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AJ30RDAGENS TEÇ)RICAS AO
ESTUDO DAS POLITICAS SOCIAIS
eª~~:
Que no 8 . principais m tençao para os pressupostos filosóficos e normativos de ca~
sua prática O ras,/ trabalha
dela u nas atividad mos com as p0 ir . chamªndº ª ªdo para as conseqüências que advêm da adoção de deterrni-
s, Provavel . . es de ensino . ticas soei . um para o trabalho empírico e analltico (Mishra, 1981 e Gough,
so a livros e e:i~te ia nos defrontarn~:esqu,sa e aprendi:s, Quer seja ern
nado m
pleta ausência de o~s sobre o assunto À~orn diversos Prob1;~rn a respeito 1978). nosso texto está filiado a essa tradiçao de estudos. Ele pretende
somente conse ui ras que possam no~ vezes, constatam as de aces. Este . . . t . .
.. . r os leitores com as pnncIpaIs eonas sobre a polfi1ca social dispo-
compreensível ;o mohs localizar um ou outrerv,r de referência oºs urna corn. a,nihanza · · t · 1 · d ·
zIn o o estudo · · utras f . t airnente na literatura m ernac,ona , aIn a que seu obietivo seia fazê-
Perante tal car · . . isolado, Quera vezes, nrveis a u de maneira introdutó·na. vamos apresentar urna visão resumida de
que a situação b . enc,a bibliográfica . rarnente é 10 apena 5a procurar assina . 1ar os autores e grupos de autores mais destaca-
ã ras1le1ra é . , muitos som
Ç o de estudos . · universal, no . os levados . m'
cada U cada qual e fornecer a1gurnas 'Ind·,caçoes - de leitura adicional a fim
semos que não ;1stemáticos sobre as P~tdo inteiro inexistindo a irnaginar '
os interessados possam aprofundar-se mais tarde. Para cada um
mas, ao contr. . ena no Brasil apenas icas sociais. É corno urna tradi- de qu e . d' 1
·
dos modelos teóricos que Iscu iremos, procuraremos ser também avaliati-
conhecimento ::~iq~:s%ª/oderia ser c~~:i~e~!~!n~~a apontadas;c~'i!~s- vos, caracterizando ta_nto as vantagens, quanto as desvantagens. Isto, corno
lsto não é po . ' pouco estudado em ,ca desse carnp0 a,
tores de I' ' rem, verdade e emb geral. de é óbvio, nao pode deI~ar de ser op1rnatIvo, mas esperamos que os leitores
1ngua portug • ora possa p berão julgar por sI sos quanto ao acerto das avahações que fizermos .
tidade de obras dedici:sa, existe hoje no mundo urn:rfcer estranho aos lei- sa Antes de passar à apresentação de nossos argumentos, vale a pena
mente em inglês, franc:: ao est~do das polfticas soci:tess,o_nante quan- retornar a uma idéia já sugerida e que precisa ser esclarecida para evitar
pé1as, está atualmente d' e alemao, mas também em ou; Escrita especial- suposições equivocadas. Trata-se da afirmativa de que uma imensa biblio-
cial, sua história, seus pr~s:,on/ve/ uma vasta bibliografia s;:r: línguas euro- grafia sobre as políticas sociais existe hoje no mundo, o que é verdade, mas
mwto antigas po·s f emas e suas perspectivas R a política so- que não deve nem conduzir à suposição de que tudo esteja iá estudado, nem
' 1 oram quase t0 d · aramente s -
Nem todas são . . as elaboradas nos ·ir . aoobras levar à tese de que podemos nos considerar dispensados de avançar na re-
1
então caminhand~g~atente relevantes, havendo muitasujtos trinta anos. flexao teórica e no estudo empírico das políticas sociais. De um lado, nao
t t e eremente para um e . esquecidas 0
ano, uma quantidade muito grande de obrm rec1do esquecimento. É, no en~ devemos fazer isto, porque, embora muita coisa esteja efetivamente estuda-
. Esse vasto conjunto de traba/h as que encontramos. da, há ainda temas quase que inteiramente ignorados ou entao muito mal
ne1ras. Poderíamos, por exemplo se os -~ode ser organizado de várias ma considerados na literatura disponível. Apenas para exemplificar, é o que
e trabalhos comparativos em e ' . para- os em estudos de caso nacionai - acontece com o estudo das polnicas sociais nos países do Terceiro Mundo,
flex_ ã o voltados para a re~posta ni:1~~em~~s abstratos em esforços de re~ que a bibliografia internacional somente nos anos recentes começou timida-
dedicam ao estudo de uma só o//l' soes prá!lcas imediatas. Alguns se mente a tratar. De outro lado, porque, conforme mostraremos mais adiante,
todos os modelos teóricos hoje disponíveis padecem de problemas, que pre-
riên_cia inteira de um pais com ~s i~~titnquanto_ que outros tratam da expe-
m1nistrat1vos jurldicos e histó . p as soc1a1s. Estudos financeiros ad- cisam ser resolvidos antes de que possamos nos dar por satisfeitos com
. ' ricos, entre outros pod ' qualquer um.
praticamente qualquer tipo de . • em ser localizados para
programa social. É por estas razões que o texto a seguir não deve ser visto como uma
Como podemos imaginar nem todos - apresentaçao de modelos teóricos prontos e acabados, lace aos quais nada
ponto de vista dos marcos teóríc esses trabalhos sao iguais do
nos cabe fazer além de adotar a um ou outro e recusar os demais. Espe-
suas análises e interpretações a~otam para o desenvolvimento de
cialmente, nao devemos ler as críticas a determinados modelos como se
TIOdelos teóricos sendo emp e . d ntrano, existem atualmente diversos
aconselhassem a preferência passiva por algum em especial. Todos são
o rna possível organizar a lite~a;;/:x~s~ e~tudo das pol/t,cas sociais, o que problemáticos, o que pode nos privar da segurança que um modelo definitivo
e,s em torno deles. en e agrupando os es tudos dispon/-
fornece, mas é o que nos dá a liberdade e o dever de pensar e exercitar
Com essa intençao ' enc on tramos hOJe
. em dia alguns trabalhos inte- nosso intelecto.
ssantes, como os de Ramesh Mishra e lan Gough , dos quais . faremos lar- Iniciamos por uma breve introduçao, com a apresentaçao dos modelos
, uso no correr de nossa argumentaçao • Em ambos , os autores .Ind'Icam os teóricos a serem discutidos. A partir daí, vamos considerar cada um em se-
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Polttica .sociaJ r e
""'bar,d Pob,,,..
.
---J()CÍIJU
daS i,v--~ s aqueles que se opõem a-
parado, apresentando-o_ s, avaliando-os e ilustrando i•"'~ rirneiro grupo, teriamaos neoliberais conserv
obras deles representativas. Na conclusao pr -Qs corn exc rxistas . No P ao estatal, como d' \adiam entre uma
. geral, tentando dar extrair algumas suge
ço mais , ocurarern
tõ e~os
os fazer urn b de si,ci81istas ma alquer interven! os autores •que se 19 conhecimento da
do teórico da polltica social. O texto termina coms es Para avançar no alan. os 1mente a qu dias No segu º'ct de centralizada e o re iais" como Be-
1ront: de nossos·ta pe·rante a autonoªmico e das reformas socno~s indicam,
indicam as obras de leitura ma_is indispensável e ~:~ebibhografia, na qu:~tu. dOre usp01 to econ orno seus .
da apenas para estudos de maior profundidade. consulta recornend:~ atitude de ~e do planejame~ Os demais grupos, estatal e do coletiv\srno,
necessid~eynes e ~a~~=;i;bilidade da interv~;:nçar o socialismo (George e
,endge, m quanto . e advogam para a
concorda as estratégias qu põ apenas dois
·ndo n 'ld' g pro em
II. OS MODELOS TEÓRICOS NA LITE diferi 1976). George e W1 in .. tas, cabendo
A RESPEITO DA POLíTICA SOCIA~ATU~A Wild1ng,odemos ver que, _no tun~~•anticoletivistas e..os col:~o mais é que
ps rupos mais dehn1d~'~oletivistas relutantes ) .que rtante pois chama
Quando estudam as polfticas sociais, os cientistas socia' grande gum terceiro (o ~os ue é uma dist1nçao impo o'. de um lado,
perspectivas teóricas muito diferentes. No limite, em cada is iodern ªdotar
obra existem tratamentos teóricos peculiares, no sentido de:u. ore ern cada :~:~s~:Onal. N~~r:~;::~t~d!:e!ncia~or.:~a~~~;~~u:~::~:~ ~ráticas :~~-
.1gua1s
. a quaisquer
. . variam as ênfases conceituais ao
outros, pois e exatarnent
. e atençao par:mento essencialmente m iv~ento coletivista, tende a r~c~ida e
de considerar a evidência empírica que cada qual realiza. as rnaneiras fica o pens O segundo, o pensa 11\ica social re
diferentes das que te o primeiro deiende uma po bate pela ampliação e
Nao é, contudo, destas dife_renças pura~ente individuais que tratare. dar. Caractenst1cam:nai' enquanto que o segundo se
mos. Para nossos efe1to_s, mais interessante e organizar a literatura exis-
tente em termos de conJuntos maiores de autores e obras, que PQdernos essenciat:çn!: i~st~umentos de poltlica soc1al.Wilding pode ser criticada
universa iz estão de George e ·1 r Dale em
estabelecer em funça_ o de suas grandes concordâncias e convergências
Embora relevantce, a s~~zem Peter Taylor-Gooby e Jennpod 1e em-s~-lhe
teóricas . Nosso ob1et1vo, portanto, é discutir aquilo que poderíarnos cha- . maneiras. orno ;~ ~v,nlnnir.,i da literatura,
mar "abordagens" ou "pontos de vista", compartilhados por diversos cien- de muitas e ropõe uma tipo_lQg~ De detalhe: a inclusao de
tistas sociais, até certo ponto independentemente de suas profissões. As-
sim, embora existam e sejam relevantes as distinções entre as perspectivas ] ~:: ~=~~~:s:~::;e~~:ee:~~ ~~:n~~ 1:,
;o~~.~~1~:i~:~:~a~~:e
típicas, por exemplo, de sociólogos, economistas, profissionais de serviço autores ~:Seando-se apenas no tato de ambos ~rso na Inglaterra do pós-
social, cientistas políticos e antropólogos, o que nos interessa são algurnas t1ficada, d processo de nacionalizações em c e corno acidental a re-
diferenças que antecedem as peculiaridades de cada categoria profissional, ferrenho;e :êtodo: George e Wilding tratam qual se houvesse conexões
situando-se mais propriamente no campo teórico . guerra. . como se entre e as
laçao entre valores e teonas, ale 1981, pp. 57-58) .
