Você está na página 1de 5

O Problema da definição da arte..........................................................................................

1
Teorias Essencialistas........................................................................................................ 1
Teoria da arte como representação..............................................................................2
Críticas/Objeções................................................................................................... 2
Teoria da arte como expressão.................................................................................... 2
Críticas/Objeções................................................................................................... 3
Teoria da arte como forma significante........................................................................ 3
Críticas/Objeções................................................................................................... 3
Teorias Não essencialistas.................................................................................................3
Teoria institucional da arte............................................................................................4
Críticas/Objeções................................................................................................... 4
Teoria histórica da arte................................................................................................. 4
Críticas/Objeções................................................................................................... 5
Contra a Definição..............................................................................................................5
Tabela-Resumo.......................................................................................................................5

O Problema da definição da arte


“O que é a arte?” é a questão que diversos filósofos tentaram responder. Procuraram
condições necessárias e condições suficientes de modo a podermos dizer que algo é ou
não é arte.
Dessa questão surgem diversas teorias e diversos pontos de vista. Destacam-se:
● Teorias Essencialistas
○ Teoria da arte como representação
○ Teoria da arte como expressão
○ Teoria da arte como forma significante
● Teorias Não Essencialistas
○ Teoria Institucional da arte
○ Teoria Histórica da arte
Existe também quem acredite que não é possível definir a arte (contra a definição).

Teorias Essencialistas
Dizem existir fatores comuns a todas as obras de arte. Utilizam essas propriedades
para separar arte de algo que não é arte. Isto é, acreditam que as condições necessárias e
suficientes para algo ser ou não arte faz parte da estrutura interna do objeto
Teoria da arte como representação
(e teoria mimética da arte)

Segundo esta teoria de Platão e de Aristóteles, algo só pode ser considerado arte se
for uma cópia de algo real.
Esta teoria apresenta de imediato um problema claro, não dá uma condição
suficiente para algo ser ou não arte, dá simplesmente uma condição necessária. É além
disso, muito limitada, já que existem obras que todos consideraríamos como arte que não
são cópias ou imitações da realidade.
Numa tentativa de salvar esta teoria acrescentaram o conceito de representação
(tornando-se assim a teoria da arte como representação) para substituir o de imitação. Por
exemplo, uma estrela de David não imita o judaísmo mas representa-o.
Chegamos assim à conclusão que:
X só é uma obra de arte se for uma representação

Críticas/Objeções
1. Existem diversos contra-exemplos para a necessidade de algo ser uma
representação para ser considerado arte (nomeadamente a arquitetura). Logo, ser
uma representação não pode ser uma condição necessária da arte.
2. Existem diversos exemplos de algo que é uma representação, mas que não pode
ser considerado arte (por exemplo, o símbolo de um partido político representa-o,
mas não é necessariamente arte). Logo, a teoria mimética não define a arte já que
não apresenta alguma condição suficiente.

Teoria da arte como expressão


Esta teoria tenta definir a arte como algo que expressa alguma emoção, surge
durante o movimento cultural conhecido como Romantismo.

Lev Tolstói tem a sua própria versão desta teoria conhecida como teoria
transmissionista da arte. Esta versão diz que esta emoção tem que ser transmitida ao
público. Assim, para Tolstói existem três condições necessárias que juntas são necessárias:
1) O artista vive um certo estado emocional
2) Exprime intencionalmente esse estado emocional
3) A mesma emoção é demonstrada no público
George Collingwood tem, também, a sua própria versão desta teoria que é
conhecida como teoria da expressão a solo. Esta versão diz que estamos perante arte quer
esta tenha ou não o objetivo de transmitir alguma emoção específica ao público

Críticas/Objeções
1. Uma obra pode ser considerada arte sem que esta expresse qualquer tipo de
emoção por parte do autor. Logo, isto não pode ser uma condição necessária para
algo ser arte.
2. Nem tudo o que demonstra alguma emoção é arte. Emoções podem ser
intencionalmente transmitidas sem que esta ação seja considerada arte. Dois
amigos podem falar sobre emoções sem essa conversa ser arte.

Teoria da arte como forma significante


As mudanças que ocorreram no mundo da arte no final do século XIX e a grande
variedade de obras consideradas arte levaram o filósofo Clive Bell a propor a teoria
formalista da arte ou teoria da arte como forma. Segundo esta teoria, “X é uma obra de arte
se, e só se, X for concebido principalmente para possuir e exibir forma significante”.
A questão que se segue é “O que é uma forma significante?”. De acordo com Bell,
todas as obras que têm o poder de despertar no público uma emoção estética partilham a
qualidade de ter uma forma, ou seja, forma significante. O autor entende que é a
configuração ou a estrutura formal organizada e unificada de linhas, cores, formas, volumes
(ou outros) que suscita no público emoções estéticas.
Apesar de ser a teoria essencialista que mais se aproxima de uma definição aceite
por filósofos da arte, esta não é perfeita, nem 100% aceite.

