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A experiência estética é uma vivencia que pode acontecer na relação com certos objetos-
naturais e artísticos- e exige como sua condição de possibilidade uma atitude adequada.
A atitude que torna possível a experiência estética é a atitude estética. Esta defende que
devemos apreciar o objeto por si mesmo afastando quaisquer considerações relativas ao
proveito que nós teríamos, aos valores morais que transmite e deixando de fora a vontade de
ampliar conhecimentos.
Esta é geralmente contraposta à atitude prática, pois é alheia a qualquer consideração sobre a
utilidade do objeto, não é determinada pelo desejo de posse, ou pelo eventual valor
monetário ou comercial do objeto contemplado na qual só interessa a utilidade do objeto em
questão.
Exemplo
O pintor que contempla a sua obra apenas a pensar no possível valor monetário que a sua
obra lhe vai render e na qualidade das tintas que usou para a pintar, esta a ter uma atitude
meramente prática. Já quando um espectador olha para essa mesma obra de arte e faz a si
mesmo as questões “O que sinto a ver esta obra de arte?”, ”Considero esta obra bonita, será
que ela é arte?”, comtemplando a obra sem qualquer outra intenção, tomando atenção aos
seus detalhes em vez de a utilizar como um meio para atingir certo fim, está a ter uma atitude
estética.
A atitude estética distingue se também da atitude cognitiva, a relação com os objetos naturais
e artísticos na experiência estética não é motivada pela vontade de adquirir e ampliar
conhecimentos, apenas pela vontade de contemplar a obra.
Exemplo
Os estudantes de historia das artes são capazes de identificar rapidamente em que época é
que foi criada uma obra e qual o estilo artístico em que se enquadra. Este tipo de habilidade
pode ser útil e importante para aumentar os seus conhecimentos e não para enriquecer a sua
experiencia percetiva.
Não é uma atitude prática ou utilitária, é alheia a qualquer consideração sobre a utilidade do
objeto, não é determinada pelo desejo de posse, ou pelo eventual valor monetário ou
comercial do objeto contemplado na qual só interessa a utilidade do objeto em questão.
Não é uma atitude cognitiva, ou seja de conhecimento, a relação com os objetos naturais e
artísticos na experiência estética não é motivada principalmente pela vontade de adquirir e
ampliar conhecimentos.
Não é uma atitude subordinada, em si mesma, a princípios e objetos morais, a nossa atitude só
terá forma estética se dermos atenção ao objeto contemplado por si mesmo e não à relação
do objeto com os nossos conceitos e princípios morais
3-Identificar as teorias da arte (essencialistas e não essencialistas).
A Arte distingue-se, em geral, das demais atividades humanas enquanto modo de produção de
beleza ou, pelo menos, de algo que possa fixar a nossa atenção e a nossa sensibilidade
estética, seja isso considerado belo ou não.
Práticas
Quanto vale uma obra de arte?
Devemos gastar dinheiro em arte?
Gostamos de arte?
Filosóficas
Motivações intrínsecas. Tentativa de dar resposta ao problema.
As teorias da arte
Teorias Essencialistas:
Esta maneira de encarar a arte levou Platão a ser bastante desfavorável em relação aos
artistas. Aristóteles também vê na arte uma imitação.
Ao mesmo tempo a teoria oferece um critério classificativo que nos permite distinguir o que é
do que não é arte. E um critério de valoração, que nos permite distinguir o que é uma boa obra
de arte de uma má. As artes distinguem-se entre si pelos meios usados para imitar (por
exemplo, a cor, o som e as palavras), pelos objetos que imitam (por exemplo, pessoas ou
coisas) e pelo modo de imitação desses objetos (por exemplo, de modo narrativo ou
dramático).
A obra é tanto mais valiosa quanto mais ilude e engana quem a contempla, quanto melhor
representa/imita o real.
Não só os principais filósofos pensavam que a arte era imitação, como também os artistas
assumiam essa teoria de um modo implícito.
Assim, segundo esta conceção, o propósito da arte é imitar e reproduzir os objetos, as pessoas
e as ações tal como eles existem.
• Esta teoria reduz a arte a uma caricatura da vida, que serve quando muito para mostrar a
habilidade técnica do artista e não para nos oferecer um produto criativo
• Muitos dos objetos e das criações humanas que são reconhecidos como sendo arte não se
reduzem a meras imitações. Há quadros, peças musicais, poemas, etc., que não se limitam a
copiar o real. Por isso, ou os excluímos da arte ou, se estamos dispostos a considerá-los arte,
teremos de recusar a teoria da arte como imitação.
