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Breve Biografia
Thomas More nasceu na cidade de Londres (Inglaterra) em 1478,
ainda menino, foi entregue aos cuidados do Cardeal John Morton,
arcebispo de Londres. Era comum, na época, que os meninos fossem
entregues aos cuidados de um patrono. Observem a etimologia da palavra
Patrono, do latim PATRONUS, no sentido de “modelo a ser seguido” com
a autoridade de “pai”. Tradição européia que se faz presente entre nós: Na
formatura, simbolicamente, elegemos um PATRONO da turma,
simbolizando, que o patrono nos orientou na educação e na conduta ética
da formação intelectual. De volta ao contexto de Thomas More, seu
Patrono, o arcebispo John Morton, além da riqueza e intelectualidade
(Teólogo e Filósofo), tinha como missão, proteger e formar seu
patrocinado. Ao completar 19 anos, Thomas More foi enviado, por seu
patrono, para a Universidade de Oxford para aprender línguas (Grego e
Latim). Depois foi estudar Ciências Jurídicas (Direito) na Faculdade
Sociedade de Lincoln`s Inn, em Londres.
Durante seus estudos, Thomas Mores
procura aprender a ser disciplinado e
humilde, utilizava como travesseiro um
troco de árvore e nas sextas feiras,
flagelava-se, acreditava que a dor e o
seu domínio – poderia ser o princípio do
autocontrole do corpo e de sua mente.
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A concepção da disciplina corporal,


para More, era o completo domínio do corpo
físico, assim, pensava ele, que a mente,
também poderia ser dominada e disciplinada
para o ordenamento da construção de um
mundo mais cristão e melhor para todas as
pessoas.

Depois de formado, aos 22 anos de idade, por


indicação do o arcebispo John Morton, torna-se membro do Parlamento e
logo após receber o título de Advogado, foi nomeado subdelegado de
Londres. Como advogado, não defendia os casos que achava injusto e não
cobrava honorários de viúvas, órfãos e pobres. Com sua conduta
disciplinada e humilde, obteve grande destaque na cidade de Londres,
porém, em 1503, opôs-se à proposta do Rei Henrique VII, na Câmara dos
Comuns, de obter subsídio público para cobrir as despesas particulares da
princesa. Foi dito ao Rei que o jovem advogado proferiu um discurso, na
Câmara dos Comuns, frustrando todas as expectativas de sucesso em favor
da realeza. Mesmo contrariando os interesses do Rei,
torna-se um Lorde Chanceler, representando os
interesses de seu país, inicia inúmeras viagens pelo
mundo, na Holanda conhece o filósofo Erasmo de
Roterdã, que, entre vários livros publicados,
encontra-se Elogia da Loucura, escrito em Latim e
dedicado ao amigo Thomas More. Observe a
semelhança do título em Latim – “Encomium
Moriae” – em uma péssima tradução, no paralelo, o
“Louco do More”. Na obra Elogio da Loucura, Roterdã, em tom de humor,
coloca a “loucura” para discursar e denuncia a arrogância e a vida de
riqueza desprovida de sociedade, semelhante às atitudes de More.

Em 1535, Thomas More foi julgado pela corte por traição, a


acusação dizia que More não aceitava a sucessão do Rei Henrique VIII e
também não reconhecia o Rei como chefe supremo da igreja. Abaixo, parte
dos fundamentos que condena Thomas More:
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”…Se qualquer pessoa(s), após o primeiro dia do próximo mês


de fevereiro, maliciosamente em vontade ou desejo, por palavras
ou escrita, ou por ofício imaginar, inventar, praticar, ou tentar
qualquer dano corporal contra a pessoa do rei, rainha ou seus
herdeiros aparentes, ou privar qualquer um deles de sua
dignidade, título ou nome de suas propriedades reais …Que
então esta(s) pessoa(s) por ofender(em)…deve(m) ter ou
sofrer(em) tais dores de morte ou outras penas, como é
consentido em casos de alta traição.” (Disponível:
https://tudorbrasil.com/2015/01/21/a-cabeca-de-thomas-more/
Acessado em: 28/04/2022).

Thomas More é condenado à decapitação e sua cabeça foi colocada,


em uma estaca, na Ponte de Londres por um mês, para servir de exemplo
para que ninguém se coloque contra a vontade do Rei. Na época, seus
livros não foram publicados na Inglaterra.

LIVRO: UTOPIA

Livro de Referência:

MORE, Thomas UTOPIA;


Tradução Beatriz S.S. Cunha, Jandira, São Paulo,
SP: ed. Principis, 2021.

Introdução

O livro Utopia, originalmente, foi escrito em Latim, igual ao livro do


amigo Erasmo de Roterdã, Elogia da Loucura. Para Abbagnano (2007), o
título do livro: Utopia apresenta, pela primeira vez, a concepção de algo
inatingível, como a sociedade fundamentada em leis justas, promovendo o
bem estar de toda a população, sociedade idealizada, perfeita, utopia, passa
a ser sinônimo de sociedade ideal. Mesmo sendo uma ficção divertida, é, ao
mesmo tempo, sério e de crítica profunda a sociedade da distopia ou da
sociedade da antiutopia. O livro é divido em duas partes: A primeira revela
as viagens de Thomas More e sua busca pela sociedade perfeita, que foi
inspirado no livro A República de Platão. A segunda parte, descreve o
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lugar de uma sociedade perfeita, a ilha de utopia, que também foi chamada
de lugar nenhum.

