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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

CURSO DE LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Trabalho de Campo de Metodologia de Investigação Científica

A Investigação como Forma de Conhecimento e a Investigação/Acção Perspectivada


como Forma de Resolver Problemas

Discente: Pedro Lucrécia Chambal - Código: 31231668

Pemba, Março de 2023


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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

CURSO DE LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Trabalho de Campo de Metodologia de Investigação Científica

A Investigação como Forma de Conhecimento e a Investigação/Acção


Perspectivada como Forma de Resolver Problemas

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura em
Administração Publica da UnISCED no
Módulo Metodologia de Investigação
Científica

Discente: Pedro Lucrécia Chambal - Código: 31231668

Pemba, Março de 2023


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Índice
Introdução ......................................................................................................................... 3

Objectivo Geral: ............................................................................................................... 3

Objectivos Específicos: .................................................................................................... 3

Metodologia ...................................................................................................................... 3

A Investigação como Forma de Conhecimento e a Investigação/Acção Perspectivada


como Forma de Resolver Problemas ................................................................................ 4

Conceito e Finalidade ....................................................................................................... 4

Investigação-acção/Aprendizagem-acção ........................................................................ 5

Características essenciais da investigação-acção ............................................................. 5

A investigação-acção e a construção de comunidades de prática .................................... 6

Investigação-Acção: Possibilidades E Críticas................................................................. 7

Conclusão ......................................................................................................................... 8

Referencias Bibliográficas ................................................................................................ 9


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Introdução
A investigação-acção é um forte instrumento para mudar e melhorar ao nível local. O
próprio trabalho de Lewin era deliberadamente intencionado a mudar as oportunidades
de vida dos grupos desfavorecidos em termos de habitação, emprego, prejuízos,
socialização e treinamento. A combinação de acção e investigação, que a investigação-
acção traz, contribuiu para a atracção de investigadores, professores, académicos e a
comunidade educacional.

A investigação-acção pode ser utilizada em qualquer contexto onde há problemas


envolvendo pessoas, tarefas e procedimentos que exigem solução, ou onde algumas
mudanças são necessárias para aumentar os resultados. Pode ser implementado por um
professor individualmente, por um grupo de professores trabalhando cooperativamente
numa escola, ou por um professor ou professores lado a lado com um investigador ou
investigadores numa relação sustentável, possivelmente com outras partes interessadas
como consultores, departamento das universidades e parceiros na periferia.

Objectivo Geral:
 Fazer uma introdução à investigação-acção sob o aspecto de sua utilidade e das
críticas a ela endereçadas.

Objectivos Específicos:
 Construir uma base teórica e prática sólida a fim de utilizar a investigação-acção
para o desenvolvimento real da escola e das comunidades locais;
 Mencionar as características da investigação-acção.

Metodologia
Quanto a estrutura o trabalho é regido de regras da ISCED, medidas vigentes tais como:
introdução, desenvolvimento, conclusão e referencias bibliográficas que esta presente
no final do trabalho.
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A Investigação como Forma de Conhecimento e a Investigação/Acção


Perspectivada como Forma de Resolver Problemas

Conceito e Finalidade
A investigação-acção é um tipo de investigação participante engajada, em oposição à
investigação tradicional, que é considerada como “independente”, “não-reactiva” e
“objectiva”.

Como o próprio nome já diz, a investigação-acção procura unir a investigação à acção


ou prática, isto é, desenvolver o conhecimento e a compreensão como parte da prática.
É, portanto, uma maneira de se fazer pesquisa em situações em que também se é uma
pessoa da prática e se deseja melhorar a compreensão desta.

A investigação-acção surgiu da necessidade de superar a lacuna entre teoria e prática.


Uma das características deste tipo de investigação é que através dela se procura intervir
na prática de modo inovador já no decorrer do próprio processo de pesquisa e não
apenas como possível consequência de uma recomendação na etapa final do projecto.

Um dos pioneiros da investigação-acção foi o psicólogo alemão Kurt Lewin (1890-


1947). Na década de 1960, na área de Sociologia, rapidamente ganhou terreno a ideia de
que o cientista social deveria sair de seu isolamento, assumindo as consequências dos
resultados de suas pesquisas e colocá-los em prática, para interferir no curso dos
acontecimentos. Além de sua aplicação em ciências sociais e psicologia, a investigação-
acção é, hoje, amplamente aplicada também na área do ensino.

