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A “Utopia” de Thomas More

N.º 24 10.º G
Tiag Pires
Quem foi Thomas More?

Thomas More (1478-1535) foi um advogado, jurista e escritor inglês, exerceu cargos de
administração de Londres e foi deputado ao parlamento em três ocasiões. A sua vasta
experiência profissional fez com que Henrique VIII o chama-se a integrar o Conselho Real (Privy
Council) e, mais tarde, no auge da sua carreira política, o nomeasse Chanceler do Reino. Católico
durante toda a vida acabou por ser condenado à morte, também por Henrique VIII.

O que é a “Utopia”?
A “Utopia” é a grande obra de Thomas More e que o
imortalizou, sendo uma das grandes obras renascentistas e
humanistas que marcaram aquela época. Foi escrita em 1515 e 1516,
mas que só veio a ser publicada em Inglaterra em 1551, dezasseis
anos após a sua morte.
Escrito em latim, o nome da sua obra refere-se a um “não
lugar”, um lugar inexistente. Foi desse modo que o escritor batizou a
sua sociedade “perfeita”. A partir daí, “utopia” tornou-se sinónimo de
sociedade ideal, embora de existência impossível, ou de algo
ideal/perfeito, mas inalcançável.
Fig. 1 Capa da Utopia

Vida e obra de Thomas More


Thomas More nasceu em Londres, Inglaterra, no dia 7 de
fevereiro de 1478. Filho do juíz John More e de Agnes Graugner.
Estudou na Escola de St. Anthony na sua cidade e com 13 anos
foi enviado para Canterbury, onde estudou com o cardeal Morris
para ser padre mas acabou por desistir.
Prosseguiu os estudos em Oxford, sob a tutela de Thomas
Linacre e William Grocyn, onde estudou Literatura Grega e Latina
e começou a escrever comédias. Uma das suas primeiras obras
foi uma tradução para inglês da biografia em latim do humanista
Picco della Mirandola, impressa em 1510. Por volta de 1494,
formou-se em Direito, tornando-se advogado. Em 1504 tornou-se
membro do Parlamento. Nesse mesmo ano, casou-se com Jane
Colt, com quem teve quatro filhos. Viúvo em 1511 casou-se com Fig. 2 Thomas More
Alice Middleton. Os debates parlamentares que foi fazendo valeram-lhe títulos honoríficos das
Universidades de Oxford e Cambridge.
Tornou-se amigo de Erasmo de Roterdão, aquando da sua primeira visita a Inglaterra em
1499. Trabalharam em conjunto na tradução das obras de Luciano. Erasmo, por ocasião da sua
terceira visita ao país, publicou o Enconium Moriae (1509, O Elogio da Loucura), dedicando-o a
More.
Para além do seu papel político More
também foi um escritor influente. Em 1516,
publicou aquele que se tornaria a sua obra mais a
importante Uthopia (Utopia) – uma descrição de
uma sociedade ideal, regida pela lei e pela
religião, contrastando com a realidade repleta de
conflitos da política da época. Em 1518, escrever
A História de Ricardo III, considerada a primeira
obra- -prima da historiografia inglesa.
Atraindo a atenção do rei Henrique VIII, foi
por diversas vezes enviado pelo monarca em
missões diplomáticas ao estrangeiro. Em 1518 foi
nomeado membro do Privy Council e investido Fig. 3 Retrato da Família de Thomas More
cavaleiro em 1521. More ajudou o rei a escrever
um repúdio às ideas de Martinho e, ganhando o favor real, foi nomeado orador da Câmara dos
Comuns, em 1523, e Consselheiro do Ducado de Lencastre, em 1525. Em 1529, foi elevado ao
cargo de Lorde Conselheiro (Lord Chanceler) do reino, sendo o primeiro leigo a ocupá-lo.
Em 1527, desencadeou-se um conflito que levou à morte de Thomas More. Henrique VIII,
casado com Catarina de Aragão, que só lhe dera uma filha, e com medo de morrer sem deixar
um descendente masculino, quis casar com outra mulher. More que era católico e profundo
conhecedor de teologia e direito canônico via na anulação uma matéria de jurisdição do papado,
e a posição do Papa Clemente VII foi claramente contra o divórcio. Thomas More que era
contrário às Reformas Protestantes e percebendo que em Inglaterra poderia acontecer o mesmo
(devido às questões pessoais do rei que conduziram à crise com o Papa de Roma), deixou o seu
cargo de Lord Chanceler em 1532.
Henrique VIII acabou por atribuir-se a si mesmo a
liderança da Igreja em Inglaterra e divorciu-se de Catarina de
Aragão e voltou-se a casar com Ana de Bolena e Thomas More
recusou-se a ir à sua coroação, em 1533.
Em abril de 1534, More recusou-se a pronunciar a Lei de
Sucessão e o Juramento de Supremacia, que reconhciam o rei
como chefe supremo da Igreja da Inglaterra. Acusado de
traição, foi condenado à prisão na Torre de Londres a 17 de
abril e decapitado a 6 de julho de 1535. As suas últimas
palavras terão sido: “Bom servidor do rei, mas de Deus
primeiro.”
Foi beatificado em 1886 por Leão XIII e canonizado em
1935 por Pio X. Em 2000 foi considerado “ Padroeiro dos
Estadistas e Políticos” peor João Paulo II. Atualmente festeja-se Fig. 4 Estátua de Thomas More a
sua festa litúrgica no dia 22 de junho para a Igreja Católica e no dia 6 de julho em Inglaterra.

