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FACULDADE DE EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE ENSINO BÁSICO

Supervisão e Inspecção escolar

Origem e Evolução da supervisão Escolar

Segundo Nérici (1990, p. 28) “a supervisão a partir dos anos 1900, fez ingresso na
escola com o fim de controlar a acção do professor, mais, contudo sob ponto de vista
administrativo se identificava com a inspecção administrativa. Esta fase chamou-se de fase
fiscalizadora porque interessava-se mais no cumprimento das leis de ensino, situação legal
dos professores, cumprimento de datas e prazos de actos escolares matrículas e
documentação dos educandos. Este carácter de supervisão persistiu até aos anos 1920”.

A segunda fase foi a construtiva de 1921 ate 1960, a supervisão foi identificada com
eficiência didáctica, passou a visar mais cooperação e coordenação dos professores em suas
tarefas pedagógicas. Nesta fase, a supervisão também procurou sensibilizar o professor para a
pesquisa como forma de actuação que conduzisse a superação das dificuldades encontradas
no processo educativo. Os inspectores escolares passam a promover cursos de
aperfeiçoamento e actualização dos professores. (Nérici, 1990, p. 28)

A terceira fase é a criativa de 1961 aos nossos dias, é aquela que a supervisão separa-
se da inspecção para montar um serviço que tenha em mira o aperfeiçoamento de todo o
processo de ensino e aprendizagem, envolvendo todas as pessoas nele implicadas, neste
contexto, temos os supervisores a todos os níveis e estruturas orgânicas de ensino desde a
Direcção Nacional, Provincial, Distrital, das sedes das Zonas de Influências Pedagógicas e
das escolas. Pode se dizer que nesta fase a supervisão incorpora três preocupações, eficiência,
cooperação e pesquisa. (idem)

Conceitos de Supervisão Escolar


Etimologicamente o termo supervisão integra dois termos de raiz latina: “super” (com
o significado de “sobre”) e “vídeo” (com o significado de “visão”). Fazendo uma
interpretação linear pode-se dizer a supervisão é visão sobre todo processo. Constitui um
olhar para os aspectos externos e internos sobre todo processo educativo.

De acordo com o artigo publicado por Gaspar, Seabra e Neves (2012, p. 30) citando
Stones (1984), a supervisão pode ser entendida como uma visão aprofundada,
reflexiva e com sentido autocrítico do contexto circundante mas também voltada para
o interior com vista a compreender o significado da realidade; uma visão com
capacidade de previsão; uma retrovisão; e uma segunda visão para promover o que se
pretende que seja instituído, para evitar o que não se deseja e para reconhecer o que
aconteceu e não deveria ter acontecido.

Supervisão escolar: “é a visão sobre todo o processo educativo, para que a escola
possa alcançar os objectivos da educação e os objectivos específicos da própria escola”.
(Nérici, 1974, p. 29)

É o processo pelo qual se orienta a escola como um todo, para a consecução das suas
finalidades. Uma fonte de recursos e um serviço de liderança e consulta que ajuda a escola a
fazer melhor o seu trabalho. (Muriel Crosby, citado por Narcisa Veloso de Andrade,
1976:9-10)

É a visão sobre todo o processo educativo, para que a escola possa alcançar os objectivos da
educação e os objectivos específicos da própria escola (Nérici, Imídeo G 1990:15).

“Um trabalho de assistência ao professor, em forma de planeamento, acompanhamento,


coordenação, controle, avaliação e atualização do desenvolvimento do processo ensino-
aprendizagem”. Rangel (1988, p. 13)

1. Objectivos da Supervisão Escolar


Constituem objectivos da supervisão escolar os seguintes:
• Assistir ao professor individualmente ou em grupo, para uma integração harmoniosa;
• Assessorar e avaliar a implementação dos programas de Ensino e dos projectos
pedagógicos desenvolvidos no estabelecimento de ensino;
• Em fim, a supervisão visa ajudar na melhoria do desempenho das actividades tanto do
professor como da escola.
2. Princípios da supervisão pedagógica
Segundo Nerici (1990, p. 35), “os princípios fundamentais da supervisão escolar,
estruturam-se com base numa filosofia de educação (pelo sistema educativo a que a escola
pertence, isto é, respeitando as políticas educacionais e perspectiva cultural onde a escola esta
inserida).”
Nesse âmbito, a supervisão escolar deve seguir alguns princípios gerais, que orientem
os seus trabalhos, de maneira a terem unidade, objectividade e consequência. Os princípios
mais relevantes parecem ser os seguintes:
 Actuar democraticamente: no sentido de que todos os participantes do processo de
ensino-aprendizagem tenham liberdade de opinião, sejam respeitadas suas diferenças
individuais e que sejam convencidos a agir desta ou daquela maneira, e não obrigando
a fazê-los;
 Abranger a todos: de modo que os envolvidos no processo recebem orientações e
assistência da supervisão que de forma individual ou colectiva;
 Ser cooperativo: para que os responsáveis ou influenciados nos resultados de ensino-
aprendizagem, participam das preocupações da supervisão e com ela cooperem para o
bom andamento/resultado dos trabalhos;
 Ser construtivo: para que todos os envolvidos pela supervisão possam ser orientados
para melhorarem a sua actuação quanto necessário;
 Ser científico: para que se desenvolva a supervisão com base em planificações,
avaliações constantes dos resultados dos seus trabalhos e se façam rectificações se
necessários;
 Ser objectivo: este princípio é complementação do anterior, uma vez que todos planos
de trabalho devem derivar de uma realidade educacional, para que não hajam
imposições de modelos que venham mais a deformar do que auxiliar o processo de
ensino-aprendizagem. Neste âmbito, a supervisão deve estar focalizada em aspectos já
determinados antes da sua acção, uma realidade educacional do P.E.A. queira na área
administrativa, pedagógica ou do processo educativo por si na sala de aulas;
 Ser permanente: é um processo contínuo não só nos exames, ou periodicamente, mas
sim sistematicamente par a aumentar as possibilidades de tornar o seu funcionamento
mais ajustado e eficiente;
 Ser espontânea – isto e não deve ser imposta, mas deve surgir sempre que possível
sem imposição, de acordo com as necessidades da escolha de cada professor ou grupo
de professores.
 Ser imparcial – ressaltando méritos e recuperar deficiências, actuando e trabalhando
sem reservas com todos de igual maneira independentemente dos graus de afinidades.
 Ser actuante – isto é mais acções do que palavras.
 Ser mais informal possível – a fim de fazer-se presente humildemente e com uma
linguagem convincente e aceitável.

