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Administração: - Conceito

e Conteúdo (*)
CARLOS PARAMÉS
Secretário-G eral da ENAP (Escola de
A dm inistra ção Pública, A lcalá de Henares, Espanha)

Tradução de A raú jo Cavalcanti

Fonte : International Review of A d m in is tra tiv e Sciences.


Révue Internationale des Sciences A d m in is tra tiv e s . lIA s,
Brussels, 1971. Vol. XXXVII, n.° 3

S U M A R IO : 1. A D M IN IS T R A Ç Ã O : UM TERMO NOTORIAMENTE
EQUIVOCO. 2. AD M IN IS T R A Ç Ã O : ATUALIDADE DO TEMA.
2.1 A profecia cum prida de James Burnham . 2 .2 — O se­
gredo da prosperidade norte-am ericana. 2 . 3 — 0 re la tó rio de
Lord F ulton. 2 .4 — O “ m anagem ent” nos Estados Unidos de
hoje 2 .5 — 0 cará te r universal do tem a. 3. RUMO A UM
CONCEITO SUFICIENTEMENTE REVELADOR DO QUE EFETIVA­
MENTE É O “ M ANAG EM ENT". 3.1 — A abordagem lite rá ria de
M C N A M A R A . 3 .2 — O conceito de A d m in istra çã o segundo os
pro fissio nais norte-am ericanos. 3 . 3 — Dois enfoques espanhóis.
3 .4 __ C aracterização conceituai e te rm in o ló g ica . 4. CONTEÚ­
DO DA A D M IN IS T R A Ç Ã O : EOUACIONAMENTO GERAL. 4.1 —
A s técnicas qu an tita tivas com o in stru m en to na tom ada de de­
cisões p o lític a s . Técnicas de Programação O rçam entária. Téc­
nicas de gestão qu a n tita tiva com instrum entação m atem ática.
Técnicas C ontábeis. 4 .2 — A A dm inistra ção na form ação dos

(* ) Este trabalho corresponde basicam ente ao conteúdo da Introdução e dos


dois p rim e iro s cap ítu lo s do livro a ser brevem ente publicado nas co-
i, leçBes editadas pela Escola Nacional de A d m inistração Pública (ENA P),
A lc a lá de H enares (Espanha), in titu la d o : “A R espeito do MANA­
G E M E N T '.
funcionários d irige ntes. 4 .3 — A aplicação das modernas téc­
nicas de gestão na A dm inistração Pública. 4 .4 — A Adm inis­
tração na sociedade in du strial e nos com eços da pós-industrial •
4 -5 As últim as conseqüências da abordagem m atem ática do
problem a. 4 .6 — Síntese fin a l. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁ­
FICAS.

