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Thomas Morus: Utopia e Direito

Eduarda Silva Souza, Juliana dos Santos Sacramento, Larissa Santos Cayres Tunes, Leane
Nepomuceno Silva, Paulo Jaaziel Ribeiro Dantas, Polyana Silva Rebelo, Wellisson Francisco
Mascarenhas de Oliveira Alunos do primeiro semestre da disciplina de Produção de Textos
Acadêmicos da Unijorge.

Resumo
Na obra o autor apresenta um diálogo entre: ele próprio, o Bispo e um navegador Rafael
Hitlodeu. O livro é dividido em duas partes. A primeira: fala sobre a ilha de Utopia e
sobre a Inglaterra. No segundo: as peculiaridades da ilha. No livro More, elucida um
país perfeito, onde todos têm direitos iguais, onde tudo funciona como deveria. Utopia,
como o nome da ilha mesmo diz, foi uma expressão criada por More, para conceituar
uma forma de sociedade ideal, uma realidade para ele inatingível, que representa o bem
estar pleno dos seres humanos, onde todos vivem em harmonia e trabalham em prol do
bem comum. O termo ‘’Utopia’’ desde então ficou associado à fantasia, algo fora da
realidade, sonho, pois são termos que formam o ambiente da ilha da Utopia, governada
pelo rei Utopus.  Esta forma de governo tem ideias muito parecidas com o que viria se
chamar de socialismo, More chega a ser considerado como aquele que criou o
socialismo, um pois o livro traz aspectos intrigantes que propões ideias a frente de seu
tempo: como o desapego ao ouro e as pedras preciosas, em Utopia e a não existência de
propriedade privada, para ele não existe uma sociedade perfeita onde haja propriedade
privada.

Palavras – chaves: utopia. sonho. sociedade. governo. socialismo. igualdade

1. Introdução
1.1 Biografia de Thomas Morus
Thomas Morus, pensador e estadista inglês, nasceu em Londres (1478-1535), e estudou
Direito em Oxford. Em 1503 foi eleito para presidente na Câmara dos Comuns inglesa.
Em 1516, 13 anos após sua eleição escreveu sua obra mais famosa, Utopia, inspirado na
sua pratica política e nos seus conhecimentos nas ciências humanas. No ano de 1521,
depois da aproximação com a corte do rei inglês Henrique XVIII, Thomas foi
embaixador, e logo recebeu o título de cavaleiro. Seu crescimento foi rápido por onde
passou, e isso o fez chegar ao posto de Chanceler da Inglaterra.
No posto de Chanceler, Thomas entra em conflito com Henrique XVIII por causa do
seu divórcio. Seu antecessor havia falhado na tentativa de conseguir a anulação do
casamento com Catarina de Aragão, por isso teve que demitir-se. More foi nomeado
Chanceler em seu lugar, no entanto Henrique não contava com o caráter e a fidelidade
de More aos princípios do catolicismo. Em retaliação ao Papa Clemente VII, que negou
o divórcio já que ia contra a doutrina, Henrique rompeu com a igreja católica, criando
uma Igreja inglesa ou anglicana da qual ele era a maior autoridade. Contrário às
Reformas Protestantes, temendo que o catolicismo fosse derrubado na Inglaterra, More
deixou o cargo de Chanceler, em 1532, causando desconfiança no rei.
Após casar com Ana Bolena, em 1535, Henrique XVIII exigiu que toda realeza da
Inglaterra fizesse um juramento, para que seu possível filho com ela fosse considerado.
No entanto More se recusou, foi tido como traidor, preso na Torre de Londres e
condenado a enforcamento, esquartejamento e decapitação. Depois por clemencia do
rei, a condenação caiu para simples decapitação.
Sua cabeça ficou a exposição durante um mês, até que sua filha, Margaret Roper, a
recolheu. Morto no dia 6 de julho de 1535, sua morte foi considerada uma das mais
injustas. Ele está sepultado na Capela Real de São Pedro ad Vincula. Por causa de sua
trágica morte, sua fidelidade e sua vida cristã, More se tornou mártir, por lutar pelos
direitos de liberdade individuais, declarado beato em 1886 por decreto do Papa Leão
XIII e canonizado. Recentemente, em 2000, São Thomas More foi declarado "Patrono
dos Estadistas e Políticos" pelo Papa João Paulo II.

