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O nascimento de uma nova ordem internacional

A Segunda Guerra Mundial alterou de forma profunda o equilíbrio de forças nas suas relações internacionais. Antigas
potências, como a Alemanha e o Japão, saíram do conflito vencidas e humilhadas. Outras, como o Reino Unido e a
França, embora vitoriosas, viram-se empobrecidas e dependentes da ajuda externa.

No quadro da ruína e desolação provocado pelo conflito, duas potências se agigantavam: os Estados Unidos, e a
União Soviética.

As conferências interaliadas

As potências que lutavam contra os exércitos do Eixo tinham razão para estar confiantes. Contavam, agora, com dois
importantes aliados: a URSS, que a invasão nazi trouxera para a cena de guerra; e os Estados Unidos, envolvidos no
conflito pelo recente ataque japonês a Pearl Harbor.

Esta nova relação de forças desencadeou uma série de conferência interaliadas, com o fim de delinear estratégias de
guerra e de estabelecer os princípios que deveriam portear a paz. Com França ocupada, estas conferências foram
protagonizadas pelos “Três Grandes”: os EUA, a União Soviética e o Reino Unido.

As conferências de Ialta e Potsdam

Em fevereiro de 1945, com o aproximar de uma vitória certa, o presidente americano, Franklin Roosevel, e o
primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, reuniram-se com Estaline, a fim de definir, com pormenor, diretrizes
para o tempo de paz. Alcançando na conferência de Ialta um acordo sobre algumas questões importantes:

• Definiu-se a fronteira entre a Polónia e a União Soviética, até então ponto de discórdia entre os Ocidentais
e os Soviéticos.

• Estabeleceu-se a divisão provisória da Alemanha em quatro áreas de ocupação, geridas pelas três
potências conferencistas e pela França, sob coordenação de uma Conselho Aliado.

• Decidiu-se a reunião, num futuro próximo, da conferência preparatória da ONU.

• Estipulou-se o supervisionamento dos “três grandes” na futura constituição dos Governos dos países de
Leste, com base no respeito pela vontade política das populações.

• Estabeleceu-se a quantia de 20 mil milhões de dólares, proposta por Estaline, como base das reparações de
guerra a pagar pela Alemanha.

Além das decisões que, na Conferência, expressa e publicamente se tomaram, parece possível que, sem estar
estabelecido, se tenha também estabelecido um acordo quanto às zonas de influência dos regimes capitalistas e
comunistas.

Alguns meses mais tarde, em finais de julho, reuniu-se em Potsdam, uma nova conferência com fim de consolidar os
alicerces da paz. Vencida a Alemanha, renasciam as desconfianças face ao regime comunista, que Estaline
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representava, e às suas pretensões expansionistas na Europa. Assim, a conferência limitou-se a pormenorizar os
aspetos já acordados em Ialta:

• A perda provisória de soberania da Alemanha e a sua divisão em quatro áreas de ocupação.

• A administração conjunta da cidade de Berlim, igualmente dividida em quatro setres de ocupação.

• O montante e o tipo de indemnizações a pagar pela Alemanha.

• O julgamento dos criminosos de guerra nazis por um tribunal internacional.

• A divisão, ocupação e danazificação da Áustria.

A organização das nações unidas

A ideia de uma organização internacional que velasse pela paz e pela segurança resistiu ao fracasso da Sociedade das
Nações. Nas cimeiras da “Grande Aliança”, Roosevelt lutou pela criação de um novo organismo, mais consistente,
que ele próprio batizou com o nome de Organização das Nações Unidas (ONU).

A nova organização nasceu oficialmente na Conferência de São Francisco, em abril de 1945. Segundo a carta
fundadora, as Nações Unidas têm como propósitos principais:

• Manter a paz e reprimir os atos de agressão, utilizando, tanto quanto possível, meios pacíficos, de acordo
com os princípios da justiça e do direito internacional.

• Desenvolver relações de amizade entre países do mundo asseadas na igualdade entre povos e no seu
direito à autodeterminação. (A autodeterminação dos povos é o princípio que garante a todo o povo de um
país o direito de se autogovernar, realizar suas escolhas sem intervenção externa, exercendo
soberanamente o direito de determinar o próprio estatuto político)

• Desenvolver a cooperação internacional no âmbito económico, social e cultural, e promover a defesa dos
Direitos Humanos.