Muitos trabalhos recentes têm procurado organizar de maneira serne- mais profundas (Taylor-Gooby D ' ·e ões levantadas por Taylor Gooby e
lhante a bibliografia disponível, sugerindo diferentes tipologias ao longo das Podemos concordar com as obJ ç t·pologia que eles própnos su-
quais podemos classificar a produçao intelectual a respeito das políticas so- pod s considerar a I re-
Dale, mas dificilmente emo 6 . A contrário, ela mais aumenta que
ciais. Nem todos, porém, concordam quanto aos critérios adotados na mon- arem como plenamente sat1slat na. o
tagem das tipologias. Para facilitar nosso próprio trabalho, convém analisá-
los rapidamente . ;olve os problemas indicados . . lo . onde três grupos de auto-
põem uma tipo gia ·
Três desses estudos sugerem tipologias onde autores e obras se Taylor-Gooby e Dale pro chamam ''teorias normat1-
o que os autores .
agrupam em termos das orientações normativas que compartilham. Pode- res se alinham de acordo com . . reformismo e O estruturalismo.
mos, por isto, tratá-las como tipologias axiológicas, dado que seu elemento vas" da polltica social: o ,nd1v1duar,s~.' º1ogia cujos tipos são deiinidos a
deM nstruçao é caracteristicamente valorativo. Vale notar que estamos perante umaê ipo Assim pode lazer sentido con-
. . •to pouco homog neos. • .
1 Vic George e Paul Wilding, por exemplo, propõem organizar os auto- partir de cntênos mu_i .. ., . .. como orientações normatwas,
... d'1 'd ahsmo e o re 1orm1sm0
res que tratam das polfticas sociais em quatro grandes grupos: os anticoleti- siderar o in v1 u . de normatividade (idem, caps. 3
mas O "estruturalismo" nada tem, por si s6'
vistas, os coletivistas relutantes, os socialistas fabianos (ou reformistas) e
e 4) .
71
bpoS, P1nkor
1
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70 _..,,,,
l'Olflica SoCiaJ e Comba .
-~ - -
JaS ,,.,..--- . ento de sua
série bdeacentos às di-
, . a literatura
organiza
75
existente em cinco.
rma mais
tratando de Io .
. hra tambem as ch89ª a eles , de "tuncionahsmo .
"
l
A primeira objeçao que se pode levantar contra esta . . "' ,,,,,. ao. M1s " teóricos, m . com sua ideia ria da cidada·
. .
decorre da ligeireza com que e1e agrupa os estudos basead s ldé,as de Gough ô~itTl'' seçs de vista Gough fazia considerar: a teo bOrdagem
0
cidadania com o trabalho dos teóricos da "convergência" ~ na noçao da naP~as "p0nt~átgamª .que as perspecuvas o marxismo e a a
amálgama o nome de "funcionalismo". Não só existem como' and o a esse 9,an da o a seriam funcionahs ·
, funcion
renças muito importantes entre eles, como o próprio termo veremos
i- 'd,_.fe. ade<iº~;shra, est:nvergência , o . to o problema de sere:
mais bem empregado se o utilizarmos para identificar uma pers ª isrno fica para re0ria dB t (Mishra, 1981). resolve-se com is ontudo, com outro, poI
.
pecff,ca, que nao se confunde nem com a tese da cidadania ne Pectiva es- ní8, 3,,,,ço sacia pede perceber, . eiras. Ficamos, c . mo que Gough, com
"teoria da convergência". ' rn con, a dO se Co"'º s;stintas as _ trêse~~:ômicas e do pl~r~'! não englobados nos
A segunda crílica vem do fato de que a classificaçao sugerid 1e1ivatTlente diz das teonas tos de vista relevan e
'\ Gough deixa de fora uma imensa quantidade de obras, as que nao se e: Por e hra nada . como pon roteg1do dessa
f.,11s identit1cava Mishra estava P ustiva.
li \\ r- xam em nenhum dos três (ou dois) tipos desc ritos por ele. Ao que pareca,- iazao, . de-se dizer que ti ologia tosse exa •
\. , 1 } ele mesmo tomaria consciência disso, pois, em obra posterior, se referiri~e~ ootrº\m certa medida; ~gum pretendia que su: o~ra queria so_ m ent\e;aa
/ urna quarta (ou terceira) abordagem da polílica social. is em momen o oso ao afirmar que su tivas principais (so r
t'"f Esta seria, em suas palavra s, uma perspectiva "mais empfrica, ecléti-
"--- ca e multidisciplinar", característica dos profissionais do serviço soc ial. Pa.
crnica,
AO contr n;·o ele era cautel de vista ou perspe~ . bOrdagens (idem, p.
desses pontos bre outras poss1ve1s a
ra Gough, ela teria surgido em resposta aos problemas anteriores, especial- minar "c1nc I)" nada dizendo so te queremos
mente na obra de autores preocupados com a aplicabilidade de suas análi- polft1ca soc1a ' do problema. Se realment dO da pol~i-
ses. Referindo-se a Titmu ss, o principal representante des ta perspectiva na X) . · a soluçoo das no es u
1 . Isto, porém, nao ~eôricas atualmente empre~~ importantes, mas tam·
opinião de Gough, seria uma abordagem que inclui aspectos de Iodas as
d·scutir as abOrdagens nos cabe listar todas as m e sao efetivamente mais
outras, "justapondo-as (... ) de maneira assistemática, sem que uma síntese , , 1 não apenas . .dentiticando as qu
teórica emerja" (idem, p. 25). ca sodc,a ~mos hierarquiza-las, 1 d vamos fundir
E o marxismo? Como vimos, Gough não o discute ao mencionar seus bém ev · mais adequa a, ões
três (ou dois) tipos básicos. Também nao o acrescenta nos moldes do que dotadas. he ar a uma tipologia e fundo as discuss , .
faz com a aborcíagem do serviço social. Mas ele se refere ao marxismo co- a Tentando, então, e ~ishra, tendo como pano d obteremos uma ser!e
ugestoes de Gough e dos Assim proE_ede~ - ;;;is-~ '
mo uma abordager, que viria a resolver os problemas das demais, se rvindo as s 5 menciona · dois subgru tc. • - d so
de solução para suas imprecisões e lacunas. Só que, no entender de Gough, dos outros autore . ntes organizadas em - atro restantes , e u
uma abordagem marxista à polftíca social ainda tinha de ser formulada . O de ~e1e abOrda~ensJ{e~~undi~ãs. N,o segunão~a~~~iras analisaremos com
trabalho dele próprio seria um desses começos. teríamos as trcs m . zidos de autores . As P ao
A única desculpa para tal afirmativa é que, na altura em quo escrevia, limitado a grupos mais ~e~~cando às outras menor atenç .
o grande surto de investigações marxistas sobre a política social somente mais c~1dado à_frente, 1:çM que propomos:
E a seguinte a re
começava, como veremos mais adiante. Mas havia já uma abundante pro-
A "perspect1va dOserv1ç, , , oc1a/" ' .!.
--'
I
duçno de obras inspiradas no marxismo !ratando da política social, mesmo
se criticá veis. Além delas, a obra do próprio Marx estava disponível há mais A "teona da c1dadan1a1 -
do um século, nela existindo uma preocupação nem que lesse menor com a ,,· o marxismo• " . \
lemática da política social. O "func1onaf1smo ." i
Por estas razõos, vemos que Gough torminava por considerar cinco e A "toaria da convergência
n!!o lrôs abordagens ao estudo da política social: o funcional~ teorias \
o "pturalismo" . da politica social": •
oconóm1cas, o pluralismo, a perspectiva do serviço social a o marxismo. 1A "teorias econôm1cas a dois lembretes sao ne-
Trata-so de uma classi f1caçao rnzoavelmenle satisfatória, salvo o problema s à a rose ntaçao de cada um ' caracteristicas mais
mencionado na acopçao que Gough tinha do funcionalismo. Antes de lu:ar, que vamos cons~~::ª;n~~viduais. Assim, qua~-
Corrigindo exatamente esta questão, mas incorrendo em ou tras, va- cessános. Em P oordagens o não os aut . da abordagem, nao
mos encontrar o trabalho no Mishra, aq uele em que mais nos basearemos gerais das diferentos a ualquer adota determina
do afirmarmos qu e um autor Q
76
testaremos
. a e d.izendo que sua ob • P u. · ricOS das pai/ricas sociais 71
ambem o Oca So .
Ó
mpregam C ra e ex Clal,c
,;o,J,,g'"'"oha
Em segund . ada um for atamente i °"'bo,, d deixar 11. própria
sorte todos aqueles que nao conseguissem,
do serviço social'? lugar, valendo P~osamente, te~ua1 à daque1 Pob,,,. que_propu vencer no mercado competitivo. Face a tais "teorizações", os pri-
profissionais do ' queremos deixa ra a primeira a~uas Pecuts. outros soz1ohOS'
. ro1issionais dessa tormaçov,~ se .insurgiram,
. denunciando
. os males
economistas . serviço social r _claro que nã rdagem ª,'.idades que meiros . ' 1os. Para essa missão.
sociais pe convocando a socre. dade para corngr- . _acu-
uma tal "per~i~:~it~~~s ~olítico/;i~~ól~ue cons~d:~i:rem~s~ P:rsPectiv, mular evidência sobre ostprodb\emas era mais_1mportant: . que explica-los,
serviço social comung, nao quer d.1zer sugos etc. Ass1m
. os ,nade
. quad a com os agir mais premente q~e en en er, so1uc1onar mais necessano que "teorizar".
possível que exista am de um único por que lodos ' afirma, que o Para AUtores ingleses como Booth e Rowntree, bem como os Webb no rni-
qualquer uma d m profissionais d ponto de vista t ó os Profiss; existe io de suas carreiras, são exemplos adequados dessas atitudes. Nos Esta•
mos, é típica ap::a~~ras abordagents:: for.:nação a~o;:co. Ao co~~:;s de ~os Unidos, o processo de nascimento foi algo diferente, pois o serviço so-
e alguns desses profsa .perspectiva"ndo Praticam 'º· é cial emergiu principalmente no interior das empresas industriais, integrando e
iss1onais . ' como rnostrare-
ente
administrando as diversas iniciativas daquilo que podemos chamar "welfa-
rismo empresarial" (welfare capitalism). Nos dois lugares, porém, constata·
mos um mesmo momento inicial de aversao às teorias e de preferência pe-
III. SETE ABO RDAGE los "!atos".
Seria equivocado, contudo, atribuir a essas circunstâncias de nasci·
DAS POLfTICAS SONCS AO ESTUDO
IAIS menta a continuada indiferença da perspectiva do serviço social para com a
teorizaçao. Antes, devemos buscar as razões para isto na maneira mesma
A "PERSPECTIVA D em que formula seu objeto e seus métodos de trabalho.
