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• Estética, também chamada de Filosofia da Arte, é uma das áreas de conhecimento da filosofia. Tem sua origem
na palavra grega aisthesis, que significa "apreensão pelos sentidos", "percepção".
É uma forma de conhecer (apreender) o mundo através dos cinco sentidos (visão, audição, paladar, olfato e
tato).
Importante saber que o estudo da estética, tal como é concebido hoje, tem sua origem na Grécia antiga.
Entretanto, desde sua origem, os seres humanos mostram possuir um cuidado estético em suas produções.
• A estética dedica-se maioritariamente aos problemas e experiências ligadas à relação do Homem com os objetos
belos, sejam naturais ou artísticos.
Assim, acaba por se diferenciar da filosofia da arte, que se ocupa do âmbito artístico.
• Podemos nos conecta com diferentes formas de representação do sofrimento dos seus autores por exemplo…
• Chamamos a este tipo de experiência, experiência estética e aos objetos capazes de a suscitar objetos estéticos.
A experiência estética é um estado afetivo de agrado e de prazer suscitado pela apropriação subjetiva de um
objeto, seja a contemplação da natureza, seja a criação ou a contemplação de uma obra de arte.
Experiência estética
- Contexto cultural.
• O conteúdo da experiência pode ser material (experiência sensorial) ou não material (experiência não sensorial).
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• A par da experiência sensível, existem outros tipos de experiências intelectuais, morais, religiosas, amorosas,
estéticas, etc
• Toda a experiência é sempre experiência de um sujeito: pode ser comunicada outrem (mediante vários tipos
de linguagem), mas não pode ser transferida, uma vez que pertence apenas àquele que a vivência.
• Seja como for toda a experiência é situada, o que significa que o sujeito procede à organização dos dados do real
com que entra em contacto, fazendo-o sempre no âmbito de um determinado contexto cultural.
Que diferenças existem entre ler um romance de Saramago, observar uma pintura de Picasso ou ouvir um relato
desportivo?
A diferença decorre dos próprios objetos e não da experiência que deles temos.
Uns serão obras de arte, o romance de Saramago e a pintura de Picasso, o outro não, uns serão objetos belos, o
outro não.
O filósofo alemão Immanuel Kant foi dos primeiros a interessar-se pelo problema da natureza da experiência
estética:
Sabemos que o conceito é o que nos permite identificar sem qualquer equívoco alguma coisa e posteriormente
construir um juízo sobre ela
• O que Kant quer dizer é que o belo não está nas coisas, ele é subjetivo, depende do gosto individual do sujeito
e, como tal, não existe uma regra que determine que um poema ou uma flor sejam belos. Se é certo que o
belo é um sentimento do sujeito, a experiência estética é, no entanto, desinteressada.
• Ao afirmar que a experiência estética é marcada pelo desinteresse, Kant pretende dizer que nela não se procura
satisfazer uma qualquer necessidade prática, como acontece com as experiências não estéticas, mas sim que a
experiência estética é um prazer meramente contemplativo.
• É uma experiência desinteressada e independente da existência real do objeto representado nessa experiência.
• Para Kant, a experiência estética está ligada ao juízo estético e uma e outro são subjetivos.
Indicam juízos emitidos com base naquilo que se sente e que não é suscetível de ser inteiramente motivado por uma
explicação lógica. Neste sentido, como diz Kant, é um juízo de gosto, pois depende unicamente do agrado ou
desagrado do sujeito.
Assim, para Kant, o prazer estético é puramente contemplativo e, por isso, desinteressado, uma vez que não possui
qualquer interesse prático, não se funda em conceitos; não depende da experiência real do
representado.
Os juízos estéticos devem fazer-se na base de uma experiência de prazer. No entanto, como os juízos descrevem
uma propriedade, eles estabelecem uma afirmação com a qual se espera que concordem outros indivíduos. São,
pois, uma avaliação subjetiva que pretende ser universal.