• Funcionar como centro harmonizador das ações toadas para alcançar estes propósitos.

Sob o impacto do Holocausto e disposta a impedir, no futuro, as atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra
Mundial, a ONU tomou uma feição profundamente humanista que foi reforçada pela aprovação, em 1948, da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, que passou a integrar os documentos da Nações Unidas.

A ONU teve como países fundadores a China, os EUA, ex- União Soviética, França e Reino Unido.

A Carta das Nações Unidas definiu também os órgãos básicos de funcionamento da instituição:

• A Assembleia Geral (órgãos legislativos), no qual têm assento todos os Estados-membros, em pé de


igualdade. Funciona como um verdadeiro parlamento mundial e pode colocar na sua agenda todo o tipo de
questões.

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• O conselho de Segurança (órgão judicial), diretamente responsável pela manutenção da paz. É composto
por 15 membros, cinco dos quais permanentes: os EUA, a Rússia (primeiro URRS, hoje a federação Russa), o
Reino Unido, a China e a França. Estes “cinco grandes” têm direito de veto, pelo que qualquer um deles pode
inviabilizar uma tomada de decisão. Os restantes são eleitos por dois anos.

• O Secretariado-Geral (órgão executivo), à frente do qual se encontra o secretário-geral, eleito pela


Assembleia, por proposta do Conselho de Segurança. Coordenada toda a instituição e presta os seus “bons
serviços” diplomáticos nas questões mais delicadas. O secretário-geral representa a ONU e, com ela, todos
os povos do mundo (eleito por 5 anos)

• O Concelho Económico e Social, encarregado de promover a cooperação a nível económico, social e cultural.
Pelos muitos organismos que dele dependem é um dos órgãos mais importantes e ativos da ONU. São
eleitos 54 membros durante 3 anos.

• O Tribunal Internacional de Justiça, com sede em Haia. Resolve, à luz do direito internacional, os litígios
entre os Estados. 15 juízes eleitos por 9 anos.

• O Concelho de Tutela, ao qual foi atribuída a administração dos territórios eu se encontravam à guarda da
extinta SDN. Em 1994, com a independência do Palau, consideram-se cumpridos os objetivos deste órgão,
pelo que cessou o seu funcionamento permanente

A emergência de um mundo bipolar

A expansão do comunismo na Europa

• Além de consideráveis ganhos territoriais, a guerra dera à União Soviética um enorme protagonismo
internacional.

• Dentro da Europa, o papel da União Soviética adivinhava-se determinante. No último ano do conflito, na sua
marcha vitoriosa até Berlim, coubera ao Exército Vermelho a libertação dos países da Europa Oriental. NA
Polónia, na Checoslováquia, na Hungria, na Roménia e na Bulgária, os soldados russos tinham substituído os
ocupantes nazis.

• A URSS detinha, assim, uma clara vantagem estratégica no Leste Europeu. Embora os acordos de lalta previssem
o respeito pela vontade dos povos, expressa em eleições livres supervisionadas ela três potencias, na prática
tornava-se impossível contrariar a hegemonia soviética, que não tardou a impor-se: entre 1946 e 1948, todos os
países libertados pelo Exército Vermelho se tornaram estados socialistas.

• A extensão do comunismo no Leste europeu, foi, de imediato contestada pelos ocidentais. Churchill denuncia
publicamente a criação de uma área de influência impenetrável, isolada do Ocidente por uma “cortina de ferro”.

Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo passou por um processo de reestruturação que levou à formação de um
sistema internacional bipolar, dominado por duas superpotências: os Estados Unidos e a União Soviética. Esse

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período ficou conhecido como a Guerra Fria, que se estendeu aproximadamente de 1947 até 1991. Entre os
principais eventos e características desse processo de estruturação verificamos:

Conferências de Paz:

• Conferência de Ialta: Líderes das potências aliadas (Estados Unidos, União Soviética e Reino Unido) reuniram-se
para discutir o pós-guerra e a divisão da Alemanha e da Europa.
• Conferência de Potsdam: Outra reunião entre os líderes aliados, realizada para finalizar os detalhes da ocupação
da Alemanha e definir as fronteiras dos países europeus.

