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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA EDUCACAO E PSICOLOGIA

CURSO DE LICENCIATURA EM ADMINISTRACAO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO

Segundo Grupo

TEMA

AS FUNÇÕES DE EQUIPE DE SUPERVISORES AOS


DIFERENTES NÍVEIS DE SUPERVISÃO

QUELIMANE
1

2022
Emília Paulino Muamuiro

João Adélia Conguane

Nelito Albano Victor

Salésio Paulino Afonso

Soninho Nelson Augusto

TEMA:

AS FUNÇÕES DE EQUIPE DOS SUPERVISORES AOS


DIFERENTES NÍVEIS DA SUPERVISÃO

Trabalho a ser apresentado na faculdade de


ciências de educação e psicologia ao curso de
licenciatura em administração e gestão da
educação, como requisito de avaliação.

Tutor de especialidade:

Dr. Miguel Reis

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CEAD- Gurué
Índice

Introdução...................................................................................................................................4
Objectivo geral........................................................................................................................4
Objectivo expecificos..............................................................................................................4
1. Conceito da supervisão escolar............................................................................................5
2. As funções de equipe dos supervisores aos diferentes níveis da supervisão.......................6
3. Diferentes Níveis da supervisão escolar..............................................................................8
3.1. Geral.............................................................................................................................8
3.2. Específica ou particular................................................................................................8
3.3. Planeamento.................................................................................................................9
3.4. Acompanhamento.......................................................................................................10
3.5. Controle......................................................................................................................10
4. Perspectivas de Trabalho do Supervisor Escolar no Processo Ensino Aprendizagem......13
Conclusão..................................................................................................................................16
Referência Bibliográfica...........................................................................................................17

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Introdução
A escola é o lugar que se responsabiliza pela acção educativa, lugar onde ocorre a educação
formal. Assim torna-se um campo fértil para os estudos voltados a compreensão de relações
educativas que ocorrem no interior. Deste modo, a supervisão escolar é importante porque
está ligada ao acto de ensinar e aprender. Entende-se que a supervisão escolar favorece o
fortalecimento do ensino e aprendizagem escolar a partir do incentivo de acções educativas
capazes de contribuir para o desenvolvimento da própria instituição.
A função da Supervisão vai além de inspeccionar e passa a coordenar o trabalho pedagógico.
A supervisão torna-se um parceiro dos agentes educativos, pois a educação não funciona por
imposições, mas sim por parcerias e compartilhamento para que haja uma aprendizagem de
qualidade.
Estudar sobre a supervisão escolar é um assunto complexo pois envolve todas as instâncias da
escola bem como todos os sujeitos que transitam por esse espaço. Sendo assim a Supervisão
Escolar é entendida como processo de auxílio na coordenação e orientação dos professores e
gestores em suas práticas pedagógicas. Por este motivo a supervisão escolar é essencial para
que a escola promova uma reflexão sobre o processo de ensino-aprendizagem, buscando uma
escola de qualidade. O tema é actual e pertinente e apropriado para se abordar visto que
ocorrem varias mudanças no que tange a conceção da supervisão escolar. Antes a supervisão
tinha uma função mais técnica, hoje esta ligada fundamentalmente ao trabalho docente,
coordenando e sendo um instrumento no processo de ensino-aprendizagem.
Objectivo geral

 Conhecer as funções de equipe de supervisores aos diferentes níveis de supervisão


Objectivo expecificos.
 Analisar as funções de supervisores aos diferentes níveis de supervisão
 Caracterizar as funções de supervisores de educação.
O trabalho apresenta a seguinte estrutura capa, folha de rosto, índice, introdução,
desenvolvimento, conclusão e referências bibliográficas.
Quanto ao aparato metodológico o estudo do presente trabalho realizou-se através da pesquisa
bibliográfica, abordando aspectos qualitativos após uma seleção de material e leitura dos
assuntos referentes ao tema proposto. Após a leitura das fontes consultadas, o texto foi

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construído procurando compreender as funções de equipe dos supervisores aos diferentes
níveis da supervisão.

