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Resumo Psicologia da Arte – 2019/20 Manuela Teixeira

Tema 1 – Definição de Arte – Aires Almeida

Arte – difícil avaliar as definições de Arte, diferentes tipos de definição relativos ao caráter semântico ou
metafísico.

As diferentes Artes: cinema, música, literatura, banda desenhada, etc.

Critérios de Arte: 1º identificar a Arte e o critério ou critérios, a que o termo Arte se aplica (identificação), 2º
compreensão da natureza da Arte (natureza)

Diferença entre “o que é a Arte” (questão metafísica, conjunto de coisas que damos o nome de Arte) e “o
que é Arte” (identificar objetos)

Davies (1991)

- Abordagem funcional (cariz metafísico): as funções que a Arte satisfaz ou executa;

- Abordagem procedimental (cariz semântico) – regras e procedimentos que presidem à aquisição do seu
estatuto artístico;

Outro modo de classificar Arte é através das definições:

- Estéticas (proporcionar experiências estéticas)

- Institucionalistas (caráter institucional que obriga a certas regras e procedimentos)

- Historicistas, relação das obras de Arte com tradições históricas

Definir Arte: ceticismo

Definições tradicionais: imitação, expressão e forma significante.

Teoria da imitação: as obras de Arte imitam algo, logo a imitação é uma condição necessária e essencial.

Definição expressivista: expressão das emoções das pessoas.

Formalistas: haver uma tal propriedade, exemplo dela a forma significante.

Weitz e a indefiibilidade da Arte

Quaisquer definições estão condenadas ao fracasso, pois todas pArtem de um pressuposto da existência de
um conjunto de propriedades que não existem ou que todas as obras de Arte partilham. Dar um conceito à
Arte é fechar um conceito que é aberto e exige abertura

Críticas a Weitz

Tese negativa – nenhuma definição positiva é possível

Tese positiva – procurar semelhanças de família permite identificar corretamente obras de Arte.

Uma das condições para qualquer obra ser inovadoras é ser comparável com obras anteriores e
contemporâneas do mesmo tipo.

A criatividade e inovação, entende-se como o uso criativo e inovador de certas regras que aplicadas pelo
artista conseguem surpreender.

Identificar obras de Arte: definições nominais

Dickie – definição nominal de Arte, no “sentido classificativo”, que indique as condições necessárias e
suficientes.

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O facto de não haver propriedades visíveis comuns não significa que não significa que não existam
propriedades comuns.

Dickie – define obra de Arte: Artefacto (inclui objetos não físicos, por exemplo: poemas), instituição que o
propõe a candidato a apreciação (mundo da Arte)

Artefacto: é tudo o que é feito por seres humanos.

Pessoas aptas a propor um Artefacto: galeristas, críticos de Arte ou curadores, agentes ligados a museus,
revistas de Arte, faculdades de Artes, etc.

Críticas a Dickie

Quem tem exatamente autoridade para apreciar e agir em nome de determinada instituição, o mundo da
Arte não possuí uma instituição formal, com hierarquias e regulamentos.

As definições de Dickie que incluem artista, público, mundo da Arte, e sistema do mundo, são todas
revogadas, pelos artistas solitários, por todos os que vêm as suas obras reveladas ao mundo após a sua
morte.

Definições Historicistas

Conservam a ideia de que há propriedades comuns às obras de Arte, e que estas não são percetíveis
diretamente. Afastam o institucionalismo, ao afastarem a noção de “mundo da Arte”. Dão importância ao
modo como um objeto adquire o estatuto de obra de Arte, que consiste de forma intencional em tradição
histórica.

Definição histórico-intencional de Levinson

Na definição de Levinson, o objeto de Arte é para ser encarado como foram outros objetos do passado e
inclui a intenção de quem possuí o direito de propriedade daí a definição histórico-intencional.

Críticas a Levinson

As falsificações de obras de Arte, fazem com que a intenção do titular destas seja efetivamente que estas
sejam vistas como obras de Arte. Porém existem problemas em justificar a existência da primeira obra de
Arte.

Definição histórico-funcionalista de Stecker

Mantém a componente intencional e agrega a funcional e temporal, assume que as formas de Arte e funções
evoluem com o tempo. Admite que quase tudo pode vir a ser Arte. Um item é uma obra de Arte no momento
que se insere nas formas de Arte centrais, é feito com a intenção de satisfazer uma função.

Críticas a Stecker

Esta definição apesar de mais consistente não deixa de ser imune à crítica. Algumas obras de Arte não
pertencem a nenhuma forma de Arte central nem têm nenhuma função implícita no momento em que são
classificadas como obra de Arte.

Identificar obras de Arte sem definir Arte

Carroll sugere uma estratégia que não recorra a definições. O fundamental é identificar corretamente obras
de Arte. Abandona a definição de Arte por achar quando uma obra é apresentada não pressupõe reações
com definições.

Natureza da Arte

Definições nominais: as suas alegadas vantagens não foram demonstradas

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Resumo Psicologia da Arte – 2019/20 Manuela Teixeira

Definições institucionalistas: prometem melhores resultados porque visam explicitar caraterísticas não
triviais comuns à generalidade das obras de Arte.

Teorias institucionalistas e historicistas – parecem interessadas em uma pequena fração de obras de Arte.

Definição funcionalista do Esteticismo de Beardsley: identificar uma caraterística essencial das obras de
Arte – função estética. Além das intenções estéticas, podem existir intenções religiosas, políticas,
terapêuticas, filosóficas, etc.

Críticas a Beardsley

A existência de obras que não manifestam intenção estética, muitas intenções não chegam a ser expressas
ou estarem acessíveis, no entanto outras poderão estar. Um problema insuperável é a noção de esteticismo,
e o que é ter uma experiência estética.

Criacionismo estético de Zangwill

PArte do pressuposto do que importa é explicar a natureza da Arte e não de definições. “Por que é Arte?” –
Algo é Arte porque é estético, e não porque é estético que é Arte. Teoria da Criação de Zangwill – é centrada
no papel de quem cria a obra de Arte – o artista. Uma das funções pode ser a estética, mas não a única
função.

Críticas a Zangwill

Exclui obras narrativas e documentais, geralmente classificadas como Arte e inclui peças de mobiliário,
vestuário, certos cortes de cabelo, utensílios de cozinha, embalagens de perfumes, por estarem dotadas de
propriedades estéticas. A irrelevância do público para Zangwill tem merecido duras críticas.

Institucionalismo estético de Iseminger

Definição híbrida e indireta de Arte, que articula funcionalismo estético com caráter institucional e social da
atividade artística.

Instituição Mundo das Artes – origem histórica no séc. XVIII com a criação das belas Artes.

Instituição social – engloba artistas, críticos, galeristas, estudantes e negociantes de Arte.

Para Iseminger, desde sempre houve comunicação estética em diferentes épocas e culturas e defende assim
2 teses:

Tese funcionalista – a função do mundo da Arte é promover a comunicação estética

Tese Valorativa – uma obra de Arte é uma boa obra de Arte, na medida que tem a capacidade de ser
apreciada.

Qualquer uma das teses permite a existência de obras de Arte, bem ou malsucedidas quanto à capacidade de
serem apreciadas.

Críticas a Iseminger:

Não consegue justificar racionalmente a própria existência do mundo da Arte. As instituições da Arte são o
que são devido às obras de Arte e não ao contrário.

Naturalismo de Dutton

Baseada na pesquisa antropológica de práticas artísticas, de culturas diferentes. A Arte é uma atividade
humana comum de carater adaptativo que envolve uma conexão com outras práticas não artísticas, sendo
estas partilhadas com outras atividades. A Arte não é meramente institucional, apesar de estar desenvolvida
desse modo em certas culturas. Assim a Arte, teria as sua propriedades definidoras: prazer direto que a
torna atrativa, a habilidade virtuosística que gera reverência, o estilo que a torna familiar, a novidade

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criativa que gera a surpresa, a crítica que estimula o juízo avaliativo, a representação que a torna
significativa, o foco especial que prende a atenção, a individualidade que a torna única, a saturação
emocional geradora de empatia, o desafio intelectual que estimula o pensamento, tradições e instituições
que lhe conferem autoridade e a experiência imaginativa.

Teoria das Tentativas de Arte – Mag Uidhir

Um conceito de Arte tem der permitir distinguir um conceito de Arte de outro de Arte falhada. Ser um
Artefacto condição trivial e não substantiva.

Exemplo: Uma cadeira é um Artefacto, mas não 1 obra de Arte

X só é Arte, se e só se x é um produto de uma O tentativa bem-sucedida

O – conjunto de condições necessárias.

Tema 2 – Psicologia da Arte (pp. 9-54 Gonçalves, C.)

Psicologia da Arte – conjunto de reflexões sobre demasiados assuntos, aguardando uma sistematização e
reordenamento. Área transdisciplinar que abarca o estudo da perceção, cognição, interação do Homem com
as configurações. Engloba várias correntes teóricas e ideias, embora possam parecer estranhas às temáticas-
alvo, determinam um corpo informativo.

Psicologia – abrange um campo extenso de saberes, relacionados sobretudo com o conhecimento da mente,
da experiência e do comportamento humano. Recolhe informações relacionadas com o quotidiano interno e
externo do indivíduo. A complexidade do Homem, reações e comportamentos, determina a complexidade do
Homem, reações e comportamentos, determina a complexidade desta área de saber.

