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AJ30RDAGENS TEÇ)RICAS AO
ESTUDO DAS POLITICAS SOCIAIS

Marcos Antônio Coimbra


,JricO' daS pDilticOS Jociaú 67
I. APRESEN'fAÇ - .~s•"'"
Todos nós Ao E OBJEnvos odeios teóricos empregados no estudo das polfticas sociais

eª~~:
Que no 8 . principais m tençao para os pressupostos filosóficos e normativos de ca~
sua prática O ras,/ trabalha
dela u nas atividad mos com as p0 ir . chamªndº ª ªdo para as conseqüências que advêm da adoção de deterrni-
s, Provavel . . es de ensino . ticas soei . um para o trabalho empírico e analltico (Mishra, 1981 e Gough,
so a livros e e:i~te ia nos defrontarn~:esqu,sa e aprendi:s, Quer seja ern
nado m
pleta ausência de o~s sobre o assunto À~orn diversos Prob1;~rn a respeito 1978). nosso texto está filiado a essa tradiçao de estudos. Ele pretende
somente conse ui ras que possam no~ vezes, constatam as de aces. Este . . . t . .
.. . r os leitores com as pnncIpaIs eonas sobre a polfi1ca social dispo-
compreensível ;o mohs localizar um ou outrerv,r de referência oºs urna corn. a,nihanza · · t · 1 · d ·
zIn o o estudo · · utras f . t airnente na literatura m ernac,ona , aIn a que seu obietivo seia fazê-
Perante tal car · . . isolado, Quera vezes, nrveis a u de maneira introdutó·na. vamos apresentar urna visão resumida de
que a situação b . enc,a bibliográfica . rarnente é 10 apena 5a procurar assina . 1ar os autores e grupos de autores mais destaca-
ã ras1le1ra é . , muitos som
Ç o de estudos . · universal, no . os levados . m'
cada U cada qual e fornecer a1gurnas 'Ind·,caçoes - de leitura adicional a fim
semos que não ;1stemáticos sobre as P~tdo inteiro inexistindo a irnaginar '
os interessados possam aprofundar-se mais tarde. Para cada um
mas, ao contr. . ena no Brasil apenas icas sociais. É corno urna tradi- de qu e . d' 1
·
dos modelos teóricos que Iscu iremos, procuraremos ser também avaliati-
conhecimento ::~iq~:s%ª/oderia ser c~~:i~e~!~!n~~a apontadas;c~'i!~s- vos, caracterizando ta_nto as vantagens, quanto as desvantagens. Isto, corno
lsto não é po . ' pouco estudado em ,ca desse carnp0 a,
tores de I' ' rem, verdade e emb geral. de é óbvio, nao pode deI~ar de ser op1rnatIvo, mas esperamos que os leitores
1ngua portug • ora possa p berão julgar por sI sos quanto ao acerto das avahações que fizermos .
tidade de obras dedici:sa, existe hoje no mundo urn:rfcer estranho aos lei- sa Antes de passar à apresentação de nossos argumentos, vale a pena
mente em inglês, franc:: ao est~do das polfticas soci:tess,o_nante quan- retornar a uma idéia já sugerida e que precisa ser esclarecida para evitar
pé1as, está atualmente d' e alemao, mas também em ou; Escrita especial- suposições equivocadas. Trata-se da afirmativa de que uma imensa biblio-
cial, sua história, seus pr~s:,on/ve/ uma vasta bibliografia s;:r: línguas euro- grafia sobre as políticas sociais existe hoje no mundo, o que é verdade, mas
mwto antigas po·s f emas e suas perspectivas R a política so- que não deve nem conduzir à suposição de que tudo esteja iá estudado, nem
' 1 oram quase t0 d · aramente s -
Nem todas são . . as elaboradas nos ·ir . aoobras levar à tese de que podemos nos considerar dispensados de avançar na re-
1
então caminhand~g~atente relevantes, havendo muitasujtos trinta anos. flexao teórica e no estudo empírico das políticas sociais. De um lado, nao
t t e eremente para um e . esquecidas 0
ano, uma quantidade muito grande de obrm rec1do esquecimento. É, no en~ devemos fazer isto, porque, embora muita coisa esteja efetivamente estuda-
. Esse vasto conjunto de traba/h as que encontramos. da, há ainda temas quase que inteiramente ignorados ou entao muito mal
ne1ras. Poderíamos, por exemplo se os -~ode ser organizado de várias ma considerados na literatura disponível. Apenas para exemplificar, é o que
e trabalhos comparativos em e ' . para- os em estudos de caso nacionai - acontece com o estudo das polnicas sociais nos países do Terceiro Mundo,
flex_ ã o voltados para a re~posta ni:1~~em~~s abstratos em esforços de re~ que a bibliografia internacional somente nos anos recentes começou timida-
dedicam ao estudo de uma só o//l' soes prá!lcas imediatas. Alguns se mente a tratar. De outro lado, porque, conforme mostraremos mais adiante,
todos os modelos teóricos hoje disponíveis padecem de problemas, que pre-
riên_cia inteira de um pais com ~s i~~titnquanto_ que outros tratam da expe-
m1nistrat1vos jurldicos e histó . p as soc1a1s. Estudos financeiros ad- cisam ser resolvidos antes de que possamos nos dar por satisfeitos com
. ' ricos, entre outros pod ' qualquer um.
praticamente qualquer tipo de . • em ser localizados para
programa social. É por estas razões que o texto a seguir não deve ser visto como uma
Como podemos imaginar nem todos - apresentaçao de modelos teóricos prontos e acabados, lace aos quais nada
ponto de vista dos marcos teóríc esses trabalhos sao iguais do
nos cabe fazer além de adotar a um ou outro e recusar os demais. Espe-
suas análises e interpretações a~otam para o desenvolvimento de
cialmente, nao devemos ler as críticas a determinados modelos como se
TIOdelos teóricos sendo emp e . d ntrano, existem atualmente diversos
aconselhassem a preferência passiva por algum em especial. Todos são
o rna possível organizar a lite~a;;/:x~s~ e~tudo das pol/t,cas sociais, o que problemáticos, o que pode nos privar da segurança que um modelo definitivo
e,s em torno deles. en e agrupando os es tudos dispon/-
fornece, mas é o que nos dá a liberdade e o dever de pensar e exercitar
Com essa intençao ' enc on tramos hOJe
. em dia alguns trabalhos inte- nosso intelecto.
ssantes, como os de Ramesh Mishra e lan Gough , dos quais . faremos lar- Iniciamos por uma breve introduçao, com a apresentaçao dos modelos
, uso no correr de nossa argumentaçao • Em ambos , os autores .Ind'Icam os teóricos a serem discutidos. A partir daí, vamos considerar cada um em se-
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68

Polttica .sociaJ r e
""'bar,d Pob,,,..
.
---J()CÍIJU
daS i,v--~ s aqueles que se opõem a-
parado, apresentando-o_ s, avaliando-os e ilustrando i•"'~ rirneiro grupo, teriamaos neoliberais conserv
obras deles representativas. Na conclusao pr -Qs corn exc rxistas . No P ao estatal, como d' \adiam entre uma
. geral, tentando dar extrair algumas suge
ço mais , ocurarern
tõ e~os
os fazer urn b de si,ci81istas ma alquer interven! os autores •que se 19 conhecimento da
do teórico da polltica social. O texto termina coms es Para avançar no alan. os 1mente a qu dias No segu º'ct de centralizada e o re iais" como Be-
1ront: de nossos·ta pe·rante a autonoªmico e das reformas socno~s indicam,
indicam as obras de leitura ma_is indispensável e ~:~ebibhografia, na qu:~tu. dOre usp01 to econ orno seus .
da apenas para estudos de maior profundidade. consulta recornend:~ atitude de ~e do planejame~ Os demais grupos, estatal e do coletiv\srno,
necessid~eynes e ~a~~=;i;bilidade da interv~;:nçar o socialismo (George e
,endge, m quanto . e advogam para a
concorda as estratégias qu põ apenas dois
·ndo n 'ld' g pro em
II. OS MODELOS TEÓRICOS NA LITE diferi 1976). George e W1 in .. tas, cabendo
A RESPEITO DA POLíTICA SOCIA~ATU~A Wild1ng,odemos ver que, _no tun~~•anticoletivistas e..os col:~o mais é que
ps rupos mais dehn1d~'~oletivistas relutantes ) .que rtante pois chama
Quando estudam as polfticas sociais, os cientistas socia' grande gum terceiro (o ~os ue é uma dist1nçao impo o'. de um lado,
perspectivas teóricas muito diferentes. No limite, em cada is iodern ªdotar
obra existem tratamentos teóricos peculiares, no sentido de:u. ore ern cada :~:~s~:Onal. N~~r:~;::~t~d!:e!ncia~or.:~a~~~;~~u:~::~:~ ~ráticas :~~-
.1gua1s
. a quaisquer
. . variam as ênfases conceituais ao
outros, pois e exatarnent
. e atençao par:mento essencialmente m iv~ento coletivista, tende a r~c~ida e
de considerar a evidência empírica que cada qual realiza. as rnaneiras fica o pens O segundo, o pensa 11\ica social re
diferentes das que te o primeiro deiende uma po bate pela ampliação e
Nao é, contudo, destas dife_renças pura~ente individuais que tratare. dar. Caractenst1cam:nai' enquanto que o segundo se
mos. Para nossos efe1to_s, mais interessante e organizar a literatura exis-
tente em termos de conJuntos maiores de autores e obras, que PQdernos essenciat:çn!: i~st~umentos de poltlica soc1al.Wilding pode ser criticada
universa iz estão de George e ·1 r Dale em
estabelecer em funça_ o de suas grandes concordâncias e convergências
Embora relevantce, a s~~zem Peter Taylor-Gooby e Jennpod 1e em-s~-lhe
teóricas . Nosso ob1et1vo, portanto, é discutir aquilo que poderíarnos cha- . maneiras. orno ;~ ~v,nlnnir.,i da literatura,
mar "abordagens" ou "pontos de vista", compartilhados por diversos cien- de muitas e ropõe uma tipo_lQg~ De detalhe: a inclusao de
tistas sociais, até certo ponto independentemente de suas profissões. As-
sim, embora existam e sejam relevantes as distinções entre as perspectivas ] ~:: ~=~~~:s:~::;e~~:ee:~~ ~~:n~~ 1:,
;o~~.~~1~:i~:~:~a~~:e
típicas, por exemplo, de sociólogos, economistas, profissionais de serviço autores ~:Seando-se apenas no tato de ambos ~rso na Inglaterra do pós-
social, cientistas políticos e antropólogos, o que nos interessa são algurnas t1ficada, d processo de nacionalizações em c e corno acidental a re-
diferenças que antecedem as peculiaridades de cada categoria profissional, ferrenho;e :êtodo: George e Wilding tratam qual se houvesse conexões
situando-se mais propriamente no campo teórico . guerra. . como se entre e as
laçao entre valores e teonas, ale 1981, pp. 57-58) .
Muitos trabalhos recentes têm procurado organizar de maneira serne- mais profundas (Taylor-Gooby D ' ·e ões levantadas por Taylor Gooby e
lhante a bibliografia disponível, sugerindo diferentes tipologias ao longo das Podemos concordar com as obJ ç t·pologia que eles própnos su-
quais podemos classificar a produçao intelectual a respeito das políticas so- pod s considerar a I re-
Dale, mas dificilmente emo 6 . A contrário, ela mais aumenta que
ciais. Nem todos, porém, concordam quanto aos critérios adotados na mon- arem como plenamente sat1slat na. o
tagem das tipologias. Para facilitar nosso próprio trabalho, convém analisá-
los rapidamente . ;olve os problemas indicados . . lo . onde três grupos de auto-
põem uma tipo gia ·
Três desses estudos sugerem tipologias onde autores e obras se Taylor-Gooby e Dale pro chamam ''teorias normat1-
o que os autores .
agrupam em termos das orientações normativas que compartilham. Pode- res se alinham de acordo com . . reformismo e O estruturalismo.
mos, por isto, tratá-las como tipologias axiológicas, dado que seu elemento vas" da polltica social: o ,nd1v1duar,s~.' º1ogia cujos tipos são deiinidos a
deM nstruçao é caracteristicamente valorativo. Vale notar que estamos perante umaê ipo Assim pode lazer sentido con-
. . •to pouco homog neos. • .
1 Vic George e Paul Wilding, por exemplo, propõem organizar os auto- partir de cntênos mu_i .. ., . .. como orientações normatwas,
... d'1 'd ahsmo e o re 1orm1sm0
res que tratam das polfticas sociais em quatro grandes grupos: os anticoleti- siderar o in v1 u . de normatividade (idem, caps. 3
mas O "estruturalismo" nada tem, por si s6'
vistas, os coletivistas relutantes, os socialistas fabianos (ou reformistas) e
e 4) .
71

bpoS, P1nkor
1
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70 _..,,,,
l'Olflica SoCiaJ e Comba .
-~ - -
JaS ,,.,..--- . ento de sua
série bdeacentos às di-

