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1. O problema da definição da arte.

(joão)

A arte é um conceito subjetivo e multidimensional que envolve tanto a técnica quanto a


expressão pessoal, interpretação e o gosto estético.

Por essa razão é difícil alcançar um consenso sobre o que é e o que não é a arte, já que
cada indivíduo tem as suas próprias experiências de sensibilidades e referências culturais
que influenciam a sua percepção artística.

Além disso, a arte pode ser vista de diferentes perspectivas incluindo histórica, sociológica,
psicológica, política, entre outros, o que pode levar a divergências controvérsias sobre o seu
valor e significado.

Portanto, a diversidade de opiniões sobre a arte é algo natural e saudável, pois reflete a
complexidade e a riqueza desse campo cultural.

Cabe a cada um de nós explorar e apreciar a arte de acordo com a nossa própria
sensibilidade e experiência social mantendo uma mente aberta e respeitando a diversidade
de perspectivas e gostos.

2. Teorias essencialistas:

-A arte como representação:

(Ricardo) Platão e Aristóteles foram os primeiros filósofos a refletir sobre a natureza da


arte, uma vez que ambos consideravam que a arte era essencialmente mimese, ou seja
representação, a palavra que ambos usavam mimese, que também se costuma traduzir por
imitação.

Ao imitar uma ação de alguém é considerada como uma maneira de representar essa
ação, essa também pode ser representada por palavras, tal como pode ser representada
num livro, neste caso há representação mas não há propriamente imitação.

Aristóteles defende assim que todos os tipos de arte representam algo, assim representar
algo é uma condição necessária da arte, mas nem tudo o que representa algo é arte, logo
não é uma condição suficiente.

(Daniel) Mas então representar algo será mesmo uma condição necessária? Segundo
Aristóteles este apenas poderia ter em conta artes do seu tempo tal como a pintura música
entre outras, assim conclui que todas elas de certo modo representam diferentes aspetos
da natureza.

Apesar de que à ideia de representar faz parte da essência da arte é o que leva a que
muitas pessoas a apreciem, além disso a representação é usada como critério para avaliar
uma obra de arte:

Quanto mais fiel for a representação e quanto mais interessante for a coisa representada
melhor é a arte.
Criticas:

(Maximo) O uma crítica a esta teoria é problema da perspetiva representacional é que


parece haver contra exemplos plausíveis.

Estes podem ser encontrados sobretudo na pintura geométrica, em particular em obras de


arte que apenas produzem experiências visuais.

Outra crítica é quando os artistas que criam obras com conteúdo representacional acabam
por representar as coisas de forma deliberadamente imprecisa

-A arte como expressão:

(Ricardo) A primeira definição de arte foi proposta por Tolstoi, segundo este a arte é
essencialmente a expressão dos sentimentos ou emoções, assim exprimir era trazer para
fora ou exteriorizar o que está dentro de nós, mostrar aquilo que sentimos.

Claro que exprimir emoções é algo que qualquer pessoa faz, logo o que tem de especial a
expressão artística, segundo tolstoi a expressão artística era intencional uma vez que as
pessoas não decidem exteriorizar o que sentem, isso é algo que acontece simplesmente,
muitas vezes acontecendo contra a sua vontade.

A expressão artística tem também a intenção de contagiar o público com tipo de emoção
que interessa, assim não é qualquer intenção que conta para arte, só interessa as emoções
individuais e concretas realmente sentidas pelo artista, uma vez que a expressão tem muito
de pessoal e que o artista tem de ser sincero com aquilo que expressa.

(João) Assim a arte é um meio de transmissão de sentimentos e emoções do artista para o


público através da obra criada.

Mais tarde uma versão diferente foi apresentada por Collingwood que introduziu três
principais diferenças em relação a definição de tolstoi.

Uma delas era que o artista deixava de contagiar o público e passa a clarificar o que ele
próprio sentia, outra era que o artista começa por não saber que emoção sente, é
precisamente para aliviar o desconforto interior gerado por esse sentimento indefinido que
ele quer clarificar o que sente, e a outra é que só há uma maneira de exprimir a emoção
que é através da imaginação, assim o artista não segue nenhum método nem técnica uma
vez que não sabe que emoção exprimir.

Criticas:

(Maximo) O expressivista poderá fazer uma de duas coisas, ambas problemáticas: ou


argumentar de forma persuasiva que essas obras exprimem alguma emoção reconhecível
por quem as aprecia, ou argumentar de forma persuasiva que elas não são
verdadeiramente arte e que os responsáveis pelos museus e galerias de arte que as
adquiriram estão equivocadas.
Outra crítica tanto à versão de Tolstói como à de Collingwood põe em causa a ideia de que,
para fazer arte, o artista tem de sentir o que exprime. Ora, se assim for, é incorreto afirmar
que os atores de um filme ou peça de teatro são artistas, pois é muito implausível que
experimentam todos os sentimentos que procuram exprimir: um autor que representa o
papel de alguém triste não tem, ele próprio, de estar triste.

Exigir que os artistas sintam verdadeiramente tristeza quando interpretam obras tristes e
alegria sincera quando interpretam obras alegres é exigir o que nenhum ator será capaz de
fazer.

Tolstói poderia responder que a arte é a obra a que talvez os atores dão corpo e não o
próprio desempenho dos atores, Collingwood poderia então argumentar que os atores que
não sentem o que exprimem não são artistas autênticos, mas meros entertainers.

(Daniel) Porém, isso equivale a rever drasticamente o uso habitual do conceito de artista.
Uma conceção de tal modo revisionista parece inaceitável.

Outra crítica é que, em muitos casos, não estamos em condições de saber o que o artista
pensou ou sentiu para podermos afirmar que sentiu sequer alguma emoção ao criar as suas
obras.

Por exemplo, será que Homero sentiu realmente todas aquelas emoções expressas na Ilíada
e na Odisseia? É algo que não podemos saber. Alguns críticos concluem que isso nos
impediria de dizer se as suas criações são ou não verdadeiras obras de arte, o que é difícil
de aceitar.

-A arte como forma:

(Ricardo) O filósofo Clive Bell considerou que nenhuma das propostas de definição
anteriores captava a verdadeira essência da arte. Segundo este havia certas obras em que
conseguimos ver a representação do mundo exterior e outras cujo autor pretendia
demonstrar o mundo interior dos seus sentimentos, mas nada disso era essencialmente
arte.

Para bell o conteúdo da obra não importa, mas o que realmente importa era o modo como
era feita, assim algo é arte se e só se tiver forma significante, esta forma significante era
uma condição necessária e suficiente, isso significa que só as obras de arte tem forma
significante e que todo o que tem uma forma significante é arte.

(Máximo) Bell diz que a forma significante consiste numa certa combinação de linhas e
cores na pintura, na escultura seria uma série de formas e volumes e na música uma
determinada combinação de notas, tudo isto eram qualidades formais de uma obra.

Mas então por que razão tais combinações são significantes? Bell apenas diz que são
interessantes por si mesmas e não por qualquer outra razão, assim algo é significante
quando a própria forma se torna digna de ser contemplada.
É esta perspectiva formalista de Bell que transmite a ideia de que apreciar arte requer das
pessoas algum sentido de forma e sensibilidade estética.

Criticas:

(Joao) A existência de obras de arte que não se distinguem visualmente de outras objetos
que não são arte, a dificuldade de identificar a forma significante, a combinação de certas
qualidades formais que fazem de algo uma obra de arte. A forma é significante quando é
interessante por si mesma.

O filósofo Clive Bell diz que identificar a forma significante é uma questão de sensibilidade.
As pessoas sensíveis percebem quando um objeto tem forma significante porque sentem
uma certa emoção, Por outro lado podemos afirmar que quem não reconhece a forma
significante é insensível.

Ignora o valor estético: o ceticismo em relação à arte pode levar à desvalorização do valor
estético da arte. Embora a arte possa não ter a capacidade de fornecer verdades objetivas,
ela ainda pode ser valorizada pelas suas qualidades estéticas, como a beleza, criatividade e
originalidade

3. A teoria da indefinibilidade da arte (teoria cética).

(Daniel) Morris Weitz foi quem apresentou a proposta de que não é possível definir arte, em
termos de condições necessárias e suficientes. Este sustenta que as teorias estéticas, ao
procurarem uma definição que captura a essência da arte, tentam definir o que não pode
ser definido ou o que é impossível definir.

O argumento Weitz está centrado no uso do conceito de arte como “conceito aberto” e na
análise da extensão do termo arte, é possível por objeções que envolvem a noção de
semelhança de família, refutá-la. Além disso, aponta que há duas perspectivas para o
debate sobre a possibilidade de definir arte: uma que retoma a posição de Weitz e outra que
propõe definições nos termos negados por ele.

Weitz refere-se à afirmação de propriedades comuns às obras de arte, em termos de


condições necessárias e conjuntamente suficientes para que algo seja arte.
Segundo este, as teorias da estética procuram condições que expressam a natureza da
arte, por meio de uma definição.

Assim, para este não existem essas tais condições necessárias e suficientes que permitam
satisfazer que algo é arte. Este procura uma
definição que expresse a natureza da arte que não é relevante mas sim a elucidação do
conceito de arte.

(Maximo) Porque as definições falharam: As definições até então propostas teriam de


falhar pois é o que acontece quando se tenta procurar o que não existe “essência da arte“.
Mesmo que tais definições fossem aplicáveis à arte até então conhecida, essa arte vai
mudando e segue-se frequentemente por caminhos inesperados.

Arte como conceito aberto: O facto de a arte ser criativa e inovadora obriga a que esta
esteja aberta a reajustamentos, de modo a que está se possa aplicar a obras que não
possuem nenhuma definição. Assim ao tentarmos defini-la estamos a reduzir o conjunto de
condições necessárias e suficientes, logo é uma questão lógica e não é meramente factual
que é impossível definir o conceito de arte.

As semelhanças de família: Ser cético acerca da definição não significa ser cético quanto
à aplicação ou uso bem-sucedido do conceito de arte. Nós classificamos como arte os objetos
novos que revelam certas semelhanças com coisas a que já aplicamos o conceito de arte, e
se surgir outra coisa semelhante a esta, mas não tanto à primeira, ela também é arte. Assim
teremos um conjunto de semelhanças familiares , mas nenhum conjunto fixo de
características que todas partilham.

Criticas ao ceticismo:

(Ricardo) O ceticismo em relação à arte ser uma posição filosófica que questiona a arte de
comunicar verdades ou valores. Embora essa posição possa ter alguns méritos em certos
casos, também pode por outro lado, ser alvo de críticas.

Algumas dessas críticas incluem: Falta de apreciação da subjetividade: o ceticismo em


relação à arte pode levar a uma falta de apreciação da subjetividade envolvida na
interpretação e apreciação da arte. Embora a arte possa não fornecer verdades objetivas,
ela pode ainda ser valorizada pelas suas qualidades subjetivas.

Ignora o valor social da arte: o ceticismo em relação a arte pode ter um valor social
importante como um meio de expressão e comunicação, como uma forma de trazer à tona
questões sociais e políticas importantes ou como um meio de conectar as pessoas através
da cultura.

(Joao) Limita a compreensão da arte: o ceticismo em relação à arte pode limitar a nossa
compreensão da arte. Embora a arte possa não fornecer verdades objetivas, ela ainda nos
pode fornecer uma compreensão mais profunda da natureza humana e da experiência
humana em geral.

Em resumo, embora o ceticismo em relação à arte possa ter mérito em alguns casos, este
pode ser criticado por ignorar o valor estético da arte, bem como por limitar a nossa
compreensão da arte.

4. Teorias não-essencialistas:

Teoria institucional
(Maximo) A Teoria Institucional de Arte é uma corrente da filosofia da arte que argumenta
que a definição de arte está ligada às instituições que a tornam possível e que a legitimam.
De acordo com essa teoria, a arte não pode ser definida apenas pelas suas características
formais ou por sua expressividade individual, mas sim pelo sistema de instituições que a
reconhecem como tal.

A Teoria Institucional de Arte enfatiza o papel das instituições na criação e na legitimação da


arte. Essas instituições podem incluir museus, galerias, academias de arte, críticos de arte,
leiloeiros e colecionadores. Para os defensores dessa teoria, essas instituições são
responsáveis por determinar quais objetos ou práticas merecem ser chamados de arte e por
transmitir esses julgamentos para o público em geral.

Críticas a teoria institucional:

Uma das principais críticas à Teoria Institucional de Arte é que ela pode parecer muito
restritiva e limitante. Ao definir a arte exclusivamente em termos institucionais, essa teoria
exclui muitas formas de expressão artística que não são reconhecidas pelas instituições
convencionais.

Por exemplo, a arte popular ou a arte de rua podem não ser consideradas como arte,
simplesmente porque não são exibidas em museus ou galerias.

(Daniel) Outra crítica à Teoria Institucional de Arte é que ela não leva em consideração o
papel do público na definição da arte. Os defensores dessa teoria argumentam que as
instituições são responsáveis por determinar o que é arte, mas muitos críticos afirmam que
são as respostas e interpretações do público que dão sentido à arte.

Portanto, a teoria institucional de arte pode estar muito centrada nas instituições e
negligenciar a importância do público na criação e na interpretação da arte.

Por fim, também é importante notar que a Teoria Institucional de Arte pode levar a uma
visão excessivamente hierárquica da arte, em que as instituições estabelecidas têm poder
absoluto para determinar o que é ou não é arte.

(Ricardo) Essa visão pode ser vista como elitista e excludente, uma vez que os critérios de
reconhecimento institucional podem excluir certos grupos ou formas de expressão artística.

Em conclusão, a Teoria Institucional de Arte tem sido influente na filosofia da arte, mas
também é alvo de críticas significativas.

Embora a importância das instituições na definição e na legitimação da arte deva ser


reconhecida, é preciso ter cuidado para não excluir outras formas de expressão artística
que não são reconhecidas pelas instituições convencionais e para não negligenciar o papel
do público na criação e na interpretação da arte.

Teoria historica:
(João) Jerrold Levinson é um filósofo da arte que tem feito importantes contribuições para a
teoria histórica da arte. A sua abordagem enfatiza a importância histórica, o contexto social
e cultural na compreensão das obras de arte. Levinson argumenta que a história da arte é
uma parte essencial na compreensão das obras de arte, pois a interpretação de uma obra
de arte depende do contexto histórico em que ela foi criada. Levinson enfatiza também a
importância da análise formal e estética na compreensão das obras de arte, e defende que
a análise formal deve ser combinada com a análise histórica e cultural

Críticas a teoria histórica:

(Daniel) Uma crítica feita frequentemente a esta teoria é de que se a obra for classificada
como obra do passado então irá ficar por explicar o aparecimento da primeira obra de arte
uma vez que não há exemplos históricos anteriores.

Outra crítica é por exemplo ao fazerem grafites em paredes cujos proprietários não são os
mesmos que os pintaram com a intenção de quem fossem vistos como arte preexistente,
então neste caso a intenção que conta não é a do proprietário.

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