Processos Psicológicos – maneiras de pensar, agir e sentir

Processos Mentais – ligados aos processos cognitivos (perceção, atenção. Memória, linguagem, pensamento,
emoção, motivação)

Processos cognitivos – processos cognitivos que contribuem para a formação do conhecimento (memória,
raciocínio, linguagem e outros)

Ex. Situação ->Pensamento -> Emoção -> Comportamento

Métodos em Psicologia

Uma ciência tem objeto de trabalho, método, que sustenta a investigação científica, técnicas e práticas de
pesquisa que permitem resolver problemas. O caráter científico é a garantia que os processos para a sua
resolução são válidos. Ao procurar distinguir-se como a ciência dos fatores psíquicos (e de conduta) foi sendo
dividida em vários ramos. Tem vários métodos: o introspetivo, auto-observação da conduta e a sua análise,
método estatístico, escalas nominais, ordinais e intervalos, método clínico, estudo de caso, entrevistas,
inquéritos, testes e provas projetivas, etc., método psicanalítico, comparativo, empírico e experimental
controlado.

A Psicologia procura entender o Homem como um ser psíquico, mas também como um ser histórico, cultural
e social, pelo que houve uma abertura dos horizontes metodológicos sem perda de objetividade.

Estudo do Comportamento

O Homem tenta ver-se e ver o outro, para entender, prever, programar, sonhar, relacionando impulsos com
motivações, pensamentos, ações, emoções e perceções. A psicologia convive com outros ramos científicos
como: antropologia, biologia, sociologia, fisiologia, história, etc. O indivíduo, usa das suas ferramentas
biológicas para se adaptar ao mundo, além dessas também usa da criatividade, emoção, aprendizagem,
memória, fantasia, desejos, ansiedades e do modo como recebe e reage aos estímulos. O que faz diferir a
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Psicologia das várias ciências é a maneira como o Homum é analisado, os meios de análise, o ponto de vista
de análise de cada ciência. Cada ciência elabora um conjunto articulado de questões, define o seu objeto,
determina os problemas a investigar, baseia-se num conjunto de princípios, teorias, metodologias e
resultados, que servem de modelo orientador das novas pesquisas (os paradigmas). O Homem assim pode
ser estudado de diversas perspetivas, historicamente, psicologicamente, sociologicamente, culturalmente,
etc. através das suas relações económicas, políticas e religiosas. O que motiva a maior dificuldade das
ciências sociais e humanas é a “imprevisibilidade do comportamento humano”. O ambiente altera o
comportamento humano, este é sensível ao ambiente. As cores conduzem o Homem emocionalmente,
alterando e agindo sob os estados de espírito. De igual modo o comportamento humano também é
influenciado pela conjuntura, condições históricas, políticas e económicas, sociais e culturais. O
comportamento humano também depende de fatores orgânicos, intrínsecos ao sujeito, a saber: idade, etnia,
género e de um modo geral ao seu funcionamento mental. No que se refere ao género, as raízes
socioculturais, que criaram crenças estereotipadas, no que a homens e mulheres diz respeito, por exemplo
que as mulheres são mais emotivas, e os homens mais agressivos. Há de facto um padrão diferente de
reação a certas circunstâncias. É sabido que as influências biológicas e culturais alteram o comportamento
quer de homens quer de mulheres. Em relação à etnia, ao contrário do defendido por Carlos Lineu no séc.
XVIII, que dividiu o Homem em vários tipos de raça e adjetivou cada uma, tanto de modo positivo como
negativo. (Exemplo: Homosapiens europeu (branco, sério, forte) Homosapiens afer (preto, impassível,
preguiçoso).

O comportamento individual tem na base das suas alterações todo o conjunto cultural e social que pertence
(motivos externos) mas também pode ter origem em motivações internas ou as chamadas perturbações
endógenas (distúrbios neurológicos, perturbações neuróticas, psicoses esquizofrénicas) que se afastam dos
padrões tidos como normais. Outras condicionantes do comportamento podem estar interligadas com o
consumo de fármacos, substâncias estupefacientes, que alteram o comportamento.

Modelos de comportamento

Modelo Estímulo-Resposta (Pavlov e Watson – Behavoristas

Modelo Informático – entra de um estímulo (input) à o registo e tratamento dessa informação, e uma
resposta comportamental (output).

Processos Psicológicos Fundamentais (básicos)

São processos que não requerem da pArte do sujeito grande elaboração mental ou cognitiva, tido quase
como automático. (sensação, memórias, motivação, emoção, frustração, aprendizagem, atenção, perceção).

Processo psicológico complexo, exige trabalho do indivíduo.

Os dois consubstanciam o comportamento humano enquanto um todo.

Sensação: processo de sentir ao nível da consciência, para que possa haver sensação é necessário um
estímulo.

A psicologia sensorial: estuda a capacidade do organismo em detetar estímulos e de os distinguir (posição


dos músculos e das articulações)

Memória e aprendizagem

A memória permite fixar lembranças, experiências e conhecimento, os seres vivos são sujeitos à memória,
pois sem ela não conseguiriam reagir às situações. Sendo um domínio animal. Existem diversos níveis de
memória: a sensorial (visual, auditiva, olfativa, etc.) e motora, que permite identificar sons, cores, formas,
vozes, cheiros, objetos, movimentos corporais, etc.

Memória social: permite a vida em sociedade, comunicar, narrar acontecimentos, entender o passado, etc.

Memória autística – relacionada com o sonho ou delírio, ou seja, processos inconscientes.


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A memória permite conservar várias experiências que permitem avançar no conhecimento.

Aprendizagem: é o processo que permite guardar informações e comportamentos, que se podem alterar ao
longo do tempo.

Motivação: forma de orientação do comportamento no sentido de satisfazer uma determinada necessidade

Emoção: podem ser primárias (universais: alegria, tristeza, medo, etc.) ou secundárias (sociais: ciúme, ira,
culpa, etc.). Manifestam-se através do corpo, através de gestos, expressões, olhares, movimentos e
envolvem experiências emocionais, estados emocionais ou reações emocionais. A origem das emoções pode
ser física ou psíquica e provocam no indivíduo alterações comportamentais.

Atenção: Processo psicológico fundamental que dirige a consciência para um determinado foco, assunto ou
acontecimento. Existem dois subgrupos: a atenção mantida e a seletiva (quando existem várias atividades a
decorrer).

Frustração: existem vários níveis ou índices de frustração, viver a frustração é entendido como saudável e
desde tenra idade somos ensinados a lidar com ela. O processo psicológico básico ocorre quando um
indivíduo é impedido de alcançar um objetivo.

Perceção: sistema através do qual o indivíduo, recolhe, analisa e dá significado às informações ambientais
que recebe. Existe uma infinidade de perceções: sensorial, extrassensorial, podem ser referentes a tempo e
espaço (profundidade), pode referir-se ao próprio ser (perceção da pessoa).

A psicologia da visão, dedica-se ao estudo da perceção visual.

Os cientistas concluíram que os sujeitos não vêm com os olhos, mas sim com o cérebro. A perceção depende
da maneira como os estímulos são compostos em unidades de conhecimento e reconhecimento e deve-se
essencialmente ao funcionamento cerebral, à nossa personalidade e modos de ação face a fenómenos, às
nossas preferências, entre outras.

Psicologia da Arte

A Arte resulta de um conjunto de funções humanas socioculturais integradas. Resulta de uma complexa
estrutura social e cultural que modela o criador. Deriva da Estética e da Psicologia, da experiência estética. A
Estética trabalha o gosto, a motivação, as sensações, as preferências, a afetividade, logo está ligada à
psicologia. O Homem colhe e acolhe a realidade através da perceção, especialmente a visual. A perceção dos
objetos, ou das configurações comuns do quotidiano, são processadas quase automaticamente, o mesmo
não acontece com a Arte. A Arte interfere com a conduta individual através do comportamento estético. A
obra de Arte sugere que se lhe preste uma atenção especial de modo mais complexo, e menos automatizado.
A obra de Arte assim entende-se como um conjunto ordenado de estímulos que exercem reações nos
sujeitos. O campo de ação da Psicologia da Arte, pressupõe diversas teorias e diferentes doutrinas de
pensamentos. A Arte como qualquer atividade humana é suscetível de compreensão psicológica, e que a sua
explicação permite compreender o comportamento humano. O fenómeno artístico associa-se ao Homum de
modo muito natural. O objetivo da Psicologia da Arte, será estudar ao fenómeno estético enquanto
realização humana. A Arte não é apenas um fenómeno percetivo, mas engloba outras teorias, as
motivacionais (o que leva à criação) as teorias de resposta (as reações às obras de Arte) leituras articuladas e
não articuladas. A Arte acompanha o homem desde os primórdios e é uma prática determinante na
manutenção da vida, como forma de expressar ideias, perspetivas, anseios, fantasias, etc.

Tema 3: Psicologia da Perceção (pp. 79-144)

Psicologia da perceção visual

A perceção é um processo psicológico base e essencial, é o sistema que o indivíduo utiliza para analisar e dar
significado aos estímulos que recebo do ambiente ou sensoriais. As crianças e o seu processo evolutivo são
produto dos estímulos que vai recebendo ao longo do seu desenvolvimento e que lhe permite ter evolução

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cognitiva. Sem os estímulos ambientais e cognitivos o cérebro humano não de desenvolveria. «O Homem
detém um elaborado sistema sensorial de captação», os órgãos que permitem a captação estão interligados
ao cérebro através do sistema nervoso para acontecerem, ou seja para o indivíduo receber estímulos
ambientais e sociais de tudo o que o rodeia.