1. A ADM INISTRAÇÃO : UM TERMO e sim plesm ente, o vocábulo “ manage­


NOTORIAMENTE EQUIVOCO m e n t” ao idiom a francês, conforme
assinalou André D ellion ( 1) . Esta in­
A dificuldade de se chegar a um corporação ocorreu fa cilm e n te em vir­
conceito básico e de aceitação geral tude da existência de várias palavras
do que realm ente seja a adm inistração francesas — m aniem ent, ménagement
se origina, sem a m enor dúvida, da e tc. — com raízes análogas.
variedade de sig nifica do do term o no
idiom a in glê s. Para provar a vera ci­ Se descerm os das fórm ulas gené­
dade desta assertiva bastaria fazer ricas do dicion ário para as infinitas
referência às diversas acepções que com binações em que o term o se em­
se encontram no dicion ário W ebster prega na lite ra tu ra especializada, a
a resp eito do vocábulo “ manage- com plicação é m aior ainda.
m e n t” :
Vejam-se alguns poucos e x e m p lo s :
1. Direção, co n tro le . “ pensam ento a d m in is tra tiv o ” , “ técni­
2 . Sábia utilização de meios para cas a d m in istra tiva s", "g e rê n cia ” ,
se chegar a um fim , direção segura, abordagem e m étodos ad m in istra ti­
capaz, hábil. v o s ” , “ m anag eria lism o” , “ ciência da
3. Capacidade executiva. adm inistração e cie n tista s da admi­
4. O grupo dos que governam ou n is tra ç ã o ” , "a dm in istraçã o c ie n tífica ",
dirigem a em presa. "e stra té g ia a d m in is tra tiv a ” , “ sistema
de inform ações a d m in is tra tiv a s ” , "en­
Isto é, de acordo com esse fam oso genharia a d m in is tra tiv a ” , "h ia to admi­
dicionário, “ m anagem ent" pode apre­ n is tra tiv o ", "capacitação a d m in is t r a t i­
sentar até seis valores ou conotações v a ” , “ desenvolvim ento ad m in istra tivo"-
dife ren te s entre as quais — “ sábia",
“ capaz” , “ h á b il” , “ seg ura” , “ exe cuti­ É bem possível que nem meia dú­
va ", — apresentam m atizes q u a lita ti­ zia de acepções dicionarizadas bastem
para tra d u zir os in fin ito s m atizes e
vos de grande sig nifica ção . Por outro
singularidades de que se reveste o
lado, a dificuldade de se encontrar
utilização desta gama de s ig n ific a d o s
um equivalente único desta palavra
do te rm o .
tam bém ocorreu em d ife ren te s países
com o se pode fa cilm e n te com provar. Existem ou tro s in dício s de que o
A França, por exem plo, em face da aspecto te rm in o ló g ico não é apenas
dificuldade de encontrar uma única um m ero capricho acadêm ico.
equivalência suficien te m ente expressi­ 1967, na Inglaterra, o Tesouro de Sua
va, não vacilou em incorporar, pura M ajestade Britânica pu blicou um Glos­
sário de Técnicas de A dm inistração 2.1 — A profecia realizada de James
(2), e o E scritório Geral de C o ntab ili­ Burnham
dade dos Estados Unidos um G lossá­
rio de Técnicas O rçam entárias (3 ). Há cerca de trin ta anos James Bur­
nham publicou uma obra (4) em que
As Escolas e C entros europeus de­ havia uma lúcida interpretação e an­
dicados à capacitação de funcionários tecipação da sociedade de nosso te m ­
Públicos reunidos em A lcalá de He- po, na qual a em ergente classe ou
nares por ocasião do II Congresso In­ grupo social dos “ m anagers” passaria
ternacional para Formação de Funcio­ a ser a classe rectora ou dom inante.
nários D irige ntes (titu la re s de cargos
de direção su p e rio r), in cluíra m em Na opnião de James Burnham esse
sua agenda de trabalho o conteúdo grupo se m ovim entaria no sen tido da
Próprio da m oderna adm inistração. consecução do predom ínio social e
Iniciativa sem elhante, embora de uma configuraria uma d ife re n te estrutu ra
dife ren te perspectiva, fo i o Sem inário econôm ica — substancialm ente apoia­
^ e as Nações Unidades levaram a da no cap italism o do Estado e no con­
efe ito em outubro de 1970 em W as­ tro le dos grandes in stru m en to s de
hington, cujo tem a básico fo i, preci­ produção; m od ifica ria a titu la rid a d e
samente, o “ m anagem ent". Nessas, da soberania que se deslocaria dos
c°n io em outras reuniões sem elhan­ Parlam entos para os órgãos adm inis­
tes, cuidou-se de caracterizar com tra tiv o s ; transfo rm a ria , fina lm e nte, os
Precisão o con ceito de adm inistração condicionam entos id eo lóg ico s. Nas
6 seu conteúdo exato. palavras do pró prio Burnham, dedica­
das a essa questão, encontra-se a
m elhor confirm ação do ace rto e da
2- A ADM INISTRAÇÃO : TEMA
com provação de suas p ro fé tica s a fir­
ATUAL
m a tiv a s ; “ Em lugar do "in d iv íd u o ",
firm a-se o E s ta d o ... aonde se falava
A ntes de elaborar e apresentar al-
de dinheiro, falar-se-á do traba lh o.
Surnas indicações a resp eito de como
Em lugar da empresa privada, “ socia­
e Porque tudo quanto se re fe re à ad­
lis m o ” ou “ c o le tiv is m o ” . A o invés de
m inistração se situa no p rim e iro plano
“ liberd ad e" e de “ livre in ic ia tiv a ” , pla-
das preocupações e dos esforços de
nificaçã o. Falar-se-á m enos de “ d ire i­
cientista s e adm inistradores do m un­
to s ” e m ais de “ de vere s", de “ o rd e m ”
do in te iro , poder-se-ia a firm a r que as
e de "d is c ip lin a ". Falar-se-á menos de
convicções, pontos de vista e atitudes
“ op ortunidades" e m ais de “ postos ou
baseadas nesta doutrina traduzem
responsabilidades” de tra b a lh o ".
c°n i bastante exatidão a mensagem
adm inistração de nosso tem po . Os
Problemas que em uma sociedade em 2 .2 — O segredo da prosperidade
aCelerada transform ação, desafiam os norte-americana
Poderes públicos têm de ser equacio­
nados e resolvidos em função da óti- Ao cabo dos anos de corrid os desde
Ca e das perspectivas da moderna ad­ então, fo i um e s c rito r francês quem
m inistração. proporcionou uma atualizada c o n trib u i­
ção ao estado da questão em um livro sejam adm inistradores, "managers
fam oso "O Desafio A m erican o" (5) ( 10) . Quando examina o cap ítu lo da
cujo im pacto no mundo in te iro seria capacitação dos novos funcionários
vão te n ta r re fle tir. Ao longo de toda de que o país necessita, as citações
a obra a idéia subjacente é a de que se m u ltip lica m . Por exem plo, ao refe­
o discutid o hiato (gap) que separa a rir-se ao novo Colégio do Serviço Civil
Europa do gigante estadounidense não afirm a : “ torna-se im p erativo oferecer
é um hiato te cn o ló g ico ” — mas, com cursos básicos de adm inistração e ge­
perdão da expressão — um “ manage- rência ( 11), “ cursos adicionais de ad­
rial gap” . Vejam os com o se exprim e m in istração " ( 12) e "cu rsos de aper­
esta idéia em duas passagens da feiçoam ento nas mais modernas téc­
o b r a : "O desafio am ericano não é nicas de g e stã o ” (13) e, quando, mais
essencialm ente de ordem in du strial ou adiante, no parágrafo 106, o Informe
financeira, põe em perigo nossa fe- Fulton se refere ao conteúdo adequa­
cundidade in te le ctu al, nossa aptidão do do curso de form ação para os fun­
para tra n sfo rm a r idéias em realidades" cionários que vão ingressar no Servi­
(6) e, mais adiante, “ O retardam ento ço C ivil, afirm a exp licita m e n te que
ou atraso essencial dos países euro­ deverão ser m inistradas disciplinas
peus parece, pois, ser acima de tudo, sobre "as modernas técnicas de ad­
um atraso nos meios de organização” m in istração ", “ as técnicas da gestão
(7 ). É portanto, cabe dizê-lo valida­ m oderna” .
mente, sem rebuços, nossa capacida­
de ad m in istra tiva, gerencial, que se
2 .4 — A administração nos Estados
revela m anifestam ente in su ficie n te .
Unidos de hoje