Críticas/Objeções
1. A justificação de emoção estética está na definição de forma significante que por sua
vez tem a sua justificação encontrada dentro da definição de emoção estética.
Estamos assim, perante uma falácia de petição de princípio.
2. Para alguns, esta teoria é elitista pois só se aplica àqueles que conseguem sentir a
emoção estética transmitida por obras de arte.
3. O conceito de forma significante é demasiado vago, indefinido e não pode ser
considerado nem uma condição necessária (já que existem contra exemplos que
mostram que não é necessário ter uma forma significante) nem suficiente (existem
contra exemplos que mostram que ter uma forma significante não é suficiente para
ser algo que consideramos arte). Logo, pouco nos ajuda na definição de arte.

Teorias Não essencialistas


Afirmam que não existem propriedades em comum entre todas as obras de arte. As
teorias não essencialistas são aquelas que tentam encontrar fora das obras de arte as
condições necessárias e suficientes para definir a arte. Procuram critérios classificativos e
não avaliativos.

Teoria institucional da arte


Aos aspetos contextuais e práticas sociais que fazem com que algo seja
considerado arte, esta teoria dá o nome de mundo da arte. Este mundo da arte é uma
instituição da qual fazem parte todas as pessoas que se consideram parte do universo da
arte.
Para George Dickie: “X é uma obra de arte no sentido classificatório se, e só se, X
for um artefacto sobre o qual alguém age em nome de uma determinada instituição,
conferindo-lhe o estatuto de candidato à apreciação.”. Ou seja, um artefacto é fruto do
trabalho ou da intervenção humana.
As condições necessárias para esta teoria são assim, as seguintes:
1. Tem que ser considerado um artefacto.
2. Há arte quando alguém, agindo em nome do mundo da arte confere
ao artefacto o estatuto de candidato à apreciação

Críticas/Objeções
1. É demasiado inclusiva e corre o risco de não nos permitir distinguir o que é e o que
não é arte.
2. Não nos permite distinguir a boa da má arte.
3. Estamos perante uma teoria circular, por exemplo “O Grito é uma obra de arte
porque há pessoas que pensam desse modo, essas pessoas pensam desse modo
porque ‘O Grito’ é uma obra de arte”. Dickie estava ciente desta circularidade porém
nunca conseguiu resolvê-la.
4. Esta teoria não aceita a existência de um artista solitário já que as obras por este
criadas nunca seriam candidatas a apreciação.

Teoria histórica da arte


Tendo em conta as críticas dadas à teoria institucional da arte, Jerrold Levinson
tentou formular a sua própria teoria que diz: “X é uma obra de arte se, e só se, X for um
objeto acerca do qual alguém, que tem direito à propriedade de X, tiver a intenção não
transitória de que X seja encarado da mesma forma (ou formas) como o foram outros
objetos já abrangidos pelo conceito de obra de arte”.
Segundo esta teoria o artista deve (para esta poder ser considerada arte) trabalhar
(com os seus próprios materiais (esta condição de titularidade ou de propriedade é para
Levinson uma das condições necessárias)) na sua obra com a intenção séria de que ela
seja encarada pelo público da mesma forma que outras obras de arte no passado foram, e
esta obra tem que ser encarada da mesma forma que outras obras foram corretamente
encaradas no passado.

Críticas/Objeções
1. Apesar de tentar resolver o problema da arte primordial, esta teoria não é bem
sucedida. Já que para uma obra de arte primordial ser considerada arte tem que
haver alguma obra que venha antes dessa, isso não é possível, já que essa obra
teria que ter uma antes dela. Não é possível, segundo a definição de arte dada por
esta teoria, obtermos uma primeira obra de arte.
2. A condição de titularidade/propriedade exclui obras que encaramos como arte. Por
exemplo, se Edvard Munch tivesse pintado a sua obra O Grito num muro que não
lhe pertence, esta deixaria de ser arte?
3. A teoria esquece-se que algumas formas de encarar arte no passado já não são
válidas nos dias de hoje. Por exemplo, a representação realista de pessoas já foi
considerada arte, mas ninguém considera as fotos presentes (por exemplo) num
cartão de cidadão (que representam de forma realista pessoas) arte.
Contra a Definição
Existem diversos filósofos que consideram que a arte é indefinível, nomeadamente
Morris Weitz.
Para Weitz, o conceito de arte é um conceito aberto, logo não existem condições
necessárias ou suficientes que o definem. Tentar definir a arte é, segundo Weitz, incoerente
com a mudança, expansão e inovação que é inerente à arte. Estabelecer condições é
encerrar o conceito de arte.
O raciocínio de Weitz, tem diversas falhas, nomeadamente, o contraexemplo da
ciência, que segundo este raciocínio também não pode ser definido já que a ciência está
num constante estado de mudança, expansão e inovação, tal como a arte.

Tabela-Resumo

Teoria… Defensores

…da Arte como Representação Platão, Aristóteles

Teorias L. Tolstói,
…da arte como expressão
Essencialistas G. Collingwood
É possível Sim
definir a … da arte como forma significante C. Bell
arte?
…institucional da arte G. Dickie
Teorias não
Essencialistas
…histórica da arte J. Levinson

Não Contra a Definição M. Weitz

Você também pode gostar