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Itaituba – PA
2023
LARYSSA PINHEIRO FERNANDES SOUSA
Itaituba – PA
2023
Resumo do livro O Principe – Nicolau Maquiavel, conforme cada capítulo do livro.
I – Quantos são os tipos de principado e como conquistá-los
Os Estados são divididos entre repúblicas e principados, podendo estes últimos
serem hereditários (quando há uma longa linhagem de governantes da mesma
família) ou nascentes, cuja posse se dá pelo uso de armas alheias ou próprias, pela
fortuna (condições externas) ou pelo mérito ou virtude (ações próprias).
II – Dos principados hereditários
O autor se abstém de discorrer sobre as Repúblicas por já ter tratado deste tema em
outra obra.
Quanto aos principados hereditários, considera que são os estados com maior
facilidade de manutenção: contanto que o Príncipe não tenha vícios que o façam mal
visto, a tendência é que o povo sempre simpatize com ele e que possíveis
conquistadores não durem muito tempo em seu lugar.
III – Dos principados mistos
Já um principado novo, que geralmente surge do desmembramento de um estado
maior (misto), enfrenta maiores dificuldades em sua estabilização: sempre há a
crença que a substituição do governante possa solucionar problemas e trazer
melhorias, ainda que isso se comprove uma ilusão; e a possível diferença de língua
e costumes entre o conquistador e o conquistado também tende a dificultar a
aceitação do novo príncipe.
Há estratégias, entretanto, que facilitam a conquista de um Estado: o governante
deve morar no mesmo local que governa, para estar apto a tomar medidas imediatas
ante qualquer problema que surja; é interessante enviar colonos simpáticos ao
príncipe para a região ocupada, medida de baixo custo e mais eficiente que o uso de
milícias, que geralmente ganham a antipatia do povo; também é essencial manter
uma relação de soberania perante os Estados vizinhos mais fracos e opor-se
firmemente aos vizinhos mais fortes – nunca adiando uma eventual necessidade de
guerrear para conseguir essa imposição.
O autor cita alguns exemplos de poderosos que agiram, ou não, seguindo estes
preceitos e obtiveram as suas respectivas consequências: sucessos e fracassos.
IV – Por que o Reino de Dario, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra os
seus sucessores após a morte deste
O autor considera que há duas formas de governo dos principados: uma na qual o
Príncipe é soberano e conta com o apoio irrestrito de seus administradores,
escolhidos livremente, e com a devoção direta de seus servos; outra na qual há uma
camada intermediária de barões, com direitos também hereditários, que possuem
seus próprios senhorios e súditos, limitando a soberania do
príncipe.
No primeiro tipo de governo há uma grande dificuldade de conquista do poder por
algum estrangeiro, uma vez que todo o povo é fiel à imagem do soberano original.
No entanto, uma vez derrotado este soberano, a manutenção do poder é facilitada
pela tradição de servilidade de seu povo.
Já na segunda forma de governo a conquista do poder pode ser facilitada pelo
possível apoio que se tenha de parte do baronato que esteja descontente com o
governante a ser deposto. A permanência do novo soberano no poder, porém, é
mais dificultada, já que sempre haverá uma dependência da influência dos barões
sobre seus súditos.
Assim, por conta de o Reino de Dário se enquadrar na primeira forma de governo,
sua subserviência a Alexandre e a seus sucessores não encontrou grandes
obstáculos.
A dificuldade ou facilidade na manutenção de um novo governo pode não depender
somente da virtude do conquistador, mas também da natureza dos conquistados. V
– De que modo deve-se governar as cidades ou os principados que, anteriormente à
sua ocupação, viviam no respeito às próprias leis Quando um Estado habituado a
viver em liberdade e de acordo com suas leis é conquistado, há três possibilidades
de impor uma nova ordem: destruir completamente sua estrutura; manter a morada
do príncipe em seu território; ou estabelecer uma oligarquia que mantenha a ordem
local.
São dados exemplos históricos nos quais a tentativa de manter alguma estrutura do
Estado anterior ou o estabelecimento de uma oligarquia resultou em constantes
rebeliões do povo, que acostumado a um regime mais libertário não se rendeu
facilmente ao novo governo.
Portanto, a melhor maneira de dominar definitivamente um Estado seria destruí-lo
completamente, especialmente nos casos em que o povo esteja habituado a um
regime de república.
VI – Dos novos principados conquistados mercê das próprias armas ou da virtude
Para que haja a formação de um novo principado – com novo príncipe e novo
Estado – deve ocorrer o alinhamento entre as condições materiais (dadas pela
fortuna, sorte) e as virtudes desse novo soberano, sendo que quanto mais virtuoso
ele for, menos dependerá da fortuna e mais fácil
será manter sua conquista – ainda que a conquista, em si, lhe dê mais trabalho.
O autor dá exemplos lendários e históricos de personagens que, dada uma fortuna
propícia, conseguiram a posição de príncipes por mérito próprio: Moisés, Ciro,
Rômulo e Teseu. Assinala ainda a importância de que este poder se alcance
também por armas próprias, garantindo sua posterior estabilidade.
