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Modernidade

A filosofia moderna começa no século XV quando tem início a Idade Moderna. Ela permanece até o
século XVIII, com a chegada da Idade Contemporânea.

Ela marca uma transição do pensamento medieval, fundamentado na fé e nas relações entre os homens
e Deus, para o pensamento antropocêntrico, marca da modernidade, que eleva a humanidade a um
novo status como o grande objeto de estudo.

O racionalismo e o empirismo, correntes de pensamento construídas no período, demostram essa


mudança. Ambos visam dar respostas sobre a origem do conhecimento humano. O primeiro associando
à razão humana e o segundo, baseado-se na experiência.

Contexto Histórico
O final de Idade Média esteve calcada no conceito de teocentrismo (Deus no centro do mundo) e no
sistema feudal, terminou com o advento da Idade Moderna.

Essa fase reúne diversas descobertas científicas (nos campos da astronomia, ciências naturais,
matemática, física, etc.) o que deu lugar ao pensamento antropocêntrico (homem no centro do mundo).

Assim, esse período esteve marcado pela revolução do pensamento filosófico e científico. Isso porque
deixou de lado as explicações religiosas do medievo e criou novos métodos de investigação científica.
Foi dessa maneira que o poder da Igreja Católica foi enfraquecendo cada vez mais.

Nesse momento, o humanismo tem um papel centralizador oferecendo uma posição mais ativa do ser
humano na sociedade. Ou seja, como um ser pensante e com maior liberdade de escolha.

Diversas transformações ocorreram no pensamento europeu da época dos quais se destacam:

a passagem do feudalismo para o capitalismo;

o surgimento da burguesia;

a formação dos estados nacionais modernos;

o absolutismo;

o mercantilismo;

a reforma protestante;

as grandes navegações;

a invenção da imprensa;

a descoberta do novo mundo;

o início do movimento renascentista.

Principais Características

As principais características da filosofia moderna estão pautadas nos seguintes conceitos:


Antropocentrismo e Humanismo

Cientificismo

Valorização da natureza

Racionalismo (razão)

Empirismo (experiências)

Liberdade e idealismo

Renascimento e iluminismo

Filosofia laica (não religiosa)

Principais Filósofos Modernos

os principais filósofos e os problemas filosóficos da Idade Moderna:

Michel de Montaigne (1523-1592)

Inspirado no epicurismo, estoicismo, humanismo e ceticismo, Montaigne foi um filósofo, escritor e


humanista francês. Trabalhou com temas da essência humana, moral e política.

Foi o criador do gênero textual ensaio pessoal quando publicou sua obra “Ensaios”, em 1580.

Nicolau Maquiavel (1469-1527)

Considerado “Pai do Pensamento Político Moderno”, Maquiavel foi filósofo e político italiano do período
do Renascimento.

Ele introduziu princípios morais e éticos para a Política. Separou a política da ética, teoria analisada em
sua obra mais emblemática “O Príncipe”, publicada postumamente em 1532.

Jean Bodin (1530-1596)

Filósofo e jurista francês, Bodin contribuiu para a evolução do pensamento político moderno. Sua
"teoria do direito divino dos reis", foi analisada em sua obra “A República”.

Segundo ele, o poder político estava concentrado numa só figura que representa a imagem de Deus na
Terra, baseada nos preceitos da monarquia.

Francis Bacon (1561-1626)


Filósofo e político britânico, Bacon colaborou com a criação de um novo método científico. Assim, é
considerado um dos fundadores do "método indutivo de investigação científica", baseado nas
observações dos fenômenos naturais.

Além disso, apresentou a “teoria dos ídolos” em sua obra “Novum Organum”, que, segundo ele,
alteravam o pensamento humano bem como prejudicava o avanço da ciência.

Galileu Galilei (1564-1642)

“Pai da Física e da Ciência Moderna”, Galileu foi um astrônomo, físico e matemático italiano.