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1. Conceito da supervisão escolar

As pesquisas e estudos voltados para a Supervisão Escolar fizeram com que esta função fosse
conceituada sob vários enfoques. Trazendo a origem etimológica da palavra ‘supervisionar’,
temos: ’Supervisionar = Supervisar’ e ‘Supervisar = dirigir ou orientar em plano superior;
superintender, supervisionar’ (Fereira, 1993, p. 520).
A palavra supervisão vem do latim que etimologicamente explicasse da seguinte maneira:
super (sobre) + visio (visão) ou seja, acção de ver sobre, visão sobre, visão abrangente. A
supervisão está relacionada a uma visão panorâmica de alguma coisa que neste contexto são
as acções promovidas no contexto educacional.
Dentro desta perspectiva, Nérici (1974, p. 29), afirma que Supervisão Escolar é a “visão sobre
todo o processo educativo, para que a escola possa alcançar os objetivos da educação e os
objetivos específicos da própria escola”.
Alguns anos depois, já se percebe um avanço em termos de conceituação de Supervisão
Escolar, quando Rangel (1988, p. 13), reconhece a necessidade de relação deste com os outros
profissionais da escola:
“Um trabalho de assistência ao professor, em forma de planejamento, acompanhamento,
coordenação, controle, avaliação e atualização do desenvolvimento do processo ensino-
aprendizagem”.
Esta conceituação propõe que a Supervisão seja percebida levando-se em conta duas outras
dimensões: a relação entre os sujeitos, Supervisor – Professor, e o ensino-aprendizagem,
objeto de trabalho desses profissionais, ultrapassando a simples execução de tarefas e a
‘fiscalização’ do trabalho realizado.
Seguindo nesta linha, Alonso (2003, p. 175) afirma que a Supervisão, nesta perspectiva
relacional e construída no cotidiano da escola, (...) vai muito além de um trabalho meramente
técnico-pedagógico, como é entendido com frequência, uma vez que implica uma ação
planejada e organizada a partir de objetivos muito claros, assumidos por todo o pessoal
escolar, com vistas ao fortalecimento do grupo e ao seu posicionamento responsável frente ao
trabalho educativo.
Desvela-se, assim, a função do Supervisor como referência frente ao grupo, frente ao todo da
escola. Este profissional enquanto responsável pela ‘coordenação’ do trabalho pedagógico

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assume uma liderança, um papel de responsável pela articulação dos saberes dos professores e
sua relação com a proposta de trabalho da escola.
Alarcão (2004, p. 35), refere-se a este profissional como líder, definindo como objeto de seu
trabalho “o desenvolvimento qualitativo da organização escolar e dos que nela realizam seu
trabalho de estudar, ensinar ou apoiar a função educativa por meio de aprendizagens
individuais e coletivas”.
Estas definições revelam um enriquecimento nas atribuições do Supervisor Escolar, e para
melhor contextualizar esta evolução, será realizada uma retomada histórica desde o
surgimento deste profissional até sua atuação nos dias de hoje.

2. As funções de equipe dos supervisores aos diferentes níveis da


supervisão
A supervisão escolar é responsável pelo constante desenvolvimento do aluno e do professor,
durante todo o processo ensino-aprendizagem. As funções desempenhadas pela Supervisão
Escolar são determinantes para que esse processo ocorra conforme os objectivos traçados.
A Supervisão Escolar contribui para o melhoramento do processo de ensino-aprendizagem. E
é notório ver que a supervisão se encarrega na execução das políticas pedagógicas e o bom
funcionamento da escola em geral. Assim começa-se a ter uma outra visão do trabalho da
supervisão. Além de inspeccionar faz o acompanhamento, controle e avalia o processo de
ensino-aprendizagem. E isso vai de encontro com o que afirmou Rangel, (2013, p.17) :
"O objecto especifico da supervisão escolar em nível de escola é o processo de ensino-
aprendizagem A abrangência desse processo inclui: currículo, programas, avaliação, métodos
de ensino e recuperação, sobre os quais se observam os procedimentos de coordenação, com
finalidades integradora"

São muitas as funções desempenhadas pelo supervisor educacional, mas se não houver
cooperação da Direcção da Escola para gerir os meios, as dificuldades e necessidades do
grupo, será difícil alcançar a eficácia no processo ensino aprendizagem.

