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Biografia dos filósofos

Rousseau

Jean-Jacques Rousseau nasceu em Genebra, Suíça, no dia 28 de junho de 1712.


Era filho de um relojoeiro protestante, órfão de mãe ao nascer. Posteriormente, seria órfão
de pai em 1722. Foi educado por um pastor protestante, indo com 16 anos para Savóia,
Itália. Por não ter meios de sobreviver, procurou uma instituição católica e desenvolveu
o desejo de aderir às ideias catolicistas. Retornou à Genebra, voltando-se ao pensamento
protestante.
Mudou-se para Paris em 1732, conquistando grande parte de sua instrução ao lado
da Madame Warens. Deixou-a em 1740 e viveu como andarilho até 1742, quando
conheceu outra senhora, que o auxiliou. Tornou-se secretário do embaixador da França
em Veneza e se dedicou a estudar a política. Descobrindo sobre o Iluminismo, passou a
colaborar com o movimento através de seus trabalhos.
Sua principal ideia era a de que o homem nasce bom, mas a sociedade o torna
mau, o corrompe, com o objetivo de lesar o outro. Através do "Contrato Social" (obra de
sua autoria, publicada em 1762), as ações individuais deveriam respeitar as leis que
consideram a vontade geral. Existem então, normas que regulam e limitam o que os
cidadãos podem ou devem fazer. Assim, cada indivíduo deveria se submeter à vontade da
maioria, nascendo assim, o Estado.
Suas publicações com ideias democráticas eram audaciosas demais para a época.
Sua prisão foi decretada e foi perseguido, sendo obrigado a se refugiar em Genebra. Seus
livros eram considerados perigosos, escandalosos e destrutivos. Viveu o resto de seus dias
fugindo das perseguições, desenvolvendo problemas mentais. Viveu seus últimos dias
acolhido pelo Marquês de Girardin, até morrer em 1778 de apoplexia.
Voltaire

François Marie Arouet (Voltaire) nasceu em Paris, no dia 21 de novembro de


1694. Por ser descendente de família aristocrática, Voltaire recebeu uma boa educação.
Estudou latim e grego, dialética e teologia em um colégio jesuíta. Iniciou o curso de
direito, mas não terminou. Com ideias revolucionárias, frequentou a Société du Temple,
que reunia libertinos e livres pensadores.
Os avanços econômicos, culturais e científicos o levaram a crer que o destino
humano seria o progresso. Valorizava o racionalismo e liberalismo, além de ser contra o
poder a Igreja e o poder centralizado do rei. Criticava a nobreza, o absolutismo e a Igreja,
estando ligado à alta burguesia. Dirigiu ao rei Luís XIV versos desrespeitosos, que o
levaram a ser recluso na Bastilha em 1717.
Na prisão que escreveu sua primeira tragédia, em 1718: "Èdipo", utilizando o
pseudônimo Voltaire. Foi liberto, mas preso novamente em 1726 e foi exilado na
Inglaterra. Entrou em contato com as ideias de John Locke e influenciado pelo regime de
governo parlamentar instituído após a Revolução Gloriosa, passou a defender que a
tolerância religiosa e monarquia constitucional inglesa deveriam ser adotadas por toda a
Europa.
Apesar de ser contra o Absolutismo, defendia uma monarquia centralizada em que
os reis, aconselhados por filósofos, deveriam fazer reformas de acordo com o interesse
social. Tinha desprezo pelo povo, mas atuava defendendo o direito individual à liberdade
política e de expressão. Apesar de criticar a Igreja, acreditava na existência de Deus,
apesar de fugir do pensamento católico. Morreu em Paris, no dia 30 de maio de 1778.
Locke

John Locke nasceu em Wrington, Somerset, Inglaterra, em 29 de agosto de 1632.


Era filho de um capitão de cavalaria, pequeno proprietário de terras. Estudou filosofia,
medicina e ciência naturais na Universidade de Oxford, lecionando posteriormente sobre
filosofia, retórica e grego. Estudou as obras de Francis Bacon e René Descartes.
Foi um dos maiores empiristas britânicos, afirmando que o conhecimento vinha
através das experiências, podendo ser de origem externa, em sensações, quanto interna,
por reflexões. A mente seria como uma folha em branco, mas através de nossas
percepções, começaríamos a formar "ideias sensoriais simples". Essas sensações seriam
trabalhadas pelo pensamento, conhecimento, crença e dúvida resultando no que Locke
chamava de reflexão. A mente atua grandemente nesse processo, por classificar e analisar
todas as sensações à medida que forma nossos conhecimentos e personalidade.
Locke defendia a liberdade intelectual e a tolerância. Defendia muitas ideias
liberais, que só vieram a se fortalecer durante o iluminismo francês. Criticava a teoria de
direito divino dos reis, formulada pelo filósofo Thomas Hobbes. Locke acreditava que a
soberania deveria residir não no Estado, mas na população. Afirmava que para que
houvesse um Estado de direito, os representantes do povo deveriam promulgar as leis e o
rei ou o governo deveriam executá-las. Apresentou uma teoria de divisão de poderes,
propondo o equilíbrio entre o rei e o parlamento.
Locke se mudou para a Holanda em 1683 e voltou à Inglaterra em 1688, após o
reestabelecimento do protestantismo e a ascensão ao trono de Guilherme, príncipe de
Orange. Em 1695, foi nomeado membro do Parlamento, e permaneceu até 1700. Morreu
em Harlow, Inglaterra, no dia 28 de outubro de 1704.
Montesquieu