Divisão Alemanha e Berlim:

A Alemanha foi dividida em quatro zonas de ocupação controladas pelos Estados Unidos, União Soviética, Reino
Unido e França.

Berlim, localizada no setor soviético, também foi dividida em quatro zonas.

Plano Marshall (1947)

Iniciativa econômica dos Estados Unidos para ajudar na reconstrução da Europa Ocidental, visando conter a
expansão do comunismo.

Contribuiu para a criação de um bloco pró-Ocidente e aumentou a influência dos EUA na região.

Doutrina de Truman (1947)

Política externa dos Estados Unidos para conter a expansão do comunismo, fornecendo assistência militar e
econômica a países ameaçados pela influência soviética.

Formação a OTAN (1949)

A Organização do Tratado do Atlântico Norte foi criada como uma aliança militar entre os países do bloco ocidental,
liderada pelos Estados Unidos, para se proteger contra uma possível agressão soviética.

Criação da COMECON (1949)

Resposta soviética à formação da OTAN, o Conselho de Assistência Econômica Mútua (Comecon) foi estabelecido
para coordenar a cooperação econômica entre os países socialistas.

Guerra da Coreia (1959-1953)

Conflito que refletiu a rivalidade entre as superpotências, com a Coreia do Norte, apoiada pela União Soviética e pela
China, enfrentando a Coreia do Sul, apoiada pelos Estados Unidos e pela ONU.

Corrida Armamentista espacial

Ambas as superpotências buscaram desenvolver armas nucleares e tecnologia espacial para demonstrar poder e
influência.

Crise dos misseis cubanos (1962)

Um dos momentos mais tensos da Guerra Fria, quando os Estados Unidos e a União Soviética ficaram à beira de um
conflito nuclear devido à instalação de mísseis nucleares soviéticos em Cuba.

Esses eventos marcantes contribuíram para a consolidação do mundo bipolar, onde os Estados Unidos liderava o
bloco ocidental, enquanto a União Soviética liderava o bloco oriental, e ambos competiam pela influência global.
Este equilíbrio de poder caracterizou as relações internacionais até o colapso da União Soviética em 1991, marcando
o fim da Guerra Fria.

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• A extensão da influência soviética na Europa parecia, aos ocidentais, inaceitável. O seu dinamismo constituía
uma ameaça ao modelo capitalista e liberal, ameaça essa que era preciso conter.

• Um ano passado sobre a alerta de Churchill, os Estados Undos assumem, frontalmente, a liderança da oposição
aos avanços do socialismo.

• Num discurso histórico, o presidente Truman expõe a sua visão de um mundo dividido em dois sistemas
antagónicos: um baseado na liberdade; o outro na opressão.

• Aos americanos competiria, perante o enfraquecimento da Europa, liderar o mundo livre e auxiliá-lo na
contenção do comunismo- é a célebre doutrina de Truman.

• Além de formalizar a divisão do mundo em duas forças opostas, a doutrina Truman deixava também clara a
necessidade de ajudar a Europa a reerguer-se economicamente. As perdas humanas e materiais tinham sido
pesadíssimas e as ajudas e emergência, prestadas pelos Estados Unidos nos primeiros dois anos do pós-guerra,
só tinham acudido às necessidades mais urgentes. O rigoroso inverno agravara ainda mais as situações de
miséria.

• É neste contexto que o secretário de Estado americano George Marshall anuncia um gigantesco plano de ajuda
económica à Europa. Conhecido como Plano Marshall, este auxílio foi acolhido com entusiasmo pela
generalidade dos países europeus, que, assim, viram reforçados os laços que os uniam aos EUA.

• O Plano Marshall foi formalmente oferecido a toda a Europa, incluindo os países que se encontravam já sob
influência soviética, mas depois de breves negociações, Moscovo classifica a ajuda americana de “manobra
imperialista” e impede os países sob sua influência de a aceitarem.

