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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE DIREITO

COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO

FASES DO PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO-ACÇÃO

Leonel Sales Elias

Tete, 2022
Índice

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1

2. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................................. 2

2.1. Investigação- Acção ............................................................................................................ 2

2.2. Fases do Processo de Investigação-Acção........................................................................... 3

2.3. As Técnicas na Investigação – Acção ................................................................................. 6

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 8

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 9


1. INTRODUÇÃO

Metodologia de Investigação Científica é importante porque permitirá que o estudante,


compreenda, conheça os trajectos percorridos para realização e elaboração de um trabalho de
pesquisa. Sendo assim, o presente trabalho de investigação realizado nesta cadeira tem como
tema: Fases do Processo de Investigação-Acção. Este tema insere-se na linhagem das
pesquisas sociais.

Como tarefa de qualquer trabalho ordenado e sistematizado, o presente trabalho de pesquisa


não foge da regra, poi tem objectivos por alcançar. Tem como objectivo geral: Conhecer as
Fases do Processo de Investigação- Acção. São objectivos específicos: Identificar as Fases do
Processo de Investigação- Acção; Descrever as Fases do Processo de Investigação- Acção;
Explicar a Importância da Investigação- Acção.

Para alcance dos objectivos pré-estabelecidos, recorreu-se a pesquisa do tipo bibliográfica. A


pesquisa bibliográfica, para Fonseca (2002), é realizada [...] a partir do levantamento de
referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e electrónicos, como livros,
artigos científicos, páginas de Web sites.

O presente trabalho encontra-se apresentado em 3 sessões principais. A primeira é referente a


introdução, onde apresentou-se de forma clara o tema e objectivos do trabalho; a segunda
sessão é referente a apresentação de dados, onde de forma clara apresentou-se o conteúdo
pesquisado; a terceira e última sessão são referentes as conclusões. Além de três partes
importantes, o trabalho também possui uma capa, índice e referências bibliográficas.

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2. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

2.1. Investigação- Acção

Segundo Barbier (1985, p.38), “a investigação-acção tem a sua “origem como pesquisa
psicológica de campo, e tem como objectivo uma mudança de ordem psicossocial”, pois a
meta desta pesquisa, é a transformação radical da realidade social e a melhoria de vida das
pessoas envolvidas”.

Segundo Dick (2000) “o nome indica, são uma metodologia que tem o duplo objectivo de
acção e investigação, no sentido de obter resultados em ambas as vertentes”:

 Acção – para obter mudança numa comunidade ou organização ou programa;


 Investigação – no sentido de aumentar a compreensão por parte do investigador, do
cliente e da comunidade.

De uma forma simplificada podemos afirmar que a Investigação-acção é uma metodologia de


investigação orientada para a melhoria da prática nos diversos campos da acção (Jaume Trilla,
1998 e Elliott, 1996). Por conseguinte, o duplo objectivo básico e essencial é, por um lado
obter melhores resultados naquilo que se faz e, por outro, facilitar o aperfeiçoamento das
pessoas e dos grupos com que se trabalha.

Investigação – acção ou pesquisa - acção “é uma forma de investigação - acção que utiliza
técnicas de pesquisa consagradas para informar a acção que se decide tomar para melhorar a
prática” (Tripp, 2005, p.447).

A pesquisa-acção é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada
em estreita associação com uma acção ou com a resolução de um problema colectivo e na
qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 1997).

Uma das características mais marcantes da Investigação-acção é que se trata de uma


metodologia de investigação orientada para a melhoria da prática para aperfeiçoar e resolver
os problemas sociais. Portanto, destacaremos suas características, conforme os autores
consultados (Kemmis e McTaggart in Fernandes, 2005, p.3; Cohen e Manion apud Simões,
1990, p.42):
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 Participativa e colaborativa, no sentido, em que práticos e investigadores trabalham
em conjunto na concretização de um projecto;
 Situacional, pois preocupa-se com o diagnóstico de um problema, num contexto
específico e tenta resolvê-lo nesse mesmo contexto;
 Cíclica já que a investigação envolve um conjunto de ciclos, nos quais as descobertas
iniciais geram possibilidades de mudança, que são então implementadas e avaliadas
como introdução do ciclo seguinte; e
 Auto-avaliativa uma vez que as modificações são continuamente avaliadas e
monitorizadas, numa perspectiva de flexibilidade e adaptabilidade, com vista a
produzir novos conhecimentos e a alterar a prática.

Neste sentido, as características da Investigação- acção apresentada através do contributo de


vários autores, sempre empenhados na busca pela melhoria da prática para a resolução dos
problemas sociais, resultaram na busca pelos ciclos de Investigação-Acção.

