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Antes de mais, creio ser necessário distinguir a área filosófica que tem por
objeto os valores – a Axiologia propriamente dita, que é uma das áreas ou
domínios da Filosofia, a par de outros como a Ontologia, a Epistemologia, a
Filosofia da Mente, etc. – do movimento que teve origem na Alemanha e que
introduziu na “arena filosófica” o conceito de ‘valor’ – o movimento da filosofia
dos valores (do qual se destacam nomes como os de Lotze, Windelband,
Rickert, Brentano, Meinong, Scheler, Hartmann e Radbruch).
Os termos são irrelevantes: podemos dizer que a Axiologia é a Filosofia dos
Valores e que o movimento da filosofia dos valores é o movimento da axiologia.
Mas a distinção, independentemente do nome que se dê às coisas, mantém-se e
é importante.
Isto, porque o que teve verdadeiramente uma origem histórica foi o
movimento: como disse, teve essencialmente origem da Alemanha, entre finais
do século XIX e início do século XX. Porventura, o primeiro autor a usar o
termo ‘valor’ com o sentido que lhe damos atualmente, descolando-o do seu
uso na Economia e estendendo-o a todos os domínios da até então chamada
‘Filosofia Prática’, até foi Nietzsche (é de lembrar a famosa exigência de
‘transmutação de todos os valores’). Mas foi Lotze o primeiro a empreender um
estudo sistemático do conceito de ‘valor’. Creio que o primeiro autor a usar o
termo ‘axiologia’ no título de um livro foi Eduard von Hartmann, em 1909, na
obra ‘Linhas de Axiologia’ (em português; ‘Grundriss der Axiologie’ no
original).
Este nascimento do estudo filosófico sistemático do valor acompanhou o
renascimento do kantianismo. Efetivamente, alguns dos autores que referi
(Windelband, Rickert e Radbruch) eram neo-kantianos e pertenceram a uma
das duas grandes correntes neo-kantianas: a escola de Baden e a escola de
Marburgo. Mesmo os que não o eram “forjaram” o seu pensamento tendo Kant
como referência (nem que para negar as suas teses).