VII – Dos novos principados conquistados pelas armas de outrem e pela fortuna
Quando um homem é elevado a príncipe por uma condição do acaso, pela
concessão do principado por um superior ou pela substituição de um líder morto ou
deposto, pode se prever grandes obstáculos em sua manutenção: como tudo o que
nasce e cresce em pouco tempo, seu governo
não terá raízes sólidas para suportar eventuais tormentas. Há, entretanto, casos em
que o príncipe consegue valer-se de sua virtude para manter o Estado adquirido
pela fortuna. César Bórgia, o Duque Valentino, por exemplo, recebeu de seu pai, o
Papa Alexandre VI, o poder do Estado, conquistado com o auxílio de armas
francesas.
Percebendo sua instabilidade ao depender da vontade de outros, o Duque usou de
sua astúcia para estabelecer sua própria ordem: conquistava a simpatia de possíveis
opositores, mas não hesitava em assassiná-los quando se sentia ameaçado; elegia
administradores para suas províncias e também os assassinava caso julgasse
conveniente.
Sua derrocada, porém, deu-se novamente pela fortuna: a morte de seu pai, a
ascensão de um Papa contrário a seus interesses e uma grave doença
(possivelmente resultado de envenenamento) impediram a conclusão de seus
planos de dominação da região. Ainda assim o autor o considera virtuoso por sua
habilidade em manter sob controle, enquanto a fortuna permitiu, um Estado que lhe
foi dado.
VIII – Dos que se fizeram príncipes mercê das suas atrocidades
Tratando-se da tomada do principado por uma via criminosa, é relatado o caso de
Agátocles Siciliano: comandante-em-chefe de Siracusa por conta de sua atuação
como miliciano, ele marcou uma reunião com os senadores e as lideranças da
cidade para assassiná-los e tomar o poder somente para si.
Outra situação semelhante ocorreu com Oliverotto de Fermo: criado por seu tio,
Giovanni Fogliani, ele atuou numa milícia obtendo grandes sucessos. Ao retornar à
sua cidade levou consigo uma centena de soldados e exigiu uma grande recepção,
que foi atendida por Giovanni. Após o banquete, em que se reuniram todos os
poderosos do local, houve uma emboscada comandada por Oliverotto para
assassinar a todos, inclusive seu tio, e tomar o poder.
O uso de crueldades e traições para tomar um Estado é analisado pelo autor como
uma prática pouco virtuosa, mas também independente da fortuna. Ele considera, no
entanto, que pode ser “proveitosa” uma atrocidade que seja feita somente uma vez,
com o intuito de conquistar o principado, mas que depois garanta um bom governo
IX – Do principado civil
Quando um príncipe é eleito por seus concidadãos, isto pode ocorrer a partir da
vontade do povo ou dos poderosos. O autor considera que o apoio popular, nesta
situação, é mais valioso para a manutenção do governo, uma vez que o apoio dos
poderosos pode ocorrer mediante interesses próprios, que eventualmente vão
contrariar ao próprio príncipe.
Para manter essa unidade com o povo é importante que o príncipe governe
personalisticamente, não por meio de magistrados que, em tempo difíceis, podem
tomar-lhe o posto.
X – De que modo devemos medir as forças de todos os principados
O autor estabelece que só podem ser considerados autônomos para se defender os
principados que possuem dinheiro e homens o suficiente para levar um exército a
uma batalha campal. Já aqueles que necessitam defender-se atrás de suas
muralhas são considerados dependentes.
Uma cidade bem fortificada e com uma boa relação entre o soberano e seus súditos,
entretanto, pode possuir uma defesa que desencoraja eventuais inimigos a um
ataque. As cidades alemãs, por exemplo, possuem muralhas, fossos, armamentos e
reservas de provisões que podem durar um ano no caso de um cerco. Como não há
inimigos que se disponham a batalhar por um período tão longo, estes locais vivem
em constante paz e liberdade.
XI – Dos principados eclesiásticos
Os Estados comandados pela Igreja são descritos pelo autor como os mais seguros
e felizes de todos. Sendo Deus o único responsável por seu regimento, não há o que
a razão humana possa julgar a respeito.
O poder temporal da Igreja, no entanto, estabeleceu-se mais firmemente a partir do
papado de Alexandre e o autor se propõe a detalhar um relato histórico desse
processo.
Antes da invasão francesa, a Itália seguia a “política de equilíbrio”, na qual os
domínios eram divididos entre o Papa, o Rei de Nápoles, o Duque de Milão, os
venezianos e os florentinos. Com a invasão francesa Alexandre VI encarregou seu
filho César Bórgia – como já relatado anteriormente – de tomar posse de todo o
território. O resultado disso, após a morte do Papa e de seu filho, foi uma
concentração de poder temporal nas mãos da Igreja, mantida pelos papas
subsequentes.