• Alguns meses passados sobre a Doutrina Truman e o anúncio do Plano Marshall, os soviéticos formalizam, por
sua vez, a rutura entre as duas potências.

• Andrei Jdanov fala de um mundo dividido em dois sistemas contrários: um, imperialista e antidemocrático, é
liderado pelos Estados Unidos; o outro, em que reina a democracia e a fraternidade entre os povos,
correspondente ao mundo socialista.

• Em janeiro de 1949, Moscovo “responde” também ao plano de Marsahll, lançando o Plano Molotov, que
estabelece estruturas de cooperação económica da Europa Oriental. Foi no âmbito deste plano que se criou o
COMECON (Conselho de Assistência Económica Mútua), instituição destinada a promover o desenvolvimento
integrado dos países comunistas, sob a égide da União Soviética.

• Deste modo, a divisão do mundo em dois blocos antagónicos consolidou-se, tal como se consolidou a liderança
das duas superpotências:

Bloco Ocidental Bloco Oriental/ de Leste

• Liderado pelos EUA (Democracia • Liderado pela União Soviética


liberal) (Socialismo)
• Modelo económico: Capitalismo • Modelo económico: Comunismo
• Aliança Militar: NATO • Aliança Militar: Pacto de Varsóvia
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A Guerra Fria
A consolidação de um mundo bipolar

A questão alemã

• O clima de desentendimento e hostilidade entre os Antigos Aliados refletiu-se de imediato na gestão conjunta
do território alemão, dividido e ocupado elas quatro potências vencedoras.

• A expansão do comunismo no primeiro ano da paz fez com que ingleses e americanos olhassem a Alemanha,
não já como o inimigo vencido, mas como um aliado imprescindível à contenção do avanço soviético.

• O renascimento alemão tornou-se uma prioridade para os americanos, que intensificaram os esforços para a
criação de uma república federal, constituída pelos territórios sob ocupação das três potências ocidentais.

• A união soviética protestou vivamente contra aquilo que considerava uma clara violação dos acordos
estabelecidos, mas, perante a marcha dos acontecimentos, acabou por desenvolver uma atuação semelhante na
sua própria zona.

• Este processo de divisão trouxe o centro da discórdia a situação de Berlim, já na capital, situada no coração da
área soviética, continuavam estacionadas as forças militares das três potências ocidentais.
Numa tentativa de forçar a retirada dessas forças, Estaline bloqueia aos três aliados todos os acessos terrestres à
cidade.

• Depois de alguns dias de intenso dramatismo, o presidente Truman decide abastecer a cidade através de uma
gigantesca ponte aérea.

• A situação de bloqueio durou praticamente um ano, findo o qual os Soviéticos aceitaram restabelecer as ligações
terrestres aos setores ocidentais da cidade. Foi um primeiro medir de forças entre as dua superpotências,
desmoronando por inteiro os acordos estabelecidos em Potsdam.

• Em 1949, quando se respirava de alívio pelo fim do bloqueio, o mundo via nascer dois Estados alemães
separados e rivais: a República Federal Alemã (RFA), afeta aos ocidentais, e a República Democrática Alemã
(RDA), que integrou o mundo comunista.

• Berlim permaneceu sempre no centro de discórdia. Em 1961, uma nova crise conduziu à construção do célebre
muro, que se tornou o símbolo da divisão do mundo em dois blocos antagónicos.

O bloco americano

• Uma vez enunciada a doutrina Truman, os Estados Unidos emprenharam-se por todos os meios na contenção do
comunismo. O Plano de Marshall foi o primeiro grande passo nesse sentido, uma vez que não só permitiu a
reconstrução da economia europeia em moldes capitalistas, como estreitou os laços entre a Europa Ocidental
e os seus “benfeitores” americanos.

• Em termos político-militares, a aliança entre os ocidentais não tardou também a oficializar-se. A tensão
provocada pelo Bloqueio de Berlim acelerou as negociações que conduziram, em 1949, ao Tratado do Atlântico
Norte, firmado entre os EUA, o Canadá e dez nações europeias.

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• A operacionalização deste tratado deu origem à Organização do Tratado do Atlântico Norte- OTAN (ou NATO,
sigla inglesa), talvez a mais importante organização militar do pós-guerra, que se tornou símbolo do bloco
ocidental.