Colaborou com diversas descobertas científicas na sua época. Grande parte esteve baseada na teoria
heliocêntrica de Nicolau Copérnico (a Terra gira em torno do sol), contrariando assim, os dogmas
expostos pela Igreja Católica.

Ademais, foi criador do “método matemático experimental”, o qual está baseado na observação dos
fenômenos naturais, experimentações e valorização da matemática.

René Descartes (1596-1650)

Filósofo e matemático francês, Descartes é reconhecido por uma de suas célebres frases: “Penso, logo
existo”.

Foi criador do pensamento cartesiano, sistema filosófico que deu origem à Filosofia Moderna. Esse tema
foi analisado em sua obra “O Discurso sobre o Método”, um tratado filosófico e matemático, publicado
em 1637.

Baruch Espinosa (1632-1677)

Filósofo holandês, Espinosa baseou suas teorias num racionalismo radical. Criticou e combateu as
superstições (religiosa, política e filosófica) que, segundo ele, estariam pautadas na imaginação.

A partir disso, o filósofo acreditava na racionalidade de um Deus transcendental e imanente identificado


com a natureza, o qual fora analisado em sua obra “Ética”.

Blaise Pascal (1623-1662)

Filósofo e matemático francês, Pascal contribuiu com estudos pautados na busca da verdade, refletidos
na tragédia humana.

Segundo ele, a razão não seria o fim ideal para provar a existência de Deus, uma vez que o ser humano é
impotente e está limitado às aparências.

Em sua obra “Pensamentos”, apresenta suas principais indagações acerca da existência de um Deus
baseado no racionalismo.
Thomas Hobbes (1588-1679)

Filósofo e teórico político inglês, Hobbes buscou analisar as causas e propriedades das coisas, deixando
de lado a metafísica (essência do ser).

Baseado nos conceitos do materialismo, mecanicismo e empirismo, desenvolveu sua teoria. Nela, a
realidade é explicada pelo corpo (matéria) e por seus movimentos (aliados à matemática).

Sua obra mais emblemática é um tratado político denominado de “Leviatã” (1651), mencionando a
teoria do “contrato social” (existência de um soberano).

John Locke (1632-1704)

Filósofo inglês empirista, Locke foi precursor de muitas ideias liberais criticando assim, o absolutismo
monárquico.

Segundo ele, todo o conhecimento era proveniente da experiência. Com isso, o pensamento humano
estaria pautado nas ideias de sensações e reflexão onde a mente seria uma "tábula rasa" no momento
do nascimento.

Assim, as ideias são adquiridas ao longo da vida a partir de nossas experiências.

David Hume (1711-1776)

Filósofo e diplomata escocês, Hume seguia a linha empirista e do ceticismo. Criticou o racionalismo
dogmático e o raciocínio indutivo, analisados em sua obra “Investigação Acerca do Entendimento
Humano”.

Nessa obra, ele defende a ideia do desenvolvimento do conhecimento a partir da experiência sensível,
donde as percepções estariam divididas em:

impressões (associadas aos sentidos);

ideias (representações mentais resultantes das impressões).

Montesquieu (1689-1755)

Filósofo e jurista francês do iluminismo, Montesquieu foi um defensor da democracia e crítico do


absolutismo e do catolicismo.

Sua maior contribuição teórica foi a separação dos poderes estatais em três poderes (poder executivo,
poder legislativo e poder judiciário). Essa teoria foi formulada em sua obra O Espírito das Leis (1748).

Segundo ele, essa caracterização protegeria as liberdades individuais, ao mesmo tempo que evitaria
abusos dos governantes.
Voltaire (1694-1778)

Filósofo, poeta, dramaturgo e historiador francês foi um dos mais importantes pensadores do
Iluminismo, movimento baseado na razão.

Defendeu a monarquia governada por um soberano esclarecido e a liberdade individual e de


pensamento, ao mesmo tempo que criticou a intolerância religiosa e o clero.