A perceção envolve a ativação de vários órgãos sensoriais, não apenas os olhos. No dia-a-dia, sempre que
nos deparamos com os diferentes ambientes, além da visão, existem outros sentidos que se ativam, como o
olfato, a audição, o tato, de forma a perceber e decifrar as informações e estímulos, deste modo estamos
perante a «receção informativa multissensorial» do que está a acontecer. Ao percecionar o indivíduo,
necessita de ter os sentidos funcionais em pleno, e face à quantidade de estímulos que este recebe
geralmente é estabelecido um «foco de atenção».

No caso dos estímulos visuais estes são captados pela retina e enviados ao cérebro através do nervo ótico.
Deste processo resulta a perceção quando o «indivíduo toma consciência» daquilo que é o seu foco de
atenção, proporcionando-lhe significado e identificação. Através da capacidade motora o indivíduo interage
com o mundo, estabelecendo contato com a realidade. Toda a perceção é resultado de uma intensa
atividade neurológica.

Perceção e sensação

H. Kendler citado por Carla Gonçalves, diz tal como a perceção a sensação é um processo psicológico
essencial, certos investigadores defendem que não existe diferença entre ambas, já que estas acontecem
derivadas dos estímulos recebidos. No entanto para outros investigadores a diferença reside no facto da
sensação, compreender um estímulo que desencadeia essa mesma sensação, enquanto que a perceção
necessita de um processo um pouco mais complexo para acontecer. A sensação e a perceção são processos
mentais com um objetivo comum ainda que sentir não seja o mesmo que ver estes sentidos estão
interligados.

O olho humano

A visão humana acontece quando existe iluminação que permita, porque a função ocular é captar projeções
de luz emanadas pelo ambiente. O olho é constituído por um conjunto de células que captam o estímulo
luminoso vindo dos objetos. A íris, funciona como o diafragma de uma máquina de fotos. A pupila permite a
chegada de luz ao cristalino, que permite focar o objeto a diversas distâncias. A retina permite a acuidade
visual. Os impulsos elétricos do nervo ótico permitem ao cérebro interpretar as projeções de luz.

Visão da luz

A luz é um conjunto de vibrações eletromagnéticas que permitem a distinção de formas. Existem patologias
que não permitem aos indivíduos processarem visualmente as projeções de luz, como existem ainda ilusões
e delírios, que provocam visões imaginárias.

Visão da Cor

A cor é bastante importante no que toca à subsistência, pois as cores têm a capacidade de influenciar o
comportamento humano. No caso dos animais e das plantas a pigmentação destes pode significar perigo ou
veneno, a exemplo cores fortes como vermelho, verde e amarelo. No entanto o aparente mundo de cores
depende da luz e do modo como funciona todo o conjunto ocular. Percecionar a cor é uma experiência que
depende de múltiplos fatores como o processamento ocular, a quantidade de luz e a capacidade reflexiva da
luz. A estrutura da cor é composta pela cor do objeto a saturação, correspondente à distância e a
intensidade com que esta é refletida.

A perceção da cor implica 2 fases e constitui um fenómeno complexo, a saber a receção do estímulo através
da retina, seguindo um processamento cortical. Cabe ao ser humano proceder à perceção psicológica da cor,
organizando a perceção dos tons desde as 8 categorias cromáticas base (vermelho, verde, azul, amarelo,

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violeta, laranja, castanho e rosa) e as 3 categorias acromáticas (branco, preto, cinzento). Nos cones entram
as cores básicas (vermelho, verde, azul).

Todos os humanos percecionam as cores da mesma forma, tal só não acontece se tiverem lesões a nível da
retina ou do nervo ótico. Tanto animais como humanos têm associados à perceção da cor a sobrevivência. O
facto da perceção das cores conduzir a determinado estado emocional, condiciona a relação com certas
cores, sou seja, a criação de memórias positivas ou negativas estão associadas à cor.

Visão da Forma

A perceção constitui-se de forma sintética, como uma representação mental da realidade. O modo como os
seres humanos percecionam as formas no espaço, a sua dimensão tridimensional, transformando essas
perceções em experiências, que permitem tomar consciência da realidade, que posteriormente são
memorizadas para o cérebro usá-las sempre que necessário. Assim a perceção não é uma atividade isolada,
mas que envolve outros processos psicológicos base: aprendizagem, memórias, emoção, entre outros.

Visão tátil e ocular

O paladar possui relação com o olfato, o ouvido também funciona em conjunto com a visão, estabelecendo
elos de ligação entre a realidade visual e os sons. O sentido tátil é muito usado, para percecionar quando não
é possível fazer através de visão, deste modo os objetos são reconhecidos através do seu formato. Sendo a
visão um sentido tido como supremo sobre os outros por muitos ilustres investigadores, artista e
pesquisadores, a interrogação reside no seguinte: serão os olhos capazes sós de nos proporcionarem a
perceção e captação dos estímulos? - Atendendo que outros sentidos também possuem a função que
permite percecionar volumes, espaços vazios, sons, aromas e texturas. Por exemplo a perceção musical,
dispensa a visão.

A perceção enquanto extração de informação

A perceção visual é sumariamente a forma que os indivíduos encontram de organizar cerebralmente os


estímulos mais complexos. A perceção humana formula-se de acordo com os conceitos percetivos, que será
uma apreciação que foi formulada partindo de uma coisa e poderá aplicar a outro conjunto de coisas
(aparência dos objetos). A formação de conceitos percetivos baseia-se no modo como o indivíduo
perceciona, representa a realidade não no modo como a ciência a representa. O termo conceito equivale
assim ao de perceto, que não é a realidade, mas a sua representação.

Para Arnheim a perceção organiza os estímulos através da memorização, e assim agem automaticamente e
os padrões que são reutilizados sempre que necessários. A perceção visual é composta por um conjunto de
caraterísticas de modo que percecionar é um «ato criativo», é uma unidade de conhecimento, identifica
padrões, organiza-os, integra-os, ao percecionar estamos a construir percetos, uma atividade cerebral que
produz representações. Ao registarmos a realidade no nosso cérebro, não registamos, tal qual ela é, mas da
forma como a concebemos e a elaboramos.

A perceção visual do espaço

A perceção do espaço não é igual à distância real, não conseguimos através da perceção definir uma
distância real sem nenhuma margem de erro.

Distância egocêntrica – do olho até ao ponto que queremos

Distância exocêntrica – entre dois objetos

Sendo a retina um órgão bidimensional, é através do cérebro e dos processos neurais que temos a visão
tridimensional do espaço. A pintura é uma representação bidimensional de uma tridimensionalidade, o
pintor apenas cria a ilusão de profundidade e de espaço, assim a Arte é a representação do mundo da forma
como o Homem a realiza, sendo comparável à perceção e a forma como esta funciona no indivíduo. (ilusão
de tridimensionalidade)

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Indicadores ambientais relativos à perceção visual do espaço (pp. 115)

Os sujeitos apercebem-se da profundidade ou distância relativa, ou espaço tridimensional, porque usam


determinadas referentes, chamadas variáveis, que estão divididas em ambientais e orgânicas, e formam um
conjunto que permite reconhecer/sensoriar a profundidade. O modo como os objetos estão
interposicionados, os efeitos luz-sombra, a perspetiva linear e os gradientes (textura, cor, luz e outros)
também são indicadores ambientais de profundidade.

Indicadores orgânicos relativos à perceção visual do espaço

Os informativos orgânicos permitem perceber a profundidade, tal como os ambientais, desde que haja
condições biológicas. Os indicadores de distância são fornecidos também através da visão binocular, da
disparidade retiniana, da dimensão da imagem na retina, na adaptação do olho e convergência ocular. A
disparidade retiniana, acontece com a fusão de 2 pontos de vista no interior do cérebro e permite a sensação
real de profundidade ou estereópsia. A estereópsia é a avaliação da distância dos objetos pela visão
binocular (feita pelos 2 olhos). O olho é uma lente, que do mesmo modo que a lente de uma máquina
fotográfica, que se move e vai adaptando à distância do objeto observado de modo a ser devidamente
focado.

A constância perspetiva

Uma outra caraterística da perceção é a constância percetiva, que significa a tendência que os indivíduos
têm de percecionar objetos geralmente familiares e que possuem forma, tamanho e cor estáveis,
independentemente do ângulo de visão, distância ou luz.

A constância do tamanho

A constância visual da grandeza é a capacidade para ver o mesmo objeto a distâncias diferentes. Este
fenómeno está ligado a questões de sobrevivência no caso dos nossos ancestrais. É um fenómeno que está
interligado assim com a memória e a aprendizagem.

A constância da forma

A constância da forma do mesmo modo que a grandeza, é o fenómeno que permite percecionar a forma dos
objetos independentemente da distância, ângulo ou luz que estão a ser observados.

A constância da cor e da luminosidade

As cores mantêm relativa constância mesmo nas várias formas em que são percecionadas. Se o objeto é
familiar não existem dúvidas sobre a sua cor, qualquer que seja a perspetiva de observação.

Aprendizagem percetiva

A perceção é uma atividade ligada a um intenso processo cognitivo e intelectual. De um modo geral aquilo
que é visto, está ligado aquilo que se aprendeu a ver, pelo que nem sempre o que é percecionado
corresponde efetivamente à realidade. A aprendizagem percetiva está muitas vezes ligada às experiências
anteriores que se transformaram em memórias e foram levadas a cabo, pela motivação. A nossa perceção é
altamente influenciada pelas nossas motivações pessoais, pelo que se algo não nos agrada tendemos a
“cegar”. Ao segregar uma imagem (exemplo do Vaso ou Rostos) os indivíduos vêm o que aprenderam a ver.

