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Thomas Kuhn

Destaca o papel que a história da ciência tem na construção da própria


ciência.

Reflete sobre o processo de produção da ciência.

A construção de teorias científicas está


A produção
Ao contrário da tradição positivista, sempre dependente de um conjunto de
científica
Kuhn não vê o cientista como um sujeito factos, de crenças e conhecimentos,
depende de
neutro ou isolado, mas sim regras, técnicas e valores
um paradigma
condicionado e contextualizado. compartilhados e aceites pela maioria
científico.
dos cientistas.

O paradigma funciona como um modelo de referência na descoberta e resolução de


problemas, no interior da comunidade científica.

• Tal como Popper, Kuhn foi um crítico das teorias indutivistas e da sua perspetiva de progresso na ciência, mas
foi-o também de Popper e do falsificacionismo.

• Na perspetiva de Kuhn, as transformou no conhecimento científico ocorrem por meio de situações de confronto
ou de rutura, de batalhas, ou, mais precisamente, por meio de revoluções científicas.

• Uma revolução científica supõe, para Kuhn, o abandono de uma estrutura teórica e prática (a que chama
paradigma), isto é, de um certo modo de ver o mundo e de praticar ciência, que é substituída por uma outra
incompatível e incomparável com ela.

• Para Kuhn existe um corte de paradigmas.

• O paradigma é um conjunto de coisas sobre o qual os cientistas trabalham.

• A forma que cada um observa o mundo interfere na maneira que é feita a ciência/ produz ciência.

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Principais Temas que devemos responder segundo os autores
(Popper e Kuhn)

✓ Questão da demarcação
✓ Questão da objetividade/ verdade
✓ Como conhecer o conhecimento científico?

• Quando abordamos o problema da evolução do conhecimento científico, procuramos saber se as teorias que
defendemos na atualidade estão mais próximas da verdade do que as anteriores, ou seja, investigamos se a
ciência evolui de uma maneira progressiva, se há em ciência progresso cumulativo.

• A refletirmos sobre o problema da objetividade do conhecimento científico questionamos se a mudança na


ciência é guiada por princípios puramente racionais ou se, em contrapartida, na escolha entre teorias rivais
interferem fatores de outra ordem, como, por exemplo, as pressões a que a comunidade científica está sujeita
por parte das autoridades políticas, religiosas ou da sociedade em geral.

• Enquanto o racionalismo crítico de Karl Popper defende que as mudanças em ciência são guiadas por princípios
racionais e representam um progresso efetivo e gradual aproximação á verdade, o historicismo de Thomas Kuhn
defende que a escolha de uma teoria é influenciada por fatores psicológicos, sociológicos, políticos e históricos,
que afetam a racionalidade do processo de mudança e que tornam impossível a comparação entre teorias rivais.

A resposta do racionalismo crítico de Karl Popper


Há progresso em ciência?

• As teorias científicas, diz Popper, permanecem para sempre injustificadas e injustificáveis.

• Somos guiados pela procura de teorias verdadeiras e por isso nos esforçamos tanto por eliminar erros. Contudo,
é apenas isto que está ao nosso alcance: discutir criticamente teorias, na esperança de eliminar erros ede
substituir teorias piores (mais fracas) por teorias melhores (mais fortes).

• A verosimilhança ou proximidade á verdade, á medida que comparamos e substituímos teorias, é o ais longe que
podemos ambicionar. Sabemos que nos aproximamos progressivamente da verdade. Quando e se alcançamos,
não podemos saber.

• O erro é, por isso, para Popper, o motor do progresso na ciência. Se uma teoria ou tentativa de resposta ao
problema não resiste á falsificação, é abandonada é substituída por outra ou modificada.

A ciência é objetiva?

Para Popper, o conhecimento científico, enquanto sistema de enunciados (proposições) que podem ser comparados,
submetidos á discussão crítica e a um método baseado numa forma de inferência valida, é- ainda que agora e
sempre hipotético e conjetural- racional e objetivo.

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Críticas à perspetiva de Popper
• O racionalismo crítico é historicamente incorreto, já que nem sempre descreve com rigor os desenvolvimentos
científicos mais importantes nem se ajusta à realidade da história da ciência.
• O facto de o falsificacionismo sobrevalorizar o papel do erro e desprezar as previsões bem-sucedidas, bem
como o seu papel no desenvolvimento da ciência.

Ciência normal: Fase da atividade científica que ocorre no âmbito de um dado paradigma aceite pela comunidade
científica. Consiste essencialmente na resolução de enigmas (quebra-cabeças) de acordo com a
aplicação dos princípios, regras, conceitos do paradigma vigente.

Anomalias: Enigmas persistentes, factos a que o paradigma não é capaz de responder.

Fase de tomada de consciência da insuficiência do paradigma vigente para explicar todos os factos ou
Crise:
anomalias. Vive-se um clima de insatisfação e insegurança.

Ciência Fase de questionamento dos pressupostos e fundamentos do paradigma vigente. Gera-se o debate sobre
extraordinária: a manutenção do paradigma (velho) ou a escolha de um novo paradigma.

Revolução
científica: Fase de mudança e aceitação de um novo paradigma pela comunidade científica.

Paradigma: conjunto de crenças, regras, técnicas e valores compartilhados e aceites por uma
Novo paradigma:
comunidade científica e que orientam a sua atividade. Corresponde a um modo de fazer ciência,
de perceber, abordar e resolver problemas, que se institui no seio dessa comunidade.