3. Objectivos da Supervisão Escolar


Constituem objectivos da supervisão escolar os seguintes:
• Assistir ao professor individualmente ou em grupo, para uma integração harmoniosa;
• Assessorar e avaliar a implementação dos programas de Ensino e dos projectos
pedagógicos desenvolvidos no estabelecimento de ensino;
• Em fim, a supervisão visa ajudar na melhoria do desempenho das actividades tanto do
professor como da escola.

4. Funções da supervisão Pedagógica

De acordo com Formosinho (2002, p. 24) a supervisão pedagógica influência no


crescimento e desenvolvimento de todos os membros da organização escolar, aumentando a
sua capacidade de aprendizagem e o seu potencial de eficácia em tarefas individuais e
esforços colaborativos. Dentre as várias funções da supervisão pedagógica destacam-se: o
melhoramento da prática, desenvolvimento do potencial de aprendizagem do educador e
promoção da capacidade da organização em criar ambientes de trabalho auto-renováveis.

 Melhoramento da prática – a aplicação de métodos que envolvem os professores no


decurso da supervisão tem um impacto forte no aumento da sua motivação para
aprendizagem de novas formas de trabalhar. O melhoramento da prática docente tem
implicação directa na mudança positiva das formas de aprendizagem dos alunos e a
consequente melhoria do seu rendimento escolar. Ademais o melhoramento da prática
alavanca o desenvolvimento profissional do professor no que tange à investigação de
novas formas de mediar as aulas e de ir ao encontro das necessidades reais dos alunos
na escola e na sala de aula em particular.
 Desenvolvimento do potencial de aprendizagem do educador – a supervisão que
direciona o professor a uma aprendizagem contínua incorpora estratégias que geram
uma atitude positiva na procura, superação de novos desafios na arena educacional e o
questionamento e reflexão profissionais durante a planificação, durante o ensino e
depois do ensino. Paralelamente ao questionamento e à reflexão constrói-se
significativamente a análise de acontecimentos que estão intimamente ligados ao
ensino.
 Promoção da capacidade de auto-renovação da organização – a auto-renovação
passa necessariamente pela providência de condições que possam conferir maior
responsabilização de professores e demais funcionários da escola. Formosinho (2002,
p. 26) afirma que os ambientes de trabalho organizacionais que sejam controladores,
burocráticos ou hierarquizados reduzem o comportamento dos profissionais a
comportamentos infantis, tais como passividade, dependência, subordinação, falta de
auto-controlo e auto-consciência. Para o estabelecimento da auto-renovação, a escola
deve orientar os professores no sentido de serem eles próprios responsáveis e
empenhados pela auto-renovação que beneficie todos os alunos. Ela depende da
capacidade de superar as dificuldades e de aprender sempre mais com vista a vencer
mais desafios.

Princípios da Supervisão Escolar.

Os princípios, em geral, são rudimentos, regras fundamentais e gerais de qualquer ciência


ou arte: "Todos os filósofos e doutores teólogos defendem que somente merece o nobre
título de ciência verdadeira aquela arte que tem princípios certos por onde demonstra o que
exercita." São proposiçoes, opinioes que o espírito admite como ponto de partida; regra
fundamental, doutrinas.
Em filosofia, no sentido normativo, chama-se princípio a uma norma de ação claramente
representada ao espírito, enunciada por uma fórmula.
o homem não é um autônomo que age inconscientemente. É um ser pensante e, como tal,
tem condições para dirigir suas ações. Daí a necessidade de princípios que norteiem a
atividade em uma escola. "Os princípios", escreveu Carloz, "são como a bússola, que orienta
o explorador, sem lhe dar meios para vencer os obstáculos do caminho." O mesmo acontece
com os princípios da supervisão escolar, que indicam o rumo, mas não dão ao supervisor os
meios pelos quais deve atingir o objetivo. Esses meios são obtidos pelos processos de
supervisão, que serão tratados posteriormente.
Toda supervisão deve adaptar-se às condições mutáveis do ambiente escolar em que
opera. Deve levar em conta a conjuntura de cada escola, as capacidades dos professores,
suas atitudes gerais, e a receptividade à orientação que se procura oferecer-lhes, para que
haja aperfeiçoamento profissional dos mestres.
Poderá ser, inclusive, informal. Muitas vezes, uma recomendação, feita sem maiores
formalidades, será bem mais valiosa.
Democratização
O espírito da supervisão, quando bem exercida, inspira-se em cooperação democrática,
isto é, no pressuposto de que cada indivíduo deverá contribuir para o bem comum, e essa
contribuição individual deverá ter sentido criador positivo
Deste modo, deverá inspirar-se em decisões de grupo, visando transformar cada
empreendimento escolar numa comunidade bem organizada, a qual, por sua vez, integra-se
na comunidade local, regional e nacional.
E assim deverá ser porque a supervisão é conduzida em relação às influências de uma
sociedade dinâmica, e caracterizada por um acelerado coeficiente de alteração. Enfim, a
supervisão será democrática quando usar de cooperação, harmonia e respeito à
individualidade; quando as exigências das obrigações respeitarem os desejos dos diferentes
membros da comunidade supervisionada.
Objectividade
A forma democrática do trabalho não significa dispersão. A supervisão deve estabelecer
claramente os fins que tem em mira, criando processos adequados e coerentes.
Não somente deve estruturar-se, como também deve ser vivida de maneira objetiva, quer
no trabalho junto aos professores, quer ao lado dos demais elementos que participam do
processo educativo: direção da escola, pais, alunos, instituições cooperadoras da escola,
instituições sociais em geral.
A supervisão deve, enfim, integrar todo o processo educacional, que num dado meio e
tempo se considere.
Supervisão será motivada
Deverá ser sempre motivada e não imposta a uma situação. Toda acção supervisora,
inteligentemente proporcionada, trabalha com as situações reais, investigando primeiro as
diferentes circunstâncias para decidir quais métodos irá empregar.
Respeito às diferenças individuais
É sabido que os membros de uma escola não são iguais, por conseguinte o mesmo
tratamento não deverá ser igual para todos. Uns necessitam ajuda especial em um sentido,
outros em outro. Investigar estas diferenças, para proporcionar ajuda de acordo com as
necessidades pessoais, deverá ser objectivo do supervisor escolar.
Participação e liderança
Sendo a função principal da supervisão esclarecer, orientar e guiar, este subprincípio
traduz-se como o aspecto dinâmico que o supervisor deverá empregar.
A supervisão terá de ser levada a efeito mais por acções do que por palavras. Os
supervisores devem dar orientações práticas, ajudando em sua realização. Os mais diversos
métodos de que possam lançar mão serão aproveitados, pois há maior probabilidade de êxito
quando se utilizam vários métodos, em lugar de um apenas, dinamizando, por conseguinte, a
supervisão.
Reconhecimento de méritos e defeitos
A busca dos efeitos que merecem ser consertados não deve preocupar uma supervisão
consciente; para que sua obra seja justa, reconhecerá os esforços e as qualidades de cada um
dos membros da escola. Se tal não acontecer, os profissionais acabam se desiludindo, ao
verificarem que seus sacrifícios nem são notados.
Supervisão será contínua e progressiva
Uma acção supervisora não deve ser acidental, eventual ou esporádica; não será realizada
apenas quando um caso extremo mereça atenção do supervisor; deve ser um processo
constante, contínuo e progressivo, como parte integrante da educação. Em qualquer
instituição existem sempre problemas de importância que exigirão a' atenção do supervisor.
Supervisão será individual e coletiva
Existem certos aspectos que devem ser atendidos de forma individual, pela natureza do
problema que se relaciona àquela pessoa e não aos demais; em tais circunstâncias faz-se uso
de entrevistas individuais, ou de outros sistemas dedicados a uma pessoa somente.
Existem, porém, problemas que podem ser tratados e debatidos coletivamente, poupando
esforços, economizando tempo, e proporcionando a cooperação de todos.

