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DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE ENSINO BÁSICO
Segundo Nérici (1990, p. 28) “a supervisão a partir dos anos 1900, fez ingresso na
escola com o fim de controlar a acção do professor, mais, contudo sob ponto de vista
administrativo se identificava com a inspecção administrativa. Esta fase chamou-se de fase
fiscalizadora porque interessava-se mais no cumprimento das leis de ensino, situação legal
dos professores, cumprimento de datas e prazos de actos escolares matrículas e
documentação dos educandos. Este carácter de supervisão persistiu até aos anos 1920”.
A segunda fase foi a construtiva de 1921 ate 1960, a supervisão foi identificada com
eficiência didáctica, passou a visar mais cooperação e coordenação dos professores em suas
tarefas pedagógicas. Nesta fase, a supervisão também procurou sensibilizar o professor para a
pesquisa como forma de actuação que conduzisse a superação das dificuldades encontradas
no processo educativo. Os inspectores escolares passam a promover cursos de
aperfeiçoamento e actualização dos professores. (Nérici, 1990, p. 28)
A terceira fase é a criativa de 1961 aos nossos dias, é aquela que a supervisão separa-
se da inspecção para montar um serviço que tenha em mira o aperfeiçoamento de todo o
processo de ensino e aprendizagem, envolvendo todas as pessoas nele implicadas, neste
contexto, temos os supervisores a todos os níveis e estruturas orgânicas de ensino desde a
Direcção Nacional, Provincial, Distrital, das sedes das Zonas de Influências Pedagógicas e
das escolas. Pode se dizer que nesta fase a supervisão incorpora três preocupações, eficiência,
cooperação e pesquisa. (idem)
De acordo com o artigo publicado por Gaspar, Seabra e Neves (2012, p. 30) citando
Stones (1984), a supervisão pode ser entendida como uma visão aprofundada,
reflexiva e com sentido autocrítico do contexto circundante mas também voltada para
o interior com vista a compreender o significado da realidade; uma visão com
capacidade de previsão; uma retrovisão; e uma segunda visão para promover o que se
pretende que seja instituído, para evitar o que não se deseja e para reconhecer o que
aconteceu e não deveria ter acontecido.
Supervisão escolar: “é a visão sobre todo o processo educativo, para que a escola
possa alcançar os objectivos da educação e os objectivos específicos da própria escola”.
(Nérici, 1974, p. 29)
É o processo pelo qual se orienta a escola como um todo, para a consecução das suas
finalidades. Uma fonte de recursos e um serviço de liderança e consulta que ajuda a escola a
fazer melhor o seu trabalho. (Muriel Crosby, citado por Narcisa Veloso de Andrade,
1976:9-10)
É a visão sobre todo o processo educativo, para que a escola possa alcançar os objectivos da
educação e os objectivos específicos da própria escola (Nérici, Imídeo G 1990:15).
Tantos objectivos podemos encontrar para a supervisão, como tantas pétalas têm a rosa.
No entanto, antes de qualquer coisa, parece ser: deixar sair de dentro de si os recentes estudos
e práticas, e em segundo lugar aprimorar ainda mais seu trabalho e adquirir sua nova
identidade.
É muito comum se ouvir: “Ai! Eu nunca vou dar conta disso”...”Será que um dia eu
chegarei a ver essas coisas?”...“Eu acho que estou no caminho errado”... “Eu não consigo”. É
interessante salientar que a conclusão a que chegam em conjunto no grupo de supervisão, a
partir de um fragmento único de uma sessão grupal, vem dos supervisionandos mesmos. Foi
extraída de seus próprios conhecimentos, de suas próprias falas, mas não foi valorizada. Só
chega a ser valorizada, às vezes, se essa conclusão é referendada pela supervisora.
Sob outro olhar não caberá ao supervisor dizer “faça como eu faço” mas faça comigo”...
“eu tenho tentado assim, podemos experimentar tal situação”. É preciso levar o
supervisionando a lançar-se em sua companhia na ação grupal, na sessão analisada ou
naquela situação grupal da supervisão, e assim o supervisionando viverá a angústia, e
coexistirá com ela e através do acolhimento suplantar as dificuldades.
Silva Júnior e Rangel (1997) pontuam que, o supervisor, como qualquer profissional, em seu
curso de formação e em sua prática, prepara-se para atuar como especialista, no caso, como
coordenadora do processo curricular, seja em sua formulação, execução, avaliação ou
reorientação. E é instrumentalizada para coordenar o processo de construção coletiva do
projeto político-pedagógico da escola.
Ressaltam também que a supervisão escolar não se detenha em sua superfície, mas atinja
camadas mais profundas, onde se encontram as raízes de questões que envolvem o trabalho
educativo.
Ciclo da Supervisão.