Segundo ele, a existência de Deus seria uma necessidade social e, portanto, se não fosse possível
confirmar sua existência, teríamos de inventá-lo.

Denis Diderot (1713-1784)

Filósofo e enciclopedista do iluminismo francês, ao lado de Jean le Rond D’Alembert (1717-1783), ele
organizou a “Enciclopédia”. Essa obra de 33 volumes reunia os conhecimentos de diversas áreas.

Contou com a colaboração de diversos pensadores, tal qual Montesquieu, Voltaire e Rousseau. Essa
publicação foi primordial para a expansão do pensamento moderno burguês da época e dos ideais
iluministas.

Rousseau (1712-1778)

Jean-Jacques Rousseau foi um filósofo social e escritor suíço e uma das mais importantes figuras do
movimento iluminista. Foi um defensor da liberdade e crítico do racionalismo.

Na área da filosofia investigou temas acerca das instituições sociais e políticas. Afirmou a bondade do
ser humano em estado de natureza e o fator de corrupção originado pela sociedade.

Suas obras mais destacadas são: “Discurso sobre a origem e os fundamentos das desigualdades entre os
homens” (1755) e “Contrato Social” (1972).

Adam Smith (1723-1790)

Filósofo e economista escocês, Smith foi o principal teórico do liberalismo econômico, criticando assim o
sistema mercantilista.

Sua obra mais emblemática é o “Ensaio sobre a riqueza das nações”. Aqui, ele defende uma economia
baseada na lei da oferta e procura, o que resultaria na autorregulação do mercado e
consequentemente, supriria as necessidades sociais.

Immanuel Kant (1724-1804)


Filósofo alemão com influência iluminista, Kant buscou explicar os tipos de juízos e conhecimento
desenvolvendo um “exame crítico da razão”.
Em sua obra “Crítica da razão pura” (1781) ele apresenta duas formas que levam ao conhecimento: o
conhecimento empírico (a posteriori) e o conhecimento puro (a priori).

Além dessa obra, merecem destaque a "Fundamentação da Metafísica dos Costumes" (1785) e a “Crítica
da razão prática” (1788).

Em resumo, a filosofia kantiana, buscou criar uma ética cujos princípios não se baseassem na religião e,
sim, em um conhecimento fundamentado na sensibilidade e no entendimento.

CURIOSIDADES SOBRE A MODERNIDADE

1. O foco da filosofia moderna estava na teoria do conhecimento

Esse primeiro ponto, de fato, é o mais básico e essencial, porque trata do próprio estilo da filosofia
moderna, da atmosfera comum que foi partilhada por todos os grandes filósofos que escreveram no
século XVI e XVII. Diferente dos pensadores antigos e medievais, que praticavam uma filosofia
essencialmente ontológica, os autores modernos construíram uma filosofia fundamentalmente
epistemológica. Ora, o que eu quero dizer com isso? É simples: os filósofos da Antiguidade e da Idade
Média tinham como meta elaborar teorias que explicassem a realidade, que mostrassem como e porque
as coisas são do jeito que são, o que caracteriza o pensamento ontológico (“to ontós” é, em grego, o
verbo “ser“), afinal, eles se preocupavam em explicar, acima de tudo, o ser das coisas – centravam-se no
objeto de conhecimento. Contrariando esta atitude, os modernos adoraram uma postura
epistemológica (“episteme” em grego, significa “conhecimento”), ou seja, procuraram, antes de explicar
o que as coisas são, mostrar como é possível o nosso próprio conhecimento, como é possível que nós
conheçamos as coisas. Para os autores modernos, não faz sentido o homem tentar entender a realidade,
se antes não sabe quais são os limites e os fundamentos de seu próprio saber. Nesta perspectiva, sem
uma análise prévia do sujeito do conhecimento, é impossível entender o objeto, ou, em outras palavras,
sem uma fundamentação completa de nossa capacidade de conhecer, qualquer teoria ontológica que
elaboremos poderá ser posta em xeque.