“Além de iniciativas específicas de treinamento das equipes técnicas e dos professores, todos
os momentos do processo supervisório devem ter como objectivo constante, embora oculto, o
desenvolvimento dos componentes dessas equipes nos seus aspectos técnicos e humanos,

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como profissionais da educação e como pessoas. Por outras palavras, todas as discussões,
análises conjuntas, estudos individuais, quer na oportunidade do planeamento, da execução ou
da avaliação, devem ser vistos como “chances” de enriquecimento e amadurecimento pessoal.
É responsabilidade da Supervisão promover condições que contribuam para esse fim (Alves
citado por Souza, 2011, p.26)
Ainda Souza (2011, p. 25), analisando a acção da supervisão, cita algumas das funções da
supervisão escolar, a saber:
Promover debates sobre a elaboração e execução do Projecto Político Pedagógico, baseado na
realidade escolar; Assistir ao corpo docente, incentivando-o na elaboração dos planos de aula,
na escolha dos livros didácticos e nos projectos educacionais; Promover o aperfeiçoamento do
corpo docente e dos profissionais envolvidos no processo ensino-aprendizagem; Participar da
execução das actividades inerentes aos planos de trabalho da escola; Promover reuniões e
debates que se façam necessários durante todo o processo educacional; Divulgar métodos e
técnicas de trabalho; Verificar o aproveitamento escolar dos educandos e incentivar possíveis
planos de recuperação; Avaliar constantemente todo o processo educacional, verificando os
erros e buscando soluções com a equipe envolvida no processo; Promover o inter-
relacionamento de todos os profissionais da escola; Elaborar o calendário escolar;

Considerando que os objectivos são metas a serem alcançadas num determinado tempo, fica
claro que a meta da acção supervisora é o aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem,
assim como a busca da qualidade do ensino, que pode ser observada na interacção entre o
supervisor e o supervisionado dentro do ambiente escolar.
O objectivo da supervisão assume perspectivas mais amplas e direciona-se para o
desenvolvimento qualitativo da organização da escola e dos que nela realizam o seu trabalho,
que é estudando e ensinando ou apoiar a função educativa, através de aprendizagens
individuais e coletivas.
Segundo Przybylski,(1988 citado por Souza 2011, p. 28), a Supervisão é um subsistema da
administração, que tem por propósito conseguir a participação dos membros da comunidade
escolar, para o estudo e aprimoramento da situação educacional e propõe os seguintes
objectivos gerais:
"Conseguir a superação do grau de madureza profissional do pessoal em serviço;
Conseguir um maior desenvolvimento do currículo de estudos, consistente em sua
interpretação, elaboração, aplicação e avaliação; Conseguir o aprimoramento do

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processo ensino aprendizagem; Conseguir um melhor relacionamento entre a escola e
a comunidade, por meio de uma extensão da escola e uma elaboração e
desenvolvimento de programas em conjunto; Determinar novas experiências para o
futuro.”
Como a supervisão visa sempre o aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem, então o
supervisor terá como função discutir permanentemente o aproveitamento escolar, a prática
docente, as dificuldades em sala de aula, procurar promover acções que ajudam a recuperação
dos alunos que estão com dificuldades na aprendizagem, planificar e acompanhar o currículo
escolar isso quer dizer que deve-se fazer planeamento dos planos de aula e de curso,
quinzenalmente, com apoio do supervisor.
A supervisão escolar é responsável pelo planeamento e execução do processo educativo. Sem
esse acompanhamento a instituição fica impossibilitada de atingir a melhoria do processo
ensino-aprendizagem. Assim a supervisão tem um papel transversal relativamente ao processo
de ensino-aprendizagem, sendo considerada uma visão de qualidade, inteligente, responsável,
livre e envolvente do que acontece antes, durante e depois do processo ou seja, uma visão de
quem tenta compreender o processo de ensino-aprendizagem como um todo.
Na senda da Supervisão, o supervisor deve ser uma pessoa que domine não apenas os
conteúdos programáticos das respectivas disciplinas, mas também que possua uma boa cultura
geral e uma formação no domínio das ciências da educação, didáctica, com formação
psicopedagógica ou no âmbito das metodologias de ensino e das respectivas tecnologias e que
tenha desenvolvido um certo conhecimento que lhe permitirá ensinar os outros.

