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Teorias não-essencialistas - sustentam que uma obra de arte não se define pela sua essência,

mas sim pela forma como influencia o mundo exterior. Uma obra de arte pode ter várias
funções, de acordo com o contexto em que se encontra, sendo por esta razão que estas teorias
também são designadas por teorias contextualistas.
O que conta para estas teorias é sobretudo o modo como um dado objeto adquire o estatuto de
obra de arte e não as propriedades internas que esse objeto tem.

Os não essencialistas

 Admitem que a arte possa ter as mais variadas funções:  alargar o conhecimento, exprimir
e explorar emoções, proporcionar experiências compensadoras, divertir, proporcionar
prazer, ajudar-nos a ser pessoas melhores, comunicar ideias, criticar a sociedade,
transformar o mundo, criar coisas belas, valorizar as nossas vidas, ajudar-nos a suportar
os males;
O que torna inútil procurar nos objetos de arte características permanentes e
comuns supostamente associadas a funções tão diferentes; 

 Uma mesma obra de arte, consideram os não-essencialistas, pode servir diferentes


funções, adquirir diferentes significados, admitir diferentes interpretações ou exprimir
sentimentos diferentes, consoante o contexto em que ela é produzida ou apreciada.

A teoria histórico-intencional é de Jerrold Levinson


Sua teoria é chamada de definição histórica ou definindo a arte historicamente ou ainda
definição histórico-intencional. Enquanto Dickie se concentra no aspecto institucional da arte,
Levinson realça as intenções de quem cria a arte. Em Music, art and metaphysics (1990, p. 38-
39), Levinson define arte: “Uma obra de arte é uma coisa (um item, objeto, entidade)
relativamente ao qual houve a intenção séria de ser vista como uma obra de arte – isto é, vista do
modo como as obras de arte preexistentes são ou foram corretamente vistas”. Assim, um objeto
só pode ser uma obra de arte se houve a intenção séria de ser tratado como tal. E não podemos
transformar qualquer coisa numa obra de arte.
Warburton (2007) chama a atenção de que a definição se baseia na noção de que no passado
houve formas apropriadas de ver as obras de arte. Mas, quando retrocedemos no tempo, em
relação à primeira obra de arte, como ela foi denominada arte? Como podemos comparar essa
obra primeira, pois ainda não existia outra para ela ser comparada?
Em seu artigo Art as a cluster concept (2000), Berys Gaut defende a teoria do agrupamento do
conceito de arte (the cluster theory of art). Gaut nos fornece uma lista de dez propriedades que
seriam suficientes para sabermos se algo é arte ou não. São estes os seguintes critérios: o artefato
possui propriedades estéticas positivas, expressa emoção, é intelectualmente desafiante,
complexo e coerente, tem a capacidade de expressar significados complexos, exibe um ponto de
vista individual, é um exercício original de imaginação, é um produto de habilidade, pertence a
uma forma de arte estabelecida, é feito com a intenção de ser uma obra de arte. Quanto mais um
artefato possui dessas dez características, mais razões nós temos para classificá-lo como arte. O
problema é que esse tipo de definição é ampla demais. Faz com que uma requintada refeição
possa também ser classificada como arte. E tudo leva a crer que a culinária não é tida como uma
forma estabelecida de arte.
Como vimos, é difícil estabelecer uma definição explícita de arte. Mesmo que abandonemos a
pretensão de possuir uma definição explícita essencialista, o apelo a alguma propriedade
relacional também não obteve sucesso. Houve até proposta de abandonar a própria pergunta e
substituir pela “Quando há arte?”, como fez o filósofo Nelson Goodman, e alguns simplesmente
desistem do problema, como Warburton (2007, p.151): “É melhor concentrarmo-nos em obras
particulares e interrogarmo-nos por que são arte e que importância poderá ter para nós esse fato”.
Porém, concordamos com Maria E. Reicher (2009) que não podemos abandonar esse problema
ao ceticismo. Contudo, recolhemos que as definições de arte possuem problemas e é possível um
pluralismo de definições. Propomos no término deste artigo a definição teóricocomunicativa da
arte de Reicher, que afirma: “x é uma obra de arte exatamente quando x é intencionado por um
emissor (produtor) como meio de uma experiência estética”. As qualidades dessa definição são
sumarizadas por Reicher desse modo. Não exclui objetos não representativos e/ou expressivos.
Não é necessário que todas as obras partilhem qualidades formais muito específicas. Não exclui
objetos que o mundo da arte (ainda não, já não) reconhece como arte. Oferece uma explicação
para readymades e objets trouvés. Permite às obras fornecerem outras intenções além das
estéticas, como as religiosas e políticas. A obra pode ter utilidade prática, desde que seja também
intencionada como objeto de experiência estética. Essa definição também tem seus problemas,
como a definição de Gaut, é muito ampla, e muita coisa que não é arte cai sob o conceito. Por
exemplo, a maquiagem que uma mulher faz em seu rosto tem a intenção de provocar experiência
estética, porém não é, obviamente, arte.