O juízo estético, ou juízo de gosto, desinteressa-se pela existência do seu objeto e, como tal, não requer a posse
nem o consumo, a utilidade ou a bondade do objeto contemplado. Por outro lado, na perspetiva de Kant, deve
pretender o consenso de cada um, sendo assim subjetivamente universal.
Experiência estética
Juízo estético
Categorias estéticas: belo, sublime, poético, grandioso, imponente, dramático, fantástico, trágico, gracioso, bonito, cómico,
deprimente, grotesco, irónico, ridículo, feio, horrível, etc.
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O problema da definição da arte não é a única preocupação da filosofia da arte, mas é um problema que está no
centro do debate.
• O que é a arte?
• O que é que todas as obras ou ações a que chamamos arte têm em comum?
• O que é que distingue a arte da não arte?
• Será importante definir arte?
• Chamamos teorias essencialistas da arte a todas as teorias da arte que afirmam que existem propriedades ou
características essenciais – intrínsecas – comuns a todas as obras de arte e que só nas obras de arte as podemos
encontrar.
• São propriedades da estrutura interna de um objeto que permitem não só classificar algo como arte, mas
também distinguir esse algo de tudo o que não é arte.
É na Antiguidade grega, e em filósofos como Platão e Aristóteles, que encontramos as primeiras reflexões
conhecidas sobre a arte ocidental. Tanto Platão como Aristóteles defendem que aquilo que as atividades a que hoje
chamamos artísticas é a imitação ou mimese. Ser imitação – reproduzir ou copiar a aparência das coisas – é, para
Platão e Aristóteles, uma condição necessária da arte.
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Escultura de guerreiro caído. Frontão do templo de Atena
Afaia em Egina (aprox. 489 a.C.)
As Respigadoras. Pintura realista de Jean-François Millet concluída em
1857. Encontra-se atualmente no Museu de Orsay, Paris.
• Por um lado, não distingue arte do que não é arte: a imitação é apenas apresentada como uma condição
necessária, mas não suficiente para que algo seja classificado como arte.
• Por outro lado, é demasiado exclusiva: algo pode ser arte sem ser uma imitação, sem que haja a intenção de
copiar ou de reproduzir uma pessoa, um lugar, um objeto, uma ação ou acontecimento.
Uma forma de procurar ultrapassar estas limitações e de salvar a teoria imitativa da arte passou por falar em
representação em vez de imitação.
Imitação
representação
• A representação não é condição necessária da arte. A teoria da arte como representação é demasiado
exclusiva ou restritiva e não apresenta uma propriedade comum a todas as obras de arte.
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• A representação não é condição suficiente da arte. Ainda que toda a arte fosse representação, nem toda a
representação é arte. A teoria da arte como representação é demasiado inclusiva.
• Se te perguntarmos por que razão os poemas de Alberto merecem a classificação de arte, é provável que a
resposta passe pela ideia de que são arte porque expressam ou transmitem emoções.
• Os poemas de Al Berto são arte, poderás dizer, porque exploram os sentimentos e as experiências subjetivas do
seu autor, transmitindo esse estado interior do artista ao público.
• A ideia de que algo é arte se for expressão de emoções –, cuja génese podemos encontrar num movimento
cultural conhecido por Romantismo, opõe-se à teoria da arte como representação e dá origem a um conjunto
diverso de teorias que podem ser reunidas naquilo a que chamamos teoria da arte como expressão ou teoria
expressivista da arte.
• As duas posições clássicas mais difundidas da teoria expressivista da arte são a do escritor russo Lev Tolstói
(1828-1910) e a que foi apresentada pelo filósofo britânico Robin George Collingwood (1889-1943).
• Tolstói e Collingwood veem a arte como algo intimamente ligado à expressão de emoções e concordam que toda
a obra de arte implica, necessariamente, clarificação deliberada de um estado que o artista experimentou.
Lev Tolstói
Teoria transmissionista da arte
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Robin George Collingwood
Teoria da expressão a solo
• Toda a arte é expressão e clarificação de emoções, mas é possível expressar e clarificar estados emocionais, criar
arte em sentido próprio, sem que haja, por parte do artista, o propósito de os comunicar a um público.
