica apresenta uma fraqueza relacionada com o
estabelecimento de um ? professor protótipo ? limitando a capacidade do professor
supervisionado na criação da sua identidade profissional desde momento que esteja de acordo
com os instrumentos normativos que regulam o trabalho docente.
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determinado professor pode ser excelente na relação que estabelece com os alunos mas não
ser portador de uma linguagem clara e vice e versa.
A questão de professor modelo ou mestre remete-nos a pensar num professor que é perfeito
em todas as suas acções educativos e isto constitui uma vã aspiração. Como humanos não
temos a possibilidade de arrecadar sucessos em tudo dado que sempre existe o que não
conseguimos fazer com a devida perfeição mas que a outra pessoa consegue fazer.
«E. Stones defende a tese de que fazer supervisão é ensinar. Ensinar os professores a ensinar
deve ser o objecto principal da supervisão» (ALARCAO e TAVARES; 2003:28). O contexto
em que Stones analisa o cenário psicopedagógico interrelaciona dois mundos distintos
nomeadamente: o mundo da relação de ensino – aprendizagem que se estabelece entre o
supervisor e o professor e o mundo da relação de ensino – aprendizagem que existe entre o
professor e os seus alunos. Stones entende que o objectivo final do processo de ensino –
aprendizagem reside no desenvolvimento da capacidade de resolver problemas e tomar
decisões conscientes que permitam adaptação e acomodação às exigências do meio ambiente.
À semelhança do que acontece entre o professor e ao alunos, também o supervisor tem como
principal missão ajudar o professor a desenvolver capacidades e competências, ensiná-lo a
explorar os conhecimentos de que dispõe para resolver os problemas que a actuação docente
lhe apresenta.
De acordo com E. Stones citado por ALARCAO e TAVARES (2003; 32) existem cinco fases
de supervisão pedagógica ligada ao cenário psicopedagógico que a seguir apresentamos:
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Quadro 2.2. Fases de supervisão pedagógica ligada ao cenário psicopedagógico
NO Fase Descrição
5 Fase 5 – Pedir ao professor dar outra aula e ver até que ponto se nota
Avaliação: melhoria, avaliação dos objectivos de ordem afectiva
relativamente ao professor e sua atitude perante a ajuda do
supervisor (será que o professor volta a pedir ajuda ao
supervisor?)
Embora o cenário psicopedagógico seja aplicável, encontramos uma fraqueza nele ao centrar
a sua actividade de supervisão na aula em detrimento dos outros aspectos que fazem parte do
professor e do seu desenvolvimento como pessoa e porque segundo TALES (1967; 134) a
supervisão pedagógica abrange o conteúdo da educação, os métodos e técnicas de ensino, o
momento propício da aula, o sujeito da educação e os objectivos da acção pedagógica.
Achamos que a acção docente abrange muitas áreas para além da própria aula. Por isso é
necessário ver em que medida o professor consegue controlar o comportamento dos alunos na
sala de aulas, se o professor consegue motivar os alunos a ficarem concentrados às actividades
de aprendizagem, como é que o professor usa os meios disponíveis na escola e na sala de aula
para potenciar a sua actividade profissional e quiçá o processo de leccionação, como é que o
professor se relaciona com os alunos e com outros colegas porque são aspectos que embora
não sejam aula constituem um pressuposto importantíssimo para um excelente exercício da
actividade da docência.
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1.6.3. Modelo colegial
«A supervisão colegial pode estender-se para além da sala de aula para incluir a discussão
de problemas e a partilha da preparação de aulas» (FORMOSINHO; s/d:59)
Na supervisão colegial o supervisor deve fornecer assistência e recursos necessários para que
os professores possam ser capazes de levar a cabo o processo de supervisão colegial. Cada
professor deve possuir um diário de progresso profissional onde constem todas as suas
reflexões diárias seja no grupo e na sala de aulas.
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parceria entre o professor e o supervisor, assumindo este último o papel de um indivíduo com
experiência e compreensão e não o detentor de conhecimentos especializados.
O principal objectivo deste modelo é a melhoria da prática de ensino dos professores na sala
de aulas por isso neste modelo o supervisor e o professor fazem uma análise conjunta de
fenómenos que ocorrem na sala de aula.
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aulas. A simplicidade e a relação que os supervisores estabelecem com os professores
definem o sucesso da sua actividade profissional. Os professores com níveis básicos de
formação precisam de mais aproximação humilde protagonizada pelos supervisores porque
muitas vezes se sentem inferiorizados devido ao nível de formação;
Estende o campo da observação da resolução para além da aula abrangendo outros
aspectos que embora não sendo principal elemento da aula planificada fundamentam o
processo de ensino – aprendizagem. Segundo o que apresentamos na problematização,
professores enfrentam problemas que não são exactamente a própria aula mas por fazerem
parte da prática docente a sua resolução é importante para o bom andamento do processo
de ensino – aprendizagem.
Promove encontros que visam a análise da observação feita ao professor e a busca conjunta
de soluções para a resolução de eventuais problemas que tenham sido diagnosticados pelo
supervisor[5]Depois da observação de uma actividade feita por alguém é importante que o
supervisionado conheça os resultados da actividade feita e tenha oportunidade de justificar
alguns aspectos que se afigurem necessárias. O envolvimento dos professores
supervisionados na busca de soluções para os problemas encorajam – os a se sentirem
donos do próprio desenvolvimento profissional e a procurarem soluções para os próprios
problemas. A busca individual de soluções contribui para que não vivam totalmente
apegados aos supervisores.