Teoria histórica da Arte (Jerrold Levinson): Esta teoria procura definir Arte apelando as
propriedades extrínsecas e relacionais/contextuais e não a propriedades intrínsecas e manifestas
nos objetos; uma obra de arte deve ser avaliada pelo seu caráter histórico e não pelas suas
características visíveis. Os pressupostos são: Direito de propriedade: um artista só pode
transformar em arte algo que lhe pertença ou algo que foi autorizado a usar; Intenção duradoura-
o artista pretende que a sua obra seja vista tal como foram vistas as obras do passado; as obras
atuais devem ser avaliadas com os mesmos critérios usados para avaliar as obras do passado e as
obras de arte têm de permanecer no futuro (terem continuidade histórica).
Por outras palavras, Um objeto só adquire o estatuto de arte quando o seu criador estabelece uma
relação intencional com a tradição histórica relativa ao processo de criação artística, de modo a
que esse objeto seja interpretado da mesma maneira que as obras de arte que o antecederam.
Objeções:
1. A primeira objeção diz respeito ao direito de propriedade. É discutível que o direito de
 Propriedade possa ser apontado como uma condição necessária para haver arte quando
Podemos pensar em muitos artistas que criaram autênticas e genuínas obras de arte
recorrendo a materiais/espaços que não lhes pertenciam.
2. De acordo com o critério da intenção duradoura, se uma obra sucede outra fica sem se

 Saber qual foi a primeira a dar origem ao processo criativo.


3. Também podemos encontrar uma objeção relativa à condição da intencionalidade. Nem

 Todos os artistas consagrados tiveram a intenção de que as suas obras fossem vistas como
arte.

Teoria institucional da arte (George Dickie)

Uma das teorias mais populares da arte é a institucional. Ela foi sustentada em Art and the
aesthetic (1974) pelo filósofo americano George Dickie. ” Para a teoria institucional de Dickie
em sua primeira versão, “Uma obra de arte no sentido classificativo é um artefacto tendo sido
conferido a um conjunto dos seus aspectos o estatuto de candidato à apreciação por uma ou
várias pessoas que atuam em nome de uma determinada instituição social (o mundo da arte)”. A
primeira condição de artefato deve ser entendida numa acepção ampla do que seja um artefato.
Por exemplo, um artista pode levar uma pedra para um museu para ser contemplada, a pedra
pode ser dita como um artefacto nessa concepção e depois, jogada novamente de onde foi
tomada, deixa de ser arte. A segunda condição se assemelha a um batismo, alguém do mundo da
arte apresenta o artefacto como “candidato à apreciação”. Como num batismo, isso só faz sentido
num contexto de convenções que evoluíram ao longo da história e que são mutuamente aceitas.
Exemplo: Urinol colocado a exposição (Duchamp) e a Banana colada a uma pare por uma fita-
cola adesiva (Maurizio Cattelan)
Uma obra de arte é, no sentido classificativo, um artefacto (objeto feito ou colocado noutro
contexto por um artista) ao qual foi atribuído o estatuto de obra de arte/ candidato a apreciação
(nem todas as obras de arte são apreciadas) por uma instituição artística/ mundo da arte (artistas,
críticos, colecionadores, etc.).
De acordo com a definição institucional algo é arte se e só se é um artefacto que foi proposto por
alguém como candidato a apreciação. Esse “alguém” agiu em nome de uma instituição chamada
“mundo da arte”. O mundo da arte é uma instituição informal, cujos membros são os artistas das
várias áreas, o público, os jornalistas, os críticos, os filósofos da arte. Esta instituição integra
também os lugares e eventos próprios para a apresentação das obras de arte.

Objeções:
 A teoria é circular, pois para definir mundo da arte recorre-se ao conceito de arte, e para
definir arte usa-se o termo “mundo da arte”; o estatuto da obra de arte é atribuído por
representantes do mundo da arte e o mundo da arte é definido como o conjunto daqueles
que têm o poder de fazer essas atribuições.

 A definição é criticada por não admitir a figura do artista isolado e independente, que cria
arte fora do contexto institucional e por inviabilizar a existência de Arte Primitiva.

 As noções essenciais de “conferir estatuto”, “agir em nome de uma instituição” e mundo


da arte” são demasiado vagas e obscuras.

 Quais as razões para que certos artefactos sejam considerados obras de arte e outros não?
Se existem razões, então são essas razões os critérios a adotar na definição de obra de
arte, tornando-se inútil a teoria institucional. Se não existem essas razões, então a arte é
arbitrária podendo qualquer coisa ser considerada arte (e se isto acontecesse, que razões
teríamos para nos preocuparmos com a distinção entre arte e não arte?).
Referencias

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https://www.artcontext.info/
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https://www.studocu.com/pt/document/undefined/filosofia/teorias-da-arte-nao-essencialistas-
filosofia-11o-ano-20202021-pequeno-resumo/17647660
http://lolaeafilosofia.blogspot.com/2020/02/teorias-nao-essencialistas-da-arte_9.html
https://core.ac.uk/download/pdf/233155258.pdf

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