• Os seus membros fundadores consideram-se ligados por uma “herança civilizacional comum”, cuja preservação
exige o desenvolvimento da “capacidade individual ou coletiva de resistir a um ataque armado”. A aliança
apresenta-se, assim, como uma organização puramente defensiva, empenhada em resistir a um inimigo que,
embora não se nomeie, está omnipresente: a União Soviética e tudo o que, para o mundo ocidental, ela
representa

O bloco soviético

• Quando o segundo conflito mundial terminou, existiam no mundo apenas dois países comunistas: a URSS e a
Mongólia. Mais tarde, entre a década de 40 a 70, estende-se pelo mundo.

• Tanto pelo seu poderio como pelo papel pioneiro na implantação do comunismo, a URSS assumiu a liderança
deste novo mundo.

• Após uma série de acordos bilaterais, a URSS e os seus países-satélite do Leste Europeu assinaram, o Pacto de
Varsóvia, aliança que previa a resposta conjunta a qualquer eventual agressão. O Pacto de Varsóvia constituiu
uma organização militar diametralmente oposta à NATO, simbolizando o antagonismo militar entre as duas
superpotências.

• Na Ásia, a ocupação da coreia pelos exércitos soviético e americano, no fim da Segunda Guerra Mundial,
conduziu à divisão do país em dois Estados: a norte, a República Popular da Coreia, comunista; a sul, a República
Democrática da Coreia, apoiada pelos Estados Unidos.

• Nas décadas de 60 e 70, a influência soviética penetrou na América Latina, onde Cuba se tornou um baluarte
comunista, e consolidou-se em África, através de países como Angola e Moçambique, que, na sequência da
descolonização portuguesa, implantaram regimes socialistas.

A Guerra Fria

O afrontamento entre as duas superpotências e os seus aliados prolongou-se até meados dos anos 80. Durante este
longo período, os EUA e a URSS intimidaram-se mutuamente, gerando um clima de hostilidade insegurança que
deixou o mundo num permanente sobressalto. É este clima de tensão internacional que dignamos por Guerra Fria.

A Guerra Fria configurou um tipo de conflito completamente novo e lutou-se de múltiplas formas. Destacamos:

• a constituição de blocos e áreas de influência. Como já vimos, cada uma das superpotências procurava
ampliar o número dos seus aliados, impedindo que outras nações alinhassem com o lado contrário. Com
este objetivo, tanto os EUA e a URSS alimentaram numerosos conflitos, apoiando o lado que lhes era
afeto.

• a instilação de sentimentos de medo e ódio ao lado contrário, através de uma máquina de propaganda
gigantesca. Esta verdadeira diabolização do outro foi uma das características mais sentidas pelo cidadão
comum;

• o reforço da atuação dos serviços secretos e a constituição de redes espionagem mútua.

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• uma corrida ao armamento de proporções gigantescas, que incutiu nas populações o terror de uma
guerra nuclear e colocou o mundo à beira da destruição mundial;

• a demostração, junto da opinião pública mundial, da superioridade do respetivo regime, de forma a


ganhar a admiração das populações.

• Além dos esforços postos na constituição de alianças internacionais, os dois blocos procuraram apetrechar-se
para uma eventual guerra, investindo grandes somas na conceção e fabrico de armamento cada vez mais
sofisticado.

• Nos primeiros anos do pós-guerra, os Estados Unidos sentiam-se protegidos por uma evidente superioridade
técnica. Só eles tinham o segredo da bomba atómica, que consideravam a sua melhor defesa.

• Mais tarde quando os russos fizeram explodir a sua primeira bomba atómica, a confiança do Ocidente
desmoronou-se.

• De imediato, os cientistas americanos incrementaram as pesquisas de uma arma ainda mais destrutiva: a
primeira bomba de hidrogénio- a bomba H-com uma potência mil vezes superior à bomba de Hiroxima.

• A corrida ao armamento tinha começado. No ano seguinte, os russos possuíam também a bomba de hidrogénio
e o ciclo reiniciou-se, levando as duas superpotências à produção maciça de armamento nuclear.