A perceção e a motivação

A motivação e a abordagem aos estados motivacionais permitem entender os fios condutores, normalmente
são a satisfação das necessidades ou desejos. De igual modo a motivação é componente da perceção pois
explica o que leva a ver determinado objeto da forma como o vemos. Por exemplo quando gostamos muito
de um objeto ele tende a sobressair no nosso campo visual.

A perceção e a atenção

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Pela atenção entende-se o modo como um indivíduo observa a realidade e a forma como os estímulos que
recebe do exterior lhe influenciam a atenção. Dado que os humanos absorvem o campo visual de modo
seletivo, pelo que a perceção seletiva nos leva a selecionar as informações contidas no campo visual em
detrimento de outras. «A perceção é controlada pela atenção, através da seleção dos elementos e das
variações que os sujeitos retêm». A cegueira por desatenção ou cegueira intencional, produzida por
motrizes quer conscientes, quer inconscientes, é conduzida pelas nossas expetativas e a nossa motivação
sempre dentro do limite de segurança.

Ilusões Percetivas

Estas são também ilusões sensoriais (pois enganam os sentidos) e cognitivas, levam-nos a crer no que vemos.
Existem várias ilusões óticas que não correspondem à realidade.

Por exemplo: A ilusão de Ponzo

ou a linha de caminho de ferro refere uma realidade que não corresponde


às imagens percecionadas (a ilusão de que a linha mais perto é mais
pequena que a mais profunda. As ilusões prendem-se com a perceção do
mesmo modo que a sensibilidade à profundidade, mas também com a
memória, atenção, experiência, aprendizagem, entre outros processos
cognitivos e inteletuais. A ilusão demonstra que não percecionamos a
realidade tal qual ela é, e mesmo que seja explicada continuamos a vê-la erradamente.

A ilusão do movimento

A perceção do movimento, por vezes é também uma ilusão. Por exemplo as imagens de animação
aparentavam movimentar-se em resultado de uma sequência muito rápida de figuras estáticas. A ilusão do
movimento, ou movimento aparente ou estroboscópio, depende de certas variáveis: distância entre os dois
estímulos, o intervalo de tempo a exposições sucessivas e a intensidade com que ocorrem os estímulos.

 Fenómeno da resposta-movimento
Arnheim, diz que a resposta-movimento, acontece quando perante um estímulo, a resposta é
uma ilusão movimento. Existe a sensação de movimento sem deslocamento ao interpretar algo. A
dinâmica visual é o equivalente percetual do deslocamento, um fenómeno por direito próprio.

Exemplo: Um Cristo morto nos braços da Virgem destroçada manifesta o seu próprio dinamismo e não
carece de movimento.

A ilusão do movimento para Rorschach, configura uma resposta-movimento quando a obra de Arte
representa essencialmente humanos e animais.

Movimentos oculares

Alguns são voluntários, outros não, permitem-nos procurar o que queremos ver, e focar com nitidez esses
objetos.

Eye tracking – técnica para determinar para onde olhar no sentido de descobrir que tipo de relação mantém
o sujeito com a obra. Não existe estudos objetivos e explicativo dos comportamentos visuais.

Tema 4 - A Escola Gestalt

Texto: “A Psicologia da Gestalt e a Ciência Empírica Contemporânea (Arno Engelman)


Em 1910 pelas observações de Max Wertheimer, nasce o conceito de Gestalt. Da observação de um sinal
ferroviário que continha duas lâmpadas, onde num curto espaço de tempo uma se acendia e a outra se apagava,
mas que Wertheimer e as outras pessoas apenas viam uma luz que se deslocava continuamente entre as duas
lâmpadas. Com um experimento que realizou constatou que se a luz se apagasse e de seguida a outra se acendesse

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Resumo Psicologia da Arte – 2019/20 Manuela Teixeira

no espaço de 60 milissegundos, apenas se via uma figura a ir de lado a outro. Este movimento intitula-se de
percepto (conteúdo consciente da perceção) também caraterizado por movimento fi. Em 1912, e depois de
esgotadas várias interpretações teóricas Wertheimer, chamou a este processo total e contínuo de Gestalt. Assim
para Wertheimer, perceptos de objetos individuais constituíam uma Gestalten, enquanto que, o percepto da
relação com vários objetos individuais percebidos, eram uma Gestalt.

Escola Gestalt (147-174)


Os trabalhos da Escola Gestalt tinham por base analisar a forma como a “sensibilidade humana interpreta os
sinais ou estímulos provinientes do meio. Max Wertheimer defende que “a perceção das formas não se faz
por meio da associação de sinais isolados, mas a forma surge no cérebro como um todo”. Whetheimer foi
responsável pela distinção dos fenómenos físicos dos psicológicos, através do estudo do “phi-fenómeno”,
este explica a perceção quando não há movimento físico, mas sim a ilusão do movimento. Desta abordagem
à Psicologia da Perceção, extrai-se uma nova forma de configurar as ideias que temos do mundo, estas não
evoluem do particular percebido para a generalização, mas sim das generalizações primárias. Deste modo a
visão do padrão de estímulo depende das condições, segundo Arnheim, fatores como distância, tempo e
luminosidade. Se o estímulo enfraquece com a diminuição da luminosidade, tendemos a simplificar os
padrões visuais.
Ex. Uma garrafa às escuras é detetada pelos seus contornos.
O que acontece é que “tendemos a transformar a sua estrutura geram, em uma forma geométrica mais
simples.

1. A Boa Gestalt
A primeira norma da Boa Getalt, é conhecida pela lei da Boa Gestalt: qualquer padrão de estímulo tem a
percecionar-se do modo mais simples e regular possível, de acordo com as condições do meio. Para a Lei da Boa
Gestalt, o comportamento típico dos seres humanos tende a simplificar ao máximo estruturas de perceção. A Lei
da Boa Gestalt, está relacionado com a Lei da Pregnância que priviligia a estabilidade e frequências de uma
organização psicológica, equivale a um princípio em que ocorre significação ou a organização do estímulo visual.
2. A organização, a relevância e a coerência percetiva
O sistema percetivo obedece a um conjunto de processos organizacionais. O nosso sistema para entender
estruturas complexas não trabalha isoladamente os estímulos, mas inclui padrões ou conjuntos organizados. São
selecionados os estímulos mais relevantes e coerentes para a harmonização do conjunto.
Organização Percetiva – dois sistemas maiores, a organização figura-fundo e a organização das pArtes num todo
 Organização figura-fundo: esta perceção é fundamental, pois é a primeira a emergir
quando se olha para uma estrutura. Isto acontece quando se discerne vários níveis de
vizualização.
 Organização das pArtes num todo: as leis que regem a Gestalt relacionam-se com um
sistema de organização percetivo - relação das pArtes.
o Princípio da proximidade (a organização pelo cérebro de grupos)
o Princípio da semelhança (tendência de organizar formas idênticas)
o Princípio do fechamento (figuras incompletas que tendem a fechar-se ou
completar-se)
o Princípio da familiaridade (o percetor reúne um padrão com os elementos que lhe
são familiares)

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Resumo Psicologia da Arte – 2019/20 Manuela Teixeira

o Segregação (capacidade para identificar, separar e evidenciar pArtes de uma


composição)
o Princípio da boa continuidade (há a tendência a dar continuidade às sequências)
o Princípio da pregnância (os elementos do estímulo agrupam-se de imediato
construindo uma unidade simples, harmónica e equilibrada.
A relevância e a coerência percetiva, ligam-se com o modo como organizamos os estímulos. Pelo facto de não
conseguirmos visualizar tudo ao mesmo tempo efetuamos triagens do que é mais relevante. Já desde o início da
humanidade que assim é, pois permite-nos desencadear vários mecanismos de reação, além do facto de
escolhermos os conjuntos que transparecem ser mais coerentes.