2.Utopia

A obra de Thomas More: Utopia foi lançada no ano de 1516. A palavra "Utopia"
significa "lugar inexistente, lugar imaginário". Basicamente, o livro se divide em dois
onde na primeira parte ocorre uma crítica à Inglaterra vivida na época pelo autor. Já no
segundo livro ele apresenta a ideia de uma sociedade alternativa. O autor usa a forma de
diálogo para conduzir o andamento do livro. Seu personagem principal se chama Rafael
Hitlodeu, que narra a viagem que fez para a Utopia e conta tudo que viu por lá.
A Utopia de Morus é uma ilha afastada do continente europeu. A Ilha preza pelo amor
e reverência a Deus, considerado como o único veículo da felicidade humana. Os
utopias acreditam em uma vida futura, onde quem cometer crimes colherá castigos, e
quem plantar virtudes receberá recompensas. Acreditam que há uma felicidade
aguardando o homem após sua morte. E por este motivo, choram pelos doentes, e não
pelos mortos. Apesar de seus moradores serem pagãos, são considerados melhores
cristãos do que os europeus que se dizem cristãos. A educação das crianças e dos
adolescentes era encarregada aos sacerdotes, que lhes ensinavam a moral e a virtude.
Preza por uma sociedade ideal, inatingível, com conforto, alegria, cooperação,
solidariedade, segurança, justiça e respeito. Sendo um estado de bem estar aos
habitantes lá presentes. More traz algumas reflexões para a natureza humana, ele propõe
um homem bom, sem egoísmo, não-individualista, pronto para o trabalho coletivo. O
livro dá significado para o termo que está sendo utilizado como título, fazendo um certo
tom irônico ao descrever a ilha. A capital, Amaurotum que significa “cidade do sonho”,
é banhada pelo rio Anidro, rio sem água, seus cidadãos são alopolitas “cidadãos sem
cidades”, governados pelo príncipe Ademos “aquele que não tem povo”.

Está ilha forma naturalmente uma península que foi conquistada pelo rei Utopos, que
acabou dando nome à ilha, que anteriormente era conhecida como Abraxa. Dentro desta
ilha todos falam a mesma língua e respeitam as mesmas leis. A utopia corresponde-se a
uma grande família, por conta de tudo que se produz é igualmente dividido entre todos
da sociedade, dessa maneira não existem ladrões nem mendigos. A produção é dividida
de forma igual para que não exista criminalidade e carência. Não existe propriedade
particular, pois que o objetivo de Utopia é a união dos bens outrora particulares. Tem-
se, aqui, uma outra lógica social-econômica que foi bem desenvolvida no século XIX,
que é: a terra serve para ser cultivada, e não simplesmente possuída.

Bens matérias são insignificantes na obra. Não existe prisão, e os poucos criminosos
que existem, são obrigados a usar anéis e correntes de ouro para marcar a mesmice
desses bens e as profissões são escolhidas através de interesses e qualidades de cada um.
No cotidiano a forma de trabalho e liberdade eram bem organizados. Devido a uma
carga horaria de trabalho reduzida a seis horas diárias, com duas horas diárias de
repouso, oito de lazer e mais oito horas noturnas de sono. Moradia, vestimentas e
alimentação estão na mesma medida, para todos. Além da disponibilidade de escolas e
hospitais bem estruturados e igualmente de forma coletiva. Sendo os hospitais e
médicos pouco procurados, pois todos são incontestavelmente saudáveis.

More relata uma sociedade perfeita, em uma visão mais próxima disso, assim como
Platão, todos temos a sociedade perfeita que queríamos ao menos que se efetivasse de
forma a dar segurança, liberdade, respeito, justiça e melhores qualidades desejáveis dos
cidadãos.

Utopia quis trazer com a questão da república imaginária uma realidade com muitos
conflitos da política europeia da época. O livro traz questões atuais, como a paz, a
guerra, finanças, poder, colonização e economia. More faz critica ao rei Henrique VIII e
aos estados europeus, como a França. More não deixa de criticar a aflição pela
conquista, considerando que Utopia é retratada somente 24 anos após a descoberta da

América, atualmente dominada pelos ingleses. O autor também faz crítica a corrupção
movida pelo dinheiro.

More através do livro tenta criticar severamente as condições desiguais existente na


Inglaterra de seu tempo. Tendo como base a questão camponesa sem condições que
trabalhavam sem limites para garantir o sustento da nobreza e do clero que tinham altos
privilégios e comodidades. Surgiu o efeito do processo de cercamento que trouxe um
empobrecimento generalizado para a população inglesa, pouca produção de alimento já
que as terras não eram mais plantadas e sim disponibilizadas para pastadas e rebanhos
de ovelhas. More viveu em um cenário de fome, desigualdade social constante, e a piora
cada vez maior dos ingleses. Através desse cenário que More tanto se indignou, serviu
de inspiração para a sua mais popular obra. Tendo como base a questão camponesa sem
condições que trabalhavam sem limites para garantir o sustento da nobreza e do clero
que tinham altos privilégios e comodidades.