A “Utopia”
A Utopia é a grande obra de Thomas More, como já foi referido anteriormente. O termo foi
criado através da junção de duas palavras: "ου" (não) e "τοπος" (lugar)", que seignifica “em lugar
nenhum”. A partir desta obra o termo “utopia” adquiriu um novo significado tornando-se sinónimo
de uma sociedade perfeita, embora inalcançável.
É uma obra de ficção e sátira sociopolítica. Foi escrita em latim e publicada em 1516, no
entanto só tenha vindo e ser publicada em inglês na Inglaterra em 1551 (16 anos após a morte de
Thomas More).
Thomas More foi amigo de Erasmo de Roterdão, outro pensador importante do
Renascimento. Ambos, humanistas e leitores dos filósofos clássicos, defendiam a educação
política que permitisse que as pessoas tivessem liberdade de pensamento. Foi neste contexto
que ambos se destacaram e fizeram obras de grande importância como o Elogio da Loucura
(Erasmo de Roterdão) e a Utopia (Thomas More).
A Utopia foi inspirada em parte n’A República de Platão e está dividida em dois livros: no
primeiro, de caráter negativo é feita uma crítica à Inglaterra da época em que o autor vivia; o
segundo, em oposição, apresenta uma sociedade que lhe é alternativa. A personagem principal,
em ambos os livros, é Rafael Hitlodeu “um marinheiro português”, que narra a sua viagem a
Utopia e descreve a sociedade.

No primeiro livro:

Há uma crítica à Inglaterra da época em que os camponeses estavam a ser expulsos do


campo para as cidades, onde há:
 bandos de ladrões;
 uma justiça cega e cruel;
 uma realeza ávida de riquezas e sempre pronta para a guerra;
 perseguições religiosas;
 um povo oprimido pelo trabalho incessante para manter o exército, a corte e os
grandes burgueses;
 a sede de dinheiro dos reis, nobres e grandes burgueses era a causa da miséria
da maioria.
Abre-se, assim, a oportunidade para se discutir algumas questões da sociedade da época,
como:
 algumas decisões que afetavam a Europa;
 a tendência dos reis para começarem as guerras (em consequência gastam muito
dinheiro);
 o julgamento que dão ao roubo.

Segundo livro

É apresentada a ilha de Utopia, onde todos os problemas de Inglaterra da época que ele
apresenta anteriormente não existem. São desenvolvidas as questões e problemas do primeiro
anterior e apresentam-se soluções para os mesmos.
Em primeiro, More descreve a ilha como um semicírculo onde existem cinquenta e quatro
cidades organizadas organizadas a partir da estrutura familiar. Na capital, há trinta famílias, cada
uma dirigida por um filarca, o mais idoso, que tem como principal função supervisionar o trabalho
e evitar a preguiça. Pratica-se a monogamia e todos sabem quem são os seus filhos e cada
família nuclear é integrada às outras famílias com quem tenha laços de sangue. Fazendo uma
crítica à promiscuidade da época.

