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“IMERSÃO NA BÍBLIA” - LIVRO DE ISAIAS1

Palavra-chave: Salvação!

Propósito básico: afirmar que a salvação é fruto da graça; vem de Deus! E


não do homem.

1. Síntese do livro de Isaias2 (“Salvação de Jeová”); obra-prima do Antigo


Testamento:3

• Julgamento e esperança – 1-35 - Deus e sua atitude em relação a seu


povo.

• Historia – 36-39 – um evento histórico dramático (cerco de Jerusalém).

• Salvação – 40-66 – motivo para ter esperança.

2. Os três pilares da perspectiva teológica do livro de Isaias:

• A promessa a Davi, de uma dinastia estável e permanente (2Sm 7);

• Jerusalém/Sião, cujo eixo principal é o louvor a cidade - Templo (1.4;


5.19,24; 6.3; 8.13; 10.17,20; 30.11-12,15; 31.1);

• Santidade de Deus.

3. Um aspecto importante do livro de Isaias são as palavras-chave:

• Luz (do hebraico ‘or) – 2.5; 5.30; 10.17; 13.10; 30.26; 45.7; 58.10;
60.20 – trata tanto da luz literal como a simbólica, como um estilo de vida
adequado caracterizado como andar na luz de Deus (2.5).

• Benção (do hebraico berakah) – 19.24-25; 44.3; 51.2; 619; 65.8; 66.3 –
como promessa de Deus para beneficiar todas as nações por meio dos
descendentes de Abraão.

• Servo (do hebraico ‘ebed) – 20.3; 24.2; 37.35; 42.1; 44.21; 49.5; 53.11
– o Messias vindouro como Servo de Deus obedeceria totalmente a sua
vontade.

1
“Quem pode duvidar da importância deste livro profético? É o primeiro e o mais extenso, foi o mais influente na tradição
judaica e cristã, é o que tem a mais sublime linguagem poética e simbólica, o que deixou textos imortais na liturgia, o que
tanto contribuiu para manter a esperança dos que sofrem. Para os cristãos, é também o que “configurou” o programa
profético de Jesus (Lc 4,16-30)”. (José Severino CROATTO, Composição e querigma do livro de Isaías. Revista de
Interpretação Bíblica Latino-Americana, v. 35/36, Petrópolis, 2000, p.42-76, citado p.42).
2
O profeta é claro a respeito do que tratam suas “visões”. O livro inicia com estas palavras: “Visão de Isaias, filho de
Amoz, a qual ele viu a respeito de Judá e Jerusalém”. Ou seja, é uma visão sobre Judá e Jerusalém.
3
O livro de Isaias não está em ordem cronológico; o livro segue uma ordem histórica genérica.
1
• Salvação (do hebraico yeshua’ah) – 12.2; 25.9; 33.6; 49.6; 51.8; 52.10;
59.11; 62.1. a palavra “salvação” aparece 27 vezes só em Isaias e apenas
dez vezes em todos os demais livros proféticos. Isaias descreve a
libertação da angustia. Mas a expressão o “Deus da minha salvação”
possui uma natureza mais privada, referindo a libertação de um individuo.

Dica básica: como entender um texto bíblico? Para responder esta pergunta
é oportuno atentar para o seguinte:

a) Estar sensível à mensagem que o escritor tencionava comunicar à sua


própria geração e conhecer as circunstâncias da vida diárias dos seus
destinatários imediatos, pois os textos, e não é diferente as mensagens dos
profetas, estiveram entrelaçados a realidade contemporânea da épica;

b) Compreender o alcance profético do texto. Pois, há textos que tiveram


mais de um cumprimento. Inclusive, alguns (poucos) são de natureza
escatológica, relacionados com o futuro. E, um texto pode mudar o foco
dentro de um simples pronunciamento profético, como é o caso de Ezequiel
28;

c) Independente do contexto histórico-cultural, os textos proféticos têm uma


mensagem viva e atual para nós hoje. Mesmo considerando que
determinada promessa aos judeus de uma reunião nacional na terra de
Israel, por exemplo, se refere aos descendentes físicos de Abraão.

4. O livro de Isaias4 é a Bíblia dentro da Bíblia (66 capítulos). É uma


das mais longas obras literárias da Bíblia. O profeta Isaias foi a voz profética
predominante na turbulenta segunda metade do século VIII a.C. O período de
ministério de Isaias encontra-se “nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis
de Judá” (1.1), cerca de 40 anos. Segundo a tradição judaica, teria sido serrado
pelo meio, vitima da oposição.

• 5 anos no reinado de Uzias, 16 anos no reinado Jotão, 16 anos no reinado


Acaz.

• 14 anos no reinado Ezequias, acontece o episódio registrado em 2Rs 18.2;


20.6. Evidentemente, que Isaias continuou vivendo depois disto). Aliás, a

4
O profeta Isaias com atuação em Jerusalém, Judá, no final do século VIII aC. Consoante aos outros profetas do período,
em suas palavras e mensagem prevaleceria uma um forte crítica à falta de direito e justiça (hebraico: mishpat e sedaqah –
cf. 1,21-26; 5,8-24; 10,1-4). Seu publico alvo, a priori, seriam basicamente a elite governante, na figura de conselheiros,
sábios, funcionários da corte. A arrogância destas pessoas e sua participação efetiva no sistema de exploração e espoliação
da base camponesa das aldeias e cidades do interior são os motivos da mensagem de Isaias. Havia várias situações sociais
de desrespeito aos direitos dos pobres e atrocidades do poder são denunciadas. Como resposta, o profeta, em sua
mensagem, anuncia um castigo divino. Este pode ser tanto um julgamento de purificação (Is 1,21-26) quanto uma invasão
do exército assírio (10,5). De qualquer forma, Isaías teria esta marca típica dos profetas deste período ‘clássico’ da
profecia no século VIII a.C: como porta-voz do Senhor, denuncia crimes e pecados em prática e anuncia um castigo
divino, que, em boa medida, significará exílio, morte, depredação e deportação. O objetivo da atuação profética é
restabelecer um estado de direito e justiça (1,26).
2
tradição hebraica diz que Isaias viveu até o reinado de Manassés, sob quem
sofreu martírio (Hb 11.37).

5. Isaias era um intelectual, Aristocrata (classe alta). Segundo a


tradição hebraica (Talmude) Amoz, pai de Isaías, era irmão do rei Uzias. Por isso,
Isaias tinha acesso livre ao palácio (7.3,10). É um caso raro de alguém que
rompeu com a classe social a qual pertencia, optando por falar Verdade de Deus,
partindo da realidade do povo.

Portanto, “o cumprimento de algumas de suas profecias, enquanto Isaias


ainda era vivo, deram credenciais para ele o seu oficio profético. Os esforços de
Senaqueribe em conquistar Jerusalém falharam, exatamente como Isaias havia
dito que aconteceria (37.6-7,36-38). O Senhor curou Ezequias de sua doença
mortal, como Isaias predisse (38.5; 2Rs 20.7). muito antes de Ciro, rei da pérsia,
surgir no cenário mundial, Isaias o havia nomeado como responsável pela
libertação de Judá no cativeiro da Babilônia. O cumprimento de suas profecias a
respeito da primeira vinda de Cristo dá à profecia de Isaias ainda mais
autoridade”.5

Alguns estudiosos consideram Isaías o “príncipe dos profetas”, por


ter sido no A.T., tal como Paulo no N.T. Ele era casado com uma profetisa
(8.3), e teve pelo menos dois filhos (7.3; 8.3,18). Isaías foi contemporâneo dos
profetas Amós e Oséias (reino do Norte/Israel), e Miquéias (reino do Sul/Judá).6

“Isaías, portanto, com a diversidade de aspectos nos textos... é um livro que


ajuda a sedimentar e a construir a centralidade de Jerusalém, do Messias e
também da fé monoteísta. A síntese da fé, pois, no estágio ‘maduro’ do pós-
exílio influenciou a própria dinâmica do colecionamento e do agrupamento
dos textos reunidos na tradição de Isaías”.7

