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INTRODUÇÃO

Não deve haver ensino eficaz e autêntico em qualquer dos graus ou ramos do
sistema educacional sem haver um sistema organizado de acompanhamento e
formação continua do professor que neles trabalham.Desta feita, no âmbito da
formação pedagógica julga-se pertinente o conhecimento de diversos mecanismos
de controlo assim como de apoio de profissionais no trabalho do dia-a-dia enquanto
gestores ou diretores de instituições educativas.

A formação sendo um processo de mudança de apresentação, é igualmente um


processo de consciencialização, está se realiza na inovação e na articulação de
processos de negociação, o que abrange iniciativas de formação ligadas à resolução
de problemas reais que são observados no trabalho docente.

É nesta vertente que temos a presente cadeira denominada supervisão e inspeção


educacional das escolas básicas para o curso de licenciatura em ensino básico, 3º
ano no Centro de Educação Aberta e à Distância de Angónia da Universidade
Pedagógica- Tete, que nos poderá trazer diversificados pormenores necessários e
fundamentais para esses procedimentos de supervisão e inspeção educacional.

A elaboração desta matéria encere-se na possibilidade de apoiar o estudante a


aprofundar seus estudos na cadeira de supervisão e inspeção pedagógica, dando a
conhecer todos procedimentos fundamentais para levar a cabo uma atividade
inspectiva ou mesmo de supervisão.

Pela designação da cadeira, os conteúdos estão divididos, de um lado os tópicos


ligados a supervisão, doutro lado estão os tópicos da inspeção visto que são termos
e matérias complementares. A matéria de estudo nesta cadeira está dividida em
capítulos.
CAPÍTULO I: SUPERVISÃO

1.1.Breve historial da supervisão escolar

A Supervisão tem a sua origem na Grécia antiga. A quanto do seu surgimento era
tida como vigilância feitas pelos sacerdotes, nobres e os abalizados na matéria de
supervisão. Pode-se dizer que a supervisão escolar ou melhor, o supervisor escolar
como elemento diretamente indicado para acompanhar o funcionamento de uma
escola, surgiu na Grécia antiga.

Os primeiros supervisores agiam com rigidez contribuindo para que a supervisão


fosse tida como inspeção.

Na idade média- a supervisão estava nas mãos dos bispos e sacerdotes, dado que
a igreja era detentora do poder nas escolas. Tudo faz querer que a fiscalização seja
realizada sob a égide da igreja centrava-se nem questão de matriculas e
pontualidades de alunos e professores.

Na idade Moderna- surge a ideia de inspector cuja a função é julgar o andamento


das tarefas pedagógicas. O marco importante desta fase é a existência de uma
supervisão planificada e com obrigações a sem cumpridas.

A supervisão moderna dirige a atenção para os fundamentos da educação, neste o


supervisor agia consciente de acordo com os fins que pretendia atingir e dos meios
a utilizar.

Desde 1900- a supervisão passa a fazer parte da realidade educacional tendo como
objectivo controlar a assiduidade do professor. Por isso era denominada supervisão
administrativa.

A partir de 1920 a supervisão passa a interessar-se pela eficiência do professor no


desempenho didático. Por isso designava-se eficiência didática.

De 1940-1960 a supervisão interessou-se pela pesquisa tendo passado a ser


supervisão de pesquisa.

De 1960 até os dias hodiernos a supervisão incorpora três componentes


fundamentais que são: a eficiência didática, cooperação e pesquisa. Por isso os
professores são capacitados de forma a adquirirem ferramentas que lhes facilitem o
seu desenvolvimento na atividade profissional, a unirem a teoria e a pratica.
1.2.Fases da evolução do conceito da supervisão

O conceito da supervisão escolar sofreu singular evolução até chegar a actual


conceptualização. A supervisão assim passou por três fases distintas, que são: Fase
fiscalizadora, construtiva e criadora.

a. Fase fiscalizadora

Esta fase foi a primeira e se confundia com a inspeção, mais interessada pelo
cumprimento das leis do ensino, condições do prédio, situações legais dos
professores, cumprimento das datas e prazos dos actos escolares, como provas,
transferências, matriculas férias e documentações dos educandos.