Os princípios citados resumem idéias dos tratadistas da matéria


Resumem-se em 14 diretrizes principais: A supervisão deverá:
1. Ser construtiva e criadora;
2. Ser democrática;
3. Basear-se mais nos esforços do grupo do que naqueles individuais do supervisor;
4. Estruturar-se em bases profissionais e não pessoais;
5. Ter como fim último fazer com que o educando se aproxime o mais possível dos
objetivos geralmente assentados;
6. Promover o desenvolvimento dos professores;
7. Referir-se ao bem-estar pessoal dos professores e suas relações interpessoais;
8. Partir das práticas e condições, tais como as encontram, para modificá-las
paulatinamente;
9. Ser gradativa e progressiva, mas persistente;
10. Adaptar-se às capacidades e atitudes dos professores;
11. Caracterizar-se pela simplicidade e naturalidade;
12. Usar métodos de ação simples e directos;
13. Ser cumulativa em seus resultados;
14. Ser objectiva, ter sentido de autocrítica, sendo capaz de, a cada momento, avaliar
seus próprios resultados

Segundo Nerici (1990, p. 35), “os princípios fundamentais da supervisão escolar,


estruturam-se com base numa filosofia de educação (pelo sistema educativo a que a escola
pertence, isto é, respeitando as políticas educacionais e perspectiva cultural onde a escola esta
inserida).”
Objectivos da Supervisão Educacional.

Tantos objectivos podemos encontrar para a supervisão, como tantas pétalas têm a rosa.
No entanto, antes de qualquer coisa, parece ser: deixar sair de dentro de si os recentes estudos
e práticas, e em segundo lugar aprimorar ainda mais seu trabalho e adquirir sua nova
identidade.

Também será objetivo da supervisão “possibilitar aos supervisionandos a ocasião de


aprender a escutar seu paciente, exercitar sua capacidade de observação da sessão,
compreender, tirar conclusões e formular interpretações, valendo-se de seu equipamento
próprio” (GRIMBERG, 1975, apud PADILHA, p. 111).

É muito comum se ouvir: “Ai! Eu nunca vou dar conta disso”...”Será que um dia eu
chegarei a ver essas coisas?”...“Eu acho que estou no caminho errado”... “Eu não consigo”. É
interessante salientar que a conclusão a que chegam em conjunto no grupo de supervisão, a
partir de um fragmento único de uma sessão grupal, vem dos supervisionandos mesmos. Foi
extraída de seus próprios conhecimentos, de suas próprias falas, mas não foi valorizada. Só
chega a ser valorizada, às vezes, se essa conclusão é referendada pela supervisora.

Não se pode confundir, no entanto, o processo de supervisão grupal, com o processo de


análise pessoal em grupo. O supervisor necessita estar alerta e atento neste sentido, pois
há momentos em que os processos podem se confundir, e apenas se separem por uma
tênue linha divisória.
Este processo segue o mesmo fluxo da espiral dialética tratada por Enrique Pichon-
Rivière, que diz: “para aprender é preciso assumir o papel de paciente, o que envolve um
certo perigo”. Diz ainda: “A essência da concepção dialética é que um sistema aberto e um
fechado não são opostos e sim, momentos sucessivos, indispensáveis a um processo de
desenvolvimento” (FERNANDES, et al, 1998, p. 260).

Sob outro olhar não caberá ao supervisor dizer “faça como eu faço” mas faça comigo”...
“eu tenho tentado assim, podemos experimentar tal situação”. É preciso levar o
supervisionando a lançar-se em sua companhia na ação grupal, na sessão analisada ou
naquela situação grupal da supervisão, e assim o supervisionando viverá a angústia, e
coexistirá com ela e através do acolhimento suplantar as dificuldades.

Bárbara ressalta que em determinadas situações, a supervisão pode tornar-se


“desconfortável”, como:

Quando o supervisor deixa de levar em conta determinadas percepções do terapeuta e


coloca suas idéias como “verdade absoluta”.

Quando o terapeuta não consegue expressar adequadamente suas hipóteses a respeito do


paciente. Fica uma falha entre o que realmente aconteceu na sessão terapêutica e o que se
avalia na supervisão, provocando um sentimento de “estranheza” ao que é dito pelo
supervisor.

Quando o terapeuta ou o supervisor distorce o real sentido da supervisão e o primeiro


passa a sentir-se “avaliado”. Isso pode provocar um receio em relatar conteúdos da sessão
supervisionada, o que torna falho o resultado da supervisão.

