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O supervisor e o seu perfil no contexto pedagógico.

Assumimos o supervisor no contexto pedagógico como um profissional de educação


designado para fazer o acompanhamento dos processos ligados à gestão pedagógica,
administrativa, financeira e dos recursos humanos com competências para apoiar, facilitar o
processo de reflexão e de mudanças e controlar a implementação das políticas, estratégias e
orientações superiormente definidas.

Wallance (1991), define supervisor, em sentido amplo, como alguém que “tem o dever de
monitorar e melhorar a qualidade do ensino desenvolvido por outros colegas, numa
determinada situação educativa”. Oliveira (2002), apresenta o conceito de supervisor como
“alguém responsável por assegurar que outra pessoa desempenhe bem as suas funções”.

Medina (1997, p.31) acrescenta que “o trabalho do supervisor, centrado na acção do professor
não pode ser confundido com assessoria ou consultoria, por ser um trabalho que requer
envolvimento e comprometimento”.

Para Medina (1995, p.153), “o supervisor tem como objecto de trabalho a produção do
professor – o aprender do aluno – e preocupa-se de modo especial com a qualidade dessa
produção”.

O supervisor é, então, o orientador pedagógico, o educador a quem compete ajudar o


professor a desenvolver - se e aprender como adulto e profissional que é, e a sua acção
perspectiva-se em dois níveis distintos, embora relacionados entre si: exerce sobre o
desenvolvimento e a aprendizagem do professor uma influência indirecta sobre o
desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos que ele ensina, Alarcão e Tavares (2003).

Portanto, das definições anteriores encontram-se dois critérios que ajudam a clarificar o
conceito do supervisor: primeiro, o facto de trabalhar com professores, na sua qualidade de
pessoa e não de técnicos ou profissionais de ensino e, segundo, sua colocação no exercício da
liderança profissional na orientação e organização do PEA para o seu desenvolvimento e da
própria instituição educativa; visto que, o objecto de trabalho do supervisor é a aprendizagem
do aluno através do professor. Considera-se o papel fundamental do supervisor: ser o maior
colaborador do ambiente da escola para a qualidade e o desenvolvimento do Processo de
Ensino e Aprendizagem.
Sendo assim, com o objectivo de exercer bem as suas funções e de acordo com o perfil do
supervisor (MINED, 2003), deve mostrar condições específicas, características, postura e
formas de actuação, é importante que este seja:

 Competente, experiente, idóneo, social e cooperativo;


 Criativo, crítico, dinâmico, responsável, comunicativo, respeitável;
 Capaz de apoiar os gestores educacionais, técnicos e professores na identificação e
busca de soluções dos problemas que afectam o desempenho do sistema educativo;
 Capaz de dominar as políticas, estratégias, documentos orientadores, normativos e da
principal legislação do sector de educação;
 Conhecedor dos princípios elementares de gestão, planificação e administração do
sistema educativo;
 Capaz de incentivar os gestores, técnicos e professores a melhorar cada vez mais a
qualidade de seu trabalho para o alcance dos objectivos previamente traçados;

Adicionalmente, o supervisor deve ser:

 Simples, cortês, delicado, solícito, compreensivo, honesto, colaborativo, imparcial e


rigoroso.

Desta forma, o perfil do supervisor deve ser, antes de mais, a de ajudar o professor a fazer a
observação do seu próprio ensino, a analisar, interpretar e reflectir sobre os dados recolhidos
e a procurar melhores soluções para as dificuldades e problemas que vão surgindo no seu dia
– a - dia no contexto do Processo de Ensino e Aprendizagem.

As competências do supervisor pedagógico não têm nenhum fundamento se este não


apresentar um perfil adequado à sua actividade profissional. Por isso ALARCAO e
TAVARES sugerem que as actividades do supervisor pedagógico devem estar acompanhadas
pelo seguinte perfil profissional:

 1. Espírito de auto – formação e desenvolvimento;

 2. Capacidade de identificar, aprofundar, mobilizar e integrar os conhecimentos


subjacentes ao exercício da docência;

 3. Capacidade de resolver problemas e tomar decisões esclarecidas e acertadas;

 4. Capacidade de experimentar e inovar numa dialéctica entre a prática e a teoria;


 5. Consciência da responsabilidade que coube ao professor no sucesso, ou no
insucesso, dos alunos;

 6. Entusiasmo pela profissão que exerce e empenhamento nas tarefas inerentes;

 7. Capacidade de trabalhar com os outros elementos envolvidos no processo educativ

Importância da supervisão pedagógica no processo de ensino-aprendizagem

Embora exista diversidade de opiniões sobre os critérios de avaliação de qualidade no ensino,


há necessidade de se estabelecer o padrão de qualidade que oriente as finalidades de cada
escola em determinado contexto.