Na perspectiva de Alarcão e Tavares (2010, p. 81), consideremos os seguintes
fases do ciclo da supervisão:
a) Encontro pré-observação;
b) observação propriamente dita;
c) análise dos dados;
d) Encontro pós-observação
1- Encontro pré-observação – tem lugar antes de uma actividade educativa e tem por
principais objectivos:
3 - Análise dos dados – esta fase será a que se segue após a observação e permitirá ao
observador ordenar e analisar o fruto da sua observação. Esta análise poderá ser mais ou
menos morosa em função dos dados que se colheu e da abordagem utilizada. Estes dados
poderão ser tratados de forma quantitativa ou qualitativa, em função uma vez mais do que se
pretende estudar, quantificar ou qualificar.
SUPERVISÃO GERAL.
Neste nível de supervisão, envolve todas as áreas, e peculieridade da instituição
concernte a condições de trabalho escolar e com um clima organizacional, que promova uma
reflexão séria e contextualizada, que venha a repercutir-se nas relações entre os diferentes
agentes que constituem uma escola.
Igualmente pode ser vista como aquela em é efectuada pelo próprio Ministério da Educação,
a partir de seus indicadores de regularidade e qualidade da educação, que envolve mais de um
curso, departamento ou instituição, agrupados de acordo com o critério escolhido para a
acção de supervisão.
SUPERVISÃO PARTICULAR.
A supervisão particular vai ser o inverso da geral. Portanto, a geral enquanto envolve mais de
um curso, instituição ou instituição, agrupados de acordo com o critério escolhido para a
acção de supervisão, a particular, como diz o nome, envolve partes especialmente
identificados. Supervisão virada para um departamento, para uma classe, para um nível e/ou
ciclo de ensino, etc.
SUPERVISÃO ADMINISTRATIVA.
SUPERVISÃO PEDAGÓGICA
Segundo VIEIRA (1993), “a supervisão pedagógica, pode-se definir como sendo uma
actuação de monitorização sistemática da prática pedagógica, através de observação das
estratégias de ensino do professor, pois, o objecto da supervisão escolar, é a prática
pedagógica do professor; a função primordial da supervisão”
Apoiando a esta linha de ideia, pode pensar que a supervisão pedagógica está directamente
ligada ao acompanhamento das actividades dos professores com vista a potenciar o seu
desenvolvimento profissional e resolver os problemas que os mesmos enfrentam no decurso
das suas actividades de leccionação.
Ainda na mesma perspectiva, defendemos que a maneira mais eficaz de realizar a supervisão
pedagógica se confina na assistência às aulas porque é no processo de ensino – aprendizagem
em que se substancia o trabalho do professor.
Actualmente não só se concebe a supervisão como uma actividade desenvolvida pelos
profissionais educativos vindos dos SDEJT´s e DPE mas também como actividade em que o
Director da escola, Director Adjunto Pedagógico, Delegado da Disciplina ou professor
monitoram actividades doutro professor com o intuito de verificar o seu desempenho na sala
de aulas, potenciar os aspectos positivos e buscar soluções de eventuais problemas em
coordenação com o professor assistido.
Segundo Tales (1997; 135) existem quatro classes ou tipos de supervisão pedagógica que
seguidamente apresentamos:
Supervisão Correctiva: é do tipo inspecção fiscalizadora dado que a sua essência está
na identificação de faltas, lacunas e defeitos do professor sem antes investigar as suas
causas. Este tipo de supervisão não considera as diferenças individuais dos
professores supõe que todos os professores devem ser iguais e por conseguinte devem
ser tratados e cobrados da mesma maneira.
Embora tenha seu lado positivo quando bem aplicado, merece crítica pelo facto de os
seus executores buscarem apenas os erros não se preocupando com os aspectos positivos que
se verificam no trabalho do supervisionando.
Supervisão preventiva: visa prevenir ao invés de corrigir os erros ou falhas do
professor. Antecipar-se ao eventual erro do professor e fazer o prognóstico dos
problemas constituem a essência da supervisão preventiva. Neste tipo de supervisão o
supervisor deposita confiança no professor e na sua actividade porque são estes os
pontos-chave da sua actuação.
Supervisão construtiva: baseia na ajuda e na apreciação construtiva do trabalho dos
professores visando melhorar o seu desenvolvimento profissional e facilitar as suas
actividades no processo de ensino - aprendizagem. A essência deste tipo de
supervisão não é a busca de erros ou falhas do professor mas é a construção de um
ambiente profissional que possa possibilitar que o professor desenvolve a sua
personalidade, sua profissão e encontre processos novos de acção docente que o
retirem da rotina.
Supervisão criadora: baseia-se na ideia segundo a qual todas as escolas são um
potencial no trabalho criativo e harmonioso devendo o supervisor despertar nos
principais intervenientes do ensino a capacidade de desenvolver este potencial. Este
tipo de supervisão estimula o professor a usar procedimentos que se adequam às
situações reais da escola respeitando as diferenças de personalidade de cada professor
deixando-o em liberdade para que crie e produza com as próprias possibilidades e
circunstâncias.
