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As Grandes Obras Políticas de Maquiavel

a Nosso Dias

Primeira Parte:
A Serviço do Absolutismo

Capítulo I
O Príncipe, de Maquiavel
(Resumo)

O Cenário e as Circunstâncias:

De início, vamos analisar os acontecimentos da época de Maquiavel, bem


como a sua própria vida:

 Renascimento: um movimento intelectual que se inicia no final do século


XV, com seu auge no primeiro quarto do século XVI, que visa livrar-se das
disciplinas intelectuais da Idade Média para voltar a Antiguidade Clássica, estudada
diretamente nas fontes, e não mais através da transmissão cristã. Foi o fim da dupla
autoridade: do Papa, no âmbito espiritual; e do Imperador, no âmbito temporal.
Afirmaram-se os grandes estados monárquicos. Houve a descoberta da América e
da rota para as Índias que mexeram com a economia mundial. Aconteceu a
chamada crise de consciência europeia, que foi a busca pelo conhecimento crítico e
o ataque aos dogmas, bem como o engrandecimento do orgulho humano, pronto a
enfrentar a Divindade. Foi a era das técnicas substituindo a era medieval, orientada
e dominada por Deus.

 Itália: onde os indivíduos renascentistas mais gozaram sua emancipação.


A situação política era propícia a irrupção desses indivíduos. Havia uma pluralidade
de estados mandando e desmandando, as vezes com o auxílio de estrangeiros que
haviam invadido a Itália. A Roma Pontifical empregava também forças estrangeiras
para expandir suas propriedades e o domínio da família do Pontífice. A Itália do
século XV estava devastada por dissensões e crimes, em meio ao Renascimento.

 Florença: foi a cidade da Itália mais devastada pelas contendas das


facções, até que em 1934, uma família de ricos banqueiros, os Médici, se
apoderaram do poder, derrubando as liberdades políticas. A República em Florença
volta a se reestabelecer somente quando o líder Médici morre em 1492 e seu
sucessor foge, em 1494, diante de um povo revoltado. Mas a república não duraria
muito, caindo três anos depois nas mãos do frade dominicano Jerônimo Savonarola,
que fascinava os levianos florentinos. Savonarola estabelece uma democracia
teocrática e puritana. Depois de processos e torturas, Savonarola é enforcado e
queimado junto com dois de seus fieis, em 23 de maio de 1498, chegando o fim de
sua aventura. Todos os florentinos o abandonaram.

 Maquiavel: Após a morte de Savonarola, Nicolau Maquiavel entra


oficialmente na vida pública, como Secretário da Segunda Chancelaria da República
Florentina. Pertence a uma excelente família da burguesia toscana. Logo após, é
colocado a disposição dos Magistrados eleitos, encarregados de diversos serviços
públicos. Com baixa remuneração, Maquiavel tem uma vida medíocre. Vida de
funcionário burocrata. Era encarregado de diversas missões estrangeiras.
Conheceu, assim, a França de Luís VI e a Alemanha do Imperador Maximiliano.

Após 14 anos na carreira de secretário florentino, foi destituído de todas as


suas funções e banido de Florença, quando novamente foi alterado o Regime
Florentino. A república foi dizimada pelas forças da Liga Pontifical. Destarte, os
partidários dos Médici aproveitam a ocasião para reestabelecer seu poder.

Tal acontecimento foi determinante para que escrevesse sua obra, pois, como
secretário, não haveria tempo. Maquiavel passou a viver numa casa de campo que
lhe pertencia, aos arredores de Florença. Passou dificuldades com sua mulher e
filhos. Entretanto, é em sua casa de campo que ler seus livros, tesouros de obras
antigas, faz anotações daquilo que ouve, faz investigações sobre os principados,
etc. Escreve o Príncipe, fruto de suas leituras meditadas.

Os Principados

Maquiavel propôs investigar “qual a essência dos principados, de quantas


espécies podem ser, como são conquistados, conservados e porque se perdem”.