E O SER VIÇO . Dito de forma simplificada, a idéia nuclear desta perspectiva é a de
sta aborda SOCIAL"
gem é "melhoria social" e não a preocuoacâo com o estabelecimento de um corpo
soc1a1s. Mais trad1 a mais trad1c1ona1 e de conhecimento sobre as determina ões dos problemas sociais. Para ela, a
formulada inrcral c1onal, porque é a mais antiga no estu
anos. Mais anti mente, mantendo-se que menos mudou d do das polOrcas questão e pr tica, sendo seus representantes movidos mais pelo desejo de
mudar (ou, talvez melhor, de "consertar" e "remendar") o mundo, do que de
autores dÕ° séc!/;/;)~rque, feita exce~~m ~otável pers1stên~~:e tqua~do for
entendê-lo. Nisto, como lembra Mishra, ela se assemelha ao marxismo, mas,
Primeiro lugar se d d , como Marx e os o e alguns escritos a raves dos
Nenhuma e rcou a considerar economistas clássr esparsos de onde este vê a necessidade de transformações "de atacado" na sociedade,
gorosa, no entan~essas afirmações d s1stemat1camente as cos, for a que em esta tende mais a identificar a possibilidade de reformas "de varejo". Se o
serviço so . o. De um lado eve ser tomada políticas soc1a1s marxismo é a engenharia da ruptura radical, o serviço social seria o trata-
cral e a , porque como pe f mento em doses homeopáticas dos males da sociedade (ver Mrshra, 1981,-
transformaç. mais estável , se é verdad r e1tamente rr-
/ de haver ap~~s, até importantes nem por isto ela ~:ue a perspectrva do
p. 5). Dada esta preocupaçao central com a idéia de "methOria", podemos
ª
const1tu1u, b:c1do ainda no últr~om sua traietória. De or~ou de passar por
A m drzfil em quartel do . u ro, porque a deduzir, como Mishra faz, que a ênfase da perspectiva será posta sempre
no estudo de situações locais e no máximo nacionais, pouca atença.o res·
.,,-. seja su: ~~nctará r'.º• tal:e;-au~sorreº1teóriQo
-- - çaopa
mos entendê-la - . ra !) e'!IJJ.fnco e
eva nt -=
e característica
e~
o.
~:st:
- tando para ensaios generalizantes e comparativos. Para poder instrumenta·
res e de suas ~omo 'o estudo s , s ~ ~ c o Com desta abordagem-
\izar-se para a prática, o serviço social tem torçosamente de buscar o deta·
se' portanto d:o uções por reformas ~mát,co dos P~obte::a drz Mrshra, pode- lhe e a minúcia em cada programa especílico, o que relega a visão compara·
prátrca e ra,; me~t:a abordagem esse~~~::adas" (Mrshra ~9~~c1a1s smgula- tiva para planos menos importantes.
Também porque se ocupa crucialmente da açao, esta perspectiva
A rndrf preocupada com mente reform, ' 1' p. 3). Trata-
tende a concentrar seu esforço no estudo de programas governamentais e \
chega à ho:r:,~d:~: d~sta Perspectrv: ::::zaçao e a es~::u~~;;tada para a empresariais particulares, vistos quase sempre fora de quadros determinati- , ®
in,cralmente na ln 1 ' eriva, em parte de com a teoria que o. vos maiores. Caracteristicamente, ela os estuda usando de ecléticas m·rstu· \
,,an cont ra a teorr~ ~, :ra e nos Estado~ uni!uas origens •h,stór:uitas vezes ras de teorias e métodos, mais como uma abordagem multid·rscip\"rnar e apli· l
ra/ ortodoxa e e t os, o serviço s as. Surgido
x remada dos meados ocral for um
d a rea- cada do que como uma teoria especifica. O problema, como diz Gough em
o século XIX,
79
.
,"""'"ª ~•ada.
. Como se pode
'·
0
m"=. "'"' '"ª":::":: da de1i;ção:
g nte em pauta é
remos adiante. Para todos os efeitos, ela não representa urna teoria, estrito
senso , sobre a pol~ica e o bem-estar social, mas isto nao
faz com que ela
perca importância corno marco de relerência intelectual e ideológico para
so~1al simplesmente ~:ceber, isso significa que a
:lfiw = a,.;~;;:,::;" ;me,pmo,,;; ,",':,; ' ' -a oo':
a
Da, derivam inúme tem um conceito próp . d perspectiva do se . muitosO
estudos
tom desobre
criticaoque
ternaviemos
(idem, adotando
p. 8). até aqui não significa urna recu-
.subordina a reflexa à mp,nsmo ingénuo" cos, que podema sa global e perernptória desta perspectiva. Ao contrário, podemos notar que
assim, se vê impedido d~ s flutuações dos huma~ no duplo sentido de alg~ algumas de suas caractertsticas muitas vezes produzem efeitos positivos,
Também por est as pensar e criticar os governamentais e q tanto no plano do conhecimento, quanto no normativo.
recente as razõe ·
s, .ª perspectiva do
ue, t:) Assim, a ênfase nacional e a orientaçao para a açao fazem com que a r
há ~~~i:ª
cial mente começa a co .
i;genuidade id:~;~r libertar-se (e ist:::1: social só muito
perspectiva do serviço social, mais do que qualquer outra, tenha a praticida·
te~~:
_ questõ com que, salvo as outras abordagens de menor dilusão, a "teoria da cidada-
pnmeiro · . · re seus . es 1
O as nia", a bem dizer, reinasse absoluta.
país sobre hnha "prática", foi um e escritos, dois A identidade própria dessa abordagem é dada pela centralidade que o .
Intitulado Incarne _nc,_as da distribui a studo de grande im conceito de "cidadania" possui em seu interior. Para ela, o entendimento da \ '
a mudança . D1stnbution and So ç· º, das rendas inglesa pacto em seu
social") c,a Cha .. s no põ polftica social é inseparável da compreensão do processo de expansão e de \ ;.-:
zada, a distribuiçao •da obra mostrava que nge ( A distribuiçao d s--guerra.
igualitária no e renda da popula '. ao contrário da o i . a renda e transtormaçao da cidadania no mundo moderno.
O ensaio seminal dessa abordagem loi escrito logo depois da 2'l Guer·
tos então e período. Para isto tev çao inglesa não tinha P n,ao generali-
mpregad • e ele de -- se tornad ra Mundial, por T. 1-1. Marshall. Inicialmente uma conferência, tal texto, intitu·
os cálculos relev o pela contabilidade cnt1car o conceito d º.mais lado "Classe social e cidadania", cedo se tomou um clássico (Marshall,
social ganhara antes. Com o livro o dnac1onal e refazer mi e _rend1men-
dade de am li m uma base estatísti~a s efensores da expans~c1osamente 1963). Como se pode depreender do tftulo do ensaio, Marshall pretendia nele
época de pr~ ar a cobertura dos prog muito segura para justif o da pol~ica
O s spendade econômic ramas sociais mes icar a necessi- examinar as dilerentes e complexas relaçC>es que existem entre as noçC>es
de classe social e de cidadania. A primeira se reteriria aos elementos de
"generosa~~utdo, chamado The ~;;~1 (Titmuss, 1962). mo em meio a uma
dilerenciaçao e desigualdade caracterlsticos das sociedades modernas. A
~:n~~:~~~~=/~t;i!:ç:~
seu ' o, sua últim b elallonship ("A
segunda, ao contrário, afirmaria uma igualdade básica entre as pessoas, de-
~~:•pq;ii~~:: ~~~i:~:d~v:ººud:~:. ~eu corrente, em suas palavras, da participaçao integral de todas na comunidade
, ue eram a ma apoio • caso da d nacional. Antes, porém, de explorar as disiunções e contradições entre am·
dos Estados Uni~~;raMna Inglaterra, o:~::s doações estrita~:~~º de san- bas, devemos, como Marshall, explicar melhor a prôpria idéia de cidadania.
eia ao america ·. ostrando ue -as ao sistema e e voluntá- Para ele, a cidadania é essencialmente um conjunto de direitos, que se
truísta e no, o livro term·,n q o padrao inglês e omerc1al vigente
generos ava por ra supe · podem subdividir em três blocos: os direitos civis, os direitos políticos e os
"egoísta" e sub a,_ao mesmo tempo ser uma delesa da nor em eficiên-
. (' Além de ~~lida às regras do m~ue uma condenaçao ~olfl1ca _social al- direitos sociais. Eles não surgiram iuntos na história, pelo contrário, tendo si-
tiva do serviço~s.s, outros autora reado econômico (Til a pofn1ca social do necessàrios alguns séculos até que cada um se configurasse e todos se
tundissem. Assim, a cidadania integral, com todas suas três dimensões, se·
dois bons exem:~ct:Pi:~ suas obrat ~~n~:7poorãne~s ad:~:s~ ~'9pe73).
Ant - er, 1979 e onmson rspec- ria algootlpico
~e apenas
~L do segundo
século XX.
Marshall, seriam aqueles "necessários à li·
O
uma ldé. e_~ de concluir esta bre' onmson et a7., 1975) na Inglaterra, são
,a Ja elaborada atrá ve apresenta a . berdade individual: liberdade de ir e vir, liberdade de imprensa, pensamento e
ontre "perspectiv .. s. Trata-se d ç o, vale a pen . . _ lê, o direito à propriedade e de concluir contratos válidos e o direito à ius\iça".
flsst'Jo" do a do serviço social a necessidade de . a ins1st1r em
serviço social O ' nos termos . evitar a confusao Este último produz a possibilidade de garantir os demais em igualdade com
. urante muitos anos aqui discutidos e a " qualquer oulra pessoa, e sugere que as instituiçoos mais cruciais para o
' era possível d'Izer que
' uma pro-e
82
exercício
(p, 112) • e a Salvag uarda d Polti
Os d1r os direij ~<Q So . a, daS pcUncaJ sociais 83
corno rne~~~ Pol~1cos são os civis são ""'• <°"'ho,. • -~g'"'" Ó
(IC
ida em que a nascente economia moderna exigia a liberaçao da mao-
eleitor d o de urn os de .. os tnb 1>oi,,
tos de v os rnernbro organ1srno Part,c,Pa una,s ,., Nª med das amarras da sociedade feudal, permitindo com que os indivíduos
Tarnbé otar e ser s de tal or investido r fio exe~ de füs1, de-Obr\m movimentar-se no espaço e nas ocupações, os direitos civis te-
lo rn eles t votado 9an1srno" de aut crc,o a ç,
s: Pari enarn , assirn . Ern b ondad o llo(I pudess .1 t "
0 Fin arnento 1nst1tuiçõe Part1cip reve e Pol~,c e, Poi~ nafll emergido "matena men ee.os soc1a1s
. . surgem, para Marshall, sem que se
I easc· ses ando d ' ªou ,,. Jâ os direitos pollt1cos
um a rnente arnaras r Pecff1cas os ' 0sao e~ c0nsiga discernir quais. seu.s fatores explic~tivos, pois_faltam, no texto, men- e.