Charles-Louis de Secondat nasceu em Bordeaux na França, no dia 18 de janeiro


de 1689, pertencendo à uma família aristocrática. Teve uma boa educação e ingressou na
Universidade de Bordeaux, no curso de direito. Se tornou Conselheiro do Parlamento de
Bordeaux sob responsabilidade de seu tio em 1714, com a morte de seu pai.
Posteriormente, passou a assumir a presidência do Parlamento de Bordeaux após a morte
de seu tio, sendo nomeado como Barão de Montesquieu.
Montesquieu defendia que um governo bem estruturado deveria ter um corpo de
leis, e o poder estatal deveria estar separado em três esferas. A defesa da separação de
poderes estava assentada na necessidade de um poder vigiar o outro, garantindo que não
haja abusos de poder. Nenhum poder deve se sobrepor ao outro, e todos eles são
complementares um ao outro.
Os poderes do Estado são compostos pelo legislativo (cria leis, coloca projetos de
lei em discussão e votação, e fiscaliza a atuação de outros poderes), executivo (é quem
governa; deve atuar em concordância com a legislação, implementando ações que forem
liberadas pelo Poder Legislativo) e judiciário (deve julgar aqueles que atentam contra a
lei e fiscalizar a atuação dos outros dois poderes). Criticava o absolutismo e catolicismo
e defendia a democracia.
Estudou em Paris na Academia Francesa, onde fazia parte dos grandes círculos
intelectuais da cidade. Viajou pela Europa expandindo seus conhecimentos, afirmando
que examinava a execução de leis de um país, e não se as leis seriam boas. Se iniciou na
maçonaria em 1729, sendo eleito membro da “Royal Society”. Aos 66 anos, faleceu em
Paris no dia 10 de fevereiro de 1755, vítima de febre.
Pascal

Blaise Pascal nasceu em Clermont-Ferrand, na França, em 19 de junho de 1623.


Seu pai, professor de matemática, foi um tutor muito importante para que se desenvolve-
se na área das exatas. Conforme crescia, Pascal demonstrou interesse por matemática,
física e filosofia, indo para a capital francesa para se aprofundar nesses temas.
Pascal era crítico do racionalismo, vertente filosófica baseada na razão, em sua
obra intitulada como "Pensamentos". Ali, eram apresentadas suas principais análises
acerca da existência de um Deus baseado no racionalismo. O filósofo afirmava que o
homem seria impotente para desvendar os mistérios do divino, relacionando, portanto,
seus estudos na busca da verdade, assim como na tragédia humana. Dessa forma, para ele
a razão não seria o fim ideal para concluir a existência de Deus, uma vez que o ser humano
se limita ao que é visível aos olhos.
Pascal também concluiu para os estudos matemáticos, principalmente na
geometria. Baseou suas pesquisas nas ideias de Euclides de Alexandria, um importante
matemático grego chamado de "Pai da Geometria". Formulou então seu teorema,
publicando em 1640 a obra "Essay pour les coniques", um tratado sobre suas proposições
matemáticas e físicas.
Na área da física, Pascal desenvolveu o chamado Princípio de Pascal, que afirma
que ao acrescentar pressão produzida em um líquido em equilíbrio, seria a primeira seria
transmitida completamente por todos os pontos do líquido. Faleceu em 19 de agosto de
1662, vítima de câncer.
Leibniz

Gottfried Wilhelm Leibniz nasceu em Leipzig, Alemanha, em 1 de julho de


19646. Foi criado apenas pela mãe, por ficar órfão de pai cedo. Recebeu valores religiosos
rígidos de sua criação. Na Escola Nicolau, estudou latim e grego e tomou conhecimento
de forma autodidata aos 7 anos. Aos 14 anos, entrou na Universidade Leipzig, graduando-
se em filosofia com a tese "Meditação sobre o princípio da individuação", em que
apresentou o conceito de "Mônadas", unidades primárias do universo. Recebeu o grau de
mestre em filosofia em 1663, e em 1666 publicou sua tese "Dissertação sobre a arte
combinatória. Na Universidade de Altdorf, recebeu o doutorado em direito.
Leibniz participou da Sociedade Alquímica de Nuremberg, quando conheceu o
Barão Johann Christian von Boineburg. Se dedicou a trabalhar como diplomata, tendo
como objetivo de estabelecer a paz interna entre o Sacro Império Romano Germânico.
Idealizou a junção entre o catolicismo e o protestantismo para apaziguar os conflitos
existentes naquela época.
Participou da Royal Society em Londres, sendo eleito membro depois de expor
sua invenção: a máquina de calcular. Desenvolveu o teorema fundamental do cálculo,
publicado em 1677 e aplicado na Europa. Apesar de Newton já ter estudado sobre o
assunto, ele não havia publicado seus estudos. Publicou ainda outras obras importantes
ao longo de sua vida, como "Novos Ensaios sobre o Entedimento Humano" (redigidos
em 1714 e publicado em 1765) e "Monadologia e Princípios da Natureza Humana (1714).
Morreu solitário, vítima de uma crise de gota, longe da aristocracia. Faleceu em Hanôver,
na Alemanha, em 14 de novembro de 1716.
Montaigne

