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Estética

e
Filosofia
da
Arte

Estética e Filosofia da Arte 1


Índice
Página

Introdução____________________________________________________________3

A experiência e os juízos estéticos________________________________________4


Experiência estética____________________________________________________4
A conceção de Kant sobre a experiência estética______________________________4
Juízos estéticos________________________________________________________5
A natureza dos juízos estéticos____________________________________________5

A criação artística e a obra de arte_________________________________________6


Evolução do conceito de arte_____________________________________________6
Teoria da arte como imitação_____________________________________________7
Teoria da arte como expressão____________________________________________8
Teoria da arte como forma significante______________________________________9
Teoria institucional de arte________________________________________________9
Teoria histórica da arte_________________________________________________10

A arte – produção e consumo, comunicação e conhecimento___________________10


A arte como produção e consumo_________________________________________11
A arte como conhecimento______________________________________________11
A arte como comunicação_______________________________________________11
A obra de arte é uma obra aberta_________________________________________12

Conclusão_________________________________________________________________12

Bibliografia________________________________________________________________13

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Introdução

A estética, disciplina filosófica a partir da década de 50 do seculo XVII, pretende


compreender a dimensão sensível do mundo (“ciência da sensibilidade") e cada vez mais este
termo é associado à beleza corporal e à forma (centro de estética e beleza).
Esta disciplina tenta responder a vários enigmas como, por exemplo: “O que é belo?”, ”O que é
uma experiência estética?”, “O que é um juízo estético?”.
Neste sentido, é importante analisar e compreender a perspetiva de Kant sobre os juízos
estéticos e a natureza dos mesmos.
Contudo, a estética é ultrapassada pela filosofia da arte que se especializa e se
questiona sobre a estética e reflete sobre as criações artísticas e as obras de arte.
A arte, dimensão fundamental do ser humano, foi evoluindo e fez com que
emergissem, ao longo dos tempos, diferentes conceitos de arte e distintas teorias (imitação,
expressão, forma, institucional e histórica) que tentam defini-la. Por outro lado, apareceram
diversas questões, como “O que é a arte?”, “O que um objeto artístico?” e “ Como se avalia
uma obra de arte?".
A arte tem ainda várias funções, nomeadamente a de comunicação, a de transmitir
conhecimento, a de produto de mercado… Além disso, atualmente, o conceito de arte está
ligado às novas tecnologias, ao design e “revela-nos novas formas de ler e de escrever, de ver
e de sentir, dimensões que partilhamos com o artista".
Iremos então debruçar-nos sobre alguns destes problemas e procuraremos apresentar
algumas perspetivas sobre estas questões acima mencionadas de modo a tentarmos definir
“arte” e “obra de arte”.

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A experiência estética

A palavra “estética” vem do grego, derivando de aísthesis, e significa sensação. Por outro lado,
estética é uma das disciplinas tradicionais da filosofia que aborda um conjunto de problemas e
conceitos bastante diferentes relativos ao belo, ao gosto e à arte.
A evolução da estética fez com que fosse encarada de três formas, como teoria do
belo, teoria do gosto e, atualmente, filosofia da arte. Não deixando de referir que beleza, gosto
e arte são conceitos distintos.
Esta dimensão filosófica propõe-nos a refletir sobre a arte e a sua natureza,
questionando a diferença entre os vários objetos do quotidiano e os artísticos.
Assim, uma obra de arte implica uma interpretação do sujeito e é construída com base
na experiência estética. A experiência do belo artístico é um sentimento de prazer ou
desprazer, provocado pela contemplação da beleza natural ou de uma obra de arte, é uma
experiência que recria a realidade, que lhe dá um novo sentido, outra dimensão, que configura
o mundo, reorganizando-o e abre novos horizontes.
A experiência estética não é meramente sensível, ligada aos sentimentos, sentidos e
afetos, mas nela convergem outras dimensões, nomeadamente a vertente racional, razão.