De acordo com MEQUE (1998; 17) numa visita de relance ao que se passa, por exemplo nas
nossas instituições de formação de professores em Moçambique leva-nos a concluir que os
cursos ministrados desde a independência visaram responder às urgências quantitativas
impostas pela vontade política de massificar o ensino generalizando e democratizando o
acesso à educação básica.
«A formação de professores visa essencialmente a aquisição dos saberes e saber – fazer que
eles devem transmitir aos alunos e a apropriação das técnicas susceptíveis de serem
accionadas para que essa transmissão seja eficaz» (CORREIA, 1996:89)
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transmiti-los aos alunos posteriormente. A componente didáctica está virada às técnicas de
ensino que possam criar o elo de ligação entre o professor – conteúdo - aluno.
O plano de estudo dos cursos regulares contém a carga horária de 1.440 horas e as disciplinas
com mais carga horária são as de Psicopedagogia e Metodologias de Ensino de Matemática
contendo 140 e 180 horas anuais respectivamente. A disciplina de Psicopedagogia contem três
horas semanais no primeiro semestre e quatro horas semanais no segundo semestre; a de
Metodologias de Ensino de Matemática contém três horas semanais no primeiro semestre e
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seis horas semanais no segundo semestre. As restantes disciplinas curriculares variam de 60 a
100 horas anuais e contêm cargas semanais que variam de duas a três horas.
O currículo de formação de professores com o nível de 10ª classe + 1 ano vem resolver o
problema de contratação de professores sem a formação psicopedagógica o que contribui em
grande escala para uma mediação deficiente das aulas.
Almejamos que enquanto se formam professores neste novo modelo hajam acções de
formação contínua de professores do currículo de 10ª + 1 para que não se avance num ponto
enquanto um está atrasado. A formação em exercício dos professores do currículo de 10ª + 1
vai também responder ao desejo do Ministério da tutela educacional em elevar gradualmente
o efectivo dos professores cujo nível de formação é considerado baixo, com maior destaque
para os professores de N4.
O ciclo é o movimento contínuo que interliga várias realidades. No ciclo constatamos que
todos os elementos que fazem parte do processo são constantemente retomados formando
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deste modo um movimento contínuo. Podemos também perceber o ciclo como um movimento
em que tendo chegado no ponto de chegada retomamos o ponto de partida e vice e versa.
O ciclo de supervisão pedagógica é uma actividade de ensino constituída por quatro fases
principais que são: encontro de pré – observação, observação propriamente dita, análise de
dados e encontro de pós – observação.
Este encontro entre o supervisor e o formando, que tem lugar antes da observação de uma
actividade educativa, tem fundamentalmente dois objectivos[1]a) ajudar o professor na
análise e tentativa de resolução dos problemas ou inquietações... b)decidir que aspecto (s)
vai (ou vão) ser observados (s)» (ALARCAO e TAVARES;2003:81).
1.7.2. Observação
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1.7.3. Análise dos dados
Uma vez colhidos os dados no decurso da observação é necessário que os mesmos sejam
analisados para se atribuir o significado. O supervisor analisa o registo que fez aquando da
observação para posteriormente manter um encontro com o professor supervisionado.
A análise de dados pode ser feita por meio de uma tabela[3]ou por meio de uma descrição
textual mas o que interessa é o significado da informação e sua correcta transmissão ao
beneficiário.
É o momento final do ciclo de supervisão pedagógica. Nesta fase o supervisor reúne-se com o
professor supervisionado com o objectivo de analisarem e interpretarem conjuntamente a
informação colhida no decurso da supervisão. O supervisor e o supervisionando partilham
constatações e experiências na tentativa de potenciar os aspectos positivos e minimizar os
problemas que tenham sido constatados durante a observação.
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Conclusão
Ao ensinar e avaliar o que os alunos aprendem, o professor faz a supervisão aos seus alunos
para garantir que eles adquiram as competências estabelecidas pelo Sistema de Educação. O
director da escola faz a supervisão aos professores da escola para garantir que eles estejam
presentes e apliquem os métodos de ensino preconizados pelo Sistema Nacional da Educação.
Os Serviços Distritais da Educação, Juventude e Tecnologia - SDEJT - fazem supervisão às
escolas para garantir que a comunidade escolar - os directores, professores, alunos e
encarregados da educação - estejam a cumprir os seus papéis para o sucesso da aprendizagem.
Toda supervisão deve adaptar-se às condições mutáveis do ambiente escolar em que opera.
Deve levar em conta a conjuntura de cada escola, as capacidades dos professores, suas
atitudes gerais, e a receptividade à orientação que se procura oferecer-lhes, para que haja
aperfeiçoamento profissional dos mestres. Poderá ser, inclusive, informal. Muitas vezes, uma
recomendação, feita sem maiores formalidades, será bem mais valiosa.
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Bibliografia
Fernandes, D. (2009). Para uma avaliação de professores com sentido social e cultural. Elo16
– Avaliação do Desempenho Docente, 19-23.
Leal, A. & Henning, P. (2009). “Do exame da supervisão ao autoexame dos professores:
estratégias de regulação do trabalho docente na supervisão escolar”. Brasil: Revista
Currículo sem Fronteiras, v. 9, n. 1, 251-266.
Perrenoud, Ph. (2002). A Prática Refl exiva no Ofício de Professor: Profi ssionalização e
razão pedagógica. Porto Alegre: Artmed.
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