Parte I:

É apresentado a Thomas More um marinheiro português com o nome


de Rafael Hitlodeu, o qual passa a narrar por horas a existência de um lugar
perfeito, que conhecerá em suas viagens. Thomas More fica impressionado
de ver como um homem simples, sem escola, sem um patrono, uma pessoa
do povo, consegue entender que a sociedade é desigual e injusta, pois a
maioria dos governantes dedica-se mais aos assuntos de guerra do que a
arte da paz. A preocupação política é com os ganhos próprios e de como
conquistar o maior número de proveitos financeiros na conquista de novos
reinos, do que em governar os reinos que já possuem. Estes, renunciam aos
seus ensinamentos da ética e da filosofia antiga em troca de benefícios
financeiros, de luxo e fidalguia. Desta forma, a existência da sociedade é de
conflitos e de discurso do desentendimento, uma sociedade partida, onde,
apenas uma parte se beneficia em detrimento das demais... Assim dizia
Rafael Hitlodeu, que neste sentido, a causa maior do crime, não é do
criminoso, mas de quem forma o criminoso para proveitos próprios, deve-
se olhar o que se esconde por de trás do crime: a realeza, os políticos, o
interesse financeiro:
Quando a fome bate à porta com urgência, recorrem também
rapidamente ao roubo. E o que mais poderiam fazer se a saúde e
as roupas vão sendo gastas pelo muito vaguear em busca de
solução [...] Ao chegarem a tal estado, os nobres lhes desprezam
e os pobres não lhes assistem [...] olhando-os como se fossem
inferiores... (Livro de referência, pg. 24).

Rafael fala de uma ilha que fica em lugar nenhum, onde o crime não
existe, todas as pessoas desta ilha trabalham, tem boa saúde, moradia e bem
estar, aparentando ser o lugar mais bem-aventurado em todo o mundo,
porém, observa More que enquanto existir qualquer sistema de posse de
bens ou de propriedade e o dinheiro for a referência de todas as outras
coisas, não existirá governo justo e vida de qualidade para todos, enquanto
não for abolida a posse individual, não haverá distribuição justa e
igualitária. Certo que no sistema financeiro, o corpo político, da realeza e
dos capitalistas, receberão alívio de suas dores na busca de seus prazeres e
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realizações, mais enquanto permanecer a propriedade privada e o lucro, a


grande maioria a de padecer.

Parte II:

A ilha de Utopia:

Geografia:

Local de boa natureza, contudo de entrada escondida e perigosa.


Formada por 54 cidades, onde os modos e costumes são idênticos. Todas as
cidades são rodeadas por fazendas que produzem alimentos, onde são
semeado somente o que será consumido, o excedente é doado e exportado.

Administração:

Todas as cidades possuem o mesmo potencial, cabendo a


administração manter este princípio de Utopus. A circulação dos cidadãos
entre cidades vizinhas, depende de autorização e justificativa.

Leis:

O magistrado é escolhido pelo povo. O cargo de príncipe é vitalício,


a menos que seja deposto mediante suspeitas. As regras sociais devem ser
seguidas por todos. Quem quebrar as regras será punido severamente (pg.
75). O povo utopiniano não torna nenhum de seus cidadãos em escravo,
porém aceita a escravidão por condenação de algum crime, prisioneiro de
guerra e povos de países vizinhos (pg. 99).

Trabalho:

Todos serão instruídos sobre a prática de agricultura desde a


infância, cabendo a escolha de outros ofícios a cargo pessoal ou da
necessidade da cidade. Nenhum cidadão viverá desocupado.

Relações Sociais:

Tudo será distribuído em comunidade, à população é formada por


famílias. Os casamentos são reservados para os cidadãos adultos, aceitando
a separação dos casais, não é permitido a poligamia.
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Economia:

Não existem bens individuais, tudo é de todos e todos são


responsáveis por tudo.

Educação:

Os utopinianos recebem o ensino em seu próprio idioma, estudam


fundamentos da agricultura, línguas (Grega), artes, filosofia antiga, música,
lógica, religião e moral, onde todas as ações e lições, tem por finalidade o
prazer (pg. 87), são contra ao derramamento de sangue e a dor (pg. 90).

Morte:

São adeptos da eutanásia, contudo ninguém é forçado a tirar a vida.

Conclusão:

O objetivo da obra Utopia não foi à busca de uma sociedade perfeita


e sim de expor as desigualdades sociais da época, além de afirmar
implicitamente, que, as leis, estavam sujeitas, a vontade da realeza e de que
os interesses pelo dinheiro, pela riqueza, estavam acima dos interesses da
nação e do bem estar da população.

Texto em obra...

Utopia – Para EF não existe Sociedade, relações humanas, ética,


inclusão, política, meio ambiente etc. somente um corpo perfeito a ser
estudado – ciência da motricidade.
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Distopia: conceito de veleidade.

Antiutopia: Holismo (talvez) a realidade, o dialogo permanente e


aberto com todos e tudo...
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