Conceito
A inspecção é um órgão especial de controlo e supervisão do cumprimento das
disposições normas pedagógicas, administrativas, jurídicas financeiras e outras vigentes em
todos os órgãos e instituições do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano.
Competências da Inspecção
No âmbito da sua actividade a inspecção compete:
Realizar periodicamente, de forma planificada, inspecções às estruturas centrais,
locais, aos estabelecimentos de ensino e instituições subordinadas, apresentando, ao Ministro
da educação e cultura ou ao dirigente máximo do sector, a nível local, os respectivos
relatórios, incluindo sugestões que achar conveniente;
Fiscalizar a execução das normas técnicas e organizacionais;
Proceder e/ou colaborar em processo de sindicância e disciplinares, que lhe foram
determinados;
Prestar às estruturas e instituições, que entregam a sua área de actividade, os
esclarecimentos e o apoio de ordem técnica e administrativa, que sejam solicitados ou de que
careçam;
Investigar, por informação, petição ou denúncia presumíveis violações da legalidade
ou irregularidade e desvio no processo de direcção e realização de actividade educacional.
Objectivos da Inspecção
Tanto para a inspecção como para a supervisão, os seus objectivos são comuns, a
saber:
A garantia da qualidade;
Aperfeiçoamento e manutenção dos padrões;
Avaliação do desempenho dos professores e das escolas;
O encorajamento e gestão de mudanças e de desenvolvimento;
O reforço da supervisão dos directores das escolas;
O fortalecimento de informações ao Ministério da Educação e Desenvolvimento
Humano e aos outros parceiros.
Área administrativa
Realizar a inspecção sobre os processos administrativos às instituições de educação;
Verificar a conformidade do processo de direcção nos órgãos e instituições
subordinadas do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano com as normas
vigentes;
Inspeccionar a gestão dos recursos humanos e materiais das instituições da educação,
de acordo com a regulamentação específica, com especial incidência sobre infra-estruturas,
equipamentos instalado e pessoal afecto;
Realizar a inspecção financeira das instituições da educação;
Verificar o processo contabilístico e bancário, incidindo sobre o orçamento das
despesas e receitas do Estado e/ou da instituição, quando esta tiver receitas próprias;
Cooperar com a inspecção do Ministério do Plano e Finanças na fiscalização
financeira das instituições da educação.
Área cultural
Assegurar o cumprimento da legalidade sobre os espectáculos de natureza artística;
Garantir a observância e o cumprimento da legalidade referente a direitos de autor e a
lei do património cultural;
Proceder à fiscalização de entidades que se dedicam ao fabrico, duplicação e
distribuição de videogramas e fonogramas assim como das que importam ou fabricam
suportes materiais a eles destinados;
Estudar e emitir parecer sobre os processos respeitante a afectação dos recintos
licenciados para exploração cultural à fins diferentes.
Fontes de inspecção
1. Ordem de inspecção: o comando individual emanado por quem de direito, impondo
a realização de uma determinada actividade inspectiva. São componentes para ordenar
a realização das actividades inspectivas, as seguintes entidades:
A actividade a realizar;
Finalidade da inspecção;
Tipos de Inspecção
Inspecção-geral ou sindicância: é aquela que se realiza com o fim de conhecer o
funcionamento geral da instituição em todas os seus aspectos pedagógicos, administrativos,
financeiras. Neste tipo de inspecção o inspector verifica o regulamento interno, o
funcionamento e a articulação dos órgãos e serviços em conformidade com as normas e
disposições legais.
Inspecção Pedagógica: é aquela que tem como objectivo avaliar e controlar a área
específica de ensino-aprendizagem. Nesta inspecção, deve-se verificar se a instituição tem:
toda legislação sobre o seu funcionamento, distribuição equilibrada de professores por
turmas, classes e turnos, horários de ensino, avaliar como se planifica e promove-se a
actividade pedagógica na escola;
Estilos de inspecção
Inspecção de estilo directivo: Aqui o inspector orienta o professor naquilo que deve
ser feito, fixa o tempo e o critério a usar na inspecção, determina as acções a seguir pelo
professor. Neste estilo, os inspectores possuem maior conhecimento e especialização sobre a
matéria em questão ou em mão do que o professor; conhece o que é que deve ser feito para
melhorar o ensino.
Inspecção de estilo não directivo: o inspector escuta o professor, clarifica o que o
professor diz, encoraja o professor a falar mais a cerca da questão, preocupa-se e verifica as
preocupações do professor, o inspector ajuda o professor a formular a decisão a cerca do
futuro
Inspecção de estilo colaborativo: neste tipo de inspecção, os inspectores apresentam
as suas próprias ideias, pedem ao professor para propor possíveis soluções e negociam com o
professor para encontrar plano de acção comum. A decisão final respeitante ao plano de
acção é partilhada tanto pelo professor como pelo inspector.
A Docente
Msc Judite Bera