Você está na página 1de 4

.

A vida de Thomas Hobbes


Hobbes nasceu em Westport, Inglaterra. Filho de um vigário inculto,
foi educado por um tio. Estudou os clássicos e com quatorze anos
traduziu Medeia, escrita por Eurípedes, para versos latinos. Com
quinze anos foi para a Universidade de Oxford, onde aprendeu
lógica e filosofia, principalmente a do grego Aristóteles.
Entre 1608 e 1610 foi tutor de Lord Hardwich (futuro conde de
Devonshire), com quem viajou pela Itália e se fixou na França. Nessa
época, começou a estudar as obras de Galileu, Kepler e Euclides.
Na Itália visitou Galileu, que teve influência decisiva na formação de
suas ideias filosóficas. Esse contato o levou a fundir suas
preocupações com os problemas sociais e políticos com seu
interesse pela geometria e o pensamento dos filósofos mecanicistas.
Hobbes voltou à Inglaterra em 1637, onde sustentou violentos
debates sobre suas ideias, numa época em que a situação política
anunciava uma guerra civil. Hobbes era favor do poder real e se
retirou para a França, em 1640, quando o Arcebispo Laud e o Conde
de Strafford, principais auxiliares do rei, foram levados à torre
acusados de conspiração.
Seu tempo em Paris foi de intensa atividade intelectual. Refutou
Descartes, ensinou matemática ao futuro Carlos II (filho de Carlos I)
da Inglaterra, que também se encontrava no exílio. Em 1651, Hobbes
lançou Leviatã, onde confirma e amplia seu trabalho sobre política.
Como o Leviatã desgostou a Igreja Católica e o Governo Francês, foi
pressionado a deixar o país. Voltou para Londres e se declarou
submisso ao ministro inglês Cromwell. Durante os últimos anos de
sua vida escreve sua autobiografia e ocupava-se da tradução da
Ilíada e da Odisseia em versos latinos.

Em 1679, com 91 anos morre durante uma viagem, acompanhando


o Conde Devonshire.

. As principais obras são:

De Cive: primeira parte de uma trilogia composta por livros que


falam sobre a condição humana em seu estado natural, por meio da
liberdade, a religião e o governo.
De Corpore: a segunda parte de sua trilogia é um livro que envolve
Filosofia e Ciências Naturais. Nele, o filósofo fala sobre a
necessidade de se entender o movimento como cerne do trabalho
filosófico.

De Homine: fala sobre as paixões humanas e sua inclinação natural


que pode levar à promoção da guerra. 

Leviatã: A obra mais conhecida de Hobbes é Leviatã, ou matéria


forma e poder. Nela, Hobbes escreve sua teoria política
contratualista de maneira mais completa. Um fator interessante que
envolve a escrita desse livro é que Hobbes o escreveu e publicou
em inglês, ao contrário do que fez com seus outros livros e do que
era feito na época, quando era comum entre os intelectuais
escrever seus livros em latim. O objetivo desse feito era que a
população inglesa, em meio à crise da monarquia, pudesse ler e
entender a necessidade da instituição monárquica na formação
política da sociedade.O leviatã é um monstro marinho descrito no
antigo testamento, que tem como caraterística o seu tamanho e sua
força imensos, e a ideia de que ele protege as criaturas marinhas
menores e mais frágeis. O Estado, para Hobbes, sob sua forma
monárquica, seria um leviatã que protegeria os seres humanos,
criaturas frágeis, da própria maldade humana.

. Principais ideias:
No campo teorético, Hobbes era um empirista, defendendo que não
há qualquer tipo de representação mental anterior à experiência.
Porém, a grande produção filosófica do pensador está ligada à
Filosofia prática, ou seja, à Filosofia política. No campo político, o
inglês defendeu:

O estado de natureza humano como momento de inaptidão natural


para a vida social;
A sociedade como uma composição complexa de “átomos”, que são
os indivíduos;

O contrato social como formação da comunidade humana que retira


o homem de seu estado de natureza;

A necessidade da monarquia para estabelecer a ordem entre as


pessoas.

Contrato social
Hobbes parte do pressuposto de que houve um momento hipotético
em que os seres humanos eram selvagens e viviam em seu estado
natural. Para ele, esse momento era caótico, pois o ser humano é,
para Hobbes, naturalmente inclinado para o mal. Segundo o
filósofo, os seres humanos precisam da intervenção de um corpo
estatal forte, com leis rígidas aplicadas por uma monarquia forte,
para que eles saiam de seu estado natural e entrem no estado civil.
Hobbes afirma que, em seu estado de natureza, “o homem é o lobo
do homem”.

O estado civil seria a solução para uma convivência pacífica, em


que o ser humano abriria mão de sua liberdade para obter a paz no
convívio social. O monarca, argumenta o filósofo, pode fazer o que
for preciso para manter a ordem social. A propriedade privada, para
Hobbes, não deveria existir e a monarquia é justificada pela sua
necessidade como garantia do convívio seguro.

. Frases de Thomas Hobbes

“Os pactos sem a espada são apenas palavras e não têm a força para
defender ninguém.”

“O homem é lobo do homem, em guerra de todos contra todos.”

“A razão é o passo, o aumento da ciência o caminho, e o benefício da


humanidade é o fim.”
Hobbes vivenciou grande parte do longo processo da Revolução
Inglesa (1640-1689), quando o povo inglês lutou contra o
absolutismo da dinastia Stuart. Fervoroso defensor da Monarquia,
escreveu seu primeiro tratado sobre o regime, Elementos da Lei
Natural, em 1640, e foi obrigado a se refugiar em Paris. Hobbes
trabalhou como preceptor de dois filhos da família Cavendish,
tradicionais nobres britânicos. O pensador foi influenciado por
Francis Bacon, filósofo para o qual Hobbes trabalhou como
assistente durante algum tempo, Aristóteles e Maquiavel. A
Filosofia Política de Thomas Hobbes apresenta-se como
importante construção doutrinária do século XVII, a qual exerce
forte influência na Teoria do Estado e do Direito nos séculos
supervenientes, deixando suas marcas nos pilares do pensamento
jurídico moderno. Autor do clássico Leviatã, o filósofo inglês inovou
com a ideia de um Estado regulador da paz e provedor da civilidade
entre as pessoas.

Você também pode gostar