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MAQUIAVEL

1. INTRODUÇÃO

Maquiavel se tratava de um humanista, de um realista (encara a política


como ela é e não como ela deveria ser) e um republicano (prefere a república e
pelo povo, rejeitando a monarquia e os nobres).

O Príncipe é um manual do poder (isso se estende pra todas as suas


obras), se tratando de como organizar a política, como manter e manejar o
poder, isso inclui a guerra. Só é possível ser independente se tem força e
aquele que tem força precisa se utilizar da independência.

Maquiavel não justifica os meios pelos fins, mas sua preocupação é


como os fins e os meios dialogam pra produzir um certo projeto de poder ou
um líder novo.

Ele rompe com o sentido religioso ao ir contra o direito divino ao poder,


centrando suas observações em como os reis atuam para ganhar ou manter os
poderes, rompendo com as aparências (apesar de tratar delas), isso é
fundamental para se entender os véus das aparências.

Ele opera um “espelho do príncipe” onde descarta os princípios morais


e dá primazia a estratégia.

Na sua obra, a política é autônoma. Ela pode se conectar com a


economia e/ou moral, mas ela implica uma própria moralidade (distinto das
diversas moralidades), descartando a universalidade, com isto, a moral tem
que estar voltada a conquista do poder.

Existem quatro conceitos fundamentais para a compreensão da obra de


Maquiavel, sendo estes:

- Fortuna: É a contingência, o acaso, a sorte, as circunstâncias. É o


campo que se apresenta pro líder agir.

- Virtú: São as qualidades do líder que ele tem para se confrontar com
a fortuna (o acaso, o campo). Não confundir com virtude (virtude moral).

- Natureza: Se trata de condições imutáveis, objetivas, podendo ser das


coisas ou dos homens.
- Indústria: Condicionada a ação humana, usada para adestrar a
natureza.

2. TIPOS DE PRINCIPADO (CAPÍTULO 1 – 4)

Cap. 1: Quantos são os gêneros dos principados e de que


modo são conquistados.

Cap. 2: Dos principados hereditários.


Em principados hereditários, portanto, são mais fáceis de se manter e
não causar grandes ofensas ao povo, isto não se aplica no caso de ser
atacado (invadido).

Cap. 3: Dos principados mistos.

O principado adquirido, uma vez invadido, já é o inverso do principado


hereditário. Se faz necessário por ofender o príncipe derrotado e acabar com a
linhagem de qualquer um que tenha dado sustentação a ele. A cooperação do
povo também se faz por necessária ainda que sabendo que é passageira.
Caso contrário, ele terminará perdendo a ocupação pois o mesmo povo que lhe
abrir as portas, vão fechar elas. Manter as leias e os impostos também é um
artificio para não causar atritos entre o novo príncipe e o derrotado, haja vista
já estarem acostumados com aquelas legislações. Aqui é importante se
denotar que se trata da conquista de um estado/província do qual se trata de
língua, costumes e ordenações idênticas.

No caso de uma conquista de um espaço cuja língua, costumas e


ordenações sejam diferentes, maior terá que ser a fortuna e a habilidade para
manter, tendo alguns métodos para tal.

1. O conquistador tem que transferir sua residência para o novo lugar


conquistado, assim, qualquer desordem ou rebeliões podem ser
remediadas com celeridade, não sendo o caso quando se há
distancia, que só se fica sabendo quando saiu de controle e o
remédio está fora de alcance. Não obstante, não haverá espoliação
por funcionários e o maior contato do povo com o novo príncipe,
criando assim um vínculo daqueles que, assim desejam, amar ou
teme-lo. Por fim, invasores terão maior dificuldade para tomar, de
modo que, para tal haverá maior desprendimento destes. (Perceba,
estes principados são voláteis e podem sempre serem perdidos,
podendo ser com maior ou menor dificuldade!)

2. Estabelecer colônias, assim, nada custa e são mais fieis, não


causando ofensas e os que se sentirem tal não podem causar dano
efetivo, visto que serão os pobres e dispersos. (Melhor método.)

É aqui que Maquiavel entende que “os homens deve ser ou adulados,
ou aniquilados, porque, se é verdade que podem vingar-se das ofensas
leves, das grandes não o podem, por isso, a ofensa que se fizer a um
homem deverá ser tal que não se tema a vingança”. Portanto, se é para causar
dano em alguém, que faça com a máxima eficiência e de estrago de forma a
impossibilidade retaliação, pequenos atos de ofensas permitem contra-ataques
e no longo prazo isto somente prejudica o príncipe.

Não obstante, ao dominar tal província (estrangeira), se fazer como


chefe e defensor dos mais fracos empenhando-se para enfraquecer os mais
poderosos, impedindo a entrada de outro poder ali, haja vista “pois sempre
acontecerá de alguém ser trazido por aqueles que se sentem descontentes,
quer por exagerada ambição, quer por medo [...] tão logo um forasteiro
poderoso entre em sua província, todos os que nela são menos poderosos
unem-se a ele, movidos pela inveja que sentem dos que são mais poderosos
do que eles.”