A conceção de Kant sobre a experiência estética

Immanuel Kant foi dos primeiros filósofos a interessar-se pelo problema da natureza da
experiência estética e defende que…
…”o belo é o que agrada universalmente sem conceito” e “o belo não está nas coisas,
é subjetivo. Depende do gosto de cada um.”. Portanto, não existem regras que determinem que
uma “peça musical” ou uma “paisagem” sejam belos.
Quais as características da experiência estética?
Kant quis dizer que a experiência do belo artístico é: desinteressada e contemplativa
(porque não procura satisfazer qualquer necessidade prática, não se funda em conceitos, não
depende da experiência real do representado e é um fim em si mesma), subjetiva (pois não tem
regras, depende da interpretação, gostos e sentimentos do sujeito, logo não é objetiva),
universal (na medida em que todos os povos e culturas apresentam manifestações artísticas),
plural (visto que assume diferentes formas consoante as observações do sujeito), uma
aventura pessoal e emocionante (uma vez que o espetador recria a obra e atribui-lhe um
determinado sentido) e encontra-se ligada aos juízos estéticos (ou seja é uma manifestações
ou expressão de uma preferência ou de uma escolha).

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Juízos estéticos

Os juízos estéticos são proposições no qual o sujeito expressa uma experiência


estética. É a atribuição duma propriedade a um objeto que sintetiza a emoção e o prazer
resultantes da sua utilização estética. Estes juízos atribuem um valor estético a algo, como, por
exemplo, beleza, elegância, graciosidade, harmonia, vivacidade, expressividade,
complexidade, profundidade e originalidade.
Para Kant, os juízos estéticos não têm qualquer carácter prático e são subjetivos e
universais, ao contrário dos juízos do conhecimento, que são teórico-práticos. Deste modo, ele
considera que estes juízos são juízos de gosto, que dependem do agrado ou desagrado do
sujeito. Além disto, Kant faz a distinção entre alguns prazeres, o prazer do belo, do bom e do
agradável.
O prazer do belo é desinteressado e livre, não depende dos desejos, das necessidades
ou dos conhecimentos, é o que no apraz e não exige aprovação. O prazer do bom obtém-se
por satisfação de uma necessidade prática e é aquilo que se estima ou se aprova. Por último, o
prazer do agradável obtém-se por satisfação de um qualquer desejo pessoal.

A natureza dos juízos estéticos

“A beleza está nos olhos de quem a vê.”


“O belo depende das propriedades dos objetos.”
Isto permite refletir sobre a problemática da natureza dos juízos estéticos, no qual
surgem duas perspetivas completamente opostas.
O subjetivismo estético de Kant especifica que o objeto é belo, dependendo do que
sentimos quando o observamos e o belo ou a beleza são uma questão de gosto ou preferência
pessoal. Contrariamente, o objetivismo estético de Platão alude que o objeto é belo,
dependendo das suas propriedades interiores (características), que constituem um critério
objetivo e é o independentemente das sensações do sujeito. Beardsley acrescenta ainda que
os juízos estéticos assentam em três propriedades intrínsecas no objeto: intensidade,
complexidade e unidade.
Os valores estéticos são cada vez mais difíceis de definir, pois são cada vez mais
amplos. Estes valores abrangem o belo, categoria estética, que é tudo aquilo que vemos,
ouvimos ou imaginamos com prazer e aprovação e é acabado e apaziguador; e o sublime que
é a qualidade de uma beleza que desperta sentimentos muito intensos, colocando-nos num
estado de tensão e de perturbação.