Segundo Ribeiro (2014, p. 65) citando Alarcão e Tavares, o papel do supervisor consiste em
ajudar o professor a tornar-se um bom profissional, com uma capacidade transformadora em
habilidade para que os alunos aprendam melhor e se desenvolvam mais.
Fica claro que o processo de Supervisão deverá resultar na grande tarefa, tanto do supervisor
como professor, e dos gestores de aprender, ensinar e desenvolver-se no sentido de
optimizarem as suas práticas sempre em benefício dos alunos garantindo deste modo a
melhoria da qualidade de ensino.

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3. Diferentes Níveis da supervisão escolar

3.1. Geral
Como órgão técnico especial do sistema escolar, imprime orientação e caráter ao mesmo. É
extensa, atuando em sentido pedagógico administrativo.
3.2. Específica ou particular
Quando o diretor ou supervisor imprimem orientação e caráter à unidade escolar. É intensa,
atuando em sentido pedagógico.

Entretanto, o trabalho da supervisão desenvolve-se atreves de três etapas que são:


Planeamento, acompanhamento e controle.
A supervisão em ação precisa prever todo o seu trabalho, para um período anual ou semestral,
bem como precisa prever a execução de suas tarefas particulares mas o trabalho geral e
trabalho particular se Desenrolam segundo o esquema: planeamento, acompanhamento e
controlo. O planeamento refere-se ao que e como fazer o acompanhamento a execução e
controle a avaliação.

3.3. Planeamento
O planeamento representa o roteiro de todo o trabalho a realizar durante um período lectivo,
semestral ou anual. O planeamento da supervisão deve ser objectivo, isto é deve ser exequível
e flexível a fim de poder ajustar-se a novas necessidades que surjam e as modificações que
possam ocorrer na vida escolar. O esforço maior de planeamento da supervisão escolar
realiza-se no princípio de um período lectivo semestral ou anual, desenvolvendo-se também
durante todo o transcurso do período lectivo, a fim de atender a novas exigências de
supervisão que continuamente surgem na vida da escola.
Seguem alguns aspectos que interessam ao planeamento da supervisão:
a) Determinação ou reformulação do currículo, com base nos resultados do +períodos
anterior e novas necessidades dos educados e do meio.
b) Organização do calendário escolar
c) Previsão dos diversos tipos de reuniões
d) Seleção de métodos e técnicas de supervisão, tido como mais adequados.
e) Levantamento da realidade dos educandos e do meio.

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f) Previsão para cooperação na elaboração dos planos de ensino das diversas actividades,
áreas e disciplinas.
g) Previsão de normas de verificação e avaliação da aprendizagem
h) Previsão das maneiras a efeito o aperfeiçoamento do professor, isto de maneira geral,
pois muitos casos particulares surgirão durante o ano e deverão ser atendidas.
i) Previsão de visitas a outros centros pedagógicos, excursões, seminários etc.
j) Reestudo da vida disciplinar da escola,
k) Previsão de estudo e aperfeiçoamento das formas de verificação e avaliação da
aprendizagem;
l) Previsão quanto aos métodos e técnicas de ensino que devem ser estimulados no
campo das actividades, área de ensino e disciplinas.
m) Incentivo as actividades extra-classes
n) Estudo de planos de recuperação de educandos.
3.4. Acompanhamento
Acompanhamento é a segunda etapa do trabalho da supervisão uma vez que esta não se vai
seguindo o desenrolar das suas próprias actividades, como as actividades de todo o corpo
docente, o acompanhamento é trabalho que se desenvolver por todo o período lectivo a fim de
providenciar replaneamento, quando necessários isto em vista dos dados recolhidos e
avaliados durante o desenrolar das actividades escolares. O acompanhamento tenta garantir,
também a unidade e continuidade nas actividades escolares, é sua tarefa ainda observar o
desempenho dos professores, orientar e coordenar os trabalhos dos mesmos. O
acompanhamento preocupa-se em resumo em fazer com tos o planeamento seja executado
com eficiência.