Quando Isaias iniciou seu ministério a nação estava no auge da


prosperidade (2.7; 3.16-23; 5.11-22), mas também era um tempo
turbulento, medo e incertezas políticas, onde a Aliança de Deuteronômio
30.11-20 estava sendo inteiramente violada. Contudo, Isaias sonhava com uma
cidade justa e piedosa. Mas, a realidade era o oposto do seu sonho:

• As riquezas estavam concentradas nas mãos de poucos (5.8). Luxo


ostensivo das mulheres (3.16-24);

5
MACARTHUR, John. Manual Bíblico5 Macarthur. São Paulo: Thomas Nelson, 2015, p. 227
6
O reino do norte (Israel) terminou em 721 com a tomada da Samaria pelos assírios. Parte da população foi deportada para
a Assíria. Por sua vez, o reino de sul (Judá) terminou em 587, quando Jerusalém foi saqueada, o templo e o palácio real
foram destruídos pelos babilônios, grande parte da população foi deportada para a Babilônia. Isaías viveu e profetizou
cerca de 100 anos antes do cativeiro Babilônico. Assim o povo do Senhor, os habitantes dos reinos do norte e do sul se
encontraram no exílio, onde, sem templo, sem rei e sem terra, foram se adaptando a novas formas de vida e de
compromisso com seu Deus.
7
Texto publicado em: Estudos Bíblicos, v. 89, Petrópolis, 2006, p.9-18.
3
• A corrupção – o mal era chamado de bem e o bem de mal (5.20). Os chefes
do povo eram enganadores (3.12-15);

• Dinheiro comprava tudo (5.23). A violência tomou conta da cidade (3.5);

O chamado de Isaias para uma nova fase do seu ministério profético


foi uma espécie de visão, quando orava sozinho no templo (capitulo 6). Ele
viu de perto a santidade de Deus, e percebeu sua pequenez. Clamou ao Senhor,
foi purificado e recebeu uma missão especial, porém muito difícil. Esse relato
autobiográfico mostra que Isaías foi convocado a representar a corte celeste
junto à corte terrena de Jerusalém. Assim, ele discerniu que Deus não o estava
enviando para salvar Israel, mas para endurecer seus corações impenitentes
(6.9-10). Com efeito, o profeta desempenha também o papel de advogado, pois
apresenta ao povo a acusação do Senhor de que eles eram infiéis e rebeldes (1.2-
3; 31.1-3; 57.3-10). Mas, como a Aliança do Senhor termina com bênçãos sobre
Israel, não maldições (Dt 30.1-10), ao final, Isaias afirma que um remanescente
piedoso sobreviverá ao julgamento.

Enfim, a visão que Isaías tem de Deus como REI é grandiosa, pois inclui
a história da redenção desde os seus dias até alcançar a plenitude da salvação,
no fim dos tempos: abarcando o exílio, a volta dos judeus do exílio, o ministério e
o Reino de Jesus Cristo, a missão e a esperança da Igreja, o governo atual de
Jesus sobre este mundo e a restauração de todas as coisas em santidade e
justiça.

Embora ele encontrasse um povo na sua maioria insensível a voz do Senhor


(6.10), seus oráculos proféticos levam os piedosos a responderem a Deus com
reverência e louvor. Neste sentido, Isaías conclama o povo a abandonar a vida de
pecado e ao mesmo tempo escapar do julgamento e da punição futura como
castigos divinos. Sua mensagem se destina a Judá, Israel e às nações pagãs
vizinhas. Contêm vários oráculos ou mensagens constituídas de acusações,
condenações, julgamentos e também de consolação, e ainda algumas passagens
apocalípticas, tudo escrito num estilo nobre e clássico. O profeta foi cauteloso em
mostrar que o juízo de Deus revela não sua arbitrariedade, mas sua justiça.
Devido a idolatria e a imoralidade, o povo de Deus havia se tornado como as
demais nações em seu orgulho e egoísmo. Por outro lado o livro está repleto de
promessas de restauração, do advento do Messias, de salvação para todas as
nações e do triunfo dos propósitos de Deus.

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS DE ISAIAS

“Todos os que têm algum senso de apreciação literária devem impressionar -


se pela excelência combinada do estilo de Isaias – sua grandiosidade e
dignidade, sua energia e vivacidade, sua profusão de imagens, suas vivas
descrições, seu jogo vigoroso de palavras, seus toques dramáticos e
4
retóricos e, por ultimo, mas não menos importante, sua maravilhosa
variedade”.8

Especialistas afirmam que profeta Isaías era mestre em sua língua e utilizou
imagens e vocabulários muito ricos. Muitas das palavras e expressões de que faz
uso não são encontradas em nenhuma outra parte do Antigo Testamento. As
imagens retóricas em seu livro mostram que ele conhecia as tragédias da guerra
(63.1-6), as injustiças da alta sociedade (3.1-17) e os fracassos da agricultura
(5.1-7). O livro de Isaías, além de conter prosa também contém poesia. Como
um pregador talentoso, Isaias se utilizou de sua imaginação poética e estilo
retórico, expondo a loucura de confiar-se nas estruturas humanas em contraste
com a sabedoria de Deus.

• Oráculo de restauração escatológica (2.2-5).

• O cântico da vinha (5.1-7)

• Hino de ações de graças (12.1-6). O ponto de partida é uma experiência


interior. Celebração da salvação divina individual (vs. 1-3) e coletiva (v. 4-
5)

• Hino que faz parte da grande escatologia formada por Isaias 24-27 (26.1-4,
7-9,12)

• Um poema sapiencial acha-se em 28.23-29. Começa com cântico de amor,


no qual Isaías retrata o relacionamento entre Deus e Israel.

• Entoação de uma suplica e o povo intervém em coro (33.13-16)

• Cântico ação de graças, lembrança da libertação (38.10-14, 16b-20)

• Exaltando o futuro libertador (40.10-17).

• Primeiro cântico do Servo e novo cântico de redenção (42.10-16)

• Hino que exalta a nova Jerusalém (61.10-62.5)

• Um lamento nacional (63.7-64.12).

• Grito alvoroçado pela Jerusalém messiânica (66.10-14a)

O trecho principal em prosa acha-se nos capítulos 36 a 39. Mas o material


poético é rico e variado, inclui uma série de sentenças nos capítulos 13 a 23. O
poder da linguagem figurada em Isaías vê-se em 30.27-33. O profeta faz pleno
uso da ironia ao condenar os ídolos em 44.9-20. E o exemplo notável de jogo de
palavras como aliteração e assonância, aparece em 24.17. A calamidade
destruidora de 28.15,18 é, no original, um exemplo de metáfora mista.

8
BAXTER J. Sidlow. Examinai as Escrituras. São Paulo: Vida Nova, 1993, p. 229
5
Outro aspecto interessante é que Isaías, muitas das vezes, alude
acontecimentos anteriores da história de Israel:

• A travessia no mar Vermelho serve de cenário de 11.15 e 43.2,16, 17, e


outras alusões ocorrem em 4.5,6; 31.5 e 37.36;

• A destruição de Sodoma e Gomorra é mencionada em 1.9;

• A vitória de Gideão contra Midiã é mencionada em 9.4 e em 10.26.

• Várias vezes Isaías aproveita o cântico de Moisés de Dt 32. Pois, à


semelhança de Moisés, ele conclama a nação ao arrependimento e a fé num
Deus santo e Todo-poderoso (49.8).

Os capítulos 24 a 27 formam a seção denominada de apocalíptica, com


ênfase nos últimos dias. Aliás, Isaías é um livro que desvenda as plenas
dimensões do juízo e da salvação divina. Deus é o Santo de Israel que deveria
castigar seu povo rebelde, mas posteriormente o remirá. Israel é nação cega e
surda (6.9,10; 42.7), vinha que será pisoteada (5.1-7), povo destituído de
retidão (5.7; 10.1-2).

