A 2.a Guerra Mundial provocou perdas humanas e materiais
avassaladoras. De facto, a guerra provocou 70 milhões de mortos e um elevado número de deficientes físicos e psicológicos. Casas, fábricas, pontes, estradas e caminhos de ferro foram destruídos, deixando irreconhecíveis cidades inteiras. As atrocidades cometidas pelos blocos em confronto deixaram marcas permanentes. Os nazis instalaram mais de seis dezenas de campos de concentração para onde enviaram todos os que consideravam uma ameaça à pureza da raça germânica. O racismo nazi foi responsável pela tentativa de genocódio do povo judaico e de outras etnias, ou seja, o extermínio sistemático de um grupo de pessoas com uma mesma origem étnica ou religião. Durante o holocausto morreram seis milhões de judeus, dos quais um milhão eram crianças, nas câmaras de gás, de fome e de doença. As tropas imperiais japonesas também foram responsáveis pela morte de milhões de filipinos, malaios, indonésios, cambojanos e chineses e pelo saque, exploração e violação dos direitos das populações civis. Os EUA destruíram totalmente as cidades japonesas de Hiroxima e Nagasáqui, onde foram lançadas as bombas atómicas, provocando a morte de cerca de 500 mil pessoas e tiveram graves efeitos de radiação na saúde das populações das zonas atingidas, facto que se manteve durante décadas. O novo mapa político
Resultado das conferências de Ialta (Ucrânia, fevereiro de 1945) e de Potsdam
(Aleamnha, agosto de 1945), surgiu um novo mapa político mundial: a perda provisória de soberania da Alemanha e a sua divisão em quatro áreas de ocupação administradas pelos EUA, Grã-Bretanha, França (parte ocidental) e URSS (parte oriental); a administração conjunta da cidade de Berlim, igualmente dividida em quatro setores de ocupação. No Médio Oriente foi criado o Estado Judiaco de Israel, em 1948, na Palestina, que se encontrava debaixo de administração britânica. Contudo, Israel nasceu contra a vontade dos árabes dessa região, os Palestinianos, e de outras regiões do Médio Oriente, dando início a um conflito que ainda hoje permanece. As condições impostas pelos países vencedores procuravam impor uma “nova ordem” mundial. Assim, a Alemanha foi demilitarizada, “desnazificada”, democratizada, desapossada dos territórios ocupados e foram definidas o montante e o tipo de indeminizações a pagar pela Alemanha. Em Nuremberga, organizou-se um tribunal que julgou e condenou os dirigentes nzis acusados de crimes de guerra, nos Julgamentos de Nuremberga, em 1946. A Áustria voltou a tornar-se um Estado independente e foi também desnazificada; a sua divisão e ocupação e, a da sua capital Viena, foi feita em moldes semelhantes aos estabelecidos na Alemanha (foi dividida em quatro zonas de ocupação). O Japão perdeu os territórios ocupados e ficou sob tutela dos EUA que estabeleceram um regime democrático parlementar, chefiado pelo general MacArthur. Definiu-se a fronteira entre a Polónia e a União Soviética, ponto de discórdia entre os ocidentais – que não esqueciam ter sido a violação das fonteiras polacas a causa imediata da guerra – e os soviéticos – que não desistiam de ocupar a parte oriental do país. Estipulou-se o supervisionamento pelos Aliados na futura constituição dos governos dos países de Leste (ocupados pelo Eixo), com base no respeito pela vontade política das população. Para além dos consideráveis ganhos territoriais, a guerra dera um enorme protagonismo internacional à União Soviética. Dentro da Europa, o papel da União Soviétiva adivinhava-se determinante. No último ano do conflito, na sua marcha vitoriosa até Berlim, coubera ao Exército Vermelho a libertação dos países da Europa Oriental. Na Polónia, na Checoslováquia, na Hungria, na Roménia, na Roménia e na Bulgária, os soldados russos tinham substituído os ocupantes nazis. Este rápido processo de sovietização foi, de imediato, contestado pelos ocidentais. Pronunciava-se, assim, a formação de dois blocos opostos.