Um segundo problema se localiza na maneira como


le à Poh,,t lQ 1'"' ,,ótid" . ara estabele~:r1vos pnnc1pa1s ordem social.
s cnténDS Psupostos no valiar a relaçao função delas, o
a constituiçao interna dos grupos mencionados. Dos três os aurores fraralll
-at;unente e:istem •rrêc~ram explica, r(es:Cial wettare)". EdOm das pol~icas so-
é simples e homogéneo, nele cabendo os autores esfri!a~:~nas O Pri111e;; e, que e pro oc1a no estu socia-
com o credo individualista dos liberais ortodoxos, como Frie~e identificados0 afirr11'3 teOriaS qu ~ srar s 6ricos usados suas dertvações 79 p
Os demais, ao contrário, são extremamente heterogêneos em;n e Haye~. ,ersas a social e ês ,nodelOS_te marxismo, com nt,r (Pinker, 19 • .
com múltiplas subcategorias e subgrupos. rac,onados, "'ºdanÇ nta para tr ,nica c/Assica, o coletiVismo merca
aotor ª~eoria econô a ··tradiÇáO dO . s dois primeiros
No estudo da polnica social, seriam "reformistas", para Ta
e Da/e tanto os intervencionistas relutantes (como Keynes e 1or-Goaby t ciais:5 a que ele cham
1,sta e o podemos no
. nsar de explicar od que a teona
s dIspe
s coisas . De
um la o, d
e e w 1Iding e-
quanto 'os consensua11stas
,. (como Tawney e Titmuss) e os sociatis•everidgeJ • 233)- . uma vez lembrar dua IO que Georg corno
. . D . ••~~
s,omstas (comoJ Cross/Gandbe . honmson), re~tando, ao final, um subgrup0 de Mais vale a pena matriz para aqui e Dale nomeiam ar-
um só autor, ohn K. aI ra,t , com sua nova economia PDlílica crQica" ,nadeloS, ma~ sica é a grand'.: ue Taylor-GoobY Pinker tem do m •
Como se pode ver, a pulverizaçao chega ao ponto de tratar a obra de · nomica ela: t·coletivismo
I e q çao ampliada que ento "colet1v1sta
eco mo an ue a acep pensam
autor singular como se formasse um subtipo próprio e independente. A dú~~ s;gnam co " De outro, q ") o torna igual aO .. os segundos .
da que fica é saber por que somente Galbraith merece a honraria, pois é evi- "individualismo ~as derivações·:· t do "estruturalismo d mercantil" sena a
dente que nenhum autor é inteiramente idêntico a qualquer outro (idem, p. X·1smo ("com s à variante marx1s a d·çao do coletivismo te" e "reformIs-
70) . . · se "tra 1 . lutan
dos primeiro de Pinker, a do "colet1v1smo re d1áno entre os
A mistura e a heterogeneidade do grupo dos "reformistas" só é am- Nos termos ara o que foi chama em um terreno interme marxismo. Do
pliada quando chegamos aos "estruturalistas". Ao tratá-los, Tayior-Gooby e principal ongemr! tradiçM se s1tuanaépoca, o liberalismo e~n,zaçao auto·
Dale realizam a proeza de conciliar abordagens em tudo diferentes, apenas mo". para ele, nsamentos de nossa ossibilidade da har ue este seIa
para que percebamos o quao irrelevante é o denominador comum que
apontam para agregá-los.
!t
dois grand~: separaria por reJ~~a::o~õmico, descrend~e~~i!,O mercantil
primeiro, e bem-estar e merca I Do marxismo, o.co d de urr conflito
Seriam "estruturalistas", para os autores, as seguintes três aborda- mática entre ··nho I promover aque e. d·tar na inevitab1hda e. . ao do capI·
de soz • . não acre I d substItuIç
gens da po/Qica social: o materialismo histórico marxista, o estrutural-funcio- caPª: ' distanciaria, por b m-estar através a sta tradiçao se
na/ismo e a teoria da convergência societária. Pouco precisamos dizer para tambem se·,·aria 1 a economia e o e palavras de Pinker, ne ma sociedade
identificar a primeira, sendo a segunda t(pica da obra de autores como Par- reconc1 . segundo as . Ihor em u .
qu_ e pelO socialismo. m-estar se realizam me . em algo que pode
sons e a terceira se caracterizando pela compreensão da po/Qica social co- talismo e "os ideais de l)e ocialista". mas sim
mo um elemento indissociável e inevitável da industrializaçao, transcenden- presume qu capitalista, nem s ó a que
e não seja nem . ·a" (idem, p. 237). álise mais te nc
do, portanto, as determinações do capitalismo e do socialismo. Exemplos de qu d "terceira vi Iano de an nte corpo
autores filiados a esta terceira perspectiva seriam Wilensky e Lebeaux. ~os c=:~d;•se a partir i:~~-~;:di; /coletivista" \~;: =~::eas teonas
O elemento compartilhado por essas abordagens, nas palavras dos
autores, é que elas "entendem a sociedade como um todo integrado", tru(s-
mo que em nada ajuda a perceber o que há de mais relevante no caso. Tra- em dms m . polRico, expos ' .
0
axiológica, ~:~e: ~;~:sqdiferentest:: : ~~~ 0~:r:s'. por ~ I: d;~;c:
lo menos ta c0. le
ºt'
pluralistas do s1ste;:iona/ do serviço social, ~traçao. como T1tmuss e e
ia-se do fato de que, embora até se possa dizer que o marxismo, o funciona-
o pensamento pro is orlantes autores dessa x e
lismo e a teoria da convergência estejam de acordo nesse ponto, elas são
abordagens profundamente diferentes , em termos teóricos, metodológicos e na obra de alguns imp delos que mais atençao ded,'.~:ti·
nas prescrições para a prática que realizam. Assim, não apenas este tercei- próprio. tes seriam os mo . A própria 1dé1a de •
Não por acaso, es ·1O da polnica social. mercado solida-
ro tipo da tipologia sugerida é contraditório com a lógica que preside à cria- . dizer a respei . radoxo, 0 de um à ai fica
çao dos outros, como sua identidade interna é altamente questionável. que mais têm ª.. t' m dentro de s1um pa d da política social, qu •
~ Uma terceira tipologia "axiológica" do pensamento a respeito das pol/- ·1smo mercantil con e I ao em parte depen e m o bem-estar dos cI
v .• uja so uç ercado co I o·
ticas sociais foi sugerida em 1979 por Robert Pinker, ele mesmo um autor ria e cole11v1sta, c. de conciliar o jogo do m e os defensores de ta c
que, em que pese sua importância, dificilmente se encaixaria em qualquer um incumbida a missao_ ortãncia, não é surpresa qu I do que os liberais (que
dada· os · Dada esta impem mais
. com a políl1ca socIa
dos tipos de George e Wilding e de Tay/or-Gooby e Da/e. Formulando mais letivismo se preocup
72
n
. .
Pólftica sociaJ. l! co
"1bat,dPob 6riC03 das polflica.< ,ociai,
rdo8'"' " .
imaginam que ela é prejudicial) ou que os
· m ap f '
enas como enõmeno transitório de uma d
.
marxistas (qu
e normalme t
,,,..
ª"° 1 tantes 1nsp1ra
. .
dos tanto em teorias consensual1Stas,
. . quanto
letivistas re u . ' . mo mercantil" e no estrutura\.lunclQl\al\smo.
. or em social co ne a e c0 do colebv1s . u· s de
Em estreita analogia com a anãlise de p · k nd enacta). "tradições aos dois textos que menc10namos a as, o
b · in er Graham R
o ra publicada no mesmo_ano de 1979, indicaria u~a lipolo i m_ 00 , em uma nas podemos pass~~~;::mos encontrar tentativas de organi_ zação da ite-
lhante, só que com seus tipos definidos a partir d . 9 a muito seme. Misnra e de Gougnifiicas sociais a partir das abordagens teóncas que ado-_
d •
mos es1gnar como essencialmente polnica e não P . e uma d1mensao que Pode. atura sobre as po '~ vamos retirar o coniunto de modelos que ana~sare
p 1 • .. ropnamente ax· r a d1scussov, .
ara e e, ex1st1nam atualmente três grandes interpreta õe . 10169ica. tam. Dess . lhe na seçao segumte • . _
a marxista, a liberal e a social-democrata (Room ç s da polltica social: rnos em maior dela 1978 Gough a1irmou que exisbam tres grupos ~e teo-
, 1979 , cap. 3). Escrevendo em eia\: 'as teorias funcionalistas, as teorias econamicas
A correspondência entre estes três últimos tipos e os m d 50
• obre a polí\ica . t · pluralistas da tomada de deci-
lados por Pinker nao é perfeita, mas é sugestiva. Assim qu O ehos 1 ªPon- nas s . ovemamenta1s e as eonas . . ru-
de acordo com e1e, "1 ·· ' O ecamamos sobre pohl1cas g d cada uma delas denvaria de urna d1se1pl111a em pa
co et1v1smo mercantil", com a importância qu ' 5 áO No seu enten er' . 1og·a a economia e a ciência pot~1ca
po lft · 1 pode ser agora visto
• como constituindo o tipo poI•·eco" confere. à · pectivamente a soc10 1 ,
1ca soc1a, cular, res
democra ta" ·in d.1cado por Rcom. Por extensão, ao modelo inspirado " I soc1a1.
(Gough, 1978). Gough locahza, sem que cons,ga demonstrar por
nom·a polít lá · d á na eco- No pnme1ro grupo, ~, com base no conceito de e,-
- 1 . 1ca c ss1ca correspon er o tipo "liberal". No caso do marxismo - sobre a pohuca soc1a1 \e
sao 1nte1ramente óbvios os paralelismos entre uma e outra classilicaçao. ' quê, tanto as exphcaçoes ões "tecnol6g1cas· (as que Taylor-Gooby e Oa
da dama quanto as expl1caç ") segundo grupo cons1stma
O problema na tipologia de Roem é que ela força a identificaçao políti- ' " da convergçnc,a · 0
ca de formas de pensamento que não necessariamente se constituem dessa designavam como teona •m ca do bem-€star (wettare econa-
õe da teona econo 1
maneira. Isto pode levar a que, mais uma vez, sejamos induzidos a tratar das diversas aplica<; s os sobre gastos públicos, assrn corno
mies) e dos estudos macroeconõm1c O terceiro finalmente, 111cluma o que
sob a mesma rubrica formas de conhecer e interpretar a política social
da obra de "liberais" como ~:1ed;an. 11\icas pú~1cas na ruea social, exem-
substantivamente diferentes, tal como vimos que acontecia com a categoria
"estruturalismo" nas maos de Taylor-Gooby e Dale. Para ilustrar: o tipo "libe-
ral" de Room termina por ser a única opçao de classificaçao com que fica- phhcados pnnc1pa\mente pela
Para Gough, as teonas une
ºtª
ele chama "estudos de caso so r: ~ai\ et ai à qual retornaremos
:nal1stas s~ caractenzariam por urna ten·
a ver as pob'\1cas soc1a1s corno
mos, quando nos defrontamos com autores que não são nem explicitamente rocessos sociais e - .. t úttuno ca-
marxistas, nem social-democratas. É verdade que ele admite dois subgru- dência a "ob1etivar os P - t t ra1s sociais ou nao ' nes e
respostas passivas a pressoes es ru .u ca; determm1stas, segundo as quais
pos entre os "liberais" (os "de mercado" e os "politicamente liberais"), mas
isto nao resolve a questao (idem, pp. 48-49). 50 pensando nas exp\ic:~~:x::~~~:.'. da mdustnahzaç~
as po\lt1cas soc1a1: sen
í't ~:~:;::
ib1hdade de captar a espec1f1c a e ue sena a
Vistas, assim, estas quatro possibilidades de organizaçao das obras
elas, em sua op1rnao, a po!~ambêm a poss1b1\1dade de perce~~:;, 1979, p.
que tratam da polftica social com base em critérios axiológicos e polfticos, mdustna\\zaçao moderna ai para o própno capitalismo
ve rificamos que há muita discordância de detalhe, mas também existem al- d d pol~1ca SOCI
gumas concordãncias mais gerais. A primeira e mais óbvia é que todos os Í\' tuncionalida e ª . pocl am ser agregados
3) . egU1ntes en .
autores estão de acordo quanto à existência de diversos tipos de pensa- 2 · h 0 s dois grupos s . Em primeiro lugar,
Segundo Goug , . . 10 por três motivos. . \Ili-
mento a respeito da polftica social. A segunda é que todos reconhecem doi:r . tegoria maior, e is teoria econõm1ca e po
em uma (mica ca . . m um ancestral comum na a me\odologia es-
tipos polares, um genericamente chamado "individualismo" ou "liberalismo", ' bo possu1na · . gariam um
porque am s . se undo, os drns empre_ . . \e não as classes
claramente derivado da teoria econômica clássica, e outro que podemos de- ca liberal clássica. Emindi~idualista, que vê_os indw1du:s os estuda em seus
signar "coletw1sta" ou "socialista", umbelicalmente ligado ao pensamento de sencia\mente igual, ~dades básicas da sociedade i~riam a perspectiva da
Marx.
sociais) como as u atitudes. Em \erceiro, ari:bos ae: termos das interpreta-
í A terceira concordância entre os autores é de que existe também um comportamento~. edesenvolvendo suas analises a artir de seus valores .
pr;nsarnento 1ntermed1áno (ou mais de um), diferente de qualquer dos ante- "teoria da açao .' ·tos humanos tazem da rea\idad~6 .: enquanto que as \eo-
riow:; O d1sscnso enlre eles estã na caracterizaçao mais precisa deste ções que os su1e1 d ·a a "subie\ivar" a hts n '
. \es ten en m
pen-1; 1mcnu,, talvez porque ele não seja mesmo dotado de uma só identida- Neste sentido, e "objetivariam" \idem, p. 24).
rias tunciona\1s\as a
dr• Assim, nf:,J;.1 mna 1ntermed1ána, cabem social-democratas, reformistas
74
po/lfica SOdaJ r e,-'-~
- ·•,vai~ d Pobr~ IPS',.s,
tá"'"'
.
dJJS
..
stJCiD"

, . a literatura
organiza
75

existente em cinco.
rma mais
tratando de Io .
. hra tambem as ch89ª a eles , de "tuncionahsmo .
"
l
A primeira objeçao que se pode levantar contra esta . . "' ,,,,,. ao. M1s " teóricos, m . com sua ideia ria da cidada·
. .
decorre da ligeireza com que e1e agrupa os estudos basead s ldé,as de Gough ô~itTl'' seçs de vista Gough fazia considerar: a teo bOrdagem
0
cidadania com o trabalho dos teóricos da "convergência" ~ na noçao da naP~as "p0nt~átgamª .que as perspecuvas o marxismo e a a
amálgama o nome de "funcionalismo". Não só existem como' and o a esse 9,an da o a seriam funcionahs ·
, funcion
renças muito importantes entre eles, como o próprio termo veremos
i- 'd,_.fe. ade<iº~;shra, est:nvergência , o . to o problema de sere:
mais bem empregado se o utilizarmos para identificar uma pers ª isrno fica para re0ria dB t (Mishra, 1981). resolve-se com is ontudo, com outro, poI
.
pecff,ca, que nao se confunde nem com a tese da cidadania ne Pectiva es- ní8, 3,,,,ço sacia pede perceber, . eiras. Ficamos, c . mo que Gough, com
"teoria da convergência". ' rn con, a dO se Co"'º s;stintas as _ trêse~~:ômicas e do pl~r~'! não englobados nos
A segunda crílica vem do fato de que a classificaçao sugerid 1e1ivatTlente diz das teonas tos de vista relevan e
'\ Gough deixa de fora uma imensa quantidade de obras, as que nao se e: Por e hra nada . como pon roteg1do dessa
f.,11s identit1cava Mishra estava P ustiva.
li \\ r- xam em nenhum dos três (ou dois) tipos desc ritos por ele. Ao que pareca,- iazao, . de-se dizer que ti ologia tosse exa •
\. , 1 } ele mesmo tomaria consciência disso, pois, em obra posterior, se referiri~e~ ootrº\m certa medida; ~gum pretendia que su: o~ra queria so_ m ent\e;aa
/ urna quarta (ou terceira) abordagem da polílica social. is em momen o oso ao afirmar que su tivas principais (so r
t'"f Esta seria, em suas palavra s, uma perspectiva "mais empfrica, ecléti-
"--- ca e multidisciplinar", característica dos profissionais do serviço soc ial. Pa.
crnica,
AO contr n;·o ele era cautel de vista ou perspe~ . bOrdagens (idem, p.
desses pontos bre outras poss1ve1s a
ra Gough, ela teria surgido em resposta aos problemas anteriores, especial- minar "c1nc I)" nada dizendo so te queremos
mente na obra de autores preocupados com a aplicabilidade de suas análi- polft1ca soc1a ' do problema. Se realment dO da pol~i-
ses. Referindo-se a Titmu ss, o principal representante des ta perspectiva na X) . · a soluçoo das no es u
1 . Isto, porém, nao ~eôricas atualmente empre~~ importantes, mas tam·
opinião de Gough, seria uma abordagem que inclui aspectos de Iodas as
d·scutir as abOrdagens nos cabe listar todas as m e sao efetivamente mais
outras, "justapondo-as (... ) de maneira assistemática, sem que uma síntese , , 1 não apenas . .dentiticando as qu
teórica emerja" (idem, p. 25). ca sodc,a ~mos hierarquiza-las, 1 d vamos fundir
E o marxismo? Como vimos, Gough não o discute ao mencionar seus bém ev · mais adequa a, ões
três (ou dois) tipos básicos. Também nao o acrescenta nos moldes do que dotadas. he ar a uma tipologia e fundo as discuss , .
faz com a aborcíagem do serviço social. Mas ele se refere ao marxismo co- a Tentando, então, e ~ishra, tendo como pano d obteremos uma ser!e
ugestoes de Gough e dos Assim proE_ede~ - ;;;is-~ '
mo uma abordager, que viria a resolver os problemas das demais, se rvindo as s 5 menciona · dois subgru tc. • - d so
de solução para suas imprecisões e lacunas. Só que, no entender de Gough, dos outros autore . ntes organizadas em - atro restantes , e u
uma abordagem marxista à polftíca social ainda tinha de ser formulada . O de ~e1e abOrda~ensJ{e~~undi~ãs. N,o segunão~a~~~iras analisaremos com
trabalho dele próprio seria um desses começos. teríamos as trcs m . zidos de autores . As P ao
A única desculpa para tal afirmativa é que, na altura em quo escrevia, limitado a grupos mais ~e~~cando às outras menor atenç .
o grande surto de investigações marxistas sobre a política social somente mais c~1dado à_frente, 1:çM que propomos:
E a seguinte a re
começava, como veremos mais adiante. Mas havia já uma abundante pro-
A "perspect1va dOserv1ç, , , oc1a/" ' .!.
--'