Dois momentos fundamentais de progresso no interior da ciência


Durante o período de ciência normal: O cientista, sem se desviar do paradigma de referência, faz um estudo cada
vez mais específico e aprofundado dos fenómenos. A resolução de novos enigmas significa a possibilidade de validar
novos resultados sem pôr em causa as teorias do paradigma vigente.

No período das revoluções científicas: Nesta altura, ocorrem novas descobertas, que obrigam a mudanças
revolucionárias, porque não se ajustam ao paradigma anterior.
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• Os paradigmas são incomensuráveis, isto é, são incomparáveis e incompatíveis. Não podemos comparar
objetivamente aquilo que cada paradigma defende, pois correspondem a formas totalmente diferentes de
explicar e prever os fenómenos.

Interpretação diferente do progresso da ciência

O progresso científico não pode ser entendido como um processo contínuo e cumulativo de teorias
ou paradigmas cada vez melhores em direção a uma meta ou fim.

Se não podemos afirmar que um paradigma é melhor que o antecessor, também não podemos afirmar que, ao
ocorrer uma mudança de paradigma, há uma evolução da ciência para melhor: não podemos dizer que o novo
paradigma descreve melhor a realidade que o antecessor.

A ciência não progride de forma cumulativa e As mudanças de paradigmas não implicam a


contínua. aproximação à verdade.

Recusa da ideia de que a ciência é o único meio Recusa da visão teleológica da evolução da
para alcançar a verdade (cientifismo Ingénuo). ciência: a verdade não é a meta para a qual ela
se orienta.

A escolha de um novo paradigma é marcada por fatores de ordem histórica, sociológica e psicológica

Quando a comunidade científica tem de escolher entre dois


paradigmas rivais, gera-se o debate.

A atividade do cientista não se reduz à resolução de enigmas, ao recurso à


lógica e à experimentação, mas está dependente da argumentação.

Na obra A Tensão Essencial, Kuhn define os critérios a partir dos quais, regra geral, os
cientistas escolhem determinadas teorias e abandonam outras.

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A escolha entre teorias rivais obedece a critérios objetivos e subjetivos

Objetivos Subjetivos

São individuais, dependentes de


São partilhados por toda a
fatores subjetivos, relativos ao que
comunidade científica, sendo
individualmente cada cientista sente e
dependentes de fatores objetivos,
pensa – de acordo com a sua história
isto é, princípios, regras e até valores
de vida e a sua personalidade – em
comummente adotados.
relação à teoria que elege.

Princípios ou critérios objetivos de escolha das teorias

• Exatidão;
• Consciência;
• Alcance;
• Simplicidade;
• Fecundidade;

Críticas à conceção kuhniana de ciência

Incomensurabilidade dos Adoção de um novo paradigma


paradigmas

O critério para justificar a adoção de um


novo paradigma é considerado «irracional»
O facto de os paradigmas serem
incomensuráveis implica a impossibilidade de os por alguns autores.
comparar e avaliar objetivamente.

A adesão a um novo paradigma ocorre por


Cada paradigma representa um modo totalmente conversão (quase religiosa) de
diferente de encarar os problemas e propor
todos os cientistas – como se se tratasse de
soluções, não havendo hipótese de partilha,
uma questão de fé – ao novo paradigma.
cooperação ou diálogo entre eles…

Este processo traduz a ideia de que a atividade


Assim, alguns críticos acusam Kuhn de ser relativista. científica é irracional (o que põe em causa o valor da
ciência).

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Respostas de Popper e Kuhn ao problema da objetividade

Popper Kuhn

O cientista é um sujeito ativo, criativo e crítico, Destaca o papel que os cientistas, inseridos na
mas comprometido com ideias, valores e comunidade científica, partilhando valores e
princípios que funcionam como um quadro crenças, têm sobre a construção do
teórico de referência. conhecimento.

Mas as teorias científicas, sendo corroboradas, A ciência e o conhecimento que dela resulta só
correspondem a uma leitura objetiva da podem ser compreendidos em função do
realidade. paradigma que orienta a atividade científica.

Uma teoria objetiva propõe uma explicação dos Rejeita o critério falsificacionista. O cientista não
fenómenos que pode ser confrontada com a põe em causa o paradigma, a não ser num período
experiência, sendo falsificável e testável de crise, se se esgotarem todas as possibilidades de
universalmente. o paradigma responder a anomalias persistentes.

Tanto Popper como Kuhn compreendem que a ciência não é o tipo de conhecimento absolutamente certo e
indubitável. Segundo Popper, a ciência evolui progressivamente em direção à verdade, através da eliminação de
erros ou da refutação de teorias; para Kuhn, ela evolui dentro de cada paradigma e também nas mudanças de
paradigma. No entanto, não podemos dizer que se aproxima da verdade.

Será a ciência objetiva?

Popper Kuhn
Kuhn
Sim.
Não.
Popper defende que o processo científico é
linear, cumulativo, convergente. Kuhn defende que o processo científico pode
ser conduzido pela:

O processo científico é motivado pela ideia Ciência normal, define-se pela Ciência revolucionária, deteta
de verdade objetiva (uma teoria é relação com paradigmas, têm no anterior paradigma
verdadeira apenas no caso de corresponder recursos para solucionar anomalias que levam a uma
aos factos). enigmas que conduzem a um mudança de paradigma
refinamento da ciência. envolve uma redefinição de
conceitos.
Qualquer teoria deve ser sujeita a testes
experimentais: se for refutada, a teoria revela-se
errada, se resistir a teoria está mais corroborada.
Não existe uma aproximação à verdade
Existe uma aproximação gradual à
objetiva, mas uma melhoria do
verdade objetiva. 6 ajustamento da prática científica

a problemas cada vez mais específicos.


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