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A criação artística e a obra de arte

A arte surgiu do étimo grego techné e do conceito latino ars que designa a técnica, a
habilidade, bem como a criação artística e a procura do belo. A arte é também uma
necessidade humana, pois exprime estados de espírito e atividades desenvolvidas pelo ser
humano, e é transfiguração da realidade em que o artista, através da sua sensibilidade e
imaginação, passa de um mundo real para um mundo sobre real, assim, criasse um universo
humano dentro do próprio universo.
Durante séculos, a arte era o território do belo, em que se repulsava o feio e o belo
atraía, apaziguava e era associado à perfeição. Mas este conceito veio a alterar-se,
transformando-se num território de absoluta liberdade, bem como a visão tradicional do belo e
do feio; o belo representa a ordem e a proporção e o feio corresponde à desmedida, à
desordem e desarmonia.

Evolução do conceito de arte

Na Antiguidade Clássica (arte greco-romana) a arte e a técnica, o artista e o artesão


confundiam-se, a arte era um saber fazer (conhecimento técnico), era a proporção, a harmonia,
a procura do belo, da regra e do cânone.
Na Idade Média a arte e a técnica continuavam indiferentes, existia um afastamento
entre o saber teórico (artes liberais) e prático (saber fazer dos artesão) e a arte medieval era
conhecida pela espiritualidade (Deus).
A Idade Moderna é assinalada pelo Renascimento, deu-se a divisão entre a arte e a
técnica, a arte era inspiração e totalidade, o belo era considerado um valor e surgiram termos
como “belas-artes” e “artes menores”.
Na Idade Contemporânea nasceram novas designações de arte (artes plásticas, arte
popular…), o belo e o útil juntaram-se e arte era o resultado de grupos de artistas.
A arte tem sofrido assim profundas transformações conforme a época histórica, a
cultura e a sociedade, tendo sido criada e reconhecida de modos diferentes e tendo seguido
vários modelos (românico, gótico, barroco, neoclássico, estilo impressionista…).
Podemos dizer que a obra de arte é uma produção humana, um prazer sensível, uma
forma estética, uma obra aberta e acrescentar que é interpretação do mundo, expressão e
liberdade, comunicação, intermediária entre o mundo interior e exterior e desejo de
imortalidade. Todo isto permite concluir que a arte e obra de arte apelam aos conhecimentos, à
inteligência, às tradições e aos sentidos, no entanto, nada disto define arte e obra de arte.

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A arte produz algo de único, inédito e a sua produção não é invenção, é essencialmente
criação. Assim, a criação artística supera a criação técnica e científica, pois põe em ação a
nosso capacidade de criar, a imaginação que inventa e inova. A criação técnica e a artística
têm algumas diferenças, nomeadamente, o facto de a primeira ser o modo de fazer e executar
e a segunda ser não só o mero resultado de uma momentânea inspiração, mas uma
conjugação da técnica, da imaginação e da sensibilidade. Além disto, o que distingue criação
artística de científica é que o artista cria para transmitir, revelar, comunicar e expressar de outro
modo e o cientista interessa-se pela descoberta universal e pelas leis gerais que aplicará em
situações concretas e particulares.
Tudo isto leva-nos aos problemas centrais da filosofia da arte, que são: saber o que é a
arte; que características as obras de arte têm em comum; quais as condições necessárias e
suficientes para um objeto ser considerado artístico. Estes problemas, dada a diversidade dos
domínios envolvidos que compreendem as artes visuais, como a pintura, a escultura, a música,
a dança, o teatro, as obras literárias e, mais recentemente, o design e o cinema, são de uma
enorme dificuldade e complexidade.
Ao longo dos tempos foram surgindo teorias distintas que tentaram responder a estas
perguntas, mas há uma dificuldade em encontrar uma teoria universalmente aceite devido à
proliferação de manifestações artísticas e de objetos que, nalguns casos, levantam sérias
dúvidas quanto ao seu valor estético.
Assim, analisaremos cinco dessas teorias…

Teoria da arte como imitação (mimesis)

“Uma obra é arte se, e só se, imitar/representar algo.”