I
duçno de obras inspiradas no marxismo !ratando da política social, mesmo
se criticá veis. Além delas, a obra do próprio Marx estava disponível há mais A "teona da c1dadan1a1 -
do um século, nela existindo uma preocupação nem que lesse menor com a ,,· o marxismo• " . \
lemática da política social. O "func1onaf1smo ." i
Por estas razõos, vemos que Gough torminava por considerar cinco e A "toaria da convergência
n!!o lrôs abordagens ao estudo da política social: o funcional~ teorias \
o "pturalismo" . da politica social": •
oconóm1cas, o pluralismo, a perspectiva do serviço social a o marxismo. 1A "teorias econôm1cas a dois lembretes sao ne-
Trata-so de uma classi f1caçao rnzoavelmenle satisfatória, salvo o problema s à a rose ntaçao de cada um ' caracteristicas mais
mencionado na acopçao que Gough tinha do funcionalismo. Antes de lu:ar, que vamos cons~~::ª;n~~viduais. Assim, qua~-
Corrigindo exatamente esta questão, mas incorrendo em ou tras, va- cessános. Em P oordagens o não os aut . da abordagem, nao
mos encontrar o trabalho no Mishra, aq uele em que mais nos basearemos gerais das diferentos a ualquer adota determina
do afirmarmos qu e um autor Q
76

testaremos
. a e d.izendo que sua ob • P u. · ricOS das pai/ricas sociais 71
ambem o Oca So .
Ó
mpregam C ra e ex Clal,c
,;o,J,,g'"'"oha
Em segund . ada um for atamente i °"'bo,, d deixar 11. própria
sorte todos aqueles que nao conseguissem,
do serviço social'? lugar, valendo P~osamente, te~ua1 à daque1 Pob,,,. que_propu vencer no mercado competitivo. Face a tais "teorizações", os pri-
profissionais do ' queremos deixa ra a primeira a~uas Pecuts. outros soz1ohOS'
. ro1issionais dessa tormaçov,~ se .insurgiram,
. denunciando
. os males
economistas . serviço social r _claro que nã rdagem ª,'.idades que meiros . ' 1os. Para essa missão.
sociais pe convocando a socre. dade para corngr- . _acu-
uma tal "per~i~:~it~~~s ~olítico/;i~~ól~ue cons~d:~i:rem~s~ P:rsPectiv, mular evidência sobre ostprodb\emas era mais_1mportant: . que explica-los,
serviço social comung, nao quer d.1zer sugos etc. Ass1m
. os ,nade
. quad a com os agir mais premente q~e en en er, so1uc1onar mais necessano que "teorizar".
possível que exista am de um único por que lodos ' afirma, que o Para AUtores ingleses como Booth e Rowntree, bem como os Webb no rni-
qualquer uma d m profissionais d ponto de vista t ó os Profiss; existe io de suas carreiras, são exemplos adequados dessas atitudes. Nos Esta•
mos, é típica ap::a~~ras abordagents:: for.:nação a~o;:co. Ao co~~:;s de ~os Unidos, o processo de nascimento foi algo diferente, pois o serviço so-
e alguns desses profsa .perspectiva"ndo Praticam 'º· é cial emergiu principalmente no interior das empresas industriais, integrando e
iss1onais . ' como rnostrare-
ente
administrando as diversas iniciativas daquilo que podemos chamar "welfa-
rismo empresarial" (welfare capitalism). Nos dois lugares, porém, constata·
mos um mesmo momento inicial de aversao às teorias e de preferência pe-
III. SETE ABO RDAGE los "!atos".
Seria equivocado, contudo, atribuir a essas circunstâncias de nasci·
DAS POLfTICAS SONCS AO ESTUDO
IAIS menta a continuada indiferença da perspectiva do serviço social para com a
teorizaçao. Antes, devemos buscar as razões para isto na maneira mesma
A "PERSPECTIVA D em que formula seu objeto e seus métodos de trabalho.
E O SER VIÇO . Dito de forma simplificada, a idéia nuclear desta perspectiva é a de
sta aborda SOCIAL"
gem é "melhoria social" e não a preocuoacâo com o estabelecimento de um corpo
soc1a1s. Mais trad1 a mais trad1c1ona1 e de conhecimento sobre as determina ões dos problemas sociais. Para ela, a
formulada inrcral c1onal, porque é a mais antiga no estu
anos. Mais anti mente, mantendo-se que menos mudou d do das polOrcas questão e pr tica, sendo seus representantes movidos mais pelo desejo de
mudar (ou, talvez melhor, de "consertar" e "remendar") o mundo, do que de
autores dÕ° séc!/;/;)~rque, feita exce~~m ~otável pers1stên~~:e tqua~do for
entendê-lo. Nisto, como lembra Mishra, ela se assemelha ao marxismo, mas,
Primeiro lugar se d d , como Marx e os o e alguns escritos a raves dos
Nenhuma e rcou a considerar economistas clássr esparsos de onde este vê a necessidade de transformações "de atacado" na sociedade,
gorosa, no entan~essas afirmações d s1stemat1camente as cos, for a que em esta tende mais a identificar a possibilidade de reformas "de varejo". Se o
serviço so . o. De um lado eve ser tomada políticas soc1a1s marxismo é a engenharia da ruptura radical, o serviço social seria o trata-
cral e a , porque como pe f mento em doses homeopáticas dos males da sociedade (ver Mrshra, 1981,-
transformaç. mais estável , se é verdad r e1tamente rr-
/ de haver ap~~s, até importantes nem por isto ela ~:ue a perspectrva do
p. 5). Dada esta preocupaçao central com a idéia de "methOria", podemos
ª
const1tu1u, b:c1do ainda no últr~om sua traietória. De or~ou de passar por
A m drzfil em quartel do . u ro, porque a deduzir, como Mishra faz, que a ênfase da perspectiva será posta sempre
no estudo de situações locais e no máximo nacionais, pouca atença.o res·
.,,-. seja su: ~~nctará r'.º• tal:e;-au~sorreº1teóriQo
-- - çaopa
mos entendê-la - . ra !) e'!IJJ.fnco e
eva nt -=
e característica
e~
o.
~:st:
- tando para ensaios generalizantes e comparativos. Para poder instrumenta·
res e de suas ~omo 'o estudo s , s ~ ~ c o Com desta abordagem-
\izar-se para a prática, o serviço social tem torçosamente de buscar o deta·
se' portanto d:o uções por reformas ~mát,co dos P~obte::a drz Mrshra, pode- lhe e a minúcia em cada programa especílico, o que relega a visão compara·
prátrca e ra,; me~t:a abordagem esse~~~::adas" (Mrshra ~9~~c1a1s smgula- tiva para planos menos importantes.
Também porque se ocupa crucialmente da açao, esta perspectiva
A rndrf preocupada com mente reform, ' 1' p. 3). Trata-
tende a concentrar seu esforço no estudo de programas governamentais e \
chega à ho:r:,~d:~: d~sta Perspectrv: ::::zaçao e a es~::u~~;;tada para a empresariais particulares, vistos quase sempre fora de quadros determinati- , ®
in,cralmente na ln 1 ' eriva, em parte de com a teoria que o. vos maiores. Caracteristicamente, ela os estuda usando de ecléticas m·rstu· \
,,an cont ra a teorr~ ~, :ra e nos Estado~ uni!uas origens •h,stór:uitas vezes ras de teorias e métodos, mais como uma abordagem multid·rscip\"rnar e apli· l
ra/ ortodoxa e e t os, o serviço s as. Surgido
x remada dos meados ocral for um
d a rea- cada do que como uma teoria especifica. O problema, como diz Gough em
o século XIX,
79

. d,IS pelfticiJJ sociais


78 ,I; 1
' .. ,,,.,,Jag'"' ie6ncas oes podemos concordar com Mishra quando ele
\p )) \ política .
u!T1ªriand es_tas.observaÇ
. traços da• perspectiva de serviço • notando, com
. social,
assagem que já citamos SOCia/ e cDrnba
confusao, gerando as "jus;aé que _tal ecletismo fre ü ,, dPobr,,. 0 1 (
ident111ca
. . os pnnc1paIs• implica considerar que todo e qualquer autor a e1a
S I
/ regra, portanto, no interior d!'°s1çoes assistemátic~s:ntemente só e ele, que ª1 s(ntese na0
d subscrevê-los .
integralmente (idem, p. 8). Assim,
. ernbOra
, vas. U • ª que
perspectiva, é de ausencia d ele se refer"Onduz a 1
vincu a~w~ª e. alar que esta perspect,va . esteIa. mudando, seus traços
ma decorrência im e teorias e A .'ª· l
, e passa ass1n
se manifesta na pró ri portante dessa ênfase e XPhcati- .s ger_ais ainda
ate
111ais sao de
estudo pol~icas e problemas no âmbito estritamente local e
atualmente:
empregada pela per~p:c~~f1mçao de polfüca social: programas Particu
, ,,~ _social "" de "" m a do '"''º social. Poa :,• oacoc•o,i;~ '"•
açoes concretas que det!ne1ra pronto no real, confun:-' o conceito de~~te
a) 1ocalizar
nacional o
. - iar estudo de programas governamentais . e empresana1 . .s .isolados
b)) pnVI eg
adotar
1 urna Oabordagem essencialmente
. voltada para a " prática
. "
\ executa sob es . rm1nado governo indo•se co lt,-
,', pensamento teósnacorubnca. Assim, quem defin!mo qdeterminado luga~eatqueias ~) passuir um enfoque multidisciplinar e teoricamente conluso
' ,masapá · ueépoff emPO
pelo governo chamada d " bca governamental S ' ,ca social não é '

:,""'""'· "~ª"'º :,:,';.;'- ª '"""~" do:~::':= ., ª'~;;-.


e) ser basicamente emp1nsta . . . . ,
n situar-se ingenuamente perante os efeitos 1deol6g1cos de sua própna pra·
rfi rno cancela uma atividade S ç.
a _em seu "conceito" social se limita
, ,cativo a pe anteriormente d . . e, vice-ver tica.corno lembra Mishra, estas caracter!sticas lazem com que a perspec·
utiliza. Mutati/::t:~~a abole prestamente :~~g:ada.por ele com e:;,/ go- tiva do serviço social seia dilerente das demais abOrdagens que considera-

.
,"""'"ª ~•ada.
. Como se pode

0
m"=. "'"' '"ª":::":: da de1i;ção:
g nte em pauta é
remos adiante. Para todos os efeitos, ela não representa urna teoria, estrito
senso , sobre a pol~ica e o bem-estar social, mas isto nao
faz com que ela
perca importância corno marco de relerência intelectual e ideológico para
so~1al simplesmente ~:ceber, isso significa que a
:lfiw = a,.;~;;:,::;" ;me,pmo,,;; ,",':,; ' ' -a oo':
a
Da, derivam inúme tem um conceito próp . d perspectiva do se . muitosO
estudos
tom desobre
criticaoque
ternaviemos
(idem, adotando
p. 8). até aqui não significa urna recu-
.subordina a reflexa à mp,nsmo ingénuo" cos, que podema sa global e perernptória desta perspectiva. Ao contrário, podemos notar que
assim, se vê impedido d~ s flutuações dos huma~ no duplo sentido de alg~ algumas de suas caractertsticas muitas vezes produzem efeitos positivos,
Também por est as pensar e criticar os governamentais e q tanto no plano do conhecimento, quanto no normativo.
recente as razõe ·
s, .ª perspectiva do
ue, t:) Assim, a ênfase nacional e a orientaçao para a açao fazem com que a r
há ~~~i:ª
cial mente começa a co .
i;genuidade id:~;~r libertar-se (e ist:::1: social só muito
perspectiva do serviço social, mais do que qualquer outra, tenha a praticida·

no trabalhode ~:ofessasse seu r:c~~~:empre foi muito trp~;:~:1 ain:a par•


de de suas interpretações e recomendações corno urna meta crucial. Esta é

:~:"'' "ª ,.,::;..~: "'ª '"""'"~:"::: ,_'"'ª ,,:.;:g;:


urna dirnensao extremamente louvável desta perspectiva, pois, treqüente-
rnente, as outras, em nome de urn hipotético rigor teórico, só conseguem
mo se ela nao
bada pel . tivesse teracionaliza çao da ordemque cega
. para seu pró- chegar a leituras inócuas da realidade social.
, •,!º Veas tarefas "práticas" mpo para pensar nisto social. Mai$ uma vez urna seg_unda dimensão positiva é sua preocupação com problemas
mos a · · • po,s est ' socía/rnénte relevantes. Ao orientar-se praticamente, a perspectiva do servi-
l1vamente a 1' ssIm, que a ênfas " ava assober•
" evouem . enoemt · ço social trata de ternas que afetam de lorrna até dramática determinados
realidade dos muitos casos Pnco" podia le á segmentos sociais, muitas vezes mostrando ao conjunto da sociedade sua
como sua princirOblemas sociais" a uma leitura mio v ·la, como ele-
cava pela no • pai virtude dado qu'e u se1a, daquilo mepe e desfocada da
existência e gravidade.
T Çao de " • .
ai def1c1ênc1a é
era u
pratica", isto é d ma perspectiva
smo qu
e ela erigia f?! , Além destes atributos, pod~ S d~ ~é ta!l}béro.Uma..P-elô.~ va
m,taçao desta ~e desnecessário di~ere ações possíveis e:e se auto•expli• · 16G.:!.avel do ponto de vist~ sua ades~ valores humanitários. Ainda que
rspecJ,va. ' pode ser vista como cada contexto •
uma severa às vezes seia urn humanitarismo que se poderia chamar ,ngeríuo, esta é
li-
urna caracter(stica quase sempre presente nas obras identiticadas com ela.
P~demos sint(llgar todo~ estes atributos positivos dizendo que é urna
perspect1va preocupada com a socied~e_amudao.ça social ern-um sentido
visão prática de problemas socialmente relevantes
•••
80 8\
. dOS pcllíi<"' soci<Jls
e por sua adesao />Olltic ~s'"' ,,6,;cas . . . .
varn tao interligadas que qualquer prol1ss10nal part1lhana da
as questões concr:t:alores humanitários a 'ºcial • c°'>lba,,
muijo maior do quse eé ~~i~os::t~~ im'e~:::: de~tna aborda d Pob,,,,, uua e .encon 1ra no entanto, depois de sucessivas
1-1o·e . . ,. r10 ensino
rev1sues . e na
5
0perspecU~~~ pr~fissionais, tal li~açao nao pode mais ser est~belecida com
'.}JJ' Para fornecer . mais teorizaçõe: r;cebem onde a1uaça~ Muitos prolissionais nao apenas cnt,cam a perspect1va 1rad1c10nal
f .., l/ nrus cuja obra aos leitores uma id. . obre a POI . aten-- ciarez · aram a adotar outros marcos de reler~cia para seu trabalho.
V::--' que deve ser lepodmbe ser identificada coe1a dos princi ais ~1ca so.
co(Oºpass
~- t . rado • m esta ~ .
,,>j/ ~::: O
0
:;vuidmade tanto ac:d~:::eqrtueza de Ric::::rctItiva, prj~::roernac;o-
• importa t • anto de mus no A "'TEORIA DA CIDADANIA"
~~c~nal dos anos : :r::ddor da lnglaterr:~póssonagov:;n~~me uma%~
eveu livros os 60 p . s-guerr ntal r- Até os meados dos anos 70, quando o interesse dos marxistas pela polftica
polfticas sociais s;:r:n:gsituaçao de ~eue;;~1:aior d; múlt~~l~:~tª'~en~~ social despertou, a principal abordagem teôrica existente nesse campo de
cos (como não . as colônias in I ambem sobr n eresses estudos era a que podemos chamar "te__9Iia da cidadsn\?". Como vimos, a
mais gerais, de ::na dei_xar de ser), ~::~:- N~las, tratou ~eºt:1stema d~ perspectiva do serviço social nao chegava a ser uma "teoria", o que lazia
merecem destaq ue. e de filosofia da polfii ca social
mbemEntse voltou Paramas Prát;.