O juízo terrível, que será desencadeado contra todas as nações que desafiam
a Deus, é chamado: o “dia do Senhor”, em cujo contexto, porém, tem compaixão
de seu povo (14.1,2) e o livra da opressão tanto política quanto espiritual. Isaias
indica tal restauração semelhante a um “novo êxodo” (43.2,16-19; 52.10-12), do
poderoso Criador de Israel (40.21,22; 48.13), que fará ribeiros brotar no deserto
(32.2), quando por meio de sua graça trazer o povo de volta a pátria. Assim, o
conceito da volta dos exilados ganha destaque nas duas partes principais do livro.

O Novo Testamento cita e aplica mais textos do livro de Isaías do que de


qualquer outro profeta do Antigo Testamento. Ele e chamado de "profeta
messiânico", por causa das muitas profecias dele que se cumprem
especificamente em Cristo.
6
PRIMEIRO ROTEIRO DE LEITURA - JULGAMENTO DIVINO
Capítulos 1-399

Capítulo 1 – uma espécie de introdução ao livro todo.

Tanto os líderes principais quanto o povo se tornaram semelhantes a


população de Sodoma e Gomorra, em sua corrupção e imoralidade (vs.
4,13,15-17,21,23). Desta forma, o pecado tornou a causa principal dos inimigos
atacarem o país. Por esta causa uma terrível destruição haveria de vir. Como
profeta de Deus (2Pe 1.20,21), Isaias “enxerga” os eventos futuros no plano
divino da salvação.

No plano internacional e política a situação estava insustentável. Isaías


adverte seriamente o reino do Sul/Judá de que seus pecados levariam a nação ao
cativeiro babilônico. Mas o reino do Norte/Israel, em 722 a.C,10 seria anexado em
definitivo, ao império Assírio, que tinha exércitos bem equipados e velozes (Is
5.26-28);

A Assíria invadia as nações, deportavam as pessoas e colonizavam o


espaço com outros povos (2R 15.29; 17.6,24-40). Foi essa mistura de raça, no
caso de Israel, deu origem inclusive ao povo samaritano. Por isso, aquela região
sempre foi desprezada e rotulada de “impura” (2Rs 17.41; Is 8.23). No tempo de
Jesus, com desprezo era chamada de “Galiléia dos pagãos” (Mt 4.15; Jo 7.52).

Esta primeira parte do livro de Isaias tem como “pano de fundo” dois
grandes acontecimentos históricos:

1) A invasão do reino do Norte/Israel pelo Império Assírio (serve de


pano de fundo para os capítulos 7-12). Inicialmente, apenas partes foram
anexadas, e um novo rei colocado no trono. Porém, mais tarde, Israel rebelou-se
novamente contra Assíria e foi totalmente dominado, com a destruição da capital
Samaria em 721. Esses acontecimentos, contudo, recebem pouca atenção no
livro de Isaías.

2) A invasão de Judá (agora por Senaqueribe, rei Assírio), em 701,


quando Ezequias se envolveu numa coligação antiassíria. Isso causou a
destruição de várias cidades fortificadas de Judá e, finalmente, o cerco de

9
Nesta primeira metade do livro, a Assíria é a superpotência da região. Contudo, por volta do meio do livro, logo depois de
ser levantado o cerco a Jerusalém, a poderosa Assíria começa a se desintegrar, e a Babilônia emerge. Então, na segundo
metade do livro de Isaias, a Babilônia é a nação mais proeminente. O capitulo 39 relata a visita de dois embaixadores
babilônicos a Ezequias rei de Judá, talvez para que ele se juntasse a eles em uma ameaça contra a Assíria. Por vilta dessa
época, ou logo depois, Judá começa a confiar nos babilônicos para que esses os ajudassem.
10
Em 722 a.C, o reino do Norte/Israel foi levado para o cativeiro Assírio, e nunca mais voltou. Em 586 a.C., foi a vez de do
cativeiro final do reino do Sul/Judá, para a Babilônia. O ministério profético de Isaias foi o primeiro grande esforço de
Deus no sentido de evitar que Judá tivesse que ir para o cativeiro.
7
Jerusalém. Ao contrário do pai, Acaz, Ezequias confiou no socorro do Senhor, e o
exército assírio foi destruído.

O foco principal desta primeira parte é o juízo de Deus que paira sobre
Judá e Jerusalém (e também sobre as nações vizinhas, notadamente Babilônia,
cerca de 200 anos no futuro). Em todas suas mensagens, Isaías relembra o povo
de que o livramento está disponível na mão soberana do seu Deus.

Esta parte, termina com um relato detalhado da oração de Ezequias no


sentido que Deus santifique Seu nome, que o assírio Senaqueribe estava
depreciando, e para que Deus desse livramento ao seu povo, destruindo o
exército da Assíria. A despeito de Deus ter respondido a esta oração com um
livramento miraculoso, Judá continuou a rebelar-se, trazendo com isso sua
própria queda.

Contudo, Isaias insiste em que os maiores perigos que a nação corre e


que podem levá-la ao desastre são o pecado, a desobediência e a falta de fé em
Deus. Com palavras e por meios de atos simbólicos, ele faz um apelo ao povo e
às autoridades do país para viverem uma vida de honestidade e de justiça;
anuncia a futura vinda de um descendente de Davi, que será o rei ideal, e fala de
uma época de Paz e de prosperidade para o mundo inteiro.

Capítulos 2-5 – uma nova visão

• Esses oráculos dizem respeito direto a Judá/Jerusalém (1.1; 2.1,3,6;


3.1,8,16; 4.3-4; 5.3). Em 3.13, Deus ocupa seu lugar no tribunal.

• Todos estes capítulos versam sobre o mesmo assunto, o “Dia do Senhor”11


(2.11,12,17,20; 3.7,18; 4.1,2; 5.30). Mas a visão de Deus não é apenas
punir (2.2)

• Conforme 5.7, o resultado que Deus espera do relacionamento do seu povo


com ele é retidão. E, à luz do contexto, o resultado disto é um
relacionamento correto com os outros.

• Mas em 5.2, vem a frustação: “uvas bravas” = fedida. Em 5.8 =


negociações imobiliárias ilícitas. Em 5.11 = só festas. E, finalmente, esta
seção termina com seis “AIS” – sentença (5.8,11,18,20,21 e 22), no
contexto de uma corrupção generalizada:

- vs. 8-10 = os que juntam casa e terra.

- vs. 11-17 = os que madrugam e tardam (na bebida).

- vs. 18-19 = sacerdotes.


11
A frase “dia do Senhor”, com sua versão menor “naquele dia”, ocorre com freqüência nos escritos dos profetas do A.T.,
sempre identificando um período critico de tempo durante o qual Deus, pessoalmente, intervém na historia, direta ou
indiretamente, para realizar um propósito especifico que cumpre seu plano eterno e salvação. Algumas vezes, a expressão
pode se referir ao final da historia, como Isaias 7.18-25.
8
- vs. 20 = os profetas do templo.

- vs. 21 = sábios e entendidos.

- vs. 22-24 = oficias e homens do exercito.

• Em 5.30 = temos o caos!

Capítulo 6 – preparo para um ministério profético mais amplo.

O relato é mais que uma experiência, trata de uma revelação da


majestade e santidade de Deus: O foco é a visão do próprio Deus – “alto e
sublime trono”. É importante observar que Isaias viu o Senhor como REI (das
nações), como Imperador Universal! A referência é, novamente, Judá e Jerusalém
(vs. 5, 9-13).

Mas Isaias foi alertado pelo Senhor que o povo de Judá não daria atenção
sua mensagem (vs. 9-13). Ao perguntar até quando essa condição persistirá, o
mensageiro ouve a triste notícia: até a terra desolada e vazia.

Capítulos 7-12 – Foco no Messias e a Era Messiânica.