Esta teoria é a mais antiga com origem na Grécia Antiga e que dominou até à época
contemporânea, remonta Platão e Aristóteles e defende que a arte consiste na imitação da
natureza bela ou na representação de comportamentos humanos e mesmo de conceitos ou
ideais belos, bons ou justos.
Embora defendam a mesma teoria, as perspetivas de Platão e de Aristóteles divergem.
Platão considera que a beleza dos objetos encontra-se nas características internas do
mesmo independentemente do sujeito que o sente. Este filósofo demarca a beleza ideal da
beleza que os artistas queriam alcançar, pois esta não é considerada imprescindível, já que a
beleza verdadeira está nas ideias e não nas coisas sensíveis, que são cópias banais da
realidade. Concluímos então, que a arte é uma imitação inadequada dos objetos ideais (cópia
imperfeita), não tendo nada a ver com a verdade, apenas é uma ilusão e aparência.
Aristóteles apresenta uma visão positiva, em que a arte é imitação verdadeira, dá-lhe o
sentido de “representação” e diferencia tipos de imitação em função dos meios, objetos e
modos que se utilizam. Este filósofo afirma que a arte é uma fonte de prazer (imitação natural),
invenção de coisas que ainda não têm realidade, catarse (purificadora) e uma forma de
aprendizagem (pedagógica).

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Esta teoria tem alguns aspetos a favor, nomeadamente, ser inquestionável que muitas
obras de arte imitam e ela dá-nos um critério classificativo do que poderá ou não ser uma obra
de arte e valorativo, em que as melhores são aquelas que melhor imitarem o objeto.
Contudo, existem algumas objeções à teoria da imitação, pois existem artes não
imitativas, há um reduzido valor da melhor imitação (que por vezes nos fazem acreditar que
são realidade), surgem problemas com a noção de representação (não se pode basear numa
simples correspondência inalterada de propriedades entre original e obra, senão representar-
se-iam mutuamente), não sabemos se a obra de arte realmente imita o real e este critério falha,
na medida em que existe explicitamente muitas representações que não têm estatuto de obra
de arte.

Teoria da arte como expressão (teoria expressionista)

“Uma obra é arte se, e só se, exprimir os sentimentos e as emoções do artista.”


Esta teoria acerca da natureza da arte surge em plena época romântica (séc. XIX) e
centra-se no facto de a obra de arte ser um veículo de expressão imaginativa de emoções
particulares do seu autor, que ele projeta num objeto, isto é, a função artística é acima de tudo
exprimir emoções e sentimentos e não imitar ou representar qualquer realidade exterior, deste
modo, é um meio de estabelecer comunicação entre o artista e os espetadores que partilham
as mesmas sensações.
Lev Tolstoi, romancista russo, foi um dos teóricos desta conceção de arte que
apresenta um critério lato para classificar um objeto como obra de arte. Para ele a arte precisa
de assentar numa “autenticidade dos sentimentos do artista na altura da criação”. A arte
necessita ainda de respeitar três condições, isto é, deve transmitir uma particularidade de
sentimentos, cuja transmissão deve ser de forma fácil, e o artista tem que exprimir aquilo que
sente.
R.G. Collingwood, historiador, filósofo da arte e ensaísta britânico, argumentou que a
emoção sentida originariamente pelo artista não possui ainda um valor artístico e é através da
imaginação que ele a refina, transformando-a numa emoção estética, o que lhe irá conferir um
valor artístico. O recetor da obra de arte evoca a emoção estética, ampliando a compreensão
dos seus próprios sentimentos.
Apesar de realmente esperamos encontrar expressividade nas obras de arte, o que um
considera expressivo pode deixar outro completamento indiferente. Estamos também perante
uma teoria que não é abrangente, pois encontramos obras que perdem o estatuto de obra de
arte quando o artista renuncia à expressão. Por outro lado, é impossível aceder aos estados
mentais do artista e recriar o que ele exprimiu e a exigência de que o artista tem de sentir
sempre o que a obra exprime é injusta e irrealista. Outras críticas são a não garantia de que
aquilo que sentimos converge com as emoções do artista e de que as obras exprimem as reais
emoções do criador.