Louis Arm and e M ichel Drancourt


Se, passando aos Estados Unidos
(8), tratando de buscar os métodos
tratam os de evidenciar a a tu a lid a d e
para recuperar o atraso existe nte, re­
da questão, sobrar-nos-iam novas pi"0'
conhecem que o desenvolvim ento é
vas desta generalizada preocupação^
m uito mais uma função da capacidade
Enumeremos algumas numa sucinta
de organização do que de recursos na­
resenha :
tu ra is e afirm am que o “ m anagem ent”
é o tra ço m ais cara cte rístico do pro­
— A inclusão, nos planos de estu­
gresso norte-am ericano.
dos de todas as grandes U niversida­
des am ericanas, das ciências e téc­
2-3 — O relatório de Lord Fulton nicas da adm inistração. Uma o r g a n i­
zação européia não governam ental de­
O utra referência nos chega do Rei­ nominada IUC (C entro Internacional
no Unido. É desnecessário igualm en­ de Colaboração para Educação em Ad­
te ressa ltar o eco no mundo in te iro m inistração) tem um program a de bol­
do Relatório Fulton sobre o Serviço sas de estudo, nos Estados Unidos
Público C ivil (9 ). Das nu m ero síssi­ que p e rm itiria m a seus beneficiários
mas alusões ao tem a respigam os ape­ estudar a m atéria em Berkeley, Chi­
nas a lg u m a s: “ Em quarto lugar exis­ cago, C ornell, C olum bia, Harvard, ln"
tem m uito poucos fun cion ário s que diana, M ichigan, S ta n fo rd ..., pratica-
rnente em todas as grandes U niver­ tra tiv o s ” , e "G estão A d m in is tra tiv a "
sidades do país. (14). Sobre este ú ltim o ponto afirm a-
se exatam ente: “ O executivo, ou o ad­
— O enorm e desenvolvim ento e es­ m in istrado r federal não deve perder
pecialização destes estudos — a so­ de vista suas responsabilidades como
ciedade pó s-industrial é uma socieda­ gestor, que o obrigam a exe rcer o
de de esp ecialista s — torna-se pal­ papel de líd e r tendo em v is ta a ob­
pável com as denom iações acadêmi­ tenção das finalidades ou realização
cas de alguns dos professores que, das m issões de sua organização. Tal
na qualidade de técnicos, participaram liderança não se deve co n s tru ir com
do Sem inário das Nações Unidas an­ estreiteza de ob je tivos, mas, ao con­
terio rm en te c ita d o : trá rio , deverá abarcar toda a ampla
gama de atividades necessárias para
— Professor do C entro das Ciên­ id e n tific a r novas necessidades, asse­
cias da A dm inistra ção; gurar os recursos e adaptar-se às no­
vas exigências so cia is" (1 5 ).
— Professor do In s titu to de Urba­
nização da Faculdade de A d m in is tra ­ __ Uma últim a indicação se encon­
ção;
tra no programa para 1971 do S em i­
nário de Salzburg de Estudos A m e­
— Professor de Gestão de S iste­
ricanos. Este C entro, cujo o b je tivo é
mas do In s titu to de Segurança no Es-
o de estim u la r o m elhor entendim en­
Paço Aéreo e de A dm inistração;
to recíproco e com preensão entre
am ericanos e europeus, que funciona
— Professor de A dm inistra ção.
desde 1947 e a que já assistiram cer­
ca de 6.000 alunos, estabeleceu para
— Como exem plo s ig n ific a tiv o da
1971 um programa de sessões em que
fe d id a em que esta preocupação na-
ao lado do inevitável am biente, se in ­
cional já penetrou na A dm inistração
clu i uma Sessão, a de n.° 134, dedi­
^úbllca tam bém o In s titu to Federal
cada ao “ m anagem ent" na A m érica.
Para Executivos, o p rim e iro dos orga­
Ao largo desta sessão os fatore s hu­
nismos e xiste ntes nos Estados Unidos
manos e técn icos, as técnicas do
Para capacitar adm inistradores do Go­
verno Federal dedica grande im por­ com portam ento e o im pacto da gestão
tância a estas questões. Uma boa nos fenôm enos sociais serão ob je to
demonstração desse in te resse está no de consideração.
tato de que o curso básico desenvol-
vido no aludido In s titu to — o Progra­ 2.5 — O caráter universal do tema
ma Residencial para a Educação de
^d m in istra d o re s — colim a os trê s ob­ Para te rm in a r o delineam ento geral
je tivos básicos : A um e ntar o sentido da questão direm os que ao aludido
^e respostas às necessidades e obje­ Sem inário de W ashington com parece­
tivos do p a ís", “ Increm entar a A nálise ram delegados de 37 países d ife ren te s
6 Compreensão da totalida de do S iste­ — do Iran ao Brasil, de Ghana a F ili­
ma de Governo do P a ís " , "M e lh o ra r o pinas, da Grã-Bretanha ao M arrocos,
c°nhecim ento dos Processos A dm inis- da Turquia ao Uruguai — e que as Na­
n
ções Unidas, a FAO, o Banco M undial, c ia l", “ procedim ento pelo qual os ho­
o Fundo M onetário Internacional e a mens podem e xe rcita r com a maior
Organização M undial da Saúde tam ­ eficácia possível a sua razão, sua ca­
bém se fizeram com parecer. Como pacidade criadora, suas in icia tivas e
amostragem de uma preocupação resp on sabilid ad es". É preciso assina­
mundial pelo tem a acreditam os que lar que este tip o de form ulações é
estes dados são bastante s ig n ifi­ o m ais abundante na profusa litera­
cativos . tura existe nte sobre o assunto.

3. EM BUSCA DE UM CONCEITO 3 .2 — O conceito de administração


SUFICIENTEMENTE REVELADOR segundo os profissionais nor­
DO QUE É ADM INISTRAÇÃO te-americanos

No “ Traité de Science Administra-


“ S it in itiu m doctrinae consideratio
tiv e " (16) se recolhem duas defini­
n o m in is ” . A velha máxima latina obri­
ções de “ m anagem ent". Vejam o-las-
ga-nos a procurar dar alguma d e fin i­
Para a A .C .M .E . (Associação de En-
ção ou, pelo menos, a re fle tir em al­
genheiros Assessores em Adm inistra­
gumas considerações bastante con­
ção), “ A profissão de assessor em
cretas o sig nifica do com o qual se
adm inistração é um te rre n o de ativi­
utilizará o term o no contexto desta
exposição. dade profissional cujos praticantes se
dedicam a ajudar as em presas, os go­
vernos e outras in stitu içõ e s a resol­
3-1 — O enfoque literário de
ve r os problem as da gestão adminis­
MACNAMARA
tra tiv a e ou tro s problem as técnicos
conexos. Estes problem as podem in'
É assaz curioso que haja sido um
c id ir sobre a revisão to ta l de todo °
dos homens mais representativos des­
funcionam ento da em presa (investiga­
te tip o de abordagem m ental e da
ção, pesquisa, expansão, com ercializa­
nova doutrina, o ex-Secretário de De­
ção, fabricação, financiam ento, PeS'
fesa, Robert MacNamara, quem, ao
soai e tc .) , seus ob je tivos, estratég ia’
ensejo de uma conferência pronuncia­
organização do pessoal, m étodos ®
da em 1967, em Jackson, tenha recor­
técnicas diversas de a tu a ç ã o .••
rido a fórm ulas lite rá ria s e poéticas
(1 7 ). Se se tra ta r de condensar em
para d e fin ir realidade tão pragm ática.
term os sig n ific a tiv o s esta am plíssim a
Nessa conferência, depois de afirm a r
definição o resultado é que para es­
que o segredo dos Estados Unidos
ses p ro fissio nais o seu respectivo
encontra-se em seus m étodos mais
campo de atividade c o m p re e n d e :
modernos e eficazes de trabalho, o
homem dos m ísseis e do PPBS disse
— a gestão ad m in istra tiva;
que a adm inistração “ é a arte de or­
ganizar o ta le n to ” , “ de en fre ntar in­ — os problem as té cn ico s conexos:
te lig e n te m e n te as m udanças” , “ o meio
através do qual as mudanças humanas — a investigação aplicada em f urv
podem ser racionalm ente organizadas ção dos o b je tivos da organização (a
e expendidas ao conjunto do corpo so­ pesquisa aplicada);
— a prom oção com ercial e a pes­ — C ontrole de rendim entos e te m ­
quisa de m ercados; pos;

— a gestão financeira; — Direção e organização de reu­


niões;
— a adm inistração de pessoal;
— Com unicações descendentes e
— as técn icas de atuação. ascendentes.