te~~:
_ questõ com que, salvo as outras abordagens de menor dilusão, a "teoria da cidada-
pnmeiro · . · re seus . es 1
O as nia", a bem dizer, reinasse absoluta.
país sobre hnha "prática", foi um e escritos, dois A identidade própria dessa abordagem é dada pela centralidade que o .
Intitulado Incarne _nc,_as da distribui a studo de grande im conceito de "cidadania" possui em seu interior. Para ela, o entendimento da \ '
a mudança . D1stnbution and So ç· º, das rendas inglesa pacto em seu
social") c,a Cha .. s no põ polftica social é inseparável da compreensão do processo de expansão e de \ ;.-:
zada, a distribuiçao •da obra mostrava que nge ( A distribuiçao d s--guerra.
igualitária no e renda da popula '. ao contrário da o i . a renda e transtormaçao da cidadania no mundo moderno.
O ensaio seminal dessa abordagem loi escrito logo depois da 2'l Guer·
tos então e período. Para isto tev çao inglesa não tinha P n,ao generali-
mpregad • e ele de -- se tornad ra Mundial, por T. 1-1. Marshall. Inicialmente uma conferência, tal texto, intitu·
os cálculos relev o pela contabilidade cnt1car o conceito d º.mais lado "Classe social e cidadania", cedo se tomou um clássico (Marshall,
social ganhara antes. Com o livro o dnac1onal e refazer mi e _rend1men-
dade de am li m uma base estatísti~a s efensores da expans~c1osamente 1963). Como se pode depreender do tftulo do ensaio, Marshall pretendia nele
época de pr~ ar a cobertura dos prog muito segura para justif o da pol~ica
O s spendade econômic ramas sociais mes icar a necessi- examinar as dilerentes e complexas relaçC>es que existem entre as noçC>es
de classe social e de cidadania. A primeira se reteriria aos elementos de
"generosa~~utdo, chamado The ~;;~1 (Titmuss, 1962). mo em meio a uma
dilerenciaçao e desigualdade caracterlsticos das sociedades modernas. A

~:n~~:~~~~=/~t;i!:ç:~
seu ' o, sua últim b elallonship ("A
segunda, ao contrário, afirmaria uma igualdade básica entre as pessoas, de-
~~:•pq;ii~~:: ~~~i:~:d~v:ººud:~:. ~eu corrente, em suas palavras, da participaçao integral de todas na comunidade
, ue eram a ma apoio • caso da d nacional. Antes, porém, de explorar as disiunções e contradições entre am·
dos Estados Uni~~;raMna Inglaterra, o:~::s doações estrita~:~~º de san- bas, devemos, como Marshall, explicar melhor a prôpria idéia de cidadania.
eia ao america ·. ostrando ue -as ao sistema e e voluntá- Para ele, a cidadania é essencialmente um conjunto de direitos, que se
truísta e no, o livro term·,n q o padrao inglês e omerc1al vigente
generos ava por ra supe · podem subdividir em três blocos: os direitos civis, os direitos políticos e os
"egoísta" e sub a,_ao mesmo tempo ser uma delesa da nor em eficiên-
. (' Além de ~~lida às regras do m~ue uma condenaçao ~olfl1ca _social al- direitos sociais. Eles não surgiram iuntos na história, pelo contrário, tendo si-
tiva do serviço~s.s, outros autora reado econômico (Til a pofn1ca social do necessàrios alguns séculos até que cada um se configurasse e todos se
tundissem. Assim, a cidadania integral, com todas suas três dimensões, se·
dois bons exem:~ct:Pi:~ suas obrat ~~n~:7poorãne~s ad:~:s~ ~'9pe73).
Ant - er, 1979 e onmson rspec- ria algootlpico
~e apenas
~L do segundo
século XX.
Marshall, seriam aqueles "necessários à li·
O
uma ldé. e_~ de concluir esta bre' onmson et a7., 1975) na Inglaterra, são
,a Ja elaborada atrá ve apresenta a . berdade individual: liberdade de ir e vir, liberdade de imprensa, pensamento e
ontre "perspectiv .. s. Trata-se d ç o, vale a pen . . _ lê, o direito à propriedade e de concluir contratos válidos e o direito à ius\iça".
flsst'Jo" do a do serviço social a necessidade de . a ins1st1r em
serviço social O ' nos termos . evitar a confusao Este último produz a possibilidade de garantir os demais em igualdade com
. urante muitos anos aqui discutidos e a " qualquer oulra pessoa, e sugere que as instituiçoos mais cruciais para o
' era possível d'Izer que
' uma pro-e
82

exercício
(p, 112) • e a Salvag uarda d Polti
Os d1r os direij ~<Q So . a, daS pcUncaJ sociais 83
corno rne~~~ Pol~1cos são os civis são ""'• <°"'ho,. • -~g'"'" Ó
(IC
ida em que a nascente economia moderna exigia a liberaçao da mao-
eleitor d o de urn os de .. os tnb 1>oi,,
tos de v os rnernbro organ1srno Part,c,Pa una,s ,., Nª med das amarras da sociedade feudal, permitindo com que os indivíduos
Tarnbé otar e ser s de tal or investido r fio exe~ de füs1, de-Obr\m movimentar-se no espaço e nas ocupações, os direitos civis te-
lo rn eles t votado 9an1srno" de aut crc,o a ç,
s: Pari enarn , assirn . Ern b ondad o llo(I pudess .1 t "
0 Fin arnento 1nst1tuiçõe Part1cip reve e Pol~,c e, Poi~ nafll emergido "matena men ee.os soc1a1s
. . surgem, para Marshall, sem que se
I easc· ses ando d ' ªou ,,. Jâ os direitos pollt1cos
um a rnente arnaras r Pecff1cas os ' 0sao e~ c0nsiga discernir quais. seu.s fatores explic~tivos, pois_faltam, no texto, men- e.
0

por : : : i e be;,;;:~a~~h~t::~~:~tivase:~~:,9adas de ~ p~~I:~ çõElS aos processos hrstóncos reais atraves dos quais teriam sido produzi-
acordo co ' na herarJça rJom,co e d os soc1a,s ~I (p, 112) atena1,i·. dos os resultado.s apontados. Ao contràno, o.estabelecimento de arnbOs r
m os soc,a/ e segu vao d · .. tennina por ser visto como _um p'?cesso evolutivo, fundamentafrnemeJjnear ,
Pa avras padrões e a le rarJça a esde .. e ;ncremental. Como drz M1shra, a narrativa de Marshall pode ser lida corno .<

d:
1 ad , os direitos a u que prevalece var a vida de o d,re,10 de o d,re,10
n1rna 1 a
a história da aflrrnaçao gradual e inevitável de um certo tipo de conceito de °'
tais direi::~ve1. Agora,: ~u~;1dade v:~tc'edade~~=er c,:: ;:a,, cidadania inerente à natureza e ao desenvolvimento da sociedade inglesa". '
N enam o s1ste 1 s I U1ções res socialmente nam, em de Em outras palavras, algo que podemos considerar essencialmente proble- ·-
de c1dadº argurnento de Mma educacional :nsáve1s JJela acerta co~utras mãtico (o surgimento de instâncias de igualdade em uma sociedade basica-
ama te • arshall os ser Substa a m.
culo XV111 nam trilhado ' os três com vrços soc,a ntrvaçao d mente desigual) acaba sendo "desproblernatizado", vindo a ser tratado como
cos e o X~1u a afirmaçao dcaminhos separadP0nentes do co rs (p. 113). e se lasse a coisa mais natural do mundo (Mishra, 1981, p. 30).
tanto, como ~ss1stiu à cons~~ d;ertos c1v1s o~~; diferentes :;~10 mOderno Deixando estas questões de lado, podemos nos concentrar agora na
cetada. -v1sf'JlºSr a c1dadç o dos soc;a,s S0a generahzaçaomdpa, Osé. análise dos direitos sociais e da cidadania social correspondente a eles. É ((-
- ) an,a pod · mente os llOI" precisamente neste ponto que as idêias de Marshall mais contribulram para
Devemo -J e ser ent nd na atual1d ,,_
estava r f s ter claro "-s;'J\. -A,Q e 1a dessa ade, Por- detinir toda urna abOrdagem ao estudo das pollticas sociais.
ele não ::nda à lnglaterr~~e a análise de Ma ; ~ar;f'.rt Nao que a discussao que acabamos de ver seja irrelevante para o te-

=,
,, , ' . tnfa- -
ma. Ao encaixar o tratamento da polltica social no esquema da evoluçao
outros con eªPhca, em Prrnc! apenas a ela. As~~ all, no ensaio em , ,,
mais geral da cidadania, Marshall lhe assegurava urna posiçao prestigiosa,
parece tert t,~~s. O próprro apeo~recesso de:x~ cro~olog,a sug~~~;tão, trazendo-a para o plano das instituições mais valorizadas da sociedade
Passage conscrênc, ' o que se ansao da crd por contemporânea. Para ele, os serviços educacionais e sociais deviam ser
crever a :~:~::d: 1mp1rc,~ ;~~ºa ~:ra dess~i:,1:;;~ender do ~i:~\e~ vistos em pé de igualdade a instituições das quais o pensamento moderno
des Isto, porém n~~rd_adanra na soc,~~ênc,a por ele a~n~m ma,s de uma com toda razao se orgulhava e se orgulha: a imprensa livre, o sistema de
d envolvimento 'd e verdade, po d ade modema em ada P0dena des- justiça, os parlamentos de representaçao universal. Desta forma, ele nobili-
em secular co a crdadanra em r o,s motivos P geral tava os serviços sociais e propunha que nao fossem mais tratados como
caso d ' m Período muitos par · or um lado aspectos de importância secundária na sociedade.
(
estab e algumas na - s de afrrmaçao d ses nao Obed , porque o Assim, em que pesem as limitações de sua análise ao caso inglês e
elec,mento d çoes do Tercerr os drre,tos c,v eceu àquela or-
sequência, que ~s drrertos polftrcoso( Mundo), ou entao mu,to retardados apesar dos problemas na sua explicaçao histórica, o efeito das idéias de
Marshall foi trazer a discussao das polfticas sociais para a "sala de visitas"
dos três drre,tos fo,ªr~hall aparentemen~aso dos Estados U~~ltàneos aos de
o os drre,tos s~c caramente romprd e supunha necessá , os). Por outro da sociedade contemporânea, tirando-a da "cozinha" a que estava relegada.
Depois de Marshall, a polltica social passou a ser muito mais respeitada, fora
ev1dênc1a atual. ,a,s vieram antes d a no caso dos pars na, na afrrmaça;
Um segundo os drre,tos c,v,s e socrahstas, on- dos circulas tradicional e imediatamente envolvidos com ela, como os admi-
mente cons problema no rcos, a crer nistradores públicos, os sociólogos e os profissionais de serviço social.

;~:~:ê
O conceito marshalliano de direitos sociais certamente não está isento
atrrrnaçao d:9ue explicar os protsquerna rnarshalliano . na
de problemas. Lembremos que, para ele, tais direitos eram definidos de ma-
cado ó o que ~:.~aª~~ de direito. histô'.icos concr:t~~es e~ escassa- neira muito vaga: "tudo o que vai desde o direito a um mínimo de bem-estar
como urna es • estabelec,rnent s, o unrco que é . u jacentes à
económico e segurança ao direito de participar, por completo, na herança
pec,e do coroláno da o dos direitos civis parcialmente expli-
generalizaçao das r~1:1stos por Marshall social e levar a vida de um ser civilizado de acordo com os padrões que
çOes de mercado.
1
84
85
prevalece
seg urança? mnaso· ciedade" M Pollti _,,,,,,, ttÓ,;cas dilS pnJ[tiea$ ,ociDis
ran 0 que · as
ça social"? O exatament o que se .
<asa ·
ctaJ • e°"""' ,,,,,,....., ceito de cidadania, assim, nao se resume li posse de determi-
ela é fixada? Q que é a "v'd e quer diz e n,? esse "rnr . ''à Pob _; O cento de direitos, que podem variar de sociedade para sociedade de
A . uem fixa tais i a _de um se/ . Participar n1rno" de ''"'
n do con1un m suas diierenças concretas . Antes, e1a .1mp1·1ca possuir. os mes-
como estas quest-
que . oes M
cnterios? civilizado"?' P<lr corn bern-es1
• Se Plet ª' e a
acorddo cotos na esfera do civil, do polftico e do social. implica, portanto, que
rio, Pois m dissesse "d
arshall res 9Undo qu o, na he. fll?S ,rei
tenham, iguais condições
. de acesso ao mínimo . que a sociedade,
. no
solut ' caso aceitá epende". 1st Pondeu de f e PadrOe
. o, onde ssemos t . o, contud orrna int . s estãdio de desenvolvimento em que estiver,
to<JOS · aceita
. como tolerãvel.
direitos e '.por definição t ai imprecisa·o o, está lon e1rarnente
· . a c1dad . , erra che ge d abe
inexistência E ama social m mos que qualq garfamos ao e ser satisf n~. Assim, corno diz Julia Parker:
dente a zer. m outras pal~v esmo quando uer sociedad relativisrno ato. detender uma distribuição de serviços e recursos baseada nos principias da cida -
dania é afirmar que as condições individuais de vida devem ser pro tegidas por de-
ainda assimo às instituições ~as, Poder/amoss~ ta_ o pequen~ estabeleceab.

