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Teorias da arte-não essencialistas

Teorias não-essencialistas - sustentam que uma obra de arte não se define pela sua essência, mas sim pela
forma como influencia o mundo exterior. Uma obra de arte pode ter várias funções, de acordo com o
contexto em que se encontra, sendo por esta razão que estas teorias também são designadas por teorias
contextualistas. O que conta para estas teorias é sobretudo o modo como um dado objeto adquire o
estatuto de obra de arte e não as propriedades internas que esse objeto tem.

Teoria institucional da arte (George Dickie): uma obra de arte é, no sentido classificativo, um artefacto,
isto é um objeto feito ou colocado noutro contexto por um artista, ao qual foi atribuído o estatuto de
obra de arte/ candidato a apreciação (nem todas as obras de arte são apreciadas) por uma
instituição artística/ mundo da arte (artistas, críticos, colecionadores, etc.). De acordo com a definição
institucional algo é arte se e só se é um artefacto que foi proposto por alguém como candidato a
apreciação. Foi através de uma comunicação intitulada O mundo da arte, que o filosofo Arthur Danto
lançou os fundamentos da teoria institucional da arte, mas é a George Dickie que devemos a formulação
mais conhecida e discutida desta teoria. Isto é:

X é uma obra de arte no sentido classificatório se, e só se, X for um artefacto sobre o qual
alguém age em nome de uma determinada instituição (o mundo da arte), conferindo-lhe
o estatuto de candidato à apreciação.

O mundo da arte é uma instituição informal, cujos membros são os artistas das várias áreas,o público, os
jornalistas, os críticos, os filósofos da arte. Esta instituição integra também os lugares e eventos próprios
para a apresentação das obras de arte.

Esta teoria tem o mérito de destacar a génese social das obras de arte e de alertar para a importância dos
contextos na determinação do estatuto de arte. No entanto, não está isenta de criticas. Enfrenta as
acusações de ser uma teoria demasiado inclusiva, ao ponto de não nos permitir distinguir a arte da não
arte e de se sustentar num conceito excessivamente nebuloso, o mundo da arte, o que acaba por conduzir
os defensores da teoria à contradição e à circularidade, ou seja, a teoria é circular, pois para definir mundo
da arte recorre-se ao conceito de arte, e para definir arte usa-se o termo “mundo da arte”; o estatuto da
obra de arte é atribuído por representantes do mundo da arte e o mundo da arte é definido como o
conjunto daqueles que têm o poder de fazer essas atribuições. Consequentemente também não lida bem
com a possibilidade da existência de arte solitária, dado que as noções essenciais de ”conferir estatuto”,
“agir em nome de uma instituição” e mundo da arte” são demasiado vagas e obscuras.

Teoria histórica da Arte (Jerrold Levinson): Esta teoria procura definir Arte apelando a
propriedades extrínsecas e relacionais/contextuais e não a propriedades intrínsecas e manifestas
nos objetos; uma obra de arte deve ser avaliada pelo seu caráter histórico e não pelas suas características
visíveis. Os pressupostos são: Direito de propriedade: um artista só pode transformar em arte algo que lhe
pertença ou algo que foi autorizado a usar; Intenção duradoura- o artista pretende que a sua obra seja
visível tal como foram vistas as obras do passado; as obras atuais devem ser avaliadas com os mesmos
critérios usados para avaliar as obras do passado e as obras de arte têm de permanecer no
futuro (terem continuidade histórica).

Conjuntamente estas duas condições necessárias- a visão com bons precedentes históricos e a titularidade,
são para Levinson, suficientes para definir arte.
X é uma obra de arte se, e só se, X for um objecto acerca do qual alguém, que tem direito
à propriedade de X, tiver a intenção não transitória de que X seja da mesma forma (ou
formas) como o foram outros objectos já abrangidos pelo conceito de obra de arte.

Por outras palavras, um objeto só adquire o estatuto de arte quando o seu criador estabelece uma relação
intencional com a tradição histórica relativa ao processo de criação artística, de modo a que esse objeto
seja interpretado da mesma maneira que as obras de arte que o antecederam.

Sofre assim diversas criticas tais como:

 A teoria histórica não resolve o problema da arte primordial;


 A condição de titularidade exclui obras que encaramos como arte;
 A condição de visão com bons precedentes é excessivamente inclusiva , isto é, do mesmo modo que a
definição exclui obras que classificamos como arte, também parece poder incluir qualquer objecto
realizado com a intenção não transitória de reforçar alguma visão da arte com bons precedentes, como
uma fotografia ou um vídeo publicado numa rede social.

Assim concluindo, à semelhança das teorias essencialistas, as definições não essencialistas falham no seu
propósito de definir arte. São controversas e pouco convincentes, uma vez que não garantem condições
necessárias e suficientes para que algo conte como arte.

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