Está claro tam bém que a gestão se É interessante ressa ltar o caráter
aplica, ou se pode aplicar, tan to às fin a lis ta deste equacionam ento, “ en­
empresas privadas com o à adm in istra­ tre g a r bens ou s e rv iç o s ” . De uma
ção pública. Por sua vez o glossário perspectiva ou ângulo mais adm inis-
de term os de organização industrial trativo-pública, encontram os outra de­
que se u tiliza nos Estados Unidos, finição do “ m anagem ent” : . . . geren­
estabelecido pelos serviços de análise tes, adm inistradores, is to é, respon­
indu strial da Embaixada da França em sáveis pela organização, a direção do
W ashington, afirm a que a ad m in istra­ pessoal, a planificação do desenvol­
ção é, “ de um lado a direção, e de vim ento do trabalho, o estabelecim en­
outro, a função que em uma empresa to de níveis de resultados e sua me­
consiste em pre ver uma linha de con­ dida, a revisão de procedim entos e
duta, elaborar program as, fix a r nor­ a quantificação das d ife re n te s alterna­
mas, adaptar os program as aos meios tiv a s ” (1 9 ). Não está Lord Fulton lon­
financeiros, m ateriais e humanos, ge do que se a firm o u .
m anter o rendim ento das oficina s, do
m aterial e das pessoas nos m ais altos
níveis, e com ta is m eios e através de
3. 5 — Duas abordagens espanholas
ordens, reuniões, conferências ou de
controles, persegue o o b je tivo de as­ Em um docum ento apresentado pela
segurar a entrega de bens ou se rvi­ Escola de A lcalá (20) há duas exce­
ços, de acordo com os program as es­ lentes form ulações da questão. De
tabelecidos, nos prazos fixados, pelos um lado, M ig ue l Beltran dirá “ a a ti­
menores cu sto s" (1 8 ). Isto é, que o vidade de adm inistração (manage­
resultado deste exame francês da rea­ m ent) com o conjunto de funções e
técnicas gerenciais poder-se-ia dizer
lidade am ericana tam bém oferece uma
qUe é — em bora sim p lifica n d o dema­
am plíssim a p e rs p e c tiv a ;
siado — um desenho (p ro je to ) norte-
— Direção; am ericano do m undo dos negócios
que obteve uma aceitação notavel­
— Planificação; m ente rápida na m aioria dos países
de sen volvido s” (2 1 ). Por ou tro lado,
— Programação; afirm a Andrés de Ia O liva : “ Preten­
der dar aqui uma noção, geral e te ó ­
— Regulamentação;
rica do que se deve entender por
“ m anagem ent" seria quase im possí­
•— G estão financeira, do m aterial e
vel ; as m uitas de finições form uladas
do pessoal;
padecem de uma am bigüidade e ex­ — O "m anagem ent" supõe um novo
tensão cie n tifica m e n te desesperado- delineam ento da atividade adm inistra­
ras. Adem ais o in te n to esbarraria tiva ou gerencial que passa a ser ju l­
com a própria essência, substância, gada exclusivam ente pelos resultados.
do “ m anagem ent” em inentem ente em­ Em face da posição demasiado comum
pírico, p ro te ifo rm e e c a m b ia n te ... de avaliar a atividade por si mesma,
cabe unicam ente afirm a r o seguinte : som ente aprecia os resultados ob­
o ” m anagem ent” é algo assim como tid o s .
uma encruzilhada ou ''p o o l" de conhe­
cim entos que, com um certo toque — A adm inistração aponta menos
in te le ctu a l, ideológico — ou, no caso para o “ saber faze r" do que na dire­
de se p re fe rir uma expressão mais ção do “ saber fazer com que outros
am biciosa — , filo s ó fic o , se compõe o fa ça m ". Delion cita a O. G élinier
de num erosas e heterogêneas c o n tri­ quando a firm a : " D irig ir é conseguir
buições, oriundas de ciências e té c n i­ resultados por m eio de o u tro s ".
cas de natureza predom inantem ente
instrum ental ou pragm ática : A figura — A adm inistração exige inexora­
típ ica do gerente, “ m anager” , do ad­ velm en te o trabalho de grupo, em
m in istrado r, encarna-se no “ homem equipe. A decisão é um fenômeno
que sabe d e cid ir e reso lve r proble­ com plexo e d ifíc il que ninguém pode
m as” ; não na daquela que sobressai tom ar sozinho.
por sua alta capacidade para a espe­
— A adm inistração está ligada ao
culação teó rica ou in te le ctu a l. A ssim
desenvolvim ento de unidades especí­
poderia resum ir-se sua grandeza e sua
ficas, à margem da linha operativa.
e scra vid ão” (22) .
Seu nascim ento e desenvolvim ento se
expressam nas Task Forces am erica­
3 .4 — Caracterização conceituai e nas, nas M issões francesas, nos Co­
terminológica m itês do mundo anglo-saxônico. ins­
pira-se no mesmo ta le n to renovador
que fizeram c ria r na Espanha as Se­
Seria talvez conveniente com pletar
cretarias G erais Técnicas.
estas idéias com as seguintes afirm a­
tivas :
4. CONTEÚDO DA ADMINISTRA­
Ç Ã O : DELINEAMENTO GERAL
— A adm inistração é o conjunto
das atividades do dirige nte, daquele
À vista do exposto no item 3, parece
que integra o núcleo essencial de
suas responsabilidades. evidente que a questão mais d ifíc il
no m om ento presente con siste em
— A adm inistração não é uma dis­ d e lim ita r o conteúdo exato da adm i­
ciplina, é uma p ro fissão . nistração m oderna. Quais são as dis­
cip lin as que no mundo de hoje in te­
— A adm inistração se utiliza ou se gram a bagagem ótim a do ad m in istra­
emprega, em todas as atividades hu­ dor, do gerente ? Não é sim ples, nem
manas. basta dar uma única resposta. Expo­
nhamos algumas e façamos uma sín­ — Pesquisa O p e ra c io n a l: Programa­
tese fin a l. ção Linear, Teoria das Filas, Teoria
das Possibilidades, M étodos de Mon-
4.1 — As técnicas quantitativas como te c a rlo . ; 51 s T'<,
instrumento na tomada de de­ /V o\
cisões práticas Técnicas Contábeis

Para a Mesa Redonda de Barcelona, — Contabilidade üié ítilre ^ & d .E


realizada em 1969, o C om itê de Prá­
tica s A d m in istra tiva s do In s titu to in ­ — C ontabilidade 'jde C ustos.
ternacional de Ciências A d m in is tra ti­ -
vas (IIC A ) preparou um docum ento — C ontabilidade de Tíocas-' I
de trabalho (23) no qual há uma va­ tria ls .
liosa síntese do que no referido do­
— C ontabilidade dos M ovim entos
cum ento se denom inam “ Técnicas
de Fundos.
Q uantitativas de A nálise para Elabo­
ração e C ontrole das D ecisões P o líti­ — C ontabilidade N acional.
ca s” . Foram enumeradas 19 técnicas
que se poderiam cla s s ific a r da se­
— Desconto dos M ovim entos de
guinte m a n e ira : Caixa.