• Um aspeto comum a todas as teorias expressivistas da arte é a crença de que existe uma conexão essencial
entre arte e expressão das emoções.
• A teoria expressivista da arte vai ao encontro daquilo que, ainda hoje, muitas pessoas – artistas e apreciadores –
consideram ser a natureza da arte.
• A teoria expressivista da arte fornece um critério classificativo (o que é que distingue arte de não arte?) mais
abrangente do que o representacionalista.
• A teoria expressivista da arte fornece um critério avaliativo (o que é que distingue a boa arte da má arte?) que
nos permite julgar a qualidade da arte.
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Críticas à teoria da arte como expressão
• A expressão de uma emoção particularizada não é condição necessária da arte. A teoria da arte como
expressão é demasiado exclusiva ou restritiva e não apresenta uma propriedade comum a todas as obras de
arte.
• A expressão de uma emoção particularizada não é condição suficiente da arte. Oferece-nos uma definição
demasiado inclusiva ou abrangente, na qual cabem objetos e ações que dificilmente consideraríamos arte.
• Nem a representação nem a expressão são boas candidatas a condição necessária para que algo conte como
arte.
• Nem a representação nem a expressão são boas candidatas a condição suficiente da arte.
• Há objetos e ações que não consideramos arte e que são, ainda assim, representação ou expressão.
• É neste contexto que, em 1914, o crítico de arte e filósofo inglês Clive Bell (1881-1964) propôs aquela que é
conhecida como teoria da arte como forma ou teoria formalista da arte.
X é uma obra de arte se, e só se, X for concebido principalmente para possuir e exibir forma significante.
• Todas as obras que classificamos como arte são objetos criados por seres humanos – artefactos – que têm o
poder de despertar em nós – público – uma emoção estética.
• A qualidade essencial comum a todos os artefactos que têm esse poder é a forma ou, mais precisamente, a
forma significante.
• Por forma significante, o autor entende a configuração ou estrutura formal organizada e unificada de linhas,
cores, formas, volumes, ou outros, que suscita no público emoções estéticas.
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Críticas à teoria da arte como forma
• A teoria formalista não define de modo satisfatório forma significante. Bell e os formalistas são,
frequentemente, acusados de argumentar em círculos, de cometer uma petição de princípio que compromete a
teoria.
• A principal função de muitos objetos artísticos não é exibir uma forma significante. A função primeira de
muitos dos objetos que estamos dispostos a classificar como arte não é exibir uma configuração formalmente
significante.
• Com o insucesso das teorias essencialistas e com o surgimento e desenvolvimento de novas e surpreendentes
experiências artísticas, a filosofia da arte passa a concentrar a sua atenção em aspetos contextuais.
• As condições necessárias e suficientes da arte não dependem das características internas dos objetos.
• Tentam encontrar fora das obras de arte, nas suas propriedades relacionais, as condições para algo poder ser
classificado como arte, independentemente do seu valor artístico.
• Não importa se a(s) Caixa(s) Brillo, de Warhol, ou O trenó, de Beuys são boa ou má arte. O que é relevante
descobrir é o que faz delas arte.
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• Aos aspetos contextuais e práticas sociais que tornam possível – e, por vezes, mesmo inevitável – que algo
adquira o estatuto de candidato a arte, a teoria institucional chama mundo da arte.
Mundo da arte
• Em 1964, através de uma comunicação intitulada O mundo da arte, o filósofo Arthur Danto (1924-2013) lançou
os fundamentos da teoria institucional da arte, mas é a George Dickie (n. 1926) que devemos a formulação mais
conhecida e discutida desta teoria.
X é uma obra de arte no sentido classificatório se, e só se, X for um artefacto sobre o qual alguém age em
nome de uma determinada instituição (o mundo da arte), conferindo-lhe o estatuto de candidato à
apreciação.