• Muitos autores, opondo-se à ideia de que a arte é uma imitação da natureza, consideram
que a verdadeira arte é sempre uma transfiguração do real. Isso acontece mesmo com a arte
mais vulgar ou banal. Através da imaginação, da sensibilidade e da inteligência, o artista
transfigura o real e a perceção imediata, criando novas formas, nas quais se encontra a sua
marca pessoal.
• Na teoria da arte como imitação, acaba por se inferiorizar o belo artístico relativamente ao
belo natural, reduzindo-se a arte a uma técnica de reprodução do real.
Numa tentativa de melhorar esta teoria, alguns filósofos consideram que a arte, mais do que
imitação, é representação. Toda a imitação é representação, mas nem toda a representação é
imitação. Deste modo, no âmbito da teoria representacionista, ou teoria da arte como
representação, o conceito de arte aplica-se a obras que a teoria da imitação exclui. Segundo
esta teoria X é um objeto de arte se tem a capacidade representar a realidade.
• A representação é uma condição necessária mas não suficiente da arte pois pode haver
representação sem haver arte.
“Que vaidade a da pintura que atrai a admiração pela semelhança com as coisas, cujos
originais não são admirados.”
Blaise Pascal
“O verdadeiro artista é uma pessoa que, debatendo-se com o problema de expressar uma
certa emoção diz, quero tornar isto claro.”
Collingwood
É sabido que muitas obras de arte desencadeiam em nós a chamada “emoção estética”. Por si
só, este aspeto pode parecer suficiente para pensarmos que a arte está ligada à expressão de
emoções: se, por um lado, a criação traduz o sentimento do artista, a contemplação da obra
desencadeia emoção no espectador.
O valor da arte reside no prazer que ela proporciona e a sua natureza reside na expressão da
emoção.
No entanto, é evidente que o facto de uma obra provocar emoção no espectador não é prova
de que ela exprima a emoção do artista.
Um dos autores que considera que a arte representa uma atividade em que se exprimem
sentimentos/emoções é L. Tolstoi. Segundo este autores, a verdadeira arte:
• É um meio de transmitir emoções, pelo que pressupõe que elas estejam presentes no artista.
Exige-se também que haja clareza de expressão na transmissão de sentimentos e emoções,se
a obra for genuína reconhecemos o sentimento do autor e sentimos esse mesmo sentimento.
Vantagens da teoria
• Oferece um critério valorativo: uma obra é de arte apenas se expressas as emoções e essas
são compreendidas pelo público.
• Mas também está de acordo com o que muitos artistas pensam ser a arte.
• Esta teoria parece estabelecer a priori que a produção artística tem origem na experiência
emocional, quando talvez existam outros fatores e outras condições causais que presidem à
criação de obras de arte, sendo certo que alguns artistas, inclusive, negaram que a emoção
comandasse os seus trabalhos criativos
• O artista nem sempre sente o que a obra exprime , o momento em que o artista cria a sua
obra não coincide, em geral, com o do estado emocional que a motivou. O artista é, em geral,
“um fingidor”, ideia que é bem visível no caso de um ator.
• Alguns artistas não tiverem como intenção a expressão de sentimentos, a ópera e a poesia
são exemplos de expressão emocional, já a arquitetura e muitas obras de pintura (sobretudo
da chamada pintura abstrata) não parecem sê-lo.
Ao contrário da teoria da expressão, as obras não expressam emoções, mas sim despertam
emoções nos espetadores ou público da arte.
Sabemos que estamos perante uma obra de arte quando sentimos emoção ao apreciá-la. É a
isto que se chama “Emoção Estética”, aquilo que todas as pessoas experienciam quando estão
perante uma obra de arte.
Mas afinal que propriedade especial possuem as obras de arte para provocar essas emoções
estéticas?
Há uma qualidade que os verdadeiros objetos de arte possuem que nos provoca emoções
estéticas: a forma significante, que diz respeito ao que é sobretudo notório nas artes visuais.
A forma significante, em particular nas obras de arte visuais, acaba por ser uma combinação,
em certas relações, de linhas, formas e cores capazes de despertar emoções estéticas.
Ou realmente há uma qualidade comum às obras de arte, ou então não faz sentido falar em
“obras de arte”.