• O mundo viu também multiplicarem-se as armas ditas “convencionais”. Nos três anos em que se travou a Guerra
da Coreia, o orçamento dos Estados Unidos para a defesa mais que triplicou, tal como triplicaram, também, as
suas forças terrestres. O investimento ocidental nas armas convencionais desencadeou, como era de esperar,
uma igual estratégia por parte da URSS.

• O poder de destruição das novas armas introduziu na política mundial uma característica nova: a dissuasão.
Cada um dos blocos procurava persuadir o outro de que usaria, sem hesitar, o seu potencial atómico em caso de
violação das respetivas áreas de influência. Advertências, ameaças, movimentações de tropas e material de
guerra faziam parte desta estratégia dissuasora.

• Um dos momentos mais tensos desta escalada viveu-se em 1962, quando aviões americanos obtiveram provas
fotográficas da instalação, em Cuba, de mísseis russos de médio alcance, capazes de atingir o território
americano.

• A exigência firme de retirada de mísseis feita pelo presidente Kennedy coloca o mundo perante a iminência de
uma guerra nuclear entre as duas superpotências.

• Felizmente, a crise acaba por se resolver com cedências mútuas: Kruschev aceita retirar os mísseis, enquanto os
Estados Unidos se comprometem a não tentar derrubar o regime comunista cubano, bem como retirar os
mísseis americanos estacionados na Turquia.

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O início da era espacial

• A rivalidade entre as duas superpotências manifestou-se também na conquista do Espaço.

• Surpreendendo o mundo, a URSS colocou-se à cabeça da corrida espacial quando, conseguiu colocar em órbita o
primeiro satélite artificial da História, o Sputnik. No mês seguinte, lançou o Sputnik 2, levando abordo a cadela
Laika, que se tornou o primeiro viajante espacial.

• Face os estes sucessos, a consternação dos americanos, que até aí tinham considerado a URSS tecnologicamente
inferior, foi grande.

• Na ânsia de igualarem a proeza russa, anteciparam o lançamento do seu próprio satélite, mas a experiência foi
um fiasco. Só mais tarde, com o lançamento do Explorer 1, a América efetivaria sua entrada na corrida espacial.

• Nos anos que se seguiram, a aventura espacial alimentou o orgulho nacional das duas nações. Nos primeiros
tempos, os Soviéticos mantiveram a liderança e, fizeram de Yuri Gagarin o primeiro ser humano a viajar na órbita
terrestre.

• No entanto, no fim da década de 60, coube aos americanos Neil Armstrong e Edwin Aldrin o feito de serem os
primeiros homens a pisar na lua.

O mundo capitalista

A derrotas dos regimes totalitários na Segunda Guerra Mundial reforçou os ideias democráticos, que se tornaram a
bandeira dos Estados Unidos e dos seus aliados.

As democracias liberais fundam-se na separação dos poderes de forma a evitar governos ditatoriais e totalitários,
no pluralismo político- existência de vários partidos- e na livre escolha dos governantes pelo povo, através de atos
eleitorais periódicos. Em termos económicos, defendem a propriedade privada e livre iniciativa como meios de
progresso e riqueza.

A política económica e social das democracias ocidentais

• No fim da guerra, o conceito de democracia adquiriu uma maior abrangência: considerou-se que, além de
garantir as liberdades individuais, o regime democrático deveria assegurar o bem-estar dos cidadãos e a justiça
social.

• Nesta altura, sobressaíram no panorama político europeu as forças da social-democracia e da democracia cristã.
Ambas tinham lutado contra o nazismo e ambas representavam uma alternativa credível aos velhos partidos
liberais.

• Embora de quadrantes muito diferentes, partilhavam as mesmas preocupações sociais e advogam um Estado
interventivo, capaz de liderar a necessária reconstrução económica. Estavam, assim, criadas as condições para
reformas económicas e sociais profundas.

• Ainda sem abdicar dos princípios da propriedade privada e da livre iniciativa empresarial, os Governos lançam-se
num vasto programa de nacionalizações. O estado torna-se por esta via, o principal agente económico do país, o
que lhe permite exercer a sua função reguladora da economia, garantir o emprego e definir a política salarial.