o:,,~ ,.,.,::
cisões pollticas que garantam nlveis aceitáveis de cuidados médicos e sociais, de
'"' ""'""' ':""" ",.,,,.,/""'""" de :: " " - educação, de renda e assim por diante, independentemente do poder da tiarga-
conteúdo co e ~.semos comonála acepçao da et1var seus "d· acesso ten- nha de cada individuo. Todos teriam de ter os mesmos direitos de romparlilhar de
Um mo mínimo" . v idos os critérios
. palavra ' bastando
ire,tos" , rnas
1udo aquilo que fosse fornecido, nos mesmos termos que qualquer outra pessoa.
. problema . que fixara Para iss Necessidades iguais teriam de receber tratamento igual, sem nenhuma discrimi-
pe,to dos "d' . part1cularm m deter . o nação a tavor ou contra quaisquer grupos sociais, econõmicOS, políticos e raciais.
da per Malhre1tos sociais" se ente grave que de . rn1nado A idéia de cidadania implica que nenhum estigma seja associado ao uso dos servi-
rs ali e manife nva de .
vemos que por seus se . sta na defini ssa imprecis. ços sociais, quer seja por atitudes populares de condenação da dependéncia, quer
pectiva do ela, a exemplo do gu1dores na "teori/ao de política soeiªº ares- 01iginados de práticas administrativas ou padrões interiores de previsão de servi-
no senfd serviço social t que ocorria com da cidadania". O ai adota- ços. A qualidade dos serviços públicOS teria de ser a melhor possível, levando-se
context~ ºode atrelada às 'in:~tbém tende a se~ ~ef1rnção adotada eP~m lado, em conta a escassez dos recursos públicos (Parl<er, 1979, p. 145, éntase acres-
• e outro ( 1u,ções e as,cament ,.. a pers-
fr:
.
n,ca social ao de ~o que a teoria da c~:r~iços sociais exi:i institucional", centada).
1r com o me 1re1tos socia· a ama inova . entes em cad
de direitos soe~:º problema de a~~ê vemos que ela ter~~~1gar o conceito d: vemos que existem na teoria da cidadania, portanto, elementos muito
se definirmos a s qu_e adota é muito nc1a conceituai, dado a por se reencon- claros para que possamos avaliar se o conjunto de polfticas sociais de uma
que dao substàn políl1ca social como vaga e imprecisa. E que a concepçao época ou um país está mais ou menos de acordo com a idéia de cidadania.
te seriam estet~laos direitos soei aquelas intervençot outras palavras, Quando nos defrontamos com situações onde a polftica social for pautada
az. u t1mos, coisa qu ars, temos de concebs governamentais por atendimentos diferenciados, por desigualdades de acesso, por desarmo-
Temo . e a teoria da cidadani er com exatidao o nias entre necessidades e coberturas, por estigrnalizaçõeS, por má quafida- ',1
de de serviços, então teremos urna polftica social não de acordo com os,,
shall, nao :ss,m, que a teoria d a, como visto, não
princípios da cidadania. Vice-versa, ao contrário.
re,tos especfticox:hca como se esta~ cidadania, tal como el Se, porém, é possível encontrar estes conteúdos para a idéia de cida-
Pi
cessos de dehrn ªinerentes a ela melecem concretament aborada por Mar-
dania, sua extensão real e sua concretizaçao são matérias altamente pro-

.:;::;.c:;,:;i:,:~";,':,,":,.,~sm~,:';,:,,'.:::::
renos soc,a,s. o e redef1niçao ~a u,to pouco nos d1zen~ cada um dos d,-

7t"'; 000,,00,
blemáticas. Nos termos em que foi formulada, a noçao de cidadania define
um sistema distributivo conllitante com as práticas de uma economia de
mercado e com as ideologias que se associam a ela e a sustentam. Além
cnltr,bu,çao principal de M a.
f)lano co~o ---....!, enobrecida e valo- disto, ele conflita com a idéia de reciprocidade, que, corno diz Robert Pinker,
(lo,envotv,me
e, ual e deli,rnc10nal
,. Ondarshal' portanto não . é a base para que em um sistema de intercâmbio sejam mantidos o auto-
llza~"° do nto posterior do~ d b e ele efel!vame~te sera encontrada no
0
urn cone e ales mais colabo respeito e o respeito mútuo (Pinker, 1979, pp. 47-49) .
~t,G: :;:~rra
por ,~liJJ ~, 0110 que, r a respeito da rou para
1,aç,&0 extrcma:Cn:ª~~tbstrato que se::!:'~:r::c,allo, na ut,-
Fica, assim, a idéia de cidadania basicamente corno uma meta, algo
que podemos buscar em nome dos ideais de justiça social, mas que sabe-
Cle ,r111aldado polrttca social do q como criléno de d f z exatamente mos que dificilmente conseguiremos alcançar plenamente. De conceito ana-
. ,n~oparávol, par ualquor país ou é
a Cio, da própna ,déia ;:cad.
, erenc,açao e ava-
Trata-se da noçao
c, adanra.
87
86

-
I/lico•acidada
. • .,,oderna- Na verdade, o principal motivo _para isso toi a própria concep-
ela se rev~lav;1~;~1!':r,m~ convocàçao Po/fr;ca,Ocial,c d8 ele tinha da sociedade cap1tahsta, vista como uma torma de organ•-
°"""''•d
de o,aem "'"•º• • importã;o• """"""• ""
A difusão állca na

estritamente t ô a e filosófica
e apelo • .
é •>co ,, se % .
do conceito d quase insupe Pnrneira f
-..
ao ao
çz ç
8 · 1mente opos ta à .d
QU social essenc1a , eia
•· mesma de bem-estar .
pode-se dizer que, em Mao<, o bem-estar social é concebido como
dania que a e nca. No mund' assim, Ultrapa e cidadania ráve1. unçao 3
uf113 norma relacional baseada nos ".alores da sohdaneélãdee-da coo_20ra-
N entend o mod ssam d enqu & 1a se man1test~_" ª no reconhecimento universal das necessidades hu-0
elhste sentido, a "teoe, . nos termos emerno, muito maise longe su:nto Palavra
e de na da ·d que f · gente relev· .,,anas e na consequente repart1çao da produçao social de acordo com
ro, um discurso
e °
" • pos<Çao de , 1go fundame"°'"''""'° º' '"'°'"
apenas re . _PDr T. H "''""' ~,,
a Cida.
critério de necessidade, algo que os valores e as instituições capitalistas
em direçao a to e um ternário de defntal na sociedad ab1htou a PDl~_Marshall contrariariam trontalment~- A propriedade privada e a herança, a produçao

'°'"º' =•• •=. - •


pel rmatos . esa d e mod •uca I · para 1ucro e a consequente exploraçao do trabalho, a distribuição do pro-
d • polOlca ,~,., • ""'""'"''"' e • °cia1 duto Osocial através dos mecanismos impessoais do mercado, onde os indi-
e e uma ex - pela Justiça d . . . om ela, os e de sua e e abQ.
os esforço s de
pressao mais profunda istnbutiva víduos só se relacionam pela intermediação do dinheiro, representanam a
M 1 . ganh aram
argumentos
u XPansao
Para negação das necessi?ades humanas e da solidariedade social . A coerçao e
lantes na histó . arshall e o colo . sto Justifica ma· ma nova racio a luta
a compeuçao, ao 1nves da cooperaçao e da fraternidade , estanam. portanto.
brava nele com~ªa:~s polrticas so~:i~~"; um dos p~~sci:d: suficiente':::~~;-
ogado da po1n·ica socialque lhe falt ava como
res rnais no próprio cerne da sociedade capitalista (Mishra, 1981 , cap. 5).
. . .impor.
teõnco, e
so- Como diz Mishra, para Marx, a idéia de "bem-estar somente poderá
ser estabelecida como uma norma social central quando o controle comunal
sobre as condições de trabalho e de vida tosse afirmado, ou seja, quando o
O MARXISMO ) mercado, a propriedade privada e a produção para o lucro tossem abOlidas e
substituídas por um sistema cooperativo de produçao e distribuiçao" (Mishra,
Para facilitar
das 1975, p. 289). Portanto, somente quando o capitalismo desaparecesse, ce-
po litIcas
. nossa
so . . discu ssao
- a res .
m eiro, estaremo~a1s, vamos subdivi~:lto da abordagem ma r .
para a teoria (ou cons1d_e rando a obra argumento em trll• ;~sta ao estudo dendo lugar para o socialismo e o comunismo.
Vemos, assim, que Marx trabalhava com um conceito totalizante de
segundo, des as teorias) da poIn· o próprio Marx J picos. No pri- bem-estar , segundo o qual somente na sociedade pós-revolucionária faria
sobre o tema cre_ve remos breveme~ca social nela contld~rocurando apontar
sentido talar em bem-estar . NãO era no capitalismo que ele existia, donde se
para a produç:te a década de 1970te a trajetória da pe (ou c ontidas). No
explicando o desinteresse mais geral de Marx pelas polílicas pretensamente
l igações marxis~ados últimos anos, q~aNo terceiro, nossa ~~~~ct,va marxis ta
Conforme : /o~re a política soei:~º ocorre um grande sçu~ se voltará destinadas
Esta amaneira
promovê-lo.
de ver (ou não ver) a polílica social na sociedade capita·
perspectiva m . ve, partimos d o de in ves- lista aparece em diversas obras de Marx, especialmente nos textos dirigidos
século XIX e continuada
no arx,sta unitária
at. e im utável
o pressuposto
sobre o a de que não existe u mais diretamente para o debate polflico e o ativismo ideológico. No "Mani-

=.
que se refere ao e a atualidade . Ao s_sunto,
0 nascida e ma festo do Partido Comunista", em "Trabalho assalariado e capital" e, particu·
'" "''° 'º°" ,
' E 0""
m nenhu
a cemes<,do
anos M das pom· ~º""'°•
. ,cas sociais dºf
. as veiamo .
rx1 smo m
' i ere funda
de Oeoo
ho1·e

larmente, na "Crflica ao programa de Gotha", torna corpo essa que poderia·
mos chamar de uma "visão militante" da polflica social capitalista, que nega
explícita e s · ma _passagem de s s primeiro como e mentalmente sua possibilidade e que ironiza seus defensores. Referindo-se, por exemplo, à
Em parte, is :~temát1ca sobre as qu~:t:~a, Marx apresen;: :~passado. solicitaçao do programa de Gotha de uma educaçao "universal e compulsó·
veu, praticam e~~esne:/xplicado pelo fatod~eb;m-estar e da :in~~~r~:2ª~
v,a s urgido. Na I
a r,1v1são te ·t
ma das modem . . ue, na altura e
nglalerra, pa is que est das ,ns t,tuiçOes de po1n·m que escre-
'ª . ria", Marx se perguntava:
Educaçáo popular igual ? oue
7
se en tende por isto ? Acredita- se que na sociedade
atual (que é a de que se tra i a\ a educação pode ser igual para tod as as c1asses
d1da de " , a em 1834 da Lei do u ou em maior detalh ,ca social ha-
( ... ) O fat o de que (nos Estados Unidos) sejam "gratuitos" ,ambém os cenlros de
nas co polfl,ca anti-social" Na !1 Pobres (Poor Law) a b e, o _que vigia era ensino superior, sig nifica t ão-somen te, na realidade, que ali as classes a11as pa·
maçava , somente vi • amanha, a legisl • E:?m dizer uma me- gam suas despesas de educação às cus i as do fundo de impostos gerais( ... ) Isso
l M a:; não to, por esta n~o a se consolidar ·após ação b1smarckiana ape-
•ca s soc•a•3 e de o u 1ras •ns
. un,ca razao
liluições de que M arx pouco
promoçao a morte
do de M~ d. as polf-
se ocupou
be m-estar na socieda-
89

~as ,{)CÚÚS
,t,ard"s•"'",1,.;,:asdas .ed de capitalista. como dizia Marx, a regutamenta-
de "educação
E popular a car
ngels 1976, p. 240 ' ênfasegodo
Polftica so .
CraJ , e
Estado" é completament . °"""''•d Pobrt'l.Q
ao da soct
l" da operaç
ª · ·1 1 d
"o resultado de uma guerra c1v1 pro onga a, m i
a·s ou me-
no origina/) . einad . r3 da jOrnada era capitalista e a classe trabalhadora" (Marx , 1970).
Foi com rac· ! . rn1ssrve1 ( ç⺠velada, entre a ctassertanto p00ia ser vista como ,.um gran d e sucesso
taram de questõe ioc rno semelhante a e .Ma,,• ~º~ei das oez _Hdorasm,paprincfpio· pela primeira vez ( ... ) a economia polltica
• s como h . sse que M
c1a social, então emer a ab1taçao popular ~rx e també "p01nicO, ª vitória eu
. perante a economia
' palllica da c 1asse t ra blhd
a a ora "
~ustrializaçao capitalis~::te~ à medida que av~~ç:aude pública: ;nge1s Ira.
e profunda descren a . esse pensamento va_m a urbaniza ~ssistên. 1
burguesa sucumbia
(idem, P· 4501 · •m que Marx admitia a passibilidade de que os valores e
se capaz de ç quanto à possibird ' manifestava- Çao e a .
reconhecer . 1 ade de se um n- Temos,
·deais ass• '
pôs-capitalistas (socialistas) ~udessem começar a ser a fi1rmad os
ras, respondendo a ela qua1~quer necessidad que o estado bur a atitude
os a dentro do capitalismo. A isso, parem, só se chegava medrante a açao
diz Mishra, a verd d . ~. atraves de polílica es das classes 9Uês los.
ª I. enfrentamento combativo entre trabalhadores e patrões, em pro-
ficando as "ref a eira mudança só pod s soc1a1s . Para Ma trabalhado
ormas d . e ser re . rx c · 1nd
po1n1ca e
0
cessos concretos
p . · to le b. e
de lula social. rec1samente por 1s , e ~ donce ia asésmd -
c•-
quando é relevante e vare10" como itens voluc1onária e d~ enforme
p. 289). L-,, ~ ç :eiam denunciadas que merecem aten / tacada", -'e proteçao social como problemáticas. c~ º • a~
O interes u:,-, \-o=C.:.,, .,_;;ªideológica (Mç ho apenas dias .,,,
dnsiderá-las naturais à soc1_e dade cap1tahsta .
-
sante por· . .:::::._,i is ra 19 co Além disso, elas também seriam, no entender de Marx , forçosamente
que Marx tinha • em, e que essa " . ' 75,
transformações ad:espe_ito do assunto. Na ve~:ão militante" não era . /imitadas, e isto par dois motivos. De um lado, par serem incapazes de pro-
ser encontrada em !~gc1edade capitalista e da ,:;: toda uma outra vi: a unica mover o tiem-estar mais global dos trabalhadOres e suas famRias; de outro,