3. Gestalt e representação (a Arte e a Gestalt)


Representar – reprodução das ideias obtidas pelos percetos, imaginação, memória, pelo pensamento.
“Tornar a realidade ausente visível” – Carlo Ginzburg
A representação está ligada ao pensamento, perceção, história, sociologia, à performance. Nas teorias Gestalt, a
análise da representação é aplicada para avaliar as representações e a forma de conceção de imagens adequadas
provenientes da visualização dos elementos. O modo como o sujeito perceciona a forma (Gestalten) e padrões
organizados (ou todos) de modo harmonioso e simétrico ou seja de modo agradável, como a lei da pregnância
assim explica, uma perceção articulada e coesa. O primeiro nível da representação é o perceto, a representação
que o sujeito faz da realidade que percecionou. O segundo é resultado dessa realidade percecionada, a obra de
Arte, configurada na representação da representação.
A Arte Abstrata
A Arte abstrata abarca, o não figuratismo das manifestações artísticas do séc. XX, a Arte primitiva e a Arte dos
povos pré-classicos, e ainda várias realizações medievais, são consideradas produções abstratas. Os índices de
abstracionismo variam entre os esquemas dos povos primitivos, a geometrização de certas configurações
(círculo/cabeça, corpo/triângulo), pictogramas e ideogramas. O abstracionismo contemporâneo é um movimento
de difícil leitura, onde os públicos em especial os mais afastados procuram a compreensão destas representações.
Existem diversos tipos de intenções nas representações abstratas: o abstracionismo que evoca, ao que dispensa e
cala.
Significado de abstração: abstraimento, alheamento do espírito, enleio, devaneio, falta de atenção. Considerar
isoladamente um ou mais elementos e um todo. Em Artes plásticas quando acontece uma manifestação cuja
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Resumo Psicologia da Arte – 2019/20 Manuela Teixeira

forma é alheia a qualquer componente figurativo, ou quando as formas são reduzidas aos seus componentes
essenciais ou mínimos, quando não há representação da natureza e o que é representado resulta da consciência
e dos valores interiores do artista: realidade outra. A Arte abstrata do séc. XX, é a Arte não-figurativa. Esta
depende do impulso criativo, do mundo privado do artista ou do seu pensamento. Sendo Kandinsky pioneiro na
Arte abstrata, do conceito abstrato extrai-se que a Arte deixa o figurativo e passa ao não-figurativo. Em Gonçalves
(2018), encontramos várias afirmações de Kandinsky, que separam as águas entre uma boa Gestalt e o
abstracionismo contemporâneo: «não é a sensação visual recebida do mundo exterior, mas a "vontade interior do
sujeito" que determina a vontade artística», assim o que se depreende é que para Kandinsky as sensações ou
estímulos que recebe do mundo exterior não fazem pArte da sua criação, «depende do impulso criativo», onde
não existe realidade suporte, apenas está intrínseco ao pensamento e ao mundo pessoal do artista. Para Arnheim
a Arte que interpreta e avalia a vida em termos da existência material, é naturalista. Na Idade Média, a forma de
representar heróis religiosos ou civis, era feita de modo esquemático ou de quase abstracionismo. O outro
abstracionismo, afastou alguns públicos, por estes não conseguirem entender a complexidade das realizações.
Dada a diminuição do naturalismo tradicional que habitou os públicos por séculos, também se conjeturou o fim da
Arte, que terminaria com a reprodução de formas articuladas e a ligação entre Arte e a Gestalt. Na abstração que
se estabelece entre o modelo e o perceto, ou seja entre a realidade e o que é percebido, entende-se como uma
relação subjetiva do modelo, constitui-se uma realidade outra. O perceto passa a ser uma experiência do sujeito e
não o objeto em si. A abstração começa no ato de percecionar e conforma-se com a lei da pregnância. Para
Arnheim a função do artiste é produzir uma boa Gestalt. A abertura das linhas cria uma certa unidade aos espaços
vazios, com vista a criar um sistema global unificado.

Abstracionismo infantil

As crianças quando desenham, pintam ou cantam, não o fazem com o objetivo de criar Arte, mesmo assim revelam
sistemas adaptativos e de organização simbólica e sintética da descoberta do mundo. Tanto a Arte dos povos
primitivos e pré-clássicos, bem como das crianças é abstrata.

Texto: “Coexistência de formas e forças (Ferraz & Kastrup, 2010)


A sensação é uma ficção construída à posteriori. Percebemos relações, direções, movimentos, tensões e todos
estes componentes invisíveis fazem pArte da nossa experiência. Na tese gestaltista, a nossa experiência percetiva
primária não é o caos, mas sim uma totalidade organizada, cuja estreutura mínima é a distinção figura/fundo.
Christian von Ehrenfels, estudou as Gestalt, na perceção de melodias. O aspeto qualitativo da perceção é mais
ligado à articulação interna dos padrões de estímulo. No conjunto da melodia existente, há uma organização
intrínseca, mas esta não reduz a soma das propriedades dos seus elementos. Na teoria gestaltista, o todo e as
pArtes estão em constante interrelação e definem-se mutuamente. A noção de campo importado da física, é
importante para entender as relações entre o todo e o elemento, assim que o corpo é colocado num campo irá
sofrer determinadas afeções tendo o seu comportamento modificado e de igual modo haverá uma mudança no
campo. A teoria gestaltista abriu caminho, para uma teoria dinâmica da perceção, onde coexistem noções de
densidade, tensão e força, permitindo que a experiência percetiva tenha além da impressão passiva dos estímulos
outras impressões com poder de ação. Num plano pictórico ao introduzir uma marca, ou forma de imediato
estabelece-se uma relação “figura-fundo”. O objetivo da perceção reside no rigor da correspondência isomórfica
(que tem forma igual) entre a ordem percebida e a ordem fisiológica e física. Os aspetos e transformações da
experiência percetiva são relegados para segundo plano, pois pelo gestaltismo, o sentido único é a forma regular e
simples. Os conceitos principais da Gestalt, é que nos processos de campo a estrutura do todo interage com os
componentes e que os padrões da Gestalt, tendem a uma organização simples, regular e simétrica de acordo com
as condições. Para Arnheim, as obras de Arte são exemplos de Gestalts, estas procuram purificar a forma
percetual, de modo a obter uma clara expressão de significado. Uma boa Gestalt, é necessário clareza e concisão,
pelo que a pregnância não implica necessariamente simplicidade ou simetria, mas sim mais expressividade e

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menos ambiguidade. Para Arnheim a perceção é o resultado de uma luta quando as forças invasoras, tentam se
manter contra as forças do campo fisiológico, eliminando o intruso ou reduzindo-o à forma mais simples. Na Arte a
tensão da forma é bastante importante pois potência a expressividade da mesma. É o caráter expressivo de uma
obra que a afasta de uma simples representação. Arnheim e Simodon, afirmam a necessidade de manter as ideias
gestaltistas, mas expandir as suas teses além da forma e do equilíbrio, em favor do campo de forças e da dinâmica
da forma na sua pregnância e expressão. Para Arnheim: as duas faces da Psicologia Gestalt, ou da perceção são a
forma e o campo de forças, e a importância do equilíbrio. Simodon mantém o conceito de forma, a partir do
processo de individuação e ao manter a metaestabilidade.

Tema 5 - Da criação artística

A Arte é uma produção humana, assente em valores humanos e estéticos. A Arte faz pArte das construções
ficcionais e criativas, que se dispõem a criar efeitos. O exercício artístico configura-se num instrumento de
formação e expressão da personalidade humana. Os historiadores concebem a Arte como manifestações de
mentalidades de uma dada cultura, grupo social ou criador individual. A Psicopatologia demonstra o efeito
terapêutico da Arte numa pessoa perturbada. A Arte surge da interação do Homem com o mundo real, a vida. Da
prática da Arte, a Psicologia, extrai espaços de reflexão, processos percetivos, relações emocionais e especula
acerca da Arte como vetor de interação com a sobrevivência humana. Teorias recentes ressaltam a criação artística
como fazendo pArte do progresso humano, por conta de habilidades particulares determinadas pelo
comportamento artístico. A imaginação e a criatividade permitem ao Homem criar cenários irreais, que o ajudam a
lidar com a realidade.
1. O olho e o cérebro
O que vemos, ouvimos, cheiramos, são produto da nossa consciência. A perceção acontece quando respondemos
aos estímulos através do córtex cerebral e não dos olhos.
Redundância percetiva: acontece quando se esgotam as respostas percetivas.
Relaxamento de resposta: esgotamento pelas situações estacionárias
O relaxamento da atividade cerebral pode levar à cegueira por desatenção ou também à saturação.
A ao forma (Gestalt) assume-se como pregnante, coesa, legível, simétrica e simples, no entanto poderá derivar da
saturação percetiva. Quando olhamos muito tempo para uma forma tendemos a desintegrá-la (desintegração da
Gestalt), para reconfigurar novamente. Pelos motivos expressos existem dúvidas sobre o que de facto vemos, o
que se acrescenta ou retira ao processo percetivo. É com o corpo que percecionamos, experimentamos e
realizamos, é também com ele que a se dá a nossa interação com o mundo. Da relação entre corpo e mente (olho
e cérebro) é de ressalvar que a Arte é o produto desta realidade una e indivisível que é o corpo.
2. A Arte e a motivação
Já nos tempos recônditos a criação artística tem ligações à sobrevivência e a adaptação do Homem ao meio. A Arte
pré-histórica revela a aptidão para a representação plástica. A Arte está ligada à apreciação, pois não faria sentido
se não resultasse em consideração e recompensa. A criação artística também está ligada à comunicação. Dutton “a
tendência humana para apreciar a beleza e para a Arte é inata e universal”. Dado que a emoção é a tensão que
acompanha os processos psíquicos é apenas um efeito secundário da Arte e não uma motivação, diz Arnheim
(1952).
O artista possui uma relação especial com o mundo, ele observa de diversas maneira o mundo, tem curiosidade,
pensa, interpreta e em seguida movido pelo impulso criativo transforma em impressões pessoais. É sabido que o