Michel de Montaigne nasceu no castelo de Montaigne, em Bordeaux na França,


em 28 de fevereiro de 1533. Era filho de família rica nobre. Estudou com um preceptor
alemão, recebendo aulas de latim. Ingresso no colégio de Guyene em Bordeaux. Em 1549,
foi para Toulouse onde estudou direito. Em 1554, depois de formado, se tornou
conselheiro da Corte de Périgueux, substituindo seu pai. Quando a corte se dissolveu,
passou a fazer parte do Parlamento de Bordeaux. Logo foram iniciadas as guerras civis e
surtos de peste que o acompanharam.
Em 1568, seu pai morreu, herdando sua propriedade e o título de Senhor de
Montaigne, que lhe garantiu uma sobrevivência tranquila. Em 1570, vendeu seu cargo e
em 1571 se retirou para sua propriedade para escrever suas reflexões. Seu pensamento se
centrava na educação. Para ele, o ensino deveria ser atrelado com o empirismo, através
de experiências práticas. Criticou o esquema de memorização e o uso de livros, que
segundo ele, afastaria os alunos do aprendizado. Os estudantes não poderiam aprender de
forma rápida utilizando esse método por não terem prática para solucionar diversos
assuntos fundamentais, como articular conhecimentos.
No ano seguinte ao seu retiro, teve que assumir novos compromissos sociais e
políticos por conta das consequências das guerras religiosas no país. Se correspondeu com
o protestante Henrique de Navarra, que acabaria se tornando posteriormente um rei
católico, em 1572. Em 1581, realizou uma longa viagem pela Suíça, Alemanha e Itália.
Em Roma, foi notificado sobre ter sido eleito prefeito de Bordéus, cargo desempenhado
por ele por quatro anos. Apesar de equilibrar suas relações com Henrique III e com
Henrique de Navarra, em missão secreta a Paris, acabou sendo preso por um dia na
Bastilha. Montaigne passou os seus últimos anos isolado da vida pública. Manteve Maria
de Gournay em sua companhia, que tomou em sob sua proteção. Foi por ela que a edição
póstuma dos "Ensaios" pôde ser publicada em 1595.
Hobbes

Thomas Hobbes nasceu em Westport, na Inglaterra, em 5 de abril de 1588. Era


filho de um clérigo anglicano, vigário de Westport. Teve uma infância mascada pelo
medo da invasão da Inglaterra pelos espanhóis, na época da rainha Elizabeth I. Após seu
pai brigar com outro clérigo, abandonou sua esposa e os três filhos, os deixando sob os
cuidados de seu irmão. Aos 15 anos foi matriculado na Magdalen Hall da Universidade
de Oxford, onde se formou em 1608.
Hobbes tinha seu pensamento dividido entre teorético e prático. No teorético, era
um empirista, defendendo que não há qualquer representação material antes da
experiência. Porém, sua produção filosófica está centrada na filosofia prática, ou filosofia
política. Defendeu o absolutismo, pois acreditava que o homem era naturalmente
inclinado para o mal, e por isso, se faria necessário um corpo estatal forte, com leis rígidas
aplicadas por um monarca forte, para que deixem de ser selvagens e tornem-se civis.
Ele teve toda sua vida ligada à monarquia inglesa. Tornou-se preceptor de William
Cavendish, que seria o segundo duque de Devonshire. Viajou com ele pra a França e Itália
entre 1608 e 1610. Entre 1621 e 1625, secretariou Francis Bacon ajudando-o a traduzir
alguns de seus ensaios ao latim. Durante um longo tempo, foi preceptor de vários alunos,
até que em uma de suas viagens, entrou em contato com Marin Mersenne, teólogo e
matemático. Em 1636, esteve com Galileu e René Descartes, mas desdenhava do
experimentalismo de Galileu como do de Francis Bacon. Em 1660, coma restauração da
monarquia, o príncipe Carlos retornou à Inglaterra para ser coroado como Carlos II, que
apesar de criticar Hobbes, o manteve na corte e lhe deu uma pensão. Hobbes, como ateu,
não pôde publicar mais nada relacionado à conduta humana. Faleceu em 4 de dezembro
de 1679, com 91 anos.

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