Técnicas de Programação Orçamentária


Prescindindo destas técnicas do ú l­
— A nálise C usto-B enefício. tim o grupo que são de in te resse m ui­
to pa rticular, as demais se enquadram
— A nálise Custo-Eficácia. pe rfe itam e nte no cam po da adm inis­
— A nálise C usto-U tilidade. tração . As referências seguintes po­
derão esclarecer m elhor o assunto.
— A nálise de V alores.
— O rçam ento Funcional. 4 .2 — A Administração na formação
— C ontrole O rçam entário. dos funcionários dirigentes

— PPBS (Sistem a Plano-Orçamen-


Em outubro de 1968, a Escola Su­
to-P rogram a. Planning-Programming-
pe rio r de A dm inistra ção Pública de
Budgetin S y s te m ). Caserta, Itália, convocou todos os res­
ponsáveis europeus pela tarefa de fo r­
Técnicas de Gestão Quantitativa com
mação de fun cion ário s — dirige ntes
Instrumentação
de Escolas, serviços m in iste ria is, cen­
tro s u n ive rsitá rio s — para uma reu­
Matemática
nião no d e corre r da qual se propôs
— A ná lise de S istem as. o tem a do papel dos fun cion ário s su­
periores da A d m in istra çã o . Subsidia-
— A dm inistra ção por O b je tivo s.
riam ente analisaram-se os traços mais
— Avaliação de P rojetos. cara cte rístico s dos organism os incum ­
— M étodos de A ná lise de Redes : bidos dessa m issão ou resp on sabili­
dade em inentem ente educadora.
PERT (25), CPM (2 6 ).
Em Caserta deliberou-se igualm ente adm inistração moderna fo i represen­
dar continuidade a estas reuniões. tada certam ente pelo Sem inário Inter-
Por m eio de uma série de gestões regional das Nações Unidas sobre o
encarregou-se à Escola de A lcalá a emprego das técnicas modernas de
organização do segundo Congresso, gestão na A dm inistração Pública dos
que se desenvolveu na sede dessa países em desenvolvim ento. O alu­
in stitu içã o espanhola em setem bro de dido Sem inário realizou-se em W as­
1970. Os tem as consistiam no con­ hington, de 26 de outubro a 6 de no­
teúdo e nos m étodos de form ação. vem bro de 1970. Um de seus obje­
Com relação ao p rim e iro item fazia-se tiv o s consistia, precisam ente, em “ es­
referência especial “ as técnicas e tud ar as princip ais categorias de téc­
ciências da a d m in istra ção” . Os diver­ nicas modernas de gestão, incluindo
sos inform es ou re la tó rio s nacionais sua evolução e cara cte rísticas (28) •
foram elaborados com essa orienta­ Quais foram as técnicas a que se
ção. C oncretam ente, o espanhol fazia atrib uiu especial relevância ?
uma enumeração das técnicas que
uma adequada form ação do funcioná­ — Sistem as de elaboração de dados
rio da época que vivem os certam ente e inform ações.
exige; ou seja, en tre outros, são con­
siderados indispensáveis conhecim en­ - r Preparação de orçam entos e pla­
nificação .
to s das seguintes m atérias :

— Pesquisa O peracional.
— Técnicas de análise quantitativa
para a tom ada de decisões. — Relações Humanas.

— Planificação e Programação.
Estes eram os quatro grandes cam­
pos das técnicas de adm inistração
— Organização e M étodos.
m oderna. Na prática o desenvolvi­
— Pesquisa Operacional e M odelos m ento das sessões fo i pe rm itin d o que
se prestasse especial atenção aos se­
M atem á ticos.
guintes s e to re s :
—• P sicossociologia.
— Organização e gestão.
— Inform á tica.
— Tecnologia de sistem a s.
Durante as reuniões do grupo de
trabalho incum bido dos referido s pro­ — Ciências do C om portam ento.
blem as discutiram -se tam bém a teo ria
— in fo rm á tica .
dos jogos e a análise de sistem a s.
— Técnicas orçam entárias diversas.
4 .3 — Aplicação da moderna gestão
na administração pública — A adm inistração na Urbanização,
na Educação e na Saúde Pública.
Uma va lio síssim a con tribu ição para
e sclarecim ento da problem ática da — Pesquisa O peracional.
— C ibern ética . — Gestão de sistem as de in fo rm a­
ção, pesquisa geral de sistem a s.
— Programação do Trabalho.
— C usto-eficácia e PPBS.
— Técnicas de Sim ulação. — Indicadores S ociais.

— Técnicas de Jogos. — F uturologia.

4 .4 — A administração na sociedade 4 .5 — As últimas conseqüências do


industrial e nos começos da enfoque matemático da
pós-industrial questão

Entre os particip antes do Sem inário O In s titu to A m ericano de Ciências


das Nações Unidas destacou-se pela da A dm inistração é uma sociedade in­
qualidade de suas con tribu içõe s o ternacional que trata de id e n tific a r e
Professor Bertram G ross, Professor un ifica r o conhecim ento c ie n tífic o da
Em érito de A ssuntos Urbanos do Hun- problem ática adm in istra tiva, ou de
te r College da Universidade de New gestão. Publica uma revista “ Manage­
Y ork. O Professor Gross (29) d is tin ­ m ent S cie nce” , que edita duas séries
gue en tre as técn icas especializadas de edições : “ Teoria", dedicada a in­
“ utilizadas durante a p rim e ira m etade fo rm a r acerca dos novos program as
do século X X " as seguintes : m etodológicos, sejam an a lítico s ou
filo s ó fic o s , e “ A plica ção", na qual,
— engenharia de produção que pas­ com orientação prática, examinam-se
sou ao mundo da A dm inistração Pú­ questões ou problem as relativo s à
blica com o nom e de O & M ; aplicação dos conhecim entos c ie n tífi­
cos, centralizando-se a atenção nos
— gestão fina nce ira; problem as que surgem ao em pregar,
na realidade quotidiana, as técnicas
— adm inistração de pessoal;
da moderna gestão. O ob je tivo é o
de co n s tru ir uma ponte entre os
— “ m a rke tin g " (com ercialização);
“ c ie n tista s da ad m in istra ção " dedica­
— abastecim ento; dos a especulações filo s ó fic a s ou ana­
lítica s, e os adm inistradores, os “ ma-
— com unicações internas; nagers” , os quais se preocupam com
a execução concreta de técnicas, a
— docum entação (gestão de arqui­ construção de m odelos, o va lo r dos
vos) . in qu éritos e pesquisas. “ M anagem ent
S cie nce” goza de um p re stíg io m un­
E técnicas próprias do in ício da so­
d ia l. Em seu Conselho de Direção
ciedade pós-industrial, que são as se­ encontram -se alguns dos cie n tista s e
guintes ; adm inistradores das entidades m ais
pre stigiosas do mundo — Harvard,
— In fo rm á tica .
IBM, C olum bia, Xerox e tc . — e o D i­
— Teoria dos Sistem as : Engenharia re to r da Revista é o Professor M ar­
tin K. S ta rr.
de S istem as. ,
Um lig e iro exame das seções per­ 4 .6 — Síntese fin a l
m anentes de “ Managem ent S cie nce”
proporciona a mais atualizada e mo­ Quais são os resultados da compa­
derna das interpretações do que já ração entre as d ife ren te s concepções
está sendo nos Estados Unidos a ges­ ou abordagens ? O resum o poderia
tão das empresas privadas e da ad­ ser o seguinte :
m inistração pública. São estas as se­
— O In s titu to Internacional de
ções e, portanto, os tem as de predi­
C iências A d m in istra tiva s se concentra
leta atenção, ou p re fe rid os dos admi­
nas técnicas qu an tita tivas e nos sis­
nistradores am ericanos :
tem as de contabilidade.

