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Confira as principais teorias e os principais pensadores que contribuíram para a

formação do pensamento sociológico. Você vai descobrir que o aparecimento


de uma ciência não acontece por acaso, e este processo está diretamente
relacionado às formas de organização social, cultural e econômica da(s)
sociedade(s) em que esta ciência floresce.

A sociologia é uma área do conhecimento recente se comparada com a história,


o direito e a filosofia. A filosofia, grande mãe das ciências humanas e sociais
que conhecemos hoje, remonta de séculos antes de Cristo.

O pensamento filosófico ocidental, surgido na Grécia Antiga irá influenciar todo


o pensamento ocidental, contribuindo para o surgimento da sociologia e de
outras ciências modernas e contemporâneas. Vejamos a seguir alguns
momentos dessa longa marcha até o surgimento da Sociologia.

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Deuses e heróis

As primeiras tentativas de compreender como as forças sociais funcionam


baseavam-se na imaginação, na fantasia, na especulação. Assim, certos
fenômenos sociais eram explicados a partir da ação de seres mitológicos, como
deuses e heróis.

Na mitologia greco-romana, por exemplo, havia um deus para a guerra (Ares


para os gregos, Marte para os romanos), outro para o comércio (Hermes para
os gregos e Mercúrio para os romanos), uma deusa para as relações amorosas
(Afrodite para os gregos e Vênus para os romanos), e assim por diante. O deus
supremo era Zeus. Sua mulher, Hera, protegia o casamento e tutelava a vida
familiar.

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Entre a filosofia e a religião
Até o início da Idade Moderna, no século XV, as tentativas de explicar a sociedade
foram muito influenciadas pela filosofia e pela religião, que propunham normas para
a sociedade, procurando modificá-la de acordo com seus princípios.

Na Grécia Antiga, como vimos, surgiram explicações mitológicas para alguns


fenômenos sociais. Insatisfeitos com essas explicações, os filósofos gregos foram
os primeiros a empreender o estudo sistemático da sociedade humana. Entre eles,
destacam-se Platão (427-347 a.C.), autor de A República, e Aristóteles (384-322
a.C.), que escreveu Política. É de Aristóteles a afirmação segundo a qual “o homem
nasce para viver em sociedade”.

Na Idade Média, a reflexão teórica sobre a sociedade se deu entre pensadores


ligados à Igreja católica. Santo Agostinho (354-430), por exemplo, em seu livro A
cidade de Deus, propunha normas para evitar o pecado na sociedade. Obras como
essa descreviam a sociedade humana numa perspectiva religiosa muito acentuada.

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Os pensadores renascentistas
O Renascimento (ou Renascença, Renascentismo) foi, ao mesmo tempo, um
período histórico e um movimento cultural, intelectual e artístico surgido na Itália,
entre os séculos XIV e XVII. Como sabemos, renascimento significa, literalmente,
nascer novamente. Por isso, esse termo foi utilizado para indicar o movimento de
retomada da cultura clássica greco-romana. Embora a Itália, especialmente
Florença, sejam consideradas o berço da Renascença, ela se expandiu para outras
regiões europeias.

Com o Renascimento surgiram pensadores que abordavam os fenômenos sociais


de maneira mais realista. Escreveram sobre a sociedade de sua época: Nicolau
Maquiavel (O príncipe), Tomás Morus (Utopia), Tomas Campanella (Cidade do Sol),
Francis Bacon (Nova Atlântida) e Erasmo de Roterdã (Elogio da loucura).

No século XVII, outros pensadores deram sua contribuição ao desenvolvimento das


Ciências Sociais. Um dos mais notáveis foi o inglês Thomas Hobbes (Leviatã).