3.5. Controle
O controle é a terceira etapa do trabalho da supervisão escolar sobre os resultados dos
trabalhos, a fim de prevenir desvios, efectuar desvios, efectuar retificações e mesmo
alterações que melhor ajudam a ação da escola a necessidades do educando e da comunidade.
O controle fornece dados, também que influenciarão os mesmos planeamentos, visando a
torna-los mais objectivos pragmáticos e eficientes.
O controle assim, visa:

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a) Avaliação do rendimento escolar
b) Ajustamento quanto a eficiência do ensino
c) Observação quanto a mudança de comportamento dos educandos,
d) Tratamento e analise dos dados recolhidos,
e) Recomendações de medidas que visão a sanar as deficiências constatadas, tendo em
vista melhorar o PEA.

Deste modo, por se tratar de uma atividade que envolve amplas funções, é necessário que os
supervisores detenham especificações que lhe orientem na consecução de sua função.
Conforme Alarcão (2002, p. 234) os supervisores necessitam de ter diferentes níveis de
competências necessários a realização de sua atividade das quais distinguiremos:
1. Competências interpretativas – capacidade de aprender o real, nas suas diferentes
vertentes sociais, culturais, humanas, políticas, educativas.
2. Competências de análise e avaliação – de acontecimentos, projetos, atividades e
desempenhos.
3. Competências de dinamização de formação – conhecer aprofundadamente as carências
formativas da organização e fomentar ações de formaçao na base da aprendizagem
colaborativa.
4. Competências relacionais – boa capacidade de comunicação com os outros e gestão
eficaz de conflitos.

Estas competências são determinantes para a consecução de atividades que envolvam análise
e interpretação dos acontecimentos que são necessários para tomada de iniciativas
relacionadas, por exemplo, à avaliação do ensino e dos profissionais, na formação de
professores nas relações interpessoais fundamentais ao desenvolvimento de ações que
envolvem “direção, corpo docente, corpo discente e pais de alunos, estabelecendo a parceria e
cooperação entre todos para a promoção de uma educação eficiente” (Mizziara, 2005, p. 7).
A atividade desempenhada pelo supervisor requer uma grande capacidade de resolução nas
diversas problemáticas. Alarcão e Roldão (2010, p. 66).) demonstram alguns dos problemas
que os supervisores podem encontrar no âmbito do trabalho: “excesso de trabalho e,
sobretudo, pouco tempo para realizar as tarefas, falta de tempo para supervisionar

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corretamente, dificuldades organizativas, falta de articulação interinstitucional, resistências
pessoais dos profissionais a ações de formação contínua”
Esses aspectos refletem o caráter amplo de fatores que justificam o trabalho do supervisor
como sendo uma atividade complexa, necessitando que este tenha competências necessárias
para agir de forma coerente nas diversas problemáticas que possam surgir.
Importa também salientar, para além das competências, a necessidade de conhecimento, ou
seja, formação específica para os supervisores. Conforme defende Rangel (2013), é preciso
que o supervisor se detenha no estudo de aspectos que outros profissionais da educação não se
detêm. Além de sua formação pedagógica – condição necessária, mas não suficiente – é
importante que o supervisor adquira conhecimentos essenciais sobre as disciplinas que
compõe os currículos, permitindo a realização de um trabalho isento de apelos a
comportamentos de fuga, quer sob aforma de excessiva humildade, quer sob a forma de
aparente arrogância (Alves, 2006).
Evidencia- se a importância da formação que habilite o supervisor a atender a múltiplos
objetivos necessidades e finalidades, não apenas de um grupo funcional como os professores,
mas também de todos os que vivenciam o trabalho escolar.
Segundo Penha (2013), a formação é importante para que se possa, junto com os órgãos de
gestão da escola, concretizar o projeto educativo e conseguir a qualidade da escola. O seu
papel na formação e no desenvolvimento “irá consequentemente influenciar nas
aprendizagens dos alunos, no desenvolvimento e aprendizagem organizacionais.” (Maio,
Silva, & Loureiro, 2010, p. 41).
Para além do exposto, o supervisor é também um investigador. Segundo Alonso (2003), ele é
um investigador, tanto na reflexão sobre a sua própria formação e desenvolvimento, como
para o desenvolvimento e formação dos profissionais de educação. O supervisor enquanto
investigador acaba por conhecer a sua própria realidade e dispor de dados que são objeto de
reflexão para a sua atividade e que visam basicamente respostas positivas as necessidades da
escola. Ele passa a conhecer e refletir sobre si, sobre os outros e sobre a realidade que se
vivencia e na qual se pretende de alguma forma colaborar na criação e desenvolvimento de
ações positivas as instituições e profissionais.