Desde que uma obra desperte emoções estéticas partindo da sua forma significante, então
estamos perante uma obra de arte
Aquilo que é representado e o objetivo e/ou função com que a obra foi feita são irrelevantes
para a apreciação da obra de arte.
• Esta teoria não pode ser refutada: – Se uma pessoa disser que não sente emoção estética
perante uma obra de arte, os defensores da teoria dirão que essa pessoa está enganada, já
que a obra desencadeia tal emoção.– Se algum objeto a que chamamos obra de arte não
desperta emoção estética ao crítico sensível, dir-se-á que esse objeto não constitui uma
verdadeira obra de arte. Ora, nada existe que nos permita refutar uma perspetiva desse
género, já que estamos no pleno domínio da subjetividade do crítico. Uma teoria que não
pode ser refutada (visto ser sempre confirmada em qualquer situação) é, segundo vários
filósofos, desprovida de significado.
•Há obras de arte que não se distinguem na sua forma de outros objetos que não são arte
(como A Fonte de Duchamp) Ou seja, a definição parece falhar por ser demasiado ampla.
•Não temos uma definição muito precisa do que seja forma significante. O conceito é algo
vago.
•Há pessoas que não sentem emoção estética perante determinados aspetos formais da obra
artística e para Bell estas pessoas são insensíveis.
Vantagens da teoria:
Muitos artefactos podem ser considerados obras de arte.
Por exemplo:
É irrelevante a finalidade com que foi criado desde que produza emoção estética. Passa a ser
visto como um objeto de contemplação estética
- Importam apenas as qualidades formais, a forma significante, a relação das partes que
compõem a obra – resulta do facto do artista manipular, explorar, organizar, desenvolver
certas qualidades formais tendo em vista unicamente a contemplação.
- É esta forma significante que produz no espectador a emoção estética diferente das emoções
da vida quotidiana sem interesses práticos – isto torna a obra genuinamente artística.
- Toda a obra de arte tem qualidades formais, não dá importância à expressão de sentimentos.
TEORIAS NÃO ESSENCIALISTAS
As teorias não essencialistas surgem num contexto social e filosófico especifico. Social porque
os artistas criam cada vez obras mais desafiadoras e desconcertantes, o que acabam por não
“caber” dentro de teorias. Filosófico porque novas tentativas de definir uma obra de arte por
meio de condições necessárias e suficientes surge como reação às insuficiências das teses
céticas.
Teoria institucional
“Algo é uma obra de arte no sentido classificativo se, e só se, é um artefacto~, alguém
age sobre ele em nome de uma dada instituição, propondo-o como candidato a
apreciação”
A teoria institucional da arte, defendida por autores como o filósofo contemporâneo George
Dickie, considera que existem dois aspetos comuns a todas as obras de arte:
• Todas as obras de arte são artefactos, isto é, sofreram, em geral, uma manipulação por
parte de alguém. A simples exposição intencional de um qualquer objeto (uma pedra, um vaso,
um sinal de trânsito, uma garrafa, e por aí fora) numa galeria de arte é já um passo para que
esse objeto venha a ser considerado uma obra de arte.
• Todas as obras de arte possuem o estatuto de obras de arte porque este lhes é conferido
por pessoas que, estando ligadas à esfera artística, detêm autoridade suficiente para o fazer.
Essas pessoas, mediante uma ação de batismo, transformam os objetos e artefactos em obras
de arte, através de processos que vão desde a exibição, a representação e a publicação dessas
obras, até ao simples facto de lhes chamarem arte.
Assim, ser um artefacto é uma condição necessária para que algo seja considerado obra de
arte, embora não suficiente (caso contrário, todo o artefacto seria obra de arte).
A teoria institucional chama-nos a atenção para o carácter decisivo do campo cultural em que
uma obra aparece no que diz respeito à avaliação que dela se faz. Se o artista é influenciado
pela sua cultura e contribui igualmente para ela, então a avaliação da obra de arte está
dependente de critérios relacionados com a época histórica em que ela surgiu e não de
qualquer parâmetro intemporal e universal.
Para que um objeto seja uma obra de arte tem de satisfazer duas condições necessárias:
1. Ser um artefacto
2. Pertencer ao mundo da arte
2ª Atribuir um estatuto
3ª Ser Candidato
4ª A avaliação
• Por um lado, de acordo com esta teoria quase tudo se pode transformar numa obra de arte,
bastando para tal o parecer de pessoas avalizadas nessa matéria. Assim sendo, esta teoria não
permite distinguir a boa da má arte: dizer que algo é arte é apenas classificá-lo como tal, sem
avançar qualquer apreciação valorativa a respeito do facto de essa obra ser boa, má ou
indiferente.