0
por : : : i e be;,;;:~a~~h~t::~~:~tivase:~~:,9adas de ~ p~~I:~ çõElS aos processos hrstóncos reais atraves dos quais teriam sido produzi-
acordo co ' na herarJça rJom,co e d os soc1a,s ~I (p, 112) atena1,i·. dos os resultado.s apontados. Ao contràno, o.estabelecimento de arnbOs r
m os soc,a/ e segu vao d · .. tennina por ser visto como _um p'?cesso evolutivo, fundamentafrnemeJjnear ,
Pa avras padrões e a le rarJça a esde .. e ;ncremental. Como drz M1shra, a narrativa de Marshall pode ser lida corno .<
d:
1 ad , os direitos a u que prevalece var a vida de o d,re,10 de o d,re,10
n1rna 1 a
a história da aflrrnaçao gradual e inevitável de um certo tipo de conceito de °'
tais direi::~ve1. Agora,: ~u~;1dade v:~tc'edade~~=er c,:: ;:a,, cidadania inerente à natureza e ao desenvolvimento da sociedade inglesa". '
N enam o s1ste 1 s I U1ções res socialmente nam, em de Em outras palavras, algo que podemos considerar essencialmente proble- ·-
de c1dadº argurnento de Mma educacional :nsáve1s JJela acerta co~utras mãtico (o surgimento de instâncias de igualdade em uma sociedade basica-
ama te • arshall os ser Substa a m.
culo XV111 nam trilhado ' os três com vrços soc,a ntrvaçao d mente desigual) acaba sendo "desproblernatizado", vindo a ser tratado como
cos e o X~1u a afirmaçao dcaminhos separadP0nentes do co rs (p. 113). e se lasse a coisa mais natural do mundo (Mishra, 1981, p. 30).
tanto, como ~ss1stiu à cons~~ d;ertos c1v1s o~~; diferentes :;~10 mOderno Deixando estas questões de lado, podemos nos concentrar agora na
cetada. -v1sf'JlºSr a c1dadç o dos soc;a,s S0a generahzaçaomdpa, Osé. análise dos direitos sociais e da cidadania social correspondente a eles. É ((-
- ) an,a pod · mente os llOI" precisamente neste ponto que as idêias de Marshall mais contribulram para
Devemo -J e ser ent nd na atual1d ,,_
estava r f s ter claro "-s;'J\. -A,Q e 1a dessa ade, Por- detinir toda urna abOrdagem ao estudo das pollticas sociais.
ele não ::nda à lnglaterr~~e a análise de Ma ; ~ar;f'.rt Nao que a discussao que acabamos de ver seja irrelevante para o te-
=,
,, , ' . tnfa- -
ma. Ao encaixar o tratamento da polltica social no esquema da evoluçao
outros con eªPhca, em Prrnc! apenas a ela. As~~ all, no ensaio em , ,,
mais geral da cidadania, Marshall lhe assegurava urna posiçao prestigiosa,
parece tert t,~~s. O próprro apeo~recesso de:x~ cro~olog,a sug~~~;tão, trazendo-a para o plano das instituições mais valorizadas da sociedade
Passage conscrênc, ' o que se ansao da crd por contemporânea. Para ele, os serviços educacionais e sociais deviam ser
crever a :~:~::d: 1mp1rc,~ ;~~ºa ~:ra dess~i:,1:;;~ender do ~i:~\e~ vistos em pé de igualdade a instituições das quais o pensamento moderno
des Isto, porém n~~rd_adanra na soc,~~ênc,a por ele a~n~m ma,s de uma com toda razao se orgulhava e se orgulha: a imprensa livre, o sistema de
d envolvimento 'd e verdade, po d ade modema em ada P0dena des- justiça, os parlamentos de representaçao universal. Desta forma, ele nobili-
em secular co a crdadanra em r o,s motivos P geral tava os serviços sociais e propunha que nao fossem mais tratados como
caso d ' m Período muitos par · or um lado aspectos de importância secundária na sociedade.
(
estab e algumas na - s de afrrmaçao d ses nao Obed , porque o Assim, em que pesem as limitações de sua análise ao caso inglês e
elec,mento d çoes do Tercerr os drre,tos c,v eceu àquela or-
sequência, que ~s drrertos polftrcoso( Mundo), ou entao mu,to retardados apesar dos problemas na sua explicaçao histórica, o efeito das idéias de
Marshall foi trazer a discussao das polfticas sociais para a "sala de visitas"
dos três drre,tos fo,ªr~hall aparentemen~aso dos Estados U~~ltàneos aos de
o os drre,tos s~c caramente romprd e supunha necessá , os). Por outro da sociedade contemporânea, tirando-a da "cozinha" a que estava relegada.
Depois de Marshall, a polltica social passou a ser muito mais respeitada, fora
ev1dênc1a atual. ,a,s vieram antes d a no caso dos pars na, na afrrmaça;
Um segundo os drre,tos c,v,s e socrahstas, on- dos circulas tradicional e imediatamente envolvidos com ela, como os admi-
mente cons problema no rcos, a crer nistradores públicos, os sociólogos e os profissionais de serviço social.
;~:~:ê
O conceito marshalliano de direitos sociais certamente não está isento
atrrrnaçao d:9ue explicar os protsquerna rnarshalliano . na
de problemas. Lembremos que, para ele, tais direitos eram definidos de ma-
cado ó o que ~:.~aª~~ de direito. histô'.icos concr:t~~es e~ escassa- neira muito vaga: "tudo o que vai desde o direito a um mínimo de bem-estar
como urna es • estabelec,rnent s, o unrco que é . u jacentes à
económico e segurança ao direito de participar, por completo, na herança
pec,e do coroláno da o dos direitos civis parcialmente expli-
generalizaçao das r~1:1stos por Marshall social e levar a vida de um ser civilizado de acordo com os padrões que
çOes de mercado.
1
84
85
prevalece
seg urança? mnaso· ciedade" M Pollti _,,,,,,, ttÓ,;cas dilS pnJ[tiea$ ,ociDis
ran 0 que · as
ça social"? O exatament o que se .
<asa ·
ctaJ • e°"""' ,,,,,,....., ceito de cidadania, assim, nao se resume li posse de determi-
ela é fixada? Q que é a "v'd e quer diz e n,? esse "rnr . ''à Pob _; O cento de direitos, que podem variar de sociedade para sociedade de
A . uem fixa tais i a _de um se/ . Participar n1rno" de ''"'
n do con1un m suas diierenças concretas . Antes, e1a .1mp1·1ca possuir. os mes-
como estas quest-
que . oes M
cnterios? civilizado"?' P<lr corn bern-es1
• Se Plet ª' e a
acorddo cotos na esfera do civil, do polftico e do social. implica, portanto, que
rio, Pois m dissesse "d
arshall res 9Undo qu o, na he. fll?S ,rei
tenham, iguais condições
. de acesso ao mínimo . que a sociedade,
. no
solut ' caso aceitá epende". 1st Pondeu de f e PadrOe
. o, onde ssemos t . o, contud orrna int . s estãdio de desenvolvimento em que estiver,
to<JOS · aceita
. como tolerãvel.
direitos e '.por definição t ai imprecisa·o o, está lon e1rarnente
· . a c1dad . , erra che ge d abe
inexistência E ama social m mos que qualq garfamos ao e ser satisf n~. Assim, corno diz Julia Parker:
dente a zer. m outras pal~v esmo quando uer sociedad relativisrno ato. detender uma distribuição de serviços e recursos baseada nos principias da cida -
dania é afirmar que as condições individuais de vida devem ser pro tegidas por de-
ainda assimo às instituições ~as, Poder/amoss~ ta_ o pequen~ estabeleceab.
o:,,~ ,.,.,::
cisões pollticas que garantam nlveis aceitáveis de cuidados médicos e sociais, de
'"' ""'""' ':""" ",.,,,.,/""'""" de :: " " - educação, de renda e assim por diante, independentemente do poder da tiarga-
conteúdo co e ~.semos comonála acepçao da et1var seus "d· acesso ten- nha de cada individuo. Todos teriam de ter os mesmos direitos de romparlilhar de
Um mo mínimo" . v idos os critérios
. palavra ' bastando
ire,tos" , rnas
1udo aquilo que fosse fornecido, nos mesmos termos que qualquer outra pessoa.
. problema . que fixara Para iss Necessidades iguais teriam de receber tratamento igual, sem nenhuma discrimi-
pe,to dos "d' . part1cularm m deter . o nação a tavor ou contra quaisquer grupos sociais, econõmicOS, políticos e raciais.
da per Malhre1tos sociais" se ente grave que de . rn1nado A idéia de cidadania implica que nenhum estigma seja associado ao uso dos servi-
rs ali e manife nva de .
vemos que por seus se . sta na defini ssa imprecis. ços sociais, quer seja por atitudes populares de condenação da dependéncia, quer
pectiva do ela, a exemplo do gu1dores na "teori/ao de política soeiªº ares- 01iginados de práticas administrativas ou padrões interiores de previsão de servi-
no senfd serviço social t que ocorria com da cidadania". O ai adota- ços. A qualidade dos serviços públicOS teria de ser a melhor possível, levando-se
context~ ºode atrelada às 'in:~tbém tende a se~ ~ef1rnção adotada eP~m lado, em conta a escassez dos recursos públicos (Parl<er, 1979, p. 145, éntase acres-
• e outro ( 1u,ções e as,cament ,.. a pers-
fr:
.
n,ca social ao de ~o que a teoria da c~:r~iços sociais exi:i institucional", centada).
1r com o me 1re1tos socia· a ama inova . entes em cad
de direitos soe~:º problema de a~~ê vemos que ela ter~~~1gar o conceito d: vemos que existem na teoria da cidadania, portanto, elementos muito
se definirmos a s qu_e adota é muito nc1a conceituai, dado a por se reencon- claros para que possamos avaliar se o conjunto de polfticas sociais de uma
que dao substàn políl1ca social como vaga e imprecisa. E que a concepçao época ou um país está mais ou menos de acordo com a idéia de cidadania.
te seriam estet~laos direitos soei aquelas intervençot outras palavras, Quando nos defrontamos com situações onde a polftica social for pautada
az. u t1mos, coisa qu ars, temos de concebs governamentais por atendimentos diferenciados, por desigualdades de acesso, por desarmo-
Temo . e a teoria da cidadani er com exatidao o nias entre necessidades e coberturas, por estigrnalizaçõeS, por má quafida- ',1
de de serviços, então teremos urna polftica social não de acordo com os,,
shall, nao :ss,m, que a teoria d a, como visto, não
princípios da cidadania. Vice-versa, ao contrário.
re,tos especfticox:hca como se esta~ cidadania, tal como el Se, porém, é possível encontrar estes conteúdos para a idéia de cida-
Pi
cessos de dehrn ªinerentes a ela melecem concretament aborada por Mar-
dania, sua extensão real e sua concretizaçao são matérias altamente pro-
.:;::;.c:;,:;i:,:~";,':,,":,.,~sm~,:';,:,,'.:::::
renos soc,a,s. o e redef1niçao ~a u,to pouco nos d1zen~ cada um dos d,-
7t"'; 000,,00,
blemáticas. Nos termos em que foi formulada, a noçao de cidadania define
um sistema distributivo conllitante com as práticas de uma economia de
mercado e com as ideologias que se associam a ela e a sustentam. Além
cnltr,bu,çao principal de M a.
f)lano co~o ---....!, enobrecida e valo- disto, ele conflita com a idéia de reciprocidade, que, corno diz Robert Pinker,
(lo,envotv,me
e, ual e deli,rnc10nal
,. Ondarshal' portanto não . é a base para que em um sistema de intercâmbio sejam mantidos o auto-
llza~"° do nto posterior do~ d b e ele efel!vame~te sera encontrada no
0
urn cone e ales mais colabo respeito e o respeito mútuo (Pinker, 1979, pp. 47-49) .
