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FILOSOFIA DA ARTE

Um dos principais problemas da filosofia da arte é o problema da definição de arte: “O que é a arte?”. Este
problema é importante, em grande medida, porque a forma como nos relacionamos com as obras de arte é muito
diferente da forma como nos relacionamos com objetos comuns que não são obras de arte.

Contudo, objetos comuns com uma forma indistinguível das suas contrapartes mundanas são, por vezes, exibidos,
apreciados e comercializados como sendo obras de arte. Assim, para nos relacionarmos apropriadamente com
diferentes tipos de objetos é importante ter um critério que nos permita distinguir arte de não-arte.

 Qualquer definição de arte deve captar adequadamente dois usos comuns da palavra “arte”: um uso
classificativo (descritivo) e um uso de sentido valorativo (avaliativo). Dizer que algo é uma obra de arte no
sentido classificativo (descritivo) é dizer simplesmente que esse objeto pertence a uma determinada classe.
Dizer que algo é uma obra de arte no sentido valorativo (avaliativo) é reconhecer que esse objeto, além de
pertencer à categoria das obras de arte, é um bom exemplar dessa categoria, ou seja, é uma boa obra de
arte.

Muitos autores procuram desenvolver uma teoria essencialista da arte, isto é, tentam encontrar a essência da arte:
uma (ou mais) propriedade(s) intrínseca(s) – isto é, inerente(s) às próprias obras – que todas as obras de arte e só as
obras e arte têm em comum.

Outros autores defendem que nunca conseguiremos estabelecer de forma segura um conjunto de propriedades
intrínsecas que todas as obras de arte e apenas elas possuem em comum. Alguns destes autores vão procurar
desenvolver uma teoria não essencialista da arte, isto é, vão tentar definir arte com base nos seus aspetos
relacionais, processuais e contextuais, ou seja, com base nas relações que estes estabelecem, nos processos por que
passam e no contexto histórico e social que os envolve. Outros optam por uma abordagem cética e recusam por
completo a possibilidade de haver uma definição explícita de arte, por considerar que se trata de um conceito
aberto.

Conceito aberto – conceito que pode sempre vir a aplicar-se a novos casos sem que isso implique que o novo caso
partilhe uma característica com todos os seus antecessores. Por exemplo, o conceito de jogo é geralmente entendido
como um conceito aberto, porque a variedade das coisas a que chamamos “jogos” é tanta que não existe uma única
característica comum a todos eles. Alguns jogos têm bola, outros não; uns têm um sistema de regras predefinido,
outros não; etc.

Assim, a identificação que fazemos dos conceitos abertos assemelha-se mais à identificação que fazemos de pessoas
que pertencem à mesma família do que a um processo de identificação com base em condições necessárias e
suficientes. As semelhanças d família permitem-nos identificar os membros de uma família sem que haja
necessariamente uma característica visível partilhada por todos eles.

Teorias essencialistas: Teorias não-essencialistas:

 a teoria representacionista da arte • teoria institucional da arte


 a teoria formalista da arte • teoria histórica da arte
A teoria representacionista da arte tem duas versões: uma mais restrita – a teoria mimética da arte (ou teoria da
arte como imitação) – e uma mais lata – a teoria representacionista num sentido lato.

A teoria mimética da arte foi primeiramente proposta no século V a.C. por Platão e Aristóteles, que acreditavam que
o tipo de representação envolvido na produção artística consiste simplesmente na imitação, daí terem defendido que
algo é uma obra de arte só se é uma imitação. A principal razão que estes autores apresentaram para a sua teoria foi
o facto de haver inúmeros exemplos de arte imitativas na sociedade da sua época. Esculturas, pinturas, peças de
teatro e até música, eram vistas como obras que retratavam grandes feitos de deuses e heróis. Assim, estes autores
podiam argumentar a favor da sua perspetiva através de um argumento indutivo como o seguinte:

(1) A epopeia é arte e é uma imitação.


(2) A tragédia é arte e é uma imitação.
(3) A poesia ditirâmbica é arte e é uma imitação.
(4) A música é arte e é uma imitação.
(5) Logo, toda a arte é imitação.

Note-se que isto é muito diferente de dizer que toda a imitação é arte. O próprio Aristóteles reconhecia que as
crianças tinham o hábito de imitar os adultos, mas isso não significa que o que elas faziam seja considerado arte.

Crítica - há obras de arte sem qualquer intuito imitativo.

Para tentar ultrapassar este problema, alguns autores propõem substituir o conceito de “imitação” pelo conceito de
“representação”. O conceito de “representação” é mais abrangente do que o de “imitação”

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