Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Teoria histórica
Passemos, agora, à última teoria que analisaremos, a teoria histórica, onde teremos em
consideração o pensamento de Jerrold Levinson, o seu fundador. Esta teoria, não essencialista,
tem apenas uma pequena diferença da teoria institucional, que acabámos de analisar, tendo
proveniência da mesma. No entanto, esta diferença pode aumentar a arbitrariedade, um dos
problemas da teoria anterior.
Para a teoria histórica, arte é uma questão de contexto. Para uma obra ser artística basta que
o autor tenha intenção de a relacionar com a história da arte (explícita ou implicitamente, de
forma transparente ou opaca). Por exemplo, Duchamp relacionou as suas obras com a história
da arte, fazendo-as ir contra ela.
Tomemos novamente em consideração “A cadência caótica”, nome atribuído ao monte de
material em cima da mesa, feito pelo professor. Pela teoria institucional, esta obra precisava
que alguém do mundo da arte a considerasse arte. Já pela teoria histórica, bastava que o
professor tivesse a intenção de a relacionar com a história da arte para ser arte (na linha do
dadaísmo). Ou seja, verifica-se, como já tinha referido, uma ainda maior arbitrariedade pela
teoria histórica do que pela teoria institucional; basta que o autor queira que a sua obra seja
arte; quer seja na continuidade da história da arte, quer seja contra ela, é quase sempre
possível o autor relacionar a sua obra com a história da arte.
Assim, uma das objeções apontadas a esta teoria é, precisamente, a da arbitrariedade e
subjetividade totais do artista. Além disso, ainda há um contraexemplo. Tendo em conta que o
critério para uma obra ser artística é a possível relação entre a obra e a história da arte, qual
terá sido o critério para considerar a primeira obra de arte artística? Das duas uma, ou nunca
houve uma primeira obra de arte (e, por isso, não há história da arte) ou o critério para esta
primeira obra de arte foi diferente do critério considerado válido pela teoria histórica (e, por
isso, o critério desta teoria não é o que vale).
Questão final
Agora, para concluir a análise da filosofia da arte e das teorias desenvolvidas para tentar
encontrar as condições necessárias e suficientes para um objeto ser artístico, tragamos para
análise o caso das obras falsificadas. Imaginemos que um falsificador de obras de arte quer
enganar um indivíduo para ganhar dinheiro. Para isso, diz que acedeu a’ “O grito”, de Munch,
tratando-se, no entanto, de uma falsificação sua. Tendo em conta as teorias que analisámos,
esta obra seria considerada arte? Ora bem, para a teoria histórica sim, pois o falsificador está a
relacionar a sua falsificação com uma obra de arte (ou seja, com a história da arte),
considerando a sua obra arte. Para a teoria institucional não seria arte, já que, no mundo da
arte, os especialistas consideram que só a obra original pode ser arte (ainda que as versões de
uma obra de arte possam ser artísticas, as cópias não). Para a teoria mimética, seria uma obra
de arte, pois trata-se de uma imitação. Para a teoria expressivista, não seria arte, já que o
autor (o falsificador) não está a sentir o que é exprimido no quadro. E, concluindo, para a
teoria formalista, esta falsificação seria uma obra de arte. O quadro tem forma significante e
provoca uma emoção estética no espectador (que pode não saber que se trata de uma
falsificação).