(Faz referência, principalmente, ao reino do Norte/Israel, cuja capital é Samaria)

Vamos começar com uma síntese do capítulo 7, levando em conta a situação


na qual nasceu o texto e a finalidade primeira de sua mensagem. O capitulo 7
(estamos em 735 a.C, aproximadamente), quando acaba de subir ao trono (Judá)
o jovem Acaz,12 e logo se envolve em coligação de guerra, pois está sob a
ameaça de ataque da Síria (não confundiu com Assíria) e Israel (reino do Norte,
as dez tribos) chamado aqui “Efraim” (v. 2). O anuncio de ataque à cidade de
Jerusalém é iminente, e o rei fica aflito. Deus intervém por meio do profeta Isaias
que vai até ao rei e lhe aconselha que confie em Deus, e não nas armas (vs. 4-9).

• A primeira parte da mensagem é reafirmar a proteção de Deus. A


mensagem não fica no plano abstrato, mas se refere a situação concreta,
nomeando dois reis inimigos (vs. 4-6);

• A segunda parte da mensagem o profeta mostra que – diante dos dois


países inimigos cujas cabeças são seus reis – há outro país cuja cabeça
(vs. 7-9a). então, para o rei Acaz o “Emanuel” é juízo devastador,
destruição, perder tudo.

• A mensagem termina com a frase: “Se não permanecerdes firmes, não


sereis confirmados” (v. 9b)

12
Acaz, um dos ímpios reis de Judá, que reinou em 735-715 a.C.
9
O profeta, então, oferece um sinal como “garantia”13 da promessa de
proteção (vs. 10-11), mas o rei recusa e buscar ajuda da Assíria (cf. 2Rs 16.5-
18; 2Cr 28.16-21). Ele se esconde numa mascara de “piedade” (v. 12). Daí, o
profeta reage furioso (v. 13). “Isaias lança então uma profecia na qual combina a
visão recente da promessa de Deus para lidar com a imediata situação
internacional, e a visão distante da promessa de que Deus cumpriria nos seus
compromissos pactuais para Davi, através de um filho nascido de uma virgem”.14
Deus dá um sinal (7.13-17), e ainda faz fracassar aquela invasão inimiga. A
fidelidade de deus resiste à teimosia humana.

O capitulo 8 continua o mesmo assunto do capitulo 7, tratando do


roteiro da rebeldia de um povo! Agora, no capitulo 8, torna mais claro de que se
trata do reino do Norte/Israel (vs. 4,6-8). Esses dois capítulos têm como “pano
de fundo”, 2Rs 15.37-38; 16.1-9; 2Cr 28. À luz de Isaias 8, qual é o roteiro de
um povo rebelde?

• Confia em sua capacidade pessoal e exclui Deus dos seus planos de visa e
ação (vs. 9-10);

• Perde o temor do Senhor e prefere confiar nos homens e não em Deus (vs.
9-10; 2Rs 16.7-9), e está sempre pronto a usar a qualquer método, ainda
que escuso, para sua pele dos inimigos (v. 19);

• Não se quebranta diante da Palavra de Deus (vs. 16-18, 20; 2Rs 16.7-9).
Todas as argumentações e a declaração do juízo de Deus foram em vão
para convencê-los a arrependimento.

À luz de Isaias 8, Deus julga, sim, os pecados, mas também inclui sua
maravilhosa promessa da vinda de um Salvador. A ligação entre os capítulos 7, 8
e 9 torna mais clara a referência principal a Israel. Aliás, a última parte do
capítulo 8, deveria ser a primeira do capítulo 9.

Sem dúvida, Isaias 10.1-4 faz parte de Isaias 9. Ou seja, o capítulo 10,
contínua a mesma profecia, mas do versículo 5 ao 34, o profeta fala da Assíria,
especialmente nos versículos 5-6 e 24-25, com uma dura advertência. No final,
ela seria destruída!

O profeta Isaias dá Boas Noticias a um mundo em “trevas” da incredulidade,


rebelião, tristeza, angustia e morte (9.1-2;25.8-9). Quando fala sobre “forte luz”
que espanta as trevas, ele está se referindo a Jesus (Jo 8.12). Em Jesus, a morte
vai morrer (Is 25.6-8).

Os capitulo 11 e 12, descrevem o reino vindouro do Messias. A


linguagem brota do livro de Êxodo, é expectativa numa antecipação do que vai

13
É preciso saber que o pedido de um sinal para confirmar uma missão, não é mal visto na Bíblia (Ex 3; Jz 6.36-40). E, com
mais razão, a aceitação de um sinal proposto pelo próprio Deus.
14
RICHARDS, Lawrence. Guia do Leito da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 417
10
acontecer no futuro. O texto de Isaias 11.1-10, diz que do “tronco” sairia um
rebento, alguém capaz de restaurar a justiça e o direito; um juiz justo e
Libertador. Um dia virá, quando os reinos do homem serão suplantados pelo
reinado de Deus, e se estabelecerá a paz e a justiça, quando todas as nações do
mundo se submeterão ao Senhor, e o povo escolhido voltará à sua terra natal
(11.10-16). Como afirma o versículo 12: Os “desterrados de Israel” e os
“dispersos de Judá” serão reunidos. Assim, o futuro do povo de Deus não estava
na força do exército, mas no Messias vindouro.

Naquele “dia” vindouro todo Israel celebrará ao Senhor pela salvação. Esta é
a mensagem do capitulo 12 (semelhante ao capitulo 25), um cântico de louvor,
que expressa júbilo e gratidão ao Senhor pelo livramento e restauração do seu
povo. Isaias 12 é considerado como a conclusão dos onze primeiros capítulos.
Não é difícil vê sua ligação com o capitulo 11 (veja o versículo 10). A expressão
“naquele dia” (12.1) aparece também em 11.10,11, onde o profeta louva a Deus
por algo que ainda irá acontecer um dia.

Por fim, “não devemos deixar de acrescentar também que do capítulo 7 ao


12, assim como do 1 ao 6, encontramos repetidas referências ao “Dia do Senhor”
(7.18,20,21,23; 10.20,27; 11.10,11; 12.1,4). Portanto, podemos dizer agora que
os seis primeiros capítulos se referem ao “Dia do Senhor” principalmente em
relação a Judá e os seis capítulos seguintes principalmente em relação a Israel”.15

Capítulos 13-23 – formam um conjunto:16 uma sucessão de sentenças.

Trata-se e uma série de denúncias contra os reis e nações vizinhas de Judá.


Com exceção de uma – “Vale da Visão” (22) – todas se relacionam as nações
gentílicas. É para mostrar que não é nem Assíria nem a Babilônia que manda no
jogo. Deus não os julga com base na idolatria.

• 13.1-14.27 - sentença contra a Babilônia. Futuro inimigo que destruiria


Judá, em 587 a.C, o anjo caído não se trata do diabo, mas do rei da
Babilônia, alguém incrivelmente arrogante.

• 14.28-32 - sentença contra a Filístia;

Nos versículos 1-3, as promessas de reajustamento são palavras de


encorajamento. Deus terá compaixão, trará de volta os cativos e lhes dará
descanso.17 Significa que Deus tem um lugar em seus propósitos para o
povo judeu!

15
BAXTER J. Sidlow. Examinai as Escrituras. São Paulo: Vida Nova, 1993, p. 255
16
“Sua função estrutural é mostrar o domínio universal do Senhor. É um caso específico de teologia da história, que
relaciona o destino de Judá com a realidade política internacional” (CROATTO, 2000, p.61).
17
Veja uma série de passagens bíblicas onde Deus promete um reajustamento do seu povo, trazido para a sua terra natal: Is
11.1-12; 14.1-3; 27.12-13; 43.1-7; 66.20-22; Jr 16.14-16; 23.3-8; 30.10-11; 31.8,31-37; Ez 11.17-21; 20.33-38; 34.11-16;
39.25-29; Os 1.10-11; Jl 3.17-21; Am 9.11-15; Mq 4.4-7; Sf 3.14-20; Zc 8.4-8.
11
Mas, nos versículos 12-15, do capitulo 14, surge uma referência a Satanás
que é expulso do céu. O contexto é a queda da Babilônia. “Isaias retrata
um rei lançado as profundidades, agora uma criatura lamentável e um
objeto de assombro que qualquer um poderia ter temido”.18 Com efeito, as
cinco exaltadas declarações do “eu” revelam uma paixão distorcida da
criatura em substituir o Criador. Estrela da manhã em latim significa
Lúcifer (nome original do diabo). Inicialmente o texto se aplica a ao
império da Babilônia, rebaixado depois de se exaltar, mas também tem
sua aplicação a Satanás.

