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Teoria representacionista

Após a queda da teoria mimética, por deixar de fora inúmeros tipos de arte, surge a teoria
representacionista. Teoria esta que no fundo é uma teoria mimética, mas mais abrangente. Os próprios
fundadores desta teoria eram adeptos da teoria mimética, e só a fundaram para resolver problemas que
a teoria anterior não resolvia.
A teoria representacionista continua a considerar artístico tudo aquilo que já era considerado
na teoria da imitação, no entanto acrescenta tudo o que seja uma representação, ou seja, esta teoria
torna-se mais ampla, visto que toda a imitação é uma representação, mas nem toda a representação é
uma imitação. Ora, segundo esta teoria se x é uma representação de algo, então x é arte. Ou seja,
quando se consegue ver numa obra algo do mundo exterior, seja algo material, como algo sentimental,
então esta obra pode ser considerada artística. Temos o exemplo da obra “O Grito” de Edward Munch,
que não imita nada em concreto, apenas exprime sentimentos e emoções de desespero e angústia
através da ilustração de uma figura, ou então a obra “A noite estrelada” de Van Gog, que não imita uma
paisagem, mas sim representa a forma como este artista observa uma paisagem.
No entanto, tal como na teoria mimética, apenas existe uma condição necessária, e não existe
uma condição suficiente para a classificação da arte, segundo esta teoria, visto que nem tudo o que
representa algo é artístico. Temos o exemplo da ciência, que representa várias situações que acontecem
no mundo e não só, através de fórmulas. Fórmulas essas que não são consideradas ciência, embora
sejam uma representação.
Sendo esta uma das objeções à teoria representacionista, temos vários outros contraexemplos
que invalidam esta teoria, como os quadros de Mondrian ou as obras de Kandisky, que é impossível
saber o que estão a representar ou se estão mesmo a representar algo. A “Fonte” de Duchamp também
não se enquadra nesta teoria, visto que não representa nada em concreto, é apenas um urinol. Além
disso, exemplos como a arte decorativa, a música instrumental, etc, que já eram objeções à teoria
mimética, continuam a o ser à teoria representacionista.
Concluindo, a teoria representacionista é muito parecida à teoria mimética. Até a maior parte
das suas objeções são idênticas. A única diferença é que a teoria representacionista também inclui as
obras expressivistas.

Teoria expressivista

A teoria expressivista, criada por Tolstoi, é completamente diferente das duas teorias faladas
anteriormente, e baseia-se no facto de, do século XIX para o século XX a arte deixar de estar preocupada
em refletir o mundo objetivo para passar a ser um espelho do mundo subjetivo de cada artistca, através
das suas emoções, sentimentos, etc.
Para a teoria expressivista, o artista necessita ter um sentimento autêntico para fazer a sua
obra, de forma a, posteriormente, conseguir transmiti-lo ao público, que tem de sentir o mesmo que o
artista sentiu ao fazer a obra. Só se existir esta conexão de sentimentos entre o artista e o público é que
a arte pode ser considerada artística.
Surgem então 3 condições necessárias, que conjuntamente formam uma condição suficiente
para a caracterização da arte, segundo a teoria expressivista:
- A 1º condição (a condição experimentalista) diz que os sentimentos que o artista vive ao fazer a obra
têm de ser, obrigatoriamente, verdadeiramente sentidos;
- A 2º condição (a condição expressivista) refere que o sentimento autêntico vivido pelo artista tem de
ser passado para algo, de modo a criar a obra de arte, que será o meio de propagação do sentimento:
- A 3º condição (condição identitária) dia que o espectador tem de sentir o mesmo que o artista sentiu
ao fazer a obra.
Por exemplo, na obra “Guerra e Paz” do próprio Tolstoi, podemos observar estas 3 condições,
que para esta teoria, tornam este livro numa obra de arte. Tolstoi esteve presente na guerra, pelo que
sentiu sentimentos verdadeiros, como medo, sofrimento, etc. Com base nesses sentimentos, escreveu o
livro, que pretende e consegue exatamente transmitir os mesmos sentimentos para os leitores da obra.
Ora, estando aqui todas as condições necessárias reunidas, forma-se então a condição suficiente para
que uma obra seja arte.
No entanto, apesar deste exemplo ser válido, a teoria expressivista também não consegue fugir
às objeções e aos contraexemplos. A primeira objeção, mais especificamente à condição
experimentalista, prende-se no facto de ser possível o artista conseguir manipular os sentimentos
vividos durante a realização da obra. Por exemplo, um autor pode produzir uma cena emocionante em
determinado filme ou série, sem sentir o mesmo aquilo que a sua personagem está a sentir.
A segunda objeção, à condição expressivista refere que existem muitas obras que não
expressam qualquer tipo de emoção, como a arte aleatória, a arte decorativa, etc. Temos o exemplo dos
quadros de Mondrian. Quando olhamos para estes quadros dificilmente sentimos algo. Ou seja, lã por
uma obra não transmitir um sentimento não quer dizer que tenha de deixar de ser arte.
A terceira e a última objeção, à condição identitária, foca-se no público. Como sabemos se o
público sente exatamente o mesmo, quando está perante algum tipo de obra de arte, que o artista
sentiu ou sente quando a está a fazer.
Para esta objeção temos o exemplo do teatro. Neste caso, as emoções do público dificilmente
vão coincidir comas emoções dos artistas, que neste caso são os atores e estão a representar
personagens. E não é por isso acontecer que o teatro vai deixar de ser considerado arte.

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