Objectivos da supervisao escolar

Coordenar e organizar os trabalhos de forma coletiva na escola, oferecer orientação e


assistência aos professores, bem como fornecer aos mesmos materiais e sugestões de novas
metodologias para enriquecer a prática pedagógica;

Orientar os professores na planificação e desenvolvimento dos conteúdos, bem como sugerir


novas metodologias que os avaliem na prática pedagógica e aperfeiçoem seus métodos
didáticos;
Acompanhar o desenvolvimento da proposta pedagógica da escola e o trabalho do professor
junto ao aluno auxiliando em situações adversas.

Silva Júnior e Rangel (1997) pontuam que, o supervisor, como qualquer profissional, em seu
curso de formação e em sua prática, prepara-se para atuar como especialista, no caso, como
coordenadora do processo curricular, seja em sua formulação, execução, avaliação ou
reorientação. E é instrumentalizada para coordenar o processo de construção coletiva do
projeto político-pedagógico da escola.

Ressaltam também que a supervisão escolar não se detenha em sua superfície, mas atinja
camadas mais profundas, onde se encontram as raízes de questões que envolvem o trabalho
educativo.

Supervisão Pedagógica é responsável pela avaliação do desempenho do docente,


sempre voltando-se a uma ótica formadora, reflexiva e interativa.

Ciclo da Supervisão.
Na perspectiva de Alarcão e Tavares (2010, p. 81), consideremos os seguintes
fases do ciclo da supervisão:
a) Encontro pré-observação;
b) observação propriamente dita;
c) análise dos dados;
d) Encontro pós-observação

1- Encontro pré-observação – tem lugar antes de uma actividade educativa e tem por
principais objectivos:

a) ajudar o formando na análise e tentativa de resolução dos problemas ou


inquietações que se lhe deparam e que podem ir desde o problema mais simples até qualquer
outro assunto que mereça ser analisado, observado, resolvido;

b) decidir que aspecto(s) vai (ou vão) ser observado(s).


É necessário que se estabeleça uma comunicação natural, a fim de que todo este processo dê
resultados positivos. Entre os elementos que impedem uma boa comunicação podem citar-se
a ansiedade e o desconhecimento do papel exacto que cada pessoa tem num determinado
processo, pelo que, nesta fase do ciclo da supervisão, sobretudo se se trata do primeiro ou
primeiros encontros, é fundamental que o supervisor seja bem claro relativamente à sua
concepção de supervisão, aos seus objectivos e à sua atitude para com o formando. Imperioso
se toma também que as funções de cada um no processo de supervisão sejam
inequivocamente definidas. Há como que um contrato a estabelecer, a negociar entre ambas
as partes. A clareza, a transparência e a falta de ambiguidade são as palavras de ordem, as
pedras de toque. Como escreve Galloway, a falta de comunicação gera ansiedade.

2- Observação propriamente dita – Por observação, neste contexto, entende-se o


conjunto de actividades destinadas a obter dados e informações sobre o que se passa no
processo de ensino/aprendizagem com a finalidade de, mais tarde, proceder a uma análise do
processo numa ou noutra das variáveis em foco. Quer isto dizer que o objecto da observação
pode recair num ou noutro aspecto: no formando, no utente, na interacção utente-formando,
no ambiente físico, no ambiente sócio-relacional, na utilização de materiais e técnicas, na
utilização do espaço ou do tempo, nos conteúdos, nos métodos, nas características dos
sujeitos, etc. Nunca é demais chamar a atenção para a diferença entre observação e
interpretação. Estas duas actividades estão tão intimamente relacionadas que quase
poderíamos dizer que a observação compreende duas fases: registo do que se vê e
interpretação do sentido do que se viu. Embora difícil, é necessário distinguir entre uma
actividade e a outra. Um dos problemas que se põem ao supervisor é saber como deve
observar, que estratégias de observação deve utilizar. Será necessário proceder a uma
observação sistemática, utilizar um instrumento devidamente validado ou bastará recorrer ao
método menos sofisticado de tirar notas? No caso de se decidir pela utilização de um
instrumento, que tipo de instrumento utilizar?

3 - Análise dos dados – esta fase será a que se segue após a observação e permitirá ao
observador ordenar e analisar o fruto da sua observação. Esta análise poderá ser mais ou
menos morosa em função dos dados que se colheu e da abordagem utilizada. Estes dados
poderão ser tratados de forma quantitativa ou qualitativa, em função uma vez mais do que se
pretende estudar, quantificar ou qualificar.

4 – Encontro pós observação – Parte das observações feitas a respeito do encontro


pré-observação são também válidas para o encontro pós-observação. Referimo-nos, é
evidente, ao clima em que deve decorrer, à necessidade de estabelecer uma comunicação
isenta de ambiguidades, ao papel activo que o formando deve ocupar e à variedade de estilos
e estratégias a utilizar.
A finalidade do encontro, essa é diferente. O formando deve reflectir sobre o seu “eu” e sobre
o que se passou na sua interacção com os utentes para alterar, se necessário, um ou outro
aspecto que não esteja em consonância com o que deveria ser mais correcto. Ao fazê-lo, está
a ser não apenas agente, mas também sujeito activo, O supervisor deve ajudá-lo a reflectir, a
interpretar, a ver a realidade por detrás de números, categorias, incidentes ou descrições. Para
isso utilizará dados que recolheu e analisou, servir-se-á da interpretação que lhes deu, das
dúvidas suscitadas a necessitar de esclarecimento por parte do formando, das hipóteses
levantadas a discutir também com o professor e das estratégias de supervisão que melhor se
ajustem à sua função de agente de desenvolvimento e aprendizagem. Mas utilizará também os
dados que o formando lhe fornecer através das suas perguntas e comentários, na sessão, ou no
Portefólio de estágio, se existir.
O trajecto da supervisão incide sobre situações reais, sobre indivíduos em interacção e sobre
dinâmicas de colaboração. A resolução de problemas, a tomada de decisão ou a definição de
uma personalidade estão dependentes de uma interacção entre a teoria e a prática bem como
com a configuração do “modus operandis” e de processos de autonomização que deverá ser
progressiva.

TIPOS DE SUPERVISÃO PEDAGÓGICA QUE CARACTERIZAM A


ACTUAÇÃO DO SUPERVISOR

Na educação, ela pode ser classificada em Geral, Particular, Pedagógica e Administrativa.