2. Descartes propôs o método da dúvida

Dentre todos os autores da filosofia moderna, o mais importante, certamente, foi o francês René
Descartes (1596–1650). De acordo com o espírito de seu tempo, Descartes pôs no primeiro plano de sua
filosofia a busca por uma teoria do conhecimento consistente, capaz de apresentar os fundamentos
últimos de nosso saber. Curiosamente, porém, o meio que propôs para se alcançar esta certeza firme e
inabalável foi o método da dúvida. Em outras palavras – e é isto que o tornou célebre –, Descartes
pensava que o melhor método para se alcançar um saber firme e inquebrantável é questionar tudo
aquilo que possa ser posto em dúvida, das mais abstratas crenças às mais cotidianas, não admitindo
nada que não seja absolutamente seguro e inquestionável. Naturalmente, o que o filósofo procurava
com isso era eliminar do caminho todas as crenças supersticiosas ou incertas e erigir com isso um
edifício do saber que jamais pudesse ser demolido. As conclusões do método da dúvida empregado por
Descartes estão expostas detalhadamente em seus livros, especialmente no Discurso do Método e nas
Meditações Metafísicas. Tanto numa obra quanto na outra, a primeira certeza que Descartes admite
como inquestionável é a da própria existência, que é garantida pelo próprio método. Daí a famosa frase
“Penso, logo existo”.

3. O empirismo justificava o conhecimento através da experiência

Ainda que não eu tenha desenvolvido em minúcia a explicação da argumentação cartesiana, não é difícil
perceber, a partir do ponto 2, em que teoria do conhecimento ela desemboca. Se a primeira certeza de
Descartes é o “Penso, logo existo”, isto significa que o que garante todo o edifício do saber cartesiano é
o pensamento, isto é, a razão. Em outras palavras, Descartes é o pai do racionalismo, da teoria
epistemológica segundo a qual a racionalidade é o fundamento de todo saber humano. Opondo-se a
esta perspectiva, que consideravam inadequada, vários filósofos modernos, sobretudo britânicos,
propuseram outra teoria do conhecimento: o empirismo. Para os empiristas, como John Locke (1632–
1704) e David Hume (1711–1776), o fundamento do conhecimento humano é a experiência, ou seja, a
percepção fornecida pelos cinco sentidos do corpo humano. Segundo o empirismo, o homem não nasce
com qualquer saber prévio, inato. Ao contrário, ao nascer, sua mente é tal como uma tábula rasa, um
quadro em branco, que se preenche progressivamente através das ideias fornecidas pela sensibilidade.

O Renascimento

Dá-se o nome de Renascimento ao movimento de renovação intelectual ocorrido na Europa dentro da


transição do feudalismo para o capitalismo. Esse período marcante da história europeia foi
caracterizado por grandes conquistas culturais, ocorridas durante os séculos XIV-XVI.

Não se pode entender o Renascimento como limitado às Artes e às Ciências, mas sim, como uma
mudança nas formas de sentir, pensar e agir em relação aos padrões de pensamento e comportamento
vigentes na Idade Média.

Uma das principais características do Renascimento é o Humanismo, interpretado comumente como


sinônimo de antropocentrismo ou valorização do ser humano. O verdadeiro sentido do humanismo
renascentista, porém, era o estudo das Humanidades, isto é, da língua e literatura antigas. Durante o
Renascimento, a Matemática e a Música também eram bastante estudadas.

Em termos filosóficos, o Renascimento representa um distanciamento do cristianismo e da lógica e uma


aproximação ao Humanismo. Os Humanistas do Renascimento redescobriram as obras clássicas latinas e
gregas. (“Renascimento” significa o renascer do mundo clássico). A filosofia humanista enfatizava a
dignidade da humanidade: o intelectualismo passou a ser dedicado ao estudo do ser humano, e não
mais à Teologia e Lógica. Os humanistas davam importância aos assuntos temporais e pessoais em vez
de enxergar o mundo como um portal para a pós vida cristã.