O não seguimento destes ensinamentos pode desatar no caso do rei da


França, Luís XII, que ocupando a Itália durante a Segunda Guerra Italiana
(1499-1501), o fez com ajuda de venezianos e conquistou aliados em diversas
partes do país. Contudo, depois da conquista, corroborou com o papa
Alexandre VI Bórgia a ocupar a Romanha – tendo inimigos fortes e amigos
fracos, passou a colaborar com alguém forte e contrariando suas amizades.
Ainda dividiu o reino de Nápoles com o rei da Espanha, criando um rival a
quem seus inimigos pudessem recorrer.
Por fim, Maquiavel cita uma conversa que teve com o cardeal de Ruão,
do qual cita que os italianos não sabem de guerra e ele responde que os
franceses não sabem de Estado, já que permitiram a Igreja alçar tamanha
grandeza. Extrai-se assim uma regra geral: “arruína-se quem é causa de
outro torna-se poderoso, porque esse poder é causa ou com indústria
(ações humanas), ou com força (guerra), e ambas são suspeitas a quem
se torna poderoso”.

É plausível adicionar que quando não se arruína aquele que tornou


outro poderoso, arruína-se o último pelas mãos do primeiro. (O aluno traí o
mestre.)

Cap. 4: Por que razão o reino de Dario, ocupado por


Alexandre, não se rebelou contra os sucessores deste após sua
morte.

Neste capítulo, Maquiavel se dedica ao tipo de organização interna do


Estado, identificando a fonte ou origem do poder de fato, separando em dois
tipos:

Principado turco: poder exclusivo e baseado em uma autoridade,


governo exercido por um líder e seus auxiliares, que são seus servidores, não
seus ajudantes. (Mesmo em uma democracia este tipo de domínio pode existir)

Principado francês: poder compartilhado entre o líder e seus asseclas


(barões). Os barões são importantes por si só e tem poder por si só (diferente
dos ajudantes, que são avalizados – ou seja, só podem exercer poder por
procuração – por conta do líder). Os barões não tem seu poder derivado do
líder, mas de suas próprias forças.

No principado turco o príncipe tem mais poder e no francês, menos.


Contudo, um principado turco é mais difícil de se conquistar e mais fácil de
manter, diferente do francês, cuja conquista é mais fácil e sua manutenção
mais complexa. A concentração de força no caso turco, faz com que “sendo
todos escravos e a ele [ao príncipe] obrigados, dificilmente podem ser
corrompidos’’, e ‘’ainda que o fossem, pouco se poderia esperar de útil deles,
pois, pelas razões citadas, não se fariam seguir pelo povo”. Uma vez
dominando território do tipo turco, basta extinguir sua linhagem e não haverá
mais ninguém com crédito junto ao povo e nada haverá de temer.

Já o caso francês, diferente na sua composição, é mais fácil de adquirir


um barão para si, “pois sempre se encontram descontentes e pessoas com
desejo de inovar, que, pelas razões citadas, poderão abrir-te o caminho para
dentro do estado e facilitar tua vitória”. “Porém, querendo mantê-la, atrairás
infinitas dificuldades, tanto em relação aos que te ajudarem quanto aos que
oprimistes. Não bastará extinguires a linhagem do príncipe, poque restarão
aqueles senhores que se fazem chefes das novas alterações e, não podendo
nem contentá-los e nem eliminá-los, poderá o estado na primeira ocasião”.

É aqui que se faz necessário a independência do líder. Quanto mais


dependente o líder ele é, seja de favores, de mobilizações, de outros poderes,
do exército, a tendencia é da ruina, enquanto o inverso se prova vitorioso, ou
seja, um líder cujo os outros poderes necessitam.

3. DA CONQUISTA E DO GOVERNO (CAPÍTULO 5 – 11)

Cap. 5: De que modo se devem governar as cidades ou os


principados que, antes de serem ocupados, viviam sob suas
próprias leis.

Note, aqui se trata de estados que eram livres e que um príncipe


conquista.

Cap. 6: Dos principados novos que se conquistam com


armas próprias e com virtù.
Aqui que se é tratado pela primeira vez dos conceitos apresentados por
Maquiavel de virtú e fortuna. De imediato aconselhando que, aquele que conta
com a virtú e menos com a fortuna, dura mais tempo. (A tendência é a ruína,
principalmente se privilegiar a fortuna.)

Aqui que se é tratado pela primeira vez dos conceitos apresentados por
Maquiavel de virtú e fortuna. De imediato aconselhando que, aquele que conta
com a virtú e menos com a fortuna, dura mais tempo. (A tendência é a ruína,
principalmente se privilegiar a fortuna.)

Cap. 7: Dos principados novos que se conquistam com as


armas e a fortuna de outrem.

Cap. 8: Dos que chegaram ao principado por atos


criminosos.

Cap. 9: Do principado civil.

Cap. 10: Quantos são os gêneros dos principados e de que


modo são conquistados.
Cap. 11: Dos principados eclesiásticos.

4. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO, ORGANIZAÇÃO MILITAR


(CAPÍTULO 12 – 14)
5. AÇÃO, VIRTÚ E FORTUNA (CAPÍTULO 15 – 26)

6. RECAPITULANDO

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