Segundo o Manual de apoio a supervisão pedagógica abordar sobre as práticas de supervisão


pedagógica leva a olhar um pouco para a figura do professor uma vez tido como um modelo a
ser seguido na escola, bem como na sociedade. E, como também é atribuído a ele o papel de
motivador aos seus alunos, incentivo a criatividade, é o professor que incute nos alunos o
sentido de responsabilidade em relação as acções a desenvolver. É o professor que tem o
privilégio de conhecer e vivenciar os problemas da aprendizagem detectados no decurso do
PEA (MINED, 2003).

Segundo Libânio (1990) citado em Novela (2017) o professor contribui para a formação
cultural e científica do povo à medida que prepara os alunos para se tornarem cidadãos
activos e participantes na família, no trabalho, nas associações de classe, na vida cultural e
política. “A supervisão pedagógica reveste-se da máxima importância, visto que cabe ao
supervisor o papel de ajudar o professor a estruturar metodologias reflexivas, que por sua vez,
o ajudarão no seu processo de desenvolvimento profissional repercutindo-se no
desenvolvimento dos seus alunos” (Vicente, 2010, p.2).

A supervisão também pode ser vista como o processo enquadrador da formação, onde o
professor busca a inserção na sua careira seja ela inicial ou em exercício e tem como função
proporcionar e rendibilizar experiências diversificadas em contextos diferentes, originando
interacções, experiências e transições ecológicas que se constituem em etapas de
desenvolvimento formativo (Alarcão, 2001).

Ainda na mesma linha Oliveira e Formosinho (2002) citados em Ferreira e Fernandes (2015)
sustentam a ideia de partilha comunicacional durante o processo de supervisão que pode ser
suportada por um trabalho em equipa baseado em reuniões informais regulares. Que vai
ajudar a impedir o isolamento do professor em formação que necessita de partilhar em grupo
os seus problemas e as suas realizações para auto-conhecer, auto-avaliar e finalmente se
reposicionar quanto ao ensino e aprendizagem inovando as suas práticas (Alves, 2008).

Neste contexto como afirma Alarcão e Tavares (1987) como citados em Gaspar et al. (2012),
ensinar os professores a ensinar deve ser o objectivo principal de toda a supervisão
pedagógica, pois, se a educação em sim é um processo contínuo e sistemático resultante de
experiências e vivências, logo, o educador deve estar sempre em constante actualização de
sua experiência e conhecimento sobre o processo de ensino e aprendizagem para melhor
exercer a sua profissão, com zelo, dedicação e responsabilidade.

E por fim, a supervisão pode ser vista na óptica de Formosinho (2002) citado em Alves
(2008) como sendo uma prática que visa o melhoramento da prática educativa, o
desenvolvimento do potencial individual para a aprendizagem e a promoção da capacidade de
auto-renovação da organização.

Supervisão Pedagógica na actualidade

De acordo com ANDRADE (1976; 9) a supervisão moderna traz para o seu trabalho riqueza
de conhecimentos acerca das crianças e do currículo, compreensão da função da Educação na
vida moderna, habilidades de trabalhar bem com pessoas e aptidão para criar situações que
tornem isto possível também aos professores, bem como ajuda eficiente para que eles
mesmos resolvam seus próprios problemas.

Actualmente a supervisão pedagógica assume uma nova postura ao definir o


acompanhamento do professor e do processo de ensino - aprendizagem como objectivos da
sua existência. A nova postura da supervisão pedagógica vem desvendar o fosso que separava
o supervisor e o supervisionando e implementar uma estratégia de supervisão que coloca o
professor como centro da actividade de supervisão porque de acordo com as alíneas h) e f) do
artigo 39 do Regulamento Geral das Escolas do Ensino Básico o professor tem o direito de
receber apoio técnico, material, documental metodológico necessário ao desempenho
eficiente da sua função e ser avaliado de forma objectiva, franca e construtiva, para saber
como melhorar o seu trabalho e ver reconhecido o seu esforço respectivamente.

Um dos grandes marcos que demonstram a postura da actual concepção da supervisão


pedagógica pode ser vista na definição que a seguir se apresenta.
«Supervisão é o serviço de assessoramento de todas as actividades que tenham influência no
processo ensino, aprendizagem, visando o seu melhor planeamento, coordenação e
execução; para que mais eficientemente sejam atendidas as necessidades e aspirações do
educando e da comunidade, bem como mais plenamente sejam efectivos os objectivos gerais
da educação e os objectivos da Escola» (NERICE; 1990: 28).

A visão do autor acima indicado vem suportar a necessidade do estabelecimento de uma


supervisão que aprofunda a situação real dos professores respondendo todos os seus desafios.
Esta é uma visão de todos os analistas da supervisão na actualidade. Na verdade já não se fala
de uma supervisão solitária isto é virada unicamente para o supervisor mas sim de uma
supervisão cooperativa onde o professor supervisionado é agente activo no diagnóstico e
busca de soluções, uma supervisão cujo foco não é só o professor mas é o processo de ensino
– aprendizagem no seu todo, uma supervisão que não só se interessa pelas soluções trazidas
pelo professor mas também pelos procedimentos que se seguem para alcançar tais soluções e
uma supervisão que tem uma visão preventiva na medida em que não espera que os
problemas aconteçam para resolve-los mas sim contribui para os problemas não surjam

A supervisão pedagógica na actualidade impera a existência de uma formação contínua dos


professores o que permitirá que estes estejam constantemente actualizados no que concerne
às políticas educativas vigentes no país.