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Resumo Psicologia da Arte – 2019/20 Manuela Teixeira

artista possui determinadas qualidade: curiosidade, fantasia, inquietude, espírito crítico e insubmisso, indignação,
comunicabilidade, criatividade, intuição, subversão, delicadeza e sensibilidade, mestria, espiritualidade,
capacidade de criar empatia, amor, generosidade, afeição, trabalho. A motivação para a Arte está ligada à
existência de ideias. Não pode existir Arte se não houver público para a fruir (apreciação artística).
Para vários autores a aptidão para a Arte e para a apreciação estética constituem-se como funções inatas. Os
apreciadores de Arte possuem caraterísticas de personalidade que cultivam e estão ligadas à persistência ao
estudo, a sensibilidade, gosto, discernimento e instinto.
2.1. a perspetiva psicanalítica
Psicanálise criada por Freud, tem por objetivo encontrar os motivos dos primeiros comportamentos e da
personalidade humana. Para Argan o que o psicanalista busca na obra de Arte não é a racionalidade do autor, mas
as suas motivações ocultar, implicações eróticas, as afinidades secretas. O psicanalista tenta explorar o interior da
vida do artista ao longo do tempo, procurando pelas motivações inconscientes e impulsos tornando-os extrínsecos.
A Psicologia Social da Arte, procura a ligação entre o exterior e o interior do indivíduo, em uma determinada
conjuntura,
Freud e o aparelho psíquico
Através do Modelo Topográfico da mente Freud estabeleceu que a mente é comparável a um iceberg:
1ª Teoria – Modelo Tripartido
Inconsciente – memórias reprimidas e recalcadas
Subconsciente – lugar de transição
Consciência – pArte da mente que está pronta para o conhecimento
2ª Teoria – Modelo Estruturado
ID – polo pulsional da personalidade, funciona com o princípio do prazer (aspeto original e animalesco do ser)
Ego – zona de separação entre ID e Superego (dependência às revindicações do ID como aos imperativos do
Superego)
Superego – aspeto ideal de ser, com regras sociais e morais (Governar o ID através do seu mediador natural o ego,
princípio da realidade)
Sublimação e Simbolização
Para Freud o artista é introvertido, por conta do excesso de impulsos, instintivos e da dificuldade que encontra em
lidar com eles, sentindo-se inapto para a realidade práticas, voltando-se para o mundo fantástico de modo a
encontrar substituto para os seus desejos.
Sublimação de Freud
A sublimação é um instrumento que permite ao sujeito se defender dos impulsos básicos para atividades ou ações
socialmente aceites. A sublimação salva o artista da doença impulsionando-o para a criação. As principais
atividades da sublimação são a artística e a investigação intelectual. Hauser contraria Freud ao dizer que a
sublimação pode ser um fator de criação, mas não é a verdadeira criação artística. A motivação para a Arte de
Freud está subjugada a uma estrutura de substituição e ou de defesa, relegada a uma atividade catártica
(libertação do que estava reprimido, sentimentos e emoções). Hoje nem todos os artistas vivem das suas pulsões,
nem afastados da realidade, nem reféns do seu mundo interior, nem usam a Arte como meio de integração social.
Uma interpretação da infância de Leonardo da Vinci

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Resumo Psicologia da Arte – 2019/20 Manuela Teixeira

Em 1910, Freud procurou analisar a personalidade do mestre e investigador renascentista L. da Vinci. Freud
procurou através da análise bibliográfica alcançar a personalidade de da Vinci e comprovar através de sinais
emanados do seu inconsciente e refletido na sua obra a ideia do platonismo homossexual de da Vinci.
Simbolização de Jung
A simbolização tem a ver com a capacidade humana de representar simbolicamente, de codificar e descodificar. A
linguagem e os esquemas expressivos são usados desde os tempos ancestrais. Uma obra de Arte é, uma
representação de caráter simbólico. Dar corpo artístico a um pensamento simbólico, tem que ver com uma
capacidade especial inata e também com a aquisição de experiências culturais. Jung, diz que as energias da líbido
podem reverter-se em comportamentos entre eles, o criativo a explicar o processo de transformação da energia
libidinal, e a energia libidinal a ser transformada em atividades culturais, como simbolização. Os símbolos
universais Jung, chamou de arquétipos (modelos, paradigmas), conteúdos traduzidos em formas que ficam, o
imaginário, manifestam-se através de sonhos, pensamentos míticos, fantasias, uma espécie de sabedoria
instintiva. Jung diz que a Arte é uma atividade psicológica originária na inspiração, que não provém da razão, mas
de outras fontes. A Arte permite ao artista conciliar aspetos da sua consciência e da inconsciência. Para Jung as
ações culturais são o reflexo da época em que foram criadas. A obra de Arte está acima do pessoal e do individual,
para se colocar no plano universal e coletivo, falando a língua dos povos. A Arte, o pensamento estético e a
Psicanálise estão interligados, o olhar que o psicanalista lança às obras de Arte na pesquisa dos indícios assemelha-
se ao do crítico e ao do historiador de Arte.
3. A criatividade
A arte é uma atividade essencialmente criativa. O pensamento criativo estabelece-se através da espontaneidade,
da flexibilidade e da originalidade. A criatividade está relacionada com as condições endógenas e também com a
atmosfera social e cultural. O ambiente pode motivar para a criatividade e estimular comportamentos criativos,
como pode fazer desaparecer a criatividade. O eixo ambiental pode ser: familiar, escolar, trabalho e o histórico,
cultural, económico e social. Os artistas tal como os cientistas revelam uma criatividade fora do normal. O processo
criativo foi definido por alguns teóricos como o Modelo de Wallas, preparação, incubação, iluminação e
verificação, mas que não se podem generalizar os processos. O processo criativo, ligado com o pensamento e com
a ação criativa, começa com um momento inicial, relacionando-se com a tarefa que existe para executar.
Estruturam-se pensamentos, ideias, passando pela exploração, pesquisas e reflexões silenciosas, incubação. A
capacidade de lidar com situações inesperadas permitem abrir novos caminhos. Para levar a cabo os processos
criativos (artístico e científico) o sujeito deve possuir certas caraterísticas: curiosidade, disponibilidade para o novo,
capacidade para encontrar problemas e resolver, com motivação, capacidade de abnegação, conhecimentos e
habilidades técnicas, dinâmica intelectual, capacidade de trabalhar para objetivos, lidar com ideias complexas,
capacidade de abandonar ideias improdutivas, flexibilidade e rapidez de pensamento, capacidade para fantasiar,
imaginar, intuição, concretização. O desenvolvimento de processos criativos rege-se pelo domínio dos conteúdos,
pela personalidade, motivação no desempenho da tarefa, cedências ao inconsciente desvaneio, intuição, engenho,
entre outros.
4. A expressão e a expressividade
A expressão e a expressividade são faculdades apensas à perceção, comportamento e de uma maneira particular à
Arte. A expressão, é caraterizada pela experiência que ocorre quando um estímulo sensorial afeta as áreas de
projeção visual do cérebro de um observado. (Arnheim) O termo expressão dirige-se às manipulações externas da
personalidade humana. Por ser uma manifestação da personalidade humana, conclui-se que os humanos são

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Resumo Psicologia da Arte – 2019/20 Manuela Teixeira

expressivos. A obra de arte é expressiva, porque exprime o que o seu autor quis manifestar e também permite
experimentar reações, que podem ser expressivas.
Os elementos expressivos, são expressões de gestos e rostos. As categorias expressivas, podem ser: animais
expressivos, quando discernimos expressividade num animal só o fazemos por estar familiarizado com ele.
A Gestalt, propõe que objetos inanimados também veiculam expressões. Pela teoria da empatia temos a
explicação da expressividade em objetos e pela Teoria associacionista, existe uma tentativa para explicar a
expressão dos objetos. As exibições emocionais universais são condicionadas pela cultura. A interpretação da
expressividade está condicionada ao que conhecemos do emissor, o que significa que estas estão relacionadas
com a memória e a aprendizagem. E também os padrões socioculturais atribuem significados às expressões.
4.1. O comportamento isomórfico
O princípio do isomorfismo diz que processos podem ocorrer em meios diferentes e possuir organização similar. A
reação a determinada expressão pode ser isomórfica. Por exemplo, quando vemos alguém a bocejar, existe um
paralelismo psicofisiológico entre sujeito e gestos.
Na teoria Gestalt um observador poderia inferir no estado de espírito de uma pessoa, apenas com uma inspeção
corporal.
4.2. A cinestesia
A compreensão do corpo, consciência do movimento corporal, sensação ou perceção do movimento. Além da
perceção visual, a experiência percetiva por ocorrer em sequência de movimentos do corpo e do tato. Cinestesia é
o mesmo que sensibilidade aos movimentos. As expressões observadas podem provocar reações cinestésicas. A
expressão cinestésica, está ligada ao comportamento muscular. Por exemplo quando raivosos a nossa expressão
facial é correspondente. O que confere um comportamento facial e uma experiência isomórfica. Mas detemos o
poder de controlar a cinestesia ao expressarmos de diferente modo do que sentimos. A provocação cinestésica,
determina que ao assumirmos determinada atitude corporal, passamos a nos sentir do mesmo modo.
4.3. A expressão como qualidade percetual
A expressão constitui-se conteúdo primário da perceção ao percecionarmos um fenómeno seja por um gesto, cor,
configuração, experimentamos emoções relacionadas com ele. A expressão é um reflexo de um estímulo sensorial
contando que esse estímulo seja percetual. No entanto as ilações podem estar erradas sabendo que os sujeitos
podem controlar as suas reações cinestésicas e emitir expressões contrárias ao que sentem.
4.4. A expressão artística
Atividade que parte de um conjunto de procedimentos, ligados à criatividade e à fantasia e também ligados ao
conhecimento da realidade, técnicas e destreza particular. A expressão de emoções através das artes. A expressão
artística constitui-se como uma forma específica de comunicação, onde o emissor, representa e recria elocuções e
o recetor através da perceção (auditiva, visual, e outras) estabelece contato com o que a obra representa e
expressa. O resultado da expressão é a obra de arte, que provocará reações e respostas.
4.4.1. A Arte como expressão emocional
A expressão artística permite ao autor transmitir emoções, produzindo nos recetores um efeito traduzido em
sentimentos. A Arte constitui-se como expressão emocional, mas não tem apenas objetivos de expressão
emocional. Uma obra de arte pode manifestar matrizes emotivas e sentimentais, pode representar uma
manifestação de personalidade, pode ser uma dádiva interior do seu autor. A emoção estética, é a maior
experiência que uma obra pode proporcionar e as reações apenas se podem sentir, não sendo possível medir ou
descrever objetivamente. Adorno “a arte possui a capacidade de provocar pele de galinha no observador”.