Esta modalidade de supervisão ou inspeção escolar seguia padrões rígidos,


inflexíveis, e eram os mesmos para todo o país, não havendo considerações para
com as peculiaridades e necessidades de cada região do país e muito menos para
com as diferenças individuais dos educandos.

b. Fase construtiva

A fase construtiva ou da supervisão orientadora, a segunda da evolução do conceito


da supervisão escolar, é a que reconhece a necessidade de melhorar a atuação dos
professores e dos inspectores escolares, então passaram a promover cursos de
aperfeiçoamento e atualização dos professores. Assim, são examinadas as falhas
na atuação dos professores, e essas falhas são motivos de realizações de trabalhos
visando a remoção das mesmas.

c. Fase criativa

A fase criativa actual é aquela em que a supervisão se separa da inspeção para


montar um serviço que tenha em mira o aperfeiçoamento de todo o processo de
ensino-aprendizagem, envolvendo nele todas as pessoas nele implicadas em
sentido de trabalho cooperativo e democrático.

A supervisão criadora estimula e orienta de maneira democrática e cientifica aos


professores a fim de que se desenvolvam profissionalmente e sejam cada vez mais
capazes de obter maior grau de eficiência no processo de ensino.
1.3. Conceito da Supervisão

A palavra supervisão em muitos casos é conotada como chefia, dirigismos,


imposição e autoritarismo. A supervisão significa ver sobre, ver acima de uma visão,
visão mais abrangente de um sistema ou fenômeno do que um só sistema.

Na educação a supervisão é entendida como uma atuação de


monitorizaçãosistemática da pratica pedagógica, sobretudo através de
procedimentos de reflexão e de experimentação, com vista a diagnosticar a
necessidade de oferecer as sugestões.

De acordo com Alarcão e Tavares (2003), uma supervisão bem concebida requer
teorização, pratica e pesquisa.

Na óptica de Glickman (1985) citado por Formasinho (2002) a supervisão é a função


da escola que promove o ensino através da assistência directa aos professores,
desenvolvimento curricular, formação continua, desenvolvimento de grupo e
investigação-ação.

A Supervisão visa adaptar-se ao educando e à comunidade, e ainda, auxiliar o


professore por isso pode ser tida como " assistência às atividades docentes, de
maneira a dar-lhescoordenação, unidade e continuidade, para que mais
eficientemente a escola alcance os seusobjectivos" (Nerici, 1973).

Supervisão consiste num “ serviço técnico destinado fundamentalmente a estudar e


melhorar cooperativamente todos os fatores que influem no crescimento e
desenvolvimento do educando".

O conceito de supervisão também está associado ao:

 Processo de monitorar;
 Acompanhamento para a correção e assegurar que se cumpra a planificação;
 Controlo sistemático e permanente;
 Controle e aconselhamento.
1.4. Objectivos da Supervisão

Tendo em consideração que a supervisão é um processo que consiste no


acompanhamento e formação continua do profissional, proporcionando a ajuda
sempre que necessário. Podemos colocar de antemão como objectivo mais
abrangente do processo de supervisão a melhoria da qualidade profissional assim
como da sua prestação no sector.

Para além do objectivo anteriormente apresentado, a nível da educação atividade da


supervisão pode possuir diversos objetivos, a saber:

 Desenvolvimento profissional do professo;


 A maximização das capacidades do professor como pessoa profissional;
 Procura desenvolver gradualmente no processo a capacidade de, por si só,
tomar as decisões mais apropriadas para que a relação pedagógica com os
seus alunos vise o melhor grau desenvolvimento e aprendizagem destes;
 Influenciar o crescimento e desenvolvimento de todos os membros da
organização escolar;
 Melhorar a pratica pedagógica do professor;
 Analisar o nível do cumprimento dos objetivos;
 Dar subsidio para superar as dificuldades;

Para que o processo da supervisão se desenvolva nas melhores condições é


necessário criar um clima favorável, uma atmosfera afectivo-relacional positiva, de
entreajuda, recíproca, aberta, espontânea, autêntica, cordial e empática entre o
supervisor e o professor, e consequentemente, este processo conduzirá à
maximização das capacidades do professor como pessoa e como profissional.