• A teoria institucional fornece um critério classificatório de arte capaz de ultrapassar as limitações das teorias
tradicionais e suficientemente abrangente para não excluir qualquer possível candidatura a obra de arte.
• Teremos nós, finalmente, com esta teoria, estabelecido as condições necessárias e suficientes que nos permitam
definir arte e distingui-la da não arte?
• As noções de «artefacto», «candidato à apreciação» e «mundo da arte» são suficientemente generosas para não
excluir a criatividade ou qualquer forma imaginável de experimentação artística.
• A teoria é, contudo, demasiado inclusiva, correndo o risco de não nos permitir distinguir arte de não arte.
• Por que razão ou conjunto de razões os membros do mundo da arte decidem que um dado artefacto é bom
candidato à apreciação e suscetível de se tornar arte?
• Se a sua decisão se baseou em razões, e é razoável acreditar que sim, a teoria institucional enfrenta dificuldades.
• De facto, a maioria da arte acontece no âmbito de relações sociais. Contudo, podemos imaginar situações em
que não é assim.
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• Teoria desenvolvida por Jerrold Levinson (n. 1948, EUA).
• Pretende ser uma alternativa à teoria institucional e ultrapassar as suas limitações, nomeadamente no que diz
respeito à arte solitária.
X é uma obra de arte se, e só se, X for um objeto acerca do qual alguém, que tem direito à propriedade de X,
tiver a intenção não transitória de que X seja encarado da mesma forma (ou formas) como o foram outros
objetos já abrangidos pelo conceito de obra de arte.
• Esta condição significa que um objeto só será arte se o pudermos correlacionar com outros objetos até agora
classificados – pelo mundo da arte – como arte, isto é, caso vá ao encontro do que a arte foi em algum
momento.
• Tudo o que é arte agora envolve o que a arte foi antes, mas o agora não tem de coincidir, para Levinson, com a
génese da obra.
Titularidade ou propriedade
• O artista não pode “artificar” – transformar em artefactos artísticos – objetos que não lhe pertençam ou em
relação aos quais não esteja devidamente autorizado a agir pelos seus legítimos proprietários.
• Se regredirmos na história da atividade artística, encontraremos um primeiro ser humano e uma primeira obra
de arte. Essa obra original, primeira, não pode ser correlacionada retrospetivamente com qualquer outra obra.
Então, se assim é, como poderão sê-lo todas as outras que se lhe seguiram?
• Muitos artistas, pelo mundo fora, optam hoje por permanecer no anonimato, pintando grafitis na propriedade
de outras pessoas, sem a sua autorização, em vez de pintarem quadros ou murais num estúdio ou num suporte
próprio. Estes artistas não detêm a propriedade física ou intelectual sobre os artefactos que criam e a
transgressão faz parte da natureza da sua atividade. Deve assim uma boa parte da arte urbana deixar de ser
classificada como arte?
• Do mesmo modo que a definição exclui obras que classificamos como arte, como os artefactos dos artistas
urbanos ou de rua, também parece poder incluir qualquer objeto realizado com a intenção não transitória de
reforçar alguma visão da arte com bons precedentes, como uma fotografia ou um vídeo amador publicado numa
rede social.
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• O filósofo Morris Weitz (1916-1981) encontra-se entre os pensadores que defenderam esta perspetiva e que o
conceito de arte é indefinível.
• Weitz afirmou que toda e qualquer tentativa de submeter a arte a uma definição está, forçosamente, condenada
ao fracasso.
• De acordo com Weitz, o conceito de arte é um conceito aberto, que não pode ser encerrado ou fechado numa
definição.
• A natureza expansiva e revolucionária da arte, sempre em mutação, torna logicamente impossível estabelecer
condições necessárias e suficientes. O esforço para encerrar a arte numa definição é, por isso, inútil e absurdo.
Se algo é, como a arte, possibilidade de mudança, expansão e inovação, então
esse algo não pode ser definido.
• As teorias institucional e histórica da arte surgiram, em larga medida, como reação a esta tese de
impossibilidade de definição.
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