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Teoria histórica da Arte (Jerrold Levinson)

A teoria histórica da arte é uma abordagem que procura entender a arte dentro de um contexto
histórico e cultural mais amplo. Em vez de analisar apenas os aspetos formais ou estilísticos das obras
de arte, esta teoria considera os eventos históricos, as ideias filosóficas, as condições sociais e
políticas, e outros fatores que influenciaram a produção artística em diferentes períodos.
Essa abordagem reconhece que as obras de arte são produtos de seu tempo e lugar, refletindo as
preocupações, valores e ideias da sociedade em que foram criadas. Além disso, a teoria histórica da
arte busca entender como as obras de arte podem ter impactado ou sido influenciadas por esses
contextos.

Os pressupostos

Direito de propriedade: um artista só pode transformar em arte algo que lhe pertença ou algo que foi
autorizado a usar;
Intenção duradoura- o artista pretende que a sua obra seja vista tal como foram vistas as obras do
passado; as obras atuais devem ser avaliadas com os mesmos critérios usados para avaliar as obras do
passado e as obras de arte têm de permanecer no futuro (terem continuidade histórica).
Por outras palavras, um objeto só adquire o estatuto de arte quando o seu criador estabelece uma
relação intencional com a tradição histórica relativa ao processo de criação artística, de modo a que
esse objeto seja interpretado da mesma maneira que as obras de arte que o antecederam.

Objeções

1. A primeira objeção diz respeito ao direito de propriedade. É discutível que o direito de propriedade
possa ser apontado como uma condição necessária para haver arte quando podemos pensar em muitos
artistas que criaram autênticas e genuínas obras de arte recorrendo a materiais/espaços que não lhes
pertenciam.

2. De acordo com o critério da intenção duradoura, se uma obra sucede outra fica sem se saber qual
foi a primeira a dar origem ao processo criativo.

3. Também podemos encontrar uma objeção relativa à condição da intencionalidade. Nem todos os
artistas consagrados tiveram a intenção de que as suas obras fossem vistas como arte.

Contra a definição

Os objetos que podem ser classificados como arte são de tal maneira diferentes entre si que parece
impossível apresentar características comuns a todas as obras de arte.
Tendo isso em conta, alguns filósofos da arte, como o americano Morris Weitz (1916-81), concluíram
que a arte é indefinível. Na opinião de Weitz, as teorias anteriores falharam ao tentar definir a arte
precisamente porque a arte não pode ser definida. Qualquer tentativa de definir arte está, portanto,
condenada ao fracasso.
As tentativas de definição de arte procuraram estabelecer as condições necessárias e suficientes da
arte. Fazer isso é o mesmo que determinar a característica ou conjunto de características comuns a
todas as obras de arte, assim como a característica ou conjunto de características que só as obras de
arte partilham. A tese de Weitz é que não há uma característica ou conjunto de características que
todas as obras de arte tenham em comum. Isto é, não há características necessárias e suficientes da
arte.
Em vez de tentarmos definir arte, o melhor é tentar perceber em que circunstâncias classificamos algo
como arte.

Que uso fazemos do conceito de arte?


Aplicamos o conceito de arte de maneira a incluir coisas completamente novas e inesperadas, as quais
se propõem, inclusivamente, romper com o que parecia estar estabelecido. Em síntese, o conceito de
arte é, defende Weitz, um conceito aberto.
-Um conceito é aberto se as suas condições de aplicação são reajustáveis e corrigíveis.
Isto significa que pode surgir um novo caso, ainda que apenas imaginado, que exija da nossa parte
uma decisão de alargar o uso do conceito.

Apesar de não haver características comuns a todos os objetos de arte e de este ser um conceito aberto,
não deixamos de saber aplicar o conceito de arte.
Começa-se com uma obra que todos aceitam como arte, depois surge uma nova candidata a obra de
arte que tem algumas parecenças com a anterior e, por isso, é também classificada como arte.
Seguidamente aparece mais outra candidata que tem certas parecenças com a última; também ela
passa a ser arte. No final temos uma teia de parecenças familiares, mas nenhum conjunto fixo de
características comuns a todas.

Objeções à teoria da indefinibilidade da arte

1. O facto de não ser possível observar uma propriedade ou conjunto fixo de propriedades partilhadas
por todas as obras de arte não mostra que não há condições necessárias para uma coisa ser arte. Em
vez de um conjunto fixo de condições necessárias, pode haver mais do que uma maneira de um objeto
se tornar arte. Assim, mesmo que não seja possível encontrar uma condição necessária ou um conjunto
— formado por X Y e Z — de condições necessárias, estas podem ainda ser expressas através da
disjunção X ou Y ou Z.

2. Ao dizer que a arte não pode ser definida por ser um conceito aberto, Weitz baseia-se na
constatação de que a arte é criativa, inovadora e subversiva. Mas isso é o mesmo que descrever a
natureza da arte e, portanto, admitir que afinal há certas condições necessárias. Nesse caso, ser o
resultado da criatividade humana em função de um propósito estético constituiria uma condição
necessária da arte.

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