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• Um tal conjunto de medidas modificou, de forma profunda, a conceção liberal de Estado, dando origem ao
Estado-providência, que, desde então marcou fortemente a vida das democracias ocidentais.

Estado providência: conjunto de intervenções do Estado que visam garantir um mínimo de bem-estar ao conjunto
da população.

O tempo da descolonização

O rápido desmoronamento do domínio europeu no mundo ficou a dever-se, em grande parte, ao impacto exercido
pela Segunda Guerra Mundial. A guerra, que exigiu também pesados sacrifícios às colónias, “acordou” os povos para
a injustiça da dominação estrangeira.

Despois da Guerra a ideia de liberdade permaneceu nas colónias devido:

• Tomada de consciência para a injustiça da dominação estrangeira após a luta pela liberdade contra as forças
do eixo;

• Fragilidade da Europa incapaz de suster as aspirações independentistas na Ásia e na África


(destruição/reconstrução);

• Pressão das duas superpotências, que apoiam os esforços de libertação dos povos colonizados:
-EUA: interesses económicos prejudicados pelo colonialismo;
-URSS: a ideologia marxista defende a revolta dos oprimidos pelos interesses capitalistas e aproveita a
oportunidade para alargar a sua influência.

• Pressão da ONU, fundada sob o signo da igualdade entre todos os povos do mundo, pressiona os colonizadores a
cumprirem o estabelecido na Carta da Nações Unidas e as sucessivas resoluções que condenavam o
colonialismo.

A descolonização da Ásia

• O processo de descolonização pós-Segunda Guerra Mundial inicia-se no continente asiático, na década de 40 a


60.

• No Médio Oriente, concluindo um processo já em curso, tornam-se independentes a Síria, o Líbano, a Jordânia e
a Palestina, onde, em 1948, nasce, num clima de guerra, o Estado de Israel.

• Na Índia, a “joia da Coroa” do Império Britânico, a vontade de independência era já antiga e várias tinham sido
as revoltas contra o domínio estrangeiro. Porém, o impulso final será dado por Mohandas Gandhi que, à frente
do Partido do Congresso, conduz a luta nacionalista.

• Na descolonização da Índia existem dois grandes momentos:


-formação do partido do congresso
-a marcha de Sal

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• Incapazes de suster a onde de contestação desencadeada pelas campanhas não-violentas organizadas por
Gandhi, os Britânicas reconhecem a independência do território, que se divide em dois estados: a União Indiana,
maioritariamente hindu, e o Paquistão, de maioria muçulmana, em 1947.

• Outros territórios do Império do Oriente, como o Ceilão, a Birmânia e a Malásia, reclamam igualmente a sua
independência. Com exceção da Malásia, cuja excelente posição estratégia dificulta a cedência britânica, os
Ingleses aceita, que é chegado o momento da descolonização.

• Também Holandeses e Franceses são forçados a abrir mão das suas colónias.

• Em 1945, o dirigente nacionalista Sukarno proclama a República da Indonésia. Pouco dispostos a abdicar dos
territórios, os Holandeses recorrem à força das armas, mas, pressionados pela ONU, acabam por reconhecer, em
1949, a independência do novo país.

• Mais longo e sangrento se revela o processo de descolonização da Indochina, onde a ocupação japonesa
fomentara fortes sentimentos antifranceses.

• Quando, em 1945, a França retoma a soberania sobre o território, defronta-se com uma poderosa oposição,
encabeçada pelo líder comunista Ho Chi Minh. Após nove nos sangrentos combates, os Franceses retiraram-se
do território, reconhecendo o nascimento de três novas nações: o Vietname (provisoriamente dividido entre o
Norte e o Sul), o Laos e o Camboja.

• Irradiando da Ásia, a descolonização estender-se-á, na década de 60, por todo o continente africano.

A descolonização africana

• A descolonização africana inicia-se nas regiões arabizadas do Norte, que, a partir de 1945, contestam vivamente
o domínio europeu.

• A Líbia, colocada sob a tutela da ONU, obtém a independência logo em 1951 e, cinco anos mais tarde, a França
vê-se forçada a retirar de Marrocos e da Tunísia.