SUPERVISÃO GERAL.
Neste nível de supervisão, envolve todas as áreas, e peculieridade da instituição
concernte a condições de trabalho escolar e com um clima organizacional, que promova uma
reflexão séria e contextualizada, que venha a repercutir-se nas relações entre os diferentes
agentes que constituem uma escola.

Igualmente pode ser vista como aquela em é efectuada pelo próprio Ministério da Educação,
a partir de seus indicadores de regularidade e qualidade da educação, que envolve mais de um
curso, departamento ou instituição, agrupados de acordo com o critério escolhido para a
acção de supervisão.
SUPERVISÃO PARTICULAR.

A supervisão particular vai ser o inverso da geral. Portanto, a geral enquanto envolve mais de
um curso, instituição ou instituição, agrupados de acordo com o critério escolhido para a
acção de supervisão, a particular, como diz o nome, envolve partes especialmente
identificados. Supervisão virada para um departamento, para uma classe, para um nível e/ou
ciclo de ensino, etc.

SUPERVISÃO ADMINISTRATIVA.

Segundo SANTOS & HAERTER (2004:3), referenciam que a supervisão


administrativa, tem como objectivo identificar com a concepção cartesiana de conhecimento,
que orienta os conceitos e práticas relacionados ao âmbito administrativo, que integra as
atitudes organizacionais que estimulem e desenvolvam atitudes autónomas, participativas e
colaborativas, com base em conceitos como reflexividade, autonomia e investigação-acção.

SUPERVISÃO PEDAGÓGICA
Segundo VIEIRA (1993), “a supervisão pedagógica, pode-se definir como sendo uma
actuação de monitorização sistemática da prática pedagógica, através de observação das
estratégias de ensino do professor, pois, o objecto da supervisão escolar, é a prática
pedagógica do professor; a função primordial da supervisão”
Apoiando a esta linha de ideia, pode pensar que a supervisão pedagógica está directamente
ligada ao acompanhamento das actividades dos professores com vista a potenciar o seu
desenvolvimento profissional e resolver os problemas que os mesmos enfrentam no decurso
das suas actividades de leccionação.
Ainda na mesma perspectiva, defendemos que a maneira mais eficaz de realizar a supervisão
pedagógica se confina na assistência às aulas porque é no processo de ensino – aprendizagem
em que se substancia o trabalho do professor.
Actualmente não só se concebe a supervisão como uma actividade desenvolvida pelos
profissionais educativos vindos dos SDEJT´s e DPE mas também como actividade em que o
Director da escola, Director Adjunto Pedagógico, Delegado da Disciplina ou professor
monitoram actividades doutro professor com o intuito de verificar o seu desempenho na sala
de aulas, potenciar os aspectos positivos e buscar soluções de eventuais problemas em
coordenação com o professor assistido.
Segundo Tales (1997; 135) existem quatro classes ou tipos de supervisão pedagógica que
seguidamente apresentamos:
 Supervisão Correctiva: é do tipo inspecção fiscalizadora dado que a sua essência está
na identificação de faltas, lacunas e defeitos do professor sem antes investigar as suas
causas. Este tipo de supervisão não considera as diferenças individuais dos
professores supõe que todos os professores devem ser iguais e por conseguinte devem
ser tratados e cobrados da mesma maneira.
Embora tenha seu lado positivo quando bem aplicado, merece crítica pelo facto de os
seus executores buscarem apenas os erros não se preocupando com os aspectos positivos que
se verificam no trabalho do supervisionando.
 Supervisão preventiva: visa prevenir ao invés de corrigir os erros ou falhas do
professor. Antecipar-se ao eventual erro do professor e fazer o prognóstico dos
problemas constituem a essência da supervisão preventiva. Neste tipo de supervisão o
supervisor deposita confiança no professor e na sua actividade porque são estes os
pontos-chave da sua actuação.
 Supervisão construtiva: baseia na ajuda e na apreciação construtiva do trabalho dos
professores visando melhorar o seu desenvolvimento profissional e facilitar as suas
actividades no processo de ensino - aprendizagem. A essência deste tipo de
supervisão não é a busca de erros ou falhas do professor mas é a construção de um
ambiente profissional que possa possibilitar que o professor desenvolve a sua
personalidade, sua profissão e encontre processos novos de acção docente que o
retirem da rotina.
 Supervisão criadora: baseia-se na ideia segundo a qual todas as escolas são um
potencial no trabalho criativo e harmonioso devendo o supervisor despertar nos
principais intervenientes do ensino a capacidade de desenvolver este potencial. Este
tipo de supervisão estimula o professor a usar procedimentos que se adequam às
situações reais da escola respeitando as diferenças de personalidade de cada professor
deixando-o em liberdade para que crie e produza com as próprias possibilidades e
circunstâncias.

PERFIL E POSTURA DO SUPERVISOR PEDAGÓGICO.


Contreras (2002) fala-nos de quatro concepções/modelos distintos de professor
como profissional: técnico, reflexivo, crítico e contemporâneo.
O professor como profissional técnico ou racional tecnológico é visto como um
técnico de ensino, a quem se exige que aplique as regras e os conhecimentos científicos e
pedagógicos com rigor.
O conhecimento prático reduz-se a um conhecimento técnico, na medida em que
as relações causais se convertem em relações instrumentais e os fins que se pretendem
atingir são fixos e predefinidos (Schön, 1998 in Morgado, 2005). Neste quadro, o
profissional é tanto mais reconhecido quanto melhor for o seu domínio técnico na
aplicação do conhecimento e na solução de problemas, e o conhecimento pedagógico é
aquele que estabelece os meios mais eficientes para conseguir uma finalidade predefinida.
O professor como profissional reflexivo ou humanista afirma-se pela
necessidade ter uma base reflexiva na atuação profissional, com o objetivo de saber
resolver as situações problemáticas da prática
A ideia de professor reflexivo é desenvolvida por Schön (1998 in Morgado,
2005) para tentar explicar como é que os profissionais podem resolver situações
imprevistas, incertas e de conflitos de valores.
Conforme refere Sá-Chaves (2002:100), “um tipo de conhecimento reflexivo,
aberto e criativo e que comporta …”, postura que lhe irá permitir resolver os problemas
que vão surgindo no decorrer da sua prática educativa, relacionados com uma educação
para a cidadania, também complexa.
O profissional de ensino só tem a ganhar com a implementação de práticas
reflexivas, porque a reflexão como prática quotidiana contribui para apreender, mudar e
construir novas competências.
O professor como intelectual crítico surge como um investigador das suas
próprias práticas. Neste modelo, é fundamental identificar, refletir e problematizar as
restrições impostas pelas práticas institucionais, desenvolvendo assim uma consciência
crítica, que ajude a resolver os seus problemas. Contreras (2002) refere que a reflexão que
os professores fazem, às vezes, impede-os de analisar a sua experiência porque esta está
condicionada por fatores estruturais, pela forma de pensar, estando limitadas pelo
contexto da própria cultura e socialização profissional.
Surge agora a necessidade de um novo modelo, o do professor contemporâneo,
em que o docente passa a ser encarado como um dos principais parceiros de um saber
coletivo, que organiza e ajuda a construir, e como um facilitador de situações de
aprendizagem permite aos alunos participarem nessa construção.