:~;=::,::i::::;'.~;;::::·:':~::~:::~f:~·ª ;;,;,::~]
r ssa analise pode O século XIX Jornada de
1
por raramente conseguirem ser efetivas, ainda que restritas. Nascidas limi·
tadaS, as medidas favoráveis à classe trabalhadora esbarrariam na relutân-
cia dos parlamentos em regulamentá-las, em dificuldades operacionais de
vãrias ordens e na teimosa resistência dos patrões em efetivamente imple-
iva polnica nitidamente " ser_tratada como u,,," e ra-
mentá-las . Como escassamente o estado burguês se disporia a fiscalizar
sentou de melh .
impacto q º"ª social", tanto el O
nas condições d P
stu do de caso de u
que a hmitaçao d .
..
ma 1n1cia- seu cumprimento, quase todas as leis de alcance social estariam vocacio-
empresári~= t;ve no processo de a~ vida dos trabalhador: trnada repre-
de uma" ·. odemos, portanto umulaçao, !reando a " ' quanto pelo nadas para permanecer no papel.
poln1ca social" à ' ver essa reg / ganância" d Estas considerações não o levavam, contudo, a menosprezar a im-
como coisa irrelevante. ' qual Marx dedicou at~na~entaçao como exem ~s portância de leis como a que estamos comentando . O que elas sim indicam
Assim embo ç o, ao in vés d Po é o quanto Marx descria da possibilidade de uma real e significativa mudan-
concebido c' ra se possa d. e relegá-la
ça da sociedade capitalista em direçao a padrões distributivos mais benéfi-
ções de . orno essencialmente izer que para Marx .
guma m:iia . dos trabalhadores aenl tag~nico a uma real eº1ecap1talismo fos se cos para os trabalhadores, ,;aso estes permitissem que ela continuasse a
ona pude ' e nao n vaçao da . ser movida apenas por sua própria dinâmica . Em outras palavras, pouco po-
apenas isto er sse ocorrer aind egava a possibilid d s cond1-
leg1slasse a la a possível, como era t a ~m seu interior Ao a e de que al- diam os trabalhadores esperar de me/hOria em suas condições de vida, se
em apreço vor dos trabalhadores ambem possível qu~ contrário, não cruzassem os braços e se se pusessem a aguardar o dia em que o Estado e
· e contra . o estado b •
Ta1 possibilidad os capitalistas co urgues o capital achassem por tiem de elevá-la.
Não há, portanto, ao contrário do que acredita Mishra, uma visão "am-
hm,tada. Ve1 e, contudo e • mo no caso
amos em ' ra, por u 1 bígua" ou "dual" no tratamento que Marx dá às questões do bem-estar em
regulamen1açao da que sentido, olhand m ado, problemática
Ela era problJOrna_da de trabalho. o com mais cuidado~ e, por ~utro, suas obras, uma que negaria a possibilidade de mudanças favoráveis aos
r.aoo da q I emáttca por d questao da trabalhadores e outra que a afirmaria. Em Marx, o raciocínio é essencial-
ua os trab alh aderes sôecorrer de um process mente um só, seja quando aponta para a não-naturalidade da temática do
mo uma "co c
mcdl(Jas ee1:::1sta". Assim, se live:nseguiram obter a .;, de luta polílica ao bem-estar no interior do capitalismo, seja quando mostra as condições es·
tcrizar como " s protetiva s, nada I sem permanecido J_ nada reduzida co- pec1a1s que se reque_rem para ele, seja pareia/mente estabelecido. Para
problemát,ca " a polír eri am _alcançado. Po inertes, à espera de Marx, _ deixada subOrdinada ~s suas próprias torças motrizes, a sociedade
rca social, e não com r isto caberia carac-
o um resultado "natu- capitalista nada mais fana alem de confirmar na prática sua tendência a imi-
,1
90 , ,odai3
aJ>llf"'lSenst~,JiJ,~ utividade dO trabalho; dO ladO da circufaçao, por
serar os trabalhado res a ex , polftica 'ºeia/ •co~L 1
res ava das elas 1
, . pora-los cad """''•dPobr reproduç ao 8 elevar a ..,, c1e111anda _agregada se mantivessem - e evadas,
- Prod
t 5
1s 81de crise
riam opor-se se~ médias tradiciona· a vez mais e a "" .. que éos nv
permitir "" tanto pelas transferências governamentais de
balhadores, e inte~esses, n~~-n~~ntra tal direç~~oletan_zar o Que fll6 mo em poca corno os desempregados
, e os aposentados, quanto pelo es-
5
te, seus efeitos. Tais 1:r altera-la e de suspen~:;ariamente a~~~~:m, Pode. rendª ª gru~: produtivo fornecido pelas compras do governo necessárias à
da classe trabalhado ça_ s, como dito, nao te . , mesmo que ma _dos tra. tfrnulo ao
ao se
dos
O programas sociais . Sua funciona · 1·d
I ade nao• cessana· ar, no
(como ilustra o casor~, pois esta podia encont;1am de estar toda/g1nalmen. operatç pois elas também seriam diretamente úteis para o próprio Estado,
entan través
o, dela ganhava a adesao • e a docilidade
·· dos trabalhadores . Eses,
1
ruóral na defesa da redu~:Oa~icipação das class:sa::;s em outra~ºc:::rior
p tese de que pare a )Ornada de trabai ias e da aris ses ~~;i:os pelas vantagens. a ~u_rto prazo representadas por ela, abririam mão
cionalidades da •· elas da própria classe bur ho) e podia contar tocracia de seu potencial revoluc1onar10, sendo cooptados e se integrando ao s1ste-
polílicas. im1seraçao absoluta" ' dadasguesa
suas enxerga5se
seq.. 1 m - as
com a hi-
d1sfun
Na uease • · rna,
passagem para o . conomicas e Com estes raciocínios, os marxistas de até meados dos 70 não só
estar e da pollli ca soe· 1f seculo XX ' as 1 -de1as
,. de M provavam que a anâlise de Marx estava errada, como sepultavam sob sete
~as pelos autores mar~fsttª~~ ao mesmo tempo pr arx a respeito do bem- palmos metáforas como a da "guerra civil prolongada" e da "vitória da eco-
e cada um em particul s. ao nos deteremos ~m :servadas e modifica-
:;;:i~é
nomia polftica" dos trabalhadores, de que Marx tanto gostava. Ao invés de-
dentre eles dedicaram porque, salvo algumas e nal1sar a contribuiçao las, o que surgia era a imagem de uma burguesia infinitamente ardilosa, ca-
verdade que John Savjlle _1ca social uma atençao ma~ceções, bem poucos paz de descortinar com espantosa exatid3o toda a utilidade que para ela
ainda nos .anos 50, se ocu s detida.
0)
mente do estudo da evolu' a . Assim
. , se e. estava presente nas polfticas sociais. Resolvia-se sob a mágica do argu-
P~antzas e Ralph Millib ç o da política social ingles:°u mais s1stematica- mento da funcionalidade todo o problema da polftica social: na sociedade
nua1s marxistas sobre o :nd responsáveis pelos d . ' aut_ores como Nices capitalista, essa polftica existia porque servia aos interesses econômiCOS
como se ele nao stado nos anos 60 e 70 o1s. mais difundidosma-
1957-58). merecesse um tratam en to mais . 'aq ngorf' ignoram
. o te ma, e/ou polfticos do capital.
Podemos d' ue ige1ro (Saville J Veja-se que, até mesmo nos autores que continuaram a insistir na im-
Marx sobre . . izer que era como ' ., portê.ncia dos conflitos sociais para a compreensao da polllica social, a tese
t'd a hm1taçao a . . se, levando ao . funcional permanecia presente. É o caso das obras de Francis Piven e Ri-
i a na sociedade . _que intnnsicamente a . pe da letra a tese de
g~da da tarefa de ~ap1tahsta, a maioria dos mfollt1ca social estaria subme- chard Cloward, onde, apesar do emprego de expressões como "um pobre
nao haveria por queer de entendê-la. Se era me rx1stas se sentisse desobri- quieto nunca consegue nada", a existência e a expansão da polftica social
preocup smo tao r · terminavam por ser explicadas pelas suas funções de manutençao da or-
interessante é ar-se com ela. imitada e pequena,
0
dem burguesa (Piven e Cloward, 1974; Piven e Ctoward, 1979).
produzidos até me
tributo que Marx =~~=rque os raros textos m .
dos anos 70 em nadaª;:1:1as sobre a política social
a, a problematicidade g:va nas relações entre ,cardavam com o segundo
Em termos definicionais, generalizou-se no interior do marxismo um \
conceito de polftica social inteiramente derivado do raciocínio funciOnal, se- , ,,
monstrar era que ela p~·o contrário, o que es e a e a sociedade capitalis- gundo o qual ela era pensada através de seus efeitos para a manutençao do v i
cap1talismo, com ele, port~~~er considerada essesnec~ ;extos procuraram de- capitalismo. Sem querer negá-los, o relevante é constatar o quao inadequa- .,,.
que ;re:~s~raaqvui, ,uma notZ~Ziºr:~~:~ddo em união ~;:~~i~~:ciona/ para o da é tal definiçao, seja por não conseguir fixar as fronteiras entre o que é e o \;;:

ti~asv:º
1s o co . au as coloca · que nao é a polfüca social, seja por nao ser capaz de identificar uma subs-
~:~~ç:~guidores, algo na7u~a~r:ficial e inesperado, próprio Marx. O tância comum mais do que trivial para o que fica no seu interior. Em outros
• previsível, um co -se, nas maos de termos, mesmo se aceitarmos que as polfticas sociais se definem por sua
. NJ ser assi mplemento e nao u funcionalidade, não vamos com isto conseguir distingui-las de outras institui-
d1da pelos mar . m reconceitualizada - ma con- ções de impacto semelhante na sociedade, mas constitutivamente diferen-
1 tes. (Por exemplo: a polícia em uma sociedade é útil para a manutençao da
::ªs~s~e::c~::~ d~:ou~ ~1:/~;c~~:r~~:aos~~~~:!::0~vqau:rs:r enten-
nal d . - ra o process , se pensass e cons1- ordem, mas tudo indica que ela nao é exatamente a mesma coisa que a polí-
e dois angulos diÍerent o de acumyfaçan • oolQe no Estado capitalista
es. do lado da prod;a ica social seria funcio- tica social.)
ç o, ao rebaixar custos de
92 l(ricaJ sQCÍllÍ.!
po/ltica socia/ , Comba "'r,6ri<•·' das Po esrno se adeQuado
ltdpobr,.,
"1,ord11~• ao da 1omada de trabalho, m orno argumento
Vemos, assim, que, no marxismo de até recentemente , . r a regularnentaç a se s1rnphsta e s1ngeto e XX ne-
cial não apenas era muito mal conceitualizada, como éramo~~:Inica se-
1
pensar qualquer dinãmlca dela (contração, expansão ou conserva g:dos a
par: ~i:i: caso s\ngu~~~:
0
:i~~~
;I das poll\1cas so~1:~ :~::i~etourna,po\l-
I
mo decorrente de alterações de sua funcionalidade. Surgida com o) co- i ~~rneralizáve~;:~~o~i~ apontar para u:aú~~~~~:e:~I protongada". A 1~:g~:
lismo, dele dependente e a ele acoplada em união funcional, a polnicacaplta- nnurn autor asc\do sob o signo portanto a ter uso QUa -
. ta pe 1os marx1s
, t ue 11vesse n "conquista" passou, ' -
era vis as como uma bn'lh ante (porem
• lamentável) criaçasocial
d 1,cn Q ai corno
burguesia para melhor dominar e explorar os trabalhadores. 0
ª poll\\ca soei sua relev ànc1a e
Qual não foi o problema para esses marxistas quando, na segunda ~~cfusí varnente rer~;~ revisão tunc1onahst~ d~s~: :,:~~se resultados de
No que se ser no rnâx1rno, res1 ua . lrncnte admitidos e,
metade da década passada, uma intensa campanha de denúncias e um vio- d passou a • 'á consensua •
lento ataque às instituições da polnica social nos países avançados come- aplicab1t1 dn e po\l\icas sociais eram l t s positivos Isto, porem,
1unc1onalidade das d \unc1onalista" trouxera \ruo da pollbca social, pa·
çou a ser feita exatamente pela direita. Aquilo que mais se aproximava do
neste sont1do, a "o~t' ~a corno exphcaçao das origens
qüe classicamente se entendem ser os "representantes polílicos e ideológi- \1cava acei a- bds
cos da burguesia", ao invés de procurar defender a polílica social, se pôs a nâe s19n1 ' . plesrnente ignorada mente mais aca a o
desmontá-la e a cortá-la. pai no ~ual \~ s1;edo para cobrar resultados em curso, perseguin·
" Não é este o lugar para discutir os acontecimentos históricos que le- E am a Inúmeras mvest1gaçoos am ncreto do mais antigo ao
dessa nova vaga. ·o do mais abstrato ao mais cop ra 1:nahzar este tôplCO,
váram ao declín io,yMUJ.ª~ altura, dos chamados we/fare states e nem de
do questões ciue va rt1cular ao mais genérico. a I uns campos de pas-
explicar por que-neoliberais) conservadores como Friedman e Hayek asses-
mais atual, dO mais pa a indicar alguns autores e a g genda de preocup3·
taram suas baterias cor1fraa polílica social nos países avançados. Para nôs,
portanto, nos lirnitare;~\eu con1unto, toda urna ::r: ªa respeito da poll\1ca
basta notar que foi durante esse processo que toda uma nova vaga de estu- quisa, que lormam, . monas inspirados em
dos marxistas sobre as políticas sociais se iniciou. A lamentar, há que
Çoes de autores mais ou tudos sobre a so-
constatar que esta descoberta (ou redescoberta) da relevância das políticas O11 com seus es dIs
sociais ocorresse em um momento em que ela perdia alento, em uma situa- social. d stacarn-se Claus .!.· - d poll\1ca social dentro e a ,
N~ - rànea e o papel a ma da social dem0·
çao análoga à que Marx descrevia com a metáfora da "Coruja de Minerva", c,edarle o a po\\t1ca contern~e tem trabalhado com o \us trabalhos h1st6n·
símbolo da ciência, que só alça vôo ao entardecer, quando os fenômenos Crlstme Buc1-Glucksma~, \ n e Goran Therborn, co~ s à reconce1tua\1zaçao
que deve estudar estão já em seu ocaso.
cracIa: Gosta Esp1g--~n e~~ugh, que vem se dedicai~º com suas pesquisas
Nestes últimos dez anos, como afirmado, uma nova preocupaçao de
cos e comparat1~os. ª~idades bàs1cas" , Laura B\s;ado" Na Inglaterra, na
aulores marxistas com o tema da polílica social surgiu. Pelo menos em par-
do que sao as neces lamílla" e "tarn1tianzaçao do vasta produçao emergen-
lo, esse interesse pode ser explicado pela necessidade de defendê-la dos "estat1zaçao da d1návla há urna Herbert G1ntIs,
ataques à direita que ela sofria, mas ele também decorria da certeza de que sobre h e na Escan ' Sam Bowles e
França na A\ernan a podemos lembrar de , " e o sistema escolar'
ora preciso deixar os velhos conceitos funcionais, buscando novos modelos
te No; Estados Unidos, "Estado liberal democrático
toóncos o Informações empíricas mais exatas, a fim de que a questao pu- · d sobre o
com sous estu os o exaustiva e nem corno
dos&e ser tratada om sua real complexidade.
entre muitos outros I a listagem indicada com d to existem muitos ou-
Noss a nova vaga do esludos marxistas, as antigas teses de Marx to- Nt\O se deve er h" de mais notàvel. Corno i ' nas para \lustr ar a
ram cnt1cildíls, assim como as rovisões por que linham passado ao longo da 1 dO o que " d esco\h1dOS ape dO
const1tulda de u aqui menciona os ue estamos chaman
r,mtóna do marxmmo. A tese da limilaçao, embora nao de todo abandonada,
tros autores, sendo os paçôes que caracteriza o ~a\mente avance a relle-
fJOl'J ofollvamonto a política social nâO tinha promovido o bem-estar global
d1versidade de preoc\o podemos esperar é qu~. muito recentemente, sua
cJcw trabolhadoros, linha de acomodar a roalidade do que inquestionavel- "novn vaaa". Dela, o q pol\\1cas sociais, pois, a e -
monto haviam ocorrido substanclalo o slgniflca livas elevações na qualidade
xao mar__xisto; obr: ía:modesta. ,..
elo v1 1Jn cJou orupoo popularoo, ospoclalmonto depois da 2u Grande Guorra contnbu1çtlo \inl1a -- - / lJri \ • o-
no, poíoo•J ovan~0dOe
011~ n10 h problomo1ic1d0do, na formo cm quo hovlo sido tratada por
-'
r,1.iu , tnmtif1m linho do oor rupon11ada. O modolo couoa l proposto por Marx
,,
95
94
po/lrica soe.IQ1e Côrnba ,is ,,,;cas das palfticas sociais
6