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Importa também salientar que o trabalho do supervisor deve ser sustentado por um modelo de
ação supervisiva que guie a sua ação e que este seja a resposta para muitas das necessidades
que cada supervisor venha a se deparar no trabalho diário.
Os níveis da ação supervisiva, segundo Sá Chaves (2011) vão desde as intenções mais rígidas
de controle até as mais flexíveis e facilitadoras de orientação e de aconselhamento
democrático dentro das práticas de supervisão, e o tipo de modelo de ação supervisiva será
determinado principalmente pelo contexto de cada escola.
No espaço escolar, diferentes interações e necessidades se processam. Os diversos tipos de
interesses, as condições dos sujeitos e suas relações de cultura, tecidas em redes, possibilitam
nas escolas a criação de ambientes movediços entre lugares culturais, proporcionando a esses
praticantes diferentes espaços e tempos de realização de negociação, traduções, performances
(Sá Chaves, 2011)
Pelo fato de a escola ter essa característica tão marcada por elementos que individualmente ou
coletivamente agem nos processos de desenvolvimento educacional, na qual há uma
dramática intersubjetiva1 reconhece-se a necessidade de se definir um modelo que oriente a
ação da supervisão e que tal modelo possa atender as necessidades de cada núcleo escolar.
Desta forma, pensar em um nível de supervisão requer a necessidade de compreender que
alguns fatores são importantes no processo de sistematização. Um modelo de supervisão, dada
a sua complexidade e abrangência, deve ser buscado inicialmente no esforço para a
caracterização da realidade educacional a ser trabalhada, tentando manter uma relação
adequada das proposições teóricas com a realidade circunstancial de cada espaço escolar. Tais
fatores são fundamentais para a identificação do tipo de supervisão que irá ser adotado em
cada escola, já que cada uma possui um modo específico de trabalho. Alguns fatores que
podem ser levados em consideração na escolha, interpretação e aplicação de um modelo são:
As variáveis ligadas à iniciação incluirão o sistema de construção de significado do próprio
supervisor e as suas premissas, crenças e valores acerca da identidade profissional, do papel do
supervisor, do nível motivacional da equipe técnica, das expectativas da instituição, etc. As
variáveis relativas à mediação incluem os sistemas de construção de significado da equipe
técnica, as suas atitudes relativamente ao trabalho, à instituição, ao papel da supervisão, o seu
nível de compromisso, etc. As variáveis ligadas à eficácia envolvem dados qualitativos e
quantitativos acerca da organização. (Formosinho, 2002,p. 61)

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Com este embasamento, a ação supervisiva pode ser sistematizada por diferentes modelos que
podem ser adotados como ferramenta de suporte ao trabalho.
Isso também significa que mesmo tendo um modelo específico de supervisão como utilização,
é necessário abrir os olhos para outras correntes de orientações que podem ser utilizadas no
âmbito supervisivo, não se tratando de uma quebra com aquilo que se segue fielmente, pois
nem sempre um único guia/modelo de supervisão possibilitará respostas positivas a todas as
necessidades. Trata-se de reconhecer que o âmbito educacional é uma luta constante no qual
as organizações precisam identificar problemáticas e concretizar objetivos, reagir a pressões,
adaptar- se e manter- se internamente. É essencial o reconhecimento de que somente com uma
perspectiva de abertura ao conhecimento amplo, os sistemas de supervisão possam ser
realmente úteis aos núcleos escolares.