O bem comum, a divisão do trabalho e a propriedade privada

Um dos pontos principais da Utopia é a preocupação com o bem comum que se sobrepõe
ao bem individual. Para tanto, os utopianos prefem a divisão dos bens entre todos, pois acreditam
que isso garabtiria a abundância para todos e não a concentração de riquezas nas mãos de um
grupo pequeno como acontecia na época. Como é referido no sehuinte excerto:
“É minha convicção firme que uma distribuição segundo critérios de equidade ou uma
planificação justa das coisas humanas não é possível sem eliminar totalmente a propriedade
privada. Enquanto ela subsistir, estou convencido de que há de continuar sempre a haver, entre
grandíssima parte da humanidade e entre a melhor parte dela, o fardo angustiante e inelutável da
pobreza e da miséria.”
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/utopia.htm
Através da divisão do trabalho, todos trabalhariam apenas o necessário para garantir o
bem geral, pois do mesmo modo que ninguém trabalharia para outra pessoa, ninguém se poderia
esquivar da sua responsabilidade. Até os viajantes deveriam trabalhar antes de serem
alimentados. Em caso de haver produção além da necessidade de consumo, as horas de trabalho
seriam reduzidas. Em relação isto, More escrever o seguinte:
“Se todos trabalhassem, a carga horária diminui para todos. Havendo seis horas apenas
para trabalhar, [...] esse tempo é suficiente para produzir bens abundantes que bastem para as
necessidades e que cheguem não apenas para remediar, mas até sobrem”
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/utopia.htm
A religião em Utopia

Em Utopia todos têm liberdade religiosa e apenas deveriam ser vistos com desconfiança
aqueles que não professavam nenhuma fé. Isso porque, na obra de More, a fé é consequência da
razão e instrumento para exercício da justiça: os utopianos acreditam em Deus porque, pela
razão, reconhecem que a sua existência depende dele; a crença num julgamento futuro faz com
que todos se apliquem a exercer a justiça e a não se entregarem a prazeres de forma
desregrada. Ou seja, aos utopianos é recomendada a fé em Deus, mas podem discordar a
respeito da sua identidade.

Porquê Thomas More e a “Utopia”?


A Utopia é uma obra extremamente interessante e ver um homem a escrever sobre
tolerância religiosa e divisão do trabalho no século XVI é algo que nos parece impossível mas foi
o que Thomas More fez. Além disso, percebemos que muitos dos problemas da sociedade
daquela época se mantêm até aos dias de hoje como a intolerância religiosa ainda muito presente
nos dias de hoje que tem provocado inúmeras guerras, ataques terroristas, mortes e muito
sofrimento e concluímos que a tolerância que More fala é impossível de se concretizar porque
ainda existe muito fanatismo e pessoas que tentam impor a sua fé aos outros através da
violência.
Com esta obra, Thomas More deixou um grande legado ao mundo e marcou uma grande
época da História como o Renascimento e influencia-nos até aos dias de hoje e a Utopia deve ser
uma obra que nos deixe a pensar e refletir sobre a sociedade daquela altura mas também sobre a
atua sociedade e como evoluímos tanto em muitos aspetos mas outros continuam a existir os
mesmos problemas de há 500 anos atrás.

Bibliografia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_More

https://pt.wikipedia.org/wiki/Utopia_(livro)

https://www.ebiografia.com/thomas_more/

https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$thomas-more

https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/utopia.htm

Capa:ihttps://www.google.pt/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fmedium.com%2F%40milesmithrae%2Fthomas-more-
sobre-a-propriedade-privada-e-a-propriedade-coletiva-rodrigo-pe%25C3%25B1aloza-4-i-2020-
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Figura 1: https://www.google.pt/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fpt.wahooart.com%2F%40%40%2F8XZH2U-
Ambrosius-Holbein-A-ilha-de-
Utopia&psig=AOvVaw3_jBqhQzWNiQtuRhx4FEaK&ust=1653314779038000&source=images&cd=vfe&ved=0CAwQjR
xqFwoTCPDtudSj8_cCFQAAAAAdAAAAABAJ

Figura 2: https://www.google.pt/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.wikiart.org%2Fpt%2Fhans-holbein-o-jovem
%2Fretrato-de-sir-thomas-more-
1527&psig=AOvVaw3Qu4HyhVP8faIox9NZzlL5&ust=1653315087772000&source=images&cd=vfe&ved=0CAwQjRxqF
woTCNDSzOak8_cCFQAAAAAdAAAAABAI

Figura 3: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Holbein_Study_Family_Thomas_More.jpg

Figura 4: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Chelsea_thomas_more_statue_1.jpg

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