Um novo senso crítico surgiu, que valorizava a contribuição dos antigos gregos, mas que também
preparava o terreno para o nascimento da Filosofia Moderna na Era da Razão (Iluminismo). Os
humanistas influenciaram o Renascimento Europeu e abriram caminho para o surgimento de um mundo
laico e moderno.
Filosofia Renascentista

A cultura do período renascentista se caracterizava por uma intensa apreciação do indivíduo. Os


pensadores se interessavam em aprender sobre as características únicas que distinguiam cada pessoa.
Assim como os romanos, almejavam fama e sucesso. Como os gregos, acreditavam que seres humanos
tinham a capacidade de realizar grandes feitos. Tais atitudes incentivaram um espírito de curiosidade e
aventura entre os europeus.

Os homens e mulheres que constituíam a classe alta europeia eram os que mais desfrutavam do espírito
do Renascimento, pois tinham tempo e dinheiro para fazê-lo. O pensamento renascentista considerava
que a pessoa ideal era aquela dotada de vários talentos e habilidades: inteligência, cultura, criatividade,
habilidades atléticas, etc.

Como os antigos gregos e romanos, a classe alta italiana prestigiava as pessoas que beneficiavam a
sociedade. Valorizava o estudo das Ciências Humanas e a aquisição de talentos considerados valiosos
para líderes políticos e sociais, como o dom da oratória, boas maneiras e um estilo de escrita elegante.

Alguns filósofos famosos do Renascimento

Francisco Petrarca (1304–1374)

Desidério Erasmo (1466–1536)

Nicolau Machiavelli (1469–1527)

Nicolau Copérnico (1473–1543)

Thomas More (1478–1535)

Francis Bacon (1561–1626)

Galileo Galilei (1564–1642)

Francisco Petrarca

Francisco Petrarca, filósofo e poeta italiano, nascido em 1304, liderou o surgimento do Renascimento
humanista. Ele estudou Literatura e Filosofia romanas, estimulando vários outros a fazerem o mesmo.
Em suas obras, discutia as ideias de escritores romanos e copiava seus estilos. Escreveu centenas de
poemas românticos em italiano.

Petrarca acreditava que o estudo de História Antiga e Literatura possuía um imenso valor moral e
prático, pois tais assuntos tratavam dos pensamentos e das ações dos seres humanos. Ele reavivou a
ética prática, que enfatiza introspecção e experiência.
Os pensadores da Idade Média tentaram usar as ideias de antigos escritores para apoiar e esclarecer os
ensinamentos da Igreja. Em contrapartida, Petrarca e outros humanistas do Renascimento tentaram
compreender toda a civilização do mundo antigo. Os pensadores medievais achavam que a vida na Terra
era apenas um preparo para a vida após a morte. Já os renascentistas davam mais importância à vida
terrestre.

Embora o Humanismo tenha sido associado ao secularismo, Petrarca foi um cristão devoto que não
acreditava que havia conflito entre a realização do potencial humano e a fé religiosa. Ele se opunha à
ideia de que a fé em Deus é um impedimento à busca de realizações laicas, pois acreditava que o vasto
potencial humano para buscas criativas e intelectuais foi dado ao homem por Deus para que seja
completamente realizado. Petrarca era um forte defensor da continuidade entre a Cultura Clássica e o
Cristianismo. Por ter mesclado esses dois ideais, ele é considerado o fundador e o grande representante
do Humanismo.

As duas maiores influências sobre Petrarca foram Cícero e Santo Augustinho. Cícero foi um famoso
político e orador que viveu durante os últimos anos da República Romana e que escreveu longos
tratados sobre Filosofia moral e religiosa e guias sobre a oratória. Ao estudar os ensinamentos de
Cícero, Petrarca aprendeu Filosofia e como compor em latim. Ao estudar as obras de Santo Agostinho,
desenvolveu suas ideias sobre o relacionamento do homem com Deus.