4. Perspectivas de Trabalho do Supervisor Escolar no Processo Ensino


Aprendizagem

O enfoque nesse momento tem como objetivo maior rever a necessidade de atuação do
supervisor com o objetivo de promover a integração e articulação de todo um currículo, afim
de que o processo educativo se desenvolva de forma sistematizada integrada e articulada
dentro de um trabalho em conjunto.
Devemos considerar que a prática do supervisor escolar deverá partir de uma análise crítica
voltada para o estudo e a compreensão dos problemas e situações encontradas em âmbito
escolar. Angel, (1997, p.65) afirma que:
Pensar a prática da supervisão é, sobretudo, examiná-la nas grandes funções em que se
desenvolva. È analisá-la desde o planejamento do currículo, procedido de adequada diagnose,
ao acompanhamento de sua execução, com tudo que representa de orientação e controle, e ao
seu aperfeiçoamento, considerados os recursos humanos, materiais e técnicos empenhados.
Dessa forma o supervisor deverá partir de uma visão crítica e clara da proposta da escola que
atua, posicionando-se com coragem, coerência, compromisso e competência ao acompanhar a
execução e a organização do trabalho da escola como um todo, sendo que: “o supervisor parte
do esclarecimento a respeito da ação diária que caracteriza o trabalho realizado na escola”.
(Medina, 1997, p. 34).

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Portanto, no espaço escolar as contribuições do supervisor se fazem presentes em vários
momentos: no planejamento, no acompanhamento, na coordenação, no controle, na
elaboração da proposta pedagógica, na avaliação e, sobretudo no processo ensino
aprendizagem. Essa aprendizagem passa a ser objeto de trabalho do supervisor que a
problematiza, pondera, discute e acompanha junto com o professor os conteúdos lógicos e as
condições existenciais dos alunos. Tomando como objeto de trabalho a produção do
professor.
Nesse sentido, Medina (1997, p. 22) afirma que:
O papel do supervisor passa, então a ser redefinido com base em seu objeto de trabalho, e o
resultado da relação que ocorre entre o professor que ensina e o aluno que aprende passa a
constituir o núcleo do trabalho do supervisor na escola.
Em seu agir, o supervisor buscará sempre promover a participação de todos nos momentos do
planejamento e discutir as diferentes formas de se encaminhar a aprendizagem do educando,
buscando através do diálogo caminhos próprios na intervenção da qualidade do trabalho
realizado pelo professor em sala de aula. Nesse contexto: O supervisor é o profissional que
sustenta a proposta pedagógica da escola através da ação de orientar e acompanhar, controlar
e avaliar o trabalho dos professores. (Medina, 1997. p. 11)
Portanto, a busca de novas técnicas ou métodos que auxiliem na aprendizagem do educando é
algo que deve ser constante na ação do supervisor escolar, que juntamente com o professor
estará comprometido com o processo de ensinar, aprender e educar. Procurando conhecer
todas as possibilidades que possa auxiliar no desenvolvimento de um ensino e de uma
aprendizagem em que a criatividade e a interação sejam as principais características. Nessa
abordagem, Medina (1997, p. 32), refere-se dizendo:
Considerando as características próprias do professor, o supervisor desenvolve com ele as
formas possíveis de controlar o processo de ensinar e do aprender. Ao abdicar do seu poder e
controle sobre a prática docente, o supervisor é capaz de assumir uma postura de
problematizador do desempenho docente, tornando-se um parceiro político-pedagógico do
professor que contribui para integrar e desintegrar, organizar e desorganizar o pensamento do
professor num movimento de participação contínua, no qual os saberes e conhecimentos se
confrontam.
Medina também mostra que há um espaço possível de ser ocupado pelo supervisor no interior
da escola em função do seu real objeto de trabalho envolvendo a ação dos professores. Esta