De acordo com PRZYBYLSKI (s/d; 79) a evolução do mundo de hoje, as transformações em


todos os campos do conhecimento, o aprimoramento de métodos e técnicas tornam
indispensável a actuação permanente do professor, tanto em conteúdos de sua disciplina,
como nas formas de desenvolver o seu trabalho.

Actualmente não só se concebe a supervisão como uma actividade desenvolvida pelos


profissionais educativos vindos dos SDEJT´s e DPE mas também como actividade em que o
Director da escola, Director Adjunto Pedagógico, Delegado da Disciplina ou professor
monitoram actividades doutro professor com o intuito de verificar o seu desempenho na sala
de aulas, potenciar os aspectos positivos e buscar soluções de eventuais problemas em
coordenação com o professor assistido.

O ciclo de supervisão pedagógica


A apresentação do ciclo da supervisão remete-nos primeiramente à percepção de um ciclo e
sua posterior interligação com a realidade da supervisão (nosso campo de estudo).

O ciclo é o movimento contínuo que interliga várias realidades. No ciclo constatamos que
todos os elementos que fazem parte do processo são constantemente retomados formando
deste modo um movimento contínuo. Podemos também perceber o ciclo como um
movimento em que tendo chegado no ponto de chegada retomamos o ponto de partida e vice
e versa.

O ciclo de supervisão pedagógica é uma actividade de ensino constituída por quatro fases
principais que são: encontro de pré – observação, observação propriamente dita, análise de
dados e encontro de pós – observação.

Encontro de pré – observação

«Este encontro entre o supervisor e o formando, que tem lugar antes da observação de uma
actividade educativa, tem fundamentalmente dois objectivos[1]a) ajudar o professor na
análise e tentativa de resolução dos problemas ou inquietações... b)decidir que aspecto (s)
vai (ou vão) ser observados (s)» (ALARCAO e TAVARES;2003:81).

É necessário que o supervisor crie um ambiente de confiança com o professor


supervisionando para que dele colha diferentes informações atinentes a sua actuação na sala
de aulas e o ambiente interactivo que estabelece com os alunos.

O encontro de pré – observação pode ser considerado como o momento de "estabelecimento


de amizade" entre o supervisor e o professor porque é nesta ocasião que o supervisor procura
conhecer o professor a partir do diálogo.

. Observação

«Por observação, neste contexto, entende-se o conjunto de actividades destinadas a obter


dados e informações sobre o que se passa no processo de ensino – aprendizagem com a
finalidade de, mais tarde, proceder a uma análise do processo numa ou noutra das variáveis
em foco. Quer dizer que o objectivo da observação pode recair num ou noutro aspecto: o
aluno, no professor, na interacção professor – aluno, no ambiente físico da sala de aula, no
ambiente sócio – racional, na utilização de materiais de ensino, na utilização do espaço ou
do tempo, nos conteúdos, nos métodos, nas características dos sujeitos, etc» (Idem; 86).

A observação é o ponto de incidência do processo de supervisão. Nesta fase o supervisor


lança um olhar atento sobre o aspecto escolhido durante a pré – observação. É o momento de
recolha de informação em volta de todo o pormenor ligado ao assunto escolhida para ser
supervisionado. Aqui o supervisor deve ser provido de um caderno de registo dos aspectos
mais importantes. O registo pode seguir um esquema pré – elaborado consoante a situação
que se pretende observar[2]ou pode fazer uma espécie de apontamentos desde momento que
estes sejam fáceis de interpretar posteriormente.

Análise dos dados

Uma vez colhidos os dados no decurso da observação é necessário que os mesmos sejam
analisados para se atribuir o significado. O supervisor analisa o registo que fez aquando da
observação para posteriormente manter um encontro com o professor supervisionado.

A análise de dados pode ser feita por meio de uma tabela ou por meio de uma descrição
textual mas o que interessa é o significado da informação e sua correcta transmissão ao
beneficiário.

8.4. Pós – observação

É o momento final do ciclo de supervisão pedagógica. Nesta fase o supervisor reúne-se com o
professor supervisionado com o objectivo de analisarem e interpretarem conjuntamente a
informação colhida no decurso da supervisão. O supervisor e o supervisionando partilham
constatações e experiências na tentativa de potenciar os aspectos positivos e minimizar os
problemas que tenham sido constatados durante a observação.

Na pós – observação definem-se novas estratégias de intervenção do professor no processo de


ensino – aprendizagem e se possível marca-se a seguinte actividade de supervisão que fica ao
critério do professor e do supervisionado.

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