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MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Edição à escolha do(a) estudante.

Delimitação:

(1) Capítulo XV

(2) Capítulo XVII

(3) Capítulo XVIII

1 Na perspectiva de Maquiavel, ser honesto, verdadeiro e


honrado são virtudes necessárias à conduta do Príncipe? Por
quê?
Na verdade, não necessariamente. Maquiavel começa o capítulo XV
enunciando que “aquele que abandona o que se faz por aquilo que se deveria
fazer aprende antes a arruinar-se do que a preservar-se” (referindo-se aos
homens que buscam sempre a bondade), ou seja, circunstancialmente, não é
sempre possível fazer o uso da bondade e demais virtudes, haja vista que, na
busca incessante por ser bondoso ou honesto, o Príncipe pode encontrar sua
ruína. Assim, deve ele aprender a poder não ser bom também. Deve o
Príncipe, principalmente, escapar da infâmia dos vícios que lhe levariam à
perder o Estado, sendo, então, prudente.
2 Qual é o principal objetivo do Príncipe em seu governo,
segundo Maquiavel? Em outros termos, qual seria o valor
fundamental para a atividade política do Príncipe? Explique.
O principal objetivo do Príncipe em seu governo é manter a estabilidade de seu
principado e, para tanto, esse deve manejar suas qualidades para manter o
apoio dos súditos, ou seja, ser prudente e ter temperança. Assim, cabe ao
Príncipe não necessariamente ter todas as virtudes (algo que é humanamente
impossível), mas saber aparentar tê-las, haja vista a importância da imagem do
Príncipe para a confiança e segurança do reino. Nesse sentido, um dos valores
imprescindíveis ao exercício de governo pelo príncipe é a virtú, isto é, o
conhecimento prático para controlar as ocasiões e manejar suas atitudes
perante aos súditos.
Nesse contexto, no que diz respeito à imagem e atitudes do Príncipe, é
importante que esse seja visto como piedoso, não cruel, mas que, porém,
maneje em sua piedade e não tema a infâmia de cruel quando para unificar e
proteger seus súditos. Além disso, no que diz respeito à ser amado ou temido,
Maquiavel propõe que o Príncipe seja os 2, mas, em face da dificuldade de
combina-las, é preferível que esse seja temido, pois “os homens tem menos
receio de ofender quem se faz amar do quem se faz temer”, evitando, contudo,
ser odiado. Um príncipe odiado tenderá, inevitavelmente, à ruína.

3 Segundo Maquiavel, qual gênero de combate é próprio: (a) -


do homem? (b) - dos animais?
Existem dois gêneros de combate: um com as leis e outro com a força. Quando
se fala das leis, refere-se ao modelo próprio do homem, enquanto a força é o
gênero dos animais. Ambos, apesar de naturalidades distintas, são
complementares e essenciais para o Príncipe governar.
4 Como Maquiavel descreve o comportamento: (a)- do leão?
(b)- da raposa?
Ao comentar sobre o juízo animal, Maquiavel elenca, metaforicamente 2 deles:
a raposa e o leão. A primeira representa a astúcia e capacidade de conhecer
os laços. O segundo expressa a força e concretude para lidar com os lobos.
Assim, para o Príncipe, é necessário utilizar-se de ambos os aspectos
animalescos, pois caso seja apenas raposa, ou apenas leão, tenderá,
respectivamente: I- ser suprimido pelos lobos; II – ser enganado e derrubado
pelos laços malfeitos.

5 O que as perguntas 3 e 4, acima, têm a ver com o


comportamento do príncipe? Em outros termos, como
Maquiavel utiliza essas metáforas para extrair conclusões
aplicáveis à orientação do comportamento do príncipe?
Ambas as perguntas ligam-se pelo fato de atentarem para o comportamento do
Príncipe em seu governo. Com isso, Maquiavel coloca que o Príncipe,
almejando a estabilidade de seu principado, saberá optar simultaneamente, ou
quando necessário, pelo juízo dos homens(as leis) e dos animais(a força), isto
é, saberá ser ríspido e ponderado no governo. Ademais, para que mantenha
sua imagem e segurança, o Príncipe saberá também ser Raposa, ou seja, ser
astuto e saber quando agir, mantendo as aparências de virtuoso (religioso,
humano, piedoso, fiel e íntegro), ao mesmo tempo Leão, forte, firme e
soberano para lidar com aqueles que anseiam derruba-lo.
6 Maquiavel está preocupado em fundamentar (justificar) o
poder do príncipe?
Na verdade, não. Sua obra “O Príncipe” não se apega à justificar o poder do
soberano, mas, sim, em ser um compêndio com aconselhamentos para o
príncipe manter um bom e estável reinado. Nesse caso, a obra é dirigida
especificamente para Lorenzo Medici.
7 Maquiavel está preocupado em distinguir o certo do errado?
Nem tanto. Maquiavel preocupa-se mais com a relação entre as virtudes e
imagem que um príncipe deve ou não passar para seus súditos. O
maniqueísmo de bem/mal, certo/errado pode ser sucintamente interpretado
pelo leitor, mas nem de longe é o ponto central da obra. Em muitas partes, por
exemplo, Maquiavel elenca posturas do príncipe como “ser cruel” ou “ser
temido” sem classifica-las como certas ou erradas, mas, sim, como possíveis
caminhos que um príncipe pode seguir para governar.

8 Como é a relação entre Estado, Política e Direito em


Maquiavel?
Começando pelo Estado, esse, em Maquiavel, se apresenta num momento de
transição do modelo feudal para o Estado moderno, em que surge a imagem
do príncipe como aquele que unificará os principados (italianos, nesse caso)
em um governo e cuidará da proteção desse contra outros. A imagem de
Estado aqui é organizada pelo Príncipe o qual, para seu exercício da Política,
deve saber manejar suas qualidades com o intuito de preservar a segurança,
confiança e estabilidade do governo, mantendo, assim, uma imagem virtuosa,
astuta e firme. Desse modo, o Direito aqui está posto conforme as vontades do
Príncipe, porém, a maneira como esse é aplicado deve ser ponderada, haja
vista a necessidade de atender os anseios dos súditos, cabendo o Príncipe
aparentar ser piedoso para julgar, mas cruel quando necessário a segurança,
evitando, acima de tudo, ser odiado em seu julgamento.

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