• 15-16 - Sentença contra a Moabe;

• 17-18 - Sentença contra Damasco;

• 19-20 - Sentença contra o Egito, com julgamentos devastadores;

• 21.1-10 - Sentença contra o deserto o mar. O profeta prevê a queda da


Babilônia, um império que viria emergir como poder mundial;

• 21.11-12 - Sentença contra Dumá (Edom);

• 21.11-12 - Sentença contra a Arábia;

• 22.1-14 - Sentença contra o “Vale da Visão” (refere-se à Jerusalém).


Denúncia a fé superficial do povo de Jerusalém, apesar do livramento. O
povo, a medida que se prepara para defender (uma coisas boa) , não
confia, concomitantemente, em Deus como seu defensor (uma coisa muito
ruim!). No versículo 25, aprendemos que nada, senão Deus, pode nos
sustentar;

- Sebna (22.15-19) = Acaz

- Eliaquem (22.20-25) = Ezequias

• 23 - Sentença contra Tiro.

Note, também, nesses capítulos a expressão o “Dia do Senhor” (13.6,9;


14.3; 17.4,7,9; 19.16,18,19,21,23,24; 20.6; 22.12,20,25; 23.15). “Dia do
Senhor”, refere-se ao tempo do juízo de Deus sobre todos os ímpios e a
exultação dos justos contra as nações. De fato, Deus está irado, não apenas com
seu povo, mas também com os inimigos de seu povo. Essas nações perversas
serão destruídas. As profecias de Isaías 13.19-22, ainda são verdadeiras hoje,
ninguém habita lá.

Capitulo 20.1-6 o profeta declara que a atitude de se aliar ao Egito, naquele


momento, seria a morte de toda nação. Diante dessa possibilidade, Isaias entrou
em ação, ao ponto de andar nu e descalço, por três anos, e continuou

18
RICHARDS, Lawrence. Guia do Leito da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 419
12
profetizando (30.1-8; 31.1-3), mas parece que ninguém lhe deu ouvido (30.9-
13). O ano aqui é 734 a.C., e o exército assírio controla a rota do litoral e chega
ao Egito. Os reinos da região aliaram-se para resistir ao expansionismo assírio.
Acaz, reino do Norte/Isael se recusou fazer parte dessa coligação, e pediu socorro
a Assíria (2Rs 15.37). E, em 732, muitos do reino do Norte haviam sido
deportados pela Assíria. Mas, dez anos depois (722 a.C.) o povo de Israel se
rebelou, e o exército assírio avançou vitoriosamente, anexando definitivamente
aquele reino a Assíria (2Rs 17.24-40).

Capítulos 24-35 – o alcance da profecia de Isaias: o mundo inteiro.

A profecia de Isaias muda de foco: do julgamento a povos específicos para o


julgamento divino de uma maneira ampla e geral. Deus como o Juiz para todo
mundo. Em primeiro lugar a mensagem foi para Judá; depois para Israel; depois
para as nações gentílicas; e agora, para todo o mundo. E, no futuro, Deus irá
julgar todas as forças da maldade que permeiam a terra e estabelecerá o Seu
reino.

Os capítulos 24 a 27 (junto com os capítulos 34 e 35) são chamados de


“Isaias Apocalíptico” ou profecias escatológicas. Os textos estão permeados
com imagens catastróficas, lembrando o gênero apocalíptico. Está saliente
neste bloco a vinculação das promessas a Jerusalém. São profecias que se
erguem na vanguarda evangélica, na experiência cristã, por sua categorização do
povo de Deus, em suas expressões de fé, esperança e anseio de imortalidade. O
capítulo 24, fala nitidamente de uma futura “tribulação”, e o capítulo 35 do
“Milênio”. Sim, estas são verdadeiras mensagens de esperança! (34.10; 35.6).
Note que o julgamento sobre as nações implica em salvação de Israel (25.1-12).
Nos versículos 6-12, o profeta fala de um tempo de paz e fraternidade
universal.

Três palavras podem resumir o capitulo 26: gratidão, confiança e


esperança. Os versículos 1-6 registram um cântico de gratidão e louvor que
apresenta a esperança da ressurreição, ou o livramento da opressão e do
sofrimento. E os versículos 7 a 19 apresentam uma fervorosa e confiante
súplica com foco na infalível justiça de Deus. O versículo 19 trás um vibrante
grito de alegria!

Vale ressaltar, que o assunto dos capítulos 24 a 31, mais uma vez, é o
“Dia do Senhor” (24.21; 25.9; 26.1; 27.1,2,12,13; 28.5; 29.18; 30.23; 31.7).

Os atos de Deus na historia das varias nações incluídas na profecia de Isaias,


nos capítulos 28 a 37, está cheia de lances encantadores. Nos capítulos 28 a 33
agrupam seis “AIS”, e todos tratam especificamente de Jerusalém. Embora o
primeiro “ai” fale “bêbedos de Efraim”, a expressão é utilizada como advertência.
Portanto, aqueles seis “AIS” do capítulo 5 sobre Jerusalém encontram paralelos
nestes seis. Portanto, estes são os seis “AIS”.
13
Uma síntese:

• Nos seis primeiros capítulos o foco é Judá, fechando com a visão


transformadora do Senhor com Rei (6);

• Depois, as profecias ganham uma abrangência cada vez maior, alcançando


todas as nações e toda Historia. De tal maneira, que os seis seguintes
capítulos (7-12) ficam o reino do Norte/Israel, ou as dez tribos;

• No grupo seguinte de capítulos (13-23), todos os principais reinos dos dias


de Isaias são contemplados.

• Então, os quatros capítulos que seguem (24-27) o mundo inteiro passa a


girar diante dos olhos do profeta.

• Nos capítulos 28 a 33, Jerusalém torna-se a ser o foco, como centro de


atividades e controvérsias do Senhor com a raça humana.

• Finalmente, os capítulos 34 e 35, nos lançam no final da Era presente:


tribulação e Milênio! O conflito final trará destruição aos povos pagãos e a
restauração de Israel. Deus vem com vingança (35.1-4). Isaias também
descreve a alegria radiante do povo de Deus diante de sua grandiosa
operação (35.5-10). “Exatamente como o dia da vingança de deus é a
justa retribuição para o ímpio, ele introduz a divina recompensa do
redimido pela aflição passada”.19

Outra síntese, dos capítulos 1-35, na perspectiva do “Dia do Senhor”:

• 1-6 – o “Dia do Senhor” e Judá;

• 7-12 – o “Dia do Senhor” e Israel;

• 13-23 – o “Dia do Senhor” e as nações;

• 24-27 – o “Dia do Senhor” e o mundo inteiro;

• 28-33 – o “Dia do Senhor” e os “ais” sobre Jerusalém;

• 34-35 – o “Dia do Senhor” e a ira final: Sião será restaurada.

Capítulos 36-39 – um adendo histórico.

A leitura dos capítulos 36 e 37, dá para se ter idéia da grandeza do Império


Assírio naquela época, que já havia subjugado, praticamente, todos os povos
vizinhos. Estes capítulos, relatam eventos históricos ocorridos em Jerusalém
(registrados também em 2 Crônicas 26 e 28), cujo auge é a proteção divina para
Judá, destruindo os exércitos Assírios.
19
RICHARDS, Lawrence. Guia do Leito da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 428
14
• 37.20 – A glória de Deus é de suma importância; deve ocupar o primeiro
lugar.