2.2. Fases do Processo de Investigação-Acção

A Investigação-acção deve estar definida por um plano de investigação e um plano de acção,


tudo isto suportado por um conjunto de métodos e regras. São as chamadas fases neste
processo metodológico. Assim, para se concretizar um processo de Investigação-acção,
segundo Pérez Serrano (1994) apresentado por Jaume Trilla (1998) será necessário seguir
quatro fases:

 Diagnosticar ou descobrir uma preocupação temática, isto é o “problema”.


 Construção do plano de acção.
 Proposta prática do plano e observação de como funciona.
 Reflexão, interpretação e integração dos resultados. Replanificação

Conforme Stringer (1996), a pesquisa- acção compreende uma rotina composta por três
acções principais: observar, para reunir informações e construir um cenário; pensar, para
explorar, analisar e interpretar os fatos; e agir, implementando e avaliando as acções.

Deste processo metodológico observamos um conjunto de fases - planificação, acção,


observação, reflexão, avaliação e reformulação - que se desenvolvem de forma contínua e em
movimento circular, possibilitando o início de novos ciclos que desencadeia novas espirais de
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experiências de acção reflexiva. Segundo Lessard-Hébert (1994), o termo ciclo é utilizado no
sentido de um conjunto ordenado de fases que, uma vez completadas, podem ser retomadas
para servirem de estrutura à planificação, à realização e à validação de um segundo projecto e
assim sucessivamente.

Dentro desta mesma ideia, pode-se dividir o processo de pesquisa-acção em quatro principais
etapas, que serão descritas a seguir: fase exploratória, fase principal, fase de acção e fase de
avaliação (THIOLLENT, 1997).

 Fase Exploratória

Esta primeira etapa do processo de pesquisa-acção, que tem grande importância devido ao
fato de encaminhar as fases subsequentes da pesquisa, possui um aspecto interno, que diz
respeito ao diagnóstico da situação e das necessidades dos atores e à formação de equipes
envolvendo pesquisadores, e um aspecto externo, que tem por objectivo divulgar essas
propostas e obter o comprometimento dos participantes e interessados.

 Fase Principal (Planeamento)

No momento em que há um claro diagnóstico sobre a realidade da organização e dos eventos


ou pontos que se deseja pesquisar, os pesquisadores iniciam a prática, que ocorre através de
seminários para guiar a acção.

 Fase de Acção

A Fase de Acção, como o próprio nome já indica, engloba medidas práticas baseadas nas
etapas anteriores: difusão de resultados, definição de objectivos alcançáveis por meio de
acções concretas, apresentação de propostas a serem negociadas entre as partes interessadas e
implementação de acções-piloto que posteriormente, após avaliação, poderão ser assumidas
pelos atores sem a actuação dos pesquisadores (THIOLLENT, 1997).

 Fase de Avaliação

Esta etapa final do processo de pesquisa-acção apresenta dois objectivos principais: verificar
os resultados das acções no contexto organizacional da pesquisa e suas consequências a curto

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e médio prazo e extrair ensinamentos que serão úteis para continuar a experiência e aplicá-la
em estudos futuros.

A investigação-acção, como já referido anteriormente, deve conciliar as características da


investigação e da acção simultaneamente sendo que a investigação deve ser realizada com o
intuito de produzir uma reflexão e orientar uma acção de mudança. Deste modo, este tipo de
investigação tem duas vertentes e obriga a dois planos, um plano de investigação e um plano
de acção. Kuhn e Quigley (1997) propõem um ciclo de investigação-acção:

 Numa primeira fase, procede-se à planificação. Para tal, deve-se definir o problema e
o projecto (ou seja, os métodos a seguir e as técnicas de recolha e análise de dados que
mais se adequam à situação estudada). Nesta fase, o investigador deve seleccionar,
inicialmente, um tema que seja do seu interesse e cujo estudo seja pertinente. De
acordo com o tema e a abordagem pretendida, o investigador escolhe o método de
investigação e elabora os instrumentos de recolha de dados que devem ser submetidos
a validação antes de serem aplicados. Deve também decidir, antecipadamente, as
técnicas de tratamento de dados recolhidos que pretende utilizar.
 A segunda fase corresponde à acção, a implementação do projecto e a observação.
 A terceira (mas provavelmente não última) fase é a fase da reflexão. Nesta fase, o
investigador deve reflectir sobre a situação estudada, avaliá-la e decidir o caminho a
seguir. Se o investigador considerar que não há mudanças a executar, termina a
investigação-acção, se não, o ciclo reinicia-se e irá reiniciar-se tantas vezes quantas as
necessárias até que os objectivos do investigador sejam atingidos.

Torna-se, então, evidente, que a investigação-acção processa-se de forma cíclica. Este


processo de investigação e intervenção proporciona o envolvimento e consequente
responsabilidade do investigador na produção de mudanças inovadoras.