Petrarca foi um dos primeiros pensadores a chamar a Idade Média de Idade das Trevas. Ele é também
considerado o responsável por aperfeiçoar o soneto, que se tornou uma das formas de arte mais
populares na história da Europa.

Petrarca foi considerado o maior erudito de sua época. Ele influenciou a Literatura europeia de forma
significativa e duradoura. Sua profunda consideração pelo Passado Clássico, como fonte de significado
literário e filosófico, exerceu um papel importante na abertura do caminho para o Renascimento.

Nicolau Maquiavel

O clima político na Itália renascentista era de intensa competição pelo poder. O Papa, o Sacro Imperador
Romano e os governantes da França e Espanha - todos famintos de poder – estudavam livros que
supostamente ensinavam como ter sucesso na política. O mais famoso desses livros foi escrito por
Nicolau Maquiavel de Florença, um diplomata e assíduo estudante de política. Maquiavel, que viveu
durante os anos 1469-1527, utilizou exemplos da história romana para definir a o modus operandi de
um governo eficaz. Ele ensinava que um governante deveria fazer o que fosse necessário para obter e
manter o poder. Em seu famoso livro "O Príncipe" (1513) – um grande clássico da política –, Maquiavel
escreveu que líderes frequentemente enganavam uns aos outros por meio de mentiras, quebras de

promessas e até assassinatos. Segundo o autor, na política, as ações deveriam ser julgadas não por sua
moralidade, e sim, por suas consequências. Até hoje, as visões e ensinamentos polêmicos de Maquiavel
são discutidos no estudo de História, Política e Filosofia.
Erasmo de Noterdã

O mais influente humanista do Renascimento do norte europeu foi Desidério Erasmo, também
conhecido como Erasmo de Norterdã. Nascido em torno de 1466, em Roterdã, Holanda, Erasmo se
tornou padre católico e estudou tanto os ensinamentos humanistas como os cristãos. Editor da primeira
edição publicada do Novo Testamento Grego, ele foi um autor prolixo e influente, que escreveu sobre
uma grande variedade de assuntos.

Em sua obra Elogio da Loucura (1509), Erasmo criticou os eruditos, os cientistas, os filósofos e o clero da
época, acusando-os de terem mentes fechadas. Seu trabalho exerceu grande influência na Europa: ele
foi um dos primeiros autores europeus cujas obras foram lidas por milhares de pessoas.

Erasmo alegava que a Igreja se tornara uma organização corrupta e gananciosa. Ele defendia o retorno
à simples fé do cristianismo.

Erasmo viveu durante a Reforma e contribuiu para o desenvolvimento dessa grande sublevação
religiosa, mesmo que ele próprio nunca a tenha abraçado. Desde jovem, manifestava-se em prol de
reformas na Igreja, mas sempre insistiu que esta deveria se manter unida e que as reformas deveriam
ser feitas pacífica e gradualmente, sendo implementadas pela própria Igreja, e não por instituições não
tradicionais. Erasmo foi severamente criticado por católicos tradicionalistas, que não levavam a sério
suas críticas a Martinho Lutero e que o acusavam de ter aberto caminho para a Reforma. Mas Erasmo
foi também muito criticado por Protestantes zelosos, que o acusavam de covardia: afirmavam que ele se
recusava a endossar abertamente o que acreditava e ensinava.

Mas Erasmo também contava com admiradores em ambos os lados do espectro religioso. Era admirado
principalmente por aqueles que, como ele, tentavam encontrar alguma forma de conciliação que
restauraria a união cristã e tornaria a igreja – liderada por uma nova geração de clérigos, com mais
preparo educacional –, em uma instituição dedicada a servir às necessidades do povo. Erasmo desejava
que a Igreja se dedicasse às suas obrigações, tanto educacionais como pastorais, em vez de buscar o
acúmulo de poder, fortuna e prestigio.