— Programação m atem ática, de — O R elatório espanhol, como e


Conjuntos e de Redes. natural, equaciona o tem a a p a rtir da
ótica da form ação dos funcionários
— A dm inistra ção Pública. superiores e de suas necessidades
básicas na m atéria.
— Teoria das fila s e processos es-
— As Nações Unidas estavam con­
to cá stico s. dicionadas pela tem ática d o S e m in á r io
— Gestão da produção. e não havia lugar para que se exa­
m inassem instru m en to s de gestão que
— Teoria da decisão. não se houvessem empregado nos
países em desenvolvim ento.
— Fluxos de redes.
— O docum ento de Gross alude ao
— M arke ting . passado e ao presente. É, no con­
ju nto, bastante com p le to e os seus
— Teoria dos jogos e sim ulação.
respectivos enfoques são m odernos e
o rig in a is.
— Lo gística.
— Finalm ente, com o acentuamos,
— Sistem as de Inform ação.
"M anagem ent S cience" se apresenta
— Programação dinâm ica e te o ria exageradam ente so fistica d o e as téc­
de in ve n tá rio s. nicas que apresenta tê m mais inte­
resse para os especialistas em mate­
— Programação m atem ática e mo­ m ática. De fato, em face de sua po­
delos esto cásticos e de otim ização. sição de com plexidade e superespe-
cialização, não se presta a uma maior
— Gestão fin a n ce ira . utilização.

— Programação linea r e não linea r. A v is ta do exposto, adotadas as ne­


cessárias reservas e cautelas, atre-
"M anagem ent S cie n ce ” encontra-se, ver-me-ia a dizer que as linhas d a ad­
por conseguinte, na linha de uma m inistração moderna passam n e c e s s a ­
abordagem to ta lm e n te c ie n tífic a e de riam ente pelas seguintes áreas de es­
base m atem ática. tudo e de e sp e cia liza çã o :
— A análise de redes, e xe m plifica­ — O PPBS é uma presença cons­
da no PERT e no CPM, figu ra nos tante de aceitação generalizada, como
cinco docum entos contrastados reve- técnica caracterizada pelo seu alto
lando-se um in stru m en to de prim eira co e ficie n te da racionalidade, nos do­
ordem no equacionam ento racional de m ínios da A dm inistra ção Pública.
problem as com plexos de qualquer con­
— A presença da Psicossociologia
dição. Na Escola de A lcalá trabalha-
explica-se porque a seleção das té c ­
se na preparação de um PERT com
nicas até agora indicadas poderia ta l­
cerca de 18.000 p a rticip antes.
vez insinuar a in evita bilida de — o que
— A informática consta expressa­ não é o caso — de uma ad m in istra­
mente de trê s docum entos e sua au­ ção supertecnificada e su p e rcie n tífi-
sência do p rim e iro e do ú ltim o nada ca, povoada de cérebros eletrôn icos
sig n ifica porque a Ciência dos com pu­ e de m atem áticos manejando fó rm u ­
tadores é um poderoso in stru m en to las m isteriosas, num cenário em que
operativo a serviço do aperfeiçoam en­ quase não houvesse lugar para o ho­
to das dife ren te s técnicas da moderna m em . Entendemos, ao con trá rio — e
adm inistração. Sua im portância au­ esta é a posição de m uitos tratad is-
m entou ainda m ais depois que os tas do “ m anagem ent” — que estas
com putadores da te rce ira geração, au- disciplin as con stituem uma indicação
to-governados, capazes de realizar com do clim a in te rio r e da im agem exte r­
suma perfeição vários trabalhos s i­ na das organizações de nosso tem po .
m ultâneos, potencializaram e xtrao rdi­
— Não cabe pre te nd er que os mo­
nariam ente sua utilização.
delos matemáticos ou econométricos
— A Análise de Sistemas fo i in c lu í­ constituam uma técn ica substantiva
da em quatro docum entos, embora não ou independente, mas as contínuas re­
conste do inform e espanhol que, no ferências que, com relação a diversas
entanto, cuidou com o m erecido rele­ técnicas, se fazem aos m odelos e seu
vo do PPBS e da Pesquisa Operacional. espetacular desenvolvim ento, no cam­
po da A dm inistração Pública, em v ir­
— A Pesquisa Operacional figura tude de seu em prego no te rre n o eco­
nos cinco docum entos, in clusive no nôm ico, no social, no dem ográfico, no
“ M anagem ent S cience" no qual se fa­ educativo e tc ., parece aconselhar sua
zem referências e xp lícita s a algumas inclusão neste rep e rtó rio ou elenco de
de suas subtécnicas : te o ria das fila s, problem as básicos, com a ressalva de
teo ria dos inventários e programação que seu alto grau de com plexidade
linear. c ie n tífic a e a necessidade de u tiliz a r
uma linguagem m atem ática bastante
— A Organização e Métodos so­ elaborada lim ita m o seu possível em ­
m ente deixou de ser mencionada no prego a esp ecialista s.
inform e do IIC A, mas está demasiado
consagrada pela prática e pela tra d i­ — Em um catálogo de áreas de es­
ção e não poderíam os om iti-la em face tudo e scrito em 1971 não pode deixar
de sua inquestionável utilizaçã o no de fig u ra r a futurologia. Não é de es­
mundo da A dm jnistra ção Pública. tranh ar que os c ie n tista s e os adm i­
nistradores da era dos grandes pro­ (7 ) . E l Desafio Am ericano, p. 132.
dígios se sintam atraídos pelo afã de
antecipar e con figu rar as variáveis, ( 8) . Louis Arm and y M ichel Dran-
até agora inalcansáveis, das mudan­ cou rt, La apuesta europea.
ças sociais. Plaza y Janés, Barcelona, 1968.