~t,G: :;:~rra
por ,~liJJ ~, 0110 que, r a respeito da rou para
1,aç,&0 extrcma:Cn:ª~~tbstrato que se::!:'~:r::c,allo, na ut,-
Fica, assim, a idéia de cidadania basicamente corno uma meta, algo
que podemos buscar em nome dos ideais de justiça social, mas que sabe-
Cle ,r111aldado polrttca social do q como criléno de d f z exatamente mos que dificilmente conseguiremos alcançar plenamente. De conceito ana-
. ,n~oparávol, par ualquor país ou é
a Cio, da própna ,déia ;:cad.
, erenc,açao e ava-
Trata-se da noçao
c, adanra.
87
86
-
I/lico•acidada
. • .,,oderna- Na verdade, o principal motivo _para isso toi a própria concep-
ela se rev~lav;1~;~1!':r,m~ convocàçao Po/fr;ca,Ocial,c d8 ele tinha da sociedade cap1tahsta, vista como uma torma de organ•-
°"""''•d
de o,aem "'"•º• • importã;o• """"""• ""
A difusão állca na
estritamente t ô a e filosófica
e apelo • .
é •>co ,, se % .
do conceito d quase insupe Pnrneira f
-..
ao ao
çz ç
8 · 1mente opos ta à .d
QU social essenc1a , eia
•· mesma de bem-estar .
pode-se dizer que, em Mao<, o bem-estar social é concebido como
dania que a e nca. No mund' assim, Ultrapa e cidadania ráve1. unçao 3
uf113 norma relacional baseada nos ".alores da sohdaneélãdee-da coo_20ra-
N entend o mod ssam d enqu & 1a se man1test~_" ª no reconhecimento universal das necessidades hu-0
elhste sentido, a "teoe, . nos termos emerno, muito maise longe su:nto Palavra
e de na da ·d que f · gente relev· .,,anas e na consequente repart1çao da produçao social de acordo com
ro, um discurso
e °
" • pos<Çao de , 1go fundame"°'"''""'° º' '"'°'"
apenas re . _PDr T. H "''""' ~,,
a Cida.
critério de necessidade, algo que os valores e as instituições capitalistas
em direçao a to e um ternário de defntal na sociedad ab1htou a PDl~_Marshall contrariariam trontalment~- A propriedade privada e a herança, a produçao
=.
que se refere ao e a atualidade . Ao s_sunto,
0 nascida e ma festo do Partido Comunista", em "Trabalho assalariado e capital" e, particu·
'" "''° 'º°" ,
' E 0""
m nenhu
a cemes<,do
anos M das pom· ~º""'°•
. ,cas sociais dºf
. as veiamo .
rx1 smo m
' i ere funda
de Oeoo
ho1·e
•
larmente, na "Crflica ao programa de Gotha", torna corpo essa que poderia·
mos chamar de uma "visão militante" da polflica social capitalista, que nega
explícita e s · ma _passagem de s s primeiro como e mentalmente sua possibilidade e que ironiza seus defensores. Referindo-se, por exemplo, à
Em parte, is :~temát1ca sobre as qu~:t:~a, Marx apresen;: :~passado. solicitaçao do programa de Gotha de uma educaçao "universal e compulsó·
veu, praticam e~~esne:/xplicado pelo fatod~eb;m-estar e da :in~~~r~:2ª~
v,a s urgido. Na I
a r,1v1são te ·t
ma das modem . . ue, na altura e
nglalerra, pa is que est das ,ns t,tuiçOes de po1n·m que escre-
'ª . ria", Marx se perguntava:
Educaçáo popular igual ? oue
7
se en tende por isto ? Acredita- se que na sociedade
atual (que é a de que se tra i a\ a educação pode ser igual para tod as as c1asses
d1da de " , a em 1834 da Lei do u ou em maior detalh ,ca social ha-
( ... ) O fat o de que (nos Estados Unidos) sejam "gratuitos" ,ambém os cenlros de
nas co polfl,ca anti-social" Na !1 Pobres (Poor Law) a b e, o _que vigia era ensino superior, sig nifica t ão-somen te, na realidade, que ali as classes a11as pa·
maçava , somente vi • amanha, a legisl • E:?m dizer uma me- gam suas despesas de educação às cus i as do fundo de impostos gerais( ... ) Isso
l M a:; não to, por esta n~o a se consolidar ·após ação b1smarckiana ape-
•ca s soc•a•3 e de o u 1ras •ns
. un,ca razao
liluições de que M arx pouco
promoçao a morte
do de M~ d. as polf-
se ocupou
be m-estar na socieda-
89
~as ,{)CÚÚS
,t,ard"s•"'",1,.;,:asdas .ed de capitalista. como dizia Marx, a regutamenta-
de "educação
E popular a car
ngels 1976, p. 240 ' ênfasegodo
Polftica so .
CraJ , e
Estado" é completament . °"""''•d Pobrt'l.Q
ao da soct
l" da operaç
ª · ·1 1 d
"o resultado de uma guerra c1v1 pro onga a, m i
a·s ou me-
no origina/) . einad . r3 da jOrnada era capitalista e a classe trabalhadora" (Marx , 1970).
Foi com rac· ! . rn1ssrve1 ( ç⺠velada, entre a ctassertanto p00ia ser vista como ,.um gran d e sucesso
taram de questõe ioc rno semelhante a e .Ma,,• ~º~ei das oez _Hdorasm,paprincfpio· pela primeira vez ( ... ) a economia polltica
• s como h . sse que M
c1a social, então emer a ab1taçao popular ~rx e també "p01nicO, ª vitória eu
. perante a economia
' palllica da c 1asse t ra blhd
a a ora "
~ustrializaçao capitalis~::te~ à medida que av~~ç:aude pública: ;nge1s Ira.
e profunda descren a . esse pensamento va_m a urbaniza ~ssistên. 1
burguesa sucumbia
(idem, P· 4501 · •m que Marx admitia a passibilidade de que os valores e
se capaz de ç quanto à possibird ' manifestava- Çao e a .
reconhecer . 1 ade de se um n- Temos,
·deais ass• '
pôs-capitalistas (socialistas) ~udessem começar a ser a fi1rmad os
ras, respondendo a ela qua1~quer necessidad que o estado bur a atitude
os a dentro do capitalismo. A isso, parem, só se chegava medrante a açao
diz Mishra, a verd d . ~. atraves de polílica es das classes 9Uês los.
ª I. enfrentamento combativo entre trabalhadores e patrões, em pro-
ficando as "ref a eira mudança só pod s soc1a1s . Para Ma trabalhado
ormas d . e ser re . rx c · 1nd
po1n1ca e
0
cessos concretos
p . · to le b. e
de lula social. rec1samente por 1s , e ~ donce ia asésmd -
c•-
quando é relevante e vare10" como itens voluc1onária e d~ enforme
p. 289). L-,, ~ ç :eiam denunciadas que merecem aten / tacada", -'e proteçao social como problemáticas. c~ º • a~
O interes u:,-, \-o=C.:.,, .,_;;ªideológica (Mç ho apenas dias .,,,
dnsiderá-las naturais à soc1_e dade cap1tahsta .
-
sante por· . .:::::._,i is ra 19 co Além disso, elas também seriam, no entender de Marx , forçosamente
que Marx tinha • em, e que essa " . ' 75,
transformações ad:espe_ito do assunto. Na ve~:ão militante" não era . /imitadas, e isto par dois motivos. De um lado, par serem incapazes de pro-
ser encontrada em !~gc1edade capitalista e da ,:;: toda uma outra vi: a unica mover o tiem-estar mais global dos trabalhadOres e suas famRias; de outro,
:~;=::,::i::::;'.~;;::::·:':~::~:::~f:~·ª ;;,;,::~]
r ssa analise pode O século XIX Jornada de
1
por raramente conseguirem ser efetivas, ainda que restritas. Nascidas limi·
tadaS, as medidas favoráveis à classe trabalhadora esbarrariam na relutân-
cia dos parlamentos em regulamentá-las, em dificuldades operacionais de
vãrias ordens e na teimosa resistência dos patrões em efetivamente imple-
iva polnica nitidamente " ser_tratada como u,,," e ra-
mentá-las . Como escassamente o estado burguês se disporia a fiscalizar
sentou de melh .
impacto q º"ª social", tanto el O
nas condições d P
stu do de caso de u
que a hmitaçao d .
..
ma 1n1cia- seu cumprimento, quase todas as leis de alcance social estariam vocacio-
empresári~= t;ve no processo de a~ vida dos trabalhador: trnada repre-
de uma" ·. odemos, portanto umulaçao, !reando a " ' quanto pelo nadas para permanecer no papel.
poln1ca social" à ' ver essa reg / ganância" d Estas considerações não o levavam, contudo, a menosprezar a im-
como coisa irrelevante. ' qual Marx dedicou at~na~entaçao como exem ~s portância de leis como a que estamos comentando . O que elas sim indicam
Assim embo ç o, ao in vés d Po é o quanto Marx descria da possibilidade de uma real e significativa mudan-
concebido c' ra se possa d. e relegá-la
ça da sociedade capitalista em direçao a padrões distributivos mais benéfi-
ções de . orno essencialmente izer que para Marx .
guma m:iia . dos trabalhadores aenl tag~nico a uma real eº1ecap1talismo fos se cos para os trabalhadores, ,;aso estes permitissem que ela continuasse a
ona pude ' e nao n vaçao da . ser movida apenas por sua própria dinâmica . Em outras palavras, pouco po-
apenas isto er sse ocorrer aind egava a possibilid d s cond1-
leg1slasse a la a possível, como era t a ~m seu interior Ao a e de que al- diam os trabalhadores esperar de me/hOria em suas condições de vida, se
em apreço vor dos trabalhadores ambem possível qu~ contrário, não cruzassem os braços e se se pusessem a aguardar o dia em que o Estado e
· e contra . o estado b •
Ta1 possibilidad os capitalistas co urgues o capital achassem por tiem de elevá-la.