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Teoria da arte como forma significante (teoria formalista)

“Uma obra é arte se, e só se, provocar emoções estéticas.”


Nos inícios do século XX, reforça-se a oposição à conceção de arte como mimesis,
com o aparecimento de quadros abstratos.
Esta teoria foi defendida pelo crítico britânico Clive Bell que considera que a arte deve
despertar emoções e sentimentos e o que distingue uma obra de arte são as formas
significativas, ou seja, são as linhas e as cores combinadas de certa maneira, formas e
relações ou as melodias, harmonias, ritmos, a instrução e intensidade, que provocam emoções
estéticas. As emoções são provocadas pelas obras de arte, mas não expressas por ela (resulta
da relação que o observador estabelece com a obra). Para ele é inevitável escapar à
subjetividade e são os aspetos formais que caracterizam a obra de arte (conteúdo e elementos
representativos são secundários e não conferem valor estético à obra).
Neste sentido, a arte não é acerca da vida, em que o sentido da forma é o único
conhecimento relevante que o sujeito necessita de ter.
Esta teoria engloba todo o tipo de arte desde que provoque emoções estéticas. Porém,
o aspeto mais frágil é a subjetividade na apreciação da obra e a indefinição do conceito de
forma significante. Acresce ainda, o risco de uma obra se tornar meramente decorativa (devido
ao significado demasiado enigmático), o facto de a forma e o conteúdo serem inseparáveis
(ignorar a relação dos aspetos formais com os materiais e a ligação das obras com a realidade
não nos permite perceber o seu sentido e valor), é uma teoria circular pois explica a forma
significante através da emoção estética e vice-versa e é elitista, posto que nem todos sentem
emoções estéticas.

Teoria institucional da arte

Esta teoria defendida por George Dickie aponta que uma obra de arte contem dois
aspetos essenciais: é um artefacto, ou seja, qualquer objeto que tenha sido de algum modo
trabalhado ou modificado por parte de alguém; ao qual uma instituição (o mundo da arte, que
envolve correntes, sistemas, movimentos, expressões artísticas diversas, os negociantes de
arte, os artistas, os artefactos e o público) lhe confere estatuto por fatores extrínsecos à própria
arte, por exemplo, através de processos como o contexto no qual é produzida e apreciada, a
exposição/exibição, a representação, a publicação ou apenas designarem o objeto de arte.
Contudo, existem objetos que podem ser considerados artefactos pela dimensão
institucional, quer isto dizer que, mesmo não sofrendo qualquer manipulação por intervenção
humana, um objeto ao ser exposto numa galeria, por exemplo, ganha um valor artístico.

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Não obstante, esta teoria parece apenas adiar a questão “O que é arte?” pois não
aponta os critérios que serão utilizados para decidir o que é ou não arte e que distingam a boa
da má arte, já que não existe qualquer apreciação valorativa. Além disso, esta é uma teoria
circular, pois um grupo de pessoas decide consideram algo como arte, mas apenas o faz
porque esse objeto já é uma obra de arte. Por outro lado, o filósofo Richard Wollheim analisa
que devem existir razões pela qual se escolhem apenas certos artefactos, devendo ser essas
razões a fixar o que é arte, tornando escusada esta teoria; caso não existam, a arte pode
passar a ser arbitrária (sem interesse).