3.Relação da obra Utopia com o Direito


Thomas Morus dedicou em sua obra Utopia a participação política, a harmonia do corpo
social, e o bem estar da coletividade. Criando assim uma sociedade onde não estariam
presentes as atrocidades cometidas pelos homens contra os próprios homens, desta
forma conseguindo se afastar das imperfeições humanas. Desta forma, Morus criou a
ilha da Utopia, onde expressa um tipo ideal de regime social. E também formulando
uma crítica ao regime em que se seguia a Europa, onde o trono estava sendo usado
apenas para mero capricho e satisfação de seus desejos. More ficou profundamente
preocupado com as desigualdades sociais, a exploração dos trabalhadores e a formação
de uma economia agressiva que afetava os desfavorecidos. Assim, os privilegiados pelo
poder estatal estariam acima da sociedade (povo), o que causa uma grande desigualdade
social, injustiças, roubo e práticas assassinas. Diante disso, Morus chegou à conclusão
de que a melhor forma de exterminar esses problemas seria acabar com o consumismo,
pois segundo o mesmo, o consumismo seria uma das principais causas dessas
desavenças.
Nesse sentido, Morus propõe para a resolução desse problema social que:
• Os homens abstivessem de causar danos aos outros;
• Que a sociedade desse a todos o direito de desenvolver suas potencialidades;
• Que a justiça assumisse sua verdadeira função e passasse a exercer suas finalidades.
Morus parecia cético para com o Direito; afinal, “Utopia tem poucas leis, pois o seu
sistema social prescinde de uma legislação complexa”. Ele criticou ferozmente os
advogados. Para o filósofo inglês, os advogados são “espertalhões que manipulam os
processos e distorcem as leis”.
Morus traduz uma visão simplista a propósito da lei. São dele as seguintes palavras:
“Em Utopia, porém, cada um é perfeito conhecedor do Direito, pela simples razão de
que, como já afirmei, são muito poucas as leis, e as interpretações mais evidentes das
mesmas são sempre admitidas como as mais justas e verdadeiras”. Dizem os utopianos
que a única finalidade de uma lei é lembrar às pessoas quais são os seus deveres;
portanto quanto mais complicada ela for, tanto menor será a sua eficácia, já que muito
poucos serão capazes de compreendê-la. Por outro lado, uma lei cujo significado seja
simples e óbvio explica-se naturalmente àqueles que vão em busca do seu
entendimento.
Quanto ao ordenamento jurídico na ilha da Utopia, as leis seriam promulgadas com a
finalidade de que cada um ficasse ciente de seus deveres e direitos. Assim as leis não
multiplicariam em infinitas disposições normativas e evitaria a burocracia e complexa
organização jurídica inglesa.
4.A ideia de Thomas Morus

O contexto da Europa no século XVI, época em que viveu Thomas Morus, é de fome,
miséria e intolerância. No entanto, mesmo vivendo uma realidade tão caótica, Morus
propõe e idealizada uma sociedade perfeita que seria quase impossível a sua existência.
Logo, ele desejava uma sociedade onde a liberdade e igualdade prevalecesse, com isso,
descreve a ilha de utopia, que apesar de materializar o bem, era baseada em uma
sociedade intangível.
[…] pretender que todos trabalhem para que todos possam
trabalhar menos, ao invés de se matarem uns enquanto outros
ficam assistindo de camarote. A imaginação utópica quer
ainda – e é penoso constatar que a imaginação tem de intervir
aqui também – que todos sejam tratados de mesmo modo,
homens, mulheres e crianças. Que ninguém passe
necessidade. Que ninguém seja considerado superior aos
outros por ter mais coisas do que eles. Que os mais
competentes e honestos dirijam os negócios públicos. Que
ninguém seja obrigado a fazer o que não quer o que não pode
e não deve. Ou, então, que desapareça o dinheiro. E a
propriedade privada. E que exista a liberdade de expressão, e
a religiosa. E que a educação seja acessível a todos.
(COELHO, 1984, p. 19)

A ideia de Morus de criar uma sociedade imaginária vem de uma tradição que remonta a
Platão (427-347 a.C) na obra "A República". No livro Utopia de Morus é proposta uma
sociedade com um regime de comunhão de bens, e na República de Platão a sociedade
adotavam um regime de comunhão de bens. Além disso, por ter uma grande admiração
por Platão, Morus se baseia na estrutura de “A República”, que é trabalhada em formas
de diálogo. Portanto, Morus relata a sociedade perfeita, assim como o próprio Platão,
onde não exista vaidade dos homens em ostentar coisas supérfluas, que não haja
dinheiro, nem intolerância; sociedade em que todos expressem os seus desejos
almejando um futuro melhor, ou seja, um quase “socialismo” é assim que muitos se
referem a Thomas Morus, como um dos fundadores do socialismo.
Referências
MORE, Thomas. A Utopia. 2° ed. São Paulo-SP: Martins Claret, 2000.
https://vicenteassis.jusbrasil.com.br/noticias/412005045/thomas-more-utopia-e-direito
https://www.conjur.com.br/2012-jan-01/embargos-culturais-direito-advogados-justica-utopia-
morus
http://www.consciencia.org/utopia_morus_resumo
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/utopia-obra-de-thomas-more-propoe-
sociedade-alternativa-e-perfeita.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_More
https://educacao.uol.com.br/biografias/thomas-more-ou-thomas-morus.htm
https://www.todamateria.com.br/a-obra-utopia-de-thomas-more/
http://www.arcos.org.br/cursos/teoria-politica-moderna/thomas-more/resenha-de-utopia

http://www.consciencia.org/utopia_morus_resumo

https://m.brasilescola.uol.com.br/filosofia/utopia.htm

https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/a-utopia/

http://funag.gov.br/loja/download/260-Utopia.pdf

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