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Vico e A nova ciência
Particularmente importante nesse processo de reflexão não-religiosa sobre a
sociedade foi, no século XVIII, a obra A nova ciência de Giambattista Vico. Segundo
Vico, a sociedade se subordina a leis definidas, que podem ser descobertas pelo
estudo e pela observação objetiva. Sua formulação — “O mundo social é, com toda
certeza, obra do homem” — foi um conceito revolucionário para a época.

Alguns anos depois, Jean-Jacques Rousseau reconheceu a influência decisiva da


sociedade sobre o indivíduo. Em seu livro O contrato social, Rousseau afirma que
“O homem nasce puro, a sociedade é que o corrompe”. Hoje, sabe-se que o
indivíduo também influencia e modifica o meio em que vive ao agir sobre ele.

Entretanto, foi só no século XIX — com Augusto Comte, Herbert Spencer, Gabriel
Tarde e, principalmente, Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx — que a
investigação dos fenômenos sociais ganhou um caráter verdadeiramente científico.

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Assim, não é de se admirar que os grandes pensadores nos
quais os sociólogos irão se inspirar sejam filósofos. Os
grandes filósofos são muitos, poderíamos passar horas
falando deles e de suas grandes ideias, mas há três deles
que são fundamentais no surgimento do pensamento
sociológico, são eles: Nicolau Maquiavel, John Locke e
Jean-Jacques Rousseau.

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Nicolau Maquiavel
Nicolau Maquiavel (1469-1527), filósofo, historiador, diplomata e escritor italiano, foi o
fundador da Ciência Política e um dos principais teóricos do Estado moderno. Ele ficou
conhecido, principalmente pela obra O príncipe, na qual disserta sobre como um
monarca deve agir para ser um grande líder político para seu país. A conduta do
príncipe, de acordo com Maquiavel, deve ser estratégica e não deve se preocupar em
agradar a todos.

A famosa frase “os fins justificam os meios” é de autoria de Maquiavel, e ela resume
bem o pensamento deste homem que irá influenciar a formação e consolidação das
ciências jurídicas, das ciências políticas e de todos os estudos referentes ao Estado e
sua relação com a sociedade.

Para Maquiavel, assim como para muitos de seus sucessores, a violência e a


crueldade se justificam na tomada do poder de uma nação. Infelizmente, as ideias de
Maquiavel seguem atuais, guiando as formas de governar da maior parte dos políticos
contemporâneos, quando não de forma declarada, elas se fazem de forma velada.

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John Locke

John Locke (1632-1704), filósofo inglês, considerado o pai do liberalismo político,


tentará compreender como o Estado pode se tornar legítimo na sociedade. Guiado
pelos princípios de liberdade e direito à propriedade, Locke defendia que o Estado
não poderia julgar do jeito que quisesse e que as pessoas só deveriam obedecer
ao Estado se ele protegesse os direitos à liberdade e à propriedade dessas
pessoas, caso contrário, elas teriam todo o direito de se rebelar.

Locke, conhecido como um dos três pensadores contratualistas, viveu no tempo da


Revolução Gloriosa inglesa. Como resultado dessa revolução o rei foi obrigado a
aceitar leis que limitavam o seu poder e garantiam direitos aos seus súditos.

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Jean-Jacques Rousseau

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), filósofo franco-suíço, um dos fundadores do


direito moderno, acreditava que no estado de natureza – vida social antes do
surgimento do Estado – as pessoas eram livres e felizes com o pouco que
possuíssem.

Contudo, Rosseau acreditava na conquista da liberdade do cidadão na sociedade


moderna, onde a presença do Estado teria se feito necessária. Para este pensador,
a única maneira de preservar a liberdade após o surgimento do Estado seria se
todos aceitassem entregar seus direitos uns aos outros e não ao governante.

Assim, Rosseau figura como um dos filósofos modernos mais próximos à busca e
defesa do bem comum; de forma indireta suas ideias irão influenciar as ideias de
Karl Marx, o primeiro sociólogo a criticar duramente a propriedade privada e o
Estado como mantenedor das desigualdades sociais.

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