Teoria histórica da arte

Esta teoria, mais precisamente designada histórico-intencional, foi anunciada por


Jerrold Levinson, cuja definição de arte é feita por propriedades extrínsecas, dependendo
completamente da sua história, e de modo amplo, englobando todo o tipo de obras de arte.
Este filósofo destaca a intenção de quem cria a obra de arte e aponta duas condições
necessárias: o direito de propriedade, deste modo o artista só pode considerar arte objetos seu
ou que tem direita a manipular; e a intensão permanente de que o objeto seja visto como obra
de arte tal como as do passado, sendo assim caracterizadas pela historicidade.
Criticamente, há quem não considere estas duas condições necessárias, por um lado,
porque um artista pode utilizar alguns materiais que não tem direito de propriedade, por outro
lado, devido ao facto de os artistas poderem não ter intenção de que um objeto seu seja
considerado arte, mas passe a sê-lo. Outra imperfeição da teoria é que devido às relações
essenciais entre as obras de arte do presente e do passado, existe um problema com a
primeira a surgir, que não poderá ser considerada arte por não existir nenhuma anterior a ela e
assim sucessivamente até agora. Por fim, o que muda no objeto quando esta passa a ser
considerado obra de arte?

A arte – produção e consumo, comunicação e conhecimento

As obras de arte são multidimensionais e podem ser abordadas sob diferentes


perspetivas, todas completamente diferentes entre si e impossíveis de separar.
Assim, a arte pode ser abordada como uma produção humana, autêntica e original; um
reflexo da sociedade (identidade cultural); uma expressão de “novos modos de ver” e de sentir
(esclarece e enriquece a nossa experiência); um produto da atividade humana (valor
económico e trata-se como uma mercadoria); e uma forma de comunicação.
A criação artística é condicionada pela época, o tipo de problemas e de ideais da
sociedade e da cultura, as conceções estéticas dominantes, os estilos, os meios técnicos…

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A arte como produção e consumo

A arte é um produto da atividade humana e, deste modo, pode ser reconhecida como
uma mercadoria (valor económico) e no mundo contemporâneo ela não escapou à
industrialização, à massificação e ao consumismo. Por outro lado, a facilidade com que se faz
uma obra de arte tornou-as acessíveis ao grande público, mas esta facilidade acarreta a sua
banalização, a saturação e gera insensibilidade e indiferença perante a mesma. Acresce ainda
que a reprodução em massa impõe a necessidade de consumir e pode levar à perda da nossa
capacidade de seleção e de crítica.
A arte tornou-se um produto do mercado, este mercado da arte tem as suas próprias
leis e é muito voraz, então os artistas têm que satisfazê-lo, produzindo muitas vezes sem ter
uma necessidade vital de comunicar.
Esta valorização dos bens materiais e a transformação de bens culturais em bens de
consumo tornou as obras de arte um objeto de especulação económica, cujo negócio é uma
fonte de lucros elevadíssimos (impedindo o acesso da maioria da população), e um indicador
de estatuto socioeconómico, em que a posse de uma obra rara ou de um artista de
reconhecido mérito, cria uma imagem de marca, elevando o possuidor a uma esfera social de
elite artística e cultural.
Em contrapartida, as exposições em museus, por exemplo, têm uma função tripla de
prestígio, quer do museu quer da cidade ou país, de regulação cultural, baseada em gostos e
cânones dominantes, e de usufruto coletivo, ou seja, estão ao alcance de todas as pessoas.

A arte como conhecimento

Como vimos na evolução da arte, ela foi sempre e é um produto cultural, sendo produto
de uma cultura, sociedade, época e conjugação de vivências, valores, ideais, circunstâncias
sociais, económicas, religiosas, morais e políticas.
Nesta perspetiva, a arte é um meio de expressão, reflexão, transmissão de sensações
e emoções, crítica para a mudança de mentalidades, interpretação da realidade e perceção
estética, daí ela ser também conhecimento da época, dos valores, de nós, da vida e do mundo.

A arte como comunicação

A arte existe desde que o homem existe e vive em comunidade, em que a primeira
forma de arte foram as pinturas rupestres. Desde sempre o homem tem necessidade de
comunicar e expressar e a arte é uma dessas formas.
As obras de arte exprimem as vivências, conceções, saberes, sentimentos e opiniões
do artista, cuja expressão é suscetível de ser observada e interpretada pelo sujeito, sendo
reconstruída sob a sensibilidade e experiência de vida dos possíveis recetores.