1.5. Funções básicas da Supervisão

Sendo a supervisão uma ação que tem em vista melhoria do desempenho


profissional, o supervisor terá como função diagnosticar as necessidades, oferecer
sugestões e ajuda, e não observar com espirito de crítica (negativa) o que o
professor faz ou deixa de fazer. Portanto, como funções da supervisão temos a
destacar:
a. Função de diagnosticar: o supervisor precisa de conhecer a situação real do
processo de ensino e aprendizagem, para aperfeiçoa-la e saber quais são as
necessidades e possibilidades.
b. Supervisão preventiva: visa prevenir ao invés de corrigir os erros ou falhas dos
professores, isto é, evita os problemas antes que apareçam. Antecipam-se ao
eventual erro do professor e fazer o prognostico dos problemas que constituem a
essência da supervisão preventiva. Neste tipo de supervisão o supervisor
deposita confiança no professore na sua atividade porque estes são os pontos-
chave da sua atuação.

Vantagem desta função encontra-se principalmente na manutenção do trabalho


cooperativo e na ajuda ao crescimento pessoal do professor, pois, busca soluções
num trabalho conjunto, actua democraticamente e cientificamente, envolve um
grande número de pessoas e dá atenção especial a preparação eficiente do
professor.

De salientar que esta supervisão exige muita competência dos supervisores para
descobrir e prognosticar os possíveis problemas que poderão ser evitados no
trabalho conjunto.

c. Função construtiva:a presente função baseia-se na ajuda e na apreciação


construtiva do trabalho dos professores visando melhorar o seu desenvolvimento
pessoal e profissional e facilitaras suas atividades no processo de ensino e
aprendizagem. A essência deste tipo de supervisão não é a busca de erros ou
falhas do professor, mas é a construção de um ambiente profissional que possa
possibilitar que o professor desenvolva a sua personalidade sua profissão e
encontre processos novos de ação docente que o retirem da rotina.

Tem por fim auxiliar o professor a superar suas dificuldades ou deficiências, de


maneira positiva, cooperativa, não punitiva nem avaliador, procurando levar o
professor a ter confiança em si.

d. Função criativa: baseia-se na ideia segundo a qual todas as escolas são


potenciais no trabalho criativo e harmonioso devendo ao supervisor despertar
nos principais intervenientes no ensino a capacidade de desenvolver este
potencial. Este tipo de supervisão estimula o professor a usar procedimentos
que se adequam às situações reais da escola respeitando as diferenças de
personalidade de cada professor deixando-o em liberdade para que crie e
produza com as próprias possibilidades e circunstancias. Visa por sua vez
estimular a iniciativa do professor bem como a constantes melhorias na sua
atuação magistral.

Orienta o professor a buscar novos caminhos, a pesquisar e a criar novos recursos


de ensino visando sempre a melhoria no desempenho da docência e
proporcionando o crescimento profissional do professor.

Exercícios práticos

1. Diga de que forma a supervisão educacional constitui uma temática importante


para o seu curso?
2. Fale do percurso histórico da supervisão no contexto educacional.
3. Descreva as fases da evolução do conceito da supervisão escolar?
4. Qual foi o ponto negativo da supervisão na sua primeira fase da evolução?
5. Antes o conceito da supervisão estava associado ao dirigismo, autoritarismo.
Vários cientistas dispenderam suas energias físicas e intelectuais para que esta
concepção tradicional fosse ultrapassada. Diga em tuas palavras como que a
supervisão escolar é entendida?
6. Qualquer atividade tem um proposito que se pretende alcançar, e a supervisão
não foge à regra. De forma pormenorizada diga qual é o principal objectivo da
supervisão educacional.
7. Descreve as funções da supervisão escolar e diga qual seria a melhor função no
seu ponto de vista que possa ajudar a desenvolver a pratica educativa.
8. Porquê que a supervisão preventiva requer muita competência por parte do
supervisor?

Referências Bibliográficas

ALARCÃO, I. & TAVARES, J. (1987). Supervisão da prática pedagógica – Uma


perspectiva dedesenvolvimento e aprendizagem. Coimbra: Livraria Almedina.

ALARCÃO, I. et al. (2000). Escola Reflexiva e Supervisão. Porto, Porto Editora.

FORMOSINHO, Julia Oliveira. A supervisão na Formação dos professores I: da sala


à escola. Lisboa, Porto editora, 2002. 339P.

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