• Só a Argélia, onde habita 1 milhão de colonos franceses, mergulha numa longa guerra e tem de esperar até 1962
para ver reconhecido o seu direito à independência.

• Partindo do Norte, as reivindicações independentistas estendem-se rapidamente à Africa Negra, onde se


organizam também movimentos nacionalistas que encabeçam a luta contra o Estado colonizador.

• Frequentemente, estes movimentos têm dificuldade em promover a coesão e a participação das populações,
divididas por uma multiplicidade de etnias, que os interesses do colonialismo não respeitaram. Com o fim de
criarem um sentimento de identidade nacional, os líderes nacionalistas promovem a revalorização das raízes
ancestrais do seu povo, a sua cultura comum, mostrando que ela é tão válida como a civilização dos europeus
colonizadores.

• Muitos destes líderes foram educados nas metrópoles, onde assimilaram valores de liberdade e justiça social. A
luta pela independência assumiu, assim, uma dupla vertente de uma luta política e de uma luta contra a pobreza
e o atraso económico, vistos como consequência direta da exploração colonial. Foi, em parte, por esta razão que
muitos movimentos de libertação se deixaram seduzir pela mensagem igualitária do socialismo.

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• O processo independentista cotou com apoio da ONU, que se colocou inequivocamente ao lado dos povos
dominados.

• Em 1960, a Assembleia-Geral aprovou a Resolução 1514, que consagra o direito de autodeterminação dos
territórios sob administração estrangeira e condena qualquer ação armada das metrópoles, no sentido de a
impedir.

A descolonização asiática e africana trouxe consigo uma série de desafios e oportunidades para os novos países
independentes. Aqui estão algumas das vantagens obtidas e das dificuldades enfrentadas por esses países:

Vantagens Obtidas:

• Autodeterminação: Os novos países ganharam a capacidade de determinar seus próprios destinos políticos,
econômicos e sociais, rompendo com o domínio colonial.

• Identidade Nacional: A independência permitiu o desenvolvimento de uma identidade nacional única,


promovendo um senso de unidade e pertencimento entre os cidadãos.

• Recursos Naturais: Muitos países recém-independentes eram ricos em recursos naturais. O controle desses
recursos possibilitou o desenvolvimento econômico e a busca pela autossuficiência.

• Participação nas Organizações Internacionais: A independência permitiu que esses países participassem
ativamente de organizações internacionais, promovendo a cooperação global e representação internacional.

• Educação e Desenvolvimento Social: Em alguns casos, a descolonização levou a melhorias na educação e no


desenvolvimento social, com esforços para combater o analfabetismo e melhorar os padrões de vida.

Dificuldades Enfrentadas:

• Fronteiras Arbitrárias: Muitos dos novos países foram deixados com fronteiras arbitrárias que não levavam em
consideração as etnias, culturas e grupos étnicos existentes. Isso levou a conflitos étnicos e rivalidades.

• Herança Colonial: Os países muitas vezes herdaram estruturas econômicas e políticas moldadas pelos
colonizadores, resultando em desigualdades e desequilíbrios internos.

• Instabilidade Política: A transição para a independência frequentemente foi marcada por instabilidade política,
com lutas pelo poder, golpes de Estado e conflitos internos.

• Dependência Econômica: Alguns países se tornaram dependentes de setores específicos da economia, como a
exportação de matérias-primas, tornando-os vulneráveis a flutuações nos mercados internacionais.

• Pobreza e Desigualdade: Muitos países enfrentaram desafios persistentes de pobreza e desigualdade, com a
riqueza muitas vezes concentrada em elites políticas e econômicas.

• Corrupção: A corrupção frequentemente se tornou uma questão significativa, prejudicando o desenvolvimento e


a governança eficaz.

• Intervenção Externa: Alguns países enfrentaram interferência externa, seja por potências coloniais antigas ou
por influências globais, afetando sua soberania e estabilidade.

Em resumo, embora a descolonização tenha proporcionado a muitos países a oportunidade de moldar seu próprio
futuro, os desafios inerentes à transição para a independência continuam a impactar essas nações até hoje.
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