Após seu falecimento, em 1536, os líderes conservadores triunfaram sobre os moderados, assumido a
liderança da Igreja Católica Romana. Uma das consequências disso foi que o prestígio de Erasmo na
Europa Católica despencou. Em países como a Espanha – em que, durante a década de 1520, suas obras
eram traduzidas e admiradas –, tornou-se perigoso possuir ou citar seus escritos.
Revolução Científica

A Revolução Científica iniciou no século XV um conhecimento mais estruturado e prático,


desenvolvendo formas empíricas de se constatar os fatos.

Até a Idade Média, o conhecimento humano estava muito atrelado ao modo de concepção da vida que a
religiosidade propagava. A ciência, por sua vez, estava muito atrelada à Filosofia e possuía suas
restrições. Mas o florescer de novas concepções a partir do século XV permitiu uma reformulação no
modo de se constatar as coisas. A nova forma de pensar, comprovar e, principalmente, fazer ciência
prosperou-se intensamente em um período que se prolongou até o fim do século XVI.

A Revolução Científica tornou o conhecimento mais estruturado e mais prático, absorvendo o


empirismo como mecanismo para se consolidar as constatações. Esse período marcou uma ruptura com
as práticas ditas científicas da Idade Média, fase em que a Igreja Católica ditava o conhecimento de
acordo com os preceitos religiosos. Embora na época tenha havido grande movimentação com a
divulgação de novos conhecimentos e novas abordagens sobre a natureza e o mundo, o termo
Revolução Científica só foi criado em 1939 por Alexandre Koyré.

Diversos movimentos sociais, culturais e religiosas prestaram suas valiosas contribuições para o
incremento da Revolução Científica. Aquele era o período do Renascimento, uma fase que pregava a
volta da cultura Greco-romana e propagava a mudança de orientação do teocentrismo para o
antropocentrismo. Outra característica era o humanismo, uma corrente de pensamento interessada em
um pensamento mais crítico e, principalmente, valorizava mais os homens. Tais abordagens mudaram
muito o pensamento humano.

A ciência ganhou muitas novas ferramentas. Passou a ser mais aceita e vista como importante para um
novo tipo de sociedade que nascia. As comprovações empíricas ganharam espaço e reduziram as
influências das influências místicas da Idade Média. O conhecimento ganhou impulso para ser difundido
com a invenção de Joahannes Gutenberg, a imprensa. A capacidade de reproduzir livros com exatidão e
espalhá-los por vários lugares foi fundamental para a Revolução Científica na medida em que restringia
as possibilidades de releituras e interpretações equivocadas dos escritos.

O modo místico da Igreja Católica de determinar o conhecimento perdeu ainda mais espaço com a
Reforma Protestante. Os reformistas eram favoráveis à leitura da Bíblia em todas as línguas e também
acreditavam que as descobertas da ciência eram válidas para apreciar a existência de Deus.
Em meio a toda essa efervescência favorável à Revolução Científica, o hermetismo também apresentou
sua parcela de contribuição para o progresso do conhecimento. Usando idéias quase mágicas, apoiava-
se e incentivava no uso da matemática para demonstrar as verdades. Com um novo horizonte, a
matemática ganhou espaço e se desenvolveu com grande relevância para o desenvolvimento de um
método científico mais rigoroso e crítico.

Os efeitos da Revolução Científica foram incontáveis e mudaram significativamente a história da


humanidade. Provou-se que a Terra é que girava em torno do Sol, a física explicou diversos
comportamentos da natureza, a matemática descreveu verdades e o humanismo tornou os
pensamentos mais críticos, por exemplo. Entre os grandes nomes do período que deram suas
contribuições para o avanço da ciência estão: Isaac Newton, Galileu Galilei, René Descartes, Francis
Bacon, Nicolau Copérnico, Louis Pasteur e Francesco Redi.

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