Neste sentido, este tipo de investigação é, sem dúvida, atractiva pelo fato de poder levar
a um resultado específico imediato, no contexto do ensino-aprendizagem Além disto, a
investigação-acção em sala de aula também se revelou como um instrumento eficiente
para o desenvolvimento profissional dos professores.

No entender de Nunan, este tipo de investigação constitui um meio de desenvolvimento


profissional de “dentro para fora”, pois parte das preocupações e interesses das pessoas
envolvidas na prática, envolvendo-as em seu próprio desenvolvimento profissional.

De uma forma simplificada podemos afirmar que a Investigação-acção é uma


metodologia de investigação orientada para a melhoria da prática nos diversos campos
da acção (Jaume Trilla, 1998 e Elliott, 1996). Por conseguinte, o duplo objectivo básico
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e essencial é, por um lado obter melhores resultados naquilo que se faz e, por outro,
facilitar o aperfeiçoamento das pessoas e dos grupos com que se trabalha.

Investigação-acção/Aprendizagem-acção
Considerando um processo de Investigação-acção é importante fazer distinção entre
dois tipos de parceiros: aqueles que fazem o que se chama Aprendizagem-acção e
aqueles que fazem a própria Investigação-acção.
 Aprendizagem-acção é o que fazem os implementadores, aprendendo dentro de
um projecto planificado e sistematicamente administrado, um projecto que
pretende resolver um problema bem definido ou uma tarefa de desenvolvimento,
correntemente acompanhado de auto-avaliação.
 Investigação-acção é o que faz um investigador quando está a supervisar e
envolver-se num projecto de aprendizagem-acção, fazendo uma análise
científica do por quê e como se realizou o projecto.

Características essenciais da investigação-acção


A investigação-acção tem as seguintes características:

 O processo de investigação deve tornar-se um processo de aprendizagem para


todos os participantes e a separação entre sujeito e objecto de pesquisa deve ser
superada;
 Como critério de validade dos resultados da investigação-acção sugere-se a
utilidade dos dados para os clientes: as estratégias e produtos serão úteis para os
envolvidos se forem capazes de apreender sua situação e de modificá-la. O
pesquisador parece-se, neste contexto, a um praticante social que intervém numa
situação com o fim de verificar se um novo procedimento é eficaz ou não
 No ensino, a investigação-acção tem por objecto de pesquisa as acções humanas
em situações que são percebidas pelo professor como sendo inaceitáveis sob
certos aspectos, que são susceptíveis de mudança e que, portanto, exigem uma
resposta prática;
 A investigação-acção é situacional: procura diagnosticar um problema específico
numa situação também específica, com o fim de atingir uma relevância prática
dos resultados. Não está, portanto, em primeira linha interessada na obtenção de
enunciados científicos generalizáveis (relevância global);
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 A investigação-acção é auto-avaliativa, isto é, as modificações introduzidas na


prática são constantemente avaliadas no decorrer do processo de intervenção e o
feedback obtido do monitoramento da prática é traduzido em modificações,
mudanças de direcção e redefinições, conforme necessário, trazendo benefícios
para o próprio processo, isto é, para a prática, sem ter em vista, em primeira
linha, o benefício de situações futuras;
 A investigação-acção é cíclica: as fases finais são usadas para aprimorar os
resultados das fases anteriores.

A investigação-acção e a construção de comunidades de prática


Decorrente desta perspectiva, situam-se os trabalhos de investigação-acção que apelam
para a promoção de uma cultura de crescimento profissional continuado dos indivíduos
e dos sistemas, tendo em conta a qualidade das práticas, asseguradas através de
processos de apoio profissional aos práticos, bem como às organizações onde estão
inseridos (Sheridan, Edwards, Marvin, e Knoche, 2009).

Como afirmam Niza e Formosinho, (2009) a urgente e inevitável renovação da cultura


profissional dos docentes implicará, necessariamente, um trabalho de luto sobre o
passado social e cultural da profissão, cristalizado na identidade de cada um dos
professores. A construção de alternativas culturais para a profissão pode constituir uma
relevante missão das comunidades de práticas (p. 346).