Para Kuhne e Quigley (1997) apresentado por Almeida (2005), as fases da Investigação-acção
assumem a configuração apresentada na figura seguinte:

1. Fase de Planificação

 Definir problema;
 Definir Projecto;

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 Medir.

2. Fase de Acção

 Implementar e observar

3. Fases de Reflexão

 Avaliar;
 Parar se o problema está resolvido. São não, ir para o segundo ciclo. Segundo Ciclo
(Planificação, acção e Reflexão).

Da comparação da Investigação-acção com as metodologias quantitativas, torna-se claro que a


Investigação-acção sugere uma intervenção que pode ser benéfica quer para a organização
quer para o investigador e para a comunidade.

O tipo de aprendizagem proporcionado pela Investigação-acção permite a compreensão e a


vivência de um problema sócio-organizacional complexo. O domínio ideal do método é
caracterizado por um “conjunto social” em que o investigador é envolvido activamente,
havendo benefícios expectáveis quer para a organização, quer para o investigador; o
conhecimento adquirido pode ser imediatamente aplicado; e a investigação é um processo que
liga intimamente a teoria à prática.

2.3. As Técnicas na Investigação – Acção

Tal como em qualquer outra metodologia, a Investigação-Acção necessita de técnicas e


instrumentos de recolha de informação para dar prosseguimento ao seu objecto de
investigação. Portanto, utiliza vários métodos disponíveis ao nível das ciências sociais.

No entanto, a especificidade deste tipo de trabalho tende a “privilegiar as metodologias


tradicionalmente chamadas de não experimentais ou qualitativas” (Guerra, 2002, p.73).

Dos vários autores consultados, destacamos Lessard-Hébert (1994); Cohen e Manion (1990) e
António Latorre (2003), dando especial destaque a este último. Lessard-Hébert (1994, pp.
143-144) aponta, citando De Bruyne et al, três modos de recolha de dados associados às
metodologias qualitativas:

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1. O inquérito, que assume duas formas: a oral (entrevista) e a escrita (questionário);

2. A observação que assume duas formas: directa, sistemática (observador exterior) e


participante (observador conhecido ou oculto); e

3. Análise documental – a partir de fontes privadas ou oficiais (relatórios, arquivos,


estatísticas). Cohen e Manion (1990, p. 279) consideram que, as várias fases do processo de I.
A. devem ser constantemente monitorizadas por uma variedade de mecanismos
(questionários, diários, entrevistas, estudos de caso, entre outros). É esta observação rigorosa
de situações e fatos que permite efectuar modificações, reajustamentos, redefinições e
mudanças de direcção.

Segundo Latorre (2003, p. 54) “as técnicas de recolha de dados são muito variadas. Optando-
se por utilizar umas ou outras, tendo em conta o grau de interacção do investigador com a
realidade e o problema que está a ser investigado”. Neste sentido, Latorre (2004) apresenta
um conjunto de técnicas que agrupa a observação, a conversação, a análise de documentos e
os meios audiovisuais.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegado ao fim do trabalho de pesquisa com o tema “Fases do Processo de Investigação -


Acção” pode-se concluir que a investigação - acção é um tipo de pesquisa social com base
empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma acção ou com a
resolução de um problema colectivo e na qual os pesquisadores e os participantes
representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou
participativo.

E ainda, da análise feita, conclui-se que a representação do processo de investigação -acção é


um conjunto composto de cinco etapas para uma resolução satisfatória do problema. Na
primeira etapa do ciclo é feito o diagnóstico, uma fase que inicia o processo com a
identificação do problema, tendo o pesquisador buscando aprimorar determinada situação. Na
segunda etapa do processo, é feita a análise aprofundada do problema identificado
no diagnóstico, sintetizando as informações em questões básicas, áreas de problemas e acções
possíveis. Na terceira etapa do processo, é o feedback com o envolvimento dos contribuintes
com o compartilhamento das informações descobertas. Na quarta etapa do processo, é a
execução da acção de implementação ou modificação do objecto de pesquisa, por meio da
observação directa do ambiente de pesquisa feita na etapa anterior. Na quinta etapa do
processo, é a avaliação dos resultados obtidos diante dos objectivos, buscando identificar os
efeitos da acção e até que ponto os problemas foram resolvidos.

Por fim, podemos perceber que a investigação-acção é contínua, pró- activa estrategicamente,
participativa, intervencionista, problematizada, documentada, deliberada, compreendida,
individual e disseminada.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Barbier, R. (1985). Pesquisa-Acção na Instituição Educativa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar


Editor.

Fonseca, J. J. S. (2002). Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, Apostila.

Thiollent, M (1997). Pesquisa-Acção nas Organizações. São Paulo: Atlas.

Tripp, D (2005). Pesquisa-acção: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa. São


Paulo, v.31, n. 3.

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