Os principados opõem-se as repúblicas. Uns são hereditários, que são


demasiadamente estáveis e fáceis, em que basta o príncipe seguir os limites
determinado pelos seus antecessores para alcançar e conservar o trono; outros, os
principados novos, onde se encontram as verdadeiras dificuldades na aquisição e
conservação, podendo ser feita a seguinte subdivisão: os inteiramente novos e os
agregados ao Estado hereditário. O principado novo e o Estado hereditário formam,
em conjunto, o que podemos chamar de misto. Há, ainda, os principados
eclesiásticos, que formam uma categoria a parte. Por fim, pode-se considerar, como
avaliação das dificuldades de aquisição e conservação, o tipo de governo: despótico,
aristocrático ou republicano.

A obra de Maquiavel se resume em ter forças suficientes, tanto para


conquistar, como para conservar. Ele apresenta quatro maneiras de conquistar, as
quais poderão corresponder diferentes maneiras de conservar ou se perder, a saber:
conquista pela virtu, através de suas próprias armas; pela fortuna e pela armas
alheias; por “velhacaria”; e ao favor e consentimento dos cidadãos.

Os que se tornam príncipes pela própria virtu e pelas próprias armas


conhecem mais dificuldades para se instalar no principado, porém, mais facilidade
para conservá-lo.

Já os principados novos conquistados com as armas alheias, isto é, pela


fortuna, há facilidade para conquistar e dificuldade para conservar. Eles dependem
da vontade da fortuna, que é variável e não possuem forças que lhes sejam devotas
e fieis.

Também é possível tornar-se príncipe por meio de perversidades. A


perversidade descrita por Maquiavel são os crimes sem beleza estética ou grande
objetivo, que exigisse a virtu ou a intervenção da fortuna.

O autor descreve o bom e mal emprego das crueldades. As bem praticadas


são as que se cometem todos ao mesmo tempo, no início do reinado, a fim de
prover a segurança do novo príncipe. Crueldades mal praticadas são as que se
arrastam, se renovam e se multiplicam em vez de cessarem.

A conquista de um principado pelo favor dos concidadãos exige um pouco de


fortuna e virtu. Ora é o povo, ora são os Grandes que assim constituem o Príncipe.
Quando o povo não quer ser governado nem oprimido pelos grandes, coloca toda
sua esperança no poder de um simples particular. E quando os grandes querem
continuar seus desejos ambiciosos, recorrem ao crédito, à ascendência de um deles,
para constituí-lo príncipe.

O príncipe alçado ao poder pelos Grandes encontra mais dificuldade de


manter-se no poder do que o príncipe alçado pelo povo; o primeiro porque os
Grandes se jugam seus iguais, são insaciáveis e difíceis de dominar; o segundo
porque quase todos de sua categoria são levados a obedecer-lhes. Além do mais, o
povo é fácil de satisfazer, não pedindo, como os Grandes, para oprimir, mas apenas
para não ser oprimido.

Há, ainda, os principados eclesiásticos, os quais Maquiavel pouco se


interessa, e que se adquirem também por fortuna ou virtu, mas não precisam de
nem um dos dois para conservá-los. É necessário apenas o poder das antigas
instituições religiosas, onde “É Deus que os eleva e os conserva”.

Por fim, resta levar em conta uma distinção dos estados a conquistar,
segundo o modo de seu governo antes da conquista.

O principado despótico, ou seja, a tirania, é difícil de conquistar porque todos


os súditos comprimem-se em redor do príncipe e dele nada tem a esperar o
estrangeiro. É fácil de conservar: basta extinguir a raça do príncipe para que
ninguém exerça ascendência sobre o povo; esse povo é incapaz de escolher por sim
um novo príncipe e de retomar as armas.

O principado aristocrático é fácil de conquistar, pois sempre encontram-se


grandes descontentes, prontos a abrir caminho ao estrangeiro, facilitando-lhe a
vitória. Difícil de conservar porque não é possível nem satisfazer todos os grandes,
nem extingui-los, que sempre estarão a frente de novos movimentos.

A república é muito difícil de manter sob o julgo de um novo príncipe, pois


sempre ficará na vida dos cidadãos a lembrança da antiga liberdade.

O príncipe

Aqui, Maquiavel vai descrever o que, para ele, seria o melhor príncipe novo.

Maquiavel,

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