E isto será o fin a l. Com a espe­


( 9) . The C ivil S ervice. Vol. I. Re-
rança de haver con tribu íd o com algo
p o rt o f the C om m ittee 1966-
capaz de esclarecer os traços dife-
1968. Chairman : Lord Fulton.
renciadores desse m anagem ent que
Her M a je s ty s S tatio nery O ffi­
irrom peu vio len tam en te em nossas
ce, London.
estrutu ras ad m in istra tivas e de que se
espera uma m elhor adm inistração.
(10) . Fulton, p. 12.
Com a certeza de que o ritm o ace­
lerado da sociedade em transfo rm a­
( 11) . Fulton, párafo 100, p. 35.
ção talvez haja tornado obsoletas es­
tas linhas se algum dia vierem a ser
publicadas. (12) . Fulton, id. id.

(13) . Fulton, id. id.


5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(14) . Federal Executive In s titu te .
U .S . C ivil Service Com m ision,
( 1) . A ndré G ., Delion, “ A dm inistra -
C h a rlo tte sville (V irg in ia ), 1970.
tio n Publique e t M anagem ent"
Boletin dei IIAP, n.° 9, enero-
(15) . Federal E x e c u tiv e ..., p. 10-
marzo, 1969, pp. 55 y ss.

( 2) . G lossary o f M anagem ent Tech- (16) . Georges Langrod e t a llii, Trai-


té de Science A d m in istra tive ,
niques (HMSO, London, 1967).
M outon e t C ie ., Paris, 1966.
( 3) . Planning - Programm ing - Bud-
geting and System s A nalysis (17) . T r a it é . . ., p. 535. Em sentido
G lossary (US General Accoun- análogo Bertram M. Gross que
tin g O ffice , W ashington, Ja- no Prefácio “ System s Guidan-
nuary, 1968). ce in the 1970’s" de sua obra
O rganizations and th e ir mana-
( 4) . James Burnham, The Manage- ging (The Free Press, NeW
ria l Revolution, John Day, York, 1968) assinala que os
New York, 1941. processos d ire tiv o s — isto é,
os processos pró prio s do “ ma­
( 5) . J.-Jacques Servan-Schreiber, El nagem ent" — seriam em qual­
Desafio A m erican o. Plaza y quer o rg an izaçã o: Tomada de
Janés, Barcelona, 1968. decisões — Com unicação —
Planificação — A tivação —
( 6) . E l Desafio Am ericano, p. 132. A valiação. Pp. X V III-X IX ).
(18) . T r a ité ... pp. 535-536. MANAGEMENT, n. The act o f mana-
ging; the m anner o f tre a tin g , direc-
(19) . F u lto n .. . , p. 12. ting , carrying on, o r using fo r a
purpose; conduct; a d m in istra tio n ;
(20) . Andrés de Ia O liva, Inform e cautious handling o r tre a tm e n t; the
de Ia Delegación Espanola al body o f d ire c to rs o r managers o t
II Congresso International de any undertaking, concern, o r in te re s t
Formação de Funcionários de c o lle c tiv e ly .
Direção S uperior. A lca lá de
Henares, septiem bre, 1970. MANAGER, n. One w ho manages; one
w ho has th e guidance o r d ire ctio n
(21) . In fo rm e .. . , p. 22. o f anything; one w ho is d ire c tly at
the head o f an undertaking.
(22) . Andrés de Ia O liva, Infor­
m e. . p. 44.
MANAGERIAL, a. O f o r belonging to
a m anager.
(23) . Techniques de 1'analyse quan-
tita tiv e pour 1’élaboration e t le
co n tro le des p o litiq u e s . Insti- MANAGERSHIP, n.° The o ffic e o f a ma­
tu t International des Sciences nager. (C f. The W ebste r Encyclo-
A d m in istra tive s, Mesa Redon­ pedic D ictiona ry o f The English Lan-
da de Barcelona, 1969. guage And Com pendium o f Usable
Knowledge, C onsolidated Book Pu-
(24) . PPBS : Planning-Programming- blishe rs, Chicago, 1969).
Budgeting S ystem . (Sistem a
Plano-O rçam ento-Program a).
ADM INISTRAÇÃO, s . f . ação de adm i­
nistra r, gestão de negócios públicos
(25) . PERT: Program me Evaluation
ou pa rticu la re s. II M odo de adm i­
Review Technique (Técnica de
nistra r, governo. A administração
Avaliação e Revisão de Pro-
do M arquês de Pom bal. 11 A admi­
m a s ).
nistração, a gestão dos negócios
(26) . CPM : C ritic a i Path M ethod
p ú b lic o s : a ciência da administra­
(M étodo do Caminho C rític o ).
ção. II Corpo de adm in istra do­
(27) . A ide-M ém oire, D ivisão de A d­ res, de empregados que têm a seu
m inistração Pública das Na­ cargo alguma parte da administração
ções Unidas, New York, 1970. p ú b lic a : a administração do bairro
c e n tra l. II A administração, o go­
(28) . Id „ p. 2 . verno, o m in is té rio , considerado
princip alm ente na sua ação adm i­
(29) . Bertram Gross, M anagem ent 11
n is tra tiv a . Administração dos sa­
S trateg y fo r econom ic and so­ cram entos, ação de c o n fe rir os sa­
cial developm ent. Nações Uni­ cram entos. 11 A administração da
das (E S A /P A /M M T S /2 7 ). ju stiça , o exe rcício da ju s tiç a legal­
m ente co n s titu íd a . II F. lat. Adm i-
(30) . Id „ p. 41. n is tra tio .
ADMINISTRADOR, adj., que adm inis­ rios federais e seu perm anente aper­
tra ; relativo à adm inistração. 11 O feiçoam ento giram em torno da admi­
que adm inistra negócios públicos nistração. Este m ovim ento está pro­
ou pa rticu la re s. 11 (Bras.) Nos te m ­ gressivam ente se generalizando para
pos coloniais, nome que se dava todos os países que progressivam en­
ao senhor de índios apresados nas te buscam o resp ectivo desenvolvi­
entradas e assa ltos. 11 (Port.) Ad­ m ento ad m in istra tivo; a preocupação
ministrador de um concelho, dele­ no sentido de o b te r uma m elhor ges­
gado do poder executivo com ju ­ tão e uma organização m ais adequada
risdição em um concelho. (C f. Cal­ é, na verdade, m undial. Mas, de que
das A ulete, D icionário C ontem porâ­ se tra ta , precisam ente ?
neo da Língua Portuguesa, em 5 vo­
lum es, 1964 — Editora Delta, 2.* A doutrina nos proporciona diversas
ed. bras. indicações. Na França, po r exem plo,
pode-se deduzir do Traité de Science
OBSERVAÇÕES FINAIS Administrative que fazem parte da
gestão, do management, a gestão ad­
A noção de adm inistração é am bí­ m in istra tiva , os problem as técnicos
gua : m esm o em inglês, o te rm o apre­ com plexos, a pesquisa aplicada em
senta várias acepções e se emprega função dos o b je tivos da organização,
de uma m aneira m uita am pla. É típ ic o a prom oção com ercial (m arke ting ) e
do de stino de uma palavra que expri­ o estudo dos m ercados, a gestão f i­
m e globalm ente uma preocupação de nanceira, a adm inistração de pessoal
racionalização da gestão moderna, e as técnicas de atuação. De acordo
mas isso im p lica um esfo rço de de­ com outras fontes, mais próxim as dos
cisão. Tanto m ais quanto a te o ria de Estados Unidos, is to é, das tendên­
Burnham e observações m ais recen­ cias am ericanas, a adm inistração im ­
tes induzem à am pliação do debate. plica ou com preende a direção, a pla-
Por exem plo, alguns consideram que nificação, a programação, a regula­
o desenvolvim ento é uma questão de mentação, a gestão das finanças, a
capacidade de organização — m ais do gestão do equipam ento e do pessoal,
que a dispo nib ilida de de recursos — o co n tro le dos tem pos e do rendim en­
e afirm am que a adm inistração é o to, a condução de reuniões, as com u­
m ais s ig n ific a tiv o fa to r em condições nicações ascendentes e descendentes,
de e xp lica r o progresso norte-am eri- para c ita r os princip ais problem as.
cano. De resto, nos Estados Unidos, Na Grã-Bretanha, segundo o Relatório
o ensino das ciências e técnicas de Fulton, “ os adm inistradores são res­
adm inistração consta dos program as ponsáveis pela organização, pela d i­
de todas as princip ais Universidades reção do pessoal, pela planificação do
e as atividades de estudos e de pes­ trabalho, pela determ inação dos resu l­
quisas nesse cam po são extrao rdina­ tados e dos m eios, pela revisão dos
ria m ente intensas, ta n to no concer­ procedim entos e quantificação das al­
nente à adm inistração pública, com o te rn a tiv a s ” . V erifica-se que, ressalva­
no que se re fe re às em presas priva­ das certas nuances, todas essas con­
das. A form ação dos a ito s funcioná­ cepções se avizinham , são enfoques
assaz assem elhados. Na Espanha, elaboração e o co n tro le das p o lític a s .
surgiram , recentem ente, duas aborda­ De acordo com os recentes trabalhos
gens sobre o assunto. Uma descreve do C o m itê das Práticas A d m in is tra ti­
a atividade da adm inistração, do ma­ vas do IICA, há, nesse campo, 19
nagement, com o uma reunião ou agru­ técnicas d istrib u íd a s em trê s catego­
pam ento de funções e de técnicas rias :
de gestão, a outra in siste, p rincip al­
m ente, sobre o fa to de que a admi­ a) As técnicas da programação or­
nistração é uma encruzilhada, um çamentária (análises dos custo s orça­
"c a rre fo u r” de conhecim entos he tero­ m entários, análise custo-eficácia, aná­
gêneos, de ciências e de técnicas lise custo-utilidade, análise de valores,
pragm áticas, a serviço daqueles que orçam ento funcional, co n tro le orça­
devem d e cid ir e reso lve r os proble­ m entário e PPBS).
mas, sendo aleatória qualquer d e fin i­
ção mais pre cisa . Desta doutrina de­
b) As técnicas de gestão quanti­
correm alguns ensinam entos e conclu­
tativa de base matemática (análise de
sões :
sistem as, adm inistração po r ob je tivos,
avaliação de pro je to s, m étodos de
— A adm inistração refere-se p ri­
análises dos resultados PERT e CPM,
m ordialm ente às atividades dos d iri­
pesquisa operacional) e
gentes e ao exe rcício de suas res­
c) Diversas técnicas contábeis.
ponsabilidades.