Síntese : Evolução do perfil profissional do professor


Professor Técnico ‐ Professor Reflexivo ‐ Professor Crítico ‐ Professor
Contemporâneo ‐ Nova Profissionalidade Docente

COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DO PROFESSOR


O conceito de “competência” é polissémico: pode revestir-se de diversos
significados, traduzindo-se numa diversidade de abordagens possíveis e nem sempre
conciliáveis, mas é sobretudo na perspetiva educativa que procurámos compreender a
problemática das competências. Competência é uma palavra do senso comum, utilizada
para designar uma pessoa qualificada para realizar alguma coisa, isto é, remete-nos para
um critério de qualidade.
Para Le Boterf (1994, 2000), a competência exige a apropriação sólida e ampla de
conteúdos, organizados numa síntese integradora que reside nos recursos a mobilizar, no
saber mobilizar esses recursos numa dada situação, no momento certo e implica a
capacidade de ajustar os saberes a cada situação, devendo estes estar consolidados,
integrados e ser portadores de mobilidade.
É um saber agir pertinente não se reduz ao saber-fazer ou ao saber- -operar, o
profissional deve saber ir além do prescrito, ser capaz de tomar iniciativas, decidir, fazer
escolhas, saber interpretar porque a sua competência reconhece-se na sua inteligência
prática para resolver as situações.
Ou seja, a competência é um saber-agir, que se baseia em saber-mobilizar, saber-
integrar e saber-transferir recursos diferenciados como conhecimentos, capacidades,
atitudes, entre outros.
Competência Pessoal que se relaciona diretamente com o desenvolvimento intra
e interpessoal do professor.
Competência Científica implica o conhecimento e o domínio dos conteúdos
relacionados com as matérias de determinada especialidade. Incide, diretamente, sobre
uma área do saber, do conhecimento, ou a sua interseção com outras áreas. Ser
competente é fundamental para poder ser um bom profissional.
Competência Pedagógica prende-se com o saber-fazer, executar, comunicar os
conhecimentos compreensivos ou relativos às diferentes especialidades, adaptando-as às
capacidades dos destinatários das aprendizagens. Ela pressupõe que os professores
dominem as competências: científica, técnico-didática, conhecimento do
desenvolvimento pessoal dos sujeitos e da qualidade da sua envolvente ecológica.
O Relatório Jacques Delors (1999), referem quatro pilares da educação, os pilares
do conhecimento para o século XXI, ou seja, tem como missão: aprender a conhecer;
aprender a fazer; aprender a viver juntos; e aprender a ser. Aprender a Conhecer -
Componente desenvolvimentista: o professor revela domínio dos próprios instrumentos
do conhecimento, através do desenvolvimento das suas capacidades profissionais para
comunicar, compreender, conhecer e descobrir. Aprender a aprender, por meio de:
investigação e sentido crítico; exercício da memória e do pensamento; organização e
gestão do saber. Aprender a Fazer - Componente epistemo-profissional: o professor
revela: qualificação profissional e competências que o tornem apto a enfrentar numerosas
situações e a trabalhar em equipa; capacidade de aprender a conhecer e aprender a fazer
no âmbito das diversas experiências sociais e/ou de trabalho; capacidade de refletir a sua
profissionalidade; capacidade de admitir que precisa de atualizar e aperfeiçoar os seus
conhecimentos e técnicas durante toda a vida; equilíbrio entre a competência na disciplina
ensinada e a competência pedagógica; capacidade de desenvolver qualidades de ordem
ética, intelectual e afetiva; e competência para desenvolver a investigação e a observação
empírica como forma de aumentar a sua eficácia escolar.

NÍVEIS DE SUPERVISÃO PEDAGÓGICA


Neste âmbito, a supervisão escolar ou pedagógica, é incorporada pelos seguintes
níveis:
 DPE's – através dos Departamentos de Direcção Pedagógica (DDP's): Neste nível,
organiza-se, controla-se, orienta-se e vela-se pelo cumprimento das normas
pedagógicas, realizando a supervisão das actividades pedagógicas em todos os
distritos, ZIP's e escolas;
 SDEJT’s – existentes em cada distrito, com a missão fundamental de através das
Repartições de Educação Geral (REG's), dar continuidade as acções dos DDP's, em
todas as ZIP's e escolas;
 Escolas - instituições onde todo o processo de ensino-aprendizagem decorre. O
processo de ensino-aprendizagem é dirigido pelas direcções de escolas cabendo aos
professores executarem os programas de ensinos, instrumentos fundamentais que
regulam, em termos de conteúdos programáticos, o ciclo do processo educativo.
Importa sublinhar que, para permitir um desempenho pedagógico eficaz, implementação
correcta dos programas de ensino e resultados escolares sólidos e seguros, é necessário que a
partir das escolas, ZIPs, SDEJTs, DPEs e MEC, seja feita a supervisão pedagógica pelos
directores de escolas, Coordenadores de ZIPs e técnicos pedagógicos aos directores aos
vários níveis.
Por razões óbvias, a melhor supervisão pedagógica é aquela que se faz a partir da base, isto é,
a partir das escolas.
1. INSPECÇÃO ESCOLAR

Conceito
A inspecção é um órgão especial de controlo e supervisão do cumprimento das
disposições normas pedagógicas, administrativas, jurídicas financeiras e outras vigentes em
todos os órgãos e instituições do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano.

O que diferencia da inspecção da supervisão, é o facto de a inspecção preocupar-se


com a avaliação do cumprimento dos padrões educacionais (o que foi feito e como foi feito),
enquanto a supervisão é uma acção constante e regular que a inspecção, centrando-se na
orientação e aconselhamento dos professores.

