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MORE, Thomas. Utopia. Tradução: Marcio Meirelles Gouvêa Júnior.

Belo Horizonte:
Autêntica Editora, 2017. 1ª ed. (Coleção Clássica)

Gustavo do Nascimento Silva


Turma:1000

Título

A obra Utopia, do filósofo Thomas More é uma das produções mais emblemáticas do
século XVI, onde o autor, mais do que uma produção literária, traz abordagens acerca de
questões políticas, incorporando elementos humanistas, em uma Europa que vivenciava o
Renascimento. Escrita em 1516, a obra foi produzida sob uma monarquia absolutista, em uma
Inglaterra abalada por tumultos de cunho religioso (Reforma e Contrarreforma), lutas
políticas, em um período de formação da monarquia absoluta dos Tudors, em especial do
governo de Henrique VIII, no qual More participou ativamente.
Nascido em Londres em 1478 Thomas More era filho de juiz, e acabou seguindo os
passos de seu pai. Estudou línguas, matemática, astronomia e teologia, e mais tarde tornou-se
advogado em Oxford, exercendo a profissão por algum tempo. Por conta de seu
reconhecimento na posição de homem das leis, fez parte da Corte inglesa a partir de 1520. Ao
lado da família real, tornou-se embaixador, cavaleiro e chanceler da Inglaterra. Era amigo dos
mais proeminentes humanistas europeus, como Erasmo de Roterdã, com quem tinha uma
relação muito frutífera. 1
Sua obra possui uma forte influência do pensamento Platônico, bebendo de referências
do filósofo, em especial de sua obra “A República”, onde os reinos são governados por reis-
filósofos, tendo o pensamento filosófico como forma de gerir o território e como princípio
norteador na vida dos habitantes destes locais. Outra grande influência em sua obra é Erasmo
de Roterdã. O humanismo propagado por Erasmo influencia More, que insere em sua obra
questões como a valorização do homem, bem como a tentativa de compreende-lo em sua
totalidade, como ser formado por corpo e alma, destinado a viver no mundo e domina-lo.
Ambos, humanistas e leitores dos filósofos clássicos, com grande simpatia por aquilo que
diziam os estoicos e epicuristas, More e Erasmo contestavam a tradição escolástica e
desejavam propagar uma educação política que fomentasse a liberdade de pensamento. Além

1
Biografia elaborada por meio da obra de NIETO, José Lino C. (1987) intitulada “Thomas More, um homem
para a eternidade”.
disso podemos perceber que a obra tem como referências a Eneida de Virgílio, os poemas de
Ovídio sobre a Idade de Ouro, o relato bíblico do Paraíso Terrestre, entre outros.
Formada por ou (prefixo grego de negação) e topos (lugar, em grego), o termo Utopia,
criando por More, tem o intuito de designar um não-lugar, “[...] uma sociedade excelente que,
em razão dessa mesma excelência, não existe no mundo real. [...]”(MATOS, 2017, p. 227).
Dividida em dois livros, a obra de Thomas More inicia-se com as narrativas de Rafael
Hitlodeu, um viajante português (figura inventada por More, dando a este licença poética para
exprimir suas opiniões na obra) que entra na vida de More e Pieter, tecendo críticas acerca das
monarquias europeias, em especial à inglesa. Já o segundo livro, maior em volume de
páginas, trata-se de uma descrição da ilha de Utopia, visitada por Rafael em uma viagem que
realizou com Américo Vespúcio. Esta ilha seria o modelo ideal para um governo, sendo,
portanto, explicado detalhadamente, no decorrer do segundo volume, todos seus elementos,
como a política, a religião, os aspectos sociais, a guerra, entre outros aspectos. Pretendo, pois
descrever ambos, a fim de elencar aspectos relevantes nesta grande obra.

Conclusão

Segundo Matos (2017), citando Mannheim, “[...] O utopista político sempre se refere
ao melhor mundo realizável, e não ao melhor mundo fantasiosamente pensável, como os
literatos.” (MANNHEIM apud MATOS, 2017, p. 228)

[...] é a Inglaterra de fato. More projetou mostrar como a Inglaterra seria, e que forma suas
relações com o exterior assumiria [...]. A analogia pode ser traçada com exatidão: a ilha é
separada do Continente, apenas por um canal de 21 milhas de largura. A descrição da capital,
Amaurota, é uma descrição verdadeira de Londres. (KAUTSKUY, 1979, p. 248)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHAUÍ, Marilena. Notas sobre utopia. Ciência e cultura, v. 60, n. SPE1, p. 7-12, 2008.

ROTERDÃ, Erasmo de. Carta de Erasmo de Roterdã para Ulrich von Hutten. In: MORE,
Thomas. Utopia. Brasilia: Editora Universidade de Brasília. Instituto de Pesquisa de Relações
Internacionais, 2004.

NIETO, José Lino C. Thomas More, um Homem para a Eternidade. São Paulo:
Quadrante, 1987.

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