• Por outro lado, trata-se de uma teoria circular, uma vez que arte é só aquilo que um grupo
restrito decide considerar como tal. Assim, poderíamos ser levados a dizer, por exemplo:
Guernica é uma obra de arte porque há pessoas que pensam desse modo, e essas pessoas
pensam desse modo porque esse quadro é uma obra de arte.
• Ainda que se admita que as pessoas ligadas ao mundo da arte têm o dom de converter
qualquer artefacto numa obra de arte, nesse caso deve haver razões para escolherem uns
artefactos e não outros. Se há razões, então são essas a fixar o que é arte e o que o não é,
tornando-se inútil a teoria institucional. Se não há razões, então a arte pode ser arbitrária, não
possuindo propriamente interesse.
• Deixa de fora grande parte das obras que pertencem à arte contemporânea enquadradas nas
chamadas vanguardas artísticas tornando a arte vazia. Neste sentido qualquer coisa pode ser
arte desde que um perito diga que é.
• Esta teoria legitima obras como a Fonte de Marcel Duchamp, podendo algo que não é feito
com a intenção de ser arte poder no futuro vir a tornar-se num objeto de arte.
Parece faltar um elemento qualquer à teoria institucional que um outro filósofo procura
resolver. Em resposta à teoria institucional Jerrold Levingson procurou desenvolver uma teoria
da arte que possibilitasse a existência de arte solitária, arte fora do contexto institucional do
mundo da arte.
A arte surge como renovação da tradição histórica (arte fora do contexto institucional do
mundo da arte).
Para que algo seja considerado uma obra de arte, aplicando-se a toda a arte possível…
Críticas:
• É discutível que a condição do direito de propriedade seja uma condição necessária, se
admitirmos, por exemplo, que um artista consagrado pintou um quadro usando uma tela e
tintas que não pagou mas devia ter pagado.
• A condição relativa à intenção também pode não ser necessária. Basta pensarmos, por
exemplo, nos artistas que não tiveram a intenção de que as suas obras fossem vistas como
obras de arte, sendo que só após a sua morte elas foram publicadas e consideradas como tal.
• Se admitirmos que o que faz de algo uma obra de arte é a sua relação com a arte anterior,
então levanta-se um problema ao considerar-se a primeira obra de arte a surgir no mundo.
Esta não pode ser arte, por não haver arte anterior.
• Esta teoria não responde à questão de saber o que muda no objeto propriamente dito
quando este se transforma em obra de arte, deixando por explicar o que uma obra de arte é
em si mesma.
• A teoria não exclui nenhuma obra inserida nas teorias essencialistas, no entanto quando
apresentamos o exemplo das falsificações das obras de arte vemos claramente que visa passar
certos exemplares por verdadeiros com intenção séria, mas não são arte quando a fraude é
descoberta.
O conceito de arte é um conceito aberto, o que aliás se encontra em sintonia com a própria
criatividade artística e com o surgimento de novas formas de arte. Em vez de se admitir a
existência de características comuns ou propriedades essenciais para definir arte, privilegia-se
então a ideia de parecença familiar.
Em suma, não é fácil procurar uma definição consensual de arte, nem sequer é consensual a
ideia de que ela não pode ser definida. O assunto permanece em aberto
7- Compreender a rutura entre a arte clássica e arte contemporânea
A pintura moderna não é nem mais nem menos difícil de compreender do que a das épocas
precedentes. Mas as obras antigas respondiam a funções diferentes: assim, a arte sagrada
encarregava-se de representar o divino, a arte da corte de lisonjear o poder. As regras do jogo
estavam mais definidas, evoluíam lentamente, sem fracturas.
Então, na arte, não é a realidade pura que aparece, mas antes uma realidade revista e
corrigida pelo ser humano. O que temos é, então, uma realidade transfigurada. Se fosse
idêntica ao real a arte não seria artística.
Assim , mesmo no caso da teoria da imitação o artista, quando cria está a transfigurar o real,
nunca representando detalhes em que ele não repara e não vê, como matérias não visíveis a
olho nu, chegando várias vezes a aperfeiçoar e alterar certas imperfeições presentes em
objetos ou pessoas.