— Trata-se m ais de uma profissão Qual é, em seguida, o papel da ad­


e não de uma d iscip lin a , u tilizá ve l em m inistração na form ação dos fu n c io ­
todas as atividades hum anas. nários ?

— A adm inistração pressupõe uma


Em 1968, reunidos na Escola Supe­
nova perspectiva da atividade que é
rio r de A dm inistra ção Pública de Ca-
julgada exclusivam ente em função de
serta (Itá lia ), os p rincip ais responsá­
seus resu ltad os. veis pela form ação ad m in istra tiva na
Europa abordaram a questão que fo i
— A adm inistração co n siste menos
retom ada no ano seguinte, em Alcalá
em "fa z e r” , do que em “ m andar fa ­
de Henares (na E spa nh a). Com o re ­
z e r"; ela exige, portanto, trabalho em
sultado, observou-se uma tendência
equipe.
bastante nítid a, no sen tido de in c lu ir
— A adm inistração se exerce no no program a dos c ic lo s de a p erfei­
seio de unidades especializadas, no- çoam ento diversas m atérias oriundas
tadam ente as adm inistrações dotadas da adm inistração — do “ m anagem ent”
de uma m issão e sp e cífica . em seu am plo s e n tid o : as técnicas
de análises q u an tita tivas, a planifica-
Qual é, po r conseguinte, a substân­ ção e a program ação, a O & M (O r­
cia do “ m anagpm ent” ? Em p rim e iro ganização e M é to d o s), a pesquisa
lugar, e xiste um c e rto núm ero de té c ­ operacional, a in fo rm á tica , e assim
nicas de análise q u a n tita tiva para a por d ia n te .
Quanto ao problem a da aplicabilida­ — e as relações humanas.
de dos m étodos m odernos de gestão
nas adm inistrações públicas, está Isto corrobora os trabalhos de ou­
aberta a con tro vérsia. Os debates tras organizações, sem prejuízo de va­
apenas com eçaram . riações nos porm enores da enumera­
ção das técn icas.
A ju lg a r pelos resultados do Sem i­
nário Inter-regional das Nações Uni­ Sem levar, tam bém , em conta, as
das sobre a utilização das técnicas diferenças ou variações en tre as abor­
modernas de gestão na adm inistração dagens diversas, é possível desenhar
pública dos países em desenvolvim en­ um mapa, ou tra ça r uma lista de tudo
to (de 26 de outubro a 6 de novem­ aquilo que o m undo adm ite como es­
bro de 1970, em W ashing to n), parece sencial : a análise dos resultados, a
fora de dúvida que quatro setores re­ análise dos sistem as, a inform ática, a
têm especialm ente a atenção : pesquisa operacional, a O & M, (Orga­
nização e M é to d o s), o PPBS, o em­
prego de m odelos m atem áticos ou
— os sistem as de processam ento econom étricos.
de dados e inform ações;

Este frio mundo da técn ica torna


— a preparação de planos e orça­ absolutam ente indispensável, paralela­
m entos; mente, o recurso à psicossociologia e
à prospectiva — a em ergente futuro-
— a pesquisa operacional; logia.

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