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A linguagem artística é um sistema de signos (sons, palavras, linhas, cores, volumes,
movimentos) que possui uma natureza própria (aberta, ampla), cuja leitura e interpretação pode
possuir um leque variado de sentidos, uma pluralidade de significados. O discurso artístico é
então polissémico e ambíguo. Esta imprecisão não pode ser vista como uma limitação, mas
sim como uma riqueza que confere à arte uma vitalidade e atualidade. De facto, a verdadeira
arte é intemporal, sujeita a cada momento a ser matéria de redescoberta, de fruição e de
prazer estético.

A obra de arte é uma obra aberta

Assim como a linguagem artística é polissémica, também a obra de arte é


plurissignificativa.
Uma obra de arte é uma forma de interpretação e transfiguração da experiência
humana, é um modo de expressão e comunicação do vivido, é um objeto de prazer sensível e
afetivo, é uma forma de apropriação e comunicação do sentido do mundo, é um objeto de
diferentes definições e classificações.
A industrialização da estética, ligada à evolução das tecnologias e ao design industrial,
trouxe novos materiais e novas possibilidades de criação e de aplicação, levando a arte a
ganhar novas formas, novos conceitos, novas aplicações, novos artistas… revelando novas
formas de ler, de escrever, de ver e de sentir.
Estas componentes, tecnologia e design, industrializaram a arte, nascendo novas
formas de arte (arte digital) e seguindo um padrão que vai ao encontro da moda e dos prazeres
e necessidades dos consumidores.
“Pela arte conhecemo-nos. Pela arte libertamo-nos”.

Conclusão

Após uma longa análise do que consiste a estética e a filosofia da arte e de todos os
problemas e conceitos que daí advêm, nomeadamente a experiência estética, os juízos
estéticos, a criação artística, as obras de arte e a arte na generalidade, chegamos a uma
conclusão muito simples…
…esta dimensão humana, que faz parte do nosso dia a dia, nem que seja por uma
simples música que ouvimos ao acordar, é muito controversa e não existe um consenso
comum sobre a real, verdadeira e universal definição de arte, existindo alguns filósofos, que
com a sua posição cética, a consideram indefinível.
A arte é assim um conceito imensamente amplo e em aberto que está diretamente
ligado à própria criatividade artística, ao contexto em que surge, à época em que é produzida,
às suas funções e ao objetivo ou intenção do artista, surgindo com o passar dos anos novas
formas de arte.

Estética e Filosofia da Arte 12


Deste modo, não descartando cada tentativa de explicação e descrição de arte e obras
de arte, como as teorias que foram referidas, é muito difícil definir arte, tendo uma
multiplicidade de sentidos e significações.

Bibliografia

Websites:
http://lolaeafilosofia.blogspot.com/2017/06/a-obra-de-arte-e-criacao-artistica.html
https://prezi.com/pws9d2szfan9/filosofia-a-criacao-artistica-e-a-obra-de-arte/
https://pt.slideshare.net/DiogoA1/filosofia-322a-criao-artstica-e-a-obra-de-arte
https://prezi.com/oehr2d4gesvw/trabalho-de-filosofia-10o-ano/
http://filosofarliberta.blogspot.com/2014/06/a-experiencia-e-os-juizos-esteticos.html
https://issuu.com/marinasantos/docs/est__tica__experi__ncia_e_ju__zo
Livros:
Clube das Ideias 10 - 10.º Ano – Manual Areal
705 Azul, Introdução à filosofia 10º ano – Manual Porto Editora
Pensar é Preciso – Filosofia 10ºano
Manual filosofia 10 ano ,Lisboa editora

Trabalho realizado por:


Andreia Azevedo nº2
Eduarda Antunes nº6
Joana Dias nº9
Marina Peixoto nº15
11ºD

Estética e Filosofia da Arte 13

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