o "FUNCIONALISMO" G tedPohrt?ti 0
t,orda8'
.
khe1m •.com
isto aproximando a sociedade moderna dos padrões de 1ntera-
·
os das pequenas comunidades e da famíl1a.
·
No seuhltvro sobre as teorras mais ut f d çao t1Pie acordo com os funcionalistas, essas funções integrativas sempre
Ra
mes M1shra dedica u i 1za as no estud . s·do desempenhadas em qualquer sociedade que se considere. Na
Curiosamente, no entantomb~:rtulo inteiro à cons1der:ç~~s pofft1cas soc,a tenarn•edade
i moderna, a polfi1ca• ' social
. estaria,
• portanto, apenas fazendo aquilo
pouco os autores func1 '
d1ssert explicitamente
D ss1m, se é verdade q
parte dele é gasta na
:nto clássicos, qu~~: ::~?º q::
0 do func1onahs is,
do
o assunto (M1shra, 1981 emporâneos
so~i anteriormente cabia a família e a religiao, duas outras instituições igual·
:ente integrativas . seria dentro do proces so de "diferenciaçao estrutural"
(que significa a subdivisao de funções antes reunidas entre instituições es·
urkhe1m e Spencer efet1v ue pensadores func1onaltsta ' cap 4) , pecializactas), que ela teria se destacado para a tarefa, mas isso não implica·
c1al, e se também func1onah:~ente se referiram às questõ! clássicos corno
o fizeram, tanto uns uant as modernos como Parsons Ms da pofft1ca so- ria nenhuma mudança qualitativa mais profunda.
vemos, assim, <,ue o funcionalismo efetivamente sugeria uMa con·
pouco s1stemát1ca Speq o outros, dedicaram a elas ' erton e Srnetser
est d . ncer por exe I uma aten a c,•pçac das políticas sociais, mesmo que nao a explicitasse. Podemos, tam-
u ioso da política soe 1' mp o, era mais um ad ç o muito bém, ver algumas afinidades entre essasjdéias e as da perspectiva tradicio-
nrsmo ortodoxo. Durkhei ia ' opondo-se a ela em nome de versáno que um
nal do serviço social, com sua Cnfase na discussao das polfiicas sociais
combatê-la mas P m, por seu turno, não chego um la1ssez-fa1ria-
' ouco disse a u ª 1gnorá la como "reformas de vareio" na sociedade, que a preservam e mantêm. Para
integrava no rol das nov _seu respeito, a não ser . e nem a ilustrar, podemos lembrar a definiçao de Richard Titmuss sobre o prõpno
m1r, na medida em qu l~s funçoes que o Estado tinha :ugerrr que ela se campo do serviço social: "as instituições sociais que fomentam a integraçao
mentos de soltdaneda:e e ca~:a o "dever de nos lembra//assar a assu- e desencoraiam a alienaçao" (Titmuss, 1968, citado em Pinker, 1979, p.
c1onados se ocupou d social . Quanto aos modem s e nossos senti-
A 1retamente do t ( o , nenhum do
pesar disto, faz sent1d ema idem, pp. 51-55) s men- 247). O que também cabe mencionar é o quanto os argumentos dos funcio•
dagem ao estudo das o d1scut1r o func1onaltsmo nalistas se assemelham àquilo que chamamos "marxismo funcional". Na
porque, na concepçao políl1cas soc1a1s por duas razõesen:uanto uma abor- verdade, a única diferença entre ambos é que e§§_es marxistas terminavam
' ,tªJ• efetivamente hav1 mais geral da sociedade ro . m prrme1ro lugar,
social, que eram d / um lugar reservado par/ posta pelos func1onal1s- por ver como negativas coisas ~ - os f.lJJlci.ona!i.sll!.$..._ÇQn~ siti-
vãs.NÕfuÍÍdÕ, porém, em termos teóricos, o raciocínio é um só, quer se diga
' , segundo, pela influê~~ a forma, de alguma mane1raase 1n~t1tu1ções de polt11ca

--
qüãê bom ou que é mau que as polfiicas sociais existam para "garantir" a
/ ., ca social, princ1e_almen~: exerceu em outros.mdde:S1~adas por ela Em
Assim, embora não s/erspect1va do serviço soc1a/ estudo da políl1- reproduçao da sociedade.
soc1af, o func1onal1s gerisse uma teonza a .
qual podemos locaf:.~esenvolveu uma concepç a~ ~xplfc1ta sobre a políl1ca ""'
pela sua d1fusao V , uma concepcao tant ç a sociedade dentro da A "TEORIA DA CONVERG~NCIA" J
· e1amos co · o relevante
Partindo da idé1a de P mo ela era, em breves pai por s1 só, quanto
O que estamos aqui designando como "teoria da convergência" pode ser
alguns "pré-req arsons de que t0 d avras.
e ws,1os funcio " a soc1edad entendido como uma variante do modelo funcionalista, ainda que nao do
, - nquanto sociedade pod na1s ' que ela necessita e se defronta com
social é parte do "s b' emos dizer que par resolver para manter-se mesmo funcionalismo que acabamos de 6omentar. Neste, a política social
n u sistema t • a os func, 1 era discutida no contexto dos pré-requisitos de funcionamento e integração

!:º·
,uc se des tinam a man in egrativo", o con un ~a ,stas, a políl1ca
de qualquer sociedade, independentemente de tempo e lugar. Para a "teoria
a polf11ca social e:1: :1~aharmonra e a so11darr!~::t~t~u1ções e papéis
e, por is to se enlen para aumentar o nfv s1camente, por- da convergência", ao contrário, a questao é mais especmca. Ela considera,
relações entre as possodendo tanto a coesão soc1a~I de integraçao na soc1e- como diz Mishra, que o desenvolvimento econômico e industrial é a tareia
A isto ela poder· as e os grupos. ' quanto a harmonia nas fundamental das sociedades modernas e acredita que é em torno dessa exi-
quo
ü
oo p- d
d rOes v1gon1
ia chegar
es nao por d .
o1s caminhos D
gência central que a estrutura social se integra funcionalmente (Mishra,
a ore/cm lon&om man1d fossem perturbados d e um lado, garantindo 1981, p. 39).
para a into(Jraçao ao d1f i os .. De ~utro, a política onde que_ a es tabilidade . _Trata-se, em o_utras palavras, de uma concepçao ciue vê as políticas
und1r sentimentos de solida~~~' ta~bcm contribuiria soc1a1s, sua expansao e natureza, simultaneamente como exi9ência e con-
ade , como diria Dur-
16
pollrica SOciaJ, Comba
1 · das polllicas sociai.l
,dag,ns r,6ncas
' d Pobr,,,, abo 97
seqüência da economia e da tecnok)fJia iorlustriaJ. Para ei
básico da estrutura das sociedade modernas e, dentro de~ 0ddeterminante . . Podemos pensar nos exemplos das polnicas de treinamento e lor-
ª
cial, não é a ideologia, nem os conflitos sociais e nem a c' lt Polltica so. tnahze
111açao
· de mao-de-obra, no das pollticas de atençao saúde, no da pcIn1ca
a tecnologia. A longo prazo, segundo ela, tanto os problemas u ura ' mas sim
.
s?luç_Oes típicas das_sociedades industriais decorrem dos efeito~ ~u~:to as urbana() que não devemos, no entanto, e nisto consiste a pnnc1pal obieçao
genc1as da tecnologia industrial. Como d i ~ · m dos mais ex_i- podemos levantar contra a "teoria da convergência", é imaginar que to-
t
expoen es dessa teona,. "d ada a decIsao
. '--~de possuir a indústria mnotave1s
d qu: as situações geradas pela industrialização têm, necessána e automab-
muito do que acontece depois é inevitável e igual" (Galbraith 19 / etª· da t de se transformar em problemas a demandarem respcsta da parte
camen e, . . Oe id
em Mishra, 1981, p. 40). ' 6 • ciado
do governo • É verdade que a industrializaçao • ena• sItuaç •s parec las as em
É precisamente desse último aspecto, da semelhança entre as socie- d S Países em que acontece . Isto, porem, nao quer dizer que e se-
to os o · •~d
dades e seus problemas uma vez tomada a decisão de se industrializarem · 1 jam ·Igualmente problematizadas em cada lugar. . Para a transpos1çau. e uma
que vem o nome "teoria da convergência". Para ela, pouco importam as dite'. simples situação em um problema, muitas coisas ocorrem, que dizem res-
renças "de largada" entre as sociedades no limiar da industrialização ou ·to apolltica, aos valores e cultura. .. \
mesmo as primeiras diferenças "de percurso". A médio e longo prazo, todas pei É porque ignora todos estes outros níveis explicativos e porq~e pnvil&-
elas iriam se encontrar em um sô lugar, defrontadas com problemas essen- 1 . nas a dimensao tecnolôgica, que a "teoria da convergêne1a , apesar
g1a ape · d líli

-
cialmente iguais e dispondo de um rol de soluções também basicamente de alguns acertos, mostra-se muito limitada como exphcaçao a po ~ o-
igual. Assim, quer sejam capitalistas ou socialistas, quer sejam mais ou me- cial.
nos estatizadas, mais ou menos ricas, todas elas seriam, acima de tudo, so-
ciedades que convergiam para uma situaçao muito parecida, a da industriali-
zaçao . O "PLURALISMO"

A polnica social, nessa perspectiva, pode ser diferente nos estádios


iniciais da industrializaçao, pois variam as elites e as ideologias, como diz C Otermo "pluralismo" vamos aqui designar uma perspectiva de estudo
om - ' . líl. temQQLânea tanto nos
Clark Kerr, outro representante desse pensamento. À medida que o proces- da poll\ica social que é típica da ~ eia 1ica CQD Êntre
so avança, porém, as exigências funcionais da industrializaçao impõem polí- Estados -Unidos, quanto n.a Eutopa e em ~~;:,i~~~: sEds~a~~: U~idos
ticas semelhantes a todas as sociedades. O resultado não é que todas ficam aúiõres que a adotam, contudo, a ~a10;:r: uma das principais caracterfsticas
idênticas em seus sistemas de política social, mas que as diferenças entre A própria palavra "pluralismo ~ - mo uma arena onde uma plurali-
elas diminuem. Nos países capitalistas, as velhas crenças liberais a respeito da perspectiva: a co_ ncepçao d! :1t:c:c~ºade de causas, se encontra para
do mercado cedem lugar para a aceitaçao de crescentes níveis de interven- dade de atores, movida por um P e sao vistas cerno envolvendO o
. E ·nterações por sua v z,
1 t
çao governamental. Nos países socialistas, o coletivismo radical termina por transacionar. ssas . .• ndo a força apenas um den re
admitir a operaçao dos mecanismos de mercado. emprego de recursos de varias ordens, se
Apesar de não ser hoje em dia mais utilizada largamente, algumas das eles. . nto a polfüca pouco se parece com a re-
proposições da "teoria da convergência" permanecem perfeitamente rele- Para essa perspectiva, porta ' se fazem dela. Ao invés de
marxistas por exemp 10• ·
vantes. A análise de Clark Kerr sobre o papel das diferentes "elites industria- presentaçao que os . - .' b sicamente determinada pela economia,
lizantes" continua sugestiva, especialmente quando ele e seus colaborado- • com 0 uma mstanc1a. a
entende-la . . os pura1·Is tas ten-
ao as classes socIaIs,
t per excelência s 1 • •
res mostram que os processos de industrializaçao conduzidos pelas "clas- onde os agen es . tô orna pois nela determinações de Inume-
ses médias" (caso dos EUA) tendem para políticas sociais restritas e resi- dem a vê-la a be_ m d_izer co~:/~ntr:cort~r e por anular a exclusividade cau-
duais, enquanto que, quando a liderança está nas maos de grupos "tradicio- ras origens terminariam po O
se aplica aos atores nesses espaço (ou,
nais" ou "dinásticos" (casos da Alemanha e do Japao, respectivamente), a sal de qualquer uma. O meslmt.plicidade
I
de espaços da polfüca), pois eles
política social tende para o paternalismo (Kerr et ai., 1973, citado em Mishra, mais exatame nte ' nessa mu · à econo·
. d s por fatores inteiramente alheIos
p. 41 ). também poderiam ser motiva o
Também continua persuasivo o argumento de que determinadas mia. ar.xistas. falam..d.o..E.s.tado, os pluralistas tendem a
questões tendem a se generalizar em toda e qualquer naçao que se indus- Assim, onde_os.m I d de focos de poder e influência, dos quais o
ver um conjunto n! o art1cu a o
~.Y'
\, \ /·' .. ,rP- ·
)., '
o"
,r'
,",or
98
?\ ,
,~
O'
W
,. J\':;l>r- ,J·
• ~'
x--1
tlca soda/ e Comba
poIli'
lt à pobr,za
a/J(Jfdllg•"' u,JriaJSdas pol/til:D,f ,ociais
ker que com razao nota que a ausência da renexao sobre a ide<lk>gia preju-
Estado e apenas um. Onde os primeiros se referem às cl dic~ significativamente seu alcance e utilidade. No balanço final, porém, há
dos enxergam grupos de pressão e de i t asses, os segun
a ·· od n eresse constituído d • mais com que concordar do que discordar nas aplicações do pluraHsmo ao
m neiras . n e o marxismo concebe as políl' s e múltiplas
plicáveis a partir de uma "lógica" imanente icasôgovernamentais como ex- estudo da polltica social.
rst · · • ao pr pno capita/is
1 as irao considera-las como decorrentes de . mo, os plura-
plexo e original, no sentido de peculiar a cad~:!;ºEde causas mais com-
exphcaçao de uma polílica qualquer soment . m outras p~lavras, a AS "TEORIAS ECONÓMICAS DA POLITICA SOCIAL" f-
outra. e por acaso sena valida para