Atribuições da inspecção da educação e cultura


A inspecção é um órgão que faz o cumprimento das disposições normativas atinentes
à administração do Sistema Nacional da Educação, de harmonia com a Lei n˚6/92, de 6 de
Maio, que reajusta o quadro geral do mesmo sistema e a política cultural em Moçambique,
aprovada pelo concelho de Ministros por resolução n˚ 12/97 de 10 de Junho.

Para o efeito, promove a fiscalização da aplicação da política governativa com as


seguintes acções:
 Avaliação e a fiscalização da aplicação da política educativa do Estado em todos os
órgãos e a instituição da educação com base na legislação em vigor e decisões do Ministério
da Educação e Desenvolvimento Humano;
 Verificação do processo de direcção nos órgãos e instituições da educação e cultura,
bem assim da existência ou não dos dispositivos legais, que se mostrem aplicáveis ao Sistema
Nacional da Educação e da política cultural do país;
 Controlo da aplicação e do cumprimento da legislação vigente em todos os órgãos
inerentes ao processo docente-educativo e formulação de propostas para a superação e
correcção dos constrangimentos e falhas verificadas;

 Avaliação da eficácia do funcionamento das estruturas da educação e cultura, em


todos os órgãos e instituições;
 Contribuição para o fortalecimento da disciplina laboral em todos os órgãos e
instituições da educação e cultura.
Estas acções visam os seguintes propósitos:
 Melhoria da qualidade de ensino;
 Racionalização dos recursos disponíveis;
 Eficácia e funcionamento adequado dos órgãos e serviços instituídos;
 Conformidade dos actos praticados pelos órgãos e agentes de educação e da cultura a
diversos níveis, com a ordem jurídica.

A Inspecção é pois, um processo que integra:


 O controlo e fiscalização do cumprimento das disposições e normas pedagógicas,
administrativas, jurídicas, financeiras e outras vigentes na educação;
 A formação dos funcionários a todos os níveis;
 A promoção de auto-aprendizagem de quem procede a inspecção.

Competências da Inspecção
No âmbito da sua actividade a inspecção compete:
 Realizar periodicamente, de forma planificada, inspecções às estruturas centrais,
locais, aos estabelecimentos de ensino e instituições subordinadas, apresentando, ao Ministro
da educação e cultura ou ao dirigente máximo do sector, a nível local, os respectivos
relatórios, incluindo sugestões que achar conveniente;
 Fiscalizar a execução das normas técnicas e organizacionais;
 Proceder e/ou colaborar em processo de sindicância e disciplinares, que lhe foram
determinados;
 Prestar às estruturas e instituições, que entregam a sua área de actividade, os
esclarecimentos e o apoio de ordem técnica e administrativa, que sejam solicitados ou de que
careçam;
 Investigar, por informação, petição ou denúncia presumíveis violações da legalidade
ou irregularidade e desvio no processo de direcção e realização de actividade educacional.

Funções específicas do inspector da educação


São tarefas específicas do inspector:
 Conhecer todos os programas do ensino e de formação, bem assim os respectivos
currículos, aos diferentes níveis;
 Realizar inspecção regular às instituições do ensino;
 Contribuir para o aperfeiçoamento contínuo do sistema educativo, difundindo
experiência positivas e inovadoras dos diferentes domínios, à todos órgãos e instituições da
educação e cultura;
 Combater todas as violações das normas do currículo, do funcionamento e da
disciplina laboral, tomando medidas adequadas, para a sua prevenção e eliminação;
 Preparar e organizar profundamente cada actividade de inspecção;
 Estabelecer mecanismos de articulação com os dirigentes dos diferentes sectores da
educação e da cultura aos vários níveis;
 Tomar parte das reuniões, conselhos, seminários, conferências, comissões, ou grupo
de trabalho de natureza educacional para que forem superiormente designados ou
convocados;
 Desempenhar as demais funções que lhe sejam conferidas por lei, regulamento ou
determinação superior;
 Realizar ou colaborar em processos de inquérito, de sindicância, disciplinares e de
revisão, que lhe forem determinados.

Objectivos da Inspecção
Tanto para a inspecção como para a supervisão, os seus objectivos são comuns, a
saber:
 A garantia da qualidade;
 Aperfeiçoamento e manutenção dos padrões;
 Avaliação do desempenho dos professores e das escolas;
 O encorajamento e gestão de mudanças e de desenvolvimento;
 O reforço da supervisão dos directores das escolas;
 O fortalecimento de informações ao Ministério da Educação e Desenvolvimento
Humano e aos outros parceiros.

Funções dos inspectores por área de actuação


Área pedagógica
Realizar a inspecção na área pedagógica e disciplinar de ensino, incluindo acções
práticas nos domínios de:
 Ensino-aprendizagem e docentes educativos;
 Cumprimento dos planos de estudos e programas de ensino vigente;
 Metodologia de ensino;
 Critérios de avaliação;
 Promover a difusão e aplicação de experiências pedagógicas relevantes.

Área administrativa
 Realizar a inspecção sobre os processos administrativos às instituições de educação;
 Verificar a conformidade do processo de direcção nos órgãos e instituições
subordinadas do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano com as normas
vigentes;
 Inspeccionar a gestão dos recursos humanos e materiais das instituições da educação,
de acordo com a regulamentação específica, com especial incidência sobre infra-estruturas,
equipamentos instalado e pessoal afecto;
 Realizar a inspecção financeira das instituições da educação;
 Verificar o processo contabilístico e bancário, incidindo sobre o orçamento das
despesas e receitas do Estado e/ou da instituição, quando esta tiver receitas próprias;
 Cooperar com a inspecção do Ministério do Plano e Finanças na fiscalização
financeira das instituições da educação.

Área cultural
 Assegurar o cumprimento da legalidade sobre os espectáculos de natureza artística;
 Garantir a observância e o cumprimento da legalidade referente a direitos de autor e a
lei do património cultural;
 Proceder à fiscalização de entidades que se dedicam ao fabrico, duplicação e
distribuição de videogramas e fonogramas assim como das que importam ou fabricam
suportes materiais a eles destinados;
 Estudar e emitir parecer sobre os processos respeitante a afectação dos recintos
licenciados para exploração cultural à fins diferentes.