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ação requer do supervisor habilidades e conhecimentos para participar do processo
pedagógico, com grandes potencialidades e sensibilidade para indicar aos seus parceiros os
materiais sempre atualizados e referenciais teóricos que encaminham a uma dinâmica
contínua de reflexão sobre a prática educativa.
Desta forma, o supervisor escolar torna-se um profissional fundamental na criação de
oportunidades que favoreçam o diálogo necessário para conhecer o grupo que trabalha; seus
anseios, suas dificuldades suas propostas, organizando coletivamente com os professores os
procedimentos pedagógicos da escola, compartilhando de todas as ações da instituição que
atua. Faria ( 2000, p.22) afirma que:
Os supervisores são mediadores. Ajudam a estabelecer a comunicação. Ajudam os indivíduos
a ouvirem uns aos outros. Servem como ligação para as pessoas em contato com aqueles que
têm problemas semelhantes ou com pessoas - recurso que podem ajudá-los. Estimulam os
membros do quadro pessoal a verificar a extensão em que as idéias e os recursos estão sendo
compartilhados e o grau em que os indivíduos são encorajados e apoiados quando tenham
novas coisas.
Analisando as contribuições e as ações do supervisor escolar, cabe ainda lembrar que esse
profissional terá que estar preparado para promover cursos, de formação continuada,
seminários e encontros pedagógicos, para que os professores através dessas ações possam
dominar os instrumentos necessários para o desempenho competente de suas funções, e sejam
capazes de sistematizar a própria prática, refletindo criticamente a respeito dela.
Essa reflexão fará o professor valorizar o saber que produz em seu trabalho cotidiano,
empenhando-se no seu próprio aperfeiçoamento, e terá a consciência de sua dignidade como
ser humano e a consciência de sua identidade como profissional da educação.
Enfim compete ao supervisor trabalhar junto com o corpo docente e discente, no sentido de
tornar dinâmica a proposta pedagógica assumida e vivenciada por todos os participantes da
escola. Todo o serviço de supervisão escolar deve ter desempenho participativo, articulando
toda a escola de forma organizada em torno dos propósitos e da filosofia da escola.

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Conclusão

Ao se estabelecer um conceito supervisão, é importante esclarecer o sentido etimológico do


termo. A palavra Supervisão é formada pelos vocábulos super (sobre) e visão (ação de ver).
Indica a atitude de ver alem, com mais clareza uma ação qualquer. Como significação do
termo, pode-se dizer que significa olhar de cima, dando uma “idéia de visão global”.
O supervisor escolar faz parte do corpo de professores e tem a especificidade do seu trabalho
caracterizado pela coordenação, organização das atividades didáticas e curriculares, a
promoção, e o estímulo de oportunidades coletivas de estudo.
Nesta perspectiva, na atualidade pode-se dizer que o papel do supervisor está ligado à gestão
da escola como um todo. Uma vez que ele busca junto com o professor minimizar as
eventuais dificuldades do contexto escolar em relação ao ensino-aprendizagem.
A supervisão educacional foi considerada uma grande aliada ao professor, mas para que se
possa alcançar esse objetivo, é necessário que a supervisão seja vista de uma perspectiva
baseada na participação, na cooperação, na integração e na flexibilidade. Nesse sentido,
reconhece-se a necessidade de que o supervisor e o professor sejam parceiros, com posições
definidas e garantidas na escola.
Suas atribuições em âmbito nacional se implicam em:
 Coordenar e organizar os trabalhos de forma coletiva na escola, oferecer orientação e
assistência aos professores, bem como fornecer aos mesmos materiais e sugestões de
novas metodologias para enriquecer a prática pedagógica;
 Orientar os professores no planejamento e desenvolvimento dos conteúdos, bem como
sugerir novas metodologias que os avaliem na prática pedagógica e aperfeiçoem seus
métodos didáticos;
 Acompanhar o desenvolvimento da proposta pedagógica da escola e o trabalho do
professor junto ao aluno auxiliando em situações adversas.
Enfim a supervisão educacional constitui-se num trabalho profissional que tem o
compromisso juntamente com os professores de garantir os princípios de liberdade e
solidariedade humana, no pleno desenvolvimento do educando, no seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho e, para isso assegurar a qualidade de
ensino, da educação, da formação humana.

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Referência Bibliográfica

Alarcão, I. (2002). Escola reflexiva e supervisão: uma escola em desenvolvimento e


aprendizagem. Porto Alegre.
Alarcão, I. (2004). Do olhar supervisivo ao olhar sobre a supervisão. Campinas.
Alarcão, I., & Roldão, M. d. (2010). Supervisão. Um contexto de desenvolvimento
profissional
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