• 39 - Ezequias foi derrubado pelo orgulho! Ele mostrou todas as riquezas do


seu reino a alguns visitantes babilônicos, e Isaías profetizou que os
babilônicos voltariam para capturar Judá e seus tesouros.
15
SEGUNDO ROTEIRO DE LEITURA – CONSOLO E ESPERANÇA
Capítulos 40-6620
“Consolai, consolai o meu povo!” (40.1)

O capitulo 39 termina com a visita dos embaixadores da Babilônia ao rei


Ezequias. Naquela época a Babilônia era uma nação frágil, de pouca expressão
internacional, enquanto que a Assíria era a grande potência. Mas a partir do
capítulo 40 o quadro muda. A Babilônia se transforma numa superpotência.
Por isso que a segunda parte do livro de Isaias tem como pano de fundo
histórico-profético o exílio babilônico,21 em perspectiva. Seria o cumprimento
literal da profecia de Isaias 39.6-7. Ou seja:

1) Diante de uma enorme onda de pessimismo e crise de fé, Isaias alimenta


no povo a esperança de um novo tempo, apontando para um “novo êxodo”,
como garantia de consolo e paz (40.1-48.22), no contexto de uma forte refutação
aos deuses. Isaias põe os ídolos lado a lado com Deus a fim de demonstrar a
futilidade e a loucura de acreditar em qualquer outra coisa além do Senhor
eterno, o Criador dos confins da terra (40.18-24,28). Ou seja:

• Ironiza a respeito de que os deuses são produzidos pelo próprio homem


(40.19-20; 44.6-20);
• Anuncia os acontecimentos como prova irrefutáveis da superioridade de
Deus (44.7-8; 48.3-8);
• O ponto central é o monoteísmo (44.6)

2) O Servo do Senhor – Messias -, como o Autor do consolo e da paz


(49.1-57.21), e a possibilidade de sonhar com um “novo tempo” (55). Esse “novo
êxodo” ou nova criação está na base da teologia bíblica, e nesta parte de Isaias
ocupa lugar importante.

• Lembrança de tudo o que já foi feito para argumentar com seu povo
incrédulo; a ação de Deus em favor de seu povo e sua vitoria contra os

20
“Descoberta arqueológicas também confirmam o fato de que Isaias escreveu acerca de Babilônia em seus próprios dias.
Mesmo assim, alguns críticos liberais ainda ignoram os fatos e as implicações óbvias a importância de Babilônia e sua
destruição. Alguns também falham em aceitar como evidencia a importante descoberta RS Rolos do mar Morto
provenientes de antes da época de Cristo, provavelmente do segundo século a.C., que contem todos os sessenta e seis
capítulos. O capítulo 40 começa na ultima linha da coluna que completa o capítulo 39 – sem nenhuma indicação de que o
antigo copista tinha alguma ideai de que este poderia ter sido escrito por outro alguém que não Isaias” (HORTON, 2011,
p. 18-19)
21
Os eruditos falam que há uma grande diferença entre os capítulos 1 a 39 e 40 a 66, não apenas histórica, porem, também
literária e de conteúdo. Mas não significa uma autoria composta de nosso “livro de Isaias”, como tem sido defendida
quase sempre com base em referência histórica divergentes. O mais objeto de controvérsia é que o ponto de vista do
escritor, ou escritores, do capítulo 40 ao 66 é de um exilado, ou exilados, na Babilônia, escrevendo depois de Jerusalém e
o templo estarem em ruínas durante anos. O propósito subjacente a grande parte da argumentação a favor da autoria
composta do livro é eliminar seu elemento sobrenatural. (BAXTER, 1993, p. 241).
16
inimigos (43.16-21). Neste texto é lembrado a catástrofe da queda de
Jerusalém que deixaria acabrunhada a memória do povo (vs. 18-19).
• A libertação do cativeiro babilônico supõe a restauração da relação o
Senhor e o seu povo (44.24-28; 48.6-7)

3) A concretização do sonho do “novo êxodo”: consolo e paz (58.1-


66.24)

Com efeito, esses 27 capítulos (40-66) foram dispostos em três grupos de


nove capítulos cada, sendo o final de composto marcado pelo mesmo refrão
solene:

• O final do primeiro grupo (48.22);

• O final do segundo grupo (57.23);


• O final do terceiro grupo (66.24).

Assim, cada grupo tem seu destaque indiscutível, que ultrapassa pura
intenção humana; é desígnio divino!

1) No primeiro grupo, trata da SUPREMACIA22 DO SENHOR (40-48). Há


um grande progresso de idéias:

• Nos primeiros dois capítulos (40-41), o Senhor é visto como Supremo em


seus atributos de onisciência, onipotência e onipresença (40.12-18;
41.4,21-29, etc.);
• Nos três capítulos seguintes (42-45), temos a supremacia do Senhor na
Redenção (42.5-9, 13-16; 43.1,3,10-12,25; 45.5-8, 15-17,20-22);
• Finalmente, nos três outros capítulos (46-48), vemos a supremacia do
Senhor no juízo (46.5,9,10; 47.4; 48.12-14,20-22).

2) O segundo grupo, SERVO DO SENHOR (49-57). Certamente que o


“Servo” foi mencionado também no primeiro grupo, mas agora ganha a
proeminência. Vale ressaltar que nos capítulos 49 e 50, a referência ao “Servo”
diz respeito à nação eleita (Israel em sua missão divina). Mas a partir de 52.13
até o final do capitulo 53, o profeta fala do glorioso Messias-Redentor. De forma
que, nos capítulos 54 e 55 temos a restauração da nação e o reinado de Cristo. E,
este grupo, conclui (56-57) com um urgente apelo à renovação da promessa.

22
O Senhor é celebrado como o único, fora do qual não há outro deus (44,6; 45,21; 46,9). Por isso, o Senhor é e pode ser o
Salvador, aquele que pode promover um novo êxodo, uma nova libertação. Como essa “memória histórica” destaca-se que
Israel é ‘testemunha’ do Senhor (“Vós sois minhas testemunhas” – 43.10.12), almejando com isso a fidelidade do povo
deportado ao Senhor. O imaginário de um novo êxodo perpassa esta parte do livro, agregando-se a ele, por vezes, o tema
da volta da diáspora, numa perspectiva posterior. Os poemas do servo-sofredor, teologicamente tão carregados, podem ter
tido boa recepção entre os deportados.
17
Não é de surpreender que nas profecias do “Servo” pareça haver uma
alternância de referência a Israel e Cristo, pois Israel, coletivo, era um tipo de
Cristo – isto é, substituindo suas falhas graves, Israel é visto a luz de sua missão
divina. O fato de o profeta algumas vezes indicar a nação quando fala do “Servo”
torna se claro em passagens como 49.3. Mas existem quatro pontos especiais
onde o profeta individualiza tão fortemente o “Servo” que nem mesmo o leitor
ingênuo poderia aceita-los simplesmente como personificação poética. São as
passagens 42.1-7; 49.5-6; 50.4-10; 52.13-53.12.

Aprofundando o tema do “Servo”: há quatro cânticos do Servo23 que, por um


lado descrevem a trajetória do povo, e por outro são proféticos, referindo ao
Messias:

• Servo e sua missão (42.1-7), centralizada sobre a justiça e o


julgamento. É uma ação do lado oposto à violência e à coação. Do versículo
1 ao 4 temos a descrição do Servo, e do versículo 5 ao 9 temos uma
palavra relacionada ao Servo. Já do versículo 10 ao 20 temos uma
declaração do que o Senhor fará através de Seu Servo, e do versículo 21
até o final temos o apelo do profeta aos seus contemporâneos.

• O Servo e a redefinição de sua missão (49.1-6). Implica,


primeiramente, reconduzir e reagrupar Israel; restaurar as tribos (vs. 5,6);
em seguida todas as nações (vs.6-7)

• Servo e a sua silenciosa resistência (50.4-10).

• Servo sofredor e seu martírio (52.13-53.12). Esta prolongada descrição


só se adapta a uma figura em toda história humana – o Homem do
calvário.