Habilidades profissionais do inspector


As habilidades profissionais são técnicas ou perícias que podem permitir aos
inspectores realizar eficiente e eficazmente o seu trabalho e facilitar a sua eficiência no apoio
aos professores, com o objectivo de melhorar o ensino-aprendizagem. Desta feita, temos
algumas dessas habilidades:
a) Avaliação;
b) Relato;
c) Recolha e análise de dados;
d) Planificação;
e) Gestão de projectos;
f) Orientação e aconselhamento;
g) Resolução de conflitos e/ou problemas;
h) Pesquisa e interpretação de regulamentos.

Habilidades interpessoais e relações humanas exigidas aos inspectores


Algumas dessas qualidades interpessoais do inspector tanto para o director da escola,
são:
a) Honestidade;
b) Espírito de ajuda;
c) Franqueza;
d) Credibilidade;
e) Vontade de aprender
f) Justiça;
g) Imparcialidade, capacidade de comunicação, competência e respeito.

Fontes de inspecção
1. Ordem de inspecção: o comando individual emanado por quem de direito, impondo
a realização de uma determinada actividade inspectiva. São componentes para ordenar
a realização das actividades inspectivas, as seguintes entidades:

 A nível central: Ministro da Educação, Vice-Ministro da Educação, Secretário


Permanente e Inspector-Geral da educação;

 A nível provincial: Director provincial da Educação e o responsavel pela


Inspecção;

 A nível distrital: Director distrital de Educação .

A ordem de inspecção apresenta as seguintes características:


 Número de ordem, incluindo o ano em que foi emitido;

 Nome do inspector que deverá executar a missão;

 A actividade a realizar;

 Instituição objectiva da inspecção;

 Finalidade da inspecção;

 Assinatura do mandante competente.

2. Plano de actividades da inspecção: Com base no plano e nas necessidades do


desenvolvimento da Educação, a Inspecção elabora um plano de actividades, à luz do
qual, concretiza os objectivos prescritos no regulamento da inspecção.

3. Petição, denúncia, queixa ou participação: Petição consiste na faculdade conferida


ao cidadão do direito do lesado e dos fundamentos respectivos; Denúncia consiste no
exercício do direito do cidadão de levar, ao conhecimento de inspecção, a ocorrência
de um determinado facto ou a existência de uma certa situação irregular; a queixa
consiste no cidadão lesado participar na inspecção um comportamento incorrecto
manifestado por um funcionário ou agente da educação e desenvolvimento humano.
4. Iniciativa do inspector: O inspector pode, por própria iniciativa, elaborar uma ordem
de inspecção, a submeter ao seu superior hierárquico.

5. Convite da instituição objecto ou recomendação de um órgão competente: As


instituições de Educação de todos os níveis, têm o direito de, sempre que julgar
necessária uma intervenção da inspecção, formular um pedido, mencionando a razão
que justifica a intervenção da inspecção ou de um determinado inspector.

Tipos de Inspecção
Inspecção-geral ou sindicância: é aquela que se realiza com o fim de conhecer o
funcionamento geral da instituição em todas os seus aspectos pedagógicos, administrativos,
financeiras. Neste tipo de inspecção o inspector verifica o regulamento interno, o
funcionamento e a articulação dos órgãos e serviços em conformidade com as normas e
disposições legais.

Inspecção específica ou temática: que examinam e avaliam um número limitado de


aspectos da vida da escola, tais como: ensino, sem preocupar-se com outros aspectos. Tem
como objectivos: verificar aspectos específicos da vida da escola; avaliar áreas específicas da
escola; transmitir informação da escola para as entidades superiores.

Inspecção especial: é o tipo de inspecção de que se debruça sobre áreas específicas da


vida da escola, por exemplo: greve numa escola, carta anónima dirigida ao chefe do serviço;
um acto de má conduta de um professor. Esta inspecção tem como objectivos: verificar certos
factos; recolher informações para apurar a veracidade; fazer análise minuciosa e avaliar
evidências e transmitir recomendações e constatações de/e para entidades superiores.

Inspecção Pedagógica: é aquela que tem como objectivo avaliar e controlar a área
específica de ensino-aprendizagem. Nesta inspecção, deve-se verificar se a instituição tem:
toda legislação sobre o seu funcionamento, distribuição equilibrada de professores por
turmas, classes e turnos, horários de ensino, avaliar como se planifica e promove-se a
actividade pedagógica na escola;

Inspecção Administrativa-financeira: é aquela que consiste na verificação,


avaliação e controlo de recursos humanos, financeiros e materiais, incidindo sobre a
verificação da conformidade dos actos e procedimentos administrativos. Neste âmbito, o
inspector deve: analisar a ocupação de cada um dos trabalhadores, de acordo com a sua
função ou categoria, investigar, por informação, petição, ou denúncia, presumíveis violações
da legalidade.

Inspecção permanente: é o tipo de inspecção normal aplicada como eficácia, quando


se trabalha ao nível territorial. Cada inspector trabalha no seu território, fazendo investigação
nas instituições de educação e escolas que estão a seu cargo durante um período pelo menos
de 5 anos nos campos de educação, formação e administração. Este tipo de inspecção tem as
seguintes vantagens:

 Permite conhecer o funcionamento dos órgãos e serviços locais;

 Possibilita o acompanhamento da evolução das escolas e instituições e influeciá-las na


procura de soluções dos problemas que se apresentam;

 Proporciona no fim de um certo tempo, conhecimento profundo e global sobre as


escolas e instituições da educação do território controlado.

Estilos de inspecção
Inspecção de estilo directivo: Aqui o inspector orienta o professor naquilo que deve
ser feito, fixa o tempo e o critério a usar na inspecção, determina as acções a seguir pelo
professor. Neste estilo, os inspectores possuem maior conhecimento e especialização sobre a
matéria em questão ou em mão do que o professor; conhece o que é que deve ser feito para
melhorar o ensino.
Inspecção de estilo não directivo: o inspector escuta o professor, clarifica o que o
professor diz, encoraja o professor a falar mais a cerca da questão, preocupa-se e verifica as
preocupações do professor, o inspector ajuda o professor a formular a decisão a cerca do
futuro
Inspecção de estilo colaborativo: neste tipo de inspecção, os inspectores apresentam
as suas próprias ideias, pedem ao professor para propor possíveis soluções e negociam com o
professor para encontrar plano de acção comum. A decisão final respeitante ao plano de
acção é partilhada tanto pelo professor como pelo inspector.
A Docente
Msc Judite Bera

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