As conferências de Bretton Woods e São Francisco
O planeamento do pós-2.a Guerra Mundial fez-se a nível económico,
político e cultural: económico – em julho de 1944, em Bretton Woods, economistas de diversos países reuniram-se com o intuito de estabelecerem uma ordem económica que garantisse e cooperação económica e estabilidade monetária internacional. Assim, nesta conferência foram criados dois importantes organismos: o Fundo Monetário Internacional (FMI), disponível para ajudar os apíses em dificuldades financeiras e económicas; o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD) também conhecido como Banco Mundial, capaz de financiar grandes projetos de fomento económico; político e cultural – a vontade de criar um organismo internacional que promovesse a colaboração entre os povos foi expressa por Roosevelt e Churchill, na “Carta do Atlântico”, em 1941. Em 26 de junho de 1945, na Conferência Internacional de São Francisco, foi aprovada a Carta das Nações Unidas, assinada por 50 países, que criava a Organização das Nações Unidas (ONU). A procura de uma paz duradoura: ONU
Os objetivos da ONU são: manter a paz no Mundo e reprimir os atos de
agressão, tentando evitar os conflitos; defender o direito à autodeterminação dos povos; promover a cooperação económica, social e cultural dos povos; garantir a degfesa das Direitos Humanos e das liberdades fundamentais do indivíduo, aprovando, em 1948, a Declaração dos Direitos Humanos. A ONU tem sede em Nova Iorque e atualmente 193 Estados-membros independentes. Adicionalmente aos Estados-membros existem os Estados observadores não-membros, que são a Santa Sé (cidade do Vaticano) e a Autoridade Nacional Palestiniana. O Sara Ocidental não é representado na ONU por ser um país não autónomo, que não tem autoridade efetiva. Os órgãos de funcionamento da ONU são: A Assembleia-Geral, formada pela generalidade dos Estados- membros, cada um com direito a um voto, funciona como um parlamento mundial. Reúne ordinariamente entre setembro e dezembro e pode colocar na sua agenda todo o tipo de questões abrangidas no âmbito da Organização. O Conselho de Segurança, composto por 15 membros, cinco dos quais permanentes (EUA, URSS (hoje Federação Russa), Reino Unido, França e República Popular da China) e 10 flutuantes, eleitos pela Assembleia-Geral, por dois anos. O Conselho de Segurança é o órgão diretamente responsável pela manutenção da paz e da segurança. Para tal, emite “recomendações”, atua como mediador, decreta sanções económicas ou, em último caso, decide a intervenção das forças militares da ONU. As decisões obrigam a uma maioria reforçada de nove votos a favor, entre os quais devem estar os dos cinco membros permanentes. Basta a oposição de um deles para inviabilizar qualquertomada de posição (direito de veto). Indiretamente, reconhece- se às cinco potências o direito de policiar o mundo. A Comissão de Estado-Maior é um órgão subsidiário do Conselho de Segurança, formado por representantes militares dos 5 membros permanentes do Conselho de Segurança e de outros países-membros, cuja função é coordenar as missões de Forças Armadas e operações de manutenção da paz – os “capacetes azuis”. A Comissão do Desarmamento é um órgão subsidiário da Assembleia- -Geral e do Conselho de Segurança, que participa nos os processos de desarmamento. O Secretariado-Geral, à frente do qual se encontra o secretário-geral eleito pela Assembleia, por proposta do Conselho de Segurança. Cabe ao secretário geral tomar parte (sem direito a voto) nas reuniões do Conselho de Segurança, coordenar o funcionamento burocrático da Organização e, sobretudo, disponibilizar os seus serviços diplomáticos como mediador nas questões mais delicadas. O secretário-geral representa a ONU e, com ela, todos os povos do mundo. O Conselho Económico e Social, encarregado de promover a cooperação a nível económico, social e cultural entre as nações. Atua através de comissões especializadas e outros órgãos especializados que se encontram sob sua tutela, que desenvolvem o seu trabalho no âmbito do combate à fome, à pobreza, às doenças, ao analfabetismo e que lutam pela igualdade de direitos no trabalho, pela proteção das crianças e do meio ambiente: UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), OIT (Organização Internacional do Trabalho), FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), BIRD (Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento), GATT (Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e o Comércio), FMI (Fundo Monetário Internacional), OMS (Organização Mundial da Saúde). Pela importância e abrangência destas estruturas, o Conselho Económico e Social é um dos ógrgãos mais importantes e ativos da ONU. O Tribunal Internacional de Justiça, com sede em Haia. Órgão máximo da justiça internacional, resolve à luz do direito internacional, os lítígios entre os Estados. O Conselho de Tutela (ou Conselho de Administração Fiduidária), órgão criado com o fim principal de administrar os territórios que outrora se encontravam sob a alçada da SDN, encaminhando-os progressivamente para a independência. Em 1994, com a independência de Palau, o último território à guarda do Conselho de Tutela, consideraram-se cumpridos os objetivos deste organismo, pelo que cessou o seu funcionamento permanente. Ao longo da sua existência têm sido apontadas diversas limitações às Nações Unidas, no que se refere à sua ineficácia para evitar conflitos e à sua parcialidade. A guerra nos Balcãs, o genocídio no Ruanda, o caso de Darfur ou a invasão americana do Afeganistão são exemplos que mostram os limites deste organismo. Contudo, a ONU contribuiu de forma assinalável para a autodeterminação dos povos, dando voz a todos os Estados representados, e não apenas a um “clube restrito” de grandes potências. Além disso, através de diversos organismos promoveu o desenvolvimento económico e cultural um pouco por todo o Mundo.