Não há, portanto, ao contrário do que acredita Mishra, uma visão "am-
hm,tada. Ve1 e, contudo e • mo no caso
amos em ' ra, por u 1 bígua" ou "dual" no tratamento que Marx dá às questões do bem-estar em
regulamen1açao da que sentido, olhand m ado, problemática
Ela era problJOrna_da de trabalho. o com mais cuidado~ e, por ~utro, suas obras, uma que negaria a possibilidade de mudanças favoráveis aos
r.aoo da q I emáttca por d questao da trabalhadores e outra que a afirmaria. Em Marx, o raciocínio é essencial-
ua os trab alh aderes sôecorrer de um process mente um só, seja quando aponta para a não-naturalidade da temática do
mo uma "co c
mcdl(Jas ee1:::1sta". Assim, se live:nseguiram obter a .;, de luta polílica ao bem-estar no interior do capitalismo, seja quando mostra as condições es·
tcrizar como " s protetiva s, nada I sem permanecido J_ nada reduzida co- pec1a1s que se reque_rem para ele, seja pareia/mente estabelecido. Para
problemát,ca " a polír eri am _alcançado. Po inertes, à espera de Marx, _ deixada subOrdinada ~s suas próprias torças motrizes, a sociedade
rca social, e não com r isto caberia carac-
o um resultado "natu- capitalista nada mais fana alem de confirmar na prática sua tendência a imi-
,1
90 , ,odai3
aJ>llf"'lSenst~,JiJ,~ utividade dO trabalho; dO ladO da circufaçao, por
serar os trabalhado res a ex , polftica 'ºeia/ •co~L 1
res ava das elas 1
, . pora-los cad """''•dPobr reproduç ao 8 elevar a ..,, c1e111anda _agregada se mantivessem - e evadas,
- Prod
t 5
1s 81de crise
riam opor-se se~ médias tradiciona· a vez mais e a "" .. que éos nv
permitir "" tanto pelas transferências governamentais de
balhadores, e inte~esses, n~~-n~~ntra tal direç~~oletan_zar o Que fll6 mo em poca corno os desempregados
, e os aposentados, quanto pelo es-
5
te, seus efeitos. Tais 1:r altera-la e de suspen~:;ariamente a~~~~:m, Pode. rendª ª gru~: produtivo fornecido pelas compras do governo necessárias à
da classe trabalhado ça_ s, como dito, nao te . , mesmo que ma _dos tra. tfrnulo ao
ao se
dos
O programas sociais . Sua funciona · 1·d
I ade nao• cessana· ar, no
(como ilustra o casor~, pois esta podia encont;1am de estar toda/g1nalmen. operatç pois elas também seriam diretamente úteis para o próprio Estado,
entan través
o, dela ganhava a adesao • e a docilidade
·· dos trabalhadores . Eses,
1
ruóral na defesa da redu~:Oa~icipação das class:sa::;s em outra~ºc:::rior
p tese de que pare a )Ornada de trabai ias e da aris ses ~~;i:os pelas vantagens. a ~u_rto prazo representadas por ela, abririam mão
cionalidades da •· elas da própria classe bur ho) e podia contar tocracia de seu potencial revoluc1onar10, sendo cooptados e se integrando ao s1ste-
polílicas. im1seraçao absoluta" ' dadasguesa
suas enxerga5se
seq.. 1 m - as
com a hi-
d1sfun
Na uease • · rna,
passagem para o . conomicas e Com estes raciocínios, os marxistas de até meados dos 70 não só
estar e da pollli ca soe· 1f seculo XX ' as 1 -de1as
,. de M provavam que a anâlise de Marx estava errada, como sepultavam sob sete
~as pelos autores mar~fsttª~~ ao mesmo tempo pr arx a respeito do bem- palmos metáforas como a da "guerra civil prolongada" e da "vitória da eco-
e cada um em particul s. ao nos deteremos ~m :servadas e modifica-
:;;:i~é
nomia polftica" dos trabalhadores, de que Marx tanto gostava. Ao invés de-
dentre eles dedicaram porque, salvo algumas e nal1sar a contribuiçao las, o que surgia era a imagem de uma burguesia infinitamente ardilosa, ca-
verdade que John Savjlle _1ca social uma atençao ma~ceções, bem poucos paz de descortinar com espantosa exatid3o toda a utilidade que para ela
ainda nos .anos 50, se ocu s detida.
0)
mente do estudo da evolu' a . Assim
. , se e. estava presente nas polfticas sociais. Resolvia-se sob a mágica do argu-
P~antzas e Ralph Millib ç o da política social ingles:°u mais s1stematica- mento da funcionalidade todo o problema da polftica social: na sociedade
nua1s marxistas sobre o :nd responsáveis pelos d . ' aut_ores como Nices capitalista, essa polftica existia porque servia aos interesses econômiCOS
como se ele nao stado nos anos 60 e 70 o1s. mais difundidosma-
1957-58). merecesse um tratam en to mais . 'aq ngorf' ignoram
. o te ma, e/ou polfticos do capital.
Podemos d' ue ige1ro (Saville J Veja-se que, até mesmo nos autores que continuaram a insistir na im-
Marx sobre . . izer que era como ' ., portê.ncia dos conflitos sociais para a compreensao da polllica social, a tese
t'd a hm1taçao a . . se, levando ao . funcional permanecia presente. É o caso das obras de Francis Piven e Ri-
i a na sociedade . _que intnnsicamente a . pe da letra a tese de
g~da da tarefa de ~ap1tahsta, a maioria dos mfollt1ca social estaria subme- chard Cloward, onde, apesar do emprego de expressões como "um pobre
nao haveria por queer de entendê-la. Se era me rx1stas se sentisse desobri- quieto nunca consegue nada", a existência e a expansão da polftica social
preocup smo tao r · terminavam por ser explicadas pelas suas funções de manutençao da or-
interessante é ar-se com ela. imitada e pequena,
0
dem burguesa (Piven e Cloward, 1974; Piven e Ctoward, 1979).
produzidos até me
tributo que Marx =~~=rque os raros textos m .
dos anos 70 em nadaª;:1:1as sobre a política social
a, a problematicidade g:va nas relações entre ,cardavam com o segundo
Em termos definicionais, generalizou-se no interior do marxismo um \
conceito de polftica social inteiramente derivado do raciocínio funciOnal, se- , ,,
monstrar era que ela p~·o contrário, o que es e a e a sociedade capitalis- gundo o qual ela era pensada através de seus efeitos para a manutençao do v i
cap1talismo, com ele, port~~~er considerada essesnec~ ;extos procuraram de- capitalismo. Sem querer negá-los, o relevante é constatar o quao inadequa- .,,.
que ;re:~s~raaqvui, ,uma notZ~Ziºr:~~:~ddo em união ~;:~~i~~:ciona/ para o da é tal definiçao, seja por não conseguir fixar as fronteiras entre o que é e o \;;:
ti~asv:º
1s o co . au as coloca · que nao é a polfüca social, seja por nao ser capaz de identificar uma subs-
~:~~ç:~guidores, algo na7u~a~r:ficial e inesperado, próprio Marx. O tância comum mais do que trivial para o que fica no seu interior. Em outros
• previsível, um co -se, nas maos de termos, mesmo se aceitarmos que as polfticas sociais se definem por sua
. NJ ser assi mplemento e nao u funcionalidade, não vamos com isto conseguir distingui-las de outras institui-
d1da pelos mar . m reconceitualizada - ma con- ções de impacto semelhante na sociedade, mas constitutivamente diferen-
1 tes. (Por exemplo: a polícia em uma sociedade é útil para a manutençao da
::ªs~s~e::c~::~ d~:ou~ ~1:/~;c~~:r~~:aos~~~~:!::0~vqau:rs:r enten-
nal d . - ra o process , se pensass e cons1- ordem, mas tudo indica que ela nao é exatamente a mesma coisa que a polí-
e dois angulos diÍerent o de acumyfaçan • oolQe no Estado capitalista
es. do lado da prod;a ica social seria funcio- tica social.)
ç o, ao rebaixar custos de
92 l(ricaJ sQCÍllÍ.!
po/ltica socia/ , Comba "'r,6ri<•·' das Po esrno se adeQuado
ltdpobr,.,
"1,ord11~• ao da 1omada de trabalho, m orno argumento
Vemos, assim, que, no marxismo de até recentemente , . r a regularnentaç a se s1rnphsta e s1ngeto e XX ne-
cial não apenas era muito mal conceitualizada, como éramo~~:Inica se-
1
pensar qualquer dinãmlca dela (contração, expansão ou conserva g:dos a
par: ~i:i: caso s\ngu~~~:
0
:i~~~
;I das poll\1cas so~1:~ :~::i~etourna,po\l-
I
mo decorrente de alterações de sua funcionalidade. Surgida com o) co- i ~~rneralizáve~;:~~o~i~ apontar para u:aú~~~~~:e:~I protongada". A 1~:g~:
lismo, dele dependente e a ele acoplada em união funcional, a polnicacaplta- nnurn autor asc\do sob o signo portanto a ter uso QUa -
. ta pe 1os marx1s
, t ue 11vesse n "conquista" passou, ' -
era vis as como uma bn'lh ante (porem
• lamentável) criaçasocial
d 1,cn Q ai corno
burguesia para melhor dominar e explorar os trabalhadores. 0
ª poll\\ca soei sua relev ànc1a e
Qual não foi o problema para esses marxistas quando, na segunda ~~cfusí varnente rer~;~ revisão tunc1onahst~ d~s~: :,:~~se resultados de
No que se ser no rnâx1rno, res1 ua . lrncnte admitidos e,
metade da década passada, uma intensa campanha de denúncias e um vio- d passou a • 'á consensua •
lento ataque às instituições da polnica social nos países avançados come- aplicab1t1 dn e po\l\icas sociais eram l t s positivos Isto, porem,
1unc1onalidade das d \unc1onalista" trouxera \ruo da pollbca social, pa·
çou a ser feita exatamente pela direita. Aquilo que mais se aproximava do
neste sont1do, a "o~t' ~a corno exphcaçao das origens
qüe classicamente se entendem ser os "representantes polílicos e ideológi- \1cava acei a- bds
cos da burguesia", ao invés de procurar defender a polílica social, se pôs a nâe s19n1 ' . plesrnente ignorada mente mais aca a o
desmontá-la e a cortá-la. pai no ~ual \~ s1;edo para cobrar resultados em curso, perseguin·
" Não é este o lugar para discutir os acontecimentos históricos que le- E am a Inúmeras mvest1gaçoos am ncreto do mais antigo ao
dessa nova vaga. ·o do mais abstrato ao mais cop ra 1:nahzar este tôplCO,
váram ao declín io,yMUJ.ª~ altura, dos chamados we/fare states e nem de
do questões ciue va rt1cular ao mais genérico. a I uns campos de pas-
explicar por que-neoliberais) conservadores como Friedman e Hayek asses-
mais atual, dO mais pa a indicar alguns autores e a g genda de preocup3·
taram suas baterias cor1fraa polílica social nos países avançados. Para nôs,
portanto, nos lirnitare;~\eu con1unto, toda urna ::r: ªa respeito da poll\1ca
basta notar que foi durante esse processo que toda uma nova vaga de estu- quisa, que lormam, . monas inspirados em
dos marxistas sobre as políticas sociais se iniciou. A lamentar, há que
Çoes de autores mais ou tudos sobre a so-
constatar que esta descoberta (ou redescoberta) da relevância das políticas O11 com seus es dIs
sociais ocorresse em um momento em que ela perdia alento, em uma situa- social. d stacarn-se Claus .!.· - d poll\1ca social dentro e a ,
N~ - rànea e o papel a ma da social dem0·
çao análoga à que Marx descrevia com a metáfora da "Coruja de Minerva", c,edarle o a po\\t1ca contern~e tem trabalhado com o \us trabalhos h1st6n·
símbolo da ciência, que só alça vôo ao entardecer, quando os fenômenos Crlstme Buc1-Glucksma~, \ n e Goran Therborn, co~ s à reconce1tua\1zaçao
que deve estudar estão já em seu ocaso.
