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A técnica de regressão a vidas passadas foi descoberta em 1893 por Albert de Rochas quando
fazia experimentos com magnetismo e hipnose, em Paris. Seu livro "Les Vies Successives"
publicado em 1911 é o primeiro sobre o assunto.
Em 1952 Morey Bernstein hipnotizou Virginia Tighe e ela começou a falar com sotaque irlandês
afirmando chamar-se Bridey Murphy, uma mulher do século 19 de Cork, Irlanda. Nas muitas
sessões de regressão hipnótica que se seguiram Bridey cantava canções e contava histórias
típicas irlandesas. O livro de Bernstein "The Search for Bridey Murphy" virou um best-seller mundial
traduzido em dezenas de línguas. Também foram comercializadas em larga escala as gravações
das sessões de regressão hipnótica.
Alguns jornais enviaram repórteres à Irlanda para investigar. Teria existido uma ruiva chamada
Bridey Murphy na Irlanda do século 19? Nada de concreto se encontrou, porém a equipe do jornal
"Chicago American" achou uma tal Bridie Murphey Corkell que viveu em pleno século 20 numa
casa do outro lado da rua, em frente à residência onde Viginia Tighe passou sua infância. Os fatos
relatados por Virginia sob transe hipnótico não eram memórias de uma vida anterior mas sim
memórias da sua tenra infância.
Tudo leva a crer que a maioria das regressões a vidas passadas são confabulações alimentadas
pela criptamnésia. Como vimos anteriormente, as lembranças de Virginia Tighe obtidas pela
hipnose relativas a Bridey Murphy de Cork, Irlanda (Bridie Murphey Corkell), se não
deliberadamente fraudulentas são lembranças de eventos que lhe aconteceram na sua infância e
que ela já havia esquecido.
O lado mundano da regressão a vidas passadas tem se revelado um ótimo negócio para ganhar
dinheiro na venda de livros (Shirley MacLaine, Dr. Brian Weiss) e conduzir consultórios de TVP
(Terapia de Vida Passada). Para desbloquear traumas adquiridos ao longo de várias vidas
passadas há que se fazer um bom número de sessões de terapia, o que é financeiramente
vantajoso para o psicólogo que as conduz.
Infelizmente o lado científico da questão é francamente desanimador. Não existe uma única
investigação científica que tenha validado, sem deixar margem de dúvida, relatos de regressão a
vidas passadas. Os melhores trabalhos nesta área são de Ian Stevenson, um parapsicólogo sério e
bem conceituado, que investigou extensivamente casos de crianças asiáticas que pareciam
recordar muitos detalhes de sua última encarnação. Porém mesmo esses estudos de Stevenson
ao passarem por análise minuciosa revelam sérias inconsistências internas que os colocam em
dúvida.
Para encerrar a questão, e parodiando a célebre frase de Winston Churchill, poderia dizer-se que,
no caso da regressão a vidas passadas, "nunca tantos acreditaram em tanto bagulho criado por
tão poucos!..."