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Texto “Contribuições teóricas recentes ao Estudo da Criatividade (Alencar & Fleith, 2003)

Até aos anos 70 /séc. XX) o objetivo era delinear o perfil do indivíduo criativo e desenvolver técnicas e programas
que estimulassem a criatividade. Após este período passou a ser focado os fatores sociais, culturais e históricos no
desenvolver da criatividade. A produção criativa não depende apenas das habilidades e traços de personalidade do
criador, mas também da influência dos elementos do ambiente onde o indivíduo está inserido. Para
Csikssentmihaly (1996): há mais facilidade em desenvolver a criatividade mudando as condições do ambiente, do
que fazê-la pensar de modo criativo.

Teoria do investimento em criatividade – Sternberg

São 6 os fatores distintos e interrelacionados, recursos necessários para a expressão criativa: inteligência, estilos
intelectuais, conhecimento, personalidade, motivação e contexto ambiental.

Inteligência, pressupões habilidade para ver o problema de outro ângulo, habilidade analítica para selecionar as
melhores ideias, capacidade de persuadir outras pessoas do valor das suas ideias.

Estilos intelectuais, engloba legislativo (criar novas regras e formular problemas), executivo (pessoa gosta de
implementar ideias) e judiciário (pessoa que gosta de emitir julgamentos)

Conhecimento: para contribuir para uma área é necessário ter conhecimento sobre ela. Tipos de conhecimento:
formal (obtido por livros, palestras, instrução) e informal (por dedicação)

Personalidade, predisposição para correr riscos, confiança em si mesmo, tolerância à ambiguidade, coragem para
expressar novas ideias, perseverança e um certo grau de autoestima. Sternberg e Lubart (1996) destacam que
apesar de serem traços estáveis, estes podem sofrer alterações ao longo do tempo.

Motivação, os recursos motivacionais são as forças impulsionadores da criação. Pode ser intrínseca ou extrínseca e
estão frequentemente em interação.

Contexto ambiental, o contexto ambiental afeta a produção criativa em três maneiras diferentes: grau como
favorece a criação de ideias, extensão que encoraja e dá suporte à criatividade, avaliação que é feita do produto
criativo.

Modelo componencial de criatividade (Amabile)

Três componentes: habilidades de domínio (talento, conhecimento, experiência e habilidades técnicas na área)
processos criativos (estilo de trabalho, estilo cognitivo, domínio de estratégias e traços de personalidade) e
motivação intrínseca.

Estilo cognitivo, quebra de padrões de pensamento, quebra de hábitos, compreensão de complexidades de


produção de várias opções, suspensão de julgamento, flexibilidade percetual, transferência de conteúdos,
armazenagem e recordação de ideias.

Traços de personalidade, autodisciplina, persistência, independência, tolerância por ambiguidade, não


conformismo, automotivação e desejo de correr riscos.

Motivação intrínseca, satisfação e envolvimento que o indivíduo tem pela tarefa, sem existir reforços externos. O
indivíduo sente-se mais motivado quando a atividade prende o seu interesse.

Motivação extrínseca, pode minar o processo criativo, pelo facto do objetivo ser uma meta externa. Existem 2
tipos de motivação externa, a que leva o indivíduo a se sentir controlado, e a que contribui para que o indivíduo
complete a tarefa com sucesso.

5 Estágios do Modelo de Criatividade de Amabile (1983,1996)

1º Identificação do problema ou da tarefa

2º Preparação

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3º Geração de resposta, nível de originalidade do produto

4º Comunicação e validação da resposta, avaliar a extensão do produto em termos criativos, utilidade, correlão e
valor para a sociedade

5º Tomada de decisão, se o produto solucionar o problema o processo termina, sendo um fracasso também
termina.

Estes estágios não ocorrem numa sequência lógica. O modelo de Amabile dá ênfase aos componentes individuais,
é clara a influência também do ambiente no processo criativo. Amabile sugere a estimulação da criatividade na
sala de aula ou no ambiente de trabalho, encorajar a autonomia, evitar o excesso de controlo, enfatizar valores em
vez de regras, valorizar realizações em vez de notas ou prémios, salientar o prazer em aprender, evitar competição,
estimular a criatividade através de experiências, encorajar o questionamento, a curiosidade, usar feedback
informativo, dar opções de escola, apresentar pessoas criativas como modelo.

Perspetiva de sistemas – Csikssentmihayi (1998)

Para este autor o foco da criatividade deve centrar-se nos sistemas sociais. Ou seja na interação do criado com a
sua audiência.

Modelo de Sistemas

Indivíduo, bagagem genética e experiências pessoais (criatividade e backgroud social e cultural)

Domínio – cultura (conjunto de regras e procedimentos estabelecidos culturalmente)

Campo – sistema social (os indivíduos funcionam como juízes e decidem se a nova ideia ou produto é criativa). Um
ambiente social que ofereça recursos, reconhecimento e oportunidade tem maiores possibilidades de ocorrerem
contribuições criativas.

Resumo: o indivíduo tem um papel ativo no processo criativo, mas também os fatores sociais, culturais e
históricos, quer na produção, quer na avaliação do processo criativo.

Tema 6 - A perceção da obra de Arte

Byung-Chul Han: “sem ferida não há poesia nem Arte”


Para percecionar a Arte é necessário ter disponibilidade para experienciar o que ultrapassa a vida corrente. É
através dos sentidos que se estabelece a ponte entre o sujeito e a realidade.

6.1. Tendência para a simplificação

Um dos princípios da Psicologia Gestalt estabelece que a perceção tende para a simplificação das formas. Na
presença de um padrão o cérebro simplifica-o para que o possamos entender, se as condições assim o permitirem.
Ao simplificarmos um padrão estamos a conceder-lhe uma determinada lógica. No caso de olharmos um rosto, não
visualizamos só um olho, ou só uma orelha, concebe-se a configuração como um todo e não como partes
separadas, apresentando-se como um todo expressivo e imediato. Na perceção, recolhemos todos os percetivos
primeiro, depois visualizamos os detalhes. Perante uma imagem pictórica visualizamos a figura em primeiro plano
e depois o fundo. A perceção configura-se pela recolha de materiais estimulares e pela sua
sistemática organização. No processo de representação artística o artista segue um
esquema que parte do geral para o particular. No caso da representação figurativa de um
rosto começa pelos traços gerais) é aos pormenores mais particulares e complexos. Numa
obra de Arte visual, como uma pintura atendemos primeiramente ao padrão global para
depois nos debruçarmos nos detalhes. Este comportamento permite verificar as
qualidades globais da configuração (cores, luz, agrupamentos formais, entre outros) que
vão ganhando sentido à medida que nos envolvemos mais profundamente com a criação
e tudo isto acontece mediado por processos cognitivos de atenção, memória, que nos
familiarizam com a configuração. Outro comportamento, são os movimentos oculares, ao fixarmos o olhar na

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Resumo Psicologia da Arte – 2019/20 Manuela Teixeira

busca de elementos, permite-nos obter informações que resultam numa nova representação, a nossa
representação, que mais não é do que a realização cerebral do visível, ou o perceto. A exemplo disso é a
representação tridimensional num plano bidimensional, que oferece a sensação de profundidade quando a criação
é plana.

A Escola Gestalt, afirma que a obra de Arte deve oferecer uma Boa Gestalt, ou uma Gestalt estruturada, uma vez
que não exige reconstrução ao observador. Assumindo uma relação entre Arte e uma Boa Gestalt esta só
aconteceu na época renascentista, com a Arte tradicional ou clássica, pois estava estruturada com regularidade,
proporcionalidade, simetria, harmonia, com elementos organizados e articulados. Se a imagem é demasiado
simples os focos de atenção serão poucos. No caso da simplificação extrema é acrescentado ao vazio consistência
para encontrar um ponto de equilíbrio. No entanto este efeito permite ao mesmo tempo uma conexão intimista
com a obra de Arte, ao ponto de produzir um efeito chegado ao sonho situando-se nas margens do consciente. Na
representação artística e na sua perceção o artista seleciona os elementos que representa, podendo reduzi-los a
uma expressão mínima.

6.2. Perceção das formas inarticuladas

Na Gestalt estruturada, organizamos os componentes de uma imagem tornando-a mais conveniente e articulada,
esta permite-nos estruturar os estímulos percecionados da maneira mais proveitosa, em detrimento dos aspetos
tidos como irrelevantes ou inarticulados. Na Arte contemporânea não nos é possível discernir uma Boa Gestalt,
tendendo a surgir outros meios de agir, ou atribuindo novos significados ou omitindo os detalhes sem Gestalt, ou
projetando uma Gestalt organizada nos elementos, sem Gestalt numa obra de Arte, ou ainda reagindo de modo
subjetivo, permitindo aceder a novas sensações. A significação de uma estrutura pode ao longo do tempo se
modificar em função de expetativas, conjunturas, padrões de gosto e modas visuais, o que significa que os sujeitos
são claramente influenciados pela mundividência e civilização. Surge o problema da perceção de estruturas
inarticuladas não contempladas pelas teorias Gestalt, obras caóticas ou incompreensíveis.