cracIa: Gosta Esp1g--~n e~~ugh, que vem se dedicai~º com suas pesquisas
Nestes últimos dez anos, como afirmado, uma nova preocupaçao de
cos e comparat1~os. ª~idades bàs1cas" , Laura B\s;ado" Na Inglaterra, na
aulores marxistas com o tema da polílica social surgiu. Pelo menos em par-
do que sao as neces lamílla" e "tarn1tianzaçao do vasta produçao emergen-
lo, esse interesse pode ser explicado pela necessidade de defendê-la dos "estat1zaçao da d1návla há urna Herbert G1ntIs,
ataques à direita que ela sofria, mas ele também decorria da certeza de que sobre h e na Escan ' Sam Bowles e
França na A\ernan a podemos lembrar de , " e o sistema escolar'
ora preciso deixar os velhos conceitos funcionais, buscando novos modelos
te No; Estados Unidos, "Estado liberal democrático
toóncos o Informações empíricas mais exatas, a fim de que a questao pu- · d sobre o
com sous estu os o exaustiva e nem corno
dos&e ser tratada om sua real complexidade.
entre muitos outros I a listagem indicada com d to existem muitos ou-
Noss a nova vaga do esludos marxistas, as antigas teses de Marx to- Nt\O se deve er h" de mais notàvel. Corno i ' nas para \lustr ar a
ram cnt1cildíls, assim como as rovisões por que linham passado ao longo da 1 dO o que " d esco\h1dOS ape dO
const1tulda de u aqui menciona os ue estamos chaman
r,mtóna do marxmmo. A tese da limilaçao, embora nao de todo abandonada,
tros autores, sendo os paçôes que caracteriza o ~a\mente avance a relle-
fJOl'J ofollvamonto a política social nâO tinha promovido o bem-estar global
d1versidade de preoc\o podemos esperar é qu~. muito recentemente, sua
cJcw trabolhadoros, linha de acomodar a roalidade do que inquestionavel- "novn vaaa". Dela, o q pol\\1cas sociais, pois, a e -
monto haviam ocorrido substanclalo o slgniflca livas elevações na qualidade
xao mar__xisto; obr: ía:modesta. ,..
elo v1 1Jn cJou orupoo popularoo, ospoclalmonto depois da 2u Grande Guorra contnbu1çtlo \inl1a -- - / lJri \ • o-
no, poíoo•J ovan~0dOe
011~ n10 h problomo1ic1d0do, na formo cm quo hovlo sido tratada por
-'
r,1.iu , tnmtif1m linho do oor rupon11ada. O modolo couoa l proposto por Marx
,,
95
94
po/lrica soe.IQ1e Côrnba ,is ,,,;cas das palfticas sociais
6
o "FUNCIONALISMO" G tedPohrt?ti 0
t,orda8'
.
khe1m •.com
isto aproximando a sociedade moderna dos padrões de 1ntera-
·
os das pequenas comunidades e da famíl1a.
·
No seuhltvro sobre as teorras mais ut f d çao t1Pie acordo com os funcionalistas, essas funções integrativas sempre
Ra
mes M1shra dedica u i 1za as no estud . s·do desempenhadas em qualquer sociedade que se considere. Na
Curiosamente, no entantomb~:rtulo inteiro à cons1der:ç~~s pofft1cas soc,a tenarn•edade
i moderna, a polfi1ca• ' social
. estaria,
• portanto, apenas fazendo aquilo
pouco os autores func1 '
d1ssert explicitamente
D ss1m, se é verdade q
parte dele é gasta na
:nto clássicos, qu~~: ::~?º q::
0 do func1onahs is,
do
o assunto (M1shra, 1981 emporâneos
so~i anteriormente cabia a família e a religiao, duas outras instituições igual·
:ente integrativas . seria dentro do proces so de "diferenciaçao estrutural"
(que significa a subdivisao de funções antes reunidas entre instituições es·
urkhe1m e Spencer efet1v ue pensadores func1onaltsta ' cap 4) , pecializactas), que ela teria se destacado para a tarefa, mas isso não implica·
c1al, e se também func1onah:~ente se referiram às questõ! clássicos corno
o fizeram, tanto uns uant as modernos como Parsons Ms da pofft1ca so- ria nenhuma mudança qualitativa mais profunda.
vemos, assim, <,ue o funcionalismo efetivamente sugeria uMa con·
pouco s1stemát1ca Speq o outros, dedicaram a elas ' erton e Srnetser
est d . ncer por exe I uma aten a c,•pçac das políticas sociais, mesmo que nao a explicitasse. Podemos, tam-
u ioso da política soe 1' mp o, era mais um ad ç o muito bém, ver algumas afinidades entre essasjdéias e as da perspectiva tradicio-
nrsmo ortodoxo. Durkhei ia ' opondo-se a ela em nome de versáno que um
nal do serviço social, com sua Cnfase na discussao das polfiicas sociais
combatê-la mas P m, por seu turno, não chego um la1ssez-fa1ria-
' ouco disse a u ª 1gnorá la como "reformas de vareio" na sociedade, que a preservam e mantêm. Para
integrava no rol das nov _seu respeito, a não ser . e nem a ilustrar, podemos lembrar a definiçao de Richard Titmuss sobre o prõpno
m1r, na medida em qu l~s funçoes que o Estado tinha :ugerrr que ela se campo do serviço social: "as instituições sociais que fomentam a integraçao
mentos de soltdaneda:e e ca~:a o "dever de nos lembra//assar a assu- e desencoraiam a alienaçao" (Titmuss, 1968, citado em Pinker, 1979, p.
c1onados se ocupou d social . Quanto aos modem s e nossos senti-
A 1retamente do t ( o , nenhum do
pesar disto, faz sent1d ema idem, pp. 51-55) s men- 247). O que também cabe mencionar é o quanto os argumentos dos funcio•
dagem ao estudo das o d1scut1r o func1onaltsmo nalistas se assemelham àquilo que chamamos "marxismo funcional". Na
porque, na concepçao políl1cas soc1a1s por duas razõesen:uanto uma abor- verdade, a única diferença entre ambos é que e§§_es marxistas terminavam
' ,tªJ• efetivamente hav1 mais geral da sociedade ro . m prrme1ro lugar,
social, que eram d / um lugar reservado par/ posta pelos func1onal1s- por ver como negativas coisas ~ - os f.lJJlci.ona!i.sll!.$..._ÇQn~ siti-
vãs.NÕfuÍÍdÕ, porém, em termos teóricos, o raciocínio é um só, quer se diga
' , segundo, pela influê~~ a forma, de alguma mane1raase 1n~t1tu1ções de polt11ca
--
qüãê bom ou que é mau que as polfiicas sociais existam para "garantir" a
/ ., ca social, princ1e_almen~: exerceu em outros.mdde:S1~adas por ela Em
Assim, embora não s/erspect1va do serviço soc1a/ estudo da políl1- reproduçao da sociedade.
soc1af, o func1onal1s gerisse uma teonza a .
qual podemos locaf:.~esenvolveu uma concepç a~ ~xplfc1ta sobre a políl1ca ""'
pela sua d1fusao V , uma concepcao tant ç a sociedade dentro da A "TEORIA DA CONVERG~NCIA" J
· e1amos co · o relevante
Partindo da idé1a de P mo ela era, em breves pai por s1 só, quanto
O que estamos aqui designando como "teoria da convergência" pode ser
alguns "pré-req arsons de que t0 d avras.
e ws,1os funcio " a soc1edad entendido como uma variante do modelo funcionalista, ainda que nao do
, - nquanto sociedade pod na1s ' que ela necessita e se defronta com
social é parte do "s b' emos dizer que par resolver para manter-se mesmo funcionalismo que acabamos de 6omentar. Neste, a política social
n u sistema t • a os func, 1 era discutida no contexto dos pré-requisitos de funcionamento e integração
!:º·
,uc se des tinam a man in egrativo", o con un ~a ,stas, a políl1ca
de qualquer sociedade, independentemente de tempo e lugar. Para a "teoria
a polf11ca social e:1: :1~aharmonra e a so11darr!~::t~t~u1ções e papéis
e, por is to se enlen para aumentar o nfv s1camente, por- da convergência", ao contrário, a questao é mais especmca. Ela considera,
relações entre as possodendo tanto a coesão soc1a~I de integraçao na soc1e- como diz Mishra, que o desenvolvimento econômico e industrial é a tareia
A isto ela poder· as e os grupos. ' quanto a harmonia nas fundamental das sociedades modernas e acredita que é em torno dessa exi-
quo
ü
oo p- d
d rOes v1gon1
ia chegar
es nao por d .
o1s caminhos D
gência central que a estrutura social se integra funcionalmente (Mishra,
a ore/cm lon&om man1d fossem perturbados d e um lado, garantindo 1981, p. 39).
para a into(Jraçao ao d1f i os .. De ~utro, a política onde que_ a es tabilidade . _Trata-se, em o_utras palavras, de uma concepçao ciue vê as políticas
und1r sentimentos de solida~~~' ta~bcm contribuiria soc1a1s, sua expansao e natureza, simultaneamente como exi9ência e con-
ade , como diria Dur-
16
pollrica SOciaJ, Comba
1 · das polllicas sociai.l
,dag,ns r,6ncas
' d Pobr,,,, abo 97
seqüência da economia e da tecnok)fJia iorlustriaJ. Para ei
básico da estrutura das sociedade modernas e, dentro de~ 0ddeterminante . . Podemos pensar nos exemplos das polnicas de treinamento e lor-
ª
cial, não é a ideologia, nem os conflitos sociais e nem a c' lt Polltica so. tnahze
111açao
· de mao-de-obra, no das pollticas de atençao saúde, no da pcIn1ca
a tecnologia. A longo prazo, segundo ela, tanto os problemas u ura ' mas sim
.
s?luç_Oes típicas das_sociedades industriais decorrem dos efeito~ ~u~:to as urbana() que não devemos, no entanto, e nisto consiste a pnnc1pal obieçao
genc1as da tecnologia industrial. Como d i ~ · m dos mais ex_i- podemos levantar contra a "teoria da convergência", é imaginar que to-
t
expoen es dessa teona,. "d ada a decIsao
. '--~de possuir a indústria mnotave1s
d qu: as situações geradas pela industrialização têm, necessána e automab-
muito do que acontece depois é inevitável e igual" (Galbraith 19 / etª· da t de se transformar em problemas a demandarem respcsta da parte
camen e, . . Oe id
em Mishra, 1981, p. 40). ' 6 • ciado
do governo • É verdade que a industrializaçao • ena• sItuaç •s parec las as em
É precisamente desse último aspecto, da semelhança entre as socie- d S Países em que acontece . Isto, porem, nao quer dizer que e se-
to os o · •~d
dades e seus problemas uma vez tomada a decisão de se industrializarem · 1 jam ·Igualmente problematizadas em cada lugar. . Para a transpos1çau. e uma
que vem o nome "teoria da convergência". Para ela, pouco importam as dite'. simples situação em um problema, muitas coisas ocorrem, que dizem res-
renças "de largada" entre as sociedades no limiar da industrialização ou ·to apolltica, aos valores e cultura. .. \
mesmo as primeiras diferenças "de percurso". A médio e longo prazo, todas pei É porque ignora todos estes outros níveis explicativos e porq~e pnvil&-
elas iriam se encontrar em um sô lugar, defrontadas com problemas essen- 1 . nas a dimensao tecnolôgica, que a "teoria da convergêne1a , apesar
g1a ape · d líli
-
cialmente iguais e dispondo de um rol de soluções também basicamente de alguns acertos, mostra-se muito limitada como exphcaçao a po ~ o-
igual. Assim, quer sejam capitalistas ou socialistas, quer sejam mais ou me- cial.