. Autores como Lindblon e Dahl, dois entre os mais i Vamos entender esta última abordagem ao estudo das polílicas sociais nos
partilham desta perspectiva, se ocuparam em alguns trabalh mportantes que mesmos termos em que Gough a define, como constituída por trêS variantes
políl1ca social, especialmente para advogar r f os do estudo da
distintas as aplicações da teoria económica do t,em:estar (welfare eco-
certas tradições da economia de mercado do: º:;:: capazes de conciliar
nomics); os escritos de "liberais" como Friedman e%om os estudos ma-
tes da _experiência coletivista dos pafses sociali:tas . Ni::ta:~~s ,com par-
notaf P1nker, eles se aproximaram das "Irad'içOe s do colet1vIsmo
. p cumercanfl''
ar, como croeconómicos do gasto público.
•d Por motivos diferentes, nenhuma dessas três variantes pode ser con·
pre errn .o como estas uma "via intermediária" entre o c ·1 r i ' siderada exatamente como uma teorização a respeito das políticas sociais. A ,,---.
hsmo (P1nker, 19 9)_ ap1 a ismo e o socia-
7 chamada "teoria económica do bem-estar" quase nunca trata a polílica so- ..,_
dirigid~=r~e:;s~~ed~b~: :~te inspittª no pluralismo e especificamente ciarêomo 061elo relevante déestudo, estandO muito mais preocupada em
descrever e explicar como é que os agentes económicos tomam suas deci·
ãlguns casos concre;os de' im ,ª~
Hall e colaboradores Nele os1ca toc1a o trabalho que mencionamos de
ores se concentram na consideraçao de sões, com base em que estabelecem suas preferências e como se com-

quele país. Nisto a obra pode tas


tando generalizações mais a!~ taçao de programas sociais ingleses, evi-
sobre o conjunto da política social da-
de regra, sempr; prefere o estu~r considerada _típica da_ abordagem, que, via
portam face a outros atores.
Quanto às obras de autores como Frilldman, ao contrário de conterem "t
uma proposta de entendimentÓdapÕÍítica social, o que fazem é apresentar
generalizações globalizantes C o de caso, ref1nado ate o menor detalhe, às argumentos favoráveis à sua drástica reducao, qyanda..oáQ.aQ seu desfillil·
mas explicativos de m ·1 . . as~ per caso, os autores montaram esque- recimento. Recuperando os trabalhoS dos economistas clássicos, com seu
dado que captav~m atéu~o~:~~:avel aplicabilidade para outras situações, exfrerriãdo individualismo, o que Friedman procura mostrar é que a política
grama estudado (Hall et ai., 1975). dos processos que levaram a cada pro- social, quando não é inócua, tende a ser prejudicial, pelo menos na escala
que atingiu nos países industrializados. Para ele, a constataçao do cresci·
A obra de Hall e colaboradores é . . menta e expansão da política social nas últimas décadas é motivo de triste-
autores pretenderam fund· lambem interessante porque nela os
za, pois tais fenómenos estariam conduzindo à perda de dinamismo econô-
marxistas, em um casam~n~:erspectiva pluralista com algumas categorias
cesso linha. O resultado a quequhe, aparentemente, poucas chances de su- mico, à inchaçao desmesurada do aparelho estatal e à diluiçao da operosi- J
c egaram é promiss dade e das motivações para o trabalho. Em raros momentos, Friedman se -, ,,.
o-se no conceito de "pluralismo . . d or, no entanto, traduzin-
dd t d 1imi 1a o" ou "demarc d " preocupa em explicar a política social, preferindo condená-la. Nisso, autores 1
e orna a de decisões é visto como . a o , onde o processo
a formulaçao de políticas est b plurahSla, mas onde existem limites para como Hayek sao seus gêmeos (Friedman, 1962 e Hayek, 1949).
" a . . . , a eIec1das por elites qu Finalmente, quanto ~ s estudos macroeconõmicos do gasto público,
res, s o md1s11ngurveis daquilo ( ue e, segundo os auto-
(Hall et ai., 1975). q pode ser chamado) classe dominante" também neles nao encontraremos uma teorizaçao explícita sobre a pÕílÍicarC)
social. Via de regra, tais estudos tendem a tomar corno dado um perfil qual-'--..,/
Ouer seja utilizada isoladamente 0 quer de polílicas sociais, pouco lhes preocupando os processos e as razões
gens, a perspecliva pluralista é das . u em associaçao a outras aborda-
socIa1s enquanto pclflicas singularesm~:,: dequ?das ao estudo das polílicas pelas quais teria chegado ao ponto considerado. O que lhes interessa é en-
se o que queremos são explicações ~ ais ' porem, pouco se pode esperar, tender como se comportam os grandes agregados do gasto público, como
para a pol/fica social. Alguns de seus s ~enerahzanles e mais estruturais estes se relacionam uns com os outros e como podem ser comparados in-
nahdade dos atores políticos, tambémupodpcs os, como .ª postulaçao da racio- ternacionalmente.
em ser cnt1cados, como faz Pin-
abO,-dagens re6ricaS das po/iticaS sociais 101
100 p olltica so cial e Combate à pobreza
que substitui essa ausência (aliás , _de maneira muito pobre) , sao
Isto não quer dizer que os resultados desses estudos 0
era arrolações somatôrias, segunda as _quais a polll1ca SOC1al passa a ser
considerados simples exercícios de contabilistas. Ao contrário ix;ssam ser
9 :ntendida corno aquilo que e'."erge da ad1çao de co~sas lãO dispares quanto
ses estudos produzem informações extremamente relevantes e '10ªr uns des-
. . necem só- ramas de saúde, hab1taç3o, educaç3o, previdência, treinamento pro-
l!da base empírrca para outros trabalhos de intenções mais interpretativas os prD9 os serviços de assIst · es tn·1o senso sacia
· ê ncIa · 1 (ass1s
· tên c·1a a me-
fissional,
E o c_ aso, por exemplo, da obra de Frederic Pryor e associados a respeit~
dos d1spênd1os socIaIs em países cap,tahstas e socialistas, que fez, pela pri- nores, a idosos, a deficientes, a migrantes etc.), os esquemas de abatimento
meira vez, uma comparaça.o muito d1fíc1I, dadas as maneiras diferentes pelas de obrigações perante o fisco (por baixa renda, por dependente, pelo custe10
quais nos dois coniuntos de países se calculam os gastos sociais (P da moradia, pelos encargos educacionais etc.), assim corno os subslcl1os
1960). ryor, governamentais ao consumo de determinados bens (alimentos, livros, ener-
Assim, embora mesmo nesta última variante não exista uma conside- gia e transportes urbanos, para mencionar apenas alguns). Pode até ser que
raça.o m_a,_s dei•~.ª dos mecanismos de causaça.o e transformaça.o das polni- todas estas coisas compartilhem de uma mesma substância (sem o que
cas socIaIs, as teorras econôm,cas da polllica social" podem contribui somâ-las equivaleria a adicionar alhos e bugalhos, laranjas e bananas), mas
seu entendimento. Até mesmo do caso de Friedman se pode dizer O r para nenhuma destas definições que estamos chamando somatórias se pre0cupa
qua d a· - . mesmo,
. . n o m Is nao seJa porque obriga o pensamento favorável às polllicas so- em nomeà-la e em especificá-la, com isto demonstrando que elas, e só elas,
cIaIs a se explicitar e a buscar argumentos com os quais combatê-lo. a possuem.
Temos, então, que todas as abordagens teóricas ao estudo da poll\ica
social, por mais diferentes que sejam umas das outras, se igualam na ado-
ça.o de definições puramente somatôrias, pobres teoricamente e muito insa-
IV. CONCLUSÕES tisfat6rias metodologicamente. Autores identificados com a perspectiva tra-
dicional do serviço social, teóricos da cidadania e marxistas, assim, nada
Uma apresentaça.o como a que fizemos neste texto não comporta exata mais fazem que transferir para o leitor o problema de esclarecer, afinal, o que
mente uma seça.o de conclusões . Nossa intença.o tal como ex sta er~ 1 é~ ocial-
~~:sentte fornecer aos leitores uma primeira aproxi~aça.o aos di v: 'sos'.ro0: Podemos dizer que existem duas razões principais para estes pro-
e0ricos correntemente emp g d

1
Não havia port t - .- re a os no estudo das polllicas sociais. blemas, que ficam apenas exemplarmente claros nessas questões definicio-
' an o, uma tese que-p·ro~âssemos-de nais. À primeira, chamaríamos circunstancial. À segunda, algo inadequada-
desnecessária uma conclusa.o conve . monstrar;--o que torna
Há ncIona.1 mente, designaríamos como estrutural.
• porém, uma questão interessant · t..
vações finais e que emerge e que JUS if,ca estas breves obser- Com o primeiro termo, queremos dizer que o estudo sistemâtico das
ta-se do fato de termos clas~~:::d~u; naturalmente da leitura do texto. Tra- polnicas sociais é ainda muito jovem nas disciplinas acadêmicas. Nao seria
gens discutidas, dizendo que nenh orno ,nsat,sfatónas todas as aborda- esperável que fosse diferente, pois o fenómeno é, em si mesmo, recente na
inteiramente adequada. uma delas podia ser considerada como história.
Se problematizarmos essa afirmativa f Isto não quer dizer que só agora tenha começado a discussão a res-
gunta que exige, e merece respost P • icamos a braços com uma per- peito dessas políticas. Há. pelo menos cem anos ela vem se travando, pro-
das as perspectivas ? Porqu~ será qu:·ne~~::• afinal, sa.o insatisfatôrias to- duzindo uma vasta e heterogênea quantidade de trabalhos desde então.
soluça.o para os problemas conceituais t O . dela_ s consegue fornecer uma A questao é que a quase totalidade dessa produçao mais antiga es-
volvidos no estudo das polílicas sociais ? e ncos, h1stôncos e empíricos en- cassamente pode ser caracterizada como acadêmica. Antes, o que a distin-
Esses problemas ficam enfaticamente ilustrados gue é uma vocaçao para a prática, para os problemas administrativos, tinan-
gumento: sequer uma definiçao adequada do u • com apena_s um ar- ceiros, atuariais e operacionais imediatos de programas sociais concretos .
ª
nas pnncIpaIs abordagens que estudamos. Co~e v~ pollt,ca social existe , Assim, embora existam exemplos até vetustos de estudos a respeito d e po-
do serviço social, nem a teoria da cidadania e ne mos , nem a pe rspectiva líticas sociais, foi mesmo nos últimos vinte ou trinta anos que surgiram e s-
lar nas dema,s , possuem um conceito d . mo ~arx1smo, para nao ta- forços mais teóricos e menos orientados para o curtlssimo prazo .
empiricamente consistente. e política social que seja teórica e
Se, do ângulo des sa explicaç ao que estamos ch am ando circun stan -
cial, a raz ao para a ausência: de modelos m ais satis l atôrios é eminentemente
102
polltica social• <ombat, d pob,.,,, abordagens r,6ricas das políticas sociais 103

temporal, é de imaginar que, à medida que o tempo passe, o problema ct· . BIBLIOGRAFIA
nua e at'e que _se reso1va. Em parte, .isto é verdade, pois, como vimos Para
im1-
caso do marxismo, a produçao mais recente tende a ser significalivame t0
Nas re ferências bibliográficas a seguir, o asterisco (") indica as obras de
melhor do que a anterior. O mesmo se poderia dizer de outras, pensa~~ leitura mais recomendda.
particularmente nas modificações do paradigma do serviço social ocorrida
na última década. s
Essa visão otimista deve, porém, ser matizada com uma dose de pru-
Bt~~f' L. "Riparliamo dei Welfar_~ Sta te: La Societá Assistenziale, la Soctetá dei Ser,i-
dente ceticismo. Com isto, queremos sugerir que alguns dos problemas
( zi, la Sociel á della Cns1 , ,n tnch,esta, X (46-47), out .
mencionados talvez sejam intrínsecos a essa área de estudos em si mesma BUCI-GLUKSMAN, C. e THERBORN, G•.
o que os tornaria insanâveis por mais tempo que se passasse. Mesmo qu~ (1982) Le Defi socia/-deroocra le. Pans, Maspero.
não fosse este o caso e que houvesse soluçOes, de qualquer forma estas BOWLES, S. e GINTIS, H. . . . . ,.
(1980) "The Crisis ol Liberal Democrat1c Cap1taltsm: lhe Case ol lhe Urnted States •
nao viriam do emprego das teorizações hoje existentes, mas de teorias so- Amhrest (mimeo).
ciais efetivamente novas, cuja próxima chegada nada parece indicar. DONNISON, D. et ai. .
A questao definicional pode servir para ilustrar este ponto. Dissemos (1915) Social Poticy and Administration Revisited (ed. rev.), Londres, Allen & Unwm.
que nenhuma das abordagens atuais responde à pergunta de qual é a ESPIG-ANDERSON, G. . •
(1980) "Polltics against Marl<ets: Decommodi1icalion in Social Poltcy , Estocolmo
substância compartilhada pelos serviços sociais e os outros mecanismos (mlmeo).
mencionados. Mas, e se não existir tal substância? FRIEDMAN, M. . .
Note-se que isto implicaria nao só a inexistência de uma definiçao rigo- (1962) Capitatism and Freedom. Chicago, Chicago Untvers,ty.
rosa da polftica social, mas também a sua impossibilidade. No lugar de um GALBRAITH, J.K. . .
(1967) The New Indus trial State, Londres, Ham,h Hamilton.
campo de fenômenos perfeitamente reconhecido (ou reconhecível), passa- GEORGE, V. e WILDING, P.
ríamos a ter uma região de indeterminação, onde, no máximo, seríamos ca- (1976) ldeology and Social Welfare. Londres, Routledge & Kegan Paul.
pazes de identificar alguns subconjuntos homogêneos, a estes conhecendo
?,~~iH, 1. Theories o1 lhe Welfare State in lnternational Journal of Hea lth Services, 8
conceituai e teoricamente. Assim, ao invés de possuirmos um único conteú- 1
( ), Ma M'II
do para o conceito de polftica social, terfamos que tolerar a existência de (1979)' The Political Economyof lhe Welfare State, Londres, e , an.
mais de um, com a carga de imprecisão que isso acarretaria. HALL, P. et ai." . • L d He·nemann
(1975) Change, Choice and Conflict in Social Pollcy, on res, , .
Vale notar que, nos últimos anos, autores inspirados em abordagens
muito diferentes têm chegado a um ponto semelhante a esse. Podemos lem- KERR, C. et ai. d th Penguin
(1973) lndustrialism and Indus trial Man, Harmon swor • .
brar da marxista Laura Balbo, que pensa ser preferfvel utilizar a expressão
HAYEK, F. . Ord Londres Routledge and Kegan Paul.
"política social" apenas como um "conceito guarda-chuva", debaixo do qual (1949) lndividuatism and Econom,c er, '
coisas muito díspares e até contraditõrias podem conviver (Balbo, 1980). Pa- MARSHALL, T.H.' . lvimento Rio Zahar.
(1963) Cidadania, classe social e desenvo · '
ra ela, pelo menos por enquanto, nada nos resta a não ser nos contentarmos
com isso. K. O capital: livro 1, Rio, Civilização Brasileira.
Por tudo isto, se é verdade que podemos ter algum otimismo na ex- MARX, K. & ENGELS, F· Ediçóes Sociais
(1976) Textos: volume Ili, São Paulo, .
pectativa de que o tempo resolva os problemas das abordagens atualmente
disponíveis ao estudo das polfticas sociais, devemos também saber que al- MISHRA R. .. . S . 10 ical Review (nova série), vol. 23(2), maio.
(1975) "Marx and Weltarn ;n/' °':'~h!ries and Practice of We/fare (2' ed.), Londres,
guns deles, se sao solucionáveis, sõ o serao depois que novas concepções (1981 )' SocietyandSoc,al o1cy.
surjam e sejam !estadas. MacMillan.
Isto, que pode parecer uma nota de pessimismo para encerrar este OFFE, C. d/ct · s the Welfare Sta te, Londres, MacMillan.
(1984) Contra 10n 01
l!lXlo, deve ser lido em sentido oposto, como um convite para que todos
PINKER, R.• f Welfarc Londres, Heinemann.
Ç>E,nsemos mais sistemática e menos preconceitualmente a polftica social. (1979 ) The tdea o •
EN F & CLOWARD, A.
Procl!larnonte porque existem os problemas e que os reconhecemos é que PIV , · 1 ti g the Poor Londres, Tavlstock.
oovomo!J onfrontá-los. (1974) Aegu: ;lo's Move::icnts, Nova Yor1<, Vintage Books.
(1 979 ) Poor

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