A obra de Arte consubstancia uma representação feita pelo sujeito que a recebe e sobrevive da relação profícua
(proveitosa) com o inconsciente. A densidade da obra de Arte, também está ligada à capacidade que esta tem de
surpreender, criar imagens dúbias (incertas), de criar novas imagens que não são lineares com a realidade visível.
As teorias da Gestalt, apenas explicam uma parte da perceção de algumas obras de Arte. Se o artista produz uma
obra sem Gestalt, apenas usando a sua visão criativa, cabe-nos apreciar deixando-nos levar por essa visão interior.

6.2.1. Entre a ordem e a desordem

A ausência de forma ou de Gestalt, ativa a criatividade do sujeito que vê,


projetando na imagem esperada, ou uma Gestalt discernível e ideal. Sendo a
natureza caótica, ao mesmo tempo possui uma ordem inabalável. Quando nos
deparamos com estruturas visuais complexas, tendemos a adicionar-lhes padrões
geométricos simples. Desde os nossos ancestrais, que nós humanos usamos
padrões para representar a realidade. Atribuímos formatos simples e genéricos a
estruturas naturais mais ou menos complexas. Arnheim definiu a organização
como “estabelecimento duma relação estável entre membros duma série de
fenómenos”, organiza, estabiliza e acomoda.

Gombrich, diz que quando estamos perante um padrão visual muito complexo,
normalmente tendemos a nos alhear de modo a nos abstrair da atenção que o mesmo requer no encontro com a
sua complexidade. O Homem procura soluções equilibradas, em estruturas que não sejam aborrecidas e
cansativas. Há distinção entre complexidade e desordem, porque nem sempre uma estrutura por ser complexa
está desorganizada. Desordem para uns pode consubstanciar determinada ordem para outros (exemplo de
pessoas que têm secretárias repletas de coisas, parecem em total desordem, mas para os proprietários cada coisa
está no seu devido lugar).

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Resumo Psicologia da Arte – 2019/20 Manuela Teixeira

A consubstanciação de uma ordem, exige determinantes endógenas (memória, experiência, habituação e estado
emocional) e exógenas (padrões de imagens costumeiros). Assim a desordem pode parecer o mesmo que
complexo, mas, no entanto, não é.

Há desordens ordenadas, que não implicam a capacidade de gerir a vida quotidiana, e a ordem permanece mesmo
que nos demos conta dela e transpareça o caos.

6.3. A relação estética

A nossa relação com a Arte pode equiparar-se a uma relação estética, quando estamos em contato com uma a
obra de arte, experimentamo-la esteticamente. A realidade artística, conduz-nos a novas perspetivas e exige outra
atenção que não a da rotina diária e surge como uma novidade perspetiva. A Arte, possui uma linguagem própria
que importa atender, compreender e descodificar, tem uma antes de tudo que possui ideias, expressa emoções
estando preenchida pela conjuntura que a faz nascer, além de todo o caráter particular do seu autor. A Arte
permite várias experiências se soubermos estabelecer uma relação com ela ou estejamos abertos a essa
possibilidade. Este experienciar é a experimentação estética, que está correlacionada com o prazer estético, no
entanto, deve ultrapassá-lo. Assim se adotarmos uma atitude estética, podemos usufruir da experiência estética,
para tal devemos nos “deixar envolver e cativar pelos estímulos”. A atitude estática do artista não é igual à do
recetor, nem estes têm experiências estéticas iguais. O artista sente o apelo para a expressão artística e a
experiência estética, revela-se no apelo à criação. O recetor também passa por uma experiência estética se, se
disponibilizar para tal, abrindo-se às imensas possibilidades que este experiência pode oferecer, numa
transferência de sentidos, que pode ser descrita como relação estética.

O que se busca numa obra de Arte, não é o que se busca na nossa vida quotidiana, já que a experiência estética
não satisfaz nenhuma necessidade vital, nem sacia quem a experimenta. A experiência estética é única em cada
sujeito e de difícil definição, tanto pela sua subjetividade como pelo caráter dos seus efeitos. Ao proporcionar
outros níveis de perceção e de relação também desobriga dos aspetos práticos da vida havendo, também uma
desobrigação na sua apreciação.

A experiências estética ao ter uma caráter tão particular consubstancia uma relação especial, próxima à
experiência amorosa. Não existem experiências estéticas boas ou más, ao que a expressão “ser-se afetado” não
possui o mesmo significado do gostão ou não. Na relação estética os sujeitos permitem-se à liberdade.

6.3.1. As relações emocionais

A Arte promove relações emocionais. Vigotski, diz que a Arte é a objetivação de sentimentos e tenciona promover
experiências emotivas. A Arte funciona como uma estrutura de trocas e é uma fonte de relações emocionais. A
Arte produz alterações psíquicas, traduzidas no desenvolvimento da perceção, concetualização, abstração e
generalização. Como fenómeno social, cultural e mental permite que se estabeleça uma ligação entre sujeito e
comunidades, permitindo experiências que ultrapassam a rotina diária e levando à aquisição de conhecimentos e
permeabilização de consciência sobre a história da humanidade.

Através da criação o artista realiza uma transferência, transforma o seu material emocional em sentimentos que
ganham vida através de um sistema sígnico, que veicula o seu discurso.

É através do discurso artístico que o artista dialoga com o seu recetor, deste diálogo profícuo, acontecem trocas
entre emissor e recetor, carregadas de matrizes emocionais.

Ao apreciarmos uma obra de arte visual podemos ser levados a sentir um grupo de emoções que podem ser ou
não coincidentes com as que o artista sentiu no momento da criação.

Existe uma inegável ligação com a realidade na Arte, da ação humana criativa resulta uma nova realidade por
vezes, e que está imbuída da própria conjuntura social, cultural e pessoal do autor.

A Arte é um fenómeno humano, psíquico e social, pleno de simbolismo, intenções, cultura, estímulos, que o
recetor toma como seus, e transmuta numa nova realidade.

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Resumo Psicologia da Arte – 2019/20 Manuela Teixeira

Sendo o Homem um ser emocional, além de social, cultural e político, a atividade artística está carregada de
emoções. A primeira reação do sujeito no contato com a obra de arte é emocional e a segunda intelectual, que é
quando interpreta a obra. A Arte é acolhida primeiro pelos sentidos humanos ou pelo corpo, criando uma relação
emocional entre: autor, obra e recetor. Já as reações emocionais que a arte proporciona podem avaliar como boas
ou más, ao contrário da experiência estética. Independentemente da qualidade da criação artística as emoções
humanas podem ser desencadeadas. O prazer ou desprazer é uma forma de sentir uma emoção. Quando criações
artísticas nos fazem sentir bem, estabelecemos com elas uma relação afetuosa, que pode extravasar para uma
quase dependência. Quanto à qualidade e intensidade das emoções, estas são variáveis e ficarão expostas através
dos sentimentos que surgirem das experiência da emoção. Vigotski, usa a teoria da empatia, para explicar algumas
das reações emocionais resultantes da fruição da obra de arte, no entanto nem todas as reações emocionais se
explicam por esta teoria, nem tão pouco o investimento emocional do artista na obra.

6.4. Da receção

A receção de uma obra de Arte está ligada a vários fenómenos, a perceção, criatividade, memória, emoção,
intuição, experiência, aprendizagem, domínio, destreza técnica, sensibilidade, cognição, imaginação, entre outros,
bem como com as conjunturas sociais e culturais dos sujeitos.

Uma obra de arte, só o é quando se oferece à leitura ou à receção, provocando em quem a receber diálogos,
encontros, que desencadeiem vários processos. Assim que recebe a Arte deve disponibilizar-se para a receber,
percecionando e desenvolvendo os sentidos e a atenção que a torna singular e apelativa perante tudo o resto.

O recetor ao apreciar a obra de Arte, permite-se percecionar a sua própria perceção. Quando conectamos com o
que estamos a ver passamos a entrar em comunhão com o nosso pensamento. Pensamento criativo proporciona a
realização artística, e também se cruza com a receção. Perceber se a receção refletirá os diversos pensamentos
que lhe deram origem. O processo de receção, depende da intuição, raciocínio analógico, da capacidade de
simbolização e descodificação, capacidade para processar figuras e imagens, com maior ou menor nitidez.

António Damásio, diz que “o cérebro é um produtor de imagens e o pensamento um fluxo de imagens.”

A perceção em si é uma representação, a obra de arte uma representação em segundo grau e que ao chegar ao
recetor, que com ela estabelece diálogo passa a uma representação de terceiro grau. Pelo que o juízo do recetor
pode a transformar em uma representação ainda mais desfasada da realidade.

As estruturas artísticas conseguem sugestionar, evocar, estimular o raciocínio analógico e estimulam o recetor à
criação de novas imagens ao recetor.

A existência da Arte só se concebe perante a receção artística.

Bibliografia
Almeida, Aires. 2014. Definição de Arte. [autor do livro] Ricardo Santos João Branquinho. COMPÊNDIO EM LINHA
DE PROBLEMAS DE FILOSOFIA ANALÍTICA. Lisboa : Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, 2014.

Gonçalves, Carla Alexandra. 2018. Para uma Introdução à Psicologia da Arte. As formas e os sujeitos. Lisboa : 70
Arte e Comunicação, 2018.

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