nos estatizadas, mais ou menos ricas, todas elas seriam, acima de tudo, so-
ciedades que convergiam para uma situaçao muito parecida, a da industriali-
zaçao . O "PLURALISMO"
. Autores como Lindblon e Dahl, dois entre os mais i Vamos entender esta última abordagem ao estudo das polílicas sociais nos
partilham desta perspectiva, se ocuparam em alguns trabalh mportantes que mesmos termos em que Gough a define, como constituída por trêS variantes
políl1ca social, especialmente para advogar r f os do estudo da
distintas as aplicações da teoria económica do t,em:estar (welfare eco-
certas tradições da economia de mercado do: º:;:: capazes de conciliar
nomics); os escritos de "liberais" como Friedman e%om os estudos ma-
tes da _experiência coletivista dos pafses sociali:tas . Ni::ta:~~s ,com par-
notaf P1nker, eles se aproximaram das "Irad'içOe s do colet1vIsmo
. p cumercanfl''
ar, como croeconómicos do gasto público.
•d Por motivos diferentes, nenhuma dessas três variantes pode ser con·
pre errn .o como estas uma "via intermediária" entre o c ·1 r i ' siderada exatamente como uma teorização a respeito das políticas sociais. A ,,---.
hsmo (P1nker, 19 9)_ ap1 a ismo e o socia-
7 chamada "teoria económica do bem-estar" quase nunca trata a polílica so- ..,_
dirigid~=r~e:;s~~ed~b~: :~te inspittª no pluralismo e especificamente ciarêomo 061elo relevante déestudo, estandO muito mais preocupada em
descrever e explicar como é que os agentes económicos tomam suas deci·
ãlguns casos concre;os de' im ,ª~
Hall e colaboradores Nele os1ca toc1a o trabalho que mencionamos de
ores se concentram na consideraçao de sões, com base em que estabelecem suas preferências e como se com-
1
Não havia port t - .- re a os no estudo das polllicas sociais. blemas, que ficam apenas exemplarmente claros nessas questões definicio-
' an o, uma tese que-p·ro~âssemos-de nais. À primeira, chamaríamos circunstancial. À segunda, algo inadequada-
desnecessária uma conclusa.o conve . monstrar;--o que torna
Há ncIona.1 mente, designaríamos como estrutural.
• porém, uma questão interessant · t..
vações finais e que emerge e que JUS if,ca estas breves obser- Com o primeiro termo, queremos dizer que o estudo sistemâtico das
ta-se do fato de termos clas~~:::d~u; naturalmente da leitura do texto. Tra- polnicas sociais é ainda muito jovem nas disciplinas acadêmicas. Nao seria
gens discutidas, dizendo que nenh orno ,nsat,sfatónas todas as aborda- esperável que fosse diferente, pois o fenómeno é, em si mesmo, recente na
inteiramente adequada. uma delas podia ser considerada como história.
Se problematizarmos essa afirmativa f Isto não quer dizer que só agora tenha começado a discussão a res-
gunta que exige, e merece respost P • icamos a braços com uma per- peito dessas políticas. Há. pelo menos cem anos ela vem se travando, pro-
das as perspectivas ? Porqu~ será qu:·ne~~::• afinal, sa.o insatisfatôrias to- duzindo uma vasta e heterogênea quantidade de trabalhos desde então.
soluça.o para os problemas conceituais t O . dela_ s consegue fornecer uma A questao é que a quase totalidade dessa produçao mais antiga es-
volvidos no estudo das polílicas sociais ? e ncos, h1stôncos e empíricos en- cassamente pode ser caracterizada como acadêmica. Antes, o que a distin-
Esses problemas ficam enfaticamente ilustrados gue é uma vocaçao para a prática, para os problemas administrativos, tinan-
gumento: sequer uma definiçao adequada do u • com apena_s um ar- ceiros, atuariais e operacionais imediatos de programas sociais concretos .
ª
nas pnncIpaIs abordagens que estudamos. Co~e v~ pollt,ca social existe , Assim, embora existam exemplos até vetustos de estudos a respeito d e po-
do serviço social, nem a teoria da cidadania e ne mos , nem a pe rspectiva líticas sociais, foi mesmo nos últimos vinte ou trinta anos que surgiram e s-
lar nas dema,s , possuem um conceito d . mo ~arx1smo, para nao ta- forços mais teóricos e menos orientados para o curtlssimo prazo .
empiricamente consistente. e política social que seja teórica e
Se, do ângulo des sa explicaç ao que estamos ch am ando circun stan -
cial, a raz ao para a ausência: de modelos m ais satis l atôrios é eminentemente
102
polltica social• <ombat, d pob,.,,, abordagens r,6ricas das políticas sociais 103
temporal, é de imaginar que, à medida que o tempo passe, o problema ct· . BIBLIOGRAFIA
nua e at'e que _se reso1va. Em parte, .isto é verdade, pois, como vimos Para
im1-
caso do marxismo, a produçao mais recente tende a ser significalivame t0
Nas re ferências bibliográficas a seguir, o asterisco (") indica as obras de
melhor do que a anterior. O mesmo se poderia dizer de outras, pensa~~ leitura mais recomendda.
particularmente nas modificações do paradigma do serviço social ocorrida
na última década. s
Essa visão otimista deve, porém, ser matizada com uma dose de pru-
Bt~~f' L. "Riparliamo dei Welfar_~ Sta te: La Societá Assistenziale, la Soctetá dei Ser,i-
dente ceticismo. Com isto, queremos sugerir que alguns dos problemas
( zi, la Sociel á della Cns1 , ,n tnch,esta, X (46-47), out .
mencionados talvez sejam intrínsecos a essa área de estudos em si mesma BUCI-GLUKSMAN, C. e THERBORN, G•.
o que os tornaria insanâveis por mais tempo que se passasse. Mesmo qu~ (1982) Le Defi socia/-deroocra le. Pans, Maspero.
não fosse este o caso e que houvesse soluçOes, de qualquer forma estas BOWLES, S. e GINTIS, H. . . . . ,.
(1980) "The Crisis ol Liberal Democrat1c Cap1taltsm: lhe Case ol lhe Urnted States •
nao viriam do emprego das teorizações hoje existentes, mas de teorias so- Amhrest (mimeo).
ciais efetivamente novas, cuja próxima chegada nada parece indicar. DONNISON, D. et ai. .
A questao definicional pode servir para ilustrar este ponto. Dissemos (1915) Social Poticy and Administration Revisited (ed. rev.), Londres, Allen & Unwm.
que nenhuma das abordagens atuais responde à pergunta de qual é a ESPIG-ANDERSON, G. . •
(1980) "Polltics against Marl<ets: Decommodi1icalion in Social Poltcy , Estocolmo
substância compartilhada pelos serviços sociais e os outros mecanismos (mlmeo).
mencionados. Mas, e se não existir tal substância? FRIEDMAN, M. . .
Note-se que isto implicaria nao só a inexistência de uma definiçao rigo- (1962) Capitatism and Freedom. Chicago, Chicago Untvers,ty.
rosa da polftica social, mas também a sua impossibilidade. No lugar de um GALBRAITH, J.K. . .
(1967) The New Indus trial State, Londres, Ham,h Hamilton.
campo de fenômenos perfeitamente reconhecido (ou reconhecível), passa- GEORGE, V. e WILDING, P.
ríamos a ter uma região de indeterminação, onde, no máximo, seríamos ca- (1976) ldeology and Social Welfare. Londres, Routledge & Kegan Paul.
pazes de identificar alguns subconjuntos homogêneos, a estes conhecendo
?,~~iH, 1. Theories o1 lhe Welfare State in lnternational Journal of Hea lth Services, 8
conceituai e teoricamente. Assim, ao invés de possuirmos um único conteú- 1
( ), Ma M'II
do para o conceito de polftica social, terfamos que tolerar a existência de (1979)' The Political Economyof lhe Welfare State, Londres, e , an.
mais de um, com a carga de imprecisão que isso acarretaria. HALL, P. et ai." . • L d He·nemann
(1975) Change, Choice and Conflict in Social Pollcy, on res, , .
Vale notar que, nos últimos anos, autores inspirados em abordagens
muito diferentes têm chegado a um ponto semelhante a esse. Podemos lem- KERR, C. et ai. d th Penguin
(1973) lndustrialism and Indus trial Man, Harmon swor • .
brar da marxista Laura Balbo, que pensa ser preferfvel utilizar a expressão
HAYEK, F. . Ord Londres Routledge and Kegan Paul.
"política social" apenas como um "conceito guarda-chuva", debaixo do qual (1949) lndividuatism and Econom,c er, '
coisas muito díspares e até contraditõrias podem conviver (Balbo, 1980). Pa- MARSHALL, T.H.' . lvimento Rio Zahar.
(1963) Cidadania, classe social e desenvo · '
ra ela, pelo menos por enquanto, nada nos resta a não ser nos contentarmos
com isso. K. O capital: livro 1, Rio, Civilização Brasileira.
Por tudo isto, se é verdade que podemos ter algum otimismo na ex- MARX, K. & ENGELS, F· Ediçóes Sociais
(1976) Textos: volume Ili, São Paulo, .
pectativa de que o tempo resolva os problemas das abordagens atualmente
disponíveis ao estudo das polfticas sociais, devemos também saber que al- MISHRA R. .. . S . 10 ical Review (nova série), vol. 23(2), maio.
(1975) "Marx and Weltarn ;n/' °':'~h!ries and Practice of We/fare (2' ed.), Londres,
guns deles, se sao solucionáveis, sõ o serao depois que novas concepções (1981 )' SocietyandSoc,al o1cy.
surjam e sejam !estadas. MacMillan.
Isto, que pode parecer uma nota de pessimismo para encerrar este OFFE, C. d/ct · s the Welfare Sta te, Londres, MacMillan.
(1984) Contra 10n 01
l!lXlo, deve ser lido em sentido oposto, como um convite para que todos
PINKER, R.• f Welfarc Londres, Heinemann.
Ç>E,nsemos mais sistemática e menos preconceitualmente a polftica social. (1979 ) The tdea o •
EN F & CLOWARD, A.
Procl!larnonte porque existem os problemas e que os reconhecemos é que PIV , · 1 ti g the Poor Londres, Tavlstock.
oovomo!J onfrontá-los. (1974) Aegu: ;lo's Move::icnts, Nova Yor1<, Vintage Books.
(1 979 ) Poor