A literatura parece evidenciar que as comunidades de prática se constituem como focos


potenciadores de crescimento profissional (Sheridan, Edwards, Marvin, e Knoche,
2009).

Segundo Wenger, (1998) as comunidades de prática são grupos de pessoas que se


reúnem a partir de interesses profissionais comuns e um desejo de melhorar sua prática,
partilhando os seus conhecimentos, ideias e observações.

Como salientam Cochran-Smith e Lytle (2010) trabalhando em conjunto em


comunidades, ambos, os professores mais novos e mais os mais experientes, apresentam
problemas, identificam discrepâncias entre teorias e práticas, desafiam as rotinas
comuns, recorrem ao trabalho dos outros para gerar quadros de referência, e tentam
tornar visível muito do que é dado como certo sobre ensinar e aprender (p. 46).
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Investigação-Acção: Possibilidades E Críticas


A origem da investigação-acção está localizada nos trabalhos de LEWIN (1946 e 1952),
com dinâmica de grupos, no sentido de integrar as minorias, especialmente étnicas, à
sociedade nos Estados Unidos da América. Ao mesmo tempo, procurava estabelecer as
bases para a cientificidade das ciências sociais, a partir de um trabalho empírico.

Entretanto, uma elaboração que permanece utilizada até hoje, nos trabalhos de
investigação-acção, inclusive os que se filiam a uma perspectiva emancipatória, é a
espiral auto-reflexiva: "A administração social racional avança, portanto, numa espiral
de fases, cada uma das quais compõem um ciclo de planeamento, acção e averiguação
de fatos referentes ao resultado da acção" (Lewin, 1946:22).

Costa (1991), traça uma breve história da investigação-acção e assim descreve as


preocupações de LEWIN (1946):

"Considerava [Lewin] que era possível captar as leis gerais da vida dos grupos através
de cuidados observação e reflexão sobre os processos de mudança social comunitária.
Usava o termo pesquisa-acção para descrever um processo de investigação que se
move numa permanente espiral de acção-reflexão" (Costa, 1991:48).
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Conclusão
A investigação-acção tem vindo a emergir como uma linha de forte impacto na
investigação em educação. Muito caminho haverá ainda a percorrer até que esta forma
de investigação se possa afirmar, aprofundando a sua fundamentação epistemológica
aperfeiçoando os seus critérios de qualidade e, sobretudo, mostrando com bons
exemplos o seu valor e as suas potencialidades como instrumento de formação, de
mudança educacional e como forma de construção de conhecimento válido sobre
educação.
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Referencias Bibliográficas
Alarcão, I. (2001). Professor-investigador: Que sentido? Que formação? In B. P.
Campos (Ed.), Formação Profissional de Professores no Ensino Superior. Porto:
Porto Editora.

Benavente, A., Costa, A. F., & Machado, F L. (1990). Práticas de Mudança e de


investigação: Conhecimento e intervenção na escola primária. Revista Crítica de
Ciências Sociais.

Cochran-Smith, M., & Lytle, S. (2010). Teacher Research as Stance. In S. Noffke, & B.
Somekh, Handbook of Educational Action Research (pp. 39-49). London:
SAGE.

Costa, M. C. V. "A caminho de uma pesquisa-ação crítica". Educação e Realidade, vol.


16, N° 2, Porto Alegre.

Elliott, J. (2010). Building Educational Theory througg Action Research. In S. Noffke,


& B. Somekh, Handbook of Educational Action Research (pp. 28-38). London:
SAGE.

Lewin, K. "Action research and minority problems". Journal of Social Issues, 2, 34-46,
1946.

Lewin, K. Group decisions and social change. in Swanson, G. E., Newcomb, T. M. and
Hartley, F. E. Readings in Social Psychology, New York, 1952.

Maximo-Esteves, L. (2008). Visão Panorâmica da Investigação-Acção. Porto: Porto


Editora.

Sheridan S. M., Edwards, C. P., Marvin, C. A., & Knoche, L. L. (2009). Professsional
Development in Early Childhood Programs: Pocess, Issues and Research Needs.
Early Education and Development.

Wenger, E. (1998). Communities of practice: Learning, meaning, and identity. New


York: Cambridge.
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