3) O terceiro, DESAFIO DO SENHOR (58-66). Este grupo tem uma tríplice


apresentação:

• O desafio em vista das falhas do presente (58-59);


• Desafio em vista das expectativas dos eventos futuros (60-65);
• O desafio em vista da promessa e advertências finais (66).

Profecia acerca do Messias Cumprimento em Jesus Cristo


• Nascerá de uma virgem (7.14) • Nasceu de uma virgem, Maria (Lc 1.22-
• Terá um ministério Galileu (Is 31
9.1-2) • Ministrou na Galileia (Mr 4. 4.13-16)
• Será herdeiro do trono de Davi (Is • Recebeu o trono de seu pai Davi (Lc

23
“Em Isaias, a solução de Deus não é apenas uma imagem abstrata, desfocada de si mesmo como libertador; é o retrato
nítido de uma pessoa; um Servo. Esse Servo ouve a Deus com perfeição e, no entanto, sofre e é rejeitado a fim de por
sobre si os pecados do povo do Senhor” (DEVER, Mark. A mensagem do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD,
2008, p.597).
18
9.7) 1.32-33)
• Terá seu caminho preparado (Is • Foi anunciado por João Batista (Jo
40.3-5) 1.19-28)
• Terá sua face cuspida e as costas • Teve o rosto cuspido e lhe deram
espancadas (Is 50.6) murros (Mt 26.67)
• Será exaltado (Is 52.13) • Foi grandemente exaltado por Deus e
• Terá a aparência desfigurada pelo pelo povo (Fp 2.9-10)
sofrimento (Is 52.14; 53.2) • Foi humilhado pelos soldados que
• Trará expiação pelo sangue (Is puseram nele uma coroa de espinhos
53.5) (Mc 15.15-19)
• Será desprezado e rejeitado (Is • Derramou seu sangue para nos expiar
53.1,3) do pecado (1Pe 1.2)
• Tomará sobre si os nossos • Não foi aceito por muitos (Jo 12.37-38)
pecados e nosso sofrimento (Is • Morreu por causa dos nossos pecados
53.4,5) (Rm 4.25; 1Pe 2.24-25)
• Será nosso substituto (Is 53.6,8) • Morrei em nosso lugar (Rm 5.6,8; 1Co
• Aceitará voluntariamente nossa 5.21)
culpa e nosso castigo (Is 53.7-8) • Calou-se sobre nossos pecados (Mc
• Será enterrado no tumulo de um 15.4-5)
homem rico (Is 53.9) • Foi sepultado no tumulo de José, um
• Salvará aqueles que nele crêem homem rico de Arimateia (Mt 27.60; Jo
(Is 53.10-11) 19.38-42)
• Morrerá com transgressores (Is • Provei salvação a todos que crêem (Jo
53.12) 3.16)
• Curará os que tem coração • Foi contado entre os transgressores
quebrantado (Is 61.1-2) (Mc 15.27-28; Lc 22.37)
• Curou os que tinham coração
quebrantado (Lc 4.18-19)

Isto prova que sua mensagem era da parte de Deus, não do homem.

Capítulos 40 a 55

Esses capítulos estão recheados de imagens do Êxodo, tais como mar sendo
secado para que o povo passe, exercito egípcio afogado, promessa de provisão,
água no meio do deserto.

• Boa Nova (40.9)

• Braço poderoso (40.10)

• Pastoreio (40.11)

Aqui, está em curso um urgente projeto divino de restauração, cujo


objetivo é animar um povo desolado. O termo “consolação” torna a ênfase
principal (40.1,28-31; 41.8-16; 43.1-7; 44.1-2; 49.13-14; 51.3,12; 52.9).
19
Mas, na verdade, há uma discussão acirrada acontecendo. Deus está
respondendo a acusação de Isael, seu povo. As coisas entre eles não vão bem!

• Israel não quer ser “servo” (42.18)

• Então, Deus escolhe Ciro, o Persa (45.9-11);

• Pois Israel só quer contender (45.9-11)

• Povo rebelde (46.8)

• Povo obstinado de coração (46.12)

Finalmente, surge o Servo que compreende os caminhos do Senhor:

• Com boca e ouvido (50.4);

• Disposto a sofre; batem nele (53.53).

Isaias faz alusão a Ciro, como sendo um personagem histórico usado por
Deus para trazer de volta o povo para a sua pátria. O profeta “viu” em suas
conquistas um sinal de esperança e libertação da opressão. Esta é a razão que
fazem da profecia bíblica algo magistral.

• As inúmeras referências a Ciro (41.1-5,25; 43.14; 44.24-45; 46.11;


48.12-15) revela seu aspecto profético sobrenatural. Aliás, o testemunho
do livro, em si, insiste na realidade da profecia sobrenatural, voltada para
o futuro. A justificação da soberania divina, por exemplo, em Isaías 40 a
48 se baseia na capacidade do Senhor de prever o que fará e desafiar os
ídolos a fazerem o mesmo. Portanto o foco no futuro que permeia essa
parte não pode ser facilmente neutralizado.

• A menção de Ciro se dá no ápice de uma composição poética muito


bem estruturada (44.24-28), e não pode ser ingenuamente eliminada
como se fosse algo supérfluo. Além disso, a evidência de que o livro de
Reis, concluído até a metade do exílio, usou o livro completo de Isaías
como fonte, favorecendo a data pré-exílica para a composição do livro do
profeta.

• Ciro seria o instrumento de Deus para libertar o povo (45.1-8; 48.12-


15). Em 45.6 estabelece o princípio de que é completa tolice confiar em
qualquer coisa que não seja o Senhor.

• A derrota do império babilônico comprova a superioridade de Deus (46.1-


2), e mostra também o relacionamento diferente que ele tem com seu
povo, que lhe modela e revela o futuro, um futuro quem mantém a
salvação pra ele (vs. 3-13; 52.1-12);
20
Em 538 a.C, Ciro publicou um decreto permitindo a volta dos exilados para
Judá. Ele autorizou a reconstrução do Templo, e ainda apoiou financeiramente
(Ed 6.3-5). Portanto, a ênfase principal de Isaias 40-55 consiste na abordagem
acerca da fé no Deus libertador do Êxodo; trata-se de um “novo êxodo” (41.17-
20; 43.1-3, 14-21; 48.20-22; 52.11-12; 55.12-13.

O Servo ideal é o Messias! Sua vida e obra são estimulantes! A própria


cruz não o desencorajou. Nos capítulos de 42 a 53, o termo “servo” é
aplicado também a Israel, como nação (41.8,9; 42.1). Mas é por meio do
sofrimento do Servo ideal que a salvação, em sentido pleno, é lavada a efeito.
Ciro, seria o instrumento de Deus para livrar Israel da Babilônia, mas Cristo livra
a humanidade da prisão do pecado (52.13–53.12). Ele tornou-se luz para os
gentios (42.6), a fim de que as nações condenadas ao juízo (capítulos 13-23)
pudessem achar a salvação (55.4,5).

No capitulo 47 temos certeza do juízo divino – queda da Babilônia! E, no


capítulo 48 faz-se necessário a escolha de juízo ou paz. Os inimigos de Israel
estão sendo usados por Deus para ensinar uma lição aos israelitas. Quando o
povo de Deus aprender a obedecer, os inimigos serão destruídos e a nação de
Israel receberá de volta seu poder.

Agora, como exercício, leia 48.20 a 49.26, e descubra:

• Os traços do rosto de Deus;

• As tarefas da missão do servo sofredor;

• O apelo profético mais forte e a mensagem e esperança que o texto evoca.

Em Cristo, Deus tem compaixão de toda humanidade (49.6,9). Judeus e


gentios precisam de luz para ver a natureza da salvação. A ênfase é na Promessa
e a realização da Redenção (Graça, Messias presente). Esta parte contém avisos
e profecias messiânicas, para um povo que vive em desgraça. Deus se mostra o
Deus da história, Aquele que tem o plano para o seu povo, o qual tem a
incumbência de ser uma benção para todas as nações da terra. Isaías profetizou
tanto juízo quanto libertação para Jerusalém e para Judá. O resultado é a
majestosa apresentação da glória do Senhor e Sua promessa de glorificar o Seu
povo através do futuro Reinado do Servo.

Estes capítulos descrevem com detalhes, o Salvador que Deus prometeu


enviar. Também fala da chegada do tempo em que Deus mostrará seu poder e
sua glória a todas as nações. Deus julgará as pessoas e, baseado neste
julgamento, as recompensarás ou as punirá.

• 49 – Um cântico (vs. 1-3), e um apelo (vs. 14-26)

• 50 – Um cântico (50.2-9) e um apelo (50.10-52.2). Temos também o


contraste entre os dois servos: o imperfeito (Israel) que abandonou o
21
relacionamento com Deus (50.1-3,11) e o Servo perfeito (Cristo), que é
sensível as necessidades humanas e responsivo a Deus (50.4-5)

• 51 – uma série de imperativos, que requer ouvir e responder.

• 52.13-53.12 – um belo cântico. Isaias 52.13-15 além de descrever a


suprema e incomparável exaltação do Servo, constitui-se a primeira estrofe
do cântico, que é uma espécie de introdução ao capítulo 53. Com efeito, a
mensagem torna belo o mensageiro (52.7).

Imagens do Servo valorizado por Deus e rejeitado pelos homens.


Apesar de inocente, morre!

Em Isaias 53.4-6 temos a mais rica descrição jamais vista da doutrina da


SUBSTITUIÇÃO, onde o Servo, voluntariamente tomou sobre si o castigo e as
suas consequências, que deveriam cair sobre os transgressores. E ainda podemos
ainda destacar: 1) A inocência e submissão absoluta do Servo (vs. 7-9), 2) A
morte ignominiosa do Servo (vs. 10-12)

Capitulo 54 aborda uma nova era desponta, o pacto de paz estará, afinal,
em vigor. Paz24 flui do infindável amor de Deus. Benefícios deste pacto estão
descritos nos versículos 11 a 17.

O capitulo 55, trata da salvação25 pela graça de Deus. Mas não é


universalista, ou seja, a salvação pela graça é individual. É oferecida a todos, mas
para recebê-la é preciso ir individualmente as águas. “A decisão de vir a Deus
também envolve submissão. Devemos abandonar a arrogância que nos leva a
ficar em condenação nos caminhos de Deus e submetermo-nos a ele cujos
caminhos e cujos pensamentos são mais altos do que os nossos”.26

Portanto, o Reino de Deus na terra, com seu Rei justo e seus súditos justos,
é o alvo em direção ao qual o livro de Isaías avança com firmeza. A terra
restaurada e o povo restaurado passarão, então, a cumprir o ideal divino, e tudo
resultará no louvor e na glória do Santo de Israel, por causa do que Ele tem
realizado.

24
“A palavra hebraica para paz, shalom, expressa um básico e importante conceito bíblico. A palavra sugere integridade e
harmonia, que é perfeita, prospera, saudável e completa”. (RICHARDS, 2005, p. 427)
25
A graça é uma das palavras mais ricas e abrangentes da revelação bíblica. Praticamente todas as doutrinas da fé cristã
estão entrelaçadas e interdependentes da graça de deus. A demonstração da graça de Deus vai desde a Criação, quando
declara seu propósito em criar o homem até o novo céu e nova terra, no Apocalipse, onde se dará a consumação eterna dos
propósitos.
26
RICHARDS, Lawrence. Guia do Leito da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 440
22
Capítulos 56-66 - reler o passado á luz do presente.27

Os estrangeiros serão incluídos (56.1-8); terão lugar no templo, “casa de


oração para todos os povos” (56.8; cf. 60.10-11; 61.5; 66.18-20).

Uma mensagem de graça e conforto divinos e da salvação vindoura. A


centralidade desta terceira parte de Isaias é o capitulo 61, onde o Senhor
anuncia a libertação. Os demais capítulos vão formando circulo a partir daí, até as
duas extremidades – 56.1-8 e 66.7-24. Ou seja:

56.1-8............ 66.7-24 - O Senhor é Deus de todos os povos

56.9-57,13...... 66.1-6 - Denúncia dos religiosos perversos

57.14-21........ 65.17-25 - Anuncio de um novo futuro

58.1-14......... 65.1-16 - Denúncia do culto corrupto. Religiosidade


superficial que mascara a hipocrisia

59.1-15a....... 63.7-64.11 - Lamentação e confissão da maldade. O pecado


aliena.

59.15b-20..... 63.1-6 - Manifestação de Deus que julga e salva

60..... 62 - Esplendor de Jerusalém, de Sião

61 - A Boa-Nova do ungido do Senhor

Esta última parte trata, portanto, dos remanescentes. Jerusalém é apontada


como cidade de todos os povos, e o profeta Isaias acredita no sonho possível!
Lamentavelmente, a exposição do projeto não foi “suficientemente forte” para o
povo arrepender-se e evitar o exílio Babilônico.

Os capítulos 54 até 57.2 – é um apelo final: Deus requer que cada pessoa
faça sua decisão de viver para ele. Por isso, uma critica ao rito vazio e o incentivo
à prática do jejum que agrada a Deus (58.1-12). Nesse o Templo será aberto
para todos (60.11), um lugar da presença de Deus (57.15; 66.1-2). Isaias faz
uma apresentação de uma profecia prepositiva, de propostas alternativas diante
do que iria acontecer.

Jesus cumpre Isaias 61! Jesus é o Servo. O “evangelho”, uma “boa-nova” de


libertação (61.1-3; Lc 4.16-19). A terra e seu povo serão restaurados. À luz de
Isaias 61.4-11, quais as características deste projeto de restauração?

Isaias prevê uma grade multidão de peregrinos se aproximando da Cidade


Santa (62.10-11). Uma visão além do tempo que se estende até a

27
Esta ultima parte do livro, teve como ponto de partida a própria vida nacional de Judá, com a restituição da gloria de
Jerusalém (60-62) e o ministério pessoal do profeta Isaias. Isto posto, o texto trata essencialmente da missão de Jesus e da
qualidade de vida dos salvos e da igreja.
23
eternidade: O novo céu e a nova terra (65.17-25). Um dia sonhado! Deus fará
novas todas as coisas. É tempo de erguer a cabeça e olhar para um novo
“horizonte” e caminhar em seu encalço. Agora, o foco, é na orientação divina no
sentido do povo observar a justiça e o direito, respeitar o sábado e dedicar-se à
oração, apresentando os sacrifícios que Deus exige. Recusando-Se a ser
comparado com qualquer outro ser, o Senhor afirma seu controle soberano sobre
todas as nações. Deus promete levantar Seu Servo, que trará libertação ao Seu
povo e removerá o castigo de sobre Jerusalém.

O capítulo 63 se completa com o capitulo 64, numa confissão penitencial


ou súplica pela restauração do povo e da sua terra. Isaias se coloca com
intermediário e fala a Deus. É uma intercessão fervorosa e comovente, onde
expressa tristeza, agonia e esperança. No fundo, há um desejo sincero de
agradar a Deus (63.15-19; 64.8-9).

Isaias 65 registra a promessa de Deus em responder a sincera oração,


dos capítulos 63-64. Depois de cerca de dois séculos de uma acidentada
historia, de obstinação, infidelidade, orgulho e ingratidão, não há conclusão mais
significativa como esta do capitulo 65, que expressa longanimidade, benignidade,
misericórdia e paciência de Deus!

BIBLIOGRAFIA

1) BAXTER J. Sidlow. Examinai as Escrituras. São Paulo: Vida Nova, 1993

2) HORTON, Stanley. Isaias, o profeta messiânico. Rio de Janeiro: CPAD, 2011

3) PEDRO, Enilda de Paula & NAKANOSE, Shigeyuki. Como ler o primeiro livro de
Isaias – Confiar em Javé, o Santo de Israel. São Paulo: Paulus, 1992

4) A Leitura Profética da História. Coleção Tua Palavra é Vida. Publicações


CBR/1992

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