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Tese:
se uma coisa é arte, então representa algo.
Aspetos positivos:
O conceito de arte aplica-se a obras que a teoria da imitação exclui (se toda a
imitação é representação, nem toda a representação é imitação).
Objeções:
O que representa? A arte abstrata parece constituir um bom contraexemplo a esta teoria.
Existem obras de arte que não representam seja o que for. A representação como critério
de classificação do que é arte falha, pois há inúmeros objetos que representam algo e não
são arte.
TEORIA EXPRESSIVISTA:
Tese:
Uma obra é arte se, e só se, exprime sentimentos e emoções do artista.
Origem:
A teoria tem origem no movimento artístico designado por Romantismo
(século XIX). Há vários defensores desta teoria, mas um dos mais conhecidos é Liev
Tolstói, romancista russo que viveu entre 1828-1910.
Ideias chave:
Segundo Tolstói, só há arte se houver expressão de emoções e sentimentos por parte do
artista e se este conseguir contagiar o público com as mesmas emoções e sentimentos que
presidiram à produção da obra de arte.
O grau de contágio é tanto maior quanto:
-maior for a individualidade do sentimento transmitido;
-a clareza com que é transmitido;
-a sinceridade do artista.
Aspetos positivos:
- São muitos os artistas que reconhecem a importância das emoções para
a criação artística.
- Oferece um critério objetivo de classificação, mais abrangente do que o
da teoria anterior (permite classificar como arte, obras que não imitam ou
reproduzem nada).
- Oferece um critério valorativo: uma obra é tanto melhor quanto melhor
conseguir exprimir os sentimentos do artista que a criou.
Objeções:
-Há obras que não exprimem qualquer emoção ou sentimento, portanto a definição que esta
teoria apresenta não permite classificar como arte todas as obras que são consideradas
como tal.
- O artista tem que sentir sempre o que a obra de arte exprime? O facto de o artista ter de
sentir sempre o que a obra de arte exprime é uma exigência injusta e irrealista, dado que
muitos artistas têm uma rotina de trabalho que é incompatível com esta tese.
- Nem sempre uma obra de arte se reduz aquilo que esteve na mente do artista no
momento da criação. Será que a qualidade de uma obra de arte depende apenas da
capacidade de gerar no público a emoção que o artista queria transmitir?
Objeções:
Esta teoria parece apoiar-se num argumento circular: descobrimos a forma significante
numa obra de arte mediante a emoção estética que ela provoca. E a emoção estética é o
que sentimos na presença da forma significante.
- Esta teoria não pode ser refutada, porque uma das respostas de Bell ao facto de algumas
pessoas não sentirem emoção estética perante objetos classificados como artísticos é a de
que lhes faltaria sensibilidade estética.
- O conceito de forma significante é vago.
- Forma e conteúdo são inseparáveis: ignorar a relação dos aspetos formais com os
aspetos materiais (sentido e referência a algo) não nos permite perceber plenamente a obra
de arte, nem o prazer estético resulta exclusivamente de aspetos formais.
Objeções:
A definição é demasiado abrangente, correndo o risco de trivializar aquilo que se considera
arte e não permitir distinguir a boa da má arte.
- Como é que a atribuição de estatuto é feita? Se a atribuição de estatuto estiver vinculada a
determinadas razões, então se as razões fossem explicitadas iriam constituir uma teoria
sobre a arte diferente da teoria institucional. Se a concessão de estatuto for arbitrária não se
compreende por que razão a arte assume um papel tão importante para a humanidade.
- Apresenta uma definição circular. Os conceitos de «obra artística» e «mundo da arte» são
definidos com base um no outro. Uma obra artística é um artefacto a que o mundo da arte
conferiu estatuto; e o mundo da arte é um conjunto de pessoas que têm o poder de conferir
o estatuto de obra artística.
- Exclui os artistas que criam fora do circuito institucional.
Objeções:
É discutível que o direito de propriedade seja uma condição necessária. Se admitirmos, por
exemplo, que um artista consagrado pintou um quadro, usando uma tela e tintas que não
pagou, mas que devia ter pago, será que isso justifica a afirmação de que não estamos
perante uma obra de arte?
- A condição relativa à intenção também pode não ser necessária.
Veja-se, por exemplo, o caso dos artistas que não tiveram a intenção de que as suas obras
fossem vistas como obras de arte, sendo que só após a sua morte elas foram publicadas e
consideradas como tal.
- Por outro lado, se admitirmos que o que faz de algo uma obra de arte é a sua relação com
a arte anterior, então levanta-se um problema ao considerar-se a primeira obra